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Até esta quinta-feira (17), aproximadamente sete mil soldados russos foram mortos e 14 mil ficaram feridos no confronto na Ucrânia, calculam os órgãos de segurança dos Estados Unidos. Um prédio de 16 andares foi destruído em Kiev na noite dessa quarta (16), deixou um morto, três feridos e obrigou 30 moradores a deixarem o local.

O conflito no leste europeu chegou ao seu 22º dia com a informação de que 10 alvos russos foram abatidos nas últimas 24h. O comandante das Forças Armadas da Ucrânia, Valeriy Zaluzhny, confirmou que um avião russo Su-25 e um caça-35 foram derrubados enquanto sobrevoavam a capital.

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"No céu sobre a região de Kiev, um caça SU-25 foi destruído e um caça SU-35 inimigo foi abatido. Dez alvos aéreos da Rússia foram destruídos em um dia", publicou Zaluzhny.

 

A gigante de mídia social TikTok anunciou neste domingo (6) que estava suspendendo a publicação de todo o conteúdo de vídeo da Rússia para manter seus funcionários em segurança e cumprir as novas leis sobre "notícias falsas" naquele país.

"À luz da nova lei de 'notícias falsas' da Rússia, não temos escolha a não ser suspender a transmissão ao vivo e novos conteúdos de nosso serviço de vídeo enquanto analisamos as implicações de segurança desta lei", explicou a empresa em comunicado, esclarecendo, porém, que seu serviço de mensagens não será afetado.

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"Continuaremos avaliando as mudanças nas circunstâncias na Rússia para determinar quando poderemos retomar totalmente nossos serviços com a segurança como nossa principal prioridade", acrescentou a plataforma, que tem mais de um bilhão de usuários no mundo.

De acordo com um estudo da Insider Intelligence publicado esta semana, no final de 2021 o TikTok tinha cerca de 24,7 milhões de contas na Rússia.

O presidente russo, Vladimir Putin, sancionou na sexta-feira uma lei que prevê penas de prisão de até 15 anos para quem publicar "notícias falsas" sobre os militares russos, no momento em que Moscou ordenou uma invasão na Ucrânia.

A lei foi duramente criticada, mas Putin a defendeu alegando que o país enfrenta "uma guerra de informação" que exige medidas defensivas.

No Twitter, o TikTok se descreveu como "uma saída para a criatividade e o entretenimento que pode fornecer alívio e conexão humana durante um período de guerra, quando as pessoas enfrentam imensa tragédia e isolamento".

Em uma declaração mais longa em seu site, a plataforma disse que a guerra "devastadora" na Ucrânia, além de causar sofrimento generalizado em todo o país, "trouxe dor para nossa comunidade".

"E como plataforma, esta guerra nos desafiou a enfrentar um ambiente complexo e em rápida mudança, à medida que buscamos ser uma tela, uma janela e uma ponte para as pessoas ao redor do mundo".

O TikTok acrescentou que reconhece "o aumento do risco e do impacto de informações enganosas em tempos de crise" e está trabalhando para melhorar suas medidas de segurança.

Vladimir Putin disse neste domingo a Emmanuel Macron que alcançará "seus objetivos" na Ucrânia "pela negociação ou pela guerra", durante uma conversa telefônica entre o presidente russo e seu colega francês, informou o governo de Paris.

O líder russo afirmou ainda que "não é sua intenção" atacar centrais nucleares ucranianas, segundo uma fonte da presidência francesa.

Durante a conversa de uma hora e 45 minutos, Macron viu Putin "muito decidido a conseguir seus objetivos", entre eles "o que o presidente russo chama de 'desnazificação' e neutralização da Ucrânia".

A conversa por telefone entre os dois, a pedido de Macron, foi a quarta desde o início da ofensiva russa na Ucrânia em 24 de fevereiro.

No diálogo anterior, a presidência francesa afirmou que Macron considerou que "o pior está por vir" e que Putin buscava assumir o controle "de todo o país".

Putin também pediu o reconhecimento da soberania russa sobre a Crimeia (que Moscou anexou em 2014) e da independência dos territórios de língua russa do Donbass (leste da Ucrânia).

As exigências "são inaceitáveis para os ucranianos", explicou a presidência francesa.

Macron pediu a Putin que seu exército não coloque civis em perigo, de acordo com o direito internacional, algo que, segundo o governante russo, não está acontecendo.

O presidente francês respondeu que é "o exército russo que está atacando" e que "não tem motivos para acreditar que o exército ucraniano está colocando civis em perigo".

Putin acusou Kiev pelo fracasso da operação de retirada de civis da cidade portuária de Mariupol (sul), cercada pelas tropas russas, segundo o Kremlin.

Durante a conversa, Putin "chamou a atenção para o fato de que a Ucrânia continua a não respeitar os acordos a respeito do grave problema humanitário", afirma o comunicado do Kremlin, após duas tentativas frustradas de retirada em Mariupol, com as duas partes acusando o outro lado de violar o cessar-fogo.

Macron expressou preocupação com os ataques a instalações nucleares ucranianas depois que, em 4 de março, as forças russas cercaram a maior usina nuclear da Europa, em Zaporizhzhia.

"O presidente Putin disse que não era sua intenção atacar as centrais. Ele também disse que está disposto a respeitar as regras da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) sobre a proteção das usinas", afirmou a presidência francesa.

A Ucrânia acusou a Rússia de "terrorismo nuclear" e as potências ocidentais expressaram sua indignação depois que a maior usina nuclear da Europa foi atacada durante a ocupação da região por tropas russas, que seguiram bombardeando as principais cidades ucranianas.

O Conselho de Segurança da ONU convocou uma reunião de emergência após os combates e o incêndio na usina nuclear de Zaporizhzhia, que foi controlado sem que tenham sido registradas alterações nos níveis de radioatividade.

O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou estar disposto a negociar, nove dias depois de ordenar a invasão da Ucrânia, com a condição de que todas as exigências russas sejam aceitas.

"Sobrevivemos a uma noite que pode acabar com a história. A história da Ucrânia. A história da Europa", disse Zelensky, em referência ao ataque contra a usina nuclear.

Dos seis blocos da usina de Zaporizhzhia, o primeiro foi retirado de operação, os número 2, 3, 5 e 6 estão em processo de resfriamento e o 4 permanece operacional.

Uma explosão em Zaporizhzhia teria sido o equivalente a "seis Chernobyl", afirmou Zelensky, em referência ao desastre nuclear de 1986, também na Ucrânia, mas quando o país era parte da União Soviética.

O ataque russo representou "uma imensa ameaça para toda a Europa e o mundo", afirmou a embaixadora americana no Conselho de Segurança da ONU, Linda Thomas-Greenfield.

O presidente francês, Emmanuel Macron, está "extremamente preocupado com os riscos" que "a invasão russa" pode acarretar para a segurança das usinas nucleares ucranianas e proporá "medidas concretas" para enfrentá-las, disse o Eliseu.

O porta-voz do Ministério da Defesa russo, Igor Konashenkov, acusou "grupos sabotadores ucranianos, com a participação de mercenários", de terem causado o incêndio na usina.

- Novas negociações -

No nono dia da ofensiva, a perspectiva de cessar-fogo parece distante. Em uma segunda rodada de negociações, os dois países concordaram apenas com a criação de corredores humanitários.

A Ucrânia está contando com uma terceira rodada de negociações com a Rússia neste fim de semana, disse um dos enviados ucranianos, Mikhailo Podoliak.

Mas o diálogo só é possível se "todas as demandas russas" forem aceitas, alertou Putin durante uma conversa por telefone com o chanceler alemão, Olaf Scholz.

