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A desigualdade entre ricos e pobres nos países da OCDE alcançou seu maior nível em 30 anos, um agravamento que prejudica o crescimento econômico, afirmou a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico em um relatório publicado nesta terça-feira.

Nestes países, "a renda de 10% da população mais rica é 9,5 vezes maior que a da 10% mais pobre", afirma a organização.

A OCDE conta com 34 países membros, em sua maioria desenvolvidos, como Estados Unidos, países da União Europeia, Austrália e Japão, mas também emergentes como México, Chile e Turquia. Brasil, China e Índia não fazem parte.

O informe atual reflete um aumento da desigualdade entre ricos e pobres. Nos anos 1980, os mais ricos ganhavam, no máximo, sete vezes mais.

Em 30 anos, a renda média das famílias mais ricas progrediu. Ao mesmo tempo, a renda de 10% das famílias de baixa renda também aumentou em vários países, "no entanto, mais lentamente nos anos de crescimento econômico", antes de "retroceder no período de crise", diz o relatório.

O maior aumento das desigualdades foi observado nos Estados Unidos, Finlândia, Israel, Nova Zelândia, Suécia e, em menor medida, na Alemanha.

França, Bélgica e Holanda conheceram durante esse período uma leve variação da desigualdade. As exceções foram Grécia e Turquia, que viram diminuir a diferença entre ricos e pobres.

O agravamento das desigualdades afeta o crescimento, segundo a OCDE.

"O aumento das desigualdades custou mais de 10 pontos de crescimento ao México e à Nova Zelândia, cerca de 9 ao Reino Unido, Finlândia e Noruega e de 6 a 7 pontos aos Estados Unidos, Itália e Suécia", estima a organização.

Em contrapartida, uma "situação mais igualitária antes da crise" supôs um aumento do PIB por habitante na Espanha, França e Irlanda.

Segundo a OCDE, o impacto negativo das disparidades no crescimento é uma lacuna que separa 40% das casas com rendimentos mais baixos do resto da população.

Um investimento insuficiente destas famílias em educação, que limita a possibilidade de instrução de seus filhos, assim como a mobilidade social e o desenvolvimento de habilidades, reforça essa diferença, acrescenta.

Para a OCDE, "os resultados escolares das pessoas, cujos pais têm um nível baixo de instrução, deterioram-se à medida que as desigualdades das receitas são mais pronunciadas".

A organização destacou que a luta "contra as desigualdades mediante os impostos e as transferências não prejudica o crescimento". Os poderes públicos devem orientar estas políticas de ajuda para estas 40% de famílias mais desfavorecidas, entre as que se encontram a classe média baixa.

Além dos programas de luta contra a pobreza, a OCDE preconiza o reforço do acesso aos serviços públicos (educação, formação e atendimento de qualidade), que "deve traduzir-se, a longo prazo, em uma maior igualdade de oportunidades".

O Brasil está menos desigual. Resultados do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) em 16 regiões metropolitanas mostram que indicadores de saúde, educação e renda durante 2000 e 2010 melhoraram em todas as áreas analisadas. Nesta nova edição, todas as regiões receberam pontuação suficiente para serem classificadas como de "alto desenvolvimento humano". A maior velocidade no avanço foi registrada em regiões Norte e Nordeste.

São Paulo é a região metropolitana com (IDHM) mais alto do País. Em um índice que vai de 0 (mínimo) a 1 (máximo), a região paulista alcançou a nota 0,794, seguido de perto pelo Distrito Federal, com 0,792, e por Curitiba, com 0,783. Manaus, o pior colocado, registrou nota 0,720.

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Apesar de se encontrar na última colocação, a Região Metropolitana de Manaus foi a que apresentou no período maior crescimento: 0,135 ponto, ou 23% sobre o índice anterior. A Região Metropolitana de São Luís também apresentou crescimento significativo: 0,113 ponto.

"A desigualdade continua existindo, a boa notícia é que ela está em queda", afirmou o ministro Marcelo Neri, da Secretaria de Assuntos Estratégicos. O avanço na classificação das regiões é atribuído principalmente à educação.

"Indicadores mostram que estamos avançando. Democracia, universalização e combate à pobreza dão resultado e isso se reflete no Atlas. É o principal resultado que se pode trazer", disse o pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Marco Aurélio Costa.

Feito pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), pelo Ipea e pela Fundação João Pinheiro, o levantamento comparou indicadores de regiões metropolitanas que, reunidas, concentram 50% do Produto Interno Bruto (PIB) e 36,5% da população.

Embora todas as regiões avaliadas tenham sido classificadas como de "alto desenvolvimento humano" (maior ou igual a 0,7 até o limite de 0,8), os números ainda refletem alto grau de desigualdade.

Diferenças dentro de uma mesma região

Habitantes de uma mesma região metropolitana podem apresentar expectativa de vida com diferença de até 14 anos. São Paulo segue o padrão. Na área com melhor pontuação (como a que compreende o Jóquei Clube e o Estádio do Morumbi), habitantes vivem em média 82,4. Nas regiões com pior desempenho, a vida média é de 69 anos.

Neri cita como exemplo de desigualdade taxas de analfabetismo registradas no Lago Sul, área nobre do Distrito Federal e o bairro Paranoá. "A distância entre as duas áreas é pequena, basta cruzar o lago. Mas os índices de analfabetismo na região mais rica é 10 vezes menor", disse.

No Recife, a diferença entre Espinheiro, a região com maior IDHM, e Ipojuca, o pior colocado, é de 0,432 ponto. É a maior desigualdade entre todas as áreas metropolitanas pesquisadas. Já Cuiabá tem a menor diferença dentro da sua zona metropolitana, 0,325 ponto.

As diferenças são constatadas em todas as dimensões avaliadas. Em Curitiba, por exemplo, moradores da região do Centro e Rebouças apresentam 0,954 na área de educação. Doutor Ulisses, o pior colocado, tem 0,362.

Em Manaus, o IDHM Renda das zonas mais ricas, como Ponta Negra, é mais do que o dobro do registrado na zona rural de Itacoatiara, de apenas 0,490.

O IDHM é preparado a partir de dados do Censo de 2010. São avaliados dados de saúde, renda e escolaridade. A partir dos indicadores, é possível formar uma classificação geral e de acordo com desempenho em cada uma das áreas.

O melhor IDHM de São Paulo foi o de longevidade: 0,853. O IDHM Renda, calculado a partir da renda média mensal dos residentes da metrópole, foi de 0,812. O IDHM de Educação - preparado a partir da proporção da população adulta de 18 anos ou mais que concluir o ensino fundamental e do fluxo escolar da população jovem - foi o pior indicador: 0,723.

Diferença entre regiões

Em 2000, a diferença entre Regiões Metropolitanas de São Paulo e de São Luís - a maior registrada naquele período - era de 0,132 ponto. No mais recente levantamento, a diferença entre o melhor e o pior colocado - Distrito Federal e Fortaleza, respectivamente - foi de 0,110 ponto.

A diferença de esperança de vida, que em 2000 era de 4,82 anos entre o primeiro e último colocado (Porto Alegre e São Luís) passa para 2,9 anos em 2010 (Distrito Federal e São Luís).

"Os dados são muito bons", avaliou Néri.

Ele afirmou que os dados poderiam ter sido divulgados há alguns meses, mas afirmou que o anúncio foi adiado por causa das eleições. "A instituição tem um cuidado fundamental. Achamos importante divulgar quando corações e mentes já estão mais calmos, olhando as coisas com mais clareza", disse.

Em outubro, o diretor Herton Araújo pediu afastamento depois de o Ipea retardar a divulgação de dados sobre extrema miséria.

Economista da Fundação Getulio Vargas (FGV) e responsável pela agenda econômica do candidato à presidência Aécio Neves (PSDB), Samuel Pessoa avalia que a tendência é a desigualdade piorar. Ao contrário do que afirmou o ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), Marcelo Neri, ele não acredita que a piora do Índice de Gini, que mede a desigualdade social, seja pontual. Em sua opinião, a piora da qualidade de vida dos brasileiros é uma realidade desde 2013, como demonstrou a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios (Pnad) divulgada na quinta-feira (18) e deve se estender pelos anos seguintes.

O Índice de Gini passou de 0,496 para 0,498, de 2012 para 2013, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Quanto mais próximo de 1 ponto maior a desigualdade social. A opinião de Pessoa é de que o Brasil, na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conseguiu reverter a desigualdade em função de melhoras na economia decorrentes de ganhos de produtividade no setor de serviços.

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Porém, em sua opinião, o governo de Dilma Rousseff foi marcado por uma política econômica de bases ideológicas que comprometeram a continuidade do crescimento. Ele elencou uma dezena de pontos negativos do governo Dilma, mas destacou a intervenção do Estado na economia, por meio das estatais. Ainda assim, Pessoa não acredita que a divulgação, ontem, de uma piora da desigualdade irá influenciar as eleições. O economista acredita que a população já assimilou a mudança do clima econômica do País e, por isso, não deverá dar importância ao dado, que diz respeito ao passado, segundo Pessoa.

A sociedade brasileira vem acompanhando diversos casos de ofensas racistas contra jogadores de futebol. O mais recente episódio ocorreu no fim do mês passado, quando o goleiro Aranha, do Santos, foi chamado de macaco durante partida contra o Grêmio. Mas não é só dentro dos campos que esse crime é praticado. Muita gente usa as redes sociais e a internet. Recentemente, ao postar uma foto ao lado do namorado, uma jovem negra foi ofendida por usuários de uma rede social.

O coordenador do Plano Juventude Viva da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Felipe Freitas, explica que a rede mundial de computadores reflete o comportamento da população. “Se o racismo é um fenômeno social, a internet é um espaço onde esse fenômeno também se manifesta. Não é a internet que os cria. Apenas dá mais visibilidade”, salienta. Segundo ele, o uso da rede dá uma falsa sensação de anonimato.

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No Brasil, o racismo é considerado crime inafiançável e imprescritível. Isso significa que uma pessoa pode ser punida muito tempo depois da infração. As penas previstas variam de um a cinco anos de reclusão, dependendo do caso. Conforme o coordenador, o fato da ofensa ser presencial ou pela internet não altera a denúncia. Qualquer espaço pode ser usado. “Na Seppir, temos a ouvidoria, que pode ser acionada por telefone ou internet. As delegacias precisam estar prontas para receber essas denúncias, assim como o Ministério Público e as defensorias públicas”, cobra Freitas.

Especialista em direito digital, Fabrício Alves observa que algumas providências podem ser tomadas para auxiliar a polícia na investigação. Além de não incentivar o debate, a pessoa ofendida deve registrar as ofensas. “Registrar, por meio de impressão, anotar o endereço da página para identificá-la posteriormente e, imediatamente, procurar a policia. "Se, antes de comunicar à autoridade policial e à Justiça, ela pedir para remover o conteúdo, estará dificultando a produção de provas”, comenta o advogado.

O Marco Civil da Internet, que entrou em vigor em junho deste ano, traz regras sobre direitos e deveres de usuários e provedores. Conforme Fabrício Alves, alguns aspectos que podem auxiliar na investigação de crimes cometidos na rede precisam ser regulamentados. É o caso dos artigos 13 e 15, que tratam do armazenamento obrigatório de informações. “Para efeito de investigação, isso é extraordinariamente positivo, porque representa uma forma inovadora de se produzir provas contra o cidadão que usa a internet indevidamente. Só que esses pontos ainda não foram regulamentados. O marco civil prescreveu a obrigatoriedade do Poder Executivo regulamentar por decreto”, assinala Alves.

Para que um provedor retire do ar conteúdo ofensivo a um usuário, é preciso recorrer à Justiça. Com a notificação judicial, a empresa passa a ser responsabilizada pela manutenção do material. O próprio marco civil estabelece que, caso não remova o conteúdo, a empresa responderá por eventuais danos.

A maioria das redes sociais já disponibiliza canais para denúncias. Segundo o advogado, geralmente as empresas atendem aos pedidos. Ele afirma que, apesar da legislação não estabelecer prazos para retirada de materiais ofensivos da rede, a jurisprudência fixa um período de 24 horas a partir da notificação.

Felipe Freitas acredita que a população brasileira vem amadurecendo com relação ao racismo. Entretando, alerta para a necessidade de capacitação dos profissionais que tratam dos casos. “Temos parcerias com os ministérios públicos e com o Conselho Nacional do Ministério Público (Cnmp) para capacitar operadores da área. Falta apenas mais diálogo com o judiciário, com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e com as defensorias públicas", conclui.

Thomas Piketty provocou um alvoroço no debate mundial sobre concentração de renda. Autor do livro O Capital no Século 21, o economista francês colocou a desigualdade social no centro do debate ao prever a concentração de renda nas grandes economias.

A análise do livro de Piketty não leva em conta a economia brasileira nem os demais países emergentes, mas o Brasil tem algumas certezas diante dessa discussão: o caminho é longo para que o País se torne mais igualitário e essa melhora vai passar inevitavelmente pela educação. O Brasil também pode se vangloriar de não ter fugido desse debate nos últimos anos. E não faria sentido se fosse diferente: a economia brasileira sempre foi uma das mais desiguais do mundo.

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A boa notícia é que os indicadores dos últimos 20 anos mostram que algo está mudando. A fotografia ainda é muito ruim, mas o Brasil ficou menos desigual. Os números mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) indicam, por exemplo, que a renda anual média per capita dos 10% mais pobres cresceu 5,4% entre 1992 e 2012. No outro topo, entre os 10% mais ricos, a renda avançou 2,6% no período.

As classificações internacionais também capturaram essa melhora. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil aumentou de 0,522 para 0,730 entre 1980 e 2012. O índice de Gini, que mede a desigualdade e vai de 0 a 1 - quanto menor, menos desigual é a sociedade - recuou de 0,566, em 2001, para 0,499, em 2012.

A melhora da desigualdade pode ser atribuída a diversos fatores. A criação do Plano Real deu sustentação para uma economia mais estável e previsível, o que foi uma precondição determinante para o processo de queda na concentração de renda. Recentemente, os principais fatores que ajudaram foram o aumento da escolaridade do brasileiro, programas de transferência de renda e ganhos reais do salário mínimo e sobretudo o fortalecimento do mercado de trabalho.

"A principal queda da desigualdade é o trabalho e por detrás disso está a educação", diz Marcelo Neri, ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE/PR). Na área educacional, o Brasil conseguiu elevar de 5,7 para 8,8 a média de anos de estudo.

"Um dos fatores que mais explica a desigualdade no mundo é a educação. No Brasil, qualquer que fosse o governo, a educação nunca foi uma prioridade muito relevante nem na quantidade nem na qualidade", diz Marcos Lisboa, vice-presidente do Insper e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. "A partir do fim da década de 80 e início dos anos 90, a educação começa a ter um papel no País e a ser mais valorizada", afirma Lisboa.

A economia brasileira também foi impactada positivamente pela política de aumento do salário mínimo. Como boa parte das pensões e aposentadorias são indexadas pelo mínimo, os reajustes reais - ou sejam aqueles acima da inflação - acabaram se espalhando tendo um efeito positivo na geração de renda na economia. "Esse ganho ajudou na redução substancial da diferença de renda de parte da população", diz José Márcio Camargo, professor da PUC-Rio e economista da Opus Gestão de Recurso.

Nesse ciclo virtuoso, o Brasil ainda avançou nos programas sociais. Com o Bolsa Família, o governo criou um cadastro único com base nos beneficiários de programas antigos, como o Bolsa Escola e Vale Gás, e "deu uma cara para a pobreza", segundo Ricardo Henriques, superintendente executivo do Instituto Unibanco e um dos formuladores do programa. "Ao ter um programa só, o governo aumentou a capacidade de foco e conseguiu ser mais efetivo na gestão do programa", afirma. "O programa tem duas âncoras: a de curto prazo, que é a transferência de renda, que tem um impacto sobre a pobreza. A âncora de longo prazo dá atenção para saúde e educação, com a perspectiva de mudança geracional."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Comissão de Desenvolvimento Regional do Senado Federal promoveu com o apoio da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) um seminário sobre o fortalecimento da autarquia no contexto do desenvolvimento regional. O evento realizado em hotel em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, nesta sexta-feira (14), contou com a presença de várias autoridades políticas e de outras esferas nacionais e estaduais.

A política nacional da Sudene, o processo de desenvolvimento regional com foco na diminuição das desigualdades regionais, melhor infraestrtutura e a participação da autarquia foram alguns dos assuntos tratados durante o evento.

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De acordo com o superintendente da Sudene, Paes Landim, o encontro serviu para discutir as idéias em prol da revitalização da Sudene. “Toda conquista social pressupõe mobilização, então, no caso do fortalecimento da Sudene e revitalização da Sudene, o debate de idéias e a colocação das questões é fundamental para que esse fortalecimento da Sudene, E ficou evidente nisso tudo que a política pode não nos levar ao céu, mas sem ela não vamos a lugar nenhum”, avaliou.

Entre as autoridades presentes compareceram ao local vários senadores como Armando Monteiro (PTB-PE), Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), Humberto Costa (PT-PE) e Cícero Lucena (PSDB-PB). Já entre deputados federais participaram do encontro Jorge Corte Real (PTB-PE) e Pedro Eugênio (PT-PE). Além dos políticos como o vice-prefeito Luciano Siqueira (PCdoB) entre outros, autoridades como a assessora da presidência do BNDES, Helena Martins e o professor Ricardo Emmanuel foram alguns dos presentes.

Avaliando o evento, a representante do BNDES frisou a importância de se manter a unidade com intuito de solucionar as dificuldades existentes. “Eu acho que é muito importante pensarmos e discutimos o papel do Congresso que mobilizem uma discussão para entendermos quais são as nossas amarras e como nos colocamos neste seminário. E, em vez de criticarmos uns aos outros, vermos os nossos problemas e tentarmos auxiliar”, ressaltou Helena Martins.

A próxima reunião da Sudene será no Estado do Ceará e o principal tema será a energia eólica e solar com data ainda a ser definida.

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Enquanto muitos recifenses preparam a ceia de Natal, uma parte significativa da sociedade estava nas ruas esperando doações. Os “excluídos” do Recife estão todos os dias no centro da cidade e acabam se misturando a outros pedintes que aproveitam o “espírito natalino” para conseguir benefícios. Estes, em sua maioria, possuem moradia e vivem em condições sub-humanas e se juntam aos moradores de rua à espera de donativos. Especialistas criticam a exposição das pessoas a esse tipo de atitude, mas tal comportamento acaba refletindo na desigualdade que impera na região.

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A história dos habitantes das ruas do Recife é semelhante à de outros grupos que vivem em uma sociedade desigual. A maioria não tem perspectiva de vida e sobrevivem através dos seus vícios: o crack, a maconha, a cocaína e as bebidas alcoólicas. Apesar dos percalços, alguns ainda têm esperança de um futuro diferente.

Deni Valério Medeiros (35) mora na rua há dois anos. Usuário de crack, ele saiu de casa, no município de Jaboatão dos Guararapes e ficou, pelas próprias palavras: “sem rumo”. Desde a última sexta-feira (20) está no Centro do Recife em busca de doações. “Ainda fui internado em uma clínica, mas acabei saindo, preferi voltar às ruas, mas me arrependo, quero voltar para lá”, disse Deni, que ao contrário dos outros pedintes que lotavam a Rua do Imperador, estava sentado, esperando qualquer tipo de donativo. “Não me lembro do dia que fui feliz. Fiz coisa errada, mas não quero seguir nesse caminho, é o que eu mais desejo”, relatou.

O artesão Sebastião Marcos Andrade é outro morador de rua que faz parte do cenário do Centro. Ele relatou que foi furtado e perdeu seu material de trabalho. “Eu ando no meio da rua porque Deus não me deu, ainda, aquela condição de chegar dentro da minha casa, eu gosto de trabalhar na rua com artesanato. Preciso de ajuda para voltar a trabalhar”, desabafou o artesão. Questionado sobre para quem ele desejaria feliz Natal, Sebastião se emocionou e lembrou-se do filho que mora em São Paulo. “Meus parentes estão todos por aí. O meu filho está em São Paulo. Fábio te amo, te adoro, só queria dizer isso”, declarou.

A desempregada Raquel Felipe sempre está pelas ruas do bairro das Graças, com nove irmãos, que sobrevivem como flanelinhas na região, ela espera que os seus parentes saiam do mundo das drogas. “Crio o filho do meu irmão que é usuário de drogas há muitos anos. A mãe do filho dele está presa por tentativa de assalto. Meus outros irmãos também são usuários", contou. E encerrou: "Neste Natal eu desejo que o crack acabe”, relatou Raquel.

 

Confira o vídeo com os depoimentos dos moradores de rua:

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A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) publicou neste domingo (8) um relatório misto sobre as condições econômicas de Israel. De acordo com a entidade, mesmo tendo apresentado um crescimento econômico satisfatório, Israel ainda preocupa pela pobreza e pelas desigualdades sociais.

O levantamento da OCDE revela que Israel tem a pior taxa de pobreza entre os seus 34 países-membros. No país, mais de 20% da população vive abaixo da linha de pobreza, mais que o dobro da taxa média entre os países-membros da OCDE. Entre os árabes e os judeus ultraortodoxos, a taxa de pobreza é superior a 50%.

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Ao mesmo tempo, Israel goza de algumas das taxas de crescimento mais expressivas entre todos os países do mundo. Em 2012, o produto interno bruto (PIB) do país cresceu 3,2%.

O relatório da OCDE aconselha Israel a aumentar os impostos para manter a estabilidade financeira e reprimir a evasão fiscal. A recomendação aconteceu pouco depois que o governo cancelou um aumento de imposto de renda entre 1% e 2% para 2014, decisão contrária às recomendações do banco central israelense.

Além disso, a organização comunicou que o potencial econômico de Israel proveniente da produção de gás natural é alto, já que novos campos de gás offshore começaram a funcionar recentemente. Fonte: Dow Jones Newswires.

A desigualdade de gênero diminuiu discretamente no Brasil pelo terceiro ano seguido, revela o relatório anual do Fórum Econômico Mundial sobre o tema, divulgado na noite desta quinta-feira, 24, em Londres. No estudo referente a 2013, o Brasil se destacou em termos de igualdade de acesso à educação e saúde, apresentando notas elevadas e compartilhando o primeiro lugar mundial nesses dois quesitos. O País, no entanto, ainda tem um longo caminho a trilhar no que diz respeito ao reconhecimento das mulheres no local de trabalho e na vida pública, temas nos quais ainda amarga posições ruins no ranking.

A nota média brasileira nos quatro critérios analisados pelos autores do estudo (poder político, participação econômica, acesso à educação e saúde) passou de 0,691 em 2012 para 0,695 este ano. Com isso, o Brasil permaneceu em 2013 no 62º lugar entre 136 países, mesma posição do ano passado. O País, no entanto, aparece 20 posições acima do que se encontrava em 2011, quando a desigualdade de gênero voltou a diminuir depois de dois anos em alta. Na avaliação dos autores, isso mostra o sucesso brasileiro na consolidação dos avanços rumo à igualdade entre os gêneros nos últimos anos.

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Ao mesmo tempo em que compartilha a liderança em acesso à educação e saúde, o Brasil figura na 117ª colocação em igualdade salarial entre homens e mulheres, o que o coloca entre os países mais desiguais do mundo em termos salariais. A situação não melhora muito no que diz respeito ao poder político das mulheres. A baixa proporção de mulheres no Congresso Nacional deixa o País na 116ª posição nesse tema.

Em sua oitava edição, o Relatório Global sobre Desigualdade de Gêneros do Fórum Econômico Mundial é considerado um dos principais indicadores sobre o progresso dos países rumo à igualdade entre homens e mulheres. Pelo quinto ano seguido, a Islândia é o país onde a desigualdade entre homens e mulheres mostrou-se menor, seguida por Finlândia, Noruega e Suécia.

Ao passo que a desigualdade vem diminuindo paulatinamente no Brasil, a porcentagem de redução atingiu 70% no conjunto dos países da América Latina e do Caribe, o que fez dela a região do mundo que registrou a maior melhoria global no ano. O país latino-americano melhor posicionado no ranking é a Nicarágua (10º lugar), seguida por Cuba (15º), Equador (25º) e Bolívia (27º). A Argentina figura no 34º lugar, a Colômbia no 35º e o México no 68º. A Alemanha, por sua vez, lidera entre as economias do Grupo dos 20 (G-20, que reúne as nações mais industrializadas e as principais potências emergentes do mundo), aparecendo na 14ª posição. Entre os Brics, a África do Sul é a melhor posicionada, na 17ª colocação.

Na inauguração de quatro unidades de educação infantil na cidade gaúcha de Novo Hamburgo, a presidenta Dilma Rousseff disse que toda a sociedade deve valorizar o magistério e que investir nas creches e pré-escolas é atacar a raiz da desigualdade. “Um país não chega a ascender à educação de qualidade sem professores qualificados e sem que toda a sociedade, não somente o governo, dê status ao professor, que implique remuneração adequada e reconhecimento integral ao papel do professor”, afirmou.

O discurso da presidenta ocorreu em meio a crianças que lotaram ginásio da Escola Municipal Eugênio Nelson Ritzel, que fica do lado de uma das quatro creches que passarão a funcionar no município. Segundo Dilma, o caminho para a educação, que receberá mais dinheiro com a destinação de 75% dos royalties do petróleo do pré-sal para investimentos na área, passa pelo fornecimento de condições para que as pessoas saiam da miséria e também pela aposta em uma sociedade do conhecimento.

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“Todas as pessoas que participaram dos programas de transferência de renda têm saída sustentada [da miséria] se dermos a elas acesso a educação. A educação conduz a uma economia baseada na agregação de valor ao conhecimento, e não simplesmente no trabalho ou na atividade econômica”, disse Dilma.

Na solenidade, estiveram presentes o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, as ministras da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, e da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas, além do governador do Rio Grande do Sul em exercício, Beto Grill, e do prefeito de Novo Hamburgo, Luís Lauermann.

A presidenta disse que durante muito tempo pregou a importância das creches, levando em conta a necessidade das famílias de deixarem suas crianças em locais seguros e de qualidade. “Eu ainda até falo isso, mas não é por isso que nós fazemos creches ou pré-escolas. Nós temos de fazer é por causa das crianças”, explicou, acrescentando que com a evolução da ciência foi possível saber que na primeira infância se formam as condições de uma maior capacidade de aprendizado das crianças.

Ao relacionar a importância da educação para o desenvolvimento, a presidenta repetiu o discurso de que só com investimentos na educação é possível construir uma nação desenvolvida. “Um país não se mede pelo PIB [Produto Interno Bruto, que mede as riquezas produzidas por um país]. Um país tem de se medir pela qualidade de vida da população. Eu posso ter um PIB desenvolvido, como já foi o caso, e uma situação social que deixa a desejar. O que queremos é que o PIB e a vida das pessoas melhorem em conjunto”, disse a presidenta.

As novas escolas de educação infantil inauguradas vão funcionar nos bairros Jardim Mauá, Canudos e Lomba Grande, em Novo Hamburgo. O discurso da presidenta foi logo depois que ela chegou à cidade e visitou uma das unidades de ensino para crianças de até 5 anos. Em seguida, Dilma foi para a formatura de 1.200 estudantes do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

 

Muito se discute sobre a desigualdade salarial e profissional que há em algumas áreas profissionais. Porém, um estudo realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), mostra que essa diferença é cada vez menor nas micro e pequenas empresas (MPE).

De acordo com a Agência Sebrae de Notícias, nas micro e pequenas empresas - aquelas que faturam até R$ 3,6 milhões anualmente – os homens ganham, em média, 24% a mais do que as mulheres. Nas médias e grandes empresas, a diferença aumenta para 44%. Quase 40% dos 15,5 milhões de trabalhadores com carteira assinada são mulheres nas micro e pequenas companhias.

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“Nas grandes corporações, a estrutura organizacional é maior e nem sempre as mulheres ocupam cargos mais altos na hierarquia. Já nos pequenos negócios, o acesso às decisões é mais facilitado e a convivência com os donos das empresas, mais próxima”, destaca o presidente do Sebrae, Luiz Barreto, conforme informações da Agência. O estudo também aponta que a remuneração média das trabalhadoras das micro e pequenas empresas cresceu mais do que a dos homens. Do ano de 2000 a 2011, o salário médio real das mulheres aumentou 21%, enquanto que entre os homens o crescimento foi de 18%.

Seguindo a mesma tendência, a participação na massa salarial das mulheres também teve destaque. De acordo com o levantamento, a soma das remunerações femininas aumentou 250% e, dos homens, 194%. No que diz respeito ao ingresso no mercado de trabalho, o número de trabalhadoras nas micro e pequenas empresas mais do que dobrou – cresceu 108% –, enquanto a de trabalhadores homens aumentou 67%. As informações dos empreendimentos analisadas correspondem ao período que vai do ano de 2000 a 2011.

Com informações da Agência Sebrae de Notícias

De 2000 a 2010 aconteceu algo inédito no Brasil: em 80% dos municípios, a desigualdade de renda entre seus habitantes diminuiu. O fato é ainda mais relevante porque reverteu uma tendência histórica. Na década anterior, a desigualdade medida pelo índice de Gini aumentara em 58% das cidades brasileiras.

A maior queda da desigualdade aconteceu numa cidadezinha do interior de São Paulo. No extremo oeste, perto de Presidente Prudente, Emilianópolis viu seu índice de Gini cair pela metade, de 0,76 para 0,38 em 2010. A escala varia de zero a 1. Se os 3 mil emilianopolenses ganhassem igual, o índice seria 0. Se um deles concentrasse toda a renda da cidade, o Gini seria 1.

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Emilianópolis é um bom exemplo, uma vez que as condições em que se deu a redução da desigualdade são representativas do que aconteceu em outros 4.431 municípios brasileiros. O Gini da cidade crescera nos anos 1990, de 0,43 para 0,76. A reversão na década seguinte ocorreu com o enriquecimento da população em geral: a renda do emilianopolense foi de R$ 373 para R$ 585.

Na maior parte do Brasil foi igual. De 2000 a 2010, o rendimento domiciliar per capita cresceu 63% acima da inflação, na média dos 5.565 municípios. Foi um enriquecimento mais intenso do que nos dez anos anteriores, quando o ganho havia sido de 51%.

Isso é importante porque uma forma perversa de reduzir a desigualdade é via empobrecimento geral. Se os ricos perdem mais do que os pobres, a desigualdade também cai. Foi o que aconteceu em grande parte do Brasil nos anos 1980, por causa da recessão.

Nos dez anos seguintes, o alto desemprego comprometeu o salário dos trabalhadores e a renda voltou a se concentrar no topo da pirâmide. O índice de Gini do País cresceu, e a desigualdade aumentou em 58% dos municípios brasileiros. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O País registrou alguns avanços na área educacional no período 2001-2011, segundo a Síntese dos Indicadores Sociais (SIS) 2012, divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Aumentou de 27% para 51% a proporção de jovens de 18 a 24 anos frequentando curso superior (inclusive mestrado e doutorado) e houve queda de 21% para 8% na proporção de brasileiros nessa faixa etária que estavam no ensino fundamental. Aconteceu ainda crescimento de 40% na proporção de estudantes com 15 a 17 anos no ensino médio (embora só metade na série adequada) - o crescimento foi maior no Nordeste (mais que dobrou). Caiu 11,6 pontos porcentuais (de 43,8% para 32,2%) a taxa de abandono escolar precoce (proporção de jovens de 18 a 24 anos com ensino médio incompleto que tinham desistido de estudar). Mesmo assim, o Brasil ainda tem uma taxa quase três vezes maior que 29 países europeus selecionados.

Houve ainda, de acordo com a SIS, um lento aumento nos anos de estudo dos brasileiros no período (de 6 para 7,4 anos de 2001 a 2011). Na faixa de 18 a 24 anos, foi de 7,9 anos para 9,6 anos. No mesmo período, o analfabetismo atingiu seu nível mais baixo: 8,6% em 2011, contra 12,1% em 2001.

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"Em todas as faixas houve aumento na taxa de escolarização no período", disse a pesquisadora Betina Fresneda, do IBGE. Um dos maiores avanços aconteceu na frequência líquida de jovens pretos e pardos de 15 a 17 anos à escola, que de 2001 a 2011 quase dobrou: foi de 24,4% para 45,3%. Curiosamente, houve redução de 34,3% para 24,1% na proporção de brancos frequentando ensino médio regular sobre o total de estudantes do mesmo grupo étnico.

Nunca tantos pretos e pardos frequentaram ensino superior no Brasil como em 2011, segundo a SIS: 35,8% dos jovens desses grupos éticos na faixa de 18 a 24 anos que estudavam no Brasil estavam em faculdade naquele ano. O aumento de 350% em relação aos 10,2% de 2001 esconde, no entanto, que a desigualdade em relação aos brancos continua: dez anos antes, a proporção de brancos de 18 a 24 no nível superior (39,6%) era maior do que a dos pretos e pardos no mesmo nível em 2011. No ano passado, dos jovens brancos de 18 a 24 anos que frequentavam escola, 65,7% estavam no ensino superior. Segundo a pesquisadora Cristiane Soares, não foi possível determinar o peso das políticas de ação afirmativa, como o estabelecimento de cotas para acesso a universidade pública, no avanço dos pretos e pardos.

"A PNAD (pesquisa em que a Síntese se baseia) não tem uma pergunta específica sobre ação afirmativa", explicou ela, que reconheceu, contudo, que a distância dos pretos e pardos para os brancos continuava grande.

Mesmo com melhoria geral nos rendimentos dos mais pobres, que também beneficiou pretos e pardos, a situação de desigualdade entre raças foi mantida. De acordo com a SIS, esses grupos ainda eram 24,4% dos 10% mais pobres e 16,3% do 1% mais rico no País em 2011, contra 27,6% e 9,3% em 2001. Sua participação nos dez grupos de renda (dos 10% mais pobres até os 10% mais ricos) se reduzia, em 2011, na medida em que se subia na escala de rendimentos. Do total de pretos e pardos, 14,2% estavam no extrato mais pobre, contra 5,4% dos brancos. Na outra ponta, apenas 4,9% do primeiro grupo estava nos 10% mais ricos, contra 15,4% do segundo.

O analfabetismo aprofundou seu perfil de exclusão. O analfabeto brasileiro típico, segundo o IBGE, era, em 2011, homem, preto ou pardo, tinha mais de 60 anos, pertencia do quinto mais pobre da população, morava no Nordeste e vivia na zona rural.

A SIS também detectou uma redução na frequência à escola por parte dos jovens de 18 a 24 anos, "provavelmente em função do aquecimento da economia, contribuindo, ainda, nesse sentido, o fato de ter havido aumento na proporção de jovens que completaram o ensino médio nesse mesmo período" (2001 a 2011). A taxa de pessoas dessa faixa que somente trabalhava foi de 42,6% para 47,8%, enquanto a proporção de frequência à escola recuou de 34% para 28,9%. Já os idosos (60 anos ou mais), na mesma década, aumentaram de 15,5 milhões para 23,5 milhões, indo de 9% para 12,1% da população. Em sua maioria (55,7%) eram, em 2011, mulheres, brancas, com 3,9 anos de estudo em média e rendimento de todas as fontes igual ou superior a um salário mínimo.

"Na distribuição do rendimento mensal familiar per capita, percebe-se que os idosos têm uma situação relativamente melhor do que as crianças, adolescentes e jovens (...)", afirma o estudo. "Enquanto 53,6% das pessoas de menos de 25 anos de idade estão nos dois primeiros quintos da distribuição de rendimento, no grupo de idosos de 60 anos ou mais de idade, 17,9% encontram-se nesta situação, fruto das políticas sociais e previdenciárias que garantem benefícios mínimos de 1 salário mínimo para os idosos carentes do País".

Com Coeficiente de Gini de 0,508, apontado pela Síntese dos Indicadores Sociais (SIS), divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil atingiu em 2011 sua menor desigualdade de renda em trinta anos - em 1981, o indicador era 0,583. O País, porém, continua um dos países mais desiguais do mundo, longe da média da União Europeia, cujo Gini - índice de zero a 1, que sobe com a disparidade de rendimentos - chegou a 0,305 em 2010 e no ano passado foi 0,290 na Alemanha, 0,308 na França e 0,244 na Suécia. A pesquisa apontou outros sinais de queda na distância entre os ricos e os pobres brasileiros, como a redução na renda dos 20% mais ricos, de 60% para 57,7% do total de 2001 a 2011. Mesmo assim, no ano passado os 40% mais pobres ganhavam apenas 11% da riqueza nacional, diz o estudo.

O avanço da renda no País de 2001 a 2011 se deu em um cenário em que, segundo a SIS, disparou a renda de "outras fontes" para famílias com rendimentos domiciliares per capita de até 1/4 de salário mínimo ao longo da década estudada. Foi uma expansão de 5,3% para 31,5% dos rendimentos de 2001 a 2011. Na faixa de 1/4 a meio salário mínimo, também houve aumento: de 3,1% para 11,5%. Para os pesquisadores do IBGE, como as famílias pesquisadas são extremamente pobres, a hipótese mais provável para explicar esse aumento é a expansão ocorrida no período dos programas de transferência de renda como o Bolsa-Família, pago a famílias carentes com filhos em idade escolar, e o Benefício de Prestação Continuada, destinado aos extremamente pobres.

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"Esta modificação ocorreu apesar do rendimento do trabalho haver crescido o período", assinada a SIS. "Para o grupo de até 1/4 do salário mínimo de rendimento familiar per capita, o rendimento médio de todos os trabalhos passou de R$ 273 para R$ 285, no período de 2001 a 2011, enquanto para os que estão na faixa de 1/4 a 1/2 salário mínimo aumentou de R$ 461 para R$ 524 (...)." As cifras foram corrigidas pelo INPC, por isso são comparáveis. O avanço no Gini seria maior se comparado ao indicador de 1960 - 0,497, o menor da história brasileira -, mas esse resultou de números do Censo Demográfico daquele ano, o que impossibilita a comparação com a SIS, baseada na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), inexistente à época. No critério do Censo, o menor Gini do Brasil foi o de 2010 - 0,526.

A SIS constatou ainda que subiu de 2,6% para 3,5% a renda dos 20% brasileiros mais pobres na mesma década. Ao aumento de 0,9 ponto porcentual no rendimento dos mais desfavorecidos correspondeu uma queda de 2,3 pontos na riqueza apropriada pelos 20% mais ricos. No mesmo período, o grupo social mais privilegiado viu sua renda, equivalente a 24 vezes o que ganhavam os 20% mais pobres em 2001, cair para 16,5 vezes em 2011. Apesar da queda, esse indicador ainda deixou o Brasil distante de alguns países desenvolvidos da Europa, onde a relação é de quatro a seis vezes. E a redistribuição foi desigual: pretos e pardos ganharam mais que as mulheres, constatou a pesquisa.

"Avançou-se mais na redução da desigualdade de raça que na de gênero", disse a pesquisadora Cristiane Soares, do IBGE. "Em 2001, as mulheres ganhavam 69% dos homens, e em 2011, 73,3%. Já os pretos e pardos passaram de 50,5% do rendimento dos brancos para 60% no mesmo período. Enquanto eles avançaram quase dez pontos, as mulheres cresceram apenas 4,4 pontos."

O IBGE também avaliou a pobreza e a desigualdade com base em uma "perspectiva multidimensional", com indicadores monetários e não monetários, adaptando metodologia do Consejo Nacional de Evaluación de la Política de Desarrollo Social - CONEVAL, do México. A SIS constatou que 22,4% da população brasileira estava em 2011 vulnerável segundo critérios sociais e/ou de renda, mas esse porcentual tem fortes variações regionais. Chega a 40% no Norte e 40,1% no Nordeste (53% no Maranhão, Estado recordista), mas não passa de 11,3% no Sul. Nesse polo positivo, a unidade da Federação com melhor posição em 2011 era São Paulo, com apenas 7,7% da população vulnerável.

O estudo também aponta melhora em relação a 2001 na redução das carências de atraso educacional (39,3% para 31,2%), falta de acesso à seguridade social (36,4% para 21,3%), (má) qualidade dos domicílios (4,9% para 4%), acesso a serviços básicos (40,9% para 32,2%). Também houve queda na proporção de domicílios com ao menos uma dessas carências (70,1% para 58,4%) no mesmo espaço de tempo pesquisado.

A melhora na distribuição de renda no período contrasta com as condições de vida de parte considerável da sociedade brasileira, diz a Síntese dos Indicadores Sociais 2012. Em 2011 30,6% dos domicílios urbanos brasileiros - pouco mais de 16 milhões de lares, com prováveis 64 milhões de moradores - não tinham simultaneamente os serviços de água tratada, coleta de esgoto por rede ou fossa séptica, recolhimento de lixo e eletricidade, básicos para que haja condições mínimas de habitação. A razão entre as habitações com e sem os quatro serviços era de 0,44, ou seja, praticamente para cada dois domicílios habitáveis havia um sem essas condições. O recorde nesse ponto foi da Região Norte, onde 78,4% dos lares foram considerados sem condições mínimas de habitabilidade. No Amapá, essa proporção chegou a 95,9%, e a razão em relação aos habitáveis foi de 23,43 lares sem condições para cada um habitável.

"Essa questão tem a ver com a ação do poder público", disse o pesquisador Rubem Magalhães, do IBGE. "Se aumentarmos o salário de um trabalhador para R$ 30 mil por mês ele não vai instalar uma rede de água tratada na rua onde mora. Isso é papel do Estado." No Sudeste, 79% dos lares com renda mensal domiciliar per capita tinham saneamento básico. Acima de dois salários mínimos, 94,8%.

A Síntese dos Indicadores Sociais de 2012 também constatou que apenas 31% dos domicílios permanentes urbanos tinham, simultaneamente, luz elétrica, computador, acesso à internet, aparelho de DVD, televisão em cores e máquina de lavar, medidas de conforto da vida moderna. O estudo também descobriu que, dos 69% de domicílios desprovidos de algum desses itens, quase 90% (84,9%) não tinham acesso à web. Também aí a desigualdade brasileira é forte. Quando se foca apenas lares com renda média mensal domiciliar per capita de até 1/2 salário mínimo, a proporção dos excluídos digitais (em 2011) chega a 92,2%. De acordo com a pesquisa, 86% dos domicílios brasileiros no ano passado eram urbanos; apenas 14% se localizam na área rural, em distribuição que tende a se estabilizar.

As desigualdades sociais e os abusos de poder são uma ameaça para o desenvolvimento durante os 10 próximos anos, segundo 11.400 internautas chineses entrevistados pelo Jornal da Juventude do Partido Comunista, indicou este jornal na terça-feira, dois dias antes do início do congresso do PCC.

O jornal da Liga da Juventude do PCC também indica que 68,8% desta amostra não representativa da população espera um aumento na qualidade do atendimento médico e dos serviços de saúde, 62,8% querem melhoras na educação e 60% na segurança dos alimentos, que deram lugar a fortes escândalos.

Já 75,4% dos entrevistados consideram como uma ameaça as desigualdades entre ricos e pobres, e 59,4% deles acreditam ser problemático o poder "sem restrição" de seus dirigentes.

Além disso, 52,8% dos entrevistados consideram ameaçador "o fortalecimento dos grupos de interesse" e uma porcentagem inferior afirma estar preocupada com "a degradação do meio ambiente".

A "negação dos interesses das categorias mais fracas" da sociedade constitui um obstáculo para o desenvolvimento para 50,3% dos entrevistados, mas apenas 31,3% deles afirmam estar preocupados com o "enfraquecimento do crescimento econômico" e 28,2% com "as tensões internacionais".

Os internautas interrogados vêm de todas as regiões do país, mas são mais jovens que a média de todos os habitantes da China e uma porcentagem maior vive em cidades. Além disso, a amostra inclui apenas 4,2% de imigrantes internos, que representam 20% da população.

A desigualdade entre o investimento público destinado ao sistema carcerário e a educação brasileira chega a ser paradoxal. Um país que tem o discurso de educar para garantir o futuro - como é caso do Brasil – investe anualmente apenas R$15 (quinze mil reais)  por aluno no ensino superior e cerca de R$2.5 (dois mil  e quinhentos reais) por aluno no ensino básico, enquanto que, paradoxalmente,   gasta R$40(quarenta mil reais) para manter um preso no sistema carcerário federal.  Ou seja,  investe-se quase três vezes mais com um detento em um sistema penitenciário precário e superlotado  que com um universitário,  e seis  vezes mais que com um aluno do ensino básico,  cabeças  encarregadas de  garantir o futuro do Brasil.  Por outro lado, a conta é ainda mais absurda nos municípios, onde são gastos anualmente R$2.3 (dois mil e trezentos  reais) com alunos do ensino médio e  R$21 (vinte e um mil reais), com os detentos dos presídios estaduais.

Nessa perspectiva, considerando apenas as matrículas atuais, o investimento público direto por aluno deveria, hoje, ser de 40% a 50% maior. A campanha nacional de Justiça desenvolveu o cálculo chamado aluno-qualidade.  Os números apontam que para garantir a realização do Plano Nacional de Educação seriam necessários R$ 327  bilhões por ano. Mas não são apenas os contrates financeiros que ligam estes dois sistemas. As reflexões acerca destes assuntos devem ser feitas de forma sociológica, com um olhar voltado para as mazelas da sociedade que causam o abarrotamento nas prisões.

A violência e a pobreza são os principais fatores provenientes da desigualdade social, que por sua vez é alimentada de forma constante pela falta de oportunidades enfrentada hodiernamente pela população a qual não teve acesso a uma educação de qualidade.  Esta engrenagem  acaba movendo de forma negativa a sociedade, que termina por sucumbir   a violência e a problemas sociais cada vez mais comuns no cenário brasileiro. A falta de assistência educacional a camada da população  mais necessitada produz gastos cada vez mais ineficientes como os do sistema prisional.

Para sair deste estado de estagnação é preciso direcionar mais recursos para o conjunto dos chamados  direitos sociais fundamentais, quais sejam: educação,  saúde, habitação, trabalho,   lazer,  segurança,  previdência social,  proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados.  Ao deixar de garantir o direito à educação  estamos cerceando aos cidadãos os demais  direitos, haja vista  a limitação das oportunidades deles e desta forma, criando ainda mais desamparados que por sua vez também não poderão ter seus direitos assegurados integralmente.

Nesse contexto, os investimentos para com o  sistema carcerário, assim como para a  educação, estão longe de serem ideais. Dispensar  tanto dinheiro dos cofres públicos não significa dizer que há qualidade em sua utilização, uma vez que as condições de “moradia” dos detentos são extremamente insalubres por conta da superlotação, da falta de infraestrutura adequada de saneamento e até mesmo de saúde. É preciso otimizar os gastos de forma que essa engrenagem impulsione o sistema para o desenvolvimento social e não se transforme em um  ciclo vicioso de desperdício do dinheiro do Contribuinte. Acima de tudo é preciso transformar este sistema que produz desamparados sociais em uma mais eficiente, justo e solidário.

Por fim, no caso da educação brasileira, além do aumento nos investimentos para este segmento, é preciso investir em melhorias na gestão de verbas direcionadas às instituições de ensino. A qualidade do serviço e a permanência dos alunos na escola está diretamente ligada à fatores como motivação e acesso. O grande cerne desta disparidade entre educação e sistema carcerário não é quem merece ou não mais investimentos, mais sim a melhoria em ambos os serviços. Ao equilibrar estes números é possível garantir um sistema carcerário eficiente e uma educação de qualidade. Evitando o desperdício de dinheiro público e garantindo uma sociedade mais digna, com os direitos básicos verdadeiramente assegurados.

A divulgação dos resultados do Censo do IBGE de 2010 confirma que o Brasil tem realizado avanços na redução da desigualdade de renda. Mas esses avanços são muito pequenos diante da abissal iniquidade na distribuição da riqueza nacional.  Não há razão para ufanismo. Muito pelo contrário.

É necessário aprimorar cada vez mais os instrumentos que podem resolver estruturalmente essa chaga brasileira. Os programas de transferência de renda já fizeram a sua parte. O maior gargalo hoje para dar soluções definitivas ao problema é oferecer às famílias mais pobres uma escola pública de qualidade.

Uma pesquisa de grande repercussão do economista Ricardo Paes de Barros mostra que 50% da desigualdade de renda no Brasil é explicada pela desigualdade educacional. De fato, se não houver um mínimo de igualdade na fase de preparação para a vida, ou seja, na largada para os desafios do futuro, é impossível que uma criança de uma família pobre venha a competir com crianças que frequentaram escolas privadas, com condições de ensino muito melhores.

Essa agenda da educação pública de qualidade no Brasil, portanto, não pode nem deve ser negligenciada. Ela é a base essencial para a construção de um país mais justo.

Em 2003 tive a oportunidade de trazer ao Recife e de conhecer o humanista Edgar Morim. Em uma de nossas conversas o renomado autor francês me perguntou: como pode haver justiça social em seu país com tantas famílias nas ruas mendigando? E por que as crianças estão fora das escolas em pleno horário de aulas? A tradução livre do seu pseudo-português (com sotaque forte francês) me causa inquietação até hoje. 

Lembrei que o filósofo Jonh Rawls certa fez disse que “a igualdade deveria prevalecer, a menos que a desigualdade servisse aos melhores interesses de todos”. A desigualdade presente na sociedade brasileira não reflete os melhores anseios de nosso povo. Logicamente, que é impossível conhecer as partes do problema social brasileiro sem conhecer o todo, “tanto quanto conhecer o todo, sem conhecer particularmente as partes”. Essa é a doutrina de Morim.

A realidade da massa dos trabalhadores sem emprego ou sem proteção social alguma, não os aflige de forma solitária. Atinge também aos que possuem relações precárias de trabalho, de renda ou até mesmo de emprego. Como disse o jurista trabalhista Sérgio Torres Teixeira, em seu livro “Proteção à Relação de Emprego”: “neste fim de milênio, em meio à busca coletiva mais equilibrada e menos tensa, uma das principais preocupações da sociedade moderna tem sido a insegurança do emprego em relação ao seu futuro profissional.”

O tripé: direito, trabalho e educação, são no meu entendimento o caminho para encontrarmos respostas aos questionamentos acima. Os sistemas jurídicos e educacionais devem assegurar a todos mecanismos de participação e acesso ao exercício de sua plena cidadania e dignidade humana. 

Nas sociedades industriais, e, na linguagem do Prof. Everaldo Gaspar: “e nas novas relações de trabalho advindas da pós-modernidade”, o volume de conhecimentos e de informações necessárias ao exercício de determinadas atividades é tão grande que precisamos colocar a educação a serviço da inclusão, não só no mundo do trabalho, mas em nosso meio social, urgentemente. 

Se assim, o fizermos - com foi o caso do Japão, Chile e Coréia do Sul-, poderemos até chegarmos próximos do verdadeiro conceito de justiça social, amparado em uma base jurídica forte, que reflita os valores que queremos para nossa sociedade. Atributos valorativos esses que devem ser repensados, pois somos co-autores quando nos habituamos com esses cenários de miséria humana, e simplesmente nos omitimos. O crime não é cometido só pela ação do individuo, é também pela sua omissão.

Parece-nos que nossa sociedade se acomodou. Que não se aflige mais (se é que esteve antes) com a exploração de suas crianças; com a miséria humana nos centros urbanos e nas zonas rurais; com a banalização da violência, no mundo físico e no virtual; com a precarização das relações de trabalho; e com as tentativas de usurpação dos princípios constitucionais garantidores da tutela laboral. Será verdade?

Um relatório divulgado pelo Banco Mundial (Bird) aponta que políticas voltadas para o crescimento econômico e para o aumento da renda de um país, por si só, não reduzem as desigualdades de gênero. De acordo com o órgão, uma maior igualdade entre homens e mulheres pode aumentar a produtividade em até 25%.

O documento, intitulado Relatório sobre o Desenvolvimento Mundial de 2012, destaca que o desenvolvimento tem resolvido alguns problemas em áreas como educação – nas escolas de ensino médio, as meninas já ultrapassam os meninos em 45 países e há mais jovens do sexo feminino do que do sexo masculino nas universidades de 60 países.

Outro destaque trata do aumento da expectativa de vida das mulheres, já que, desde 1980, elas vivem mais do que os homens em todas as partes do mundo. Mesmo nos países de baixa renda, as mulheres vivem em média 20 anos a mais do que em 1960.

O Bird ressaltou ainda que mais de 500 milhões de mulheres ingressaram no mercado de trabalho em todo o mundo nos últimos 30 anos.

Entretanto, o relatório indicou hiatos que permanecem, mesmo em países ricos, como o excesso de mortes de meninas e mulheres. Dados indicam que as mulheres têm maior probabilidade de morrer, em relação aos homens, em países de baixa, média e alta renda. As mortes são estimadas em cerca de 3,9 milhões a cada ano para mulheres abaixo dos 60 anos.

O acesso desigual a oportunidades econômicas também foi citado pelo Bird, que apontou que as mulheres têm mais probabilidade de ter um trabalho não remunerado do que os homens, além de maior chance de trabalhar em terrenos menores e em cultivos menos lucrativos e de dirigir empresas menores e setores com menos remuneração.

Por fim, o documento indicou as diferenças de participação entre homens e mulheres em casa e na sociedade, destacando que, em muitos países, as mulheres têm menor participação ativa nas decisões e menos controle sobre os recursos da família, além de participarem menos da política formal e de serem sub-representadas em escalões superiores.

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