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Em 1850, Pernambuco e, principalmente, o Recife foram devastados pela febre amarela. Há quem afirme que a moléstia foi trazida ao estado por um marinheiro chamado Mário Icard, vindo já doente a bordo do brigue Alcyon, da Bahia, mas na época ninguém sabia exatamente como ocorria a transmissão. Com a doença se espalhando rapidamente, e entre todas as classes sociais, o Estado foi urgido a agir. Assim, o Conselho Geral de Salubridade Pública, atuando no governo de Francisco do Rego Barros, ordenou expurgos, quarentenas e o recolhimento de doentes a um hospital provisório na Ilha do Nogueira, atual bairro de Brasília Teimosa, zona sul da cidade e que, na época, não passava de um coqueiral pontilhado por choupanas de pescadores.

Com gente adoecendo e morrendo aos montes, passaram a se organizar Procissões de Penitência. É que o povo, desacreditado da ciência e dos médicos, começou a ir às ruas pedir a Deus e aos santos que fossem perdoados de faltas diversas, umas confessadas, outras tantas secretas, além de várias outras que ninguém sabia definir bem quais seriam, ainda mais que morriam da mesma forma adultos e crianças, justos e ímpios, ricos e pobres, nobres e plebeus, culpados e inocentes. Assim, tomavam as vias públicas os flagelados, homens arrastando pesadas cruzes e grossas correntes, aos prantos e pedindo aos céus pelo livramento daquela praga.

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Da Revista do Nordeste, 1945:

“O desfile realizou-se à meia-noite em ponto. Hora morta, hora pressaga, hora de súplicas pelas almas penadas na Terra. E, para aumentar o horror destes atos de mistério, em que os indivíduos se imprecavam mutuamente e mutuamente se torturavam, as irmandades avisavam que tais desfiles não podiam ser acompanhados de mulheres e crianças e, ainda mais, não deviam ser observados das varandas, como ‘infeliz e abusivamente se tem praticado’. E a febre ia devastando sem cessar. Até o Presidente da Província fora atacado. Até o Bispo Diocesano entrara para o rol dos amarelentos”.

Havia quem se aproveitasse do desespero das pessoas para comercializar imagens de santos e outros objetos, “advogados da peste”, como se dizia, que supostamente protegiam os crentes da doença. A epidemia ainda provocou uma curiosa guerra entre os curandeiros do Recife, com homeopatas e alopatas reivindicando para si os restabelecimentos que iam acontecendo. E havia até mesmo figuras públicas locais servindo como uma espécie de garotos-propaganda de um ou outro tratamento, garantindo sua eficácia. Uns defendiam tinturas milagrosas, outros vomitórios e clisteres. Este último procedimento era também conhecido como “chá de bico”, “cristel” ou “enema”.

Era uma espécie de lavagem intestinal caseira, receitada em casos de prisões de ventre persistentes, quando chás purgativos e outros laxantes não davam jeito. Fazia-se uso de um aparelho comum – ainda que, por motivos óbvios, pouco comentado - em algumas casas oitocentistas e mesmo de início do século XX. Consistia geralmente em um conjunto formado por penico, mangueira de borracha e um tipo de torneira. De uma ponta entrava a água, enquanto a outra era introduzida no reto do paciente, e assim se procedia à lavagem interna do enfermo. Para se curar, de constipação ou mais improvavelmente, de febre amarela, valia tudo mesmo.

O surto de febre amarela desorganizou a vida dos recifenses, em praticamente todas as suas esferas: as aulas foram suspensas e as escolas fecharam as portas. O tradicional desfile comemorando o aniversário da constituição do Império do Brasil precisou ser adiado. As igrejas já não tinham mais espaço para tantos mortos. E os jornais se enchiam de notícias de falecimento, notas de pesar ou sonetos fúnebres, estes não apenas escritos, mas também recitados às lágrimas junto às sepulturas que eram abertas e fechadas diariamente.

Foi aí, aliás, que o Estado, aliado às noções mais modernas e científicas de sanitarismo, venceu não só a poderosa Igreja, mas a indignação popular também. Passava-se enfim a proibir os sepultamentos dentro dos templos católicos ou qualquer outro, sob os protestos do povo, que não aceitava que seus mortos fossem enterrados fora da terra consagrada das igrejas. Apesar da gritaria, autorizou-se a construção do Cemitério de Santo Amaro, ao custo de 10 contos de réis à Câmara Municipal do Recife, com projeto do engenheiro José Mamede Alves Ferreira. O terreno foi abençoado em 25 de março de 1850 e, ao fim das obras no ano seguinte, era entregue à população, sob a égide do Senhor Bom Jesus da Redenção. As medidas ajudaram a debelar os novos casos, e a doença, aos poucos e a custo de muito sofrimento, foi afinal desaparecendo do Recife e do resto da província.

Assim, o surto de 1850 transformou a sociedade pernambucana, forçando medidas sanitárias que interrompiam o cotidiano e testavam a fé das pessoas, afetando até a cultura funerária que se praticava até então. E deixou – ou deveria ter deixado – lições preciosas acerca do papel do Estado na manutenção da saúde pública e da importância da ciência no enfrentamento de epidemias, em oposição a crendices e tratamentos infundados. Hoje, em tempos de covid-19 e exatos 170 anos desde que a febre amarela arrasou o Recife, esses ensinamentos precisam urgentemente ser postos em prática.

Por Frederico Toscano

Mestre em História Social do Nordeste pela UFPE, doutor em História Social pela USP

Especial para o LeiaJá

O presidente iraniano, Hassan Rohani, disse nesta quarta-feira (20) que seu país está perto do "controle" da epidemia Covid-19, dia em que mais de 2.000 novos casos foram anunciados em 24 horas.

O Irã é o país mais afetado no Oriente Médio, com 126.949 infecções e 7.183 mortes, segundo dados oficiais.

"Fizemos progressos em todos os aspectos da luta contra esse vírus perigoso e estamos prestes a controlar esta doença", disse Rohani em uma reunião do gabinete, transmitida pela televisão.

O Irã poderia "deixar de ter esses problemas" se os protocolos de saúde "fossem mais respeitados em algumas províncias, atualmente em uma situação desfavorável", acrescentou.

Pelo menos 24 dos 434 municípios do país ainda estão no vermelho, disse o vice-ministro da Saúde Aliréza Raïsi.

A força-tarefa do novo coronavírus estimou que 218 municípios estavam em baixo risco, mas existe esse número diminuir. A maioria das mortes registradas no Irã ocorreu em pessoas com mais de 70 anos.

A cidade de Guayaquil, foco da epidemia de Covid-19 no Equador, começará na próxima quarta-feira (20) a abrandar a quarentena imposta há nove semanas em todo o país para conter a doença, anunciou nesta segunda-feira (18) sua prefeita, Cyntha Viteri.

"Passaremos, com cautela, ao sinal amarelo", informou a prefeita da cidade, de 2,7 milhões de habitantes. O governo do Equador aplica desde meados de abril um semáforo para diferenciar o risco nas diferentes regiões do país.

Os 221 cantões começaram no vermelho, mantendo há nove semanas medidas restritivas como toque de recolher de 15 horas e suspensão do trabalho presencial e das aulas. Desde 31 de abril, apenas três cantões passaram ao amarelo, fase em que o toque de recolher é de oito horas e são retomadas as consultas em hospitais, o transporte urbano, o trabalho presencial com 50% dos funcionários e atividades comerciais.

Quito e várias das principais cidades do Equador se mantêm no vermelho, dentro do estado de exceção decretado pelo Executivo há dois meses e que irá se estender até meados de junho.

O Equador é um dos países latinos mais atingidos pelo novo coronavírus, com 34 mil casos, incluindo 2,8 mil mortos. A província de Guayas, cuja capital é Guayaquil, concentra 53% das infecções.

Desde que a presença do vírus foi declarada no Equador, em 29 de fevereiro, os sistemas de saúde e funerário entraram em colapso em Guayaquil, onde foram registradas cerca de 9,1 mil infecções. Apesar do início do desconfinamento, a cidade não considera a emergência encerrada.

"Pode haver um novo surto, uma segunda onda, se as medidas necessárias não forem tomadas. Seremos, então, obrigados a retornar ao sinal vermelho", manifestou a prefeita. O governo nacional deixou nas mãos dos prefeitos a decisão de iniciar o desconfinamento.

A epidemia de coronavírus no estado de Nova York, epicentro do surto da doença nos Estados Unidos, está em curva descendente, anunciou neste domingo o governador Andrew Cuomo, que pediu aos moradores que não abandonem as medidas de confinamento.

"Passamos do pico e tudo indica neste momento que estamos em queda", disse Cuomo em uma entrevista coletiva, antes de advertir que a continuidade da tendência de redução depende das ações adotadas.

"A continuidade da queda depende do que fazemos, mas agora estamos na descendente", disse Cuomo, que recentemente determinou a prorrogação do confinamento obrigatório até 15 de maio.

"Devemos permanecer inteligentes e coordenados", completou o governador, que insistiu em "não comprometer" o progresso alcançado no momento em que aumentam nos Estados Unidos os protestos para exigir o fim das medidas que obrigam a população a permanecer em suas casas e que pedem a retomada das atividades econômicas.

No estado de Nova York, onde vivem 20 milhões de pessoas, foram registrados 236.000 casos do novo coronavírus, quase um terço do total nos Estados Unidos, e mais de 13.000 mortes, segundo os dados mais recentes divulgados.

A epidemia do novo coronavírus está "sob controle e é administrável" na Alemanha, anunciou nesta sexta-feira (17) o ministro da Saúde, Jens Spahn.

"Podemos dizer agora que tem funcionado, que conseguimos passar de um crescimento dinâmico a um crescimento linear, as taxas de infecção diminuíram de maneira significativa", destacou Spahn em uma entrevista coletiva, durante a qual explicou que a Alemanha testou até o momento 1,7 milhões de pessoas.

De acordo com dados publicados pelo Instituto Robert Koch para o controle de doenças divulgado na quinta-feira (16) à noite, a taxa de infecção pessoa a pessoa caiu a 0,7%.

O 'ratio' de infecção é um indicador crucial para as autoridades, pois permite medir os passos graduais da Alemanha para sair do confinamento, que forçou o fechamento das escolas e da maioria dos estabelecimentos comerciais.

A partir de segunda-feira, as lojas de até 800 metros quadrados poderão reabrir as portas, caso obedeçam as regras rígidas de higiene, anunciou na quarta-feira a chanceler Angela Merkel. As escolas poderão retomar as aulas a partir de 4 de maio, começando pelos alunos mais velhos.

Durante a entrevista coletiva desta sexta-feira, Spahn informou que empresas alemãs produzirão 50 milhões de máscaras por semana a partir de agosto, incluindo 10 milhões do tipo FFP2, que apresentam uma proteção maior contra o coronavírus.

"Assinamos contratos com 50 empresas que desejam produzir 10 milhões de máscaras FFP2 e 40 milhões de máscaras cirúrgicas a partir de agosto", declarou o ministro.

O novo coronavírus provocou mais de 30.000 mortes apenas na Europa, com a Espanha atingindo um novo recorde diário nesta quarta-feira (1), o que levou o planeta a enfrentar a pior crise desde a Segunda Guerra Mundial, segundo a ONU.

Com 864 mortes nas últimas 24 horas, para um total de 9.053 vítimas fatais, e mais de 100.000 casos oficialmente declarados, a Espanha segue o trágico ritmo da Itália (12.428 mortos até terça-feira), os dois países europeus mais afetados pela COVID-19.

Em termos percentuais, que as autoridades espanholas estabelecem como um indicador de que a epidemia se estabiliza, o crescimento da mortalidade mantém sua paulatina desaceleração. Nas últimas 24 horas, alcançou 10,6%, contra os 27% registrados há uma semana.

Madri se mantém como a região da Espanha mais afetada pela epidemia, com pouco mais de 40% dos casos. Na Catalunha (nordeste), a doença segue em expansão, e a região registra mais pacientes em cuidado intensivo do que a capital.

Na Itália eram observadas longas filas diante de restaurantes populares, enquanto alguns supermercados foram alvos de saques, segundo a imprensa.

Mais 500.000 italianos precisam de ajuda para comer, que se unem aos 2,7 milhões que precisavam no ano passado, informou o Coldiretti, maior sindicato de agricultura do país.

"Normalmente servimos 152.525 pessoas. Agora temos 70.000 pedidos a mais", disse Roberto Tuorto à frente de um banco de alimentos.

Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump pediu aos compatriotas que se preparem para "os dias muito difíceis que nos esperam" e declarou que as próximas "serão duas semanas muito, muito dolorosas".

O número de mortes nos Estados Unidos pela COVID-19 superou 4.000 na madrugada de quarta-feira, um dado que dobrou em apenas três dias, de acordo com o balanço da Universidade Johns Hopkins.

Em todo o planeta, o coronavírus provocou mais de 43.000 vítimas fatais, com alguns países muito afetados, como o Irã, que registra mais de 3.000 óbitos.