As exigências incluem o status neutro e não nuclear da Ucrânia, sua "desnazificação", o reconhecimento da Crimeia como parte da Rússia e a "soberania" dos territórios controlados por separatistas pró-Rússia no leste do país.

Putin também negou que as forças russas estejam bombardeando cidades ucranianas, apesar das imagens de destruição nos últimos dias em Kiev, Kharkiv (leste), Mariupol (sudeste) e outras cidades.

Zelensky criticou a Otan por se recursar a estabelecer uma zona de exclusão aérea na Ucrânia.

"Achamos que se fizermos isso, vamos acabar tendo algo que pode se tornar uma guerra total na Europa, engolindo muitos outros países e causando muito mais sofrimento humano", explicou Jens Stoltenberg, secretário-geral da Otan.

Os países ocidentais entregaram armas à Ucrânia, mas concentraram sua resposta em uma série de sanções para isolar a Rússia diplomaticamente, economicamente, culturalmente e nos esportes.

O G7 das grandes potências e a Comissão Europeia ameaçaram nesta sexta-feira impor novas "sanções severas" a Moscou.

- Mordaça à imprensa -

As autoridades russas intensificaram nesta sexta-feira a repressão contra as vozes dissidentes ao conflito.

Putin promulgou uma lei que prevê duras penas de prisão, de até 15 anos, e multas para pessoas que publicam "informações falsas" sobre o exército.

Além disso, o regulador russo da Internet, Roskomnadzor, ordenou o bloqueio do Facebook e "restringiu" o acesso ao Twitter no país.

Também limitaram o acesso aos portais da edição russa da BBC britânica e da rádio e televisão internacional alemã Deutsche Welle.

- Frentes de guerra -

Aparentemente em ritmo de desaceleração em Kiev e em Kharkiv, a segunda maior cidade ucraniana (noroeste do país), a invasão russa avança no sul.

Nesta sexta-feira, tiros foram ouvidos em Bucha, a noroeste de Kiev, onde era possível ver blindados russos destruídos.

A leste, a fumaça podia ser vista subindo de armazéns bombardeados, segundo fotógrafos da AFP. A cerca de 350 km a leste da capital, a situação também virou um "inferno" em Okhtyrka, e é "crítica" em Sumy, segundo autoridades locais.

No porto estratégico de Mariúpol (sudeste), a situação humanitária é "terrível" após 40 horas de bombardeios ininterruptos, incluindo escolas e hospitais, disse o vice-prefeito, Sergei Orlov, à BBC.

Na quinta-feira, os russos consolidaram a conquista de Kherson (290.000 habitantes, sul), sua primeira grande vitória até o momento, e intensificaram o bombardeio de outros centros urbanos.

Mais de 1,2 milhão de refugiados fugiram da Ucrânia para países vizinhos desde o início da invasão e milhões de outros ficaram deslocados internamente, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.

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O órgão regulador da comunicações na Rússia, o Roskomnadzor, "restringiu" nesta sexta-feira (4) o acesso ao Twitter, após ter bloqueado o uso do Facebook no país, informaram as agencias russas de notícias.

Segundo a Interfax e a RIA Novosti, o regulador acatou um pedido do Ministério Público de 24 de fevereiro, dia em que a Rússia iniciou a invasão da Ucrânia.

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O Roskomnadzor não emitiu até agora nenhum comunicado para explicar as razões da medida.

Os correspondentes da AFP na Rússia afirmaram durante a noite que o aplicativo do Twitter tinha parado de atualizar.

Em relação ao Facebook, o Roskomnadzor indicou que havia ordenado o seu bloqueio porque a rede social, de propriedade do grupo americano Meta, "discrimina" os meios de comunicação russos.

A Rússia abriu caminho nesta sexta-feira (4) para aprovar um texto com duras penas de prisão e multas para quem publicar "informações falsas" sobre o Exército, em mais uma medida de repressão interna em meio à invasão da Ucrânia.

Os deputados da câmara baixa do Parlamento russo (a Duma) aprovaram por unanimidade uma emenda que prevê penas de até 15 anos de prisão se forem divulgadas informações que busquem "desacreditar" as Forças Armadas.

Outra emenda contempla punições para quem pede "sanções contra a Rússia", justamente quando o país enfrenta grandes penalidades de países ocidentais pelo ataque à Ucrânia.

Esses textos se aplicam tanto à mídia quanto aos indivíduos. Se forem aprovadas pela câmara alta, reforçarão o arsenal das autoridades em sua guerra de informação, paralela à ofensiva na Ucrânia.

O presidente do comitê de política da informação da Duma, Alexander Khinshtein, citado pela agência de notícias Interfax, disse que a "lei se aplica a todos os cidadãos, não apenas aos da Rússia".

Para controlar ainda mais as informações que a população russa recebe sobre o conflito, as autoridades aumentaram a pressão sobre os poucos meios de comunicação independentes que continuaram trabalhando no país apesar do clima hostil.

Nesta sexta, o regulador russo Roskomnadzor anunciou ter limitado o acesso aos sites da edição em russo da BBC britânica e da emissora internacional alemã Deutsche Welle, bem como ao portal independente Meduza e à rádio Svoboda, antena russa da RFE/RL (Rádio Free Europe/Radio Liberty), um meio financiado pelo Congresso dos EUA.

Também foi difícil acessar, em alguns momentos, a rede social Facebook, cuja sede fica nos Estados Unidos.

Na quinta-feira, a emblemática estação de rádio Ekho Moskvy (Ecos de Moscou) anunciou sua dissolução devido ao assédio sofrido por sua cobertura da invasão da Ucrânia. A rede de televisão de oposição Dojd também anunciou a suspensão de suas atividades, depois de ter sido bloqueada pela Roskomnadzor por sua cobertura da invasão.

O site de notícias Znak anunciou que estava parando seu trabalho "por causa do grande número de restrições que surgiram recentemente sobre a operação da mídia na Rússia".

The Village, agenda cultural de referência em Moscou, decidiu fechar seu escritório na capital russa e transferi-la para Varsóvia (Polônia).

- Operação policial contra Memorial -

Essas restrições e fechamentos ocorrem em um ano particularmente difícil na Rússia para a mídia independente, a oposição política e a sociedade civil.

Inúmeras publicações e jornalistas foram rotulados de "agentes estrangeiros", categoria que os obriga a realizar procedimentos administrativos pesados, com o risco de serem processados judicialmente pela menor falta.

O principal opositor do Kremlin, Alexei Navalny, foi preso em seu retorno à Rússia, tendo sobrevivido a uma tentativa de envenenamento. Seu movimento foi desmantelado.

A Justiça russa decidiu em dezembro fechar a Memorial, uma ONG que era um pilar da defesa dos direitos humanos e guardiã da memória das milhões de vítimas dos crimes na União Soviética.

O veredicto foi confirmado após um recurso na segunda-feira. A ONG anunciou nesta sexta-feira que uma operação policial estava em andamento em seus escritórios em Moscou, levantando temores de seu fechamento efetivo.

Outra organização não governamental, a "Assistência Cívica", que ajuda os migrantes, também foi alvo de batidas policiais.

No momento, as razões para ambas as investigações são desconhecidas.

- Detenção de manifestantes -

De acordo com um observatório de direitos humanos na Rússia, OVD-Info, mais de 8.000 pessoas foram presas no país (a maioria em Moscou e São Petersburgo) desde 24 de fevereiro por terem se manifestado contra a invasão da Ucrânia.

Embora a repressão afete sobretudo os russos, também há quem aponte para organizações estrangeiras.

O presidente da Duma, Vyacheslav Volodin, culpou nesta sexta-feira as redes sociais com sede nos Estados Unidos de serem "usadas como armas" para espalhar "ódio e mentiras". Algo que "devemos nos opor", explicou.

