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Estados e municípios agora poderão indicar ao governo federal as obras paradas que precisam ser retomadas com prioridade. Desde esta sexta-feira (10), está em funcionamento a plataforma Mãos à Obra, um sistema de monitoramento que permitirá aos governos locais atualizar, em um banco de dados, empreendimentos paralisados ou inacabados em suas regiões.

Desenvolvida pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) em menos de 30 dias, a plataforma indicará à União que projetos merecem ser retomados com mais urgência. A ferramenta auxiliará o governo federal a mapear e identificar as prioridades.

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Segundo o Serpro, prefeitos e governadores devem dar prioridades a projetos voltados à saúde, educação, ao esporte e à cultura. A lista também deverá conter unidades habitacionais do Programa Minha Casa, Minha Vida e projetos da carteira do Ministério das Cidades.

Os gestores municipais e estaduais terão até 10 de abril para atualizarem as informações. As demandas serão respondidas conforme a ordem de envio. A prefeitura ou o governo estadual que alimentar o banco de dados primeiro terá o pedido de obra analisado mais cedo, colocado em lugar equivalente na fila de análise.

Em parceria com os ministérios, a Casa Civil analisará o banco de dados. Com base nas orientações da Presidência da República, o órgão definirá quais obras devem ser retomadas de imediato.

Tempo recorde

De acordo com o Serpro, a plataforma Mãos à Obra foi desenvolvida em tempo recorde. A estatal usou a tecnologia LowCode, que acelera o desenvolvimento de aplicativos e sites, e arquitetura WebApp, que aumenta a acessibilidade e a interatividade com os usuários, tanto em navegadores web como em dispositivos móveis.

A concepção e o protótipo do produto, informou o Serpro, exigiram uso intensivo de ferramentas de UX, que proporcionam melhor fluidez para os usuários do serviço. Também foram adotadas técnicas de ciência de dados para apoiar o processo de recepção, validação, cruzamento e consolidação das bases de dados.

A plataforma Mãos à Obra nasce integrada com o Portal Gov.Br. Dessa forma, os usuários poderão usar o login único do governo federal para acessar a ferramenta.

A governadora Raquel Lyra (PSDB) assinou, na manhã desta quinta-feira (9), o decreto que institui o Programa Pernambuco Mais Íntegro (PPMI). A iniciativa voltada à conscientização dos funcionários públicos no combate à corrupção foi lançada com a presença da secretária da Controladoria-Geral do Estado, Érika Lacet.

Nas palavras de Raquel, o programa vai integrar os órgãos da Controladoria, a Polícia Federal e os Tribunais de Contas para viabilizar o combate à corrupção de maneira sistemática e aprimorada. O objetivo é equilibrar e garantir mais transparência nas contas públicas para reduzir a desigualdade social. Ela apontou que o ralo do uso ineficiente dos recursos faz com que o dinheiro não chegue onde precisa.

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"Por algum tempo pareceu normal que a corrupção e o desperdício pudessem fazer parte da história do nosso estado. A gente não pode ser visto nas páginas dos jornais por esquemas de desvio e corrupção e, nada mais adequado do que lançarmos um programa, no aniversário da Procuradoria, falando do nosso compromisso com o desenvolvimento institucional", disse a chefe do Executivo estadual em seu discurso no evento de lançamento, no auditório da Escola Judicial de Pernambuco (Esmape).

Para a governadora, o uso adequado dos recursos destinados para contratos das secretarias vai permitir a retomada de obras paralisadas que alcançaram o prejuízo de R$ 5 bilhões aos cofres do estado, conforme citou o relatório do Tribunal de Contas do Estado (TCE), de 2021. Esse valor ainda pode aumentar, já que Raquel anunciou que uma força-tarefa de auditoria analisa outros contratos antigos.

A secretária da Controladoria-Geral do Estado, Érika Lacet, espera que o objetivo do PPMI seja alcançado em 24 meses, com a mudança da cultura das contratações públicas e relações público-privadas. Ela explicou que a primeira etapa do programa é preventiva e vai focar em diretrizes éticas e de probidade. 

