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O governo do presidente Lula anunciou o aumento de investimentos na área de pesquisas científicas com o reajuste das bolsas destinadas às fundações estaduais. Ainda no ano de 2022, as FAPs (Fundações de Amparo à Pesquisa) aderiram a propostas de ações que possibilitaram que um grupo maior de pessoas possa iniciar ou continuar com seus projetos de pesquisas.

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Para a professora Ivana Oliveira, docente do PPGCLC (Programa de Pós-graduação em Comunicação, Linguagens e Cultura) da UNAMA - Universidade da Amazônia, doutora em Ciências do Desenvolvimento Socioambiental pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido (PPGDSTU), pode-se verificar uma diferença no cenário atual em relação ao governo anterior. A professora afirma que houve um maior reconhecimento do papel da educação dentro das políticas públicas. “Mudou tudo, principalmente a importância da educação. O que temos aí é um cenário de valorização da educação e deste aluno que de alguma maneira está contribuindo para esse crescimento, não só profissional, mas das discussões que vão ampliar esses conhecimentos em torno do objeto de pesquisa dele”, disse Ivana.

“O importante de se estar em uma pós-graduação é buscar uma formação que irá contribuir, principalmente, para o desenvolvimento tanto de habilidades quanto de competências”, afirmou a professora Ivana. Segundo ela, a pós-graduação não é só um diferencial competitivo no mercado que está cada vez mais disputado. “Essa formação vai trazer oportunidades para esse mercado de trabalho, mas proporciona também um aprofundamento de conhecimentos na área de formação”, disse a professora Ivana.

De acordo com o professor João Claudio Arroyo, os “entulhos” recebidos pelo novo governo são grandes e graves, tanto no setor econômico e político quanto no educacional. “Se a sociedade, inclusive seus representantes, passar a entender a importância da qualificação da mão de obra, teremos condições de agregar valor e ganhar muito mais, além de elevar o padrão de remuneração e consumo, portanto da qualidade de vida dos trabalhadores, incluídos os de nível superior, que com a pós-graduação poderão contribuir muito mais para este novo padrão de desenvolvimento social que jamais será conquista individual, mas coletiva”, explicou.

“Logo, com a retomada dos investimentos em pós-graduação, é fundamental que os profissionais busquem esta possibilidade desde já, porque este é o principal caminho para o desenvolvimento pessoal e nacional”, afirmou o professor João Claudio Arroyo.

Segundo o professor Hans Costa, doutorando em Ciências da Comunicação, quando se fala em pós-graduação deve-se pensar no engrandecimento pessoal e profissional proporcionado. O professor explicou que a procura por uma qualificação e um aprimoramento de habilidades tem se mostrado importante para aqueles que desejam uma maior colocação profissional ou ainda estão buscando por um espaço na profissão. “Também passa por essa ideia de enriquecimento acadêmico, importante para todos os profissionais. Um conselho que eu dou: se todo mundo pudesse fazer mestrado e doutorado, faça porque é uma experiência edificante”, afirmou.

Por Emilly Lopes, Hellen Rocha e Júlia Marques (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

 

A Universidade de Pernambuco (UPE), em parceria com o Vlaams Institute Voor Biotechnology (VIB), irá promover, entre os dias 28 de julho e 1º de agosto, dois treinamentos para pesquisadores: “Research Data Management: your ally on the way to your publication – Brasil” e “Introduction to Git & GitHub – Brasil”.

Os cursos serão realizados pelo laboratório de Modelagem Biológica e Bioinformática (LMBB) e o Instituto de Ciências Biológicas da UPE. As aulas serão ministradas em língua portuguesa pela coordenadora de treinamento no grupo VIB Technology Training e ELIXIR-Bélgica, a Dra. Bruna Piereck.

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Serão abordados temas relacionados ao desenvolvimento de pesquisas nas áreas de biotecnologia, bioinformática, entre outras. No final das formações, os participantes irão receber uma certificação internacional.

Os treinamentos acontecerão no Laboratório de Informática do Centro de Pesquisa do ICB, campus Santo Amaro, localizado na rua Arnóbio Marquês, 310. Os interessados podem se inscrever no site do projeto.

Quando as plantas são submetidas a algum tipo de estresse, elas emitem sons em uma frequência que os humanos não conseguem ouvir, mas são semelhantes ao estouro de plástico bolha. Ele pode ser detectado a mais de um metro de distância e seu volume é semelhante ao de uma conversa normal. Um estudo da Universidade de Tel Aviv publicado na revista Cell estudou esses sons em plantas de tomate e tabaco "estressadas", seja devido à falta de água ou porque um caule foi cortado.

A frequência desses sons é muito alta para nossos ouvidos captarem, mas existem animais e plantas que "podem ouvi-los, então há uma chance de haver muita interação acústica acontecendo", disse o coordenador do estudo Lilach Hadany, da Universidade de Tel Aviv, em Israel.

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Embora vibrações ultrassônicas já tenham sido registradas em plantas, esta é a primeira evidência de que elas são transmitidas pelo ar, fato que as torna mais relevantes para outros organismos do ambiente, explica a publicação.

As plantas interagem com insetos e outros animais, muitos dos quais usam o som para se comunicar, "então seria altamente inadequado para as plantas não usar som algum", disse Hadany.

A equipe agora está estudando as respostas de outros organismos, tanto animais quanto vegetais, a esses sons, e a capacidade de identificar e interpretar sons em ambientes naturais.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

(COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Cientistas descobriram uma nova e renovável fonte de água na Lua após a análise de amostras trazidas por missão chinesa em 2020. A água estava incrustada em pequenas esferas de vidro formadas em meio à "sujeira lunar" provocada por impactos de meteoritos.

As esferas variam em tamanho - podem ser da largura de um fio de cabelo até a junção de vários. A água é só uma fração pequena, disse Hejiu Hui, da Universidade de Nanjing, que participou do estudo.

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Como existem bilhões, senão trilhões, dessas esferas decorrentes de impactos, isso pode representar quantidades substanciais de água, mas extraí-la seria difícil, de acordo com o grupo que participou da análise. "Sim, vai exigir muitas e muitas esferas de vidro", disse Hui por e-mail. "Por outro lado, há muitas e muitas dessas na Lua."

A produção de água pode ser contínua graças ao constante bombardeio de hidrogênio no vento solar.

As descobertas, publicadas no começo desta semana na revista Nature Geoscience, são baseadas em 32 esferas de vidro selecionadas aleatoriamente pela Missão Chang’e5. Mais amostras serão estudadas, disse Hui.

As esferas, que estão por toda parte na Lua, se formam com o resfriamento do material derretido lançado pelas rochas espaciais. Em futuras missões robóticas, a água pode ser extraída por meio do aquecimento das esferas. Mais estudos, no entanto, são necessários para determinar se isso seria viável e, em caso afirmativo, se seria seguro bebê-la.

Atividade vulcânica

Pesquisas anteriores identificaram água em esferas de vidro formadas pela atividade vulcânica lunar, com base em amostras trazidas para a Terra pelos astronautas que estiveram no satélite há mais de meio século com a Missão Apollo.

O líquido poderia servir não só para futuras tripulações como também para ser usado em combustíveis dos foguetes.

A Nasa, agência espacial norte-americana, pretende levar astronautas de volta à Lua até o fim de 2025. O destino é o polo sul lunar, onde acredita-se que as crateras permanentemente sombreadas estejam cheias de água congelada. Fonte: AP

Levantamento do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (Gemaa), do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (Iesp), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), mostra que há uma diminuição do contingente de mulheres à medida que as carreiras progridem. Segundo o estudo, na maior parte dos campos do conhecimento, é possível identificar a queda em participação do grupo com o avanço em estágios profissionais.

Em apenas 34% das áreas, as mulheres alcançam equidade ou são maioria entre os docentes da pós-graduação. Por outro lado, houve aumento geral, ainda que discreto, da participação das mulheres com mestrado (2%), doutorado (3%) e na docência (5%) em diversas áreas do conhecimento no país, de 2004 a 2020.

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Os resultados da pesquisa foram disponibilizados recentemente na plataforma online criada pelo Gemaa. O estudo se baseou em dados da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), com o apoio do Instituto Serrapilheira.

A pesquisadora de pós-doutorado no Iesp Marcia Rangel Candido explicou que as dificuldades enfrentadas pelas mulheres são de origens variadas.

“Você vê até discriminações que podem ser consideradas mais leves, como o julgamento das roupas que as mulheres usam em seus espaços profissionais, quando elas estão fazendo pesquisas científicas, ou coisas do tipo. E, por outro lado, tem discriminações que são mais pesadas, como os assédios sexuais e morais.”

Segundo o coordenador do Gemaa, Luiz Augusto Campos, houve avanços recentes na ampliação da pós-graduação no Brasil, que foram seguidos, ainda que de modo “bastante modesto”, por uma preocupação em relação à diversificação.

“Isso levou a um aumento, também modesto, da participação das mulheres com doutorado em diversas áreas no Brasil”, avaliou Campos, em nota. “É preciso lembrar que o funil para entrar na docência de uma pós-graduação é muito mais estreito e muito mais injusto com as mulheres do que, por exemplo, para conseguir um doutorado.”

Desigualdade por áreas

Outro dado observado pelo levantamento se refere à relação mestrado-doutorado-docência de acordo com as áreas do conhecimento. Nesse caso, foi possível verificar que ainda há uma desigualdade grande de gênero quando se compara o contingente de mulheres nas chamadas “ciências duras”, tais como física, matemática e engenharias, tidas como “masculinas”, e aquelas tidas como “femininas”, como nutrição, enfermagem e serviço social.

No entanto, como destacou a professora do Instituto de Ciências Sociais e coordenadora acadêmica do Núcleo de Estudos sobre Desigualdades e Relações de Gênero (Nuderg) da Uerj Clara Araújo, também nessas carreiras tem havido incremento na presença feminina.

“A matemática é um campo em que a docência feminina cresceu, mas, tanto no mestrado quanto no doutorado e na docência, a diferença entre homens e mulheres ainda é muito grande. Na medicina, há também uma diferença, mas já temos 45% de docentes mulheres, ao passo que, em 2004, elas eram 36%. Nas engenharias, a docência na pós-graduação era baixa em 2004, 18%, e em 2020 subiu para 23%. Na área de ciências biológicas, temos quase 50% de mulheres”, disse, por meio de nota.

“É por isso que é preciso incentivar desde cedo as meninas a se interessarem pelas ditas ‘ciências duras’ e os meninos a irem para carreiras consideradas femininas, porque isso terá uma repercussão na socialização das próximas gerações”, acrescentou a professora.

Barreiras

Apesar dos avanços, o levantamento do Gemaa mostrou que a diminuição das desigualdades de gênero na ciência vem ocorrendo de forma lenta, indicando que ainda há barreiras a serem transpostas pelas pesquisadoras. Uma das questões mais discutidas atualmente no meio acadêmico é a da maternidade, vista como um entrave para a entrada ou permanência de mulheres na pós-graduação.

Segundo Clara Araújo, muitas vezes o número de filhos diminui porque as mulheres não conseguem compatibilizar com a carreira acadêmica, além do fato de o número de horas com que os homens se envolvem nas atividades domésticas é muito pequeno comparativamente à carga que sobra para as mulheres.

“A ideia do cuidado é algo ainda muito marcado pelo gênero. Há mulheres que não têm filhos, mas, em geral, são elas as responsáveis por cuidar de doentes e idosos, o que interfere na carreira acadêmica também”, disse a professora.

Desde que a pandemia de covid-19 começou, em 11 de março de 2020, o sucesso de novas estratégias na contenção do coronavírus SARS-CoV-2 e as mutações que deram a ele maior capacidade de transmissão moldaram altos e baixos que criaram ondas, picos e momentos de relaxamento e tranquilidade.

Nestes três anos, o coronavírus descoberto em Wuhan, na China, já causou 759 milhões de casos de covid-19, que provocaram 6,8 milhões de mortes, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 65% da população mundial está vacinada com duas doses, e 30% receberam doses de reforço. Esses percentuais, porém, escondem desigualdades: enquanto Américas, Europa e Leste da Ásia estão perto dessa média ou acima dela, menos de 30% da população da África recebeu duas doses da vacinas.

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No Brasil, os óbitos se aproximam dos 700 mil, em um universo de 37 milhões de casos já diagnosticados. Apesar de a pandemia não causar mais o colapso de unidades de saúde, ela ainda faz vítimas: foram 330 na última semana epidemiológica, segundo dados do DataSUS, o que mostra que ainda é necessária atenção à prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento da doença.

No que diz respeito à vacinação, o Brasil possui uma cobertura acima da média do mundo e das Américas, com 82% da população com o esquema primário completo e 58% com ao menos uma dose de reforço, segundo dados do painel Monitora Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A maior parte dessas doses aplicadas é de vacinas de terceira geração, com as tecnologias de vetor viral e RNA mensageiro, uma inovação posta em prática em massa pela primeira vez com a pandemia de covid-19 e acrescentada ao arsenal da ciência contra futuras ameaças de saúde pública.

Quais foram os marcos que moldaram a pandemia?

Ao contar a história da pandemia, o presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alberto Chebabo, destaca que há muitas formas de dividi-la, e um dos principais marcos temporais que se pode apontar é antes e depois da vacinação.

“Em 2020, a gente não tinha vacina, e, em 2021, a gente começou a vacinar muito lentamente no primeiro semestre. Foi o período em que a gente teve o maior número de mortes e a maior demanda por leitos hospitalares”, lembra. “A partir do segundo semestre 2021, quando a gente consegue avançar na vacinação, há uma mudança de característica da doença, que passa a ter uma gravidade muito menor do que foi durante esse primeiro período, com uma redução importante de mortalidade e no impacto sobre a rede hospitalar.”

O infectologista acrescenta que as mudanças do próprio vírus são outra variável que moldou essa história. A partir de 2021, as variantes do coronavírus, especialmente a Gamma e a Delta, trouxeram um grande aumento de casos no Brasil, que se tornou ainda mais expressivo em 2022, com a chegada da Ômicron. Além de o vírus se disseminar mais rápido, os testes se tornaram mais acessíveis, o que também ajudou a elevar o número de diagnósticos de covid-19, que antes estavam restritos a casos de maior gravidade.

“Uma terceira forma de dividir é que a gente teve, a partir do final de 2022 e início de 2023, a possibilidade de ter medicamentos incorporados ao SUS para que a gente possa tratar os casos com pior resposta à vacina”, diz Chebabo. “Apesar de a gente querer um tratamento precoce, rápido e específico para a doença, a gente demorou a achar. Precisou ter um desenvolvimento de novas drogas antivirais e anti-inflamatórias para que a gente pudesse ter a possibilidade de tratar precocemente a doença. Medicações que foram advogadas como salvadoras, como a cloroquina e a ivermectina, realmente não tinham nenhuma função.”

O conhecimento sobre o vírus, explica o pesquisador, foi outro ponto importante que reduziu a mortalidade da doença. Ainda no primeiro ano da pandemia, a descoberta de como manejar os casos de falta de oxigenação no sangue permitiu um tratamento clínico mais eficaz nas unidades de terapia intensiva (UTIs). A própria caracterização da covid-19 como doença respiratória mudou ao longo do tempo.

“A gente aprendeu o espectro todo da doença. Não é uma doença apenas com um quadro respiratório agudo, é uma doença com quadros muito mais amplos, com quadros cardiovasculares, com risco de trombose, e com a covid longa. Também tem impactos a médio e longo prazo”, explica ele, que cita mudanças neurológicas e também sequelas pulmonares como condições pós-covid que podem necessitar de tratamento especializado.

A chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Marilda Siqueira, destaca que a colaboração de cientistas de diferentes áreas se deu de forma acelerada durante a pandemia, e esse foi um fator fundamental ao longo da emergência sanitária. O laboratório chefiado pela virologista foi referência da OMS no continente americano e também participou do desenvolvimento de testes diagnósticos em tempo recorde.

“Assim que a OMS disse que se tratava de um coronavírus, um laboratório em Berlim disponibilizou o desenho de como seria o teste diagnóstico PCR. Então, Bio-Manguinhos contactou nosso laboratório e, em colaboração conosco, produziu em menos de um mês um kit diagnóstico. Com coordenação do Ministério da Saúde, fizemos um treinamento de todos os laboratórios centrais de Saúde Pública [Lacens], e, em 18 de março, os 27 estados brasileiros já estavam com um profissional treinado e com kit para diagnóstico de SARS-CoV-2. Poucos países conseguiram isso, que foi fruto de investimentos de décadas do Ministério da Saúde e Ciência e Tecnologia em Bio-Manguinhos”, conta ela.

Da mesma forma que os testes, a pesquisadora explica que as vacinas também foram fruto de investimentos e esforços cumulativos, o que desmonta a falácia de que foram produzidas “rápido demais”. “Isso aconteceu em um curto espaço de tempo porque já vínhamos com experiências e conhecimento científico acumulado de décadas. Imagina se a introdução do coronavírus tivesse sido há um século, como aconteceu com a gripe espanhola. Teria sido arrasador, porque as ferramentas não estavam naquele momento prontas como estavam neste momento, em 2020. O uso dessas ferramentas que a humanidade vem desenvolvendo foram pontos cruciais para diminuir o impacto da pandemia em um ano.”

Maior colapso sanitário e hospitalar

O virologista da Fiocruz Amazônia Felipe Naveca conta que, assim como a agilidade e articulação dos pesquisadores, a capacidade de transmissão do coronavírus foi crucial para determinar as diferentes fases da pandemia. Desde sua descoberta, no fim de 2019, o vírus impressionou pesquisadores com seu potencial de disseminação, chegando a todos os continentes em poucos meses. Conforme o número de infectados cresceu, aumentou também a pressão seletiva sobre o vírus, que sofreu mutações para escapar do sistema imunológico das pessoas já infectadas e continuar se multiplicando.

“As variantes que tiveram maior sucesso e suas linhagens, ou eram mais transmissíveis, ou escapavam mais do sistema imunológico, ou as duas coisas”, define Naveca, que liderou o grupo responsável pelo sequenciamento da variante Gamma, no Amazonas, causadora do pior momento da pandemia no Brasil.

Foi a variante Gamma que causou as infecções durante o colapso hospitalar no Amazonas em janeiro e se espalhou no país nos meses seguintes a ponto de lotar hospitais em todas as regiões ao mesmo tempo. Menos de 15% da população estava vacinada com a primeira dose naquele momento, e o Brasil chegou a ter mais de 3 mil mortes por dia entre março e abril de 2021, quando enfrentou o maior colapso sanitário e hospitalar de sua história, segundo o Observatório Covid-19, da Fundação Oswaldo Cruz.

Desde 2022, entretanto, as descendentes da variante Ômicron dominam o cenário epidemiológico. “Do vírus ancestral à Ômicron foi um salto muito grande. Inclusive, algumas teorias sugerem que esse vírus ficou evoluindo de uma maneira silenciosa em alguns países com menor vigilância. Pode ser que ela tenha circulado de maneira silenciosa no continente africano, e quando se detecta a Ômicron, ela já era muito diferente de todas as que a gente conhecia.”

O sucesso da variante Ômicron em escapar da imunidade faz dela um marco na pandemia, na visão do vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, que concorda que o outro grande marco é a proteção coletiva obtida com as vacinas, a partir de 2021.

“A gente tem três momentos na pandemia. Um momento sem vacina; um momento com vacina antes da Ômicron, em que a proteção era mais elevada, inclusive contra as formas leves da doença; e um momento pós-Ômicron, em que a perda da proteção contra as formas leves aconteceu, mas foi conservada a proteção contra as formas graves da doença. Hoje, os vacinados continuam muito bem protegidos dos desfechos mais graves, mas não conseguem estar protegidos contra a infecção.”

O que poderia ter sido diferente?

O Brasil é o segundo país do mundo que contabiliza mais vítimas da covid-19, apesar de ter a quinta maior população mundial. A mortalidade da doença, medida em óbitos por 100 mil habitantes pela Organização Mundial da Saúde, também atinge no país uma média desproporcional: quase quatro vezes maior que a média mundial.

Para o epidemiologista e professor da Universidade de Illinois Urbana-Champaign, nos Estados Unidos, Pedro Hallal, comparar a mortalidade no Brasil com a média mundial requer uma série de ponderações – e elas podem ser ainda mais desfavoráveis para o país. O cientista é coordenador-geral da pesquisa Epicovid-19, que busca medir a prevalência do coronavírus e avaliar a velocidade de expansão da covid-19 no país.

Hallal explica que a população brasileira é, em média, mais jovem que a mundial, o que faz com que haja um percentual menor de pessoas no grupo de risco da covid-19. Além disso, o Brasil é um país de renda média que tem um programa nacional de vacinação muito superior ao da maioria dos países, e um sistema de saúde público e universal com capacidade de realizar atendimentos de alta complexidade, como os casos graves de covid-19. Em relação às subnotificações de outros países que possam puxar a média mundial para baixo, o epidemiologista argumenta que a literatura já construída sobre a covid-19 mostra que as mortes são muito menos subnotificadas do que os casos.

“Eu acho justo, por conta de todas essas explicações, dizer que o Brasil tem, no mínimo, quatro vezes mais mortes do que deveria ter”, diz Hallal, que enviou um estudo com essa metodologia no formato de carta ao editor para a revista The Lancet, um dos mais importantes periódicos científicos do mundo, e também apresentou o mesmo levantamento na Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia, no Senado Federal. “Não estou comparando se o Brasil fosse o exemplo do melhor enfrentamento. Se o Brasil tivesse sido apenas mediano, ele teria 184 mil mortes, e não 699 mil.”

O especialista destaca que os erros do Brasil no enfrentamento à covid-19 vieram desde o começo da pandemia. Os investimentos em testagem e rastreamento de contatos foram insuficientes, aponta. Além disso, o governo Jair Bolsonaro apostou em uma estratégia de imunidade de rebanho por infecção, na qual havia a expectativa de que um número grande de infectados bloquearia a circulação do vírus em algum momento. "Um erro gravíssimo de quem fez uma leitura equivocada desde o primeiro dia sobre o que que era essa pandemia”, classifica. Ele argumenta que houve uma confusão sobre como deveriam ser implementadas as políticas de distanciamento social, por parte do governo federal, estados e municípios.

“O Brasil nunca fez um lockdown. O Brasil fez fechamentos seletivos de longuíssima duração, que destruíram não só a saúde pública, porque não conseguiram impedir a circulação do vírus, como também destruíram a economia do país”, diz. “A ciência mostra que, nos momentos mais agudos, é útil fazer um lockdown extremamente rigoroso e curto. A maioria dos lugares do mundo usa três semanas como referência.”

O presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia, Alberto Chebabo, é cauteloso em relação a comparações da mortalidade no Brasil com a média mundial, pelo risco de subnotificações ou confiabilidade dos dados de todos os países. Apesar disso, ele não tem dúvidas de que houve um excesso de mortalidade por covid-19 no Brasil.

“Certamente, a gente foi um dos países mais afetados. E a gente errou muito na pandemia, principalmente nos primeiros dois anos. O Ministério da Saúde não teve uma atuação coordenada, deixando a cargo de cada município e de cada estado a implementação de medidas, com uma politização e polarização infundadas que levaram a um número muito grande de casos e de óbitos relacionados à não implementação adequada a medidas de controle, principalmente as não farmacológicas [como distanciamento e máscaras], que eram as que gente tinha para oferecer no início”, avalia Chebabo. “Isso fragilizou muito o controle da doença no país, aumentando de forma acentuada o número de óbitos.”

Outro ponto que o infectologista destaca é que houve atraso no início da vacinação contra a covid-19 no momento em que a disseminação da variante Gamma causava a fase mais letal da pandemia, com até 3 mil mortes em um único dia.

“A vacinação contra a covid foi muito lenta e se arrastou durante quase todo o primeiro semestre de 2021, só ganhando força mesmo no segundo semestre”, afirma, lembrando que o país demorou a fechar a compra das vacinas de RNA mensageiro, exportadas pela Pfizer. “O Brasil tem capacidade de vacinar até 1,5 milhão de pessoas por dia, e vacinava 10 mil, 20 mil, ou 100 mil, no máximo. A gente talvez tivesse salvado mais vidas.”

Para o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, além da demora, houve falta de empenho em campanhas de estímulo à vacinação e até contrapropaganda por parte do governo à época. Ele considera que uma mortalidade por covid-19 acima dos países desenvolvidos já era esperada para o Brasil, porque isso também ocorre com outras doenças, mas acredita que fatores como os problemas na vacinação agravaram essa diferença.

“Essa poderia ter sido a grande bandeira do governo, que infelizmente trabalhou desfavoravelmente ao uso das vacinas. Atrasou, contraindicou, criou brigas políticas com produtores e questões xenófobas, só dificultando o processo.”

Kfouri destaca que, apesar disso, o Brasil alcançou uma alta cobertura nas duas primeiras doses, mas não conseguiu repetir o feito nas doses de reforço, que são consideradas indispensáveis para a proteção contra as cepas Ômicron. O médico avalia que a pandemia foi o ponto de partida do fortalecimento de movimentos antivacina no Brasil, e que as crianças foram as maiores afetadas.

“Pela primeira vez, a gente vê pais vacinados com até quatro doses que não vacinaram seus filhos. Em geral, a gente protege os filhos e depois pensa na nossa proteção. De uma maneira geral, isso impactou bastante na pediatria. Apesar de ser algo que é mais seletivo, contra as vacinas covid, acaba respingando nas outras vacinas”, afirma. “A pandemia trouxe à luz os grupos contrários à vacinação, que aproveitaram das vacinas contra a covid-19 para disseminar conceitos equivocados e a insegurança na vacinação. Os antivacinistas são muito poucos no Brasil e não prosperavam aqui porque não havia um campo fértil. A covid-19 criou essas condições.”

Dois peixes-leão foram encontrados por pescadores, nesse domingo (26), na costa de Itamaracá, no Litoral Norte de Pernambuco. A espécie é venenosa e rara, e de origem asiática, mas tem aparecido nas Américas desde os anos 80. No continente pernambucano, esse é o primeiro registro, porém, desde 2021, há aparições da espécie em Fernando de Noronha. 

A captura foi feita utilizando uma armadilha usada na pesca conhecida como corvo. Os animais foram entregues à prefeitura da cidade e então, submetidos à ONG Projeto Conservação Recifal. O peixe-leão é uma espécie que causa preocupação, pois não possui predadores naturais, podendo prejudicar a biodiversidade brasileira. O primeiro incidente com esse peixe no Brasil ocorreu em 2022.  

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Esses animais também foram encontrados no Piauí, em abril; no Ceará, em novembro; e no Rio Grande do Norte, no último mês de agosto. A chegada deles ao litoral nordestino e à costa continental em Pernambuco pode significar que as espécies têm colonizado parte dessas regiões. 

Durante a caça, os peixes-leões encurralam a presa nos espinhos e a engolem. Os espinhos são a marca da espécie, além da padronagem listrada e colorida. Nativos da região Indo-Pacífica, vivem sempre próximos à recifes de coral, mas algumas espécies podem ser encontradas em outras regiões do mundo, mais recentemente, no oeste do Oceano Atlântico e Mar do Caribe. 

Em humanos, os principais efeitos de um ataque de peixe-leão são dor intensa localizada, seguida de edema local, podendo também a vítima sentir náuseas, tontura, fraqueza muscular, respiração ofegante e dor de cabeça. O efeito vai depender da espécie e do tamanho do peixe. Eles podem viver até 15 anos. 

Cientistas anunciaram a descoberta de mais 12 luas orbitando em torno de Júpiter. Com isso, o gigante gasoso passa a contar com 92 satélites registrados, desbancando Saturno, que possui 83 satélites, do posto de planeta do sistema solar com maior número de luas. 

As novas luas de Júpiter foram adicionadas a uma lista do Centro de Planetas Menores da União Astronômica Internacional, de acordo com Scott Sheppard, astrônomo da Carnegie Institution, que participou da pesquisa. “Espero que possamos obter imagens de uma dessas luas externas de perto em um futuro próximo para determinar melhor suas origens”, disse o cientista à Associated Press.

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As novas luas do maior planeta do sistema solar foram descobertas por meio de observações em 2021 e 2022 de telescópios no Havaí e no Chile. Suas órbitas foram confirmadas graças a observações de acompanhamento.

Segundo os cientistas, as novas luas têm entre 1 e 3 quilômetros. Em abril, a Agência Espacial Europeia enviará uma sonda espacial a Júpiter para estudar o planeta e algumas de suas luas maiores. No ano que vem, a NASA iniciará missão a Europa Clipper para estudar a lua Europa de Júpiter, que poderia abrigar um oceano sob sua crosta congelada. 

O Relógio do Juízo Final, que mede simbolicamente o fim dos tempos, marcou, nesta terça-feira (24), que a humanidade jamais esteve tão perto do cataclismo planetário devido à guerra na Ucrânia, às tensões nucleares e à crise climática.

O Boletim dos Cientistas Atômicos, que descreve o relógio como uma "metáfora do quão próxima está a humanidade da autoaniquilação", moveu os ponteiros de 100 segundos para 90 segundos para a meia-noite.

A cada ano, a junta de ciência e segurança do Boletim e seus patrocinadores, entre os quais figuram 11 prêmios Nobel, tomam a decisão de reposicionar os ponteiros deste relógio simbólico.

Até agora, o mais próximo que esteve da meia-noite, a hora fatídica que esperam que nunca chegue, tinha sido 100 segundos. O relógio permaneceu nessa posição por dois anos, desde janeiro de 2020.

Mas as coisas pioraram. Em um comunicado, o Boletim afirma que, neste ano, adianta os ponteiros "devido, em grande parte, mas não exclusivamente, à invasão da Ucrânia por parte da Rússia e ao maior risco de uma escalada nuclear".

Também pesam "as ameaças contínuas representadas pela crise climática e o colapso das normas e instituições globais necessárias para mitigar os riscos associados com o avanço das tecnologias e as ameaças biológicas como a covid-19", acrescentou.

Quando o Relógio do Juízo Final foi criado, em 1947, depois da Segunda Guerra Mundial, faltavam sete minutos para a meia-noite. O relógio chegou a ficar a 17 minutos para o horário do apocalipse depois do fim da Guerra Fria, em 1991.

O Boletim dos Cientistas Atômicos foi fundado em 1945 por Albert Einstein, J. Robert Oppenheimer e outros cientistas que trabalharam no Projeto Manhattan, que produziu as primeiras armas nucleares.

 Ministério Público de Pernambuco (MPPE), por meio da 3ª Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, Patrimônio Histórico-Cultural e Urbanismo de Olinda, promoverá uma audiência pública para debater a doação de parte do terreno em que está instalado no Espaço Ciência. O órgão convida a sociedade para participar do debate, que acontecerá a partir das 9h da próxima segunda-feira (23), na Câmara de Vereadores de Olinda, na rua 15 de Novembro, número 94, no Varadouro.

A promotora de Justiça Belize Câmara frisa, no edital de convocação publicado no Diário Oficial Eletrônico do MPPE do dia 20 de dezembro de 2022, que os interessados em se manifestar devem se inscrever na lista que será disponibilizada na entrada da Câmara de Vereadores até as 8h30 do dia 23 de janeiro. A audiência tem o objetivo de colher informações para instruir o Procedimento Administrativo nº 01923.000.676-2022.

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Além dos cidadãos, o MPPE também convocou representantes de órgãos e entidades públicas para prestar informações. A promotora encaminhou ofícios à Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia; ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional; à direção do Espaço Ciência; à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência; ao Conselho de Preservação dos Sítios Históricos; à Academia Pernambucana de Ciência; à Associação dos Docentes da Universidade Federal de Pernambuco; à Empresa Pernambucana de Turismo; ao Porto Digital; ao Ministério Público de Contas; ao Ministério Público Federal; e ao Mestrado em Desenvolvimento Urbano da UFPE.

A nova edição do Qualis, ranking da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) das revistas científicas nas quais brasileiros publicaram suas pesquisas, tem sido alvo de críticas de pesquisadores de diversos campos, como Economia, Engenharia, Segurança, História e Comunicação. Os acadêmicos apontam distorções, com periódicos de grande renome ficando atrás de outros menos conhecidos e relevantes para as áreas. Para eles, a lista está em descompasso com outras referências internacionais.

Alguns pesquisadores destacam que o problema é estrutural. Outros cientistas indicam que a mudança na metodologia desta edição, divulgada no fim de dezembro, potencializou a desconexão com a realidade. O Qualis serve como um indicador para avaliar os programas de pós-graduação. Também é adotado, em alguns cursos e editais, como critérios para promover professores e conceder bolsas, embora Capes não recomende esse uso.

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A classificação que motivou revolta é ainda preliminar (recebe recurso até esta quinta-feira, 19). A listagem reflete "apurações realizadas no âmbito da Avaliação Quadrienal 2017-2020 pelas 49 áreas de avaliação", conforme a Capes. Com base em critérios gerais e específicos utilizados em cada área de avaliação, o Qualis Periódicos classifica as revista nos seguintes estratos: A1, mais elevado; A2; A3; A4; B1; B2; B3; B4; C (peso zero). Essas avaliações são feitas por comitês de especialistas de cada área.

Ao Estadão, a Capes informou que "todas as solicitações serão analisadas" e disse que "o diálogo estará presente em quaisquer fases dos processos de decisão relacionados ao Qualis, de modo a aprimorar sua execução, assim como os seus resultados, garantindo o cumprimento do seu papel na melhoria do sistema de avaliação".

"O Qualis não é uma base para a indexação de periódicos. Assim, não será adequado usá-lo como fonte de classificação da qualidade dos periódicos científicos para outros fins que não seja a avaliação dos programas", afirmou, em nota, o órgão ligado ao Ministério da Educação (MEC).

Na prática, conforme pesquisadores ouvidos pelo Estadão, muitas vezes o Qualis é lido como um ranking das revistas e alguns cientistas optam publicar naquelas que apresentem melhor classificação, mesmo que não tenham tanta relevância para a área de pesquisa (acaba sendo um "indutor").

"Há distorções significativas. Você pode encontrar uma revista que é tipicamente nacional melhor classificada do que uma outra revista da mesma área internacional. Só que se você pegar o indicador internacional, essa revista nacional é muito mais fraca", disse Giuseppe Pintaude, chefe do Departamento de Apoio a Projetos Tecnológicos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UFTPR) e pesquisador do CNPq.

Ele fez um exercício gráfico de selecionar oito revistas, nacionais e internacionais, e contrapor a classificação Qualis com o ranking internacional SJR. "Quanto maior o Qualis, mais discrepante", afirmou. Para Pintaude, essa "supervalorização" de revistas nacionais pode "mascarar" problemas desses periódicos e não estimulá-los a alavancar sua qualidade.

"Em vez de eu publicar nas revistas que são o topo do campo, publico em revistas nacionais, que vão ser lidas apenas aqui no Brasil, em vez de em uma revista que pode ser lida literalmente no mundo todo. Esse é o grande problema do Qualis, ele gera incentivos errados e, consequentemente, prejudica a inserção internacional dos pesquisadores brasileiros", afirmou Thiago Krause, professor de História da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio).

Os cientistas concordam que há "problemas estruturais" que acompanham a lista desde que ela começou a ser feita, na década de 1990. Alguns pesquisadores, porém, veem que a listagem divulgada no fim do ano passado carrega ainda mais distorções.

O Qualis é um indicador retroativo (se refere a anos anteriores) e é atualizado a cada quadriênio -antigamente, era por triênio. Em geral, a nova classificação é acompanhada por mudanças na metodologia, a fim de aprimorar a aferição.

Método

Em 2019, conforme a Capes explicou em seu site, o Qualis Periódicos ganhou nova fórmula que "busca critérios mais objetivos que permitam comparação mais equilibrada entre áreas de avaliação, atentando-se também para a internacionalização". O método se basearia na "classificação única" (cada periódico recebe apenas uma qualificação, independe da quantidade de áreas de avaliação nas quais foi mencionado) e por "áreas-mães" (foram agrupados de acordo com a área na qual houve maior número de publicações nos anos de referência avaliativo). O anúncio foi acompanhado por críticas.

Ao Estadão, a Capes disse que "existiam várias classificações para um mesmo periódico em áreas distintas, com critérios diversificados e baixa comparabilidade entre periódicos de um mesmo estrato", e, por isso, desde 2015, grupos de trabalho discutiram formas de aperfeiçoamento da metodologia.

"Decidiu-se, então, que cada área de avaliação estabeleceria os critérios adotados para a classificação dos periódicos sob sua responsabilidade. Todos foram validados pelo Conselho Técnico-Científico da Educação Superior (CTC-ES) e encontram-se à disposição nas páginas das áreas, no site da Capes", disse, em nota.

Os pesquisadores explicaram que a mudança foi uma tentativa de corrigir uma falha de "particularização" excessiva das edições anteriores, em que algumas áreas eram mais rigorosas do que outras nas avaliações. No entanto, o que eles observaram é que a solução proposta, de apenas importar da área-mãe a nota de um periódico, sem calibrá-la, acabou criando distorções e "esquisitices" ainda maiores.

Pintaude observou, no caso da área em que atua - Engenharia Mecânica (Engenharias III) -, que revistas da educação (que aparecem no "ranking" de engenharia porque algum pesquisador da área escreveu algo publicado nela) aparecem melhor classificadas que periódicos nativos do campo e que têm grande reconhecimento. Segundo ele, a distorção ocorre pelo fato de o indexador fator de impacto (que leva em conta o número de citações do periódico, por exemplo) da engenharia ser diferente daquele usado na educação.

Entre os economistas, a avaliação é de que a lista está pior. Em abaixo-assinado virtual, que já acumula mais de 700 assinaturas, eles argumentam que as versões anteriores da classificação já tinham defeitos, mas que a atual "os agrava em vez de resolvê-los". "A classificação do Qualis da área de Economia está em completo descompasso com a relevância dos periódicos não só em termos gerais, como também nas subáreas de nosso campo. Os erros são tantos que seria constrangedor nomeá-los."

Subjetividade e periodicidade

Reitor do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Anderson Correia, explica que a lista é feita com base em critérios objetivos e subjetivos (da comissão da avaliação de cada área). Na visão dele, que presidia a Capes quando essa nova edição do Qualis estava sendo realizada, a subjetividade é o principal causador dos problemas.

"Enquanto o mundo caminha para fatores mais objetivos, a gente está patinando, estagnado em dar peso muito grande aos fatores subjetivos, o que abre espaço para críticas e insatisfações. Não tem mais razão para, num mundo moderno com tanta ferramenta automatizada para avaliar periódicos, a gente ficar ainda nos fatores do subjetivos", afirmou. Ele faz uma observação que, nas Ciências Humanas, a automatização completa é difícil e há espaço para um pouco mais de subjetividade do que nas chamadas "ciências duras" (engenharias e biológicas, por exemplo).

Adriana Marques, professora de Defesa e Gestão Estratégica Internacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), se incomoda, na área de segurança internacional e defesa, com as diferenças de classificações entre revistas ligadas a universidades e escolas militares.

Segundo ela, na edição atual, apenas uma revista internacional da Marinha está entre as melhores classificadas (A1), sem "nenhuma revista importante da área de segurança e da defesa". "Não há objetividade nenhuma", afirmou.

Em nota, a Capes disse que criar a classificação é um "processo complexo, que envolve todas as áreas de avaliação com suas particularidades, ao mesmo tempo em que deve garantir comparabilidade e isonomia".

Outro ponto que é alvo de queixas de alguns pesquisadores é a periodicidade do indicador. Por ser retroativo, o Qualis reflete o passado, assim como outras classificações internacionais. O problema, porém, é que o "ranking" brasileiro vislumbra um período de quatro anos (quadrienal) que, na visão deles, é muito longo.

"É um problema sério, porque você tem que já prever os critérios que vão ser enviados em uma avaliação daqui a quatro anos. A tecnologia avança muito rápido. As métricas vão ter esse engessamento", disse Correia.

O que os cientistas pleiteiam?

Luís Filipe Silvério Lima, professor do História da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), avalia que se está "brigando pela coisa errada". Na avaliação dele, é necessária a reformulação na maneira que se avalia os programas de pós-graduação. "Me incomoda o fato de que não avaliamos na pós-graduação para o que foi criada: formar mestres e doutores", diz, destacando que critérios atuais focam mais no "produtivismo" (quantos artigos são publicados e quantas vezes são citados).

Ele destaca que isso, inclusive, tem gerado uma "crise" na academia. "Acabou de sair um texto na (revista) Nature falando que dos anos 1950 para cá, embora tenha aumentado o número de publicações, os artigos estão cada vez menos disruptivos."

"O ideal seria, em vez de avaliar tudo o que um docente e um discente produz, avaliar o que eles consideram como importante. Avaliar menos para avaliar melhor. Está havendo uma mudança nesse sentido", afirmou.

Giuseppe Pintaude, por outro lado, defende que haja discussão para abandonar o Qualis e definir um indicador internacional que possa substituí-lo. "A UTFPR, onde sou professor, fez essa discussão para editais internos de fomento para os pesquisadores, que é a avaliação individual, e em determinado momento, escolheu um indicador internacional, que inclusive é um indicador que consegue fazer essa calibragem da diferença entre as áreas do conhecimento, o Snip."

Além de mais automatização, Anderson Correia aponta que a avaliação não pode ser tão "endógena", apenas com a academia. O reitor do ITA defende participação da sociedade e da indústria.

Passado

Não é a primeira vez que a tabela da Capes é contestada e criticada - as críticas são recorrentes. Em 2009, conforme mostrou o Estadão, pesquisadores denunciaram que várias revistas científicas brasileiras estariam "ameaçadas de extinção" pelos novos critérios de avaliação que passariam a ser adotados.

Isso porque, até 2008, o Qualis era dividido em duas categorias (nacional e internacional). Com as mudanças, uma estrutura única foi proposta, com revistas brasileiras "competindo" com as publicações estrangeiras.

Astrônomos divulgaram ter identificado o que são as estrelas mais distantes já descobertas na Via Láctea. O anúncio inclui a estrela mais afastada da Terra já descoberta, a mais de um milhão de anos-luz, segundo informações da Universidade da Califórnia de Santa Cruz, nos Estados Unidos.

A descoberta envolve 208 estrelas, chamadas de RR Lyrae e que se destacam pela luminosidade, ainda de acordo com a instituição.

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Como estão nos limites da galáxia, no chamado "halo" (a quase meio caminho da vizinha, Andrômeda, a 2,5 milhões de anos-luz), permitem que as medidas da Via Láctea sejam mais facilmente aferidas.

No comunicado veiculado pela universidade, o professor e diretor de Astronomia e Astrofísica da instituição, Raja GuhaThakurta, destaca que o estudo está "redefinindo o que constitui os limites externos de nossa galáxia" e que a Via Láctea e Andrômeda "são tão grandes que quase não há espaço entre as duas".

O cientista também destacou que o halo é onde estão as as estrelas mais antigas da galáxia e se estende por centenas de milhares de anos-luz em todas as direções.

"A maneira como o brilho varia parece um eletrocardiograma. São como os batimentos cardíacos da galáxia. O brilho aumenta rapidamente e diminui lentamente, e o ciclo se repete perfeitamente com essa forma muito característica", disse, de acordo com o comunicado.

As descobertas ocorreram a partir de dados captados pelo Telescópio Canadá-França-Havaí (CFHT na sigla em inglês), situado em uma ilha havaiana.

Além de grandes e ferozes, os tiranossauros também eram muito inteligentes - e não estúpidos como se imaginava. A conclusão é da neurocientista e bióloga brasileira Suzana Herculano-Houzel, da Universidade de Vanderbilt (EUA), em estudo publicado na publicação científica Journal of Applied Neurology. Conforme o trabalho, os répteis gigantes tinham o mesmo número de neurônios no cérebro do que modernos primatas, como os babuínos. Eram capazes de resolver problemas, usar ferramentas e, até mesmo, estabelecer uma cultura.

Tecidos moles muito raramente são preservados, sobretudo no caso de fósseis pré-históricos. Para conseguir estimar o número de neurônios dos terópodes - um grupo de dinossauros que corre sobre duas patas, casos do T-Rex e do velociraptor -, Suzana se voltou para seus parentes mais próximos ainda vivos: as aves. A especialista comparou inicialmente o crânio dos dinossauros ao crânio de aves modernas, como emas e avestruzes.

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Extrapolando o número de neurônios presentes nessas aves às dimensões do crânio dos animais extintos, a pesquisadora concluiu que o T-Rex teria cerca de três bilhões de neurônios - número similar ao presente no cérebro de babuínos. Se o dinossauro tivesse a mesma capacidade cognitiva do macaco, eles seriam capazes de agir em grupo, usar ferramentas e passar conhecimento para as novas gerações. Na análise de Suzana, os dinossauros eram "os primatas da sua época".

"Se você não acha isso muito impressionante, pense nos macaquinhos que conseguem te enganar e roubar comida da sua mão", disse a neurocientista. "Agora imagine uma criatura com essa inteligência maior do que um elefante, com garras enormes e dentes gigantescos capazes de te destroçar. Isso, para mim, é um pesadelo."

Com esse número de neurônios, é possível estimar que os dinossauros levavam cerca de cinco anos para alcançar sua maturidade sexual e viviam até os 40 anos, como os babuínos. Esse tempo é suficiente para aprender a confeccionar e usar ferramentas, e transmitir uma cultura.

Mas não só isso.

"Pior: um dinossauro capaz de descobrir como fazer a pré-digestão de sua comida antes de colocá-la na boca poderia, em tese, ter evoluído para chegar a ter tantos neurônios quanto os humanos, em um período de dois a três milhões de anos, desde que começamos a processar os alimentos, inicialmente com ferramentas e, posteriormente com fogo", explicou Suzana.

"Nunca mais vou olhar para os dinossauros da mesma forma. Obrigada, asteroide", brinca a pesquisadora, em referência à rocha que atingiu a Terra há 65 milhões de anos, uma das causas mais prováveis para a extinção dos dinossauros.

Estudos compararam cérebros

Em estudos anteriores, o grupo de Suzana já havia detalhado as diferenças entre o cérebro humano e o de outros primatas. Ao começar a comer alimentos cozidos, o homem passou a ingerir uma quantidade maior de calorias, o que nos permitiu ter um número maior de neurônios que os demais.

Quando ainda trabalhava na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 2005, Suzana criou junto com Roberto Lent um método para contar os neurônios - fazendo uma espécie de sopa de cérebro - e chegou à conclusão que os homens têm 86 bilhões de neurônios, não 100 bilhões como se acreditava até então. A partir desse método, foi possível estimar o número de neurônios de vários animais.

Se o asteroide não tivesse exterminado os dinossauros, avalia Suzana, eles poderiam ter evoluído como aconteceu com os seres humanos. "O mundo hoje poderia ser presidido por tiranossauros que aprenderam a cozinhar", disse. "Está aí um filme que eu gostaria de ver."

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou que fará revogações de portarias e notas técnicas que “ofendem a ciência, os direitos humanos, os direitos sexuais reprodutivos”. A fala foi proferida pela ministra no discurso de posse, nesta segunda-feira (2). Na ocasião, ela defendeu o conhecimento científico e o combate ao negacionismo.

A primeira mulher a assumir o ministério, destacou a relevância de fortalecer o Sistema Único de Saúde (SUS) e do aumento da cobertura vacinal no Brasil, que vem apresentando queda nos indicadores dos últimos anos e elevando o risco de surto de doenças. “A pandemia mostrou a nossa vulnerabilidade. O rei está nu. Precisamos afirmar, sem nenhuma tergiversação, e superar essa condição. O governo que se encerrou nos trouxe um período de obscurantismo, de negação da ciência e da cultura”, afirmou. 

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O ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais e ex-ministro da Saúde do governo Dilma Rousseff (PT), Alexandre Padilha, gritou que “o Brasil voltou a respirar”, após Nísia tomar posse do cargo. 

Nísia divulgou, ainda, os nomes dos secretários e secretárias que vão compor o primeiro escalão do Ministério da Saúde, são eles: Swedenberger Barbosa: Secretaria Executiva; Nésio Fernandes: Secretaria de Atenção Primária; Helvécio Magalhães: Secretaria de Atenção Especializada; Ana Estela Haddad: Secretaria de Informação e Saúde Digital; Ethel Maciel: Secretaria de Vigilância de Saúde e Ambiente; Ricardo Weibe Tapeba: Secretaria de Saúde Indígena; Carlos Gadelha: Secretaria de Ciência Tecnologia e Insumos Estratégico; e Isabela Cardoso: Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação em Saúde. 

O Futuras Cientistas, programa do Centro de Tecnologias Estratégicas do Nordeste (CETENE), iniciará sua imersão científica na primeira semana de 2023 com a primeira etapa nacional na próxima terça-feira (3). O programa existe há dez anos com participantes apenas no Nordeste e, em 2023, contará com participantes de todo Brasil.

Parte do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovações (MCTI), o projeto veio para incentivar e ajudar a inserção de alunas e professoras das redes públicas de ensino nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática, majoritariamente dominadas por homens.

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Para a cerimônia de abertura, diversas entidades do meio científico estarão presentes no auditório do CETENE, no Recife, para prestigiar o programa. A abertura acontece às 9h e contará com uma transmissão ao vivo de forma online através do canal oficial das Futuras Cientistas no YouTube.

Tendo 28 dias de imersão, a programação desta primeira fase nacional está prevista para encerrar no dia 31 de janeiro. Esta fase trará vivências científicas e experiências em laboratório, além de passar palestras e discussões sobre tecnologia, ciência e o papel político das mulheres nas transformações sociais.

Durante todo o período da primeira fase nacional, as mulheres selecionadas poderão contar com um auxílio por parte da organização no valor de R$ 483,00 para ajudar nas pesquisas e também terão direito a um kit com materiais importantes para realização de experimentos.

Para a nova edição, o Programa Futuras Cientistas de 2023 terá, ao todo, 470 participantes, em que 10% delas são pessoas com deficiência (PcDs). As professoras ocupam 150 vagas entre as oferecidas e as outras 320 são alunas do 2º ano do ensino médio da rede pública. Foram 160 vagas para estudantes matriculadas em escolas regulares e mais 160 para alunas do ensino técnico, do integral ou semi-integral.

A imersão científica é apenas uma das diversas fases que seguem durante o ano de atuação do Futuras Cientistas de 2023. Ainda terá mais três etapas que acontecerão durante este ano. São eles: banca de estudos para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), mentoria e estágios supervisionados.

A atual vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos (PCdoB), foi anunciada, nesta quinta-feira (22), como ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação do futuro governo Lula. Presidente nacional do PCdoB, ela fez parte do Conselho Político da Transição e será a primeira mulher a assumir o cargo.

“É uma honra! Um trabalho que assumo com muito compromisso e com muita disposição. Depois de quatro anos de negacionismo a Ciência vai voltar a ser prioridade nesse país”, comentou a pernambucana após o anúncio.

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Formada em Engenharia Elétrica, a ex-prefeita de Olinda e ex-deputada federal foi secretária estadual de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, na gestão do governador Eduardo Campos, que também foi ministro de Lula na pasta.

Luciana integrou ainda a comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) da Câmara dos Deputados e foi titular nas comissões especiais do Marco Civil da Internet; do Código Nacional de Ciência e Tecnologia; de Atividades de Ciência, Tecnologia e Inovação e de Proteção à Saúde e ao Meio Ambiente. Também atuou na construção do Marco Legal da CT&I. Ela também fez parte do Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica da Casa.

A cápsula espacial Órion sobrevoou a Lua a menos de 130 quilômetros de sua superfície, uma manobra que marca o início da viagem de retorno à Terra desta primeira missão do programa Artemis 1 da Nasa, agência espacial americana. Ao realizar o sobrevoo, feito na segunda, muito perto da superfície, a nave espacial aproveitou a atração gravitacional da Lua para ganhar impulso em sua trajetória de retorno.

A comunicação com a cápsula foi interrompida durante 30 minutos, quando passou por trás da face oculta da Lua. O impulso essencial do motor principal do Módulo de Serviço Europeu, que propulsiona a cápsula, durou pouco mais de três minutos. "Não poderíamos estar mais satisfeitos com o rendimento da nave", disse Debbie Korth, vice-diretora do Programa Órion.

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Enquanto imagens espetaculares apareciam nos monitores assim que a comunicação foi restaurada, Korth afirmou: "Todos na sala tiveram de parar e fazer uma pausa, e realmente olhar (...) Uau, estamos nos despedindo da Lua".

Esta era a última grande manobra da missão, que começou com a decolagem do novo megafoguete Artemis da Nasa em 16 de novembro, para uma viagem que deve durar 25 dias e meio no total. A Órion vai passar por correções de rumo até pousar no Oceano Pacífico, diante da cidade americana de San Diego, na Califórnia, no domingo, às 17h40 horário local (14h40 em Brasília).

Durante a missão, Órion passou cerca de seis dias em uma órbita remota no entorno da Lua. Há uma semana, esta nova nave espacial quebrou o recorde de distância para uma cápsula habitável, aventurando-se a pouco mais de 432 mil km de nosso planeta, mais longe que as missões Apollo.

A cápsula não leva passageiros. O objetivo principal é testar a resistência do escudo térmico da Órion durante a entrada na atmosfera terrestre a uma velocidade de 40 mil km/h. Ele terá que suportar uma temperatura de 2.800 graus, cerca de metade da que ocorre na superfície do Sol.

FUTURO

Com Artemis, os americanos pretendem estabelecer presença duradoura na Lua e se preparar para uma viagem a Marte.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Hoje (24) é comemorado o Dia Mundial da Ciência. Alguns cientistas, além de terem sido geniais, também possuíam histórias de vida cheias de dedicação e superação. Não é à toa que várias dessas trajetórias já foram contadas através de filmes e alguns até receberam indicações ao Oscar.A equipe do LeiaJá relembra cinco atores que interpretaram nas telonas os cientistas famosos. 

O Jogo da Imitação (2014) - Benedict Cumberbatch deu vida ao matemático Alan Turing (1912-1954). Em 1939, a recém-criada agência de inteligência britânica MI6 recruta Alan Turing, um aluno da Universidade de Cambridge, para entender códigos nazistas, incluindo o “Enigma”, que os criptógrafos acreditavam ser inquebrável. A equipe de Turing analisa as mensagens de “Enigma”, enquanto ele constrói uma máquina para decifrá-las. Após desvendar as codificações, Turing se torna um herói. Porém, em 1952, autoridades revelam sua homossexualidade e a vida dele vira um pesadelo. Disponível na Netflix, Amazon Prime Video, HBO Max, YouTube, Apple TV e Google Play.  

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 Teoria de Tudo (2014) - Eddie Redmayne deu vida ao cientista Stephen Hawking (1942-2018). O ator precisou treinar para poder reproduzir alguns movimentos corporais do físico teórico, que sofria de esclerose. Ele também ficou incrivelmente parecido com o cientista quando mais novo. O filme expõe como o astrofísico fez descobertas relevantes para o mundo da ciência, inclusive relacionadas com o tempo. Também retrata seu romance com Jane Wilde, uma estudante de Cambridge que viria a se tornar sua esposa. Aos 21 anos de idade, Hawking descobriu que sofria de uma doença motora degenerativa, mas isso não o impediu de se tornar um dos maiores cientistas da atualidade. Disponível na Amazon Prime Video, Globoplay, Star +, YouTube, Apple TV e Google Play.  

Marie Curie (2016) - Karolina Gruszka interpretou a física e química Marie Curie (1867-1934). Traduzido do inglês - Marie Curie: The Courage of Knowledge, é um filme de drama coproduzido internacionalmente, dirigido por Marie Noelle. Foi exibido na seção Contemporary World Cinema no Festival Internacional de Cinema de Toronto de 2016. Fez sua estreia nos Estados Unidos no Festival de Cinema Judaico de Nova Iorque em 2017. Retrata sobre o reconhecimento, conquista e trajetória dela na ciência. Disponível no YouTube.  

Uma Mente Brilhante (2001) - Russel Crowe interpretou o matemático John Forbes Nash (1928-2015) no longa drama-biográfico. Ele é reconhecido como gênio da matemática aos 21 anos de idade. Cedo, casa-se com uma bela mulher, mas logo começa a dar sinais de esquizofrenia e conta como aprendeu a conviver com essa condição, usando as adversidades a seu favor. Após anos de luta contra a doença, ele acaba ganhando o prêmio Nobel. Disponível na Amazon Prime Video, YouTube, Apple TV e Google Play.  

Estrelas Além do Tempo (2016) - Taraji P. Henson foi Katherine Johnson (1918-2020) no filme. Sua caracterização ficou muito semelhante. No auge da corrida espacial travada entre os Estados Unidos e Rússia durante a Guerra Fria, uma equipe de cientistas da NASA, formada exclusivamente por mulheres afro-americanas, provou ser o elemento crucial que faltava na equação para a vitória dos Estados Unidos, liderando uma das maiores operações tecnológicas registradas na história americana e se tornando verdadeiras heroínas da nação. Disponível no Disney +. 

 

 

Desde que o homem pisou na Lua, em 1969, a grande questão espacial passou a ser se o homem poderia viver fora da Terra. Agora, pouco mais de 50 anos depois, isso pode se tornar realidade. Em entrevista à BBC, Howard Hu, alto funcionário da Nasa e líder do programa aeroespacial Orion, disse que a Missão Artemis prevê que astronautas passem a viver por longos períodos na Lua a partir dos próximos anos.

Segundo Hu, o lançamento do foguete Artemis I, na última quarta-feira (16), foi um "dia histórico para o voo espacial humano" porque representou um avanço em relação à criação de hábitats lunares - que a princípio servirão de base de apoio a missões científicas.

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O foguete transportou a espaçonave Orion, que atualmente está a cerca de 134 mil quilômetros da Lua, junto a um "manequim" capaz de registrar os impactos da viagem no corpo humano. Se o voo for bem-sucedido e os registros mostrarem que a viagem é segura para o ser humano, o plano é ter humanos vivendo na Lua "nesta década".

Na semana passada, o Estadão entrevistou uma cientista brasileira envolvida no projeto. "Quando você tem humanos a bordo é muito perigoso estar no espaço por muito tempo, então, um foguete possante (como o Artemis I) pode reduzir o tempo necessário para chegar, digamos, a Marte ou a qualquer outro lugar. Estou esperando, agora, principalmente, a Artemis III, que vai levar humanos de volta à Lua", disse Rosaly Lopes.

O objetivo é que no terceiro foguete da Missão Artemis os astronautas pousem na Lua - o que não acontece desde a Apollo 17, em dezembro de 1972. À BBC, Hu disse que esse "é o primeiro passo que estamos dando para a exploração do espaço profundo a longo prazo, não apenas para os Estados Unidos, mas para o mundo".

Missão Artemis

O foguete Artemis I, de 100 metros de altura, decolou do Centro Espacial Kennedy, no Cabo Canaveral da Ilha Merritt, nos Estados Unidos. Foi a terceira tentativa de lançamento e primeira a ser bem-sucedida - a Nasa tentou a decolagem em agosto e setembro, mas teve que abortar a missão ainda na contagem regressiva por conta de problemas técnicos.

Segundo Hu, a missão atual está indo bem, com todos os sistemas funcionando. Por isso, nesta segunda-feira, 21, a equipe deve fazer um segundo disparo dos motores da Orion, conhecidos como queima.

Um dos objetivos desse retorno do homem à Lua é descobrir se há água no polo sul do satélite. Se sim, será possível produzir combustível para naves que irão mais fundo no espaço, como as que vão até Marte.

"Vamos enviar pessoas para a superfície (da Lua) e elas vão viver nessa superfície e fazer ciência. As missões Artemis nos permitem ter uma plataforma sustentável e um sistema de transporte que nos permite aprender a operar nesse ambiente de espaço profundo", disse Hu à BBC. "Será realmente muito importante para nós aprendermos um pouco além da órbita da nossa Terra e depois dar um grande passo quando formos a Marte."

Desafio no retorno

Um dos maiores desafios da missão Artemis I e motivo de preocupação dos cientistas é quanto ao retorno da cápsula Orion à Terra, o que deve acontecer em 11 de dezembro. A nave entrará novamente na atmosfera do planeta a 38.000 km/h - o que equivale a 32 vezes a velocidade do som. Além disso, o escudo em sua parte inferior será submetido a temperaturas próximas a 3.000°C, o que pode trazer risco à segurança do equipamento espacial.

Na capital dos Estados Unidos, pesquisadores divulgaram os primeiros resultados do desenvolvimento de uma vacina contra o câncer de mama, que se mostrou segura para humanos. A pesquisa é liderada pela Dra. Mary Nora L. Disis, do Instituto de Vacinas contra o Câncer da Universidade de Washington. A vacina experimental mostrou que ela gera uma forte resposta imune ao ERBB2 - anteriormente chamado HER2 - um tumor chave proteína. O estudo foi publicado na revista JAMA Oncology 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 2,3 milhões de mulheres foram diagnosticadas com câncer de mama em 2020 e havia mais de 7,8 milhões de mulheres vivas que foram diagnosticadas com câncer de mama nos 5 anos anteriores. Ser mulher é o maior fator de risco para câncer de mama, mas cerca de 1% dos cânceres de mama ocorrem em homens.  

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“O câncer de mama não é uma doença única, o que dificulta o tratamento. Existem muitos tipos de câncer de mama e tratamentos que funcionam bem para algumas pessoas, mas podem não funcionar tão bem para outras. É por isso que precisamos realizar mais pesquisas sobre a doença, desenvolver tratamentos mais gentis e inteligentes”, explicou a Dra. Kotryna Temcinaite, gerente sênior de comunicação de pesquisa. 

O processo 

O estudo concluído foi um ensaio clínico de fonte confiável, de fase 1 de braço único e que acompanhou 66 pessoas, com idades entre 34 e 77 anos. Elas tinham câncer de mama positivo para ERBB2 em estágio avançado. Os pesquisadores analisaram os dados duas vezes – de janeiro de 2012 a março de 2013 e de julho de 2021 a agosto de 2022. 

Os participantes foram vacinados com doses de 10 ug, 100 ug ou 500 ug da vacina de DNA plasmidial todos os meses, durante três meses. Os estudiosos mediram a imunidade do sangue e a toxicidade da vacina em pontos de tempo definidos e avaliaram a persistência do DNA da vacina por meio de amostras de biópsia retiradas do local da vacina em 16 e 36 semanas. 

A pesquisa observou os efeitos colaterais mais comuns associados à injeção, 33% registraram sintomas semelhantes aos da gripe e 36% fadiga. Os participantes que receberam as doses mais altas de vacina de 100 µg e 500 µg demonstraram uma resposta imune mais forte do que aqueles que receberam a dose de 10 µg, mas não houve diferença significativa entre as respostas imunes às doses de 100 µg e 500 µg. 

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