Valeri Fadeev, presidente do Conselho de Direitos Humanos do Kremlin, acusou a mídia estrangeira de espalhar notícias falsas sobre o conflito na Ucrânia.

"Lançamos um projeto (...) para combater a enorme quantidade de notícias falsas vindas da Ucrânia e de países ocidentais", disse ele.

Após conseguir retirar o elenco brasileiro do Shakhtar Donetsk da Ucrânia, o diretor esportivo Darijo Srna elogiou a atuação do presidente da Uefa, Aleksander Caferín, na operação de fuga. Ele ainda revelou que a embaixada brasileira não propôs um esquema para resgatar os atletas.

Confinado no bunker de um hotel em Kiev junto aos 12 brasileiros horas após a invasão russa, Srna decidiu pedir ajuda ao presidente da Uefa quando percebeu que os esforços do Brasil para retirar os jogadores iriam demorar.

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"Liguei para o senhor Ceferín e chorei por telefone. Não podia ver os jogadores e suas famílias indefesas e chorando. O que ele fez por nós foi sua maior vitória. É um grande homem e o maior embaixador do futebol. Os brasileiros e os italianos já estão em casa", agradeceu em entrevista ao Delo.

O ídolo do Shakhtar e atual gestor do clube disse que os acontecimentos o fizeram lembrar da última guerra que tomou a região leste do continente. "Quando escutei a primeira sirene, voltei automaticamente 25 ou 30 anos, para a guerra dos Bálcãs. Éramos umas 50 pessoas no hotel: todos os brasileiros com suas famílias, a comissão técnica de [Roberto] De Zerbi e três croatas. Exceto as embaixadas de Israel e Portugal, ninguém propôs nada de concreto. Os jogadores estavam desesperados e não sabiam o que fazer", relatou.

Após dois dias de discursos de mais de cem de países no Fórum da Assembleia Geral das Nações Unidas para defender a paz e a segurança, nesta quarta-feira (2) se vota um projeto de resolução de condenação sobre a invasão russa da Ucrânia.

Boa parte da comunidade internacional acusa a Rússia de Vladimir Putin de violar o artigo 2 da Carta das Nações Unidas, que pede aos seus membros para não recorrer a ameaças ou à força para solucionar conflitos.

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O texto, promovido pelos países europeus e Ucrânia, e apoiado por cerca de cem países de todas as regiões do mundo, sofreu inúmeras alterações nos últimos dias para chegar a um acordo mínimo aceitável para os mais relutantes.

O projeto de resolução deixou de "condenar", como estava inicialmente previsto, para "deplorar nos mais fortes termos a agressão da Rússia contra a Ucrânia".

Praticamente todos os oradores de segunda e terça-feira condenaram a guerra, a insegurança e o risco de escalada do conflito armado em um mundo que começava a se recuperar dos estragos devastadores da pandemia de covid-19, como demonstra a escalada de preços das matérias-primas, principalmente do gás e petróleo, ou a queda das bolsas de valores.

Sem mencionar a iminente crise humanitária que já levou mais de 800.000 ucranianos a deixar o país em busca de um lugar seguro e causou dezenas de mortes de civis, segundo a ONU.

A Rússia sustenta que sua invasão é "legítima defesa". "Não foi a Rússia que iniciou esta guerra. Essas operações militares foram iniciadas pela Ucrânia contra os habitantes de Donbas (a região separatista no leste do país) e contra todos aqueles que não concordavam com ela", defendeu como um mantra o embaixador russo Vassily Nebenzia, no fórum internacional em Nova York.

"Não há nada a ganhar" com uma nova Guerra Fria, alertou o embaixador da China na ONU, Zhang Jun, depois de lembrar que a "mentalidade" desta época "baseada no confronto de blocos deve ser abandonada". Aliada da Rússia, a China se absteve de votar uma resolução semelhante no Conselho de Segurança na sexta-feira passada.

Outros países como Cuba, Venezuela, Nicarágua, Síria e Coreia do Norte denunciaram no fórum da ONU os "duplos padrões" dos Estados Unidos e dos europeus, que não hesitaram em invadir países como Iraque, Afeganistão, Líbia ou Síria.

Aos olhos dos aliados latino-americanos, esse conflito foi causado pela expansão da OTAN para os antigos países satélites da extinta União Soviética, cuja área de influência Putin quer restaurar.

A vice-presidente e chanceler da Colômbia, Marta Lucía Ramírez, além de pedir à Rússia "responsabilidade" pelas consequências econômicas, humanitárias e jurídicas de sua ação, lembrou que o mundo "não quer e não aceitará" um retorno aos impérios.

- "Somos todos ucranianos!" -

Um dos últimos a falar nesta quarta-feira são os Estados Unidos que, como os europeus, adotaram uma enxurrada de sanções destinadas a isolar a Rússia e sufocar sua economia para que não possa financiar a guerra.

O presidente americano Joe Biden disse na terça-feira em seu discurso anual sobre o Estado da União que Putin subestimou a resposta dos países ocidentais com sua decisão de invadir a Ucrânia.

"Ele rejeitou as tentativas de diplomacia. Ele pensou que o Ocidente e a OTAN não responderiam. E ele pensou que poderia nos dividir internamente. Putin estava errado. Estávamos prontos", disse Biden.

Mas como disse o representante jamaicano, "somos todos ucranianos!"

Os 193 países-membros da ONU poderão votar nesta resolução, que não é vinculante, ao contrário do que acontece no Conselho de Segurança - o órgão máximo da comunidade internacional para a manutenção da paz e da segurança.

Para ser aprovada, precisa de dois terços dos votos positivos e negativos, mas o resultado será, sem dúvida, um indicador do estado de humor dos países diante de uma crise com consequências imprevisíveis para um planeta em busca de soluções para outros problemas urgentes, como a recuperação da pandemia de covid e as mudanças climáticas.

Na manhã desta quarta-feira (2), o presidente Jair Bolsonaro (PL) interrompeu as férias para defender o agronegócio baseado na mineração em terras indígenas. Ele indicou que o conflito no leste europeu deve comprometer a economia por dificultar a compra de potássio da Rússia.

“Com a guerra Rússia/Ucrânia, hoje corremos o risco da falta do potássio ou aumento do seu preço. Nossa segurança alimentar e agronegócio (Economia) exigem de nós, Executivo e Legislativo, medidas que nos permitam a não dependência externa de algo que temos em abundância”, justificou para promover o Projeto de Lei 191/20, que permite a exploração de recursos naturais em território indígena.

Discurso no plenário em 2016

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Bolsonaro ainda publicou um pronunciamento de 2016, quando era deputado pelo PP, no qual comentou sobre seu interesse de restringir as políticas de preservação ambiental para ampliar o mercado nacional de potássio.

“Grande parte da agricultura precisa do potássio e somos totalmente dependentes da Rússia", destacou. 

"Temos uma mina de potássio enorme na região do Rio Madeira, que não é explorada por vários motivos: licença ambiental, um presidente com pulso resolveria o problema, questão de reserva indígena. E essas reservadas de potássio foram acertadas via Petrobras, Deus lá sabe como, que está nas mãos de uma empresa canadense”, criticou.

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A gigante americana Apple anunciou nesta terça-feira (1º) que suspendeu a venda de todos os seus produtos na Rússia, seguindo assim várias empresas que buscam se distanciar de Moscou.

A fabricante dos iPhones e Macs explicou em uma mensagem enviada à AFP que interrompeu as exportações para a Rússia na semana passada e também limitou o acesso a alguns serviços, como sua solução de pagamento Apple Pay.

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Além disso, os aplicativos dos canais de comunicação estatais russos RT e Sputnik não estão mais disponíveis para download fora da Rússia.

"Estamos profundamente preocupados com a invasão russa da Ucrânia e estamos com todos aqueles que estão sofrendo como resultado da violência", afirmou a empresa em seu comunicado.

O governo da Ucrânia, que exortou seus cidadãos a combater as forças russas, pediu ajuda a todos as instâncias, incluindo o CEO da Apple, Tim Cook.

"Apelo a você que pare de fornecer produtos e serviços da Apple à Federação Russa, inclusive bloqueando o acesso à Apple Store!", escreveu o ministro ucraniano de Assuntos Digitais, Mykhailo Fedorov, em uma mensagem postada no Twitter na sexta-feira.

A Apple também observou que desativou o tráfego e os "eventos ao vivo" no Apple Maps na Ucrânia como medida de segurança para os ucranianos.

"Continuaremos a avaliar a situação e estamos em comunicação com os governos pertinentes sobre as ações que estamos tomando. Nos unimos a todos aqueles ao redor do mundo que clamam pela paz", destacou a empresa.

Parte dos jogadores brasileiros que estavam presos na Ucrânia conseguiram deixaram o país e chegaram ao Brasil na manhã desta terça-feira (1º). O meia Pedrinho, o lateral Dodô, o volante Maycon, o atacante Fernando - que faz aniversário hoje - e o preparador Luciano Rosa desembarcaram no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Já o zagueiro Marlon, pousou no Rio de Janeiro. 

Após três dias isolados ao lado dos familiares no hotel do Shakhtar Donetsk, o grupo recebeu apoio da Uefa e da Federação Ucraniana de Futebol para deixar o país. Nesse domingo (28), eles pegaram um trem para a cidade de Chernivtsi e seguiram de ônibus para Moldávia, onde se dividiram para a Romênia e pegaram voos para o Brasil.

--->Jogadores brasileiros fazem apelo para deixar Ucrânia

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O meia Pedrinho chegou ao futebol ucraniano em junho do ano passado após passagem pelo Benfica. Ele relatou sobre as incertezas do conflito e o risco na volta ao Brasil. 

"Ficamos três dias pensando no que fazer, se pegávamos o trem, carro. Era complicado, tinham muitas crianças e o que nos motivava era protegê-las. Pegamos um trem no último dia. Teve um alerta que as coisas iam piorar muito e que se não saíssemos em cinco minutos não íamos mais conseguir sair. Pegamos um trem, a Uefa nos ajudou com ônibus, para seguirmos em segurança”, após chegar em São Paulo, o atleta pegou outro voo para a casa dos pais em Maceió.

A guerra foi uma surpresa

Há quatro anos na Ucrânia, o volante Maycon disse que a invasão russa parecia iminente, mas ainda assim o surpreendeu. "Numa palavra não daria para definir esses últimos dias. Foi uma mistura de sentimentos, de terror, de medo. Depois uma sensação de alívio, de gratificação por poder sair e com todos bem", comentou.

“Pegou um pouco a gente de surpresa. Sabíamos do risco, mas Tínhamos diversas informações e não acreditávamos que seria daquela forma. Maior tristeza foi porque tinha esposa, filho, pai e mãe comigo e não queria que eles passassem por isso. Mas graças a Deus saímos todos juntos", continuou. 

O preparador físico Luciano Rosa se emocionou ao relembrar da imagem de uma criança que foi morta após fugir com eles no mesmo trem. "O que mais me marcou foi uma imagem. A gente tem que confirmar. Mas viemos no trem todo cheio, com muita gente, e viemos com uma criancinha que estava com a avó, bem falante, uma criança ucraniana que brincava com a gente o tempo todo. E depois recebemos uma foto... Para mim foi marcante. Ela descreve o que está acontecendo com a população da Ucrânia", resumiu.

Aniversário no Brasil

No dia em que completa 23 anos, Fernando foi presenteado com a volta segura para comemorar o aniversário com a família. "Fico feliz de ter chegado em casa e numa data especial, hoje é meu aniversário, não tenho nem palavras de poder passar esse dia com minha família. Eu achava (que estaria longe deles), como estávamos lá. Meus aniversários sempre passo longe da minha família, e hoje... não tenho nem palavras. Tenho um voo para Belo Horizonte agora e vou lá ver minha família", apontou o atacante.

Retorno ao futebol ucraniano

Com contrato com o Shakhtar por mais três anos, Dodô confessou que “ficou com muito medo porque era uma situação que a gente não esperava. Mas agora é gratidão". Perguntados sobre a possibilidade de retornar ao clube, os brasileiros devem aguardar o desfecho do conflito ou negociar a liberação com o clube.

“Agora não é momento de falar sobre isso. Só quero curtir minha família. E torcer para Ucrânia porque é um país que amo. O resto deixo com meus empresários, pois acabo de sair de uma guerra e não é hora de pensar em futebol”, disse Dodô.

Pedrinho também indicou que ainda não é o momento de avaliar o futuro da carreira. "É muito cedo falar de voltar, tudo aconteceu agora, o que mais quero é estar com a minha família, com meus pais. Todas as vezes que eu falava com eles, eu sempre me despedia, pois não sabia se seria a última vez. Então quero chegar em casa, ficar com a minha filha. Foram cenas lamentáveis e desejo que ninguém passe por isso", disse.

Maycon lamentou ter que deixar o país por conta dos ataques e espera que o conflito se resolva para decidir sobre o futuro. "Ainda não parei para pensar nisso. Eu só pensava em ir embora dali. A Ucrânia está sofrendo muito e fico realmente muito triste por isso. Temos grandes amigos por lá, sentimos muito por eles e torço para que tudo se resolva", complementou.

Nesta terça-feira (1º), embaixadores e diplomatas das delegações do Ocidente abandonaram duas reuniões da ONU, na Suíça, enquanto o chanceler russo Sergey Lavrov se pronunciava. O Brasil adotou uma postura neutra e permaneceu na sala.

As mobilizações durante as Conferências de Direitos Humanos, e mais cedo, a do Desarmamento, evidenciaram o isolamento da Rússia e intensificaram as críticas aos "atos de agressão" contra a Ucrânia. 

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Com ocupação de 180 pessoas, a sala de reuniões foi esvaziada por 140 representantes dos países, estimou a delegação alemã.

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O Brasil e países como Venezuela, Iêmen, Argélia, Síria e Tunísia não aderiram ao boicote e acompanharam o discurso de Lavrov.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, já haviam indicado que o país adotaria uma postura neutra e equilibrada em relação ao conflito.  

O chancelar russo classificou os Estados Unidos e seus aliados como 'egoístas' e repudiou as sanções aplicada contra a Rússia. Inclusive, sua participação foi virtual, já que as aeronaves do país estão impedidas de sobrevoar o espaço aéreo da União Europeia.

O Twitter colocará advertências em tweets com links para veículos de imprensa ligados ao Estado russo, anunciou a plataforma nesta segunda-feira (28), já que a mídia vinculada ao Kremlin é acusada de espalhar desinformação sobre a invasão da Ucrânia por Moscou.

Os gigantes das redes sociais estão sob pressão para remover informações enganosas ou falsas sobre o ataque, que atraiu uma feroz condenação internacional.

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Os veículos afiliados ao Kremlin, RT e Sputnik, enfrentaram acusações de usar falsas narrativas em um esforço para justificar a guerra.

Yoel Roth, chefe de integridade do Twitter, disse que a plataforma registrou mais de 45 mil tweets por dia compartilhando links de meios com conexões com o Estado russo.

Além de adicionar avisos que identificam a origem dos links, Roth indicou que a empresa também está “dando passos significativos para reduzir a circulação desse tipo de conteúdo no Twitter”.