"É muito melhor a gente tá evitando os desvios do que apenas penalizando. O cunho do programa é muito mais preventivo", mencionou. Em um segundo momento, a Secretaria de Defesa Social (SDS), por meio do setor de inteligência, vai atuar na detecção de possíveis infrações junto aos demais órgãos de controle, sendo o programa concluído com a eventual penalização dos envolvidos.

A secretária reforçou a importância da participação popular para intensificar a fiscalização. "O cidadão é parte importantíssima nesse processo. A gente tem a nossa ouvidoria geral do estado, pelo site www.ouvidoria.pe.gov.br. Existem lá formulários que você pode fazer todo tipo de denúncia e aí nós vamos apurar. Acho que o controle social é de extrema importância nesse processo", complementou Lacet.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que integra a equipe de transição no grupo temático de Desenvolvimento Regional do governo eleito, afirmou nesta quinta-feira (1º) que metade das obras na área de saneamento estão paradas no país. A informação está entre os dados sistematizados pelo grupo em um relatório preliminar.

"O Ministério [do Desenvolvimento Regional] é um verdadeiro cemitério de obras paradas. E com este modelo orçamentário, se continuar, isso tende a se aguçar. Para se ter uma ideia, 50% das obras de saneamento do país estão paralisadas", afirmou durante coletiva de imprensa no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, sede do governo de transição.

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Segundo o senador, a maior parte do orçamento da pasta é garantido por emendas parlamentares, em ações como compra de tratores e pavimentação asfáltica "sem critérios", que estão desconectadas dos objetivos finalísticos da pasta, na avaliação de Rodrigues. Por causa disso, 80% das ações do ministério estão concentrados em regiões com alto índice de desenvolvimento econômico, de acordo com dados levantados pela equipe.

Além disso, Randolfe Rodrigues disse que o orçamento para o ano que vem, de cerca de R$ 3 bilhões, é bem inferior ao necessário, que seria na faixa de R$ 5 bilhões.

"É mais um dado que informa a necessidade de aprovação da proposta de emenda constitucional que foi apresentada essa semana no Congresso Nacional", destacou, em referência à PEC da Transição, para excluir o Auxílio Emergencial da regra do teto de gastos e abrir espaço orçamentário para novas despesas.

Obras

Outro dado informado pelo GT de Desenvolvimento Regional é total falta de recursos para obras emergenciais contra enchentes, comuns no início do ano em diferentes regiões do país. Dos R$ 506 milhões solicitados pela Secretaria Nacional de Defesa Civil, o orçamento previsto é apenas R$ 3 milhões, menos de 1% do necessário.

"Significa dizer que nenhuma obra de contenção de encostas e prevenção de desastres será concretizada", alertou Randolfe Rodrigues. Entre 2018 e 2022, o orçamento discricionário da pasta, informou o senador, sofreu redução de 67%, impactando sobretudo recursos para obras de prevenção e combate a desastres naturais.   

Outra ação paralisada na pasta, segundo Rodrigues, é a Operação Carro Pipa, que foi suspensa na Região Nordeste desde o dia 15 de novembro, ameaçando a segurança hídrica de uma população estimada em 1,5 milhão de pessoas. Ainda para este ano, seriam necessário R$ 50 milhões para esta ação, recursos que não estão disponíveis. 

Durante a coletiva, integrantes do GT de Desenvolvimento Regional defenderam a divisão da pasta em ministérios das Cidades e da Integração Nacional, formato que vigorou durante os governos petistas.

"A constatação que fazemos é que o ministério foi uma fusão totalmente mal planejada", disse Rodrigues. A definição sobre criação de novas pastas será decidida pelo próprio presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva ao fim dos trabalhos da transição.

"A ideia é voltar como era o Ministério das Cidades, com ações de trânsito, mobilidade e habitação, e a parte de desenvolvimento urbano, segurança hídrica, ordenamento territorial, fundos regionais e bancos regionais sob gestão do Ministério da Integração Nacional", afirmou o senador eleito Camilo Santana (PT-CE), que também integra o grupo.

A reportagem entrou em contato com a atual gestão do Ministério do Desenvolvimento Regional para comentar sobre os dados apresentados pela equipe de transição, mas não recebeu resposta até o momento.

O Tribunal de Contas do Estado (TCE) divulgou um levantamento sobre as obras inacabadas e/ou paralisadas em Pernambuco. Segundo o documento disponibilizado nessa quarta-feira (17), o Estado tem 1.754 empreendimentos declarados paralisados ou com fortes indícios de estagnados. O que corresponde a R$ 8,68 bilhões em contratos, dos quais R$ 2,5 bi já foram gastos, sem retorno à população. Desse total,  33,8% contemplam obras de mobilidade/transporte e 31,3% são destinados a obras de saneamento.

O estudo foi produzido pelo Núcleo de Engenharia (NEG) do TCE e aponta um aumento de cerca de 200 obras paralisadas, com relação ao levantamento anterior, feito no exercício de 2018. Devido às complicações da pandemia, os dados dos mapas de obras dos anos de 2018 e 2019 foram integrados aos de 2020, sendo coletados a partir das prestações de contas enviadas pelos gestores, de informações do portal Tome Conta e de inspeções realizadas pelas equipes técnicas do Tribunal.

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Veja aqui a lista das obras e os responsáveis por elas

Mais detalhes

São 1.404 obras com fortes indícios de paralisação ou abandono e 350 obras declaradas deste modo pelo próprio gestor responsável. 

No diagnóstico constam as obras dos corredores Leste-Oeste e Norte-Sul, contratadas pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação de Pernambuco, com um orçamento individual de R$ 168 milhões e conclusão prevista inicialmente para maio de 2013, ambas declaradas inacabadas pelo órgão.

De acordo com o TCE, as obras com fortes indícios de estarem paralisadas ou inacabadas são casos em que o gestor as declara em plena execução, e até mesmo concluídas, mas que o TCE identifica sinais de que o ritmo está tão lento que estariam, na verdade, estagnadas. Quando a gestão paga menos de 15% do valor do contrato durante um exercício inteiro, por exemplo, calcula-se que o empreendimento levará mais de seis anos para ser concluído.

Um exemplo dentro dessa classificação é o contrato para execução dos serviços de manutenção de macro e microdrenagem no município de Ipojuca, que deveria ser finalizado em julho de 2019. Declarado pela gestão como “concluído”, o serviço encontra-se atualmente inacabado e, do valor contratado de R$ 53.949.566,92, somente R$ 3.223.726,04 (5,98%) foram desembolsados em 2020.

*Com informações do site do TCE

Os candidatos a prefeito e vice do Recife pelo DEM, Mendonça Filho e Priscila Krause, fizeram uma blitz de moto, na última segunda-feira (2), em oito obras paralisadas na capital pernambucana. De acordo com eles, as intervenções juntas custaram aos cofres púbicos cerca de R$ 70 milhões. Mendonça criticou as gestões do PT e do PSB.

“Vamos acabar com a era do descaso com a população e com os recursos públicos, marcada socialista. A era dos esqueletos urbanos no Recife vai acabar a partir de janeiro de 2021 quando eu e Priscila assumirmos a prefeitura. Recife será na capital da boa gestão”, garantiu Mendonça.

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A primeira obra visitada foi a ponte Monteiro/Iputinga, iniciada na gestão do prefeito João da Costa, em 2012. Segundo Mendonça, o local é o retrato do descaso com a cidade e do desperdício e uso irregular do dinheiro público. Foi paralisada por determinação do TCE em 2014. “Vamos fazer uma auditoria em todo o processo para definir a solução”, afirmou Mendonça.