Quase metade da população mundial está sob algum tipo de confinamento, enquanto os países buscam desesperadamente deter o avanço do vírus que já infectou mais de 865.000 pessoas no planeta desde que foi detectado em dezembro na China.

- As consequências econômicas -

O fechamento temporário de empresas e a paralisação da atividade econômica provocadas por tais medidas deixaram muitos trabalhadores sem renda e as consequências começam a ser percebidas nos países mais afetados.

Por exemplo, a indústria automobilística registrou uma queda histórica de mais de 70% no mercado francês.

A ansiedade pelo avanço da pandemia retornou nesta quarta-feira aos mercados, com perdas expressivas nas Bolsas europeias e asiáticas.

Enquanto Itália e Espanha devem estar próximas do pico de contágios após várias semanas de confinamento, o ponto máximo ainda não está próximo na América do Norte.

Estados Unidos registram quase 189.000 contágios, um número que dobrou em apenas cinco dias.

Integrantes da equipe especial de luta contra a pandemia do governo Trump divulgaram um prognóstico sombrio de entre 100.000 e 240.000 mortes no país nos próximos meses, caso as restrições atuais sejam respeitadas.

Nova York iniciou uma corrida contra o tempo para aumentar a capacidade de seus hospitais antes do pico da epidemia, esperado para acontecer dentro de sete a 21 dias, de acordo com o governador do estado, Andrew Cuomo.

Em Manhattan foram criados hospitais de campanha em um centro de convenções e em pleno Central Park. As autoridades planejam outra instalação similar no complexo esportivo de Flushing Meadows.

"É como uma zona de guerra", disse Donald Trump.

- "A humanidade está em jogo" -

Na América Latina, onde foram registrados quase 19.000 infectados e mais de 500 mortes, vários países decidiram prolongar as medidas, em uma tentativa de evitar o colapso dos sistemas de saúde.

Cuba anunciou o cancelamento do emblemático desfile do Dia do Trabalho em 1º de maio.

As turbulências econômicas e políticas provocadas pelo vírus representam um perigo real para a relativa paz que o mundo viveu nas últimas décadas, afirmou na terça-feira o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.

"É uma combinação, por um lado, de uma doença que é uma ameaça para todos no mundo, e em segundo lugar, porque tem um impacto econômico que provocará uma recessão sem precedentes no passado recente", disse Guterres.

"A humanidade está em jogo", advertiu.

"A combinação dos dois fatores e o risco de que contribua para uma crescente instabilidade, uma violência crescente e um conflito crescente é o que nos faz acreditar que esta é, de fato, a crise mais desafiadora que enfrentamos desde a Segunda Guerra Mundial", explicou.

Os ministros das Finanças e presidentes dos bancos centrais do G20, que se reuniram na terça-feira por videoconferência, prometeram ajudar os países mais pobres a suportar o fardo da dívida e a ajudar os mercados emergentes.

Na semana passada, os líderes deste grupo de países mais ricos e emergentes anunciaram que injetariam 5 trilhões de dólares na economia global para dissipar os temores de uma recessão.

- Casos assintomáticos na China -

Em Wuhan, a cidade em que a pandemia teve origem, as medidas de confinamento começaram a ser retiradas progressivamente e os primeiros passos ao ar livre de seus habitantes têm como principal motivação homenagear os mortos.

Paralelamente, a China anunciou nesta quarta-feira 1.367 casos assintomáticos de coronavírus, que se somam aos 81.554 contágios registrados, ao publicar pela primeira vez o número de pessoas atualmente positivas mas sem manifestar febre e tosse características da COVID-19.

Ao mesmo tempo, a escassez derivada da pandemia provocou protestos em alguns países pobres, por exemplo na África.

"Na Nigéria, quando você trabalha já passa fome. Imagine quando não pode trabalhar", resumiu Samuel Agber, que trabalha com reparos de aparelhos de ar condicionado.

"Que nos importa este vírus, se temos filhos e netos para alimentar", criticou uma idosa em Port Elizabeth (África do Sul).

Em meio a notícias sobre o aumento do número de infectados, medidas radicais de contenção, vítimas e outras informações que alertam sobre a gravidade do novo Coronavírus, o emocional de quem passou a se adaptar há uma rotina sem toques, pode começar a adoecer. Para tentar equilibrar as preocupações causadas pela quantidade de reportagens focadas nas consequências da doença, um trio de pernambucanos criou um site para caçar apenas notícias positivas sobre a pandemia.

Chamado The Good News Coronavirus ou “As boas notícias do Coronavírus”, em tradução livre, a página foca em re-postar matérias de grandes sites de notícias, envolvendo vacinas, pesquisas sobre a cura e diminuição de casos ao redor do mundo. A ideia partiu do engenheiro de software, Fernando Fernandes, que depois de perder o foco e o sono com notícias relacionadas ao COVID-19, convocou dois amigos, a design Rafaela Liberal e o também engenheiro de software, Maciel Melo, para criar a página. Juntos, os três começaram uma busca constante por uma forma positiva de passar pela pandemia. Ele conversou com exclusividade com o Leiajá e contou um pouco mais sobre esta iniciativa.

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“Ultimamente eu só estava vendo notícias ruins sobre o corona e o fato de haver pessoas na minha família que têm problemas de saúde, hipertensão e problemas de coração, como minha avó, me deixou preocupado. Quanto mais eu via as notícias mais eu ficava mal porque não enxergava reportagens boas sobre cenário. Eu até vi um site dizendo que 'todo mundo vai pegar' e isso para mim é desesperador”, conta Fernando. 

Ele explica que começou a se questionar sobre o outro lado da moeda. As informações sobre progresso de pesquisas, vacinas e até mesmo, pacientes curados. “Comecei a me perguntar, mas cadê as notícias boas? Como está a busca pela vacina como é que tá o avanço das coisas?”, assim surgiu o The Good News.  “A gente pesquisa no Google, em sites brasileiros e também temos uma planilha para pessoas do meu trabalho colocarem os links das notícias boas. Assim, vemos e indexamos ao site por ordem de prioridade. Quem acessa vê sempre as mais recentes”, conta. 

O site começa a operar nesta sexta-feira (20), mas já é possível ver algumas das notícias encontradas pelos pernambucanos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é o país mais ansioso do mundo e, para ajudar a segurar um pouco da ansiedade iniciativas para cuidar da saúde mental também são indicadas por profissionais da psicologia. 

Teorias da conspiração, tratamentos inadequados ou dicas falsas de prevenção. A propagação relâmpago de informações falsas de todo tipo sobre o novo coronavírus prejudica a luta das autoridades para frear a pandemia.

Ainda em fevereiro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou sobre a "infodemia maciça" que rodeava a COVID-19, ou seja, uma superabundância de informações, que nem sempre são verdadeiras ou exatas.

