Tópicos | Aras

O procurador-geral da República Augusto Aras se reuniu nesta quarta-feira, 24, com o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, e com os comandantes das Forças Armadas. O encontro foi na sede do Ministério da Defesa.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) se limitou a informar que a reunião foi marcada para tratar o "papel das instituições" e não deu mais detalhes da reunião.

##RECOMENDA##

Participaram da reunião o almirante Almir Garnier, comandante da Marinha; o general Marco Antônio Freire Gomes, chefe do Exército; e o tenente-brigadeiro do ar Carlos de Almeida Baptista Junior, comandante da Aeronáutica.

O encontro acontece um dia após a Polícia Federal (PF) abrir buscas contra empresários bolsonaristas que conversaram abertamente sobre um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saia vitorioso das urnas em outubro.

Aras veio a público nesta terça-feira, 23, dizer que não foi informado com antecedência da operação, autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O ministro alega que encaminhou cópia da decisão sobre a operação e que seguiu o procedimento rotineiro de intimação.

Celulares dos empresários foram apreendidos na operação e serão periciados pela PF. O portal jurídico Jota noticiou que, em uma análise preliminar, foram encontradas conversas de Aras com os bolsonaristas alvo de buscas.

Em meio à operação de ontem, Moraes teve um encontro com o ministro da Defesa. O magistrado também é presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e conversou com o general sobre as sugestões enviadas pelos militares para mudar o sistema de fiscalização das eleições.

O procurador-geral da República Augusto Aras divulgou nesta sexta-feira, 29, mais um vídeo antigo, agora criticando o que chamou de 'uso do sistema de justiça para fins políticos', atribuindo a parlamentares o que classifica como 'fenômeno' e defendendo que 'está na hora de se apurar abusos'.

"Abuso de direito de petição é um ato ilícito. Abuso do direito de representação é um ato ilícito. Quem promove uma representação, quem abre um inquérito, quem faz uma notícia-crime sem lastro legal, por interesses escusos, comete crime de denunciação caluniosa. Se for autoridade comete crime de abuso de autoridade", afirmou.

##RECOMENDA##

"Nós não temos feito nenhuma medida contra esses parlamentares em respeito à imunidade parlamentar, mas não é demais deixar claro que há um abuso. Porque esse abuso pode representar uma violação ética. O próprio parlamento pode apurar os abusos éticos do parlamentar e isso tem sido usado rotineiramente e tem sido debatido em vários aspectos", seguiu. Ao PGR é atribuído alinhamento ao Palácio do Planalto.

O PGR diz que parlamentares 'fazem representações sobre o mesmo fato para provocar matérias de jornal', sustentando que o sistema de justiça 'vem sendo utilizado indevidamente por alguns para tirar proveito'. "Existem parlamentares por exemplo que obtém até 10 exposições na mídia com um procedimento", disse.

A gravação foi publicada por Aras em seu canal no Youtube nesta sexta-feira, 29, mas foi produzida no último dia 12, em reunião com correspondentes da imprensa estrangeira. Na última semana, o PGR postou mais dois vídeos com a mesma estratégia: um em que defendeu as urnas eletrônicas, depois de três dias dos novos ataques do presidente Jair Bolsonaro às urnas eletrônicas; e outro em que diz estar 'atento' a 'eventuais movimentos espontâneos ou não da sociedade no que toca a possibilidade de violência'.

Na abertura do mais recente vídeo publicado, Aras cita a 'criminalização da política', expressão que não é nova no discurso do PGR. Na sabatina pela qual passou para sua recondução a mais dois anos na chefia do Ministério Público Eleitoral, a tônica de Aras foi a de que sua atuação procurou não 'criminalizar a política'. No vídeo, Aras aborda uma 'forma' de tal 'criminalização', que ele diz ter sido usada entre outubro de 2021 e abril desse ano e que chamou de 'cruel'.

"Nesta tentativa de usar o sistema de justiça para a política temos um fenômeno na nossa gestão que é novo. É o fenômeno de parlamentares fazerem representações sobre o mesmo fato para provocar matérias de jornal sobre o mesmo fato, o que nos obriga a reunir essas mesmas representações sobre os mesmos fatos", afirmou.

Segundo o procurador-geral da República tal movimentação 'lamentavelmente' acaba tomando tempo de procuradores, de servidores e da instituição. Aras disse ainda que o Supremo Tribunal Federal 'passou a ser vitima de representações e noticias-crimes que não tem nenhum lastro legal'.

O procurador-geral da República Augusto Aras divulgou vídeo em que afirma que está 'atento' a 'eventuais movimentos espontâneos ou não da sociedade no que toca a possibilidade de violência' no 7 de Setembro.

O vídeo foi gravado no dia 12 e publicado somente nesta terça, 26, no canal do PGR no Youtube - o mesmo que foi utilizado para divulgar o vídeo antigo em que o chefe do Ministério Público Federal defende as urnas eletrônicas.

##RECOMENDA##

A gravação foi feita durante reunião com parlamentares da oposição no dia 12, ocasião em que Aras apontou 'medidas preventivas do Ministério Público da União contra eventuais distúrbios' no 7 de Setembro deste ano.

A divulgação se dá dois dias após o presidente Jair Bolsonaro convocar sua militância a ir às ruas no 7 de Setembro e desafiar os ministros do Supremo, a quem chamou de 'surdos de capa preta'. As declarações se deram no domingo, 24, durante a convenção do PL que consolidou o nome de Bolsonaro na corrida presidencial em outubro.

"Nós não vamos sair do Brasil. Somos a maioria, nós temos disposição para a luta. Convoco todos vocês agora para que todo mundo, no 7 de setembro, vá às ruas pela última vez. Estes poucos surdos de capa preta têm que entender o que é a voz do povo, têm que entender que quem faz as leis são o Poder Executivo e o Legislativo. Têm que jogar dentro das quatro linhas da Constituição", disse Bolsonaro, enquanto apoiadores gritavam das arquibancadas "Supremo é o povo".

Aras, criticado por alinhamento ao Palácio do Planalto, detalhou no vídeo divulgado nesta terça, 26, a mobilização do Ministério Público em todo País, em todos os seus ramos de atuação, para monitorar eventuais episódios de violência.

O PGR destacou a atuação do órgão durante o 7 de Setembro de 2021 - marcado por atos antidemocráticos atribuídos a apoiadores de Bolsonaro, com ataques ao Supremo Tribunal Federal.

"Nós não deixamos que o 7 de Setembro de 2021 tivesse nenhum evento de violência", sustentou. Na ocasião, o presidente Jair Bolsonaro fez discurso com tom golpista, chamando o ministro do STF Alexandre de Moraes de 'canalha' e alegando que não obedeceria nenhuma decisão que partisse dele.

O vídeo foi divulgado por Aras no mesmo dia em que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, esticou por cinco dias a prisão de Ivan Rejane Fonte Boa Pinto, investigado por gravar vídeos em que diz que vai 'invadir' e 'destituir' a corte máxima, além de 'pendurar os ministros de cabeça pra baixo'.

Boa Pinto foi preso na manhã de sexta-feira, 22, em Belo Horizonte, logo após divulgar vídeo em que afirma: "Eu convoco a população brasileira a ir para dentro do STF, sim."

O arquivo é intitulado "PRENDE ELE" e foi publicado no canal do YouTube 'TV Papo Reto' por volta das 7 horas da manhã de sexta, 22.

Ao prorrogar a prisão temporária do 'Terapeuta Papo Reto', o ministro do STF acolheu pedido da Polícia Federal, com parecer favorável da Procuradoria-Geral da República. Ele considerou 'imprescindível' a medida para que a PF 'avance na análise do material apreendido e na elucidação das infrações penais atribuídas à associação criminosa em toda a sua extensão.

Nos bastidores, a avaliação sobre a prisão de Boa Pinto foi a de que as medidas tomadas no caso mostram que não serão toleradas ameaças semelhantes no 7 de Setembro e que grupos de extremistas estão sendo monitorados.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, contestou, no Supremo Tribunal Federal, uma lei municipal de São Vicente, no litoral paulista, que estabelece o pagamento do salário-esposa aos servidores que são casados, há pelo menos cinco anos, em casos que a companheira não exerça atividade remunerada.

O chefe do Ministério Público Federal pede que a lei, em vigor desde 1978, seja considerada inconstitucional. Protocolada no dia 15, a ação foi distribuída para o gabinete do ministro Kassio Nunes Marques.

##RECOMENDA##

De acordo com Aras, o benefício concedido no município de São Paulo para os servidores homens em razão tão somente do estado civil configura discriminação ilegítima com relação aos demais funcionários públicos. Na avaliação do procurador a lei fere diversos princípios constitucionais.

"Ao concederem 'salário-esposa' a servidores públicos daquele município, contrariam os princípios da igualdade (art. 5o, caput, da CF), da moralidade (art. 37, caput, da CF), da razoabilidade", registrou o chefe do Ministério Público Federal.

Na ação, Aras também argumenta que a lei representa um prejuízo à administração de São Vicente: "Criou-se vantagem que representa um ônus excessivo para a administração municipal, paga sem que exista justificativa ou contrapartida razoável dos beneficiários".

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) chancelou a iniciativa do PGR. Segundo dados do órgão, o pagamento do benefício, que representa 5% do salário mínimo, resultou em uma despesa de R$650 mil ao município somente entre o período de 2015 a 2019.

Em nota, a Prefeitura de São Vicente disse que está seguindo recomendação do MPSP e vem indeferindo novos pedidos de implementação do salário-esposa. Segundo o município, na folha de pagamento do mês de maio, 152 servidores receberam o salário-esposa, totalizando R$9.211,20 de gastos aos cofres públicos.

No ano passado, em caso semelhante, o Procurador Geral de Justiça de São Paulo, Mário Sarrubbo, protocolou uma ação que pedia a inconstitucionalidade do salário-esposa que beneficiava os servidores do município de Bebedouro (SP). À época, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) acatou o pedido do PGJ.

COM A PALAVRA, A PREFEITURA DE SÃO VICENTE

A Prefeitura de São Vicente, por meio da Secretaria de Gestão (Seges), informa que deve aguardar o resultado do processo, a partir da ação ajuizada pelo Procurador-Geral da República. A lei que garante o benefício é de 1978, e, apesar de sofrer questionamentos do Ministério Público, até então, não teve sua constitucionalidade questionada. No entanto, seguindo recomendação expedida pelo Ministério Público do Estado (MP/SP), a gestão vem indeferindo novos pedidos de implementação do salário-esposa.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, buscou o procurador-geral da República, Augusto Aras, para se livrar de um depoimento na Polícia Federal em um processo que investiga o senador Renan Calheiros (MDB-AL). O pedido foi exposto por engano pelo próprio procurador no WhatsApp.

Aras publicou, sem querer, uma mensagem que recebeu de um interlocutor pedindo que ele recebesse o advogado Ticiano Figueiredo, defensor do ministro da Economia, para tratar da dispensa do depoimento.

##RECOMENDA##

O conteúdo foi publicado no status de Aras no Whatsapp, espaço de mensagens temporárias disponível apenas para contatos no aplicativo de trocas de mensagens. Ao perceber o engano, o procurador apagou a imagem.

"Seria possível receber o advogado do Paulo Guedes, o dr. Ticiano Figueiredo por 5 minutos? Assunto: possível dispensa de Paulo Guedes, junto à PF, em processo investigativo contra Renan Calheiros, onde Guedes não é parte", diz a mensagem.

Em abril, a defesa de Guedes fez o pedido de dispensa diretamente ao Supremo Tribunal Federal (STF). O argumento dos advogados Ticiano Figueiredo, Pedro Ivo Velloso, Francisco Agosti e Marcelo Neves é que o chefe da pasta não tem qualquer relação com a investigação envolvendo Renan Calheiros.

O processo é relatado pelo ministro Luís Roberto Barroso no STF e investiga condutas ilegais supostamente praticadas pelo senador no âmbito do Postalis, instituto de previdência dos Correios, entre 2010 e 2016.

A suspeita é que o parlamentar tenha ligação com um esquema de lavagem de dinheiro administrado por Milton Lyra, apontado como operador de emedebistas. Desde que o inquérito foi aberto, em 2017, Renan negou irregularidades. Há pedido no processo para que Paulo Guedes seja ouvido apenas na qualidade de "declarante" e não como testemunha.

Procurada pela reportagem, a PGR confirmou o teor da mensagem, mas não informou se Aras recebeu ou vai receber o advogado de Guedes para discutir o pedido. Nenhum encontro com Ticiano Figueiredo foi registrado na agenda pública do procurador.

"Trata-se de pedido de audiência recebido pelo procurador-geral da República com resposta indicando que seriam tomadas as providências para checar a viabilidade de futura agenda", disse a PGR. O advogado do ministro não respondeu à reportagem e o Ministério da Economia não se manifestou.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, entrou nessa segunda-feira (4) com recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter a decisão individual da ministra Rosa Weber que manteve a investigação sobre a atuação do presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso Covaxin.

Aras apresenta duas alternativas: que a ministra recue da própria decisão ou leve a questão diretamente ao plenário do tribunal.

##RECOMENDA##

Relatora do inquérito, Rosa Weber contrariou pareceres da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da Polícia Federal (PF) e se negou a arquivar a apuração. A conduta não é usual no STF. Normalmente, quando a PGR pede o encerramento de uma investigação, é de praxe que os ministros apenas promovam o arquivamento, sem entrar no mérito das provas.

Em sua decisão, no entanto, a ministra disse que seria 'inviável' acolher os argumentos de Aras e mandou a investigação de volta ao procurador-geral 'para as providências que reputar cabíveis'.

Ao entrar com agravo nesta segunda, Aras afirma que Rosa Weber não poderia ter feito 'juízo de valor' sobre o caso. Diz ainda que o pedido de arquivamento da PGR é 'irrecusável'.

"Não se trata de acionamento do Poder Judiciário para que emita o juízo final, mas, tão somente, para que exerça um controle, ontologicamente, administrativo e de publicização. (…) Sem o indiciamento pela autoridade policial e sem a formulação da denúncia, instrumento da imprescindível provocação do Poder Judiciário para a emissão do juízo de valor quanto a eventuais fatos penalmente relevantes, descabe decisão meritória em relação ao apurado no âmbito de um inquérito", diz um trecho do recurso.

O inquérito teve origem em uma notícia-crime oferecida em julho do ano passado pelos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP), Fabiano Contarato (Rede-ES) e Jorge Kajuru (Podemos-GO) a partir das suspeitas tornadas públicas na CPI da Covid. O caso foi levado ao STF depois que o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e o irmão do parlamentar, Luis Ricardo Miranda, que é servidor do Ministério da Saúde, disseram em depoimento à comissão parlamentar que o presidente ignorou alertas a respeito de suspeitas de corrupção no processo de aquisição da vacina fabricada pelo laboratório Bharat Biotech. O objetivo da investigação foi analisar se o presidente cometeu crime de prevaricação por não ter alertado os órgãos de investigação.

Assim como o parecer da PGR, o relatório final do inquérito, apresentado pela Polícia Federal, também isentou o presidente. O delegado federal William Tito Schuman Marinho, responsável pela investigação, afirmou que Bolsonaro não tinha o 'dever funcional' de comunicar eventuais irregularidades 'das quais não faça parte como coautor ou partícipe'.

O procurador-geral da República Augusto Aras designou nesta segunda-feira, 4, a subprocuradora geral da República Lindôra Araújo, considerada seu braço-direito, para a ocupar o cargo de vice-procuradora-geral da República. O atual ocupante do cargo nº 2 na instituição, Humberto Jacques de Medeiros deixou o posto, a pedido, informou a PGR em nota.

Segundo o Ministério Público Federal, apesar de a mudança ter efeito 'imediato', Medeiros vai continuar 'contribuindo com a gestão efetivando a transição do trabalho'. Tanto ele quanto Lindôra integram a gestão de Aras na Procuradoria-Geral da República desde o início, quando o chefe da instituição foi indicado pela primeira vez ao cargo, em 2019, pelo presidente Jair Bolsonaro, fora da lista tríplice elaborada por procuradores. Assumindo agora a o cargo de vide-PGR, Lindôra atuará em casos sensíveis ao Palácio do Planalto, que, até então, contavam com manifestações e pareceres de Medeiros.

##RECOMENDA##

Uma das principais aliadas de Aras na PGR, Lindôra coordenava a Assessoria Jurídica Criminal, atuando em casos que atingem autoridades com prerrogativa de foro tanto no Superior Tribunal de Justiça e em investigações da Operação Lava Jato que tramitam Supremo Tribunal Federal. A subprocuradora foi responsável, por exemplo, por algumas das apurações que atingiram governadores em razão de supostos desvios na pandemia da covid-19.

A atuação de Lindôra até chegou a ser questionada pelos chefes dos Executivos estaduais, após cobranças da PGR sobre o ritmo de vacinação contra a covid-19 e o uso de verbas no enfrentamento da pandemia em meio instalação da CPI da Covid no Senado. Na época, os governadores apontaram 'alinhamento' da subprocuradora com o presidente Jair Bolsonaro e pediram ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) que abrisse um procedimento disciplinar contra ela. Lindôra é vista pelos colegas como um nome associado ao bolsonarismo.

Diversos dos pareceres da subprocuradora geraram polêmica, como os que isentaram o presidente Jair Bolsonaro do crime de infração a medida sanitária preventiva por sair sem máscara e causar aglomeração em eventos públicos durante a pandemia. Na ocasião, a manifestação de Lindôra foi criticada não só por avaliar que o comportamento do presidente teve 'baixa lesividade', mas por alegar que não seria possível confirmar a 'exata da eficácia da máscara de proteção como meio de prevenir a propagação do novo coronavírus'.

No início deste mês, a subprocuradora defendeu o arquivamento de representação para investigar se Aras cometeu crime de prevaricação. Em tal caso, o senador Randolfe Rodrigues, sustentou 'inércia ministerial', sob o argumento de que o PGR 'renunciou às atribuições constitucionais' ao supostamente blindar o presidente de eventuais processos na Justiça. Na mesma época, Lindôra disse não ver 'elementos mínimos indiciários de qualquer prática delitiva' que justifiquem investigar a presença do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) e do assessor Tércio Arnaud na comitiva presidencial à Rússia.

A subprocuradora também foi pivô de uma crise envolvendo a extinta força-tarefa da Lava Jato e a PGR, cujo estopim foi uma visita da subprocuradora à Curitiba para consultar arquivos da equipe do Ministério Público Federal que originou operação, em 2014, nos processos de corrupção do escândalo Petrobras. O imbróglio, marcado por réplicas e tréplicas entre a cúpula do MPF e os procuradores que conduziram a Lava Jato, culminou em uma ordem do Supremo Tribunal Federal para que forças-tarefa da operação Lava Jato que apresentassem dados e informações da operação à PGR.

O Ministério Público Federal (MPF) em Pernambuco sugeriu ao procurador-geral da República Augusto Aras que entre com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o decreto editado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para disciplinar nomeações em comissões e funções de confiança na administração federal.

O decreto em questão foi publicado ainda no primeiro ano do governo Bolsonaro. O texto estabeleceu a criação do chamado Sistema Integrado de Nomeações e Consultas (Sinc), que na prática funciona como uma plataforma unificada para registro, controle e análise das indicações.

##RECOMENDA##

O ponto questionado pelo MPF é o que limita o prazo de armazenamento de dados ao período de um ano. Pelo decreto, depois de 12 meses, informações de consultas reprovadas ou que não tenham resultado em nomeação podem ser descartadas.

A preocupação do Ministério Público Federal é que a falta de um banco de dados inviabilize a fiscalização das indicações.

"São descartados, em prazo deveras exíguo, elementos de prova de possíveis atos ilícitos praticados nos processos de nomeações", diz um trecho do ofício enviado pelos procuradores da República Cláudio Dias e Silvia Regina Pontes Lopes, lotados no Grupo de Ofícios de Combate à Corrupção em Pernambuco, a Aras.

Outro ponto de preocupação é que, sem registros no sistema, seria possível burlar os critérios das nomeações.

"[O decreto permite] a revisão do processo de nomeação - de rejeitado para aprovado - sem qualquer informação sobre os motivos que ensejaram a rejeição inicial, tampouco sobre eventual saneamento dos vícios detectados", seguem os procuradores na representação.

Na avaliação deles, a mudança não poderia ter sido disciplinada unilateralmente por Bolsonaro, por meio do decreto presidencial, sem passar pelo Congresso.

"Ao disciplinar lapso temporal para a guarda de informações referentes a consultas no Sistema Integrado de Nomeações e Consultas - SINC que não tenham sido aprovadas, o dispositivo impugnado disciplinou matéria atinente ao acesso dos usuários e dos órgãos de controle a informações de caráter público, impedindo, por conseguinte, a auditabilidade e a persecução contra eventuais atos ilícitos", argumentam.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, divulgou um vídeo, nesta quarta-feira (9), em que diz ter sido "mal compreendido" após reforçar estereótipos ligados ao gênero feminino e dedicar uma homenagem para mulheres que "têm o prazer de escolher a cor da unha que vai pintar".

"Hoje é dia de homenagem à mulher, no seu sentido mais profundo, da sua individualidade, da sua intimidade. A mulher que tem o prazer de escolher a cor da unha que vai pintar, a mulher que tem o prazer de escolher o sapato que vai calçar", afirmou o PGR em discurso sobre a importância do Dia Internacional da Mulher, em evento do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), no dia 8 de março.

##RECOMENDA##

"Apenas destaquei que é possível buscar qualquer posição até o mais alto posto da República sem abrir mão da sua feminilidade", afirmou, sem, de fato, pedir desculpas por sua declaração no dia anterior.

O PGR se disse ainda "implacável contra o preconceito" e defende que a mulher brasileira tem liberdade de fazer escolhas "que vão desde a sua intimidade até a participação no mercado de trabalho e na política."

Apontando projetos para mulheres encampados no Ministério Público, concluiu que quer continuar aprendendo. "Os fatos demonstram isso contra qualquer tipo de especulação", completou.

'Mulheres praticamente integradas'

A fala de Aras se destacou em meio a uma série de gafes cometidas por figuras públicas no Dia da Mulher, que acabaram chamando ainda mais atenção após o episódio envolvendo áudios sexistas gravados pelo deputado estadual Arthur do Val (sem partido-SP). Antes do PGR, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que, atualmente, as mulheres estão "praticamente integradas à sociedade" e que elas foram "feitas do homem".

Ainda na terça-feira, foram divulgadas mensagens atribuídas ao deputado federal Neucimar Fraga (PSD-ES) e consideradas machistas. Uma captura de tela reproduzida nas redes sociais mostra que, em um grupo de WhatsApp com lideranças políticas do Espírito Santo, o parlamentar enviou imagens de supostas soldadas ucranianas e ironizou: "Como a Ucrânia quer ganhar a guerra sem nenhum canhão?".

Uma declaração do procurador-geral da República, Augusto Aras, nesta terça-feira, 8, entrou para a galeria de frases consideradas infelizes proferidas no Dia Internacional da Mulher. Ao falar sobre a importância da data, o PGR reforçou estereótipos ligados ao gênero feminino e disse que a homenagem era para mulheres que "têm o prazer de escolher a cor da unha que vai pintar".

"Hoje é dia de homenagem à mulher, no seu sentido mais profundo, da sua individualidade, da sua intimidade. A mulher que tem o prazer de escolher a cor da unha que vai pintar, a mulher que tem o prazer de escolher o sapato que vai calçar", afirmou Aras. Ele participava de um evento do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

##RECOMENDA##

Antes do PGR, outras autoridades já haviam cometido gafes na terça-feira. Em solenidade que celebrava o Dia da Mulher, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que, hoje em dia, as mulheres estão "praticamente integradas à sociedade" e que elas foram "feitas do homem".

O presidente ainda repetiu uma fala da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves, e afirmou que a participação das mulheres no governo é maior do que em gestões anteriores. Ao considerar o segundo e o terceiro escalões, o número esconde o fato de que apenas três dos 23 ministérios são chefiados por mulheres.

Ainda na terça-feira, foram divulgadas mensagens atribuídas ao deputado federal Neucimar Fraga (PSD-ES) e consideradas machistas. Uma captura de tela reproduzida nas redes sociais mostra que, em um grupo de WhatsApp com lideranças políticas do Espírito Santo, o parlamentar enviou imagens de supostas soldadas ucranianas e ironizou: "Como a Ucrânia quer ganhar a guerra sem nenhum canhão?".

"Canhão" é um termo pejorativo utilizado para se referir à aparência de uma mulher.

Também circulou nas redes sociais o "folder" digital de um evento que, embora realizado por ocasião do Dia da Mulher, só divulgava a participação de homens. Descrito como "semana da mulher", o ciclo de palestras dava destaque em seu convite à participação do presidente Bolsonaro; Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados; Paulo Guedes, ministro da Economia; Tarcísio de Freitas, ministro da Infraestrutura; e Rodrigo Garcia, vice-governador de São Paulo. O tema: "Mulheres no Centro do Poder".

No mesmo dia, a Câmara dos Deputados aprovou uma moção de repúdio ao deputado Arthur do Val por suas declarações sexistas sobre as mulheres ucranianas. Na última sexta-feira, 4, vazaram áudios do parlamentar classificando as mulheres daquela região como "fáceis por serem pobres" e comparou a fila de refugiadas da guerra à entrada de uma balada.

O procurador-geral da República Augusto Aras defendeu ao Supremo Tribunal Federal que seja declarada a inconstitucionalidade da comprovação de quitação das anuidades da Ordem dos Advogados do Brasil para participação nas eleições da entidade máxima da classe. O parecer foi apresentado à corte máxima nesta sexta-feira, 25, no âmbito de ação em que o PROS questiona a aplicação de penalidades a advogados inadimplentes.

O chefe do Ministério Público Federal quer que sejam derrubados dispositivos do Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB e do Provimento do Conselho Federal da entidade que 'que permitem a suspensão do exercício profissional daqueles advogados inadimplentes em relação às anuidades do órgão de classe, bem como que impõem como condição de alistabilidade nas eleições internas da OAB, além daquelas previstas expressamente em lei, a quitação das contribuições devidas àquela instituição'.

##RECOMENDA##

No documento, Aras argumenta que o Estatuto da Advocacia estabelece como único requisito para participar da votação nas eleições da Ordem dos Advogados do Brasil a condição de advogado regularmente inscrito na instituição. Segundo o PGR, a lei não dispõe sobre a necessidade de os eleitores apresentarem comprovante de quitação de contribuições devidas ao Conselho, o que exigido legalmente dos advogados candidatos aos cargos eletivos.

Nessa linha, o PGR sustenta que a exigência de quitação das anuidades pelos eleitores inadimplentes como requisito ao voto está prevista 'somente em normas infralegais', no Regulamento Geral do Estatuto da OAB e Provimento do Conselho Federal da instituição, além de resoluções editadas pelas Seccionais e por editais de convocação às eleições. Para Aras, tais normas 'extrapolam os limites do poder regulamentar, ao impor aos advogados eleitores requisito não previsto no Estatuto da Advocacia'.

"O que se vê, então, é que o legislador, quando desejou condicionar a participação nos processos eleitorais da OAB, o fez de maneira expressa, o que somente se deu em relação ao candidato, limitação que, ademais, mostra-se compatível com as normas constitucionais invocadas pelo requerente, pois eleger-se membro ou dirigente de órgão não é direito subjetivo e demanda do candidato aos cargos demonstração da plena adesão e comprometimento com as normas da instituição", escreveu o PGR no documento.

 Moro é pré-candidato à presidência pelo Podemos. (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Na noite da última terça-feira (22), o Tribunal de Contas da União (TCU), através do ministro Bruno Dantas, decidiu encaminhar o pedido de bloqueio dos bens do pré-candidato à Presidência pelo Podemos, Sergio Moro, à Procuradoria-Geral da República (PGR). O órgão suspeita que o ex-ministro tenha recebido valores das empresas que ele julgou enquanto era juiz como advogado do escritório Alvarez & Marsal.

##RECOMENDA##

Segundo o Ministério Público de Contas, o escritório recebeu aproximadamente R$ 40 milhões de empresas condenadas na Lava Jato, sendo R$ 1 milhão por mês oriundos da Odebrecht e ativos, R$ 150 mil da Galvão Engenharia, R$ 97 mil da OAS e R$ 115 mil mensais do Estaleiro Enseada. Moro trabalhou no Alvarez & Marsal logo depois de deixar o governo Jair Bolsonaro, no qual ocupava o cargo de ministro da Justiça. Desta forma, há suspeita de conflito de interesse.

Por esse motivo, o TCU também encaminhou para a PGR a documentação sobre o caso para que o Ministério Público decida sobre o bloqueio de bens de Moro. “Não tenho dúvidas de que são fatos que precisam ser mais bem apurados. E é por essa razão que me causa estranheza certa atuação apressada de qualquer peticionante que pretenda interromper o fluxo natural do processo, antes mesmo da conclusão das apurações. É natural que os investigados desejem esse desfecho, mas não os órgãos de investigação, de quem se espera imparcialidade independentemente de simpatias pré-existentes", aponta o ministro Bruno Dantas na decisão.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF), nessa segunda-feira (21), a suspensão do sigilo de nove das dez petições instauradas na Corte para dar continuidade às investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid. Os processos foram abertos em novembro do ano passado a pedido da PGR, que, diferentemente do habitual, não tomou as decisões de praxe de arquivar ou denunciar os indicados pelo relatório da CPI.

Em nota divulgada pelo Ministério Público Federal (MPF), Aras justificou a necessidade de retirar o segredo de justiça das investigações, ainda em fase de petição, porque a ocultação da tramitação prejudicaria "o acesso da sociedade, dos investigados e da imprensa às providências investigativas já adotadas, dificultando o acompanhamento" do resultado da CPI da Covid.

##RECOMENDA##

Na manifestação ao Supremo, o procurador-geral ponderou ser necessário manter sob sigilo os "elementos de prova, porventura existentes, que tenham sido obtidos pela Comissão Parlamentar de Inquérito sob reserva de jurisdição". No dia 9 deste mês, a cúpula da CPI se reuniu com o presidente do Supremo, Luiz Fux, para pedir a conversão das petições de Aras em inquéritos públicos.

As petições de Aras encaminhadas ao Supremo se tornaram um dos pilares da disputa entre os senadores e a PGR após o encerramento das atividades da CPI da Covid. As ações propostas pelo procurador-geral da República foram prontamente classificadas como sigilosas e distribuídas a seis ministros diferentes. Deste modo, nem mesmo os senadores envolvidos na investigação puderam ter acesso aos desdobramentos do processo.

Os ex-membros da CPI chegaram a especular a apresentação de pedido de impeachment contra Aras no Senado por não tomar providências e não agir com transparência em relação ao relatório da comissão. Ainda nesta segunda, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), pediu ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, que autorize a abertura de investigação contra o procurador-geral da República para apurar eventual crime de prevaricação em relação aos indiciados pela CPI.

O senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), que deixou a liderança do governo em dezembro, fez um desagravo ao procurador-geral da República, Augusto Aras, após senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid pressionarem pela análise do indiciamento do presidente Jair Bolsonaro e ameaçarem apresentar um pedido de impeachment contra o procurador.

A manifestação foi apoiada pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Bezerra classificou a atuação dos senadores da CPI como "intimidação" à Procuradoria. Senadores da CPI ameaçam protocolar um pedido de impeachment contra Aras se a PGR não encaminhar uma decisão sobre o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro e de outras autoridades denunciadas pela comissão.

##RECOMENDA##

"O Ministério Público possui independência funcional por força da nossa Constituição. Essa independência dos membros do Ministério Pública é uma garantia para a instituição e principalmente para a sociedade brasileira, que deve contar com o pleno exercício de suas atividades a ser norteado não por pressões de qualquer natureza mas, unicamente, pelo respeito às leis e à Constituição", disse Bezerra em discurso no plenário do Senado.

Um pedido de impeachment depende de autorização do presidente do Senado. No plenário, Pacheco manifestou apoio à defesa de Bezerra e defendeu Aras, aprovado pelos senadores para ocupar o cargo na PGR. "Externo, de fato, a confiança no bom trabalho da Procuradoria-Geral da República e na qualidade técnica, profissional e humana do doutor Augusto Aras", disse o presidente do Senado.

Flávio Bolsonaro aciona Conselho de Ética contra Randolfe

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) anunciou nesta quinta-feira, 17, que vai protocolar uma representação contra o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) no Conselho de Ética do Senado. Randolfe pressiona o procurador-geral da República a avançar com as investigações contra Jair Bolsonaro após as denúncias encaminhadas pela CPI da Covid.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) afirmou que aguarda a entrega de provas da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid para dar andamento aos pedidos de investigação contra o presidente Jair Bolsonaro e demais autoridades com foro privilegiado.

Senadores da comissão ameaçam protocolar um pedido de impeachment contra o procurador-geral da República, Augusto Aras, se a PGR não encaminhar uma decisão sobre o indiciamento até o carnaval.

##RECOMENDA##

A PGR afirmou que aguarda a entrega de novos documentos, conforme acordo feito com senadores na semana passada, "para que a equipe que atua nos casos possa avançar na análise de cada imputação feita aos 12 indiciados com prerrogativa de foro no Supremo Tribunal Federal, de acordo com a legislação."

Além disso, a PGR reforçou que deu andamento a todos os indiciados apontados pela CPI. No Congresso, senadores da comissão pressionam a Procuradoria e veem alinhamento com Bolsonaro na condução das investigações.

Senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid ameaçam protocolar um pedido de impeachment contra o procurador-geral da República, Augusto Aras, no Senado se a Procuradoria não encaminhar uma decisão sobre o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro e de outras autoridades denunciadas pela CPI.

Ao concluir as investigação no ano passado, a comissão encaminhou à PGR o indiciamento de Bolsonaro acusando o presidente da República de ter cometido crimes de atos e omissões na pandemia de Covid-19. Cabe à Procuradoria denunciar ou não o presidente ao Supremo Tribunal Federal (STF) em caso de crimes comuns.

##RECOMENDA##

Desde então, os senadores da CPI pressionam a PGR a tomar uma decisão, avançando com a investigação ou mesmo dizendo que vai arquivar a denúncia. Na semana passada, emissários de Aras se reuniram com parlamentares e pediram um detalhamento maior das acusações relacionadas a cada autoridade indiciada, procedimento que os parlamentares afirmam já ter feito.

A cúpula da CPI concordou em encaminhar um novo desmembramento dos arquivos levantados pela comissão, mas espera uma decisão da PGR até o carnaval para protocolar um pedido de impeachment contra Aras. A decisão sobre o afastamento de um procurador-geral cabe ao Senado. Um processo como esse só avança se houver uma decisão do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

"A jurisdição sobre a fiscalização dos seus trabalhos (da PGR) cabe ao Senado Federal e nós vamos ter que exercer isso, haja o que houver, sob pena de não estarmos dando o encaminhamento necessário que a Constituição manda que nós façamos", disse o senador Renan Calheiros (MDB-AL), que foi relator da CPI, durante a inauguração do memorial criado pelo Senado em homenagem às vítimas da covid no Brasil.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da comissão, afirmou que, se a PGR não encaminhar uma decisão até o carnaval, vai protocolar um pedido de impeachment contra Aras no Senado. De acordo com Randolfe, aproximadamente 10 senadores estariam dispostos a apoiar o requerimento cobrando o afastamento do procurador-geral da República.

"Não só está cogitado, mas é uma possibilidade que está no radar do observatório da pandemia, que é o herdeiro da CPI da Pandemia", disse Randolfe. "Vou acreditar na boa vontade da PGR, mas tem algo que pressiona a nossa paciência, que são mais de 600 mil mortos. A memória deles paira como fantasma sobre cada um de nós."

Questionado sobre as declarações, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou que os senadores esperam um desfecho das investigações da CPI, mas evitou se comprometer com uma medida mais dura contra Aras. "Evidentemente que o Senado pode sim acompanhar a tramitação desta investigação, inclusive, para ter ciência dos seus desdobramentos, sem pretender fazer qualquer tipo de pressão porque, obviamente, nós respeitamos a autonomia, a independência das instituições", disse Pacheco. "Ninguém quer um desfecho que seja indevido, apenas se quer um desfecho e uma solução."

Duas decisões tomadas no fim de 2021 pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, permitiram que procuradores recebessem um valor "extra" de quase meio milhão, em dezembro. O maior contracheque foi do procurador regional José Robalinho Cavalcanti, que tem um salário base de R$ 35,4 mil, mas ganhou R$ 446 mil em rendimentos brutos, naquele único mês, a partir de indenizações e outros "penduricalhos".

Robalinho é ex-presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) e foi um dos que se opuseram à indicação de Aras, escolhido para o cargo pelo presidente Jair Bolsonaro fora da lista tríplice, ou seja, sem o aval da categoria. As benesses do PGR para agradar a seus colegas custaram ao menos R$ 79 milhões aos cofres do Ministério Público da União, segundo dados do Portal da Transparência.

##RECOMENDA##

Durante a apuração da reportagem pelo Estadão, o Sistema de Gestão de Pessoal (GPS-Hórus) da Procuradoria-Geral da República modificou as planilhas, que indicavam o recebimento de R$ 545 mil brutos por parte de Robalinho. A justificativa para as mudanças foi a de que havia inconsistências na base disponível anteriormente.

"Os relatórios de remuneração de membros do Ministério Público Federal do mês de dezembro de 2021 estão sendo republicados para corrigir falha que gerou resultado diferente do efetivamente pago aos procuradores da República. O que leva à conclusão equivocada acerca de um acréscimo nos valores recebidos", destacou nota incluída pela PGR nas planilhas do site até a noite de ontem. "Reiteramos que não houve falha no pagamento, mas apenas na divulgação dessa informação no Portal da Transparência", acrescentou a Procuradoria.

TETO SALARIAL

A Constituição limita o pagamento de salários no funcionalismo ao que ganha um ministro do Supremo Tribunal Federal - R$ 39,3 mil. Em alguns casos, porém, órgãos públicos conseguem driblar a regra ao incluir vantagens recebidas como verbas indenizatórias, que não entram nesse cálculo. Em 2017, o Conselho Nacional do Ministério Público permitiu que licenças-prêmio - descanso remunerado por até três meses a cada cinco anos trabalhados - fossem convertidas em valores no contracheque, mesmo ultrapassando o teto salarial. No Congresso, uma proposta que regulamenta os pagamentos acima do teto no Judiciário, no Executivo e no Legislativo aguarda há mais de cinco anos para ser votada. Após passar no Senado, em 2016, a medida nunca foi analisada pela Câmara.

No Ministério Público da União, os pagamentos foram possíveis porque, a poucos dias do recesso no Judiciário, Aras abriu edital permitindo que procuradores solicitassem, de uma só vez, o recebimento em dinheiro de licenças-prêmio acumuladas há anos. Com a autorização, quem tinha folgas para gozar pôde converter esses dias em dinheiro no contracheque de dezembro. A prática é incomum em empresas privadas, nas quais horas extras ou dias a mais trabalhados são transformados em valores pagos ao funcionário apenas quando há aposentadoria ou demissão.

Uma portaria de Aras também determinou o pagamento antecipado das férias deste ano. O resultado das concessões feitas pelo chefe do Ministério Público foi que um grupo de 675 procuradores recebeu cifras acima de R$ 100 mil em dezembro, montante comparável aos bônus pagos por grandes empresas a seus diretores.

No caso de Robalinho, a soma dos valores supera até mesmo a soma do bônus de até R$ 400 mil que cada um dos nove diretores da Petrobras, a segunda maior empresa do Brasil, recebeu em 2020. A cifra destinada ao procurador, que atualmente chefia a Procuradoria Regional da República da 1ª Região, corresponde a R$ 104 mil por férias não gozadas, R$ 34,9 mil de abono pecuniário (pagamento de férias) e outros R$ 210 mil de conversão da licença prêmio em vencimentos na folha de pagamento. Ele recebeu, ainda, R$ 1,8 mil de auxílio alimentação no mês - o que corresponde a R$ 85 por dia útil de dezembro. Com descontos, o valor líquido recebido foi de aproximadamente R$ 401 mil.

Ao ser questionado pelo Estadão sobre o acúmulo de quase meio milhão em apenas um mês, Robalinho destacou que o pagamento de todas as indenizações a que os procuradores fazem jus, em um único contracheque, nunca havia ocorrido em outros momentos de sua carreira. No fim do ano passado, por exemplo, suas gratificações somaram R$ 18 mil.

"Essa questão das férias foi uma questão pontual, excepcional, porque não foi possível gozar férias por interesse do serviço. Isso é uma coisa raríssima. No meu caso, em 22 anos de Ministério Público, isso só aconteceu agora. É uma situação realmente excepcional. Isso não acontece a torto e a direito. Só que também são pouquíssimos os que têm situações limite de serviço para que isso aconteça", disse Robalinho.

As decisões de Aras também beneficiaram aliados, como o vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet Branco, segundo na hierarquia da PGR, que recebeu R$ 332 mil em dezembro entre remunerações e indenizações. Procurado, ele disse que não participou da elaboração dos atos assinados e atribuiu os valores aos seus 40 anos de funcionalismo público.

PANDEMIA

A PGR informou, por sua vez, que os pagamentos foram feitos porque houve uma diminuição dos gastos durante os meses mais críticos da pandemia, o que garantiu um excedente no orçamento, capaz de destinar os R$ 79 milhões aos procuradores.

"Todos os valores pagos pelo MPF aos seus membros atendem aos princípios da legalidade e da transparência, tanto que estão disponíveis para escrutínio de qualquer cidadão no referido portal", destacou a PGR, em nota. "Trata-se de pagamentos referentes a dívidas da União para com membros do Ministério Público Federal como licença-prêmio, Parcela Autônoma de Equivalência e abonos e indenizações de férias (não usufruídas). Parte dessas dívidas é antiga (algumas da década de 1990) e foi reconhecida por decisões judiciais, que determinaram o respectivo pagamento."

Professor de Direito Trabalhista da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Rio), Paulo Renato da Silva disse que as decisões de Aras precisam ser analisadas sob o ponto de vista dos princípios da legalidade e da moralidade. "Licença-prêmio é uma coisa que não faz sentido, já deveria ter acabado. São arranjos que o legislador vai fazendo à mercê de interesses políticos e do lobby. Isso vai produzindo na legislação um monte de penduricalhos com verbas muito expressivas."

PARA ENTENDER

O que compõe os valores pagos a procuradores

- Abono pecuniário: Venda de 1/3 das férias, que são convertidos em valor extra na remuneração.

- Ajuda de custo: Despesas relacionadas ao desempenho da função do servidor, como mudança em caso de transferência do local de trabalho.

- Auxílio pré-escolar: Benefício pago para despesas com berçário, creche, maternal, jardim de infância e pré-escola dos dependentes dos servidores, no valor de R$ 719,62.

- Auxílio-alimentação: Destinado ao servidor para se alimentar durante o período de trabalho. O valor padrão é de R$ 910,08.

- Auxílio natalidade: Benefício devido aos servidores por motivo de nascimento de filho. O valor padrão é de R$ 659,25.

- Conversão de licença prêmio em pecúnia: O servidor público tem direito a três meses de descanso, a título de licença prêmio, a cada cinco anos efetivamente trabalhados. Desde 2017, procuradores podem converter esses dias de folga em dinheiro, com valores calculados de acordo com a Remuneração.

- Indenização de férias: Pagamento sobre períodos de férias não gozados pelos servidores.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, informou, nesse domingo (19), ter determinado a "adoção de providências" para "assegurar a proteção" de diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) após o presidente do órgão, Antonio Barra Torres, denunciar novas ameaças em razão da aprovação da vacina contra a Covid-19 para crianças de 5 a 11 anos. A informação foi prestada em ofício encaminhado à Barra Torres no domingo. O PGR, no entanto, não detalhou quais as "providências" foram adotadas para proteger os dirigentes da Anvisa.

O documento registra que comunicações anteriores que chegaram à PGR sobre fatos similares "foram diligentemente tratadas por membros do Ministério Público Federal no Distrito Federal e no Paraná, que contam, no tema, com o zeloso trabalho da Polícia Federal", indicou o Ministério Público Federal em nota.

##RECOMENDA##

A escalada das ameaças a diretores da Anvisa foi relatada neste domingo, três dias após o presidente Jair Bolsonaro ter dito que divulgaria os nomes dos responsáveis pela aprovação da vacinação infantil contra a Covid. Após a fala de Bolsonaro, a Anvisa reagiu e disse "repudiar com veemência" ameaças feitas contra funcionário do corpo técnico do órgão.

Eles pediram à PGR, à Polícia Federal, ao Ministério da Justiça e ao Gabinete de Segurança Institucional que apurem e responsabilizem "com urgência" os autores das intimidações, além de garantir proteção policial aos servidores e seus familiares.

Em nota, o órgão lembrou inclusive das ameaças de morte recebidas pelos funcionários da agência em outubro, para que a vacinação contra a Covid-19 em crianças não fosse autorizada. Tais ameaças, feitas por e-mail estão sob investigação da PF.

Também no domingo, o ministro Gilmar Mendes do Supremo Tribunal Federal (STF), engrossou o coro contra a "perseguição" aos servidores da Anvisa, conclamando as autoridades policiais a investigarem e garantirem a segurança dos mesmo e de suas famílias. "A perseguição aos técnicos da Anvisa é uma vergonha nacional. Mostra como o discurso do ódio chegou a níveis alarmantes no país. Aos servidores da agência, expresso minha solidariedade", escreveu em seu perfil no Twitter.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, recorreu nesta segunda-feira, 13, ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro cometeu crime ao divulgar notícias falsas que relacionavam as vacinas contra a covid-19 ao vírus da Aids.

A investigação foi aberta pelo ministro Alexandre de Moraes a pedido da cúpula da CPI da Covid.

##RECOMENDA##

Aras sugere duas alternativas: o arquivamento do caso sem julgamento do mérito ou a redistribuição ao gabinete do ministro Luís Roberto Barroso, relator da investigação que apura as condutas imputadas ao presidente pela comissão parlamentar.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, enviou, nesta terça-feira, 7, ao Supremo Tribunal Federal, manifestação contrária à ação que pede a elaboração de um plano do governo federal para impedir o desmatamento no Pantanal. Na avaliação do chefe do Ministério Público Federal, as atribuições relacionadas às políticas públicas de proteção ambiental são dos Poderes Executivo e Legislativo, que tem 'representantes eleitos e pessoal técnico com expertise específica para lidar com a questão'.

"O Judiciário há de pautar a aplicação dos princípios da prevenção, da precaução e da proibição do retrocesso ambiental de forma a velar pela preservação da esfera de tomada de decisão política e administrativa, atribuída constitucionalmente às instâncias democráticas e representativas", argumenta Aras.

##RECOMENDA##

O PGR diz ainda que 'existem ações concretas do Poder Público voltadas a minimizar ou a frear os efeitos dos incêndios'. Segundo o Ministério Público Federal, a ponderação leva em consideração informações apresentadas pela Presidência da República, com dados do Ministério do Meio Ambiente, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do Instituto Chico Mendes de Conservação de Biodiversidade (ICMBio).

"Substituir a atuação dos Poderes Legislativo e Executivo pelas ações pretendidas pelos requerentes representaria ingerência do Judiciário no mérito das ações adotadas, para impor determinado modo de agir em sobreposição aos órgãos competentes, providência incompatível com o objeto da ADPF e com a própria função jurisdicional", sustenta Augusto Aras.

Em setembro, uma coalizão de 32 entidades de defesa do meio ambiente chegou a pedir prioridade na tramitação do caso que era de relatoria do ministro Marco Aurélio Mello, que se aposentou em julho. Em carta enviada aos ministros, o grupo acusou omissão do Planalto e dos governos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul diante dos riscos ao bioma.

Agora o processo deve ser herdado por André Mendonça, ex-advogado-geral da União do governo Bolsonaro. A posse do novo ministro será realizada no dia 16 de dezembro

O Pantanal sofreu em 2020 com o maior número de focos de incêndio desde que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) passou a monitorar e consolidar dados de queimadas, em 1988. A situação em 2021 continua preocupante: um levantamento do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa/UFRJ) aponta que, desde o início do ano, os incêndios consumiram 1,3 milhão de hectares do bioma, o que corresponde a 8,7% do total. A média histórica é 712 mil hectares até essa altura do ano, segundo os pesquisadores.

Não conhecimento

Aras deu parecer contrário à ação sobre os incêndios no Pantanal citando não só as atribuições do Executivo e do Legislativo quanto às políticas ambientais, mas alegando ainda 'motivos processuais'.

O PGR alegou que a avaliação das medidas implementadas no campo da política ambiental necessita da verificação de aspectos técnicos e operacionais, além da produção de provas, o que não pode ser feito em ação de controle objetivo de constitucionalidade - tipo de instrumento processual escolhido pelos partidos da oposição para entrar com a ação no STF.

Aras também sustentou 'necessidade de análise prévia de outras normas infraconstitucionais para verificar a suposta ofensa à Constituição Federal' e ainda argumentou que a ação não especificou, com clareza, quais atos do Poder Público deveriam ser praticados, não demonstrou como se deu a omissão do governo.

"Embora imputem falha estrutural à atuação do Poder Público - mais precisamente em relação à União - no combate às queimadas e aos desmatamentos ocorrentes no Pantanal, os arguentes não delimitaram quais atos comissivos ou omissivos são objeto de impugnação", ponderou o PGR.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando