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Mais um caso de intolerância religiosa contra religiões de matriz africana foi registrado nesta quarta-feira (23) no Distrito Federal. Um homem armado com um facão invadiu o terreiro Ilê Axé Omò Orã Xaxará de Prata/Ofa de Prata, situado na zona rural de Planaltina, durante a manhã, e destruiu diversas esculturas de orixás que ficavam expostas no local, batizado pelos religiosos de Vale dos Orixás. 

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"Nós tivemos nossa casa invadida por um vândalo, que estava disposto a jogar a imagem do nosso sagrado no chão. É como se ele tivesse querendo quebrar a gente, arrancar de nós o que temos de sagrado", afirmou a yalorixá Suely Gama, em um vídeo que foi feito logo após o ataque. 

Na gravação, ela percorre o terreiro e mostra as esculturas, feitas de concreto, totalmente destruídas. 

Segundo relatos, o responsável pelo ataque teria se apresentado como pastor evangélico. Vestia roupas brancas e proferia palavras de cunho discriminatório. Além do facão, ele também portava uma marreta. O caso foi registrado e será investigado pela Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin). 

Projeto comunitário

As esculturas destruídas foram feitas por um escultor com deficiência visual, irmão de Suely Gama, e era parte de um projeto comunitário que contou com a ajuda de crianças da região.

"Foram dezenas de esculturas de concreto e ferro destruídas, o que mostra a fúria dessa pessoa. Mas esse caso tem que ser tratado pelo que ele é, crime de racismo, crime de intolerância religiosa", afirmou ao Brasil de Fato a conselheira cultural Rita Andrade, que esteve no local um dia antes para gravar cenas para um documentário sobre intolerância religiosa. Ela também é amiga da yalorixá Suely.

A delegada-chefe da Decrin, Ângela Santos, confirmou à reportagem que o autor do ataque já foi identificado e preso pela Polícia Civil horas após o incidente, em sua casa. É um homem de 45 anos, mas a identidade não foi revelada. Ele foi autuado em flagrante delito pelos crimes de dano, invasão de domicílio e racismo religioso. Se condenado, poderá pegar pena de reclusão de até quatro anos.

"Respeitar o sagrado do outro é respeitar o sagrado de todos. Racismo religioso é crime inafiançável e imprescritível. Denuncie pelo 197, na própria Decrin ou também em todas as delegacias nas regiões administrativas do DF", afirmou a delegada.   

Só no ano passado, foram registradas 22 ocorrências de discriminação religiosa em todo o Distrito Federal, de acordo com a Secretaria da Segurança Pública. A grande maioria contra terreiros e religiões de matriz africana. 

Por Pedro Rafael Vilela, para o Brasil de Fato.

Quando falamos em São Cosme e São Damião lembramos, na hora, da tradição de distribuir doces para as crianças no dia 27 de setembro. Na família da jornalista Aline Monteiro, isso acontece há muitos anos. A mãe fez uma promessa a esses santos pela saúde dos filhos e, desde então, oferece guloseimas para os pequenos no mês de setembro. A promessa acabou e Aline ainda vai para rua dar continuidade à tradição que a mãe começou anos atrás.

"Hoje em dia já não é mais a promessa, mas a gente continua a tradição. Acredito que mais em agradecimento, à perpetuação, à repercussão da fé que continua. E claro, pedindo mais e mais saúde", conta Aline.

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Mas você sabe como começou esse hábito? Ou até mesmo quem foram esses santos para quem tantas pessoas fazem promessas?

O professor Agnaldo Cuoco Portugal, do Departamento de Filosofia da Universidade de Brasília (UnB), explicou que, na religião católica, Cosme e Damião eram dois irmãos gêmeos, considerados curandeiros - médicos na comunidade onde viviam. 

Para o catolicismo, não havia nenhuma ligação entre os irmãos e as crianças ou a distribuição de doces. Essa prática veio da associação que os escravos fizeram de Cosme e Damião a orixás da umbanda e do candomblé: os Ibejis, filhos gêmeos de Xangô e Iansã.

O professor explicou que, como havia muita repressão na época da escravidão no Brasil aos cultos africanos, os negros precisavam adorar suas divindades sempre associando a algum santo católico. E foi isso que aconteceu com são Cosme e são Damião.

"Naquela época, os escravos africanos não tinham a possibilidade de cultuar os seus orixás, as suas divindades livremente. Eles tinham que fazer essa associação com alguns santos católicos, pra não serem perseguidos. A tradição de dar doces tem a ver com esses dois orixás crianças que foram associados a Cosme e Damião", explica o professor.

Agnaldo Cuoco disse ainda que muitas dos nossos costumes hoje têm relação com a religião, que é um traço muito marcante no Brasil. Locais sagrados, festas e tradições estão sempre muito ligadas a uma história religiosa.

"A religião tem um papel de raiz, de fonte de vários elementos da cultura. Permite a você marcar o dia, por exemplo. Esse dia especial, que está ligado a tal coisa. Ou os lugares, tal lugar é especial, é um templo, é uma catedral, é um terreiro, é uma casa de santo. Então, a religião está ligada à cultura de diversas maneiras", resume o professor.

Em 1969, a religião católica alterou o dia de são Cosme e são Damião para o dia 26 de setembro para não chocar com a data que se celebra são Vicente de Paula. Mas, pela tradição, a maioria das pessoas ainda comemora no dia 27.

Com 12 encontros distribuídos em atividades on-line e presenciais em ambiente aberto, o curso ‘Dramaturgia dos Orixás' iniciará sua programação nesta segunda-feira (5), sob a condução da atriz, figurinista, diretora teatral e pesquisadora Agrinez Melo. A qualificação contará com aulas às segundas e quartas-feiras, das 19h às 20h30, até 18 de novembro.

O curso nasceu de uma pesquisa de Agrinez sobre a Orixá Oxum e seu imaginário, realizada em 2008 no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “Na pesquisa, a matriz ancestral mãe, aliada ao movimento das águas, conduz as ações corporais. Essa pesquisa foi ampliada para outros Orixás, dessa vez em conjunto com o grupo ‘O Poste’ na pesquisa ‘O Corpo Ancestral Dentro da Cena Contemporânea’, em equivalência ao método de trabalho que o grupo já desenvolvia, criando possibilidades de interpretação cênica”, informou o release de divulgação do evento.

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A proposta da qualificação é fazer um resgate de um texto corporal muitas vezes “escondido” ou até mesmo desconhecido. “Com as práticas, fui sentindo necessidade de encontrar outros pontos mais ligados ao imaginário dos Orixás e, na necessidade de ampliar os estudos e formar um imaginário ancestral que mais se aproximasse dos participantes, fui pesquisar outros Orixás como Oxumaré que pertence a nação Jêjê, além de entidades da mata e algumas entidades de rua, chegando às pombas-giras”, explicou Agrinez.

Na programação do curso, serão realizadas oito aulas on-line, duas presenciais em área aberta e em contato com a natureza, além de dois encontros para ensaio e apresentação de performance. Atores, bailarinos, contadores de histórias, estudiosos, pesquisadores da matriz africana ou interessados em se aprofundar em um teatro ritualístico podem participar da capacitação.

Segundo Agrinez, o curso contará com atividades teóricas e práticas. “Percebendo que a necessidade do resgate da matriz ancestral para a escrita desse texto do corpo vai além da dramaturgia, resolvi incluir neste módulo um aprofundamento das práticas que se dará a partir do Owo Ti Ara Agbara (palavras em yorubá que significa texto do Corpo Ancestral), onde a imersão será através das influências míticas dos Orixás e seu paralelo com o mundo contemporâneo e que nesse momento se encontra doente. Uma pesquisa extensa, mas que possibilita ativação de consciência da tríade, mente, espiritualidade e corpo. As aulas terão uma abordagem prática, com inserções teóricas. Estão sendo ofertadas 10 vagas”, destacou.

Com consultoria da professora doutora Doutora Danielle Perin Rocha Pita, o curso conta com diversos locais de pesquisa: Terreiro de Mãe Amara, Ilê Obá Aganjú Okoloyá , orientados por Maria Helena Sampaio e Helayne Sampaio; Terreiro Cabocla Genoveva, orientado por Pai Caê; Terreiro Abassá de Oxum , orientado por de Mãe Danda.

O investimento custa R$ 80, que podem ser pagos por meio de transferência bancária, cartão de crédito, débito ou boleto. Outros detalhes informativos podem ser obtidos pelo e-mail agrinez@gmail.com ou pelo telefone (081) 99505-4201.

O ano de 2018 é marcado por vários acontecimentos que mexem com os brasileiros. Copa do Mundo e Eleições dão o tom aos meses regidos pelos orixás Exú, Xangô e Yansã. Através da interpretação dos búzios, Pai Carlos de Xangô falou ao LeiaJá sobre os rumos do país no que se refere à política, futebol,cCatástrofes e o mundo dos famosos.  

De acordo com o Babalorixá, os oráculos apontam que o momento político do Brasil vai refletir no desempenho da 'seleção canarinho' durante o Mundial, disputado em junho na Rússia. O pai de santo ainda comenta sobre a situação dos times pernambucanos, Sport, Náutico e Santa Cruz. Para as eleições presidenciais, ele afirma que será um momento conturbado e o vencedor da disputa será conhecido ainda em agosto. Confira as previsões de Pai Carlos de Xângô:  

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Por Katarina Bandeira

Olorum, Allah, Jeová, Deus. Mesmo com a grafia distinta, utilizadas por pessoas de diferentes religiões, todas as quatro palavras são designadas para nomear a mesma representação: um ser supremo, responsável pela criação do universo em que vivemos. Apesar da maioria das religiões monoteístas da atualidade cultuarem a mesma divindade, muitos religiosos não conseguem aceitar, ou conviver pacificamente, com pessoas que não seguem suas crenças e seus dogmas. O reflexo disso é o aumento expressivo de denúncias relacionadas à intolerância religiosa registradas pelo Disque 100, serviço de proteção aos Direitos Humanos da Presidência da República. O atendimento, que começou com um total de 15 queixas em 2011, registrou 759 ligações em 2016, denunciando manifestações de preconceito religioso, sendo a maioria das vítimas pertencentes a religiões de matriz africana e espírita.

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Não se sabe exatamente o que leva ao crescimento dessa onda de agressividade, uma vez que o Brasil já foi considerado um dos países, entre os mais populosos, com menor taxa de hostilidade social por motivações religiosas. Ele desceu da 2ª posição, em 2007, para a 9ª, em 2014, de acordo com o relatório feito pela Pew Foundation. Mas os casos não param. A ferramenta de busca Google lista quase 13 mil notícias sobre o tema, publicadas só no último ano, entre artigos relacionados ao aumento da violência e relatos - em todo o país - de agressões contra a fé.

Mas como são as religiões no Brasil?

A religiosidade em terras tupiniquins é representada tal qual seu povo, diversa, rica e cheia de nuances. O último Censo Demográfico, de 2010, mostrou o crescimento da diversidade dos grupos religiosos no Brasil. Mesmo que o país continue sendo o mais católico do mundo (apesar da quantidade de fiéis cair de 73,6% em 2000, para 64,6%), houve um número expressivo no crescimento da população evangélica, que passou de 15,4% em 2000 para 22,2% em 2010, em diferentes ramificações da crença. A pesquisa também aponta um aumento do total de espíritas (2%) e dos que se declararam sem religião (8%). Já a porcentagem de praticantes da Umbanda e do Candomblé, religiões de matriz africana, permaneceu em 0,3%.

O que esses números não mostram é a quantidade de casos de discriminação aos praticantes dessas religiões. Em 2016, foram registrados, em todo o país, 74 casos de preconceito contra umbandistas, 69 contra candomblecistas e 32 contra espíritas. Para ajudar no combate aos ataques, o Disque 100 também tenta traçar um perfil dos agressores, que são em sua maioria mulheres (totalizando 212 denunciadas, contra 209 homens), de 46 a 50 anos, sendo a maior parte vizinha das vítimas. 

E o que é intolerância religiosa?

Destruir imagens, templos, terreiros, invadir celebrações, jogar pedras ou outros objetos, xingar e menosprezar a crença do diferente. Praticar intolerância religiosa é discriminar e tentar cercear as liberdades individuais e coletivas, de uma pessoa ou grupo, seja excluindo, ofendendo e praticando violência simbólica ou física contra seguidores de uma crença ou religião. É preconceito, resultado da falta de informação de pessoas presas à ideias pré-concebidas que, em alguns casos, acabam manifestando atitudes de raiva e hostilidade.  

“Acho que foi Albert Einstein que disse que é mais fácil quebrar um átomo do que o preconceito. A gente sabe que vencer a discriminação é um trabalho persistente. É preciso fazer as pessoas ampliarem os horizontes e fazê-las entender que as religiões são boas. Elas são o departamento de cultura espiritual e não deveriam competir entre si”,  diz Frederico Menezes, que já lançou 14 livros relacionados ao espiritismo e há 14 anos viaja o país para ministrar palestras sobre temáticas da religião. A religião Espírita está entre as três que mais receberam denúncias de intolerância em 2016, atrás da Umbanda e do Candomblé. 

A outra face da intolerância: o racismo religioso

Para a Iyalorixá Denise Botelho o problema vai mais além da falta de informação. "O que vem ocorrendo no Brasil não é apenas intolerância religiosa. É um racismo religioso, porque a nossa religião é, em sua maioria, oriunda dos povos negros africanos. E ainda que hoje, a religião agregue segmentos étnicos diferenciados, ela ainda sofre as consequências do racismo”, afirma a mãe de santo. 

Ela reforça que isso se dá tanto pelo visual, quanto pela menção das divindades que cultua. “Se eu saio com um turbante na rua, eu vou ser discriminada, se eu saio com minhas guias ou fios de conta eu vou ser discriminada, porque elas são a identidade cultural da minha religião. Sempre que encontro um religioso cristão que diz que Jesus me ama eu acho ótimo porque eu também amo Jesus, mas quando eu digo que Oxalá o ama aí a reação e o acolhimento já não é mais o mesmo”, lamenta.

Isso pode ser observado inclusive nas demonstrações de intolerância contra a religião espírita. “As pessoas que não conhecem o espiritismo associam, muitas vezes, a doutrina aos cultos afro brasileiros. E aqui não vai nenhum demérito à Umbanda ou ao Candomblé, que são segmentos que atendem a uma expressiva comunidade. Mas na verdade essas duas religiões não tem nada a ver com o espiritismo. Os pontos de convergência que elas têm é que adotam a mediunidade e creem na reencarnação”, explica Frederico Menezes. Ele também reforça que muitos ainda associam a doutrina espírita à loucura “Um conhecido meu conversava com uma amiga em comum e disse certa vez sobre mim: ‘Fred, por exemplo, adoro aquele menino, pena que é louco’, só porque eu sou espírita”, lembra.

Disque 100: um canal para a denúncia

É importante lembrar que qualquer pessoa está vulnerável a sofrer ataques preconceituosos contra sua religião e que eles podem e devem ser denunciados. No Brasil, a intolerância religiosa é considerada crime de ódio, classificada como inafiançável e imprescritível, além de ser uma violação dos Direitos Humanos. Em caso de discriminação pode-se dar queixa através do Disque 100, ou levar o caso para a delegacia mais próxima. A pena para quem for condenado por preconceito religioso varia entre 1 a 3 anos de prisão, mais o pagamento de multa, sendo também aplicada em casos de desrespeito contra ateus e agnósticos, de acordo com a lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989.  Ela também pode acontecer acompanhada de outros tipos de discriminação identitárias, que devem ser observadas no momento da denúncia. Levar a queixa adiante é preciso principalmente para garantir o respeito e o direito às liberdades individuais.

Saber do futuro antes que ele aconteça é uma inquietação de muitos. Na chegada de um novo ano, é quase impossível não imaginar o que haverá de acontecer nos 12 meses que estão por vir. Segundo a religião de matriz africana, o candomblé, 2018 estará sob regência de três orixás: Exú, Xangô e Yansã. O Pai Sérgio de Esú falou ao LeiaJá sobre essa tríade e como ela irá influenciar nos acontecimentos do próximo ano, seja na política, no esporte ou no mundo das celebridades. 

Confira:

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Uma noite para celebrar as tradições africanas. Essa é a proposta da 9ª Exposição da Culinária Afro-Brasileira, que será realizada na próxima segunda-feira (22), no Pátio de São Pedro. O evento é organizado pelo Núcleo da Cultura Afro-Brasileira, em parceria com a Mãe Elza de Iemanjá, povos tradicionais de terreiros e apoio da Prefeitura do Recife.  

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Ao todo, sete mil unidades das iguarias estarão disponíveis para degustação. Além dos 20 pratos diferentes, que estarão distribuídos nas dez barracas montadas no entorno do Pátio. Quem visitar a exposição ainda terá a oportunidade de entrar em contato com outros princípios da cultura afro-brasileira, pois os cantos e rezas serão entoados para louvar o orixá Xangô, conhecido na cultura católica como São João, e celebrar a fartura do mês de junho. As barracas serão comandadas pelos babalorixás e as ialorixás, pai e mãe de santo, respectivamente.  

Por três anos, o evento foi realizado na Praça do Arsenal, mas retorna ao Pátio de São Pedro point tradicional de eventos que cultuam a cultura afro. “A iniciativa teve início aqui e é aqui onde nossas mobilizações de luta pela igualdade racial acontecem, como a Terça Negra, a Caminhada dos Terreiros, a Festa do Fogo, dentre outros”. 

A programação terá início às 17h, com a reza em celebração aos Ancestrais-Àdúrà. O encerramento está previsto para as 21h. 

Programação

17h - Celebração aos Ancestrais-Àdúrà (reza) e início do Sirè-Orin Òrìsà, Vodun, Nkise (cânticos) a Divindade ÈSÙ.

18h - Início da Degustação – Continuação do Sirè (cânticos) – Grande Roda.

20h - Celebração à Divindade SÀNGÓ – Todos dançam e cantam ao redor da Fogueira (Elemento FogoSAGRADO).

20h30 - Entrega do Prêmio ÌYÁBÀSÉ 2015.

21h - Encerramento do Sirè.

 

Serviço

9ª Exposição da Culinária Afro-Brasileira no Ciclo Junino

Segunda (22) | 17h

Pátio de São Pedro (Bairro de São José - Recife)

Gratuito

(81) 3355 3100

 

 

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O Brasil, e principalmente Pernambuco, é conhecido pela sua diversidade cultural. Um dos representantes da cultura popular é o Balé de Cultura Negra do Recife- Bacnaré, fundado em 1985, pelo Filho de Santo, professor, pesquisador e coreógrafo Ubiracy Ferreira. A bisavó dele foi escrava. Na senzala, ela entrou em contato com a Capoeira e participava dos Maracatus. As influências das danças afro-brasileiras e também da religião Candomblé passaram de geração em geração até chegar aos olhos de Ubiracy, cuja luta era pela preservação e reconhecimento de sua cultura. Em outubro do ano passado, o fundador do Balé Bacnaré faleceu, aos 75 anos, devido a um câncer na próstata. 

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No entanto, o legado cultural de Ubiracy continua vivo na sua família. Atualmente, o Bacnaré está sob responsabilidade do filho Thiago e da viúva Antônia Ferreira, presidente e vice respectivamente. A atual sede fica na própria residência de dona Antônia, uma casa simples, no Bairro da Bomba do Hemetério, local onde são realizadas oficinas de máscaras, ensaios de dança e de percussão do Maracatu Sol Nascente, que nasceu dentro do Balé. Além destes, o balé também trabalha a capoeira, o caboclinho, samba de roda e o pastoril, que integra o ciclo de festas natalinas do Nordeste. 

O primeiro espetáculo realizado pelo Bacnaré foi Memórias, em meados dos anos 1980, com coreografia e história próprias, retratando a vinda dos escravos para o Brasil. Nos anos 2000, ele ganhou uma nova apresentação, no Teatro Santa Isabel, em homenagem ao fundador Ubiracy que, inclusive, foi o primeiro negro a se apresentar no local, palco de vários espetáculos e ensaios do Bacnaré. De acordo com Antônia, a renda adquirida com as apresentações realizadas no Santa Isabel é totalmente revertida para o balé. 

O contato do Bacnaré com as raízes africanas também veio através dos festivais internacionais. Nas viagens, os integrantes realizam um intercâmbio cultural com alguns representantes de tribos africanas como os Zulus, Camarões e os Massais. “Enquanto eles ficam admirados com a nossa capoeira, nós ficamos maravilhados com a cultura de raiz”, comenta Antônia. 

O LeiaJá visitou a casa de Antônia e conferiu o espaço no qual os ensaios são realizados. O local é pequeno para comportar cerca de 40 pessoas, mas, segundo dona Antônia, quando não é possível ensaiar no terraço, eles vão para a rua. Os recursos do Bacnaré vêm de iniciativas próprias dos membros, com confecções de bonecas de orixás, chaveiros e camisas. O balé também participa do edital Ponto de Cultura, que é promovido pelo Ministério da Cultura, porém o valor só cobre os custos das realizações de oficinas. 

Muito além de um espaço cultural, o Bacnaré também tem um cunho social. Com integrantes de sete a 49 anos, o balé resgata muitas crianças, que estão sem rumo na vida, e as trazem para um mundo de possibilidades. “Só o esporte e a cultura podem tirar os meninos das ruas”, completa dona Antônia. A entrada no balé é voluntária, com uma pequena ajuda de custo aos integrantes em dias de espetáculos. “É importante que a pessoa tenha um compromisso sério e real com nosso balé”, lembra dona Antônia.

O Bacnaré tem o apoio de algumas empresas, mas quer distância de atos de politicagens. Dona Antônia conta que alguns políticos já se ofereceram para ajudar na realização de eventos do balé, mas ela rejeita. “Não aceitamos propostas de políticos que buscam ganhar através do auxílio ao balé. É como se tirassem nossa liberdade. Iríamos trabalhar para outra pessoa”, declara. Entre apresentações nacionais e internacionais, o Balé Bacnaré já conquistou 165 prêmios.

Em busca de recursos

Através da integração do balé ao projeto Bombando Cidadania, que proporciona visita de turistas a alguns pontos culturais do bairro da Bomba do Hemetério, o Bacnaré ganhou ainda mais visibilidade, principalmente na mídia. A riqueza cultural do balé é tão grande, que chamou atenção de várias pessoas interessadas em ajudar a companhia. A partir disso, surgiu a iniciativa de colaboração na plataforma Impulso, a fim de arrecadar fundos para a reforma da sede provisória. 

A reforma consiste na implantação de um letreiro com o nome do balé; na pintura; e na mudança de piso do local. Além disso, também está prevista a criação de um salão, na parte de trás da atual sede, para os integrantes realizarem seus ensaios. Ao LeiaJá, dona Antônia conta que tem planos maiores para o balé. “Eu queria que o Bacnaré tivesse uma sede própria, em outro lugar, com mais espaço para os ensaios e para guardar os materiais”, comenta. A professora aposentada vai mais além: “Queria que o Bacnaré se transformasse num espaço cultural para atender também as escolas, pois nossa cultura precisa ser ensinada e preservada. Temos muitos arquivos que dariam para fundar uma biblioteca e videoteca”.

A proposta é divida em duas etapas. A primeira tem o objetivo de arrecadar R$ 3 mil. Com o alcance desse valor, começa a segunda fase, na qual será preciso arrecadar R$ 30 mil. Restam apenas 35 dias para encerrar a primeira etapa e, até o momento, foram doados R$ 665, vindos de sete pessoas. Para ajudar na preservação desse tesouro da cultura afro-brasileira, basta acessar o site do Impulso e seguir o passo a passo. “A gente está suplicando, pedindo por doações”, ressalta dona Antônia. 

Carnaval

Muitos membros do Maracatu Sol Nascente são integrantes do Balé Bacnaré. Desde muito tempo, eles participavam da tradicional abertura de Carnaval comandada por Naná Vasconcelos. Mas em 2011, eles deixaram de se apresentar junto aos batuqueiros. Isso porque o Sol Nascente tem uma política de não participar de competições. Segundo dona Antônia, “a cultura não é para competir, mas sim para fazer bonito”.

Na época da exclusão, Ubiracy havia ficado profundamente triste. Emocionada, dona Antônia relembra a fala do falecido marido no Carnaval do ano passado. “Enquanto arrumava o estandarte, ele chorava e dizia que este seria seu último carnaval. E acabou sendo mesmo”, comenta.

A organização do Maracatu reivindicou com a atual secretária de Cultura do Recife, Leda Alves, e no Carnaval deste ano eles voltam a se apresentar juntamente com Naná Vasconcelos. Na abertura do próximo dia 28, o Sol Brilhante subirá ao palco do Marco Zero e todos os mestres utilizarão uma camisa com a foto de Ubiracy estampada. “Será uma grande homenagem a um grande mestre”, declara dona Antônia. 

O Maracatu Sol Nascente existe há muitos anos, inclusive a avó de Ubiracy era uma das integrantes. Durante décadas, o maracatu foi desativado, retornando graças ao mestre Ubiracy na comemoração dos seus 50 anos e do aniversário da cidade do Recife. Além da abertura do Carnaval, o Maracatu Sol Nascente também se apresenta na tradicional Noite dos Tambores, realizada no Pátio do Terço.

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