A candidata a vice, Priscila Krause, afirmou que o Recife tem urgência em sair do atraso e que a partir de janeiro de 2021 a população pode esperar uma gestão séria, pautada nos compromissos de resgate, zelo e correta aplicação dos recursos públicos. “O mais urgente é que o Recife volte a pertencer a todas as famílias. Não há como pensar em prosperidade sem colocarmos as famílias no centro das nossas decisões. A hora da mudança chegou, é agora. Mendonça e eu vamos acordar cedo todos os dias, trabalhar duro pelo nosso propósito de devolver o Recife aos recifenses”, declarou.

Ao todo, a blitz dos democratas realizou visitas em oito projetos nos setores de habitação, saúde, mobilidade urbana, saneamento básico e educação. Foram visitadas a Upinha Poço da Panela, paralisada pela Justiça em 2016; Canal do Arruda, a obra de requalificação cortando 10 bairros foi assinada em 2014 e parou seis meses depois; Escola de Referência da Mangabeira, iniciada em 2015; Habitacional e CMEI Sérgio Loreto, iniciados em 2009 e 2013, respectivamente; Avenida Beira Rio, pavimentação e requalificação, no trecho Torre/Capunga, primeira licitação em 2013 e a Estação de Tratamento do Cordeiro (Sistema de Esgotamento do Cordeiro), iniciada em 2007, na gestão João Paulo, retomada por Geraldo Júlio, no final de 2017 e paralisada.

*Da assessoria de imprensa

Falhas no projeto de engenharia e demora em obter licenciamento ambiental são as principais causas de paralisações em obras públicas, segundo o deputado Zé Silva (SOLIDARIEDADE-MG). Ele lançou nesta terça-feira (15) o livro “Obras Paradas: Entrave para o Desenvolvimento do Brasil”, no qual apresenta os resultados de seu trabalho como relator da Comissão Externa das Obras Inacabadas.

Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), em 2018 foram identificadas 14.403 obras paradas em todo o País. Nelas já foram gastos R$ 70 bilhões, mas ainda seriam necessários mais R$ 40 bilhões para finalizá-las. Todo o Orçamento de Infraestrutura para este ano é de R$ 24 bilhões; em 2020 serão apenas R$ 19 bilhões.

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“Ninguém sabia quantas obras paradas existiam no Brasil quando começamos a comissão externa em 2016”, observou Zé Silva. Diferentes estimativas foram dadas ao longo do trabalho da comissão. “Falou-se em 2 mil, 7 mil e depois 14,4 mil. Mas trata-se de uma estimativa [do TCU]", disse.

A "mais vergonhosa"

A obra parada mais vergonhosa, segundo o relator, é a usina atômica de Angra 3, iniciada em 1984. A obra ficou parada por 25 anos. “Para manter o reator da usina são necessários R$ 40 milhões por ano.”

O deputado também cita a transposição do rio São Francisco, idealizada pelo imperador d. Pedro 2º no século 19 e iniciada em 2007.  “A transposição era estimada em R$ 4,8 bilhões. Já gastaram R$ 11,8 bilhões e não acabou”, disse.

O livro dedica um capítulo às obras da Copa do Mundo de 2014. Dos 12 estádios da Copa do Mundo, só o do Rio de Janeiro foi concluído. “O governo de Mato Grosso do Sul gasta R$ 6 milhões para manter a Arena Pantanal parada. Na Arena Manaus, o gasto de manutenção é de R$ 1,5 milhão por ano”, destaca Zé Silva.

Mas a obra inacabada mais cara, segundo Zé Silva, é a do VLT de Cuiabá (MT), prometido como legado da Copa de 2014, que já gastou R$ 1,06 bilhão.

Propostas

Presente no lançamento do livro, o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, cobrou medidas legislativas para retomar as obras paradas. Ele prevê a criação de 400 mil empregos diretos quando as obras forem reativadas.

Com base no trabalho da comissão externa, o deputado Zé Silva apresentou quatro propostas:

- Projeto de Lei 5664/16, que cria o Sistema de Obras Públicas para cadastrar todas as obras custeadas com recursos federais, como meio de melhorar o acompanhamento e monitoramento.

- Projeto de Lei Complementar 547/18, que busca assegurar a adequação entre planejado e orçado na execução de obras e serviços de engenharia

- Projeto de Lei 10.955/18, que obriga o poder público a colocar placas informativas em obras públicas que estejam paradas há mais de 90 dias, com a data em que o empreendimento foi paralilsado e os motivos

- Projeto de Lei 10.956/18, que cria penalidade administrativa por descumprimento do fluxo orçamentário-financeiro destinado a obras públicas.

Diligência no Ceará

No lançamento do livro, a coordenadora da comissão externa, deputada Flávia Morais (PDT-GO), anunciou que nesta sexta-feira os deputados vão visitar obras inacabadas na rodovia BR-222, no Ceará, nos municípios de Umirim, São Luius do Curu e Tianguá. “Em um momento de crise econômica, ninguém no Brasil quer ver dinheiro público jogado fora”, destacou a deputada.

*Da Agência Câmara Notícias

A área de saneamento tem cerca de R$ 13,5 bilhões em contratos de obras que estão paralisadas pelo País, sendo R$ 12,6 bilhões relacionados ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), criado em 2007. São quase mil contratos de empreendimentos planejados com recursos públicos que não atendem a população - a maior fatia localizada no Nordeste.

Saneamento é importante por garantir abastecimento de água potável, coleta e tratamento de esgoto, limpeza urbana e redução e reciclagem do lixo. Enquanto as obras estão paradas, 103,2 milhões de brasileiros estão sem acesso a esgotamento sanitário e 40,8 milhões sem abastecimento de água, de acordo com dados oficiais

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Entre os motivos principais para a estagnação das obras do PAC estão problemas técnicos identificados em seus projetos base, segundo especialistas ouvidos pelo Estadão/Broadcast. Auditoria realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) nos empreendimentos parados do PAC - não só de saneamento - também localizou essa falha. "O que identificamos é que dentro dos problemas técnicos o que surgia era deficiência no projeto base", diz o secretário de fiscalização de Infraestrutura Urbana do TCU, Bruno Martinello Lima.

O fato de companhias estaduais, empresas ou municípios que captavam o dinheiro não terem à disposição capacidade técnica para tocar projetos de qualidade foi apontado por técnicos como uma das grandes falhas.

Bruno Lima está envolvido no levantamento do TCU que identificou mais de 14 mil construções paralisadas no País através de cinco bancos de dados do governo federal, em um universo de 38 mil obras - material através do qual a reportagem levantou os empreendimentos de saneamento parados. De acordo com o tribunal, 47% dos motivos de paralisação das obras do PAC estão relacionados a problemas técnicos. Em seguida vem o abandono pela empresa, com 23%.

Além de informações do PAC, as demais construções de saneamento paralisadas foram localizadas no banco de dados da Caixa - R$ 102,9 milhões em contrato - e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) - R$ 821,7 milhões previstos.

Para a secretária de Obras Estratégicas e Fomento do PPI, Veronica Sánchez, há "incapacidade das empresas", sejam elas públicas ou privadas, de acessar recursos públicos e fazer investimentos adequados, apresentando projetos de qualidade. A declaração foi dada durante seminário realizado na Câmara na última semana. Nele, o secretário de Desenvolvimento da Infraestrutura, Diogo Mac Cord, disse que em 2018 apenas 51% dos recursos disponibilizados pelo governo federal para obras no setor foram acessados. Segundo Mac Cord, o problema está relacionado à capacidade técnica dos operadores atuais.

Ex-presidente da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e professor da FGV, Gesner de Oliveira pontuou três problemas para as obras não terem caminhado: qualidade dos projetos, falha na supervisão das obras e dificuldade de recursos das empresas que tocaram os empreendimentos.

"Quando presidi a Sabesp, acompanhei centenas de obras do PAC. O que acontecia era uma chuva de oferta propagandista, e os municípios se enquadravam de qualquer jeito e não conseguiam fazer nada", lembrou.

Gesner acredita que a atualização do marco do saneamento, em discussão no Congresso, pode ser uma oportunidade para esses empreendimentos serem continuados. No seu entender, a nova regulação pode ajudar a encontrar soluções para essas situações de impasse

 

Universalização

A universalização do saneamento voltou a ter algum protagonismo em Brasília. O governo incluiu o tema na carteira de estudos do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Segundo apurou o Estadão/Broadcast, a área é vista como uma das prioridades da equipe econômica para o segundo semestre deste ano. De acordo com técnicos do governo, seriam necessários investimentos da ordem R$ 600 bilhões a R$ 700 bilhões para cumprir as metas de universalização propostas pelo Plano Nacional de Saneamento até 2033.

Para além do marco regulatório e do PPI, tramita no Senado um projeto de lei que tem como intuito dar continuidade a essas obras. De autoria da senadora Rose de Freitas, o PL dá preferência na alocação de recursos para obras de saneamento em andamento "cuja execução tiver ultrapassado 70% do respectivo orçamento".

O projeto está na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) e foi aprovado pela Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor (CTFC) em maio deste ano. Para a autora, a proposta tem tudo para tramitar rapidamente. "A discussão de saúde e saneamento está posta, tem que haver preferência na aprovação", disse.

Quando o canteiro de obras foi montado na sua rua, Fernanda Santos de Salles, de 35 anos, havia acabado de dar à luz seu filho caçula. Durante os dois anos de construção da escola municipal no Jardim Lucélia, zona sul de São Paulo, a auxiliar de enfermagem sonhou em ver Fernando estudando ao lado de casa após deixar a creche, em 2018. Mas a esperança dela se foi há seis meses, juntamente com os operários da obra inacabada.

"Seria ótimo se a escola existisse, poderia trazer o Fernando a pé todos os dias. Do jeito que está, não tem serventia nenhuma", disse Fernanda. Hoje, ela gasta R$ 90 por mês de transporte escolar para levar o filho de 2 anos e meio à creche e passa com o garoto no colo em frente ao "esqueleto" de concreto pichado, que virou ponto de descarte de lixo e de tráfico e consumo de drogas.

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A cena se repete em vários distritos da cidade. Hoje, a Prefeitura de São Paulo acumula 31 obras paralisadas, além de 4 contratos suspensos antes do início da execução. A lista inclui 17 creches, 6 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), 3 obras viárias, entre elas o túnel ligando as Avenidas Sena Madureira e Ricardo Jafet, 3 escolas, 2 corredores de ônibus (M’Boi Mirim e Radial Leste), o terminal do Jardim Ângela, o hospital da Brasilândia, a canalização do córrego Mirassol e a reforma dos boxes do autódromo de Interlagos.

Juntas, as obras somam R$ 1,98 bilhão em contratos que foram suspensos pelo então prefeito Fernando Haddad (PT) - agora herdados pela gestão João Doria (PSDB). A maior parte dos projetos, segundo a gestão petista, sofreu atrasos nos repasses do governo federal, por meio dos ministérios e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Mas os problemas são diversos. O corredor de ônibus de 12 km da Radial Leste, por exemplo, foi suspenso pelo Tribunal de Contas da União (TCU), em 2016, por irregularidades - e agora terá de ser concluído com dinheiro da Prefeitura, que diz não ter recursos.

Já as construções das UPAs e de três creches e três escolas, entre as quais a que fica na rua onde mora Fernanda, foram paralisadas no fim de 2016 porque a construtora responsável entrou em recuperação judicial alegando atrasos nos pagamentos. Agora, a gestão Doria negocia novas contratações para retomar as obras, mais ainda sem prazo de conclusão previsto.

Elefante branco

Na zona norte, a descrença dos moradores paira sobre a construção do hospital da Brasilândia, promessa que Haddad não concluiu e cujo contrato, de R$ 250 milhões, foi suspenso em dezembro. "Aqui tudo é sempre muito batalhado. Tivemos de brigar para colocarem asfalto, depois para ter ônibus, agora talvez tenha hospital, mas não sabemos se terá médico", afirma Wilson Santana, de 55 anos, vizinho da obra.

O gestor de projetos da Rede Nossa São Paulo, Américo Sampaio, afirma que a crise econômica afetou a receita do Município, comprometendo os investimentos. Ele defende a manutenção das obras mesmo que em ritmo mais lento, como vem sendo feito com o hospital de Parelheiros. "A pior coisa é parar, porque deprecia um ativo, esfria a economia e não atende às necessidades da cidade."

A lista de obras paralisadas não inclui outros 11 contratos para construção de corredores de ônibus, como o Aricanduva e o Belmira Marin, assinados no governo Haddad, mas que não saíram do papel. A gestão Doria afirma que deve concluir as obras do corredor M’Boi Mirim, do Córrego Mirassol e dos boxes do autódromo, e que reavalia os demais projetos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Líder da bancada de oposição na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), o deputado Silvio Costa Filho (PRB) vai propor, nesta terça-feira (29), a criação de uma comissão especial para acompanhar e debater as obras paralisadas e atrasadas no estado. A ideia, segundo Costa Filho, é de colher informações com o Tribunal de Contas do Estado, Caixa Econômica Federal, Ministério do Planejamento e do Governo de Pernambuco sobre a situação dos empreendimentos, além de promover visitas aos locais.

“Parte das obras paradas do Estado fazem parte do PAC Mobilidade e deveriam ter ficado prontas para a Copa do Mundo de 2014”, lembrou o parlamentar, citando como exemplos os ramais Norte-Sul e Leste-Oeste do BRT, o projeto de Navegabilidade do Rio Capibaribe e o Ramal da Copa.

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Nessa segunda-feira (28), a deputada Priscila Krause (DEM) criticou a falta de conclusão em mais de 400 obras no estado e classificou a situação como um "escândalo com o contribuinte". As obras, segundo ela, estão orçadas em R$ 4 bilhões, dos quais 40% já teriam sido liberados.

Desde o início da atual legislatura, em 2015, através do programa Pernambuco de Verdade, a oposição na Casa vem realizado uma série de visitas e fiscalizações a obras do Estado. Já entraram no cronograma de vistorias o Complexo Prisional de Itaquitinga, Barragem de Serro Azul, em Palmares; Estrada do Catimbau, em Buíque, entre outros projetos.

“Em todos esses casos, o Governo do Estado se esquivou do debate, evitando apresentar cronogramas para a retomada das obras e previsão para a conclusão. Por isso, é urgente a criação de uma comissão especial”, defendeu Silvio.

A deputada estadual, Priscila Krause (DEM), visitou nesta quinta-feira (6), as obras do Teatro do Parque, no Centro do Recife, e afirmou que a restauração do espaço está parada em virtude do não pagamento da Prefeitura do Recife à empresa responsável. Segundo a democrata, no espaço prestes a completar 100 anos no dia 24 de agosto, havia apenas um vigilante e resquícios de pedras e areia na área externa, mas nenhum trabalhador.

Segundo Krause, de acordo com informações registradas no Portal da Transparência do governo municipal, a empresa responsável pela intervenção (Concrepoxi Engenharia Ltda.) recebeu o último pagamento em 22 de abril, cerca de três meses atrás. Dos R$ 8,2 milhões previstos para a obra, contratada por meio de licitação, a empresa recebeu R$ 391,87 mil  e de abril para agosto, nenhum novo pagamento foi quitado. 

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Para a democrata, a paralisação das obras é o pior presente que o Teatro do Parque poderia receber justamente no mês do seu centenário. "A gente já sabia que o Teatro não estaria em funcionamento no dia do seu centenário, mas estávamos menos apreensivos porque havia uma obra contratada e gente trabalhando, ou seja, havia um rumo. Tive informações de que pararam de pagar à empresa responsável e decidimos apurar. É lamentável chegar aqui e ver a situação de abandono", afirmou Priscila.

Após vistoria, Krause estuda, agora, uma reunião com artistas e produtores da cena local para realizar uma manifestação pela retomada das obras, em paralelo à comemoração dos cem anos. "É preciso que a cultura do Recife se una em prol da retomada dessas obras, é inadmissível chegarmos ao dia 24 (aniversário do Teatro) assistindo inertes a esse cenário", antecipou. 

 

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Enquanto as alternativas de lazer no Bairro do Recife são priorizadas pela Prefeitura (ciclofaixa aos domingos, transformação da Avenida Rio Branco em via exclusiva de passeio), a realidade de pessoas que residem no bairro continua em segundo plano. Após realizarem protesto em frente à sede da Prefeitura, em fevereiro, moradores da comunidade do Pilar seguem à espera de soluções. 

Iniciada no ano de 2010, a construção do conjunto habitacional do local ainda não foi concluída. A reportagem do Portal LeiaJá visitou a comunidade, nesta terça-feira (1°), e constatou: não há um operário em atividade e as obras estão completamente paradas. Entulhos, telhas empilhadas e o mato crescido reforçam o cenário de abandono no terreno. Segundo os moradores, nenhum trabalhador aparece na construção há muito tempo. 

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“Depois do protesto, entregaram uma parte deste segundo bloco e pronto, mais nada. Muitas pessoas que tiveram seus barracos destruídos ainda não foram alojadas e nem receberam auxílio-moradia. Só fica um vigia aí na obra, mas tudo parado, cheio de bicho, um perigo para as crianças”, disse a moradora Clementina Feliciano ao afirmar que parentes já encontraram escorpiões dentro dos apartamentos já entregues, por conta do terreno abandonado.  

Outro morador, Tony Silva, que já está em um dos apartamentos prontos, afirmou que outras pessoas, de outras comunidades, estão sendo levadas para o Pilar para serem acomodados no habitacional que nunca termina. “Estamos todos revoltados. Não é porque eu já estou com meu apartamento que estou satisfeito. Cadê o colégio, a upinha, a academia que prometeram e até agora nada também?”, indaga Tony. 

No projeto da Prefeitura, além do conjunto habitacional, ainda são previstos para a comunidade a construção de uma escola municipal, Unidade de Saúde da Família, mercado público, praças, espaços para atividades artístico-culturais, quadra poliesportiva, entre outras ações que tinham a promessa de “transformar a região num grande atrativo turístico”.

A culpa é de quem? De acordo com a Prefeitura, as construtoras responsáveis pela obra desistiram de continuar no local, porque estariam tendo prejuízos por causa da demora devido a uma pesquisa do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). No local, foram descobertos vários esqueletos humanos e um grupo de arqueólogos do Instituto acredita que ali existia um cemitério, aproximadamente do século 16. 

Com a desistência das construtoras, uma nova licitação precisará ser aberta pela Prefeitura para a contratação de novas empresas. A Empresa de Urbanização do Recife (URB) informou que dentro de três meses as obras serão retomadas. Segundo a URB, 84 apartamentos foram entregues, de um total de 588, divididos em 17 blocos. Ainda em abril, a Empresa garante o lançamento da licitação de conclusão de três blocos com 36 unidades cada, além da escola e do posto de saúde.

Espera - A pavimentação das ruas e a construção de uma praça serão licitadas de forma separada, ainda no primeiro semestre. Apesar do prazo, a moradora Severina Santana, de 84 anos, não se conforma com a demora. “Há um ano estou morando aqui no Habitacional e é assim, com essa catinga e esse lixo todo”, aponta ao se referir ao esgoto a céu aberto na porta de casa. 

Na Rua Bernardo Vieira de Melo, o morador Claudemir Nascimento abordou a equipe de reportagem. Ele estava no espaço onde, antes, era o seu barraco, demolido há mais de um ano. Atualmente, mora com conhecidos por não ter sido ainda alojado nos blocos, e exige do poder público. “Sempre estou nas reuniões com a Prefeitura e não adianta de nada. A pior coisa é você não estar na sua casa. Por isso a gente espera por uma solução”. 

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