O anúncio ocorre um dia após a empresa-mãe do Facebook, Meta, dizer que grupos pró-Rússia estavam orquestrando campanhas de desinformação nas redes, usando perfis falsos e hackeando contas para disseminar uma imagem da Ucrânia como um frágil peão da ambiguidade do Ocidente.

A equipe de cibersegurança da gigante da tecnologia, que também é proprietária do Instagram, informou que bloqueou uma série de contas falsas ligadas à Rússia que faziam parte de um plano para minar a Ucrânia.

O Twitter e o Facebook foram atingidos por restrições de acesso na Rússia desde a invasão e atualmente estão “em grande parte inutilizáveis”, relatou o grupo de monitoramento da web NetBlocks.

As redes sociais se tornaram uma das frentes na invasão russa da Ucrânia, não só como palco de desinformação, mas também de acompanhamento em tempo real do rápido desenvolvimento deste conflito, que marca a maior crise geopolítica na Europa em décadas.

Os países do G7 anunciaram neste domingo (27) que estão prontos para adotar novas sanções contra a Rússia, após as medidas "devastadoras" comunicadas na quinta-feira, se Moscou não encerrar sua ofensiva contra a Ucrânia.

Durante uma reunião por videoconferência das potências ocidentais do G7 (Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Estados Unidos), os chefes da diplomacia exigiram que a Rússia ponha "fim imediatamente aos ataques contra a Ucrânia, sua população civil e suas infraestruturas civis, e retire rapidamente suas tropas", segundo um comunicado divulgado pela presidência rotativa do G7, que está com a Alemanha.

Os sete países alertaram Moscou que não reconhecerão nenhuma "mudança de status" na Ucrânia pela força, como seria o caso, por exemplo, de anexações territoriais.

Em declaração posterior, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, disse que o grupo "nunca esteve tão alinhado em todo o mundo para defender e preservar a liberdade e soberania da Ucrânia e todos os seus Estados".

A Rússia anexou a península da Crimeia em 2014 e acaba de reconhecer a independência das duas autoproclamadas repúblicas de Donbass (leste da Ucrânia), controladas por forças separatistas pró-russas.

Os países ocidentais já endureceram suas sanções financeiras no sábado, ao excluir vários bancos russos da plataforma global de pagamentos interbancários Swift, o que poderia complicar as transações russas.

Também tomaram medidas para impedir que o banco central russo possa respaldar o rublo, a moeda russa, limitando seu acesso aos mercados internacionais de capitais.

O Japão anunciou neste domingo que também removeria certos bancos russos da plataforma Swift, ofereceu milhões de dólares em ajuda humanitária e irá congelar bens de Putin e outras autoridades russas. Segundo Blinken, as medidas japonesas mostram a "união e determinação" do G7 a "impor custos maciços à Rússia e conter sua capacidade de travar uma guerra" contra a Ucrânia.

O ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, participou desta reunião com seus colegas do G7, de acordo com o comunicado. Os Estados do G7 também concordaram em fornecer ajuda humanitária à Ucrânia.

Uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU discutirá nesta segunda-feira a situação humanitária naquele país.

O avanço das forças da Rússia na Ucrânia se deparou nesta sexta-feira (25) com uma forte resistência na capital, Kiev, onde o presidente Volodymyr Zelensky desafiou os apelos do líder russo, Vladimir Putin, para que fosse derrubado pelo próprios ucranianos.

Putin convocou o Exército ucraniano a tomar o poder no segundo dia de invasão, que já provocou a fuga de mais de 50.000 ucranianos do país, assim como 100.000 deslocados internos - segundo a ONU - e mais de 100 mortos, de acordo com Kiev.

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Em pronunciamento na TV, o presidente russo classificou o governo de Zelensky como "um bando de viciados em drogas e neonazistas", e afirmou, dirigindo-se aos militares ucranianos: "Tomem o poder com suas mãos. Acredito que será más fácil negociarmos vocês e eu."

Zelensky respondeu com a divulgação de um vídeo gravado em frente ao palácio presidencial. "Estamos todos aqui, nossos militares estão aqui, os cidadãos, a sociedade, estamos todos aqui, defendendo a nossa independência, o nosso Estado", proclamou, ao lado de seus principais colaboradores. Zelensky elogiou o "heroísmo" da população diante do avanço da Rússia rumo à capital.

O secretário-geral da Otan, o norueguês Jens Stoltenberg, também elogiou a mobilização das forças ucranianas, "que lutam com coragem e mantêm sua capacidade de causar perdas às forças invasoras russas".

Nesse sentido, um funcionário do alto escalão do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, que preferiu manter o anonimato, afirmou que a ofensiva russa estava perdendo força, sobretudo em Kiev, devido à resistência dos ucranianos.

O Ministério de Defesa da Ucrânia, por sua vez, afirmou que suas tropas eliminaram 2.800 soldados russos, sem apresentar provas. Moscou não divulgou informações sobre baixas em suas fileiras até o momento.

Zelensky contou que conversou com o presidente americano, Joe Biden, sobre o "reforço das sanções, de uma assistência de defesa concreta e de uma coalizão antiaérea", além de manifestar seu "agradecimento" pelo "forte" apoio americano.

A Otan anunciou que ativará seus planos de defesa, "para impedir excessos contra territórios da aliança", segundo Stoltenberg. Trata-se da Força de Resposta, um corpo formado por 40.000 militares, cuja ponta de lança, a Força Conjunta de Alta Prontidão (VJTF, sigla em inglês), conta com 8.000 membros.

- Corpos nas ruas -

Ao amanhecer desta sexta-feira, era possível ouvir disparos e explosões no bairro residencial de Oblon, norte de Kiev, provocados pelo que parecia um regimento avançado das forças russas.

Jornalistas da AFP viram um corpo na calçada e ambulâncias socorrendo uma pessoa que teve o carro "atropelado" por um veículo blindado.

Durante o dia, as sirenes e explosões não deixaram de soar em Kiev, cidade que, após a fuga de muitos moradores, apresenta um aspecto fantasmagórico. Veículos blindados e soldados patrulhavam os cruzamentos em torno do distrito onde ficam os edifícios do governo.

As forças ucranianas informaram nesta sexta-feira que combatiam unidades russas em Dymer e Ivankiv, localidades situadas 40 e 80 quilômetros ao norte de Kiev, respectivamente. Os russos estariam avançando também pelo nordeste e leste, segundo a mesma fonte.

O Ministério da Defesa ucraniano convocou a população a resistir. "Pedimos aos cidadãos que nos informem sobre a movimentação de tropas, que fabriquem coquetéis Molotov e neutralizem o inimigo", disse.

Putin, por outro lado, está disposto a enviar uma delegação a Minsk, capital de Belarus, país aliado da Rússia, para negociar com a Ucrânia, indicou seu porta-voz, Dmitry Peskov. Contudo, o porta-voz do Departamento de Estado americano, Ned Price, criticou a proposta, qualificando-a de "diplomacia sob a mira de uma pistola, quando as bombas, os disparos de morteiro e a artilharia de Moscou estão apontadas contra os civis" ucranianos.

- Sanções em todos os âmbitos -

A Rússia exige que a Ucrânia abandone sua ambição de aderir à Otan e pede que a aliança militar liderada pelos EUA reduza a sua presença no Leste Europeu.

Após a ofensiva, a União Europeia (UE) desbloqueou um pacote de sanções "maciças" nos setores de energia e financeiro. O próprio Putin e seu chanceler, Sergei Lavrov, foram incluídos hoje na lista de personalidades sancionadas, com ativos congelados, por União Europeia, Reino Unido e Canadá, enquanto os Estados Unidos anunciaram que tomariam medidas semelhantes.

Zelensky pediu ao Ocidente que expulsasse a Rússia do sistema de transferências bancárias Swift, mas alguns países da União Europeia, como Alemanha e Hungria, manifestaram suas dúvidas, pelo temor de que essa medida pudesse provocar problemas na entrega de gás russo. Em resposta, a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, afirmou que as sanções contra Putin e Lavrov mostram "a impotência" dos ocidentais.

Outra retaliação veio da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que rejeitou o processo de adesão da Rússia e fechou seu escritório em Moscou.

A resposta à invasão também chegou ao esporte e ao mundo da cultura. A Uefa retirou São Petersburgo como sede da final da Liga dos Campeões, que será disputada agora em Paris. Além disso, a organização da Fórmula-1 cancelou a realização do Grande Prêmio da Rússia, que fazia parte do calendário de 2022 da categoria.

O Eurovision, popular concurso musical disputado por representantes de diferentes países do continente, anunciou que fecharia suas portas a concorrentes do país invasor.

O Papa Francisco, por sua vez, reuniu-se com o embaixador russo no Vaticano para manifestar "sua preocupação". Em um tuíte, publicado em vários idiomas, entre eles o russo, afirmou que "toda guerra é uma rendição vergonhosa".

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O tópico líder entre as mídias mundiais durante esta semana foi, sem dúvida, a ofensiva da Rússia contra a Ucrânia, autorizada pelo presidente Vladimir Putin na madrugada dessa quinta-feira (24). O conflito histórico já era esperado de despontar desta forma, apesar da comunidade internacional ter vocalizado estar contra a invasão russa em território ucraniano há bastante tempo. 

Muitos são os aspectos que inflaram a tensão Rússia versus Ucrânia, tendo como episódios mais recentes a ocupação da Crimeia — território antes ucraniano e anexado pela Rússia em 2014 — e o reconhecimento feito pela Rússia de duas regiões separatistas na Ucrânia, as províncias de Luhansk e Donetsk, que logo após a invasão da Crimeia, se autoproclamaram repúblicas populares pró-Rússia e contra a “ocidentalização” da Ucrânia. Putin, que é acusado de financiar as regiões separatistas há oito anos, reconheceu publicamente a independência dessas províncias nesta semana, o que difere do posicionamento internacional. 

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No entanto, não é possível apontar um motivo mais forte; o conflito entre Rússia e Ucrânia “pode ser comparado a um jogo de xadrez pela complexidade de elementos que estão envolvidos e pelas várias dimensões que ele traz consigo”, é o que explica o doutor Relações Internacionais e professor da Universidade da Amazônia, Mário Tito, entrevistado pelo LeiaJá.  

“Na verdade, nós podemos falar de um conflito que é bélico, do ponto de vista da segurança. Ele é um conflito que tem a ver com a disputa de hegemonia na Ásia. Envolve fatores econômicos e também fatores culturais identitários”, continua o internacionalista. 

Na Rússia, explica o professor, existe uma forte oposição ao ocidentalismo e um culto ao pensamento oriental da nação. Por esta razão, a Rússia defende a “Mãe Rússia”, que se constitui do envolvimento desses países eslavos, que não compartilham do “pensar ocidental”. Por isso, a entrada da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) poderia ser vista como uma “traição”. 

“Não se pode falar exatamente em uma Terceira Guerra Mundial, mas em uma mudança radical nas relações de poder no mundo, a partir desta manifestação de poder da Rússia. Os países ocidentais têm receio de que a Rússia avance mais para a Europa, alcançando, por exemplo, Hungria e Polônia, o que o Putin já negou. Mas o interesse da Rússia não é se tornar uma hegemonia mundial como os Estados Unidos é, ou como a China quer ser. O interesse dela é manter sua influência naquela região”, esclarece. 

Território 

Até esta sexta-feira (25), segundo dia de invasão russa, a Ucrânia havia sido invadida em pelo menos dez regiões através de todo o país, sem que ao menos uma região estratégica esteja livre de tropas russas. A invasão ocorre de fora para dentro e chegou, também nesta sexta-feira, à capital ucraniana, Kiev. 

As tropas de Putin estão presentes em Kiev, Lviv, Lutsk, Chernobyl, Kharkiv, Odessa (fronteira com a Moldávia), Mariupol (vizinha à Crimeia e região portuária do Mar Negro), além de Dnipro e Kherson, próximas da região separatista pró-Rússia. 

Nos seus limites, a Ucrânia tem saída para o Mar Negro e uma fronteira de mais de dois quilômetros com a Rússia. Há também fronteiras com a Bielorrúsia, aliada de Putin e onde há tropas russas e reservas. Os demais países que fazem fronteira com a Ucrânia são todos membros da Otan: Polônia, onde há tropas estadunidenses; Eslováquia, Hungria e Romênia. 

“O conflito é histórico, já existia nos antepassados. Para se ter uma ideia, Kiev é mais antiga que Moscou. Ou seja, temos uma situação onde dois povos cresceram e nem sempre se deram bem. Na história, se percebeu que a doutrina russa, da mãe Rússia, sempre foi de anexar os seus territórios para tornar-se grande. Isso ficou claro durante o aparecimento da União Soviética, que foi anexando os países do seu entorno, em especial Geórgia, Lituânia, Letônia e a própria Ucrânia. De certa forma, a Ucrânia tinha autonomia da União Soviética, mas ainda estava sob seu poder”, comenta o professor Tito. 

O especialista explica ainda que 2014 foi um ponto histórico chave em todo esse conjunto de eventos. Isso porque a Rússia, que tinha a Ucrânia já independente depois do final da Guerra Fria em 1991, percebeu que poderia perder um território estratégico da Ucrânia e que serve muito a Rússia: a Crimeia. Então, em 2014, a Rússia invade a Crimeia, sob a alegação de que a Crimeia possuía uma maioria populacional de russos e que este grupo seria protegido. 

“Na verdade, a Crimeia se tornou estratégica porque tem uma saída para o Mar Negro, isso para a marinha russa é muito importante. O conflito atual se dá nesse contexto, em especial porque a Ucrânia tem a intenção de fazer parte da Otan e a Rússia não quer que a Ucrânia faça parte da Otan, porque assim, ela perderia um território que é neutro e que faz com que a Otan não chegue na sua fronteira. Se a Ucrânia passar a integrar a Otan, as armas e todo o aparato de segurança e defesa ficará na fronteira da Rússia e isso não é interessante para o governo de Vladimir Putin”, completa o professor. 

Economia 

O eixo econômico funciona quase como um neutralizador das principais nações europeias e ao redor do mundo, se tratando de um posicionamento diante do conflito. Como a Rússia é uma fonte de energia para mais de metade da Europa, além de exportar e importar muitas commodities, as sanções que podem ser a ela aplicadas pela sua invasão na Ucrânia poderão ser devolvidas com a mesma intensidade ou uma ainda maior. 

  Isso impede grandes nações como a China, aliada à Rússia, ou os Estados Unidos, Alemanha e França, da Otan, de tomarem decisões mais radicais de contenção às tropas russas; ao menos por enquanto.  

“Justamente porque a Rússia provê muitos recursos para a Europa, ela tem uma posição privilegiada para manter os países da Europa sem atacá-la. Porém a Otan vem fazendo gestões junto aos países membros para engrossar as fileiras de um confronto com a Rússia. Deve-se entender também que os Estados Unidos, que lideram a Otan, têm interesses econômicos na União Europeia, em especial também no fornecimento de alimentos e combustível. Por isso, o enfraquecimento da Rússia como fornecedora de combustível, alimentação, e gás em especial, favoreceria a abertura de mercado para os Estados Unidos”, elucida o professor universitário que, por outro lado, não acredita que o eixo econômico seja central no conflito. 

O LeiaJá entrevistou também o doutor em Ciência Política Antônio Henrique Lucena, que é professor do curso de Relações Internacionais da Faculdade Damas, no Recife. O especialista buscou elucidar questões no sentido prático do contexto atual, ou seja, o que motivou a tomada de decisões com alusão ofensiva, e o que isso poderá desencadear para os demais países, incluindo o Brasil. Confira: 

Quatro perguntas para contextualizar o sentido prático do conflito 

LeiaJá: O que explica o estopim do conflito atual? 

Especialista: A gente pode colocar que a dimensão estratégica desse conflito é o estopim dele. A Rússia, na década de 90 pós União Soviética, estava fragilizada e houve a expansão da Otan, entre outros eventos. O presidente Vladimir Putin desenhou uma linha vermelha, o que já vem de um bom tempo, de que não há interesse russo para que os países ex-integrantes da antiga União Soviética passem a aderir à Otan. Alguns já aderiram, como os Países Bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia), mas a Ucrânia é importante demais para a Rússia. 

Quem tentou aderir a esse movimento foi a Geórgia, no ano de 2008, e mais ou menos o que aconteceu com a Ucrânia de ontem para hoje, se repetiu com a Geórgia: houve um ataque russo, declaração de repúblicas populares reconhecendo a soberania russa, e a destruição de boa parte da estrutura do exército georgiano daquela época. Ou seja, esse processo de não dar ao presidente Putin uma vitória estratégica. 

LeiaJá: Qual o peso do quesito econômico no desenrolar da invasão? 

Especialista: O eixo econômico é o mais importante do conflito? Nem tanto. O Nord Stream 2 foi suspenso, por hora, e isso vai representar um baque nas contas da Rússia, que tinha investido muito na construção desse gasoduto, e a própria Rússia sabia que sanções econômicas viriam, então eles se prepararam para isso. Esse é um movimento relevante, para ser considerado e observado, mas não é o mais importante. O que dá para apontar é essa preocupação de evitar tomar um lado e outro, o que o caso do Brasil, para evitar retaliações; tanto da Rússia, como dos Estados Unidos. 

A Rússia, de fato, provê alimentação e recursos, como o petróleo, e haverá, sim, a limitação do envio desses recursos, o que já era previsto. Acredito que isso vai acelerar o processo da Rússia perder mercados, ela conseguiu um mercado importante com a China, na importação do seu gás - o que é extremamente vantajoso para os chineses -, mas obviamente a Europa está fazendo uma transição energética para uma economia mais verde, que provavelmente será acelerado, para evitar essa dependência da Rússia. 

LeiaJá: A Otan é inimiga da Rússia? 

Especialista: A Otan hoje é uma instituição de gerenciamento de segurança, antes um bloco militar, surgido em 1948 com o intuito de antagonizar a União Soviética; tanto que a URSS posteriormente criou o Pacto de Varsóvia para rivalizar com a Otan, evitar um ataque europeu e coordenar melhor essas ações. Com o fim da União Soviética, a Otan permaneceu e se alargou; houve uma promessa verbalizada de que não haveria a expansão da Otan, o que fez a Rússia se sentir “traída” de certa forma. Para alguns países que antes formavam a URSS, foi interessante entrar para a Otan, porque eles passam a receber material bélico, apoio e segurança. Há uma cláusula da Otan que versa sobre isso, na questão dos ataques: se há ataque a um membro, o bloco todo precisa reagir. 

Só nos resta esperar como os países irão reagir. Eles irão aguardar o desenrolar do conflito, pois ainda não é possível identificar as variáveis, e se isso será uma ocupação da Ucrânia ou um enfraquecimento das suas forças militares, uma demonstração de poder. 

LeiaJá: O brasileiro poderá sentir no bolso as implicações da invasão russa? 

Especialista: Deve ocorrer sim um aumento no combustível nos países ocidentais, principalmente no caso do Brasil, que terá impacto direto na inflação. O barril do petróleo já superou os US$ 100. A grande preocupação é exatamente qual posição o Brasil vai tomar, porque o país depende em certa medida da exportação de commodities, e também importa fertilizantes. Geralmente o Brasil, por tradição, não se envolve em grandes conflitos internacionais e se mantém neutro. Só que a política brasileira costuma condenar esses atos, mas o Brasil vai condenar a Rússia e tomar uma postura mais dura? Teremos que observar. 

 

O conflito entre Rússia e Ucrânia vem chamando a atenção do mundo inteiro, especialmente nos últimos dias. Para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é muito importante a compreensão e análise de disputas e conflitos ideológicos e territoriais em escala global.

O professor de geografia Filipe Melo acredita que na prova do Enem deste ano não vai cair conteúdo sobre a atual invasão da Rússia à Ucrânia, mas que podem ser cobrados os acontecimentos desde a Guerra Fria até os dias atuais.

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“A aproximação da Ucrânia com a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) faz com que a Rússia queira mostrar o seu poder como uma potência militar, bélica e econômica e, dessa forma, pode trazer reflexões da Guerra Fria, que teoricamente acabou, mas sempre está sendo ativada por conflitos”, disse Filipe.

Após o final da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos (EUA) e União Soviética (URSS) saíram vitoriosos, entretanto, após a derrota dos inimigos, iniciou-se uma disputa de poder entre as grandes potências vencedoras. A história da Rússia e Estados Unidos começa a se intensificar no ano de 1947, quando o presidente americano Henry Truman faz um discurso no Congresso americano, afirmando que os Estados Unidos poderiam intervir em governos não democráticos.

A Guerra Fria não gerou conflito bélico, mas as consequências da guerra de poderes entre essas duas potencias resultou em conflitos armados ao redor do mundo, como a Guerra do Vietnã.

Ucrânia e Rússia

O estopim do conflito foi em 2013, quando o antigo presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, se negou a assinar um tratado de aproximação com a União Europeia, se unindo a Rússia. O governo ucraniano afirmou que se negou a assinar o acordo mediante ameaça dos russos em cortar o fornecimento de gás da região e tomar medidas protecionistas contra os produtos ucranianos caso Yanukovich não assinasse o acordo com o país.

Essa escolha gerou revolta e protestos pelo país. Em consequência, o presidente foi deposto de seu cargo e novas eleições foram feitas. Com a saída de Yanukovich, o presidente do parlamento ucraniano, Oleksander Turchynov assumiu o governo e deu início a uma campanha contra a Rússia e a favor da União Europeia. Os pró-russos não apoiaram essa decisão, gerando mais protestos e acusação de golpe.

Crimeia

Após um ano, em março de 2014, o governo russo invadiu e anexou o território da Crimeia, que era uma república autônoma da Ucrânia, gerando conflitos político-militares até os dias de hoje. A comunidade internacional e países europeus foram contra a ocupação. Por meio da Organização das Nações Unidas (ONU), a Ucrânia e a comunidade internacional não reconheceram a agregação do território à Rússia.

Para os russos, o interesse na Crimeia também se refere à posição geográfica, que se torna uma ligação estratégica com o Mar Mediterrâneo, o Mar Negro e os Bálcãs. A Crimeia sempre tem fortes vínculos com os russos e isso se dá pelo fato de que mais da metade da população vem de origem ou descendência russa, gerando uma aliança entre eles.

As razões pelas quais a Rússia invadiu e anexou a Crimeia partem de questões históricas, políticas, econômicas e culturais. Além de a região ter grande importância geoestratégica. A criação de um plebiscito (não reconhecido internacionalmente) é usada como argumento pela Rússia para a anexação da península.

Economia

A Rússia obtém muito gás natural, cerca de 19% das reservas globais estão no seu poder, sendo responsável por 40% do gás consumido na Europa. Caso o governo decida diminuir o fornecimento, a consequência será o aumento significativo do petróleo e do gás, especialmente em países europeus, como Bulgária e Eslováquia, que dependem 100% do fornecimento de gás dos russos.

O Brasil também sofreria consequências dessa atitude. Segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, o país negociou um total de US$ 2,7 bilhões (R$ 14,3 bilhões) em produtos russos em 2020. Desse total, US$ 53,6 milhões (R$ 285,6 milhões) foram gastos na importação de óleos combustíveis.

Os líderes dos países da União Europeia (UE) chegaram a um acordo nesta quinta-feira (24) para impor sanções "maciças e severas" contra a Rússia, em resposta à ofensiva militar na Ucrânia, de acordo com uma declaração adotada durante a cúpula de emergência realizada em Bruxelas.

"As sanções cobrirão os setores financeiro, de energia e de transportes da Rússia", diz a declaração emitida após a cúpula, e deverão ser adotadas "sem demora".

As medidas, cujos detalhes ainda não foram divulgados, também envolverão o controle das exportações, a emissão de vistos e a inclusão de funcionários russos na lista de sancionados.

A UE já tinha adotado medidas restritivas esta semana contra funcionários e entidades russas pelo reconhecimento da independência de dois territórios separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia.

Na declaração, a UE pede "que a Rússia cesse imediatamente suas ações militares, retire incondicionalmente todas as suas forças e equipamentos militares de todo o território da Ucrânia e respeite a integridade territorial, soberania e independência" deste país.

A Rússia, apontam os líderes europeus no texto, é "plenamente responsável por este ato de agressão e toda a destruição e perdas de vidas humanas que causará. Será responsabilizada por suas ações".

- 'Sanções dolorosas' -

O alto representante da UE para a política externa, Josep Borrell, havia advertido durante esta quinta que o enorme pacote de sanções em estudo - o maior lançado pelo bloque - colocaria a Rússia em risco de um "isolamento sem precedentes".

Por sua vez, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que, com as sanções, "debilitaremos a base econômica da Rússia e sua capacidade de modernização".

"Ademais, congelaremos os ativos russos na UE e impediremos o acesso dos bancos russos ao mercado financeiro europeu", adiantou.

"Precisamos de sanções dolorosas", disse o primeiro-ministro da Bélgica, Alexander De Croo, ao chegar à sede da reunião, utilizando uma expressão que, com numerosas variantes, foi repetida por várias fontes.

Contudo, os países da UE optaram por não excluir agora o sistema financeiro russo do sistema interbancário SWIFT, como havia pedido o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky.

- Uma carta na manga -

Um diplomata europeu revelou à AFP que "vários países" se opuseram a adotar agora essa medida, já que preferiam manter essa carta na manga.

Ao chegar ao local da cúpula, o chanceler alemão, Olaf Scholz, disse que "é muito importante que decidamos sobre as medidas que foram preparadas nas últimas semanas e que guardemos todo o resto para uma situação em que seria necessário fazer outras coisas".

Contudo, o primeiro-ministro de Luxemburgo, Xavier Bettel, afirmou que a eventual exclusão da Rússia do sistema SWIFT deveria ser coordenada de forma estreita com outros países ocidentais, em particular os Estados Unidos e o Reino Unido.

De acordo com o site da associação nacional russa Rosswift, a Rússia é o segundo país - superado apenas pelos Estados Unidos - em número de usuários, com cerca de 300 bancos e instituições membros do sistema.

Mais da metade das organizações creditícias russas estão representadas no SWIFT, segundo a Rosswift.

Hoje, o ministro de Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, escreveu no Twitter que os que se opõem à exclusão russa do sistema SWIFT terão em suas mãos "o sangue de homens, mulheres e crianças ucranianas inocentes".

A declaração adotada nesta quinta também expressa a "firme condenação" da UE à "participação de Belarus na agressão contra a Ucrânia".

Nesse sentido, o documento formula uma "convocação para a preparação urgente e a adoção de um pacote de sanções econômicas e individuais que também inclua Belarus".

Em nota oficial, a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) cobrou nesta quinta-feira (24) um posicionamento do Brasil pelo fim das hostilidades na Ucrânia. A nota classifica o conflito como “fato de extrema gravidade” que atenta contra a soberania de um país soberano. 

O texto, assinado pela senadora Kátia Abreu (PP-TO), presidente do colegiado, avalia que as ações militares da Rússia violam “princípios fundamentais da Carta da ONU e do direito internacional” e põem em risco a vida de cidadãos inocentes. Segundo a parlamentar, o Brasil, especialmente pela sua representação no Conselho de Segurança das Nações Unidas, deve buscar a cessação dos ataques e a resolução pacífica do conflito.  Leia a nota na íntegra. 

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NOTA OFICIAL 

Crise Ucrânia - Russia  A Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional do Senado Federal considera as ações militares russas na Ucrânia fato de extrema gravidade, que viola princípios fundamentais da Carta da ONU e do direito internacional, por atentar contra a soberania e a integridade territorial de um país soberano e colocar em risco a vida de cidadãos inocentes. Em consonância com as diretrizes constitucionais que regem nossas relações internacionais, o Brasil deve, em especial em sua atuação no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, propugnar pela cessação imediata da violência e pela resolução pacífica do conflito, com respeito à autodeterminação e à integridade territorial dos Estados. 

Senadora Kátia Abreu

Presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional

*Da Agência Senado

Menino foi alvejado quando se escondia debaixo de uma cama, ao lado da mãe. (Cortesia/CPT)

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Na noite da última quinta-feira (10), uma criança de apenas nove anos foi assassinada no Engenho Roncadorzinho, no município de Barreiros, Mata Sul de Pernambuco. O menino era filho de Geovane da Silva Santos, uma das principais lideranças da comunidade, composta por agricultores familiares que vivem em situação de conflito fundiário com empresas que exploram a área. Geovane também foi atingido de raspão.

De acordo com relatos da comunidade, por volta das 21h40, sete homens encapuzados invadiram a casa da família derrubando a porta da cozinha. Primeiro, eles atingiram o ombro esquerdo de Geovane, que começou a gritar pelo socorro dos vizinhos. Em seguida, os encapuzados localizaram o pequeno Jonatas de Oliveira dos Santos escondido embaixo da cama dos pais, ao lado de sua mãe, atirando na criança.

Para os moradores o Engenho Roncadorzinho, a brutal morte do pequeno Jonatas era uma tragédia anunciada. No ano passado, a casa da família já havia sido alvo de diversas tentativas de roubo, sempre durante a madrugada.

O Engenho foi propriedade da Usina Central Barreiros, atualmente uma Massa Falida sob administração do Poder Judiciário, que o arrendou. A comunidade existe há 40 anos, desde que faliram as usinas nas quais os agricultores trabalhavam ou eram credores.

No local, vivem 400 trabalhadores rurais posseiros, dentre os quais estão cerca de 150 crianças. Nos últimos anos, a escalada da violência contra a comunidade envolve ameaças e violências que, segundo os agricultores, são promovidas por empresas que exploram economicamente a área. De acordo com a Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Pernambuco (Fetape), que acompanha a comunidade, há denúncias de intimidações, destruição de lavouras e contaminação de cacimbas e fontes de água com aplicação intencional de agrotóxicos.

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) também oferece apoio aos trabalhadores e vem expondo os abusos contra a comunidade de Roncadorzinho. Segundo a instituição, o Estado de Pernambuco não vem tomando qualquer medida efetiva no sentido de solucionar o conflito existente no local.

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