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A Rússia anunciou nesta terça-feira (22) que em breve vai retirar sua equipe diplomática da Ucrânia para "proteger suas vidas", depois que o Senado permitiu que o presidente Vladimir Putin use o exército no exterior. "Para proteger a vida e a segurança (dos diplomatas), a liderança russa decidiu evacuar o pessoal das missões estrangeiras russas na Ucrânia, o que será implementado em um futuro próximo", informou o Ministério das Relações Exteriores de Moscou em um comunicado.

O Ministério destacou que seus diplomatas receberam ameaças e que sua embaixada e consulado estão sob "ataques repetidos". "A Ucrânia mergulhou ainda mais fundo no caos", acrescentou o comunicado.

Várias embaixadas ocidentais se mudaram de Kiev para a cidade de Lviv, perto da fronteira polonesa, ao mesmo em tempo em que os Estados Unidos e seus aliados acusavam a Rússia de planejar há meses um ataque à Ucrânia.

Na segunda-feira, Putin reconheceu como independentes as regiões separatistas de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia, e assinou acordos com elas, abrindo as portas para a presença militar russa no país apoiado pelo Ocidente.

O Ministério de Relações Exteriores do Brasil divulgou uma nota nesta terça-feira, 22, pedindo "uma solução negociada" para a crise na Ucrânia após a Rússia reconhecer as regiões de Donetsk e Luhansk como independentes da Ucrânia e o presidente Vladimir Putin autorizar o envio de tropas para duas regiões separatistas.

"Diante da situação criada em torno do status das autoproclamadas entidades estatais do Donetsk e do Luhansk, o Brasil reafirma a necessidade de buscar uma solução negociada, com base nos Acordos de Minsk, e que leve em consideração os legítimos interesses de segurança da Rússia e da Ucrânia e a necessidade de respeitar os princípios da Carta das Nações Unidas. Apela a todas as partes envolvidas para que evitem uma escalada de violência e que estabeleçam, no mais breve prazo, canais de diálogo capazes de encaminhar de forma pacífica a situação no terreno", diz a nota do Ministério.

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Antes do anúncio do envio das tropas, a União Europeia e os Estados Unidos haviam sinalizado para a aplicação de sanções contra a Rússia e os governos pró-Moscou de Donetsk e Luhansk. O envio foi precedido de um duro discurso de Putin contra autoridades ucranianas, ocidentais e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), no qual Putin acusou seus rivais de planejar atacar a Rússia.

A decisão de Putin ocorre depois que o presidente da França, Emmanuel Macron, costurou um encontro entre os presidentes dos EUA e da Rússia, em um último esforço para evitar uma possível invasão da Ucrânia. O Kremlin nega que a reunião já esteja marcada.

Fala do embaixador

Na nota, o Ministério de Relações Exteriores do Brasil relembrou a fala do embaixador Ronaldo Costa Filho no Conselho de Segurança da ONU do dia anterior, 21, que tratou da situação na Ucrânia.

Leia a íntegra da nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores:

"Declaração do Representante Permanente Embaixador Ronaldo Costa Filho no Debate do Conselho de Segurança da Nações Unidas sobre a Questão da Ucrânia - 21 de fevereiro de 2022:

Senhor Presidente,

Quando esta Organização foi criada, em 1945, confiou ao Conselho de Segurança a responsabilidade primária pela manutenção da paz e segurança internacionais. A tensão dentro e ao redor da Ucrânia está-se agravando diariamente - na verdade, a cada hora -, tornando esta citação habitual da Carta de extraordinária importância e relevância.

Todos sabemos como a situação tornou-se crítica. O Brasil vem acompanhando os últimos acontecimentos com extrema preocupação. Nas atuais circunstâncias, nós, neste Conselho, em representação da comunidade internacional, devemos reiterar os apelos à imediata desescalada e nosso firme compromisso de apoiar os esforços políticos e diplomáticos para criar as condições para uma solução pacífica para esta crise.

O sistema de segurança coletiva das Nações Unidas baseia-se, em última análise, no pilar do direito internacional. Este, por sua vez, está assentado em princípios fundamentais consagrados na Carta: a igualdade soberana e a integridade territorial dos Estados-Membros; a restrição no uso ou na ameaça de uso da força; e a solução pacífica de controvérsias. No entanto, nosso pilar e nossos princípios não produzirão resultados a menos que as preocupações legítimas de todas as partes sejam levadas em consideração, e a menos que haja pleno respeito pela Carta e pelos compromissos existentes, como os Acordos de Minsk.

Nesse sentido, renovamos nosso apelo a todas as partes interessadas para que mantenham o diálogo com espírito de abertura, compreensão, flexibilidade e senso de urgência para encontrar caminhos para uma paz duradoura na Ucrânia e em toda a região. Um primeiro objetivo inescapável é obter um cessar-fogo imediato, com a retirada abrangente de tropas e equipamentos militares no terreno. Tal desengajamento militar será um passo importante para construir confiança entre as partes, fortalecer a diplomacia e buscar uma solução sustentável para a crise. Acreditamos firmemente que este Conselho deve cumprir sua responsabilidade central de ajudar as partes a se engajarem em um diálogo significativo e eficaz para alcançar uma solução que aborde efetivamente as preocupações de segurança na região. Não nos enganemos: no final das contas, estamos falando sobre a vida de homens, mulheres e crianças inocentes no terreno.

Muito obrigado."

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou um decreto nesta segunda-feira (21), reconhecendo a independência dos estados Leste da Ucrânia, a República Popular de Donetsk e da República Popular de Luhansk, na região de Donbas, e também autorizou o envio de tropas russas às regiões, que devem permanecer no local até que os dois estados separatistas assinem um tratado sobre "amizade, cooperação e ajuda mútua". As duas regiões são disputadas por ucranianos e rebeldes locais.

O anúncio representa uma grande escalada nas tensões entre o Ocidente e a Rússia, devido à crise próxima às fronteiras com a Ucrânia. Os líderes ocidentais observam as medidas e preparam uma série de sanções imediatas contra a Rússia.



A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, publicou no Twitter que a medida é uma “violação flagrante do direito internacional”. “A UE e os seus parceiros reagirão com unidade, firmeza e determinação em solidariedade com a Ucrânia”. 

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Mais cedo, antes de assinar o decreto que confirma e reforça a independência de  Luhansk e Donetsk, Putin havia feito um pronunciamento na TV russa e falou de uma série de questões envolvendo a Rússia, Ucrânia e Ocidente. Na ocasião, o presidente russo também afirmou que a Ucrânia nunca teve a tradição de ser um estado genuíno.

O presidente Jair Bolsonaro negou nesta quarta-feira, 16, ter abordado questões de segurança eleitoral durante a reunião com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. "Isso não é assunto para tratar fora do Brasil, com todo o respeito. Se alguém faz qualquer ilação nesse sentido, está extrapolando no meu entender a sua atividade", declarou o presidente a jornalistas em Moscou após pergunta do Broadcast Político.

A fala sobre 'ilação' vem no mesmo dia em que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, disse em entrevista ao Estadão que a Rússia poderia estar envolvida em ataques hackers ao sistema eleitoral brasileiro.

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A coletiva de imprensa de Bolsonaro aconteceu logo após uma reunião do presidente com empresários russos. Aos presentes, o chefe do Executivo destacou que o encontro com Putin foi uma "experiência inenarrável", diante de um "momento ímpar" nas relações entre os dois países.

"Entramos na questão de defesa e essa questão foi tratada com mais profundidade pelo nosso ministro da defesa e o representante do governo russo. Tratamos de ciência e tecnologia, petróleo e gás, exploração em águas profundas e importação e exportação", relatou Bolsonaro aos empresários sobre o encontro com Putin.

O acesso de jornalistas em Moscou à agenda do presidente com empresários foi vetado, ainda que o encontro tenha sido organizado em parceria com o governo. Bolsonaro, no entanto, transmitiu suas falas nas redes sociais.

Exames

Bolsonaro se recusou a responder a jornalistas em Moscou se fez todos os exames de covid-19 solicitados pelo governo russo para entrada no Kremlin.

"Mas que pergunta!", reagiu Bolsonaro ao ser questionado sobre o tema. "Eu me submeti a tudo que foi acordado no Brasil", limitou-se a dizer. Como mostrou o Broadcast Político mais cedo, o presidente realizou um teste de covid-19 nesta manhã em seu hotel antes de se encontrar com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Aos jornalistas, Bolsonaro disse que haverá abertura de crédito especial por parte do governo federal para atender as vítimas das chuvas em Petrópolis, sem falar o valor, e confirmou a visita que fará às regiões afetadas na sexta-feira.

Para cumprir a agenda no interior do Rio de Janeiro, Bolsonaro vai deixar Budapeste, capital da Hungria, para onde vai amanhã, mais cedo. Assim, a tradicional live das quintas-feiras nas redes sociais foi adiada para sexta-feira, 18.

Após uma reunião de cerca de duas horas seguida de almoço, o presidente da República, Jair Bolsonaro, agradeceu ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, pela parceria na área de fertilizantes. Em pronunciamento no Kremlin, o brasileiro citou o lado conservador do contraparte, ex-funcionário da KGB nos tempos da União Soviética.

"O Brasil é uma potência, em especial, no agronegócio. Existe muito interesse de nossa parte no comércio de fertilizantes, pelo que sou grato ao prezado amigo", declarou Bolsonaro, que citou interesse russo em plantas brasileiras habilitadas na venda de produtos de origem animal, como carnes. "Compartilhamos de valores comuns, como crença em Deus e defesa da família", acrescentou.

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De acordo com o presidente brasileiro, a reunião com Putin foi sobre uma agenda "bastante profícua" e "de amplo interesse dos nossos países". "É sinal de que duas grandes potências têm muito a avançar, a interagir para benefício dos nossos povos e repito: muito obrigada presidente Putin pela acolhida pelos temas tratados conosco e pela confiança deposita em nosso país."

Sem citar diretamente o conflito com a Ucrânia, Bolsonaro diz ser "solidário" a todos os países que se empenham pela paz. Mais cedo, ele afirmou ser solidário à Rússia. "Mundo é nossa casa e Deus está acima de todos nós. Pregamos a paz e respeitamos todos aqueles que agem dessa maneira, afinal de contas, esse é o interesse de todos nós: paz para o mundo", seguiu o presidente.

Bolsonaro ainda destacou a colaboração entre os países no Brics, no G20 e na ONU e agradeceu Putin por seus votos de solidariedade com a população de Petrópolis, atingida por fortes chuvas.

Diferentemente do presidente da França, Emannuel Macron, e do chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, o presidente Jair Bolsonaro pôde se sentar ao lado do presidente da Rússia, Vladimir Putin, durante a reunião bilateral desta quarta-feira, 16. A diferença no tratamento ocorre porque o brasileiro aceitou as condições do Kremlin e passou por um teste de Covid-19 nesta manhã (pelo horário de Brasília).

Bolsonaro testou negativo para o coronavírus hoje cedo, em seu hotel em Moscou, atendendo a um pedido do Kremlin, sede do governo russo.

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Já Macron e Scholz preferiram não se testar para a Covid-19 em território russo com receios de clonagem de material genético. A imagem de Macron em uma "mesa gigante" para manter o distanciamento social de Putin tornou-se meme na internet.

Segundo apurou a reportagem, é nessa mesma mesa que Putin e Bolsonaro vão almoçar após o encontro bilateral reservado - mas sem a necessidade de tanto distanciamento, devido ao teste negativo de Bolsonaro.

Sede do governo russo e do encontro entre os presidentes, o Kremlin tem rígidos protocolos sanitários em função da Covid-19. Bolsonaro diz não ter se vacinado contra a Covid-19 e costuma colocar a importância da imunização sob dúvidas. Já Putin tomou três doses da vacina russa Sputinik V.

O presidente Jair Bolsonaro iniciou, no Kremlin, o encontro com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ponto alto da viagem oficial ao país. Nos cumprimentos iniciais, o chefe do Executivo brasileiro destacou ao russo que é solidário ao país e que deseja colaborar nas áreas de defesa, petróleo, gás e agricultura.

A afirmação sobre solidariedade vem em meio às tensões entre a Rússia e a Ucrânia. O presidente, no entanto, não citou diretamente o tema. "Somos solidários à Rússia e queremos muito colaborar em várias áreas, defesa, petróleo e gás, agricultura. As reuniões estão acontecendo", disse o chefe do Executivo brasileiro a Putin, na manhã desta quarta-feira (16), pelo horário de Brasília, com a ajuda de um intérprete.

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Bolsonaro ainda agradeceu a Putin pelo convite para a visita oficial a Moscou. "Estou muito feliz e honrado com seu convite. Nossa passagem por aqui é retrato para o mundo de que podemos crescer muito em nossas relações bilaterais", seguiu.

Em seguida, Bolsonaro agradeceu o apoio do Kremlin ao caso de um brasileiro preso na Rússia. "Estamos à disposição e tenho certeza de que esse encontro será muito produtivo para nossos povos", finalizou, antes de seguir para a parte reservada da agenda.

Já Putin manifestou a Bolsonaro alegria em recebê-lo, comemorou a manutenção do comércio bilateral entre os países durante as restrições da pandemia e disse esperar que o encontro seja produtivo. "Brasil é nosso principal parceiro na América Latina", destacou o líder russo, que também mantém boas relações com a Argentina.

Encontro

A pauta central da reunião entre os dois será a crise dos fertilizantes, mas Bolsonaro também considera falar de cibersegurança, como mostrou a reportagem do Estadão/Broadcast. A crise envolvendo a Ucrânia será outra pauta da reunião, de acordo com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, apesar da orientação do Itamaraty para que o presidente evitasse o tema.

Para participar da reunião, Bolsonaro teve de se submeter a um teste de Covid-19 do tipo RT-PCR nesta manhã em seu hotel em Moscou. Além disso, o encontro bilateral terá a presença apenas dos dois presidentes e de intérpretes. As medidas obedecem protocolos sanitárias rígidos do Kremlin em função da pandemia.

Dois integrantes do Itamaraty ouvidos reservadamente pela reportagem relatam certo temor de um encontro de Bolsonaro e Putin sem a presença de diplomatas.

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, se reúne nesta quarta-feira em Moscou com o colega russo Vladimir Putin, em desafio às advertências dos Estados Unidos por sua viagem em um momento de grande tensão pela crise na Ucrânia.

Bolsonaro viajou a Moscou apesar dos temores dos países ocidentais de que a Rússia prepara um ataque contra a Ucrânia, uma acusação que Moscou nega.

Antes da viagem, o presidente brasileiro, um aliado tradicional dos Estados Unidos no período de Donald Trump, rejeitou a pressão para cancelar a viagem.

Desde terça-feira, a tensão a respeito da Ucrânia registrou uma leve queda, depois que a Rússia anunciou uma retirada parcial de algumas tropas e nesta quarta-feira informou o fim das manobras na península da Crimeia, anexada em 2014 ao país vizinho.

Na segunda-feira, a Rússia afirmou que existe uma "possibilidade" de resolver a crise ucraniana a partir da negociação diplomática.

Bolsonaro defendeu a viagem ao afirmar que o encontro abordará temas comerciais.

Na terça-feira, o presidente afirmou em sua conta no Twitter que a primeira visita de um governante brasileiro à Rússia aconteceu em 1876 e que o Brasil "tem uma vocação de amizade com todas as nações do mundo".

O Kremlin afirmou que os dois chefes de Estado abordarão o "fortalecimento da associação estratégica entre Rússia e Brasil", além de temas comerciais, científicos e culturais.

O governo russo informou ainda que os dois devem falar sobre suas visões a respeito dos "problemas da agenda internacional".

Bolsonaro viaja acompanhado dos ministros das Relações Exteriores e da Defesa, que se reunirão com seus colegas russos.

Antes da viagem a Moscou, Bolsonaro fez um aceno à Ucrânia e informou que o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, conversou por telefone com o chanceler ucraniano, Dmyitro Kuleba.

A Rússia fez o convite ao presidente brasileiro no fim de novembro, quando a crise a respeito da Ucrânia já preocupava os países ocidentais.

Bolsonaro aceitou e decidiu combinar sua viagem com uma visita à Hungria para um encontro com o primeiro-ministro de extrema-direita Viktor Orban, que também se reuniu recentemente com Putin.

O presidente brasileiro expressou admiração por Putin, no momento em que enfrenta um complicado cenário interno com as eleições presidenciais de outubro.

A relação bilateral entre Brasil e Estados Unidos esfriou desde que o republicano Donald Trump deixou a Casa Branca.

O presidente brasileiro é conhecido por suas polêmicas posturas na pandemia e não está vacinado contra a covid-19.

Putin tem sido extremamente cauteloso para não ser infectado com o coronavírus e recebeu alguns líderes em uma longa mesa, o que provocou muitos comentários sobre o distanciamento que estabelece com os chefes de Estado e Governo.

Oval e retangular, uma mesa muito longa se interpõe entre Vladimir Putin e seus interlocutores, uma precaução sanitária que reforça a impressão de um presidente da Rússia alheio ao mundo, em plena crise ucraniana, e que alimenta as brincadeiras na internet.

Durante uma reunião nesta terça-feira (15) no Kremlin, Putin e o chanceler da Alemanha Olaf Scholz apareceram sentados cada um em um extremo de uma mesa branca, de vários metros de comprimento, e já familiar para os observadores da Rússia.

A cena reproduz o ocorrido na semana passada com o presidente francês Emmanuel Macron. O Kremlin explicou que esta precaução sanitária é adotada para qualquer convidado estrangeiro que recuse um teste de covid-19 efetuado por um médico russo.

Essas cenas, incomuns nas reuniões de alto nível, ilustram a magnitude das precauções tomadas pelo chefe de Estado russo, de 69 anos, para evitar a infecção pelo coronavírus. Mas também são percebidas por alguns como o sintoma de um dirigente cada vez mais distante e isolado, cujas intenções sobre a crise ucraniana são indecifráveis.

Na segunda-feira, Putin também impôs essa mesma distância a seu ministro de Relações Exteriores, Sergei Lavrov, e ao ministro da Defesa, Sergei Shoigu, um de seus amigos com os quais costumava passar férias. Ambos se viram obrigados a se sentar a vários metros do presidente, durante reunião dedicada à Ucrânia.

'Solidão'

Ao ver estas fotos, "é evidente que [Putin] está cada vez mais sozinho" estima o cientista político independente Konstantin Kalatchev. "Esta solidão é óbvia: ele não se importa com o que os demais pensam sobre ele", acrescenta.

Perguntado a respeito, o porta-voz do Kremlin Dmitry Peskov disse nesta terça-feira que as medidas eram "provisórias" e relacionadas com o "pico da onda" da variante ômicron, que é bastante contagiosa e muitas vezes assintomática. "Não há nada terrível ou extraordinário. Nestes tempos, é necessário tomar medidas um pouco especiais", relativizou Peskov.

De fato, o presidente russo está imerso há vários meses em uma bolha sanitária, que parece mais hermética que as que protegem outros dirigentes do mundo. E tudo isso ocorre depois que Putin não impôs nenhum lockdown na Rússia desde meados do primeiro semestre de 2020, com o objetivo de preservar a economia e apesar dos mais de 700.000 mortos pela pandemia no país, segundo a agência de estatísticas Rosstat.

Por outro lado, as delegações estrangeiras e os jornalistas que querem comparecer ao Kremlin devem se submeter a três testes PCR nos quatro dias precedentes.

E os dirigentes estrangeiros que visitam a Rússia e querem proximidade física com Putin devem aceitar que um médico do Kremlin enfie um cotonete em seu nariz. Caso contrário, devem se contentar com uma cadeira no extremo de uma longa mesa.

Memes

Tudo isso gerou uma avalanche de comentários humorísticos nas redes sociais, compensando as tensões em torno da Ucrânia, uma crise que desperta o espectro da guerra na Europa.

O presidente russo cultiva a imagem de homem forte, mas os "memes" da internet que antes o mostravam montado em um urso, deram lugar àqueles que sugerem a uma loja de móveis famosa a criação de um modelo de mesa longa batizado de "Putin", ou os que mostram a mesa do Kremlin como uma gangorra de um parque infantil ou uma pista de patinação.

Com essas fotos, Vladimir Putin "corre o risco de parecer ridículo" opina o especialista Konstantin Kalatchev. Até mesmo o líder húngaro Viktor Orban, aliado europeu de Putin, brincou durante uma visita ao Kremlin no início de fevereiro, "dizendo que jamais teria visto uma mesa tão grande", relata o cientista político.

Além disso, o próprio Kalatchev faz piada ao afirmar que as fotos "deveriam tranquilizar todo o mundo, pois é improvável que uma pessoa que cuida tanto de sua saúde seja responsável por desencadear a terceira guerra mundial".

O presidente russo, Vladimir Putin, classificou como "especulações provocativas" as acusações de que a Rússia esté preparando uma invasão da Ucrânia, durante uma conversa neste sábado (12) com seu homólogo francês, Emmanuel Macron - informou o Kremlin em um comunicado.

"Vladimir Putin e Emmanuel Macron discutiram [...] especulações provocativas relacionadas com uma suposta 'invasão' russa da Ucrânia, que é acompanhada de entregas significativas de armamentos modernos para este país", disse a Presidência russa em comunicado.

O Kremlin considera que essas acusações e esses meios militares criam "as condições para possíveis ações agressivas das forças ucranianas em Dombass", uma região no leste da Ucrânia onde a Rússia apoia separatistas armados há oito anos.

Putin voltou a reclamar que os Estados Unidos e a OTAN se neguem a aceitar "as iniciativas russas" para diminuir as tensões, ou seja, que a Aliança Atlântica ofereça garantias de que não se expandirá para o leste, nem vai incorporará a Ucrânia, e que opere retiradas de seus meios militares na Europa Ocidental. O Kremlin também acusou Kiev, mais uma vez, de torpedear o processo de paz na guerra de Dombass.

Na conversa deste sábado, o presidente francês disse ao colega russo, por sua vez, que "um diálogo sincero não é compatível com uma escalada militar" na fronteira da Rússia com a Ucrânia.

Tanto Macron quanto Putin "expressaram a vontade de continuar o diálogo" para implementar os acordos de Minsk sobre a região separatista pró-russa de Dombass (leste da Ucrânia) e sobre "condições de segurança e de estabilidade na Europa", especificou o Palácio do Eliseu, após um telefonema de 1 hora e 40 minutos entre os dois líderes.

Macron ressaltou, contudo, que os ocidentais estão "decididos a reagir", se as Forças Armadas russas lançarem uma operação na Ucrânia, declarou a Presidência francesa.

Ele também "transmitiu as preocupações de seus parceiros e aliados europeus", acrescentou a mesma fonte.

A discussão entre Macron e Putin é a continuação do encontro de cinco horas entre ambos, na última segunda-feira (7), no Kremlin. No dia seguinte, o líder francês viajou para Kiev, onde se reuniu com o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky. Depois, Macron embarcou rumo a Berlim.

O Eliseu indicou que esta viagem diplomática atingiu seu "objetivo", ao permitir "avançar" para reduzir a tensão entre Rússia e Ucrânia.

A China sinalizou nesta quinta-feira (27) pela primeira vez, apoio à Rússia no conflito contra americanos e europeus na Ucrânia. Wang Yi, chanceler chinês, disse que Moscou tem "preocupações de segurança razoáveis" que deveriam ser "levadas a sério". Em conversa por videoconferência com Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, Wang disse ser contra a expansão da Otan na Europa. "A segurança regional não pode ser garantida pelo fortalecimento ou expansão dos blocos militares", afirmou.

Segundo comunicado do Ministério das Relações Exteriores da China, