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O número de mortos no terremoto devastador que atingiu a Turquia e a Síria na última segunda-feira (6) chegou a 21.719.

De acordo com dados oficiais divulgados nesta sexta (10), a Turquia já contabiliza 18.342 vítimas, e a Síria, 3.377, considerando tanto as áreas sob controle do regime de Bashar al-Assad quanto as zonas rebeldes.

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Equipes de socorro de dezenas de países participam das buscas, que já ultrapassaram o prazo de 72 horas dentro do qual é mais provável encontrar sobreviventes nos escombros.

No entanto, um jovem de 17 anos, Adnan Muhammed Korkut, foi resgatado com vida após passar 94 horas preso nos destroços de um edifício na cidade turca de Gaziantep, epicentro do terremoto.

Após o salvamento, Korkut disse que foi obrigado a beber a própria urina para não morrer de sede.

Já na Síria, os Estados Unidos suspenderam temporariamente algumas sanções contra o governo Assad até o fim de julho para permitir transações econômicas com fins humanitários.

Da Ansa

As equipes de bombeiros italianos especializadas em busca e resgate localizaram dois jovens sob escombros de prédios em Antioquia, na Turquia, nesta quarta-feira (8) - mais de 48 horas após um terremoto e uma série réplicas devastar o país e a Síria.

O primeiro foi um jovem homem, que está sob diversos andares de um prédio que desabou na última segunda-feira (6). Os trabalhos para retirá-lo do local estão em andamento e são particularmente complexos por conta da instabilidade dos destroços.

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Já a jovem mulher também está sob escombros de outro prédio que desabou e, segundo a líder da equipe italiana, Cristiana Lupini, disse à ANSA, ela está sob uma estrutura não muito distante de onde o homem foi identificado.

O grupo de socorristas italianos é formado tanto por especialistas do Corpo de Bombeiros como da Defesa Civil e conta com cerca de 60 pessoas. Os profissionais chegaram a Adana nesta terça-feira (7) e foram designados para a Antioquia, localidade que fica a cerca de 100 quilômetros da fronteira com a Síria.

Até o momento, as autoridades turcas informaram que são mais de 8,5 mil mortes no desastre natural. Outras 2,6 mil morreram no território sírio - tanto em áreas controladas pelo governo como naquelas lideradas por rebeldes. Com isso, já são mais de 11,2 mil vítimas do terremoto de 7.8 graus na escala Richter.

Da Ansa

Nesta semana faz quatro anos que rompeu a barragem da mineradora Vale, em Brumadinho (MG). Entre as famílias das 270 vítimas da tragédia, três seguem à espera de uma chance de ter velório, enterro e uma despedida: os corpos não foram achados sob o mar de lama. Na esperança de dar ponto final a este capítulo, a força-tarefa de bombeiros e policiais mantém buscas e trabalhos de análise dos vestígios coletados no lugar que um dia foi a Mina do Córrego do Feijão.

"Nossos amados não pertencem ao lugar da tragédia. As buscas são uma forma de reparação com as vítimas sendo recuperadas", diz Patrícia Borelli, filha de Maria de Lurdes da Costa Bueno, de 59 anos, corretora de São José do Rio Pardo (SP) que estava hospedada em uma pousada em Brumadinho. Ela, o marido, dois enteados e a nora, grávida, foram soterrados junto com mais hóspedes, funcionários e os donos do local. Os planos eram de fazer uma visita ao museu Inhotim.

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As famílias de Nathália de Oliveira Porto Araújo, de 25 anos, e de Tiago Tadeu Mendes da Silva, de 34, - ela estagiária e ele funcionário da Vale - são as outras que seguem à espera. Com o passar do tempo, a preocupação dos bombeiros e da Polícia Civil é de que se perca a qualidade do material ainda existente, por causa das chuvas e da decomposição, prejudicando que se encontrem resquícios das demais vítimas.

Em campo

Quase 6 mil bombeiros militares atuaram nas sete fases de buscas. Hoje, a 8ª etapa atua com cinco estações, que consistem em equipamentos de peneiramento, acompanhados de bombeiros que verificam fragmentos. São processadas cerca de 200 toneladas por hora em cada máquina. Desde 2019, duas interrupções atrapalharam: a pandemia e as fortes chuvas que assolaram a Grande Belo Horizonte no fim de 2021 e início de 2022. O trabalho continua diariamente.

Se para muitos soa improvável ainda achar restos mortais, uma notícia no último dezembro reavivou a esperança: foi identificada a supervisora da Vale Cristiane Antunes Campus, de 35 anos - a 267ª vítima.

Familiares dos desaparecidos criaram a Comissão dos Não Encontrados - no início eram 11 - e fazem a ponte entre as instituições (como polícia, bombeiros e Ministério Público) e os parentes dos outros. "Toda família merece sepultar o seu. Ninguém pode ficar lá perdido. Pode demorar, a gente não sabe que dia, é tudo no tempo de Deus", diz Natália de Oliveira, professora em Brumadinho e irmã de Lecilda, identificada no fim de 2021.

Ela e dois parentes de outras vítimas, Josiana Resende, mais conhecida como "Jojo", e Geraldo Resende, levam informações às outras famílias, mesmo após os seus entes queridos já terem sido localizados.

"Sempre me emociona muito, eles têm carinho com minha família, sempre representam e homenageiam minha mãe na minha ausência", conta Patrícia, que vive nos Estados Unidos e quer visitar o grupo em Brumadinho em abril.

No laboratório

Por causa do tempo, o material biológico que sai da mina e chega ao Instituto Médico-Legal (IML) vem mais deteriorado, relata o médico legista responsável pelas identificações de 2019 até agosto de 2022 na Polícia de Minas, Ricardo Araújo. Ele era da diretoria do IML até o desastre, quando foi designado para realizar identificações e manter contato com as famílias.

Dentre os métodos científicos usados, estão a papiloscopia (impressão digital), o exame da arcada dentária e o de DNA. Na primeira semana, a impressão digital foi capaz de reconhecer 79 vítimas, e no primeiro mês, cerca de 120. Mas, diante do tipo de acidente, muitos foram mutilados, o que faz com que diversas partes da mesma pessoa sejam encontradas em momentos distintos.

As reidentificações, desde o início, já ultrapassaram o número de primeiras identificações. Significa que foram encontradas mais partes de uma mesma vítima do que de pessoas diferentes. São 1.003 casos levados pela frente de busca até dezembro, de um total de 270 atingidos, reflexo da segmentação dos corpos.

Foi preciso criar um banco de dados com as digitais dos desaparecidos, para fazer o reconhecimento por meio de leitor biométrico. Houve ainda entrevistas com as famílias para saber características, como tatuagens, tratamentos odontológicos, coleta de DNA e busca ativa em hospitais e clínicas por exames das vítimas.

Agora, impressões digitais e elementos dentários não funcionam mais e se usa o exame de DNA. Mas como o material biológico usado também se decompõe, é preciso analisar tecidos duros, como ossos. Para Araújo, será possível identificar todos. "Tecnologicamente estamos preparados e não trabalhamos com data-limite".

Há ainda famílias que acompanham as buscas com a expectativa de que mais partes dos familiares sejam achadas. "O que se encontrou do familiar deles era tão pouco que não quiseram por no caixão", afirma Natália, da Comissão.

Divergência entre Vale e parentes dos mortos adia abertura de memorial

O memorial que vai homenagear os 270 mortos na barragem em Brumadinho teve a sua inauguração adiada por causa de uma divergência entre parentes das vítimas e a mineradora Vale. A previsão inicial era de que o espaço fosse aberto ao público em janeiro.

As famílias dizem que a empresa tenta impedir que elas administrem o memorial. "O impasse é que infelizmente não conseguimos acertar com a Vale a questão da governança do memorial. Ela quer fazer parte, e nós não aceitamos. Não faz sentido a empresa que matou integrar a governança de um espaço que vai homenagear as vítimas", afirma a técnica em Química Nayara Cristina Porto Ferreira, de 30 anos.

Ela integra a diretoria da Associação dos Familiares das Vítimas e Atingidos da Tragédia do Rompimento da Barragem Mina Córrego do Feijão (Avabrum) desde a sua fundação, em 2019, e é viúva de Everton Lopes Ferreira, que era operador de empilhadeira da Vale. Ele deixou também uma filha de 11 anos, do seu primeiro relacionamento.

Já a Vale afirma, em nota, que está "em constante diálogo" com a Avabrum, que representa as famílias. Ainda segundo a empresa, o diálogo tem a participação do Ministério Público de Minas Gerais sobre todos os aspectos necessários à gestão do espaço e houve escuta ativa dos familiares.

Proposta

Em relação às obras do memorial, a parte estrutural está nos ajustes finais, e a próxima fase é montar a expografia (o conteúdo a ser exposto). Com 1,2 mil m² de área construída, o espaço foi erguido em terreno cedido pela Vale, que custeou as obras, de frente para a serra onde ficava a barragem que desmoronou, no Córrego do Feijão.

O projeto é rico em simbologia. O pavilhão de entrada tem forma distorcida e fragmentada e representa o sonho das vítimas, descreve em seu site o arquiteto mineiro Gustavo Penna, que projetou o memorial. Na sequência, um ambiente escuro, iluminado por frestas no teto apenas, representa a invasão da lama. No concreto, estão incorporadas algumas peças metálicas retiradas dos escombros, dando sombra e proteção. Foram plantados ainda 272 ipês amarelos, "para que cada lamento possa ser ouvido", segundo Penna. São 270 mortos no total, mas as famílias também incluem na conta dois bebês, uma vez que duas vítimas estavam grávidas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A pedido da Procuradoria-Geral da República, a Polícia Federal cumpre, na tarde desta sexta-feira, 20, mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao governador afastado Ibaneis Rocha (MDB) e ao ex-secretário executivo de Segurança Pública do Distrito Federal Fernando de Souza Oliveira. Ao todo, cinco endereços foram vasculhados pelos investigadores, entre residências e locais de trabalho, incluindo o Palácio do Buriti e a Secretaria de Segurança Pública do DF.

As diligências foram requeridas pelo coordenador do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos, subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos, e autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo. Segundo a PGR, a ofensiva visa 'buscar provas' para abastecer a investigação sobre supostos atos 'omissivos e comissivos' de autoridades da Segurança Pública do Distrito Federal ante os atos golpistas do dia 8, quando radicais invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes.

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Tanto o governador afastado como o ex-número dois da Segurança Pública do DF já prestaram depoimentos à Polícia Federal. Como mostrou o Estadão, Ibaneis negou conivência com as manifestações antidemocráticas e afirmou que 'sabotagem' de plano de ação das forças de segurança para barrar marcha golpista registrada no dia 8.

Oliveira, por sua vez, avaliou que a Polícia Militar do DF, responsável pela segurança e patrulhamento da Esplanada dos Ministérios no dia 8, 'errou' na execução do plano operacional. O ex-secretário executivo de Segurança Pública do Distrito Federal também afirmou que o ex-titular da pasta, Anderson Torres, só sairia de férias no dia seguinte aos atos golpistas do dia 8.

As equipes de resgate concluíram as buscas de vítimas no deslizamento de terra que deixou 31 mortos na região norte da Malásia, anunciaram as autoridades neste sábado (24).

De acordo com a polícia, 92 pessoas, incluindo dezenas de crianças, dormiam no acampamento - que não tinha autorização - em uma propriedade de Batang Kali, no momento do deslizamento, na madrugada de 16 de dezembro.

O balanço final é de 31 mortos (11 menores de idade), cinco a mais do que o número anterior divulgado pelas autoridades, e 61 feridos. Todas as vítimas fatais são malaias.

Muitas vítimas são de famílias que passavam as férias no local.

Os deslizamentos de terra são comuns na Malásia após chuvas intensas, frequentes no fim do ano. Porém, não foi registrada chuva forte na área na noite da tragédia.

Equipes de emergência procuram por uma dúzia de pessoas desaparecidas na ilha de Ischia, no sul da Itália, neste domingo (27), depois que um deslizamento de terra deixou pelo menos um morto e levou o governo a convocar uma reunião de emergência.

Uma avalanche de lama e detritos, desencadeada por fortes chuvas, devastou a pequena cidade de Casamicciola Terme, no norte da ilha de Ischia, na costa de Nápoles, na manhã de sábado.

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Equipes de resgate encontraram o corpo de uma mulher, anunciou Claudio Palomba, prefeito de Nápoles. Segundo a agência AGI, tinha 31 anos. A imprensa italiana também relatou 13 feridos.

Algumas das pessoas que foram inicialmente dadas como desaparecidas foram posteriormente encontradas sãs e salvas, incluindo uma família com um recém-nascido, disse o prefeito.

Mas uma dúzia de pessoas ainda estava desaparecida no meio da tarde de sábado, acrescentou o responsável.

"Tememos que haja outras vítimas, mas até agora o número é (de uma pessoa morta)", informou Luca Cari, porta-voz do Corpo de Bombeiros, à AFP.

Os esforços de resgate foram prejudicados por chuvas e ventos contínuos, que também atrasaram a chegada de balsas com ajuda do continente.

O ministro do Interior italiano, Matteo Piantedosi, chamou a situação de "muito grave" e alertou que várias pessoas ainda estavam presas na lama.

- Trabalho de resgate complexo -

A gestão do desastre provocou um tropeço do governo: Piantedosi negou uma declaração do vice-primeiro-ministro Matteo Salvini, que havia relatado oito mortes na tragédia, explicando que esse saldo não havia sido confirmado.

O deslizamento de terra arrastou árvores e veículos, alguns dos quais chegaram até o mar. A lama "enterrou uma casa" e duas pessoas foram resgatadas de um carro que foi arrastado para o mar, segundo o Corpo de Bombeiros.

Pelo menos 30 famílias estão presas em suas casas por causa da lama, sem água ou eletricidade, informou a agência de notícias ANSA. A estrada que dava acesso ao bairro estava bloqueada por lama e entulhos.

Os serviços de resgate planejavam retirar de 150 a 200 pessoas na noite de sábado para que pudessem passar a noite em abrigos temporários.

As autoridades pediram aos moradores que permaneçam em suas casas para não atrapalhar o trabalho dos socorristas.

“O trabalho de resgate ainda é complexo devido às condições meteorológicas”, de acordo com o departamento de proteção civil. No entanto, as operações continuaram durante toda a noite graças ao uso de lanternas e projetores.

A primeira-ministra italiana de extrema-direita, Giorgia Meloni, disse estar acompanhando a situação e neste domingo realizou uma reunião extraordinária de gabinete para tratar da situação.

Casamicciola Terme, uma cidade turística de 8.000 habitantes na ilha de Ischia, já registrou um terremoto em 2017 que causou duas mortes. No final do século XIX, um terremoto muito mais forte destruiu totalmente a cidade.

A tragédia de sábado ocorre semanas depois que 11 pessoas foram mortas por chuvas torrenciais que atingiram o centro-leste da Itália.

Equipes de resgate continuam a busca por corpos após o colapso de uma ponte suspensa, que deixou 134 mortos em Morbi, para onde o primeiro-ministro indiano Narendra Modi viajou nesta terça-feira (1º).

As dúvidas se multiplicam sobre a possível causa da tragédia ocorrida no domingo em Morbi, no estado de Gujarat.

Nove pessoas foram presas por acusações de assassinato no desabamento desta estrutura de 150 anos recém-consertada.

A ponte de pedestres estava cheia de pessoas que comemoravam o último dia do festival Diwali. Entre os mortos estão 47 crianças.

Imagens terríveis das câmeras de segurança mostraram a estrutura instável afundando quando os cabos se romperam. Centenas caíram no rio, enquanto outras se agarraram desesperadamente aos restos da ponte e pediram ajuda no escuro.

"Ouvi gritos e um estrondo alto e depois silêncio. Depois, lentamente, choro e gritos", contou à AFP Madhvi Ben, uma sobrevivente de 30 anos.

Ben disse que sua perna estava emaranhada em uma "corda de metal", deixando-a quase completamente submersa e que lutou para se libertar.

"De alguma forma, tampei meu nariz, empurrei e liberei minha perna do cabo. Peguei outro cabo e escalei os restos da ponte", disse ele.

Rafiq Gaffar, empresário de Morbi que perdeu seus dois sobrinhos de 12 e 21 anos, descreveu uma cena caótica e apocalíptica.

"Havia corpos flutuando na água em todos os lugares e pessoas presas na ponte pedindo socorro freneticamente", disse ele.

O presidente chinês, Xi Jinping, juntou-se a outros líderes mundiais no envio de suas "profundas condolências" nesta terça-feira.

Enquanto Modi observava, os socorristas circulavam com botes infláveis para tentar retirar algum objeto do fundo do rio.

"Ainda não terminamos as operações de busca porque tememos que ainda existam vítimas cujo paradeiro é desconhecido por seus parentes e que ainda não nos contataram", disse Rahul Tripathi, da polícia de Morbi.

A reforma da ponte foi realizada pela empresa local Oreva, cuja experiência se limita a relógios, bicicletas elétricas e outros produtos.

A empresa não pôde ser contatada até o momento.

- "Nunca esqueceremos" -

Sandeepsinh Jhala, prefeito do município de Morbi, afirmou na segunda-feira que a ponte não recebeu o certificado de segurança.

As nove pessoas detidas na segunda-feira são dois gerentes da Oreva, dois subcontratistas, dois vendedores de ingresso de acesso à ponte acusados de terem vendido a mais, e três seguranças.

"À medida que a investigação avança, os nomes de outros associados ao grupo Oreva também serão detidos", disse Ashok Yadav, um alto funcionário da polícia, na segunda-feira.

Ilyas Khan Akbar Khan Pathan, um motorista de tuk-tuk de 33 anos, perdeu sua esposa e dois filhos de seis e três anos, assim como sua cunhada e duas sobrinhas.

"Encontramos os corpos por volta das quatro da manhã. Minha filha Mahiya teve a cabeça enterrada na lama e as pessoas a retiraram usando barcos", disse ele à AFP nesta terça-feira.

"Demorou quase duas horas para que a polícia e a administração iniciassem os resgates (...) As autoridades foram inúteis", acrescentou.

Puneet Pitroda, de 35 anos, cujo irmão e cunhada morreram, disse à AFP que as autoridades são "totalmente responsáveis pela tragédia". "Nós nunca vamos esquecer esta noite", lamentou.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu, nesta terça-feira (6), o ex-ministro Sergio Moro (União Brasil) e disse que a busca e apreensão realizada na casa do ex-juiz no último sábado (3), para apreender material de campanha, foi uma "covardia". Moro é candidato ao Senado no Paraná e declarou o imóvel como comitê eleitoral.

"Eu não tenho nada para defender o Moro, tenho péssimas recordações dele quando foi ministro meu, poderia ter feito muita coisa e não fez. Mas esse fato de ir na casa do Moro, ou até se fosse em outro local, no escritório político dele, comitê eleitoral, isso é uma agressão. Por causa de tamanho de letra. Uma covardia que fizeram com o ex-ministro Moro", declarou Bolsonaro, em entrevista à Jovem Pan.

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Ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Moro saiu do governo em 2020 acusando Bolsonaro de interferência na Polícia Federal (PF). O ex-juiz passou a criticar o presidente, mas agora tem feito acenos ao chefe do Executivo para tentar atrair o eleitor bolsonarista.

Em ocasiões anteriores, Bolsonaro chegou a acusar Moro de ter aceitado entrar no governo porque queria ser indicado para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), o que o ex-juiz nega.

Moraes

Bolsonaro voltou a atacar na entrevista o ministro do STF Alexandre de Moraes e disse que o discurso do ministro na cerimônia de posse no comando do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi "pesado". O chefe do Executivo chamou os inquéritos liderados por Moraes de "irregulares", "ilegais" e "inconstitucionais".

"Quantas vezes conversamos, e, alguns dias depois, ele volta ao que era antes? Ele levou o convite para mim para a posse, fui na posse, foi um discurso pesado e o que aconteceu logo depois? Ele continua tomando medidas", afirmou Bolsonaro. "Eu acho que é consenso, acho que ninguém vai falar que eu estou errado, são inquéritos completamente irregulares, ilegais, inconstitucionais. Para ser democrata, você tem que seguir a Constituição e respeitar as leis. Nenhuma lei foi respeitada nesses inquéritos", emendou.

Em um gesto de aproximação com Moraes, Bolsonaro foi à posse no TSE em agosto, no mesmo dia em que teve início a campanha eleitoral. Na ocasião, o ministro foi aplaudido ao fazer um discurso em defesa das urnas eletrônicas, atacadas, sem provas, pelo candidato à reeleição. Bolsonaro ouviu as declarações do ministro sem aplaudir.

Dois tripulantes do barco "Thaís IV" ainda são procurados pela Marinha do Brasil. A embarcação naufragou na quarta-feira (22), no trajeto entre o Porto do Recife e Fernando de Noronha. 

Nove dias após o navio afundar com uma carga de materiais de construção, próximo a Cabedelo, na Paraíba, nessa quinta (30), a Marinha informou que as buscas já cobriram um espaço marítimo equivalente a 14.500 quilômetros quadrados e que a operação será mantida. 

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Oito tripulantes ocupavam a embarcação. Quatro foram resgatados com vida por um navio mercante e deixados no Recife. Outros dois foram encontrados mortos pelo navio patrulha Guaíba e pela aeronave C-105 Amazonas, da Força Aérea Brasileira, três dias após o incidente.

A Polícia Federal relatou ao Supremo Tribunal Federal 'dificuldades' enfrentadas pela corporação no cumprimento de decisões da corte máxima no âmbito da ação que tratou do plano de contenção da pandemia da Covid-19 em terras indígenas. Segundo o delegado Paulo Teixeira de Souza Oliveira, chefe do Serviço de Repressão a crimes contra comunidades indígenas e conflitos agrários, tais 'dificuldades' se concentram na 'falta de logística necessária' e na 'falta de recursos financeiros para custear a estrutura operacional, quando solicitado apoio a outros ministérios do governo federal'.

O relatório foi assinado no dia 10 de junho e juntado aos autos da ação em que o STF proferiu uma série de decisões sobre a proteção da população indígena, desde a ordem de instalação de barreiras sanitárias para conter a pandemia até a determinação para retirada de invasores das terras indígenas. Foi no âmbito desta mesma ação que o ministro Luís Roberto Barroso determinou que o governo Jair Bolsonaro adote 'todas as providências necessárias', usando 'todos os meios e forças cabíveis', para localizar o indigenista Bruno da Cunha Araújo Pereira, servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), e o jornalista britânico Dom Phillips, colaborador do jornal The Guardian, desaparecidos desde o dia 5 na região do Vale do Javari, no Amazonas.

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Em tal despacho, Barroso indicou que as 'deficiências da atuação da União na proteção à vida e à saúde dos indígenas' é objeto de 'reiteradas decisões' por ele proferidas e ressaltou: "Sem uma atuação efetiva e determinada do Estado brasileiro, a Amazônia vai cair, progressivamente, em situação de anomia, de terra sem lei. É preciso reordenar as prioridades do país nessa matéria".

As informações foram prestadas pela PF ao Supremo após a corporação ser instada por Barroso a informar 'as dificuldades encontradas para a garantia da segurança das comunidades e cumprimentos cautelares' em Terras Yanomami. Tal despacho se deu após o ministro da corte máxima ser provocado pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), que alegou descumprimento reiterado, pela União Federal, de decisões prolatadas pelo STF.

No relatório apresentado ao STF, a PF sustentou que segue o Plano de Ação 7 Terras Indígenas, homologado parcialmente em agosto de 2020. Segundo a corporação, no âmbito de tal plano foi dada à PF a missão de 'intervir nas terras indígenas para cessar as atividades criminosas ali cometidas, a partir de levantamentos próprios e de demais interessados na ação'. Além disso, foi determinado que a corporação investigasse os autores de tais delitos, 'relacionados com desmatamento, grilagem de terras e exploração mineral ilegal'.

De acordo com o delegado Paulo Teixeira de Souza Oliveira, as 'maiores dificuldades' da Polícia Federal em cumprir as decisões dadas pelo STF com relação à proteção das terras indígenas está a falta de 'meios logísticos necessários', com necessidade de solicitação de apoio do Ministério da Defesa. "As tratativas com as Forças Militares se deram no âmbito do Ministério de Defesa, o qual manifestou, desde o primeiro contato sobre o tema, ainda em 2020, concordância em colaborar com as ações previstas, desde que houvesse dotação orçamentária correspondente e esta fosse descentralizada ao Ministério da Defesa", afirmou.

A PF citou como exemplo uma ação realizada em maio de 2021, em intervenção planejada para a Terra Indígena Munduruku, sendo que, quando efetivo policial já se encontrava alocado em Jacareacanga, no Pará, 'sobreveio a informação de que o apoio do Ministério da Defesa não se concretizaria, em virtude de falta de orçamento'.

No documento, a corporação diz ainda que, em paralelo às tratativas com órgãos da União Federal, foi feito pedido de suplementação orçamentária para a Polícia Federal para 'sanar as dificuldades enfrentadas pela instituição, em especial materiais e financeiras'. O montante solicitado seria para 'custear despesas que órgãos parceiros porventura apresentem em futuras ações no combate a crimes ambientais'.

"De tal sorte, foi solicitado crédito adicional ao Ministério da Economia para operações interagências no valor de R$ 48.137.500,00, através do pedido SIOP 278032/9100, no bojo da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental- ADPF 709/2020, tendo em vista que os custos operacionais para deslocamentos nas áreas serem extremamente onerosos, precisando do apoio das Forças Armadas Brasileira para cumprimento das missões. Ainda se encontra pendente de análise o pedido de suprimento aqui mencionado", registra o ofício.

Um dos presos por suspeita de envolvimento no desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips foi levado pela Polícia Federal, na manhã desta quarta-feira (15), para a área de buscas no rio Itaquaí.

O homem foi levado da delegacia de Atalaia do Norte (AM) para o porto da cidade, principal acesso às terras indígenas do Vale do Javari. Uma vez lá, foi colocado em um carro da Polícia Federal e embarcou usando boné, máscara de proteção facial e um casaco com capuz.

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Os policiais que atuam no caso não quiseram confirmar se o homem decidiu revelar informações que podem elucidar o caso, considerado suspeita de homicídio. Mais cedo, os agentes incluíram um cão farejador na equipe de buscas.

Pereira e Phillips percorriam a região do Vale do Javari. Pereira orientava moradores da região a denunciar irregularidades cometidas em reserva indígena e o jornalista estrangeiro acompanhava o trabalho para registrar em livro que pretendia escrever.

Ainda nesta quarta-feira, a PF deve divulgar resultado de testes de DNA feitos em vestígios humanos que foram encontrados durante as investigações. Parentes de Pereira e Phillips cederam amostras para comparação.

O Senado aprovou, na sessão dessa segunda-feira (13), a criação de uma Comissão Temporária Externa para acompanhar as investigações do desaparecimento do jornalista Dom Phillips, correspondente do jornal britânico The Guardian, e do indigenista Bruno Araújo Pereira, servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai). Os dois estão desaparecidos desde 5 de junho na região da reserva indígena do Vale do Javari, a segunda maior do país, com mais de 8,5 milhões de hectares.

O pedido de criação da comissão foi feito pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Segundo ele, a região está entregue a organizações criminosas de garimpo ilegal, de extração ilegal de madeira e também do narcotráfico. “E são essas organizações criminosas no Vale do Javari, contra as quais Dom Phillips, Bruno Pereira e os povos indígenas lutavam”, argumentou o senador.

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O grupo será formado por três integrantes da Comissão de Direitos Humanos, três da Comissão de Meio Ambiente e três da Comissão de Constituição e Justiça. Segundo Randolfe, o objetivo é ir até o Vale do Javari, apurar as causas do desaparecimento e investigar o aumento da criminalidade na Amazônia, considerado por ele uma das causas do desaparecimento do jornalista e do indigenista. O colegiado deverá atuar por 60 dias.

Durante a sessão, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) propôs aguardar mais alguns dias antes de criar a comissão. Para ele, pode ser questão de dias o desfecho do caso, com a localização de Phillips e Pereira, considerando os esforços do poder público nas buscas. Pacheco, no entanto, manteve a votação do requerimento de Randolfe. O presidente do Senado entendeu que a missão da comissão externa vai além. O colegiado deverá se debruçar sobre as atividades criminosas praticadas naquela região.

“Eu considero que a criação da comissão externa, além da questão do desaparecimento e do eventual desfecho trágico em relação ao indigenista Bruno Araújo e ao jornalista Dom Phillips, é aquilo que disse no começo desta sessão: existe uma situação hoje, no Estado do Amazonas e em outros estados, onde há a Floresta Amazônica, de crime organizado, tráfico de drogas, tráfico de armas, desmatamento ilegal, extração de madeira ilegalmente, pesca ilegal, garimpo ilegal”.

No início da sessão, Pacheco fez uma longa fala sobre o caso, lamentando o ocorrido. “Nós não queremos precipitar o que de fato aconteceu com o Bruno Pereira e com o Dom Phillips, mas, caso se confirme o fato de terem sido eventualmente assassinados, é uma situação das mais graves do Brasil”. Ele afirmou que o Senado tem o dever de reagir ao que tem ocorrido na Amazônia.

“Portanto, de fato, não por esse acontecimento apenas, mas por todo o contexto de um estado paralelo que se impõe num lugar em que infelizmente o Estado brasileiro não consegue preencher suficientemente, isso é motivo de alerta e de reação do Senado”.

Pacheco também exaltou o trabalho de Bruno Pereira como servidor da Funai, no combate às ilegalidades praticadas em terras indígenas. “Segundo se sabe, o Bruno Araújo Pereira, servidor da Funai, vinha denunciando uma série de irregularidades, de crimes praticados naquela região, de atentados a povos indígenas, de descumprimento da lei, de um estado paralelo ali implantado e que vinha então sendo denunciado por ele”.

Na última sexta-feira (10), a Polícia Federal (PF) no Amazonas, que está à frente das forças de segurança na Operação Javari, informou que equipes de busca encontraram material orgânico, “aparentemente humano”, em uma área próxima ao porto de Atalaia do Norte.

Alessandra Sampaio, esposa do jornalista britânico Dom Phillips, disse que o corpo do marido e do indigenista Bruno Araújo Pereira foram encontrados, publicou o jornalista André Trigueiro. A informação ainda não foi confirmada pelas autoridades.

Os dois desapareceram no último dia 5, dentro da Terra Indígena Vale do Javari. Eles deixaram de fazer contato quando chegaram à comunidade Ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte, no Amazonas.



LeiaJá: Cartão de saúde e roupas de indigenista são encontrados



"Alessandra voltou a fazer contato dizendo que recebeu há pouco ligação da PF informando que os corpos precisam ser periciados. A Embaixada Britânica já havia comunicado aos irmãos de Dom Phillips que eram os corpos do jornalista e do indigenista. Agora todos aguardam a perícia", publicou o repórter.

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Um cartão de saúde, uma calça, um chinelo e um par de botas do indigenista Bruno Araújo foram encontrados pela Polícia Federal no Vale do Javari, no Amazonas, junto com outro par de botas e uma mochila com roupas do jornalista britânico Dom Phillips, nesse domingo (12). O desaparecimento dos dois ocorreu no último dia 5 e vem movimentando a cobrança por uma busca mais minuciosa por eles.

O Comitê de crise coordenado pela Superintendência da PF no estado percorreu o Rio Itaquaí para colher vestígios do paradeiro da dupla, no âmbito da Operação Javari. “Especialmente na área onde foi encontrada uma outra embarcação aparentemente de propriedade de Amarildo da Costa Oliveira, que se encontra com prisão temporária decretada por conta dos fatos”, pontuou, em nota, o Comitê.



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Na sexta (10), o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu cinco dias para que o governo apresente um relatório com as ações tomadas para encontrá-los, bem como o que foi apurado até o momento.



Três dias antes, ao comentar sobre o desaparecimento na Cúpula das Américas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) classificou o trabalho feito pelos dois em áreas indigenas como uma "aventura não recomendada" e reforçou que as forças de segurança realizam uma "busca incansável".

A Polícia Federal no Amazonas informou na tarde desta sexta-feira, 10, que equipes de busca que integram a Operação Javari - que tentam localizar o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips, desaparecidos na Amazônia desde o domingo, 5 - localizaram no Rio Itaquaí, próximo ao porto de Atalaia do Norte, "material orgânico aparentemente humano", o qual foi encaminhado para perícia no Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal.

O mesmo instituto vai periciar as amostras de sangue encontradas na embarcação de Amarildo da Costa de Oliveira, o Pelado, cuja prisão temporária foi decretada pela Justiça Estadual nesta quinta-feira, 9.

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Os investigadores ainda indicaram que nesta sexta, 10, houve a coleta de materiais genéticos de referência do jornalista britânico Dom Phillips, em Salvador, e do indigenista Bruno Pereira, em Recife. "Os materiais coletados serão utilizados na análise comparativa com o sangue encontrado na embarcação", indicou a PF em nota.

A corporação indicou que, desde a última atualização na tarde desta quinta-feira, 9, sobre a Operação Javari, as equipes do Comitê de crise, coordenado pela PF, seguiram com a busca fluvial e com reconhecimento aéreo na região do Rio Itaquaí, último local onde Bruno Pereira e Dom Phillips foram vistos.

Horas antes das novas informações serem divulgadas pela PF, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, determinou que o governo adote imediatamente "todas as providências necessárias", usando "todos os meios e forças cabíveis", para localizar o indigenista e o jornalista.

O despacho ordena ainda que sejam identificados e punidos os responsáveis pelo desaparecimento e cobra, do governo, em até cinco dias, a apresentação de um relatório com todas as providências adotadas e informações obtidas no caso. Foi fixada multa de R$ 100 mil em caso de descumprimento.

"Sem uma atuação efetiva e determinada do Estado brasileiro, a Amazônia vai cair, progressivamente, em situação de anomia, de terra sem lei. É preciso reordenar as prioridades do país nessa matéria", registrou o ministro no documento.

A Organização das Nações Unidas, por meio do Alto Comissariado para os Direitos Humanos, emitiu uma nota oficial nesta sexta-feira (10) em que cobra o governo brasileiro para intensificar as buscas pelo indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips, que desapareceram no dia 5 no Vale do Javari.

"Exortamos as autoridades brasileiras a redobrarem seus esforços para encontrar Phillips e Pereira, com urgência, considerando os riscos reais aos seus direitos à vida e à segurança. Portanto, é crucial que as autoridades nos níveis federal e local reajam de forma robusta e rápida, inclusive usando plenamente os meios disponíveis e os recursos especializados necessários para uma busca eficaz na área remota em questão", diz o texto.

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A nota ainda elogia o compromisso de diversos grupos da sociedade civil, que têm se empenhado nas buscas por toda a região pelos dois.

Ao longo do documento, a porta-voz da agência, Ravina Shamdasani, explica a localidade e as dificuldades da extensa área e ressaltam o trabalho feito por Pereira e Phillips para proteger os povos indígenas locais.

"Phillips e Pereira desenvolvem papéis importantes em levantar questões preocupantes e defender os direitos humanos dos povos indígenas da área, incluindo o monitoramento e reportando atividades ilegais no Vale do Javari", pontua a nota.

A parte final do comunicado faz um alerta da preocupação da ONU com "os constantes ataques e ameaças enfrentadas pelos defensores dos direitos humanos, ambientalistas e jornalistas no Brasil". "As autoridades têm a responsabilidade de protegê-los e garantir que possam exercer seus direitos, incluindo a liberdade de expressão e organização, livre de ataques e ameaças", destaca.

O texto ainda cobra as autoridades para adotar "medidas adequadas" para proteger os povos nativos que vivem "em isolamento voluntário ou contato" com o mundo exterior de "todas as formas de violência e discriminação tanto por atores do Estado ou não".

Após publicar a nota, Shamdasi conversou com jornalistas sobre o assunto e criticou também a demora para que o governo brasileiro iniciasse as buscas. "A resposta foi extremamente lenta, infelizmente, e achamos bom que agora, após decisões judiciais, que as autoridades tenham empregado mais meios para as buscas", acrescentou.

Phillips e Pereira foram vistos pela última vez no domingo e, desde então, associações indígenas, voluntários e grupos da sociedade civil começaram as buscas. O governo, por meio da Marinha e Polícia Federal, entrou nas buscas depois.

Nesta quinta-feira (9), a PF informou que detectou a presença de sangue na lancha do principal suspeito preso até o momento, o pescador Amarildo da Costa de Oliveira, mais conhecido como Pelado, e os resultados devem sair em até 30 dias.

Pelado era uma das pessoas investigadas e foi preso preventivamente por ter em sua casa munição de fuzil de uso restrito pelas Forças Armadas. Porém, após a perícia, a prisão temporária por possível ligação com o desaparecimento do indigenista e do jornalista foi decretada pela Justiça.

Segundo testemunhas, é dele a lancha vista perseguindo Phillips e Pereira no rio entre a comunidade de São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte pouco antes do sumiço dos dois.

Da Ansa

O Ballet Manguinhos, que completa dez anos de atividades este ano, está em busca de patrocínios para não fechar. Criada em 2012 pela educadora física Daiana Ferreira na comunidade do mesmo nome, zona norte do Rio de Janeiro, com o objetivo de tirar meninas das ruas, a organização não governamental já atendeu mais de 4 mil crianças e jovens nessa década de funcionamento. Quando o projeto nasceu, atendia apenas  70 alunos.

No primeiro semestre deste ano, termina o contrato firmado por Daiana em 2018 com a fundação social norte-americana The Secular Society (TSS), sediada no estado da Virginia, e a organização não governamental (ONG) Ballet Manguinhos ainda não tem nova parceria para garantir a continuidade dos trabalhos. Graças ao patrocínio da TSS, o Ballet Manguinhos ganhou sede própria, dentro da comunidade, instalada em um prédio com 600 metros quadrados.

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Sua fundadora, Daiana Ferreira, morreu no ano passado devido a complicações da covid-19. A presidente da ONG, Carine Lopes, disse que o projeto conta atualmente com 410 crianças e adolescentes, que dependem de recursos para continuar os estudos de dança no local. Outros 700 jovens e crianças estão na fila de espera.

Adoção

Carine está em busca de um patrocinador, em sintonia com o propósito do Ballet de oferecer alternativas socioculturais para moradores da favela de Manguinhos. Para isso, foi criada a campanha Adote uma Bailarina, cujo valor da contribuição anual custeia o que a ONG oferece às alunas dentro do ambiente do balé, que são as aulas, o uniforme, o figurino. “Tudo que ela precisa para realizar e manter as aulas de balé”. Qualquer pessoa pode colaborar financeiramente na plataforma de doações online. Doar para que uma bailarina do projeto tenha os recursos necessários para seguir com as atividades propostas. Os padrinhos recebem um certificado e atualizações mensais sobre os alunos ‘adotados’. “Pedimos sempre que os doadores se tornem fixos, para que a gente consiga fazer um planejamento anual”.

Segundo Carine, ter um patrocínio fixo dá estabilidade para que a ONG consiga planejar os gastos, administrar todas as contas e questões que envolvem, inclusive, a manutenção de 15 funcionários. “Quanto mais investimentos, mais trabalho a gente pode realizar”.

Outros patrocínios para a manutenção das atividades são buscados entre empresas que podem repassar parte do imposto devido de ICMS ou ISS, por meio das leis de incentivo à cultura, entre elas a Lei Rouanet. “Dependendo da lei, as empresas podem repassar entre 4% e 10% para um projeto social, uma ONG como nós. Em vez de pagar ao governo do estado, ela repassa esse imposto para manutenção do projeto e para que o trabalho continue sendo executado”.

Impacto

Carine Lopes informou que a formação de um bailarino do Ballet Manguinhos leva em torno de oito a nove anos. Os alunos entram, em geral, aos 6 anos de idade e vão até 16 ou 17 anos. Noventa e oito por cento das crianças e adolescentes atendidos são do público feminino. “O projeto tem uma questão cultural muito forte no território de Manguinhos, que é a gravidez na adolescência. Como a maioria do nosso público é feminino, a gente já conseguiu fazer um medidor de impacto de acordo com o trabalho que realizamos, já tendo alcançado 1% de gravidez em todas as nossas alunas atendidas. Então, o impacto para o território é incrível”, comemorou a presidente da ONG.

Carine admitiu que a adesão dos meninos ainda é muito pequena, em razão do preconceito que é muito enraizado na comunidade com relação ao balé para homens. “No território de favela, isso se torna um pouco pior. Os meninos não têm abertura para participar, nem flexibilidade da comunidade. Isso ainda é muito atrelado à sexualidade. Quem faz balé é homossexual. Ainda tem esse preconceito bem forte”, comentou.

A presidente reconheceu que nem todos os alunos da ONG serão bailarinos. “O que a gente realiza, na verdade, é uma transformação social, mudando as gerações dessas famílias (atendidas). As famílias levam as meninas para o Ballet Manguinhos, para terem alguma atividade e, quando elas entram, se descobrem enquanto mulheres, enquanto pessoas e cidadãs que precisam estudar, ter uma vida, uma carreira”. Carine afirmou que por meio das filhas, a família também vai se transformando. “As maiores histórias das meninas que a gente tem lá são de transformação social. Há um número ainda pequeno de meninas que quiseram seguir a carreira de bailarina”. Carine reiterou que o maior impacto gerado pela ONG no território é mudar a situação de pobreza e o futuro das alunas.

O Ballet Manguinhos oferece também aulas de circo e cursos de capacitação profissional, de informática; traz médicos e especialistas para falarem de saúde e empoderamento feminino. ”É a construção dessa cidadã que chega ainda criança, e a gente começa a fazer essa construção para que ela voe não só como bailarina, mas em outras profissões, o que pode mudar a vida da família”.

Exemplo

Uma das alunas atendidas pelo Ballet Manguinhos é Vitória Gomes de Carvalho, de 16 anos. Ela frequenta a ONG há cerca de oito anos. A partir da entrada na organização a jovem aprendeu a se impor como pessoa, a ter opinião e a respeitar a opinião dos outros. “Na família, aprendi a ter mais amizade, ser mais companheira, a ajudar, a ser eu mesma, a me conhecer, a me explicar”. Principalmente com a mãe, Vitória, aprendeu a não ter medo de nada, “nem de ser quem sou”.

A jovem de Manguinhos pretende seguir a carreira de bailarina, não só no balé clássico, mas em outros tipos de dança. Ela lamentou a existência do preconceito contra os meninos fazerem balé. “Eu acho lindo ver homens dançando. Na minha opinião, não tem nada a ver isso (preconceito). Eu sou contra esses pensamentos”.

Um dos sonhos de Vitória é fazer concurso para entrar na Escola Estadual de Dança Maria Olenewa, pertencente à Fundação Teatro Municipal do Rio de Janeiro. “Tenho que me preparar primeiro. Vai ser uma boa”, afirmou.

O Comando Militar da Amazônia e a Marinha do Brasil mobilizaram nesta terça-feira, dia 7, dois helicópteros para reforçar as buscas pelo indigenista Bruno Pereira, servidor da Fundação Nacional do Índio (Funai), e do jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do jornal The Guardian. Eles desapareceram no Vale do Javari, próximo à fronteira com o Peru, no domingo, depois de receberem ameaças, e ainda não foram localizados.

A procura por eles começou ainda nesta segunda-feira, mas apenas por meios terrestres e por embarcações. As Forças Armadas sofreram críticas por causa de uma nota em que o Exército dizia ser capaz de cumprir uma missão humanitária de busca e salvamento, mas que aguardava instruções superiores para iniciar a operação.

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O envio de aeronaves pelo Ministério da Defesa para reforçar as buscas era um dos principais apelos de amigos e familiares dos desaparecidos, já que o deslocamento em grande parte da região de selva se faz apenas em barco ou por via aérea, forma mais eficaz para realizar uma varredura e mais rápida.

Agentes da Polícia Federal, do Comando de Operações Táticas (COT), a tropa de elite, participaram das buscas na aeronave Jaguar H225M, do 4º Batalhão de Aviação do Exército. Segundo o Exército, as buscas seguem de forma ininterrupta, com combatentes da 16ª Brigada de Infantaria de Selva.

A Marinha também havia informado que um helicóptero do 1º Esquadrão de Emprego Geral do Noroeste seria deslocado para auxiliar na missão, além de duas embarcações e de uma moto aquática. Os destacamentos da Marinha, da Capitania Fluvial de Tabatinga, já fizeram buscas pelos rios Javari, Itaquaí e Ituí.

Nesta sexta-feira (3), o Corpo de Bombeiros entrou no 7º dia de buscas e localizou o corpo da última vítima considerada desaparecida pelas chuvas na Região Metropolitana do Recife (RMR). A mulher de 43 anos, identificada como Mércia do Nascimento, foi encontrada em uma casa soterrada no Areeiro, Centro de Camaragibe.

Com a confirmação do corpo encontrado na Rua Henrique de Holanda, subiu para 128 o número de mortes relacionadas às chuvas da última semana em Pernambuco. O diretor da Diretoria Integrada Metropolitana (DIM), coronel Robson Roberto, indicou que esse foi o maior resgate de vítimas da história contemporânea do Estado.

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Além dos óbitos, cerca de 9.300 pessoas estão em abrigos temporários e 31 municípios declararam situação de emergência.

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As intensas chuvas que caem no Recife e na região metropolitana da capital desde a quarta-feira (25) deixam marcas de luto e destruição nas comunidades atingidas. Na última semana, enchentes e deslizamentos já provocaram 79 mortes e há vários desaparecidos. O número de desabrigados chega a 3.957 e 533 pessoas estão desalojadas na região.

Uma das vítimas foi o jardineiro Alex Roberto da Luz, de 41 anos. Morador do bairro da Muribeca, em Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana, ele morreu na quarta-feira enquanto tentava evitar que seus animais fossem arrastados pela enxurrada em uma rua alagada. Seu corpo foi encontrado nesta sexta-feira, 27, por seus irmãos, que usaram uma jangada para vasculhar a região.

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"O que me revolta é que tivemos de fazer as buscas pelo meu irmão sozinhos. Os bombeiros disseram que a prioridade era resgatar pessoas idosas", contou Alexandro Rodrigo, irmão de Alex. "Passamos dois dias procurando por ele. Depois, ainda esperamos sete horas até que fossem buscar e levar para o Instituto Médico Legal (IML). É revoltante."

Além dos afetados diretamente pelas chuvas, houve casos de pessoas que passaram mal por conta da angústia causada pelo avanço das águas. A professora Lua Freire Soares, de 47 anos, contou que sua mãe, Dalva Freire Soares, de 86, começou a se sentir mal depois que a água começou a invadir a casa da família, no bairro da Imbiribeira, na zona sul do Recife. Apesar dos alagamentos frequentes em épocas de chuva, foi a primeira vez que a água avançou tanto no imóvel.

"Quando percebi que a água invadiu nossa casa, por volta das 6 horas da manhã, disse para a minha mãe ficar na cama. Pouco tempo depois, voltei ao quarto e ela já estava passando mal. Liguei para o Samu, tentei reanimá-la, mas não foi possível. Depois, liguei para os bombeiros, para a polícia, para tentar retirar o corpo, mas a rua estava alagada. Só conseguimos por volta das 15 horas", relatou a professora. "Minha mãe sempre teve medo de que algo assim pudesse acontecer, era hipertensa e não resistiu ao impacto da situação."

A família da doceira Mirtes Carla de Oliveira, de 34 anos, também ainda está sob o impacto dos deslizamentos que ocorreram na região do Córrego do Abacaxi, no bairro de Caixa D'Água, em Olinda. "Meu filho do meio não consegue dormir, chora bastante", relata Mirtes, que mora há oito anos na localidade. "Perdi todo o meu material de trabalho, minha casa está com 50 centímetros de lama. É uma tristeza."

Mirtes conta que estava acordada no início da madrugada da quarta-feira, preocupada com a intensidade das chuvas, quando ela e o marido escutaram um forte estrondo. Ele, a princípio, pensou que se tratava de um trovão. A doceira, no entanto, não teve dúvidas: a barreira próxima à sua casa havia desabado.

O casal acordou os três filhos, de 17, 8 e 6 anos, e deixou o imóvel, buscando abrigo na casa de parentes. Só no dia seguinte Mirtes teve dimensão do impacto do deslizamento. Dois de seus vizinhos, o casal Rosemary da Silva, de 44 anos, e Sérgio Pimentel, de 54, morreram naquela madrugada. Os corpos foram encontrados na quinta-feira.

Em casa, Mirtes viu que sua estação de trabalho, localizada nos fundos da casa, havia sido totalmente perdida, enquanto a residência foi tomada pela lama.Uma situação vivenciada também por alguns dos seus vizinhos.

Moradora da comunidade de palafitas localizada na Baía do Pina, na zona sul do Recife, a marisqueira Leydiane da Silva, de 27 anos, tem vivido dias de apreensão por conta da intempérie. Com as chuvas e a maré alta, ela sofre com a insegurança de sua moradia, cuja estrutura, além de naturalmente frágil, foi comprometida recentemente por conta do incêndio que atingiu a comunidade no início de maio.

"A maré alta, misturada com o lixo, tem trazido muitos problemas. Na minha casa, as paredes e as telhas estão encharcadas. Muita gente saiu daqui depois do incêndio, mas eu não tinha para onde ir", conta Leydiane. "A Prefeitura deu até segunda-feira (30) para a gente sair. Nós, que somos de palafita, vamos receber uma indenização de R$ 1.500 pela casa e um auxílio de R$ 200. O que mais me preocupa neste inverno é o trabalho. As chuvas misturam águas doce e salgada, não vamos ter como trabalhar catando os mariscos."

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