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Prova disso desde o início da epidemia, o serviço de factchecking da AFP (AFP factual) publicou nada menos que 140 artigos em inglês verificando as afirmações falsas mais virais, 52 em espanhol e 53 em francês.

"As mesmas informações falsas aparecem na Ásia, Europa, Estados Unidos e América Latina com poucas horas de diferença", explica à AFP Cristina Tardaguila, diretora associada da rede internacional de factchecking IFCN, cujos membros, presentes em 45 países, compartilham seus artigos.

"Temos ganhado batalhas", com afirmações falsas que deixaram de circular, afirma Tardaguila, "mas estamos perdendo a luta vinculada aos falsos tratamentos e falsas prevenções".

A falta de um tratamento médico contra o coronavírus, os falsos remédios (tomar cocaína, beber alvejante), as falsas recomendações (não utilizar gel desinfetante porque é cancerígeno), os números de emergência falsos e testes de detecção falsos se multiplicam pelas redes.

- Velocidade de reação -

Se as pessoas criam e compartilham deliberadamente conteúdo falso, com finalidade de conspiração -como os vídeos que afirmam que o vírus foi criado em um laboratório francês- ou mesmo fins comerciais - como os falsos remédios à venda - "muitas pessoas" transmitem afirmações sem saber que são falsas e, portanto, sem "malícia", comenta à AFP Claire Wardle, especialista em desinformação.

Com a introdução de medidas de contenção em vários países, o fenômeno se intensifica.

"Muita gente está sozinha em casa, então todos se enviam mensagens porque as pessoas estão assustadas e querem ajudar", destaca a especialista.

E a especificidade desta crise sanitária mundial, que causou mais de 10.000 mortes no mundo desde seu surgimento em dezembro, é justamente a desinformação, que "afeta absolutamente a todo o mundo, incluindo as pessoas instruídas".

Para Emanuele Capobianco, diretor de saúde da Federação Internacional de Sociedades da Cruz Vermelha (IFRC), longe de ajudar, esta troca de informações não verificadas teve um "impacto muito negativo na velocidade de reação" das sociedades diante da epidemia quando "a velocidade é um fator crítico para conter uma epidemia".

As plataformas, duramente criticadas, se veem obrigadas a atuar para romper a viralidade da informação falsa e apresentar informações vindas de fontes autorizadas, como os centros de controle de doenças e a Organização Mundial da Saúde (OMS).

No Google, fonte mais consultada no contexto do coronavírus, as informações publicadas são da OMS.

O Facebook se mobilizou em várias frentes, como a valorização da informação proporcionada por fontes competentes, a luta contra a propagação de conteúdos nocivos (publicidade para os supostos remédios, informação falsa) e o apoio aos serviços de saúde com fundos e ferramentas informáticas.

"O nível de chamadas através do WhatsApp e Messenger duplicou em relação ao habitual" nas regiões mais afetadas pela pandemia, afirmou na quarta-feira Mark Zuckerberg, presidente executivo da rede social.

Whatsapp, onde circulavam inúmeras mensagens de "pesquisadores" ou de "pessoas em contato com o governo", anunciou uma subvenção de 1 milhão de dólares para apoiar os membros da IFCN.

Como as conversas são privadas, a troca de mensagens entre os 2 bilhões de usuários constitui um grande desafio na luta contra a desinformação.

Incluídos no rol de serviços essenciais, todo efetivo de agentes penitenciários segue em operação no sistema prisional de Pernambuco. Devido a facilidade de propagação do Covid-19, tendo em vista o acúmulo de reclusos dentro dos presídios, a Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) decidiu adequar os carcereiros em plantão especial para conter a pandemia.

Sem direito a quarentena, outra orientação do órgão repassada aos profissionais é que mantenham as medidas de higiene recomendadas pelo Ministério da Saúde. Para evitar a contaminação de reclusos inseridos no grupo de risco, a Seres também vai agilizar os pedidos de prisão domiciliar para que a Justiça os avalie o quanto antes. Assim, presos com mais de 60 anos e gestantes cumpririam pena fora das unidades.

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Semiaberto- Os detentos do regime semiaberto, que representam 12% da população carcerária de Pernambuco, terão as saídas mantidas. Ou seja, após cumprir expediente fora dos presídios, ao retornar, devem passar por uma triagem feita pelas pela equipe de saúde antes de se dirigirem ao recolhimento.

Mesmo com a redução do número de visitas, o Sindicato dos Policiais Penais de Pernambuco (Sinpolpen) anunciou que entrará com processo judicial para que o governo de Pernambuco suspenda as visitas nos presídios do estado. A expectativa é que a solicitação seja protocolada nesta segunda-feira (23). O LeiaJá entrou em contato com o representante da categoria, porém não obteve retorno.

O que deveria ser uma viagem dos sonhos, repleta de boas recordações e novas experiências, acabou virando um verdadeiro pesadelo para quatro pernambucanos. De férias no Peru, desde o dia 2 de março, eles foram obrigados a interromper toda a programação de lazer, após o presidente Martín Vizcarra decretar estado de emergência no país, por conta do novo coronavírus. Sem conseguir chegar a capital Lima e sem informações e providências definitivas vindas Governo Federal, os rapazes, que têm entre 28 e 32 anos, seguem proibidos de sair da cidade de Cusco. A reportagem do Leiajá teve contato com um dos brasileiros e traz o relato exclusivo de como está a situação deles no Peru.

“Nós chegamos dia 11 (de março), quando ainda só tinham 30 casos de infectados confirmados (no Peru). Ocorre que, no dia 15, ao meio-dia, o número de infectados subiu para 72 e às 20h o presidente decretou o estado de emergência", conta Emanuel Gonçalves, um dos quatro jovens pernambucanos que está em viagem de férias ao país latino-americano. Ele relata que, após o comunicado do regente, as pessoas informaram que tudo funcionaria normalmente. “No entanto, quando amanheceu, já haviam suspendidos alguns serviços e tivemos que voltar às pressas para Cusco. Nós estávamos em Águas Calientes”, conta.

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De lá para cá as coisas pioraram. Apesar dos primeiros momentos parecerem calmos, as restrições aumentaram em pouquíssimo tempo. “Quando chegamos aqui em Cusco, na segunda (16), tudo parecia normal. Só a presença policial havia se intensificado. Mas tinha muita gente na rua. Todo mundo comprando suprimentos. Muita gente com sacola na mão”, conta Emanuel. “Na Praça de Armas, perto de onde estávamos hospedados, a presença policial era muito forte, e já estavam controlando o fluxo de pessoas, fazendo com que a gente evitasse passar por lá”, diz. 

Natural de São José do Belmonte, cidade do Sertão pernambucano que inspirou o conto de Ariano Suassuna "A Pedra do Reino", Emanuel relata que agora não é possível sair do hostel que está hospedado com outros três amigos. Renan Albuquerque e Amos Rodrigues, do Recife, e José Hélio, natural de Caruaru, seguem isolados com o amigo, aguardando as autoridades brasileiras anunciarem medidas para a retirada dos turistas. “A embaixada brasileira tem sido genérica. As respostas apresentadas são do tipo ‘aguarde e siga a orientação do governo peruano’”, lamenta Emanuel. Três são funcionários do Ministério Público de Pernambuco e um dos rapazes trabalha para o Tribunal de Justiça do estado.

Ruas vazias e multas para quem sair do isolamento

Onde antes haviam moradores e turistas, hoje, só há patrulhas para impedir a população de aumentar o contágio do COVID-19.  “Ontem, saímos do hostel para comprar água e comida, haviam algumas pessoas na rua e muitos policiais. Fomos parados pelo menos três vezes pela polícia que nos orientou a voltar pro hostel e não sair em hipótese alguma”, conta o servidor. “Os policiais informaram que se fôssemos encontrados na rua novamente poderíamos ser detidos e o hostel multado. A saída para compra de suprimentos deveria ser feita pelos administradores do hostel e não por nós”, diz.

A falta do direito de ir e vir não é o único problema enfrentado pelo grupo. Com a passagem de volta marcada para esta quarta-feira (18), mas sem poder embarcar de volta para casa, os pernambucanos seguem assustados também com a falta de programação financeira para esticar a viagem. “Mercados e farmácias estão abertos. A questão é o preço. Como não estávamos programados para ficar mais 15 dias aqui a situação se complica. Temos que pagar hostel, comida e o novo sol custa mais que o real. Felizmente o comércio não apresentou comportamento abusivo, elevando os preços, mas as coisas aqui já são normalmente mais caras. Uma cartela de anti-inflamatório, por exemplo, pode custar 45 soles (cerca de R$ 64)”, explica Emanuel.

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“Parece que nossas vidas não importam muito”

Mesmo negociando com as companhias aéreas muitos turistas não conseguem sair das cidades adjacentes por cancelamentos de transportes locais, como é o caso dos quatro pernambucanos. “Quando soubemos do decreto entramos em contato com a Gol que remarcou o voo pra dia 20, de Lima. Mas a Sky cancelou todos os voos interprovinciais”, relata o turista brasileiro, ressaltando que a falta de atitude do Governo Federal para o resgate é a parte mais decepcionante da viagem.

“A frustração maior agora é a falta de informação da embaixada. Para gente, aparenta uma falta de compromisso do governo brasileiro com seu povo. México, EUA, Argentina e Israel já enviaram aviões para resgatar seus cidadãos. O Brasil está negociando com as companhias aéreas ainda. Parece que nossas vidas não importam muito. A questão financeira dos custos do nosso traslado parece ser mais importantes”, lamenta.

O que diz a embaixada

Em nota, o Itamaraty informou que a embaixada brasileira em Lima solicitou ao Ministério das Relações Exteriores do Peru esclarecimentos sobre autorizações e procedimentos para saída do território peruano por via terrestre com veículos particulares, mas ainda não há resposta do governo peruano. Entre as medidas divulgadas pelo Itamaraty estão a realização de contatos junto a companhias aéreas para viabilizar voos de retorno ao Brasil, prestação de assistência a brasileiros em situação de comprovado desvalimento, entre outras.

Para brasileiros que enfrentam situações de emergência as orientações são o envio de e-mail para a Embaixada (consular.lima@itamaraty.gov.br) ou realização do contato por meio da página oficial do órgão no Facebook. Situações emergenciais poderão ser tratadas por telefone nos números de plantão consular +51 985 039 263 e +51 985 039 253, preferencialmente por mensagens via WhatsApp, sendo classificadas a partir de acidente, morte, doenças graves, detenção no aeroporto, desaparecimento, prisão, violência doméstica, sequestros e casos similares. Para outros, infelizmente, a recomendação é esperar.

 Após uma semana de isolamento forçado em toda a Itália por causa do novo coronavírus (Sars-CoV-2), o país pode estar começando a ver uma luz no fim do túnel da pandemia que já contaminou 200 mil pessoas e deixou cerca de 8 mil mortos em todo o mundo.

O balanço divulgado pela Defesa Civil nesta terça-feira (17) confirmou o quarto dia seguido de desaceleração no ritmo de novos contágios, embora a situação ainda seja delicada, especialmente no norte do país.

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Até o momento, a Itália contabiliza 31.506 pessoas afetadas pelo novo coronavírus, incluindo casos ativos, mortes e pacientes curados, o que representa um aumento de 12,60% em relação ao relatório de 16 de março, que havia registrado alta de 13,06% - no sábado e no domingo a expansão foi de, respectivamente, 19,80% e 16,97%.

Até 9 de março, quando o primeiro-ministro Giuseppe Conte anunciou o decreto que restringe a circulação de pessoas em todo o território nacional, a epidemia avançava a uma taxa média diária de 26,54%. Agora, considerando o período desde 28 de fevereiro, quando a Defesa Civil passou a divulgar apenas um balanço por dia, a média de crescimento é de 22,19%.

"É preciso esperar para cantar vitória, mas é interessante que este aumento não seja mais tão vertical. Acredito que isso seja já um sinal não de decréscimo, mas de desaceleração. Só não quero ser muito otimista, porque esses casos dados agora na verdade são antigos, talvez de infecções de 10 ou 11 dias atrás", afirma, em entrevista à ANSA, o virologista italiano Fabrizio Pregliasco, professor do Departamento de Ciências Biomédicas para a Saúde da Universidade dos Estudos de Milão.

Com a disseminação do Sars-CoV-2 e da doença por ele provocada, a Covid-19, países do mundo inteiro vêm tomando medidas drásticas para "achatar" a curva epidêmica, ou seja, evitar um aumento vertiginoso no número de casos e manter o índice dentro do que pode ser suportado pelos sistemas de saúde nacionais.

Esse é o drama da Itália, que saiu de três para 31.506 contágios em 26 dias e agora vê hospitais sob ameaça de colapso por causa do ritmo agressivo da epidemia. O Hospital Papa Giovanni XXIII, em Bergamo, província mais atingida pelo Sars-CoV-2, já não tem mais vagas em sua unidade de terapia intensiva (UTI) para pacientes do novo coronavírus.

A província fica nos arredores de Milão, na Lombardia, e contabiliza 3.993 contágios, o que representa um impressionante índice de 358 para cada 100 mil habitantes. Se Bergamo fosse um país, seria o mais atingido pela epidemia em termos proporcionais - para efeito de comparação, a Itália tem 52 casos/100 mil habitantes.

Mas o ritmo de crescimento dos contágios na província também caiu nos últimos quatro dias: de um aumento de 20,95% em 14 de março para 6,20% no dia 17. No entanto, apesar da redução da velocidade de disseminação do novo coronavírus, ainda é difícil prever quando a Itália atingirá o pico da epidemia.

"Tem diversos modelos que colocam o pico nesta quarta, mas eu acredito ainda em três, quatro, cinco dias, uma semana, talvez, e depois esperamos uma lenta redução", diz Pregliasco. 

Da Ansa

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) divulgou, nesta quinta-feira (12) um comunicado de suspensão de aulas no período de 13 a 29 de março. A decisão foi tomada em virtude da pandemia do novo coronavírus.

Além disso, serão mantidas apenas as atividades essenciais, que ainda serão definidas e informadas à comunidade geral e acadêmica através do comitê de crise promovido pela reitoria. 

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Ainda nesta quinta (12), todos os órgão da administração central da instituição deverão definir e submeter seu plano de contingência. Além disso, todas as viagens de docentes e funcionários da universidade estão suspensas, bem como o recebimento de visitantes. 

Novas informações sobre ações e medidas relacionadas ao caso serão divulgadas pelo site da Unicamp ou na Página oficial do Instagram.

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O governo da China declarou nesta quinta-feira (12) que o pico da epidemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2) foi superado e que a situação no país continua apenas com "níveis muito baixos". De acordo com o porta-voz da Comissão Nacional de Saúde (NHC), Mi Feng, a contaminação de pessoas pelo vírus despencou nas últimas semanas e está centralizada na cidade de Wuhan, na província de Hubei, epicentro da epidemia.

Nas últimas 24 horas, foram contabilizados 15 novos casos, sendo que seis deles são importados, e 11 mortes - das quais, 10 foram em Hubei. Mi Feng ainda afirmou que a prioridade absoluta do governo é a cura daqueles que estão sob cuidados médicos, bem como a manutenção dos esforços de prevenção da epidemia. Pouco depois, o primeiro-ministro do país, Li Keqiang, admitiu que o governo não está subestimando os impactos econômicos que a epidemia está causando, mas que fará de tudo para "estabilizar" os empregos.

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No entanto, ressaltou que se houver uma pequena redução no crescimento chinês em 2020 isso "não será de grande importância" se o desemprego não aumentar. Conforme dados do Centro de Ciência e Engenharia de Sistemas da Universidade John Hopkins, a China registrou 80.932 casos da nova doença, com 3.172 mortes confirmadas (3.056 delas em Hubei).

Da Ansa

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), vinculada ao Ministério da Educação (MEC), recomendou, nesta terça-feira (10), que bolsistas que cumprem missões internacionais evitem o trabalho em lugares onde há transmissão sustentada do coronavírus. Isso significa que a transmissão é realizada quando o paciente infecta outra pessoa sem ter viajado para fora do país. A orientação segue as diretrizes do Ministério da Saúde.

As 36 instituições de ensino superior brasileiras participantes do Programa Institucional de Internacionalização (Capes PrInt) foram comunicadas por meio de documento emitido pelo ministério. Várias delas possuem acordos internacionais com países que estão na lista de alerta das autoridades de saúde do Brasil.

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A sugestão do MEC é que as viagens sejam reprogramadas dentro do período de vigência do projeto ou que o destino seja alterado. Caso não seja viável a alteração, o bolsista poderá solicitar a desistência do programa. Quem já está em missão em algum dos países e regiões de alerta pode solicitar o retorno antecipado.

"Estamos apenas no início desta epidemia do novo coronavírus na França", afirmou nesta terça-feira (10) o presidente francês Emmanuel Macron, no momento em que o país registra mais de 1.400 casos e 25 mortes.

"Estamos apenas no início desta epidemia. Temos que ser muito claros e lúcidos (...) Estamos organizados, em particular o SAMU (Serviço de Atendimento Médico de Urgência), que enfrenta o começo desta crise", declarou Macron depois de visitar um hospital em Paris.

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Ela trabalha em Paris, mas consulta um médico em Xangai pelo computador, porque sua tosse a preocupa: na China, o coronavírus proporciona à telemedicina um boom sem precedentes.

A 10.000 quilômetros de distância, o médico de Xangai diagnostica esta chinesa que vive na França com um resfriado simples e prescreve um pouco de descanso. Não há razão para temer a pneumonia viral.

Em pânico com o vírus, milhões de chineses vêm limitando ao máximo seus contatos desde o final de janeiro, quando a gravidade da doença foi reconhecida publicamente pelas autoridades. Acima de tudo, temem ser infectados indo a hospitais sobrecarregados.

Desde o início da epidemia, as plataformas de telemedicina, desenvolvidas em particular pelas gigantes locais da Internet Tencent e Alibaba, registraram um forte aumento no tráfego.

O WeDoctor, que lançou em 23 de janeiro uma seção específica para a Covid-19, afirma que, somente em fevereiro, registrou cerca de 1,5 milhão de consultas on-line. Com mil médicos associados, seu concorrente AliHealth garante informar mais de 3.000 pacientes por hora.

E a tendência se espalhou para estabelecimentos de saúde pública.

- "Mudança a longo prazo" -

Em Xangai, o Hospital Central de Xuhui, que faz experimentos com telemedicina desde 2015, recebeu uma licença especial do governo no mês passado para explorar esse novo nicho.

Em apenas algumas semanas, as consultas pela Internet passaram de praticamente zero para mais de 5.000 no último domingo.

"Para a medicina, essa é uma mudança de longo prazo", alerta Zhou Jian, chefe do estabelecimento que abriu suas portas para a mídia no início desta semana.

Os pacientes devem primeiro baixar um aplicativo e, depois, esperar em uma fila. Após uma breve consulta, os médicos aconselham o internauta: simples descanso, prescrição de medicamentos, ou mesmo um exame aprofundado com um especialista, um processo que também pode ser feito de modo remoto.

"Não importa onde você esteja, você pode consultar, desde que tenha um telefone celular e Internet", diz Zhou.

Neste estabelecimento pioneiro em Xangai, os medicamentos são pagos on-line, através das onipresentes plataformas de pagamento eletrônico no país. Eles são entregues gratuitamente aos pacientes, às vezes no mesmo dia.

Especialmente com a epidemia da Covid-19, o dinheiro em espécie perdeu ainda mais seu brilho. Os chineses temem ser infectados e relutam em usar dinheiro em espécie para suas compras diárias. Recentemente, o país embarcou em uma desinfecção de notas em larga escala.

- Um obstáculo -

A maioria das consultas on-line não está relacionada ao coronavírus. Da pediatria à cardiologia e dermatologia, dezenas de médicos se revezam em cabines equipadas com computadores.

Vantagens: menos pressão para a equipe de enfermagem e maior eficiência, sem mencionar o tempo de espera reduzido para pacientes que não precisam mais viajar fisicamente para se consultar.

Mais do que qualquer outro país, a China adotou espetacularmente as tecnologias móveis nos últimos anos. Do pagamento de faturas ao pedido de produtos frescos, ou de café: tudo agora é feito na ponta dos dedos, em uma tela de smartphone.

A tecnologia pode ser, no entanto, uma barreira para os idosos, diz o cardiologista Wang Dewen, de 75 anos.

"Eles não se sentem tão confortáveis usando um telefone celular. Este é provavelmente o maior problema", afirma.

O número de pessoas infectadas pela Covid-19 no mundo chegou a 105.836, das quais 3.595 faleceram, em 98 países e territórios - aponta um balanço da AFP feito com base em fontes oficiais neste domingo (8).

Desde o último balanço, divulgado ontem, foram diagnosticados 933 contágios e outros 39 óbitos. A China (sem os territórios de Hong Kong e Macau) somava 80.695 casos, com 3.097 mortes.

Entre o sábado, às 14h (horário de Brasília), e o domingo, às 6h (horário de Brasília), surgiram no país 44 novos casos e mais 27 óbitos. No restante do mundo, registravam-se até este domingo, às 6h, 25.141 casos de pessoas infectadas (mais 889), das quais 498 vieram a falecer (mais 12).

Os países mais afetados depois da China são Coreia do Sul (7.134 casos – 367 novos – e 48 mortos), Itália (5.883 e 233 mortos), Irã (5.823 casos e 145 mortos) e França (949 casos – mais 233 – e 16 mortos).

Desde sábado, às 14h, China continental, Coreia do Sul, França, Austrália e Argentina registraram novos casos letais. A primeira morte na Argentina foi um hommem de 64 anos. Moldávia, Bulgária, Paraguai e Ilha de Malta anunciaram casos de contágio em seu território pela primeira vez.

Até este domingo, também às 6h, e desde o início da epidemia, a Ásia somava 89.525 contágios (3.162 mortos); a Europa, 9.655 (263); o Oriente Médio, 6.158 (149); Estados Unidos e Canadá, 270 (16); Oceania, 83 (3); África, 78; e América Latina e Caribe, 66 (1).

Este balanço foi realizado com base em dados das respectivas autoridades nacionais, assim como com informações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

- Impacto do coronavírus

Ontem, a China anunciou um recuo de 17,2% das exportações em um ano, após a queda em janeiro e fevereiro, em consequência do coronavírus. O anúncio aumenta a preocupação com o impacto da epidemia na economia mundial, que tem no gigante asiático um motor crucial.

Diante da expansão do novo coronavírus, autoridades de vários países cancelaram, ou adiaram, eventos esportivos e manifestações, como a Maratona de Barcelona (Espanha), prevista para 15 de março.

A Hungria cancelou a celebração de sua festa nacional, em 15 de março, em Budapeste. No Canadá, foi cancelado o Campeonato Mundial de Hóquei no Gelo feminino.

O governo italiano decidiu hoje pôr em quarentena mais de 15 milhões de pessoas no norte do país, cerca de 25% da população total. Além disso, museus, teatros, cinemas, salas de concertos, pubs, salões de jogos e outros estabelecimentos similares ficam fechados em todo país até 3 de abril.

Pelo menos 13 países fecharam suas escolas, afetando cerca de 300 milhões de estudantes em diferentes partes do mundo.

Muitos países estão fechando suas fronteiras a viajantes, ou exigindo que sejam colocados em quarentena se procededentes de países já afetados.

Ao menos 36 países decidiram impor proibição total de entrada a pessoas recém-chegadas da Coreia do Sul, e outros 22 adotaram a quarentena. A Rússia fechou suas fronteiras para quem quiser entrar no país proveniente do Irã.

Já a Coreia do Norte pôs fim à quarentena imposta a mais de 3.600 pessoas, anunciou a imprensa oficial neste domingo.

Em Belém, principal cidade turística dos Territórios Palestinos, as autoridades impediram a entrada e a saída de turistas, depois de detectar 16 casos na Cisjordânia. Nesta localidade, foi declarado estado de emergência sanitária.

O número de pessoas infectadas com Covid-19 no mundo chegou a 101.988, das quais 3.491 morreram, em 94 países e territórios, segundo um balanço da AFP com base em fontes oficiais até as 14h desta sexta-feira.

Desde a véspera às 14h foram diagnosticados 1.146 novos contágios e 35 mortes.

A China (exceto os territórios de Hong Kong e Macau), onde a epidemia surgiu no final de dezembro, teve 80.651 casos e 3.070 mortes. Entre 14h de sexta-feira e 6h deste sábado foram registrados 99 novos casos e 28 mortes.

Fora deste país, tinham sido registrados 21.337 casos (1.047 novos) nesta sexta-feira às 15h GMT (12h de Brasília), dos quais 421 morreram (sete novos).

Os países mais afetados depois a China são Coreia do Sul (6.767 casos, 483 deles novos, e 44 mortes), Irã (4.747 casos, dos quais 1.234 são novos, e 124 mortes), Itália (4.636 casos e 197 mortes) e Alemanha (684 casos, 150 deles novos, sem óbitos).

Desde sexta-feira às 14h, China continental, a Coreia do Sul, os Estados Unidos e o Reino Unido registraram novos casos fatais. Colômbia e Costa Rica anunciaram pela primeira vez casos em seus territórios.

Neste sábado, às 6h, desde o começo da epidemia a Ásia somava 89.021 casos e 3.131 mortes; a Europa, 7.503 casos e 215 mortes; o Oriente Médio, 5.032 casos e 127 mortes; os Estados Unidos e o Canadá, 364 casos e 16 mortes; a Oceania, 76 casos, com duas mortes; a América Latina e o Caribe, 50 casos; e a a África, 42 casos.

Esse balanço foi elaborado com dados coletados pelos escritórios da AFP com base em relatórios das autoridades nacionais competentes e informações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) citou uma "longa lista de países" que não estão fazendo o suficiente para impedir a propagação da epidemia de COVID-19, responsável pela adoção de medidas draconianas que deixaram quase 300 milhões de estudantes sem aulas e interromperam o turismo, atingindo muitas companhias aéreas.

Segundo a OMS, "não é hora de abandonar (...) ou encontrar desculpas, é hora de ir fundo" no enfrentamento da epidemia, disse à imprensa o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus,, que criticou a "longa lista" de países que não mobilizaram todos seus esforços.

E a epidemia está se espalhando como fogo em todo o mundo. Já deixou 3.346 mortos e 97.510 infectados, afeta 85 países em todos os continentes, exceto a Antártica, e atrapalha a vida cotidiana de um número crescente de países.

A Itália, como Irã, Índia, Coreia do Sul ou Japão, deu férias a seus estudantes por conta da doença.

O fechamento de 58 mil escolas, faculdades, institutos e universidades é uma medida sem precedentes na Itália, onde mesmo os bombardeios durante a Segunda Guerra Mundial não paralisaram as instituições de ensino.

A decisão foi "difícil" e com consequências econômicas "de peso", segundo o primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte, que a adotou na véspera contra a opinião de alguns de seus assessores, segundo a imprensa italiana.

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação e a Cultura (Unesco), a epidemia COVID-19 fez com que 13 países decidissem pelo fechamento de escolas, afetando quase 300 milhões de estudantes, uma "decisão sem precedentes".

Há duas semanas, apenas a China, onde o vírus surgiu em dezembro, era o único país a adotar essa medida.

- Espaços confinados -

Transportes públicos, estádios, salas de espetáculos ou locais de culto, ou seja, todos os espaços fechados que acolhem grupos de pessoas devem ser evitados.

A Rússia cancelou seu principal fórum econômico marcado para junho em São Petersburgo.

O Parlamento Europeu transferiu sua sessão plenária prevista para a semana que vem em Estrasburgo para Bruxelas, devido à disseminação do vírus na França, onde 7 mortes e 138 casos foram registrados nas últimas 24 horas, elevando o número total de infectados a 423, afetando todo o país.

Na Grécia, em meio à crise migratória, 21 dos 24 passageiros de um ônibus, turistas que viajaram para Israel por vários dias, apresentaram resultado positivo para o coronavírus, aumentando o número de casos no país para 31.

Muitos países tomam medidas para proibir a entrada em seu território de viajantes de áreas de risco ou impor quarentenas para tentar se proteger da epidemia.

Pelo menos 36 países impuseram restrições à entrada de pessoas da Coreia do Sul, de acordo com Seul, e outros 22 impuseram medidas de quarentena.

A Autoridade Palestina proibiu na quinta-feira o turismo por duas semanas na Cisjordânia, onde fechou a Basílica da Natividade em Belém, local de nascimento de Jesus, segundo a tradição cristã, após o aparecimento de sete casos neste território ocupado por Israel.

- China, o país mais afetado -

A China continua sendo o país mais afetado, com 80.409 casos e 3.012 mortos (sem contar os territórios de Hong Kong e Macau).

Em seguida vem Coreia do Sul (6.088 novos -467 casos- e 35 mortos), Itália (3.858 casos, contra 3.089 do dia anterior e 148 mortos), Irã (3.513 casos, 591 novos e 107 mortos).

Como a Suíça, o Reino Unido anunciou nesta quinta-feira uma primeira morte pela epidemia, uma pessoa idosa que sofria de outra patologia.

O vírus afeta novos países todos os dias. A África do Sul registrou o primeiro caso confirmado, um homem de 38 anos que esteve recentemente na Itália, e o Chile já tem quatro casos.

Na Argélia, 16 membros da mesma família na região de Blida, perto de Argel, foram infectados pelo coronavírus depois de terem entrado em contato com argelinos que moravam na França, segundo o Ministério da Saúde do país.

O mundo do esporte também foi afetado. A partida de rúgbi entre as seleções da Itália e Inglaterra pelo Torneio das Seis Nações, marcada para 14 de março em Roma, foi adiada, assim como a maratona de Paris, originalmente marcada para 5 de abril com 6.000 inscritos, que agora será realizada em 18 de outubro.

No entanto, um alto funcionário da saúde dos Estados Unidos informou nesta quinta-feira que a taxa geral de mortalidade para o novo coronavírus é estimada em 1% ou menos, menor do que se pensava.

- Tráfego aéreo -

Em poucas semanas, máscaras, géis desinfetantes, luvas e roupas de proteção foram vendidos em muitos países, que tomaram medidas para proibir a exportação de suprimentos médicos.

A China agora teme novas infecções de indivíduos que retornam ao país, como um estudante chinês que estava no Irã em voltou para Xangai na segunda-feira.

A quarentena na província de Hubei, e principalmente em sua capital Wuhan - epicentro da epidemia -, desde o final de janeiro parece ter dado frutos, pois o número de novas mortes está caindo e mais de 50.000 pessoas se recuperaram.

No entanto, essas medidas draconianas paralisaram a economia do gigante asiático e ameaçam o crescimento global.

Vítima colateral, a companhia aérea britânica Flybe cancelou suas operações, atingida por uma queda brutal no tráfego aéreo no mundo.

No total, as companhias aéreas mundiais podem perder 113 bilhões de dólares em receita, uma crise "quase sem precedentes", afirmou nesta quinta-feira a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA).

A Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco (SEE), em parceria com a Secretaria de Saúde do Estado, realiza no período de 9 a 13 de março uma série de atividades voltadas para conscientizar docentes, funcionários e estudantes sobre a epidemia do coronavírus. A ação será realizada em todas as escolas da Rede Estadual. A abertura acontece a partir das 9h, no auditório da SEE, localizado na Avenida Afonso Olindense, nº 1513, Várzea, Recife. 

 O momento reunirá gestores e coordenadores das Gerências Regionais de Educação do Estado para uma palestra de orientação com o secretário estadual de Saúde, André Longo, que vai apresentar as principais características da doença, seus sintomas e como se prevenir em casos de suspeita. 

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O intuito é fazer com que os estudantes se informem sobre questões importantes referente ao novo covid-19, para que a propagação de notícias falsas sejam descartadas, e a prevenção estimulada. “O assunto tomou a atenção do público e vemos por aí muito alarmismo devido a fontes duvidosas de informação. Nossa ideia com este encontro é fazer chegar até a escola os dados mais precisos sobre o assunto, compartilhados pela equipe técnica da Secretaria de Saúde”, disse Fred Amancio, secretário de Educação e Esportes de Pernambuco, segundo informações da assessoria de imprensa.

A Secretaria irá fornecer material de apoio para todas as unidades e, ao longo da semana, as escolas serão orientadas a dedicar um dia para atividades ligadas ao debate sobre o coronavírus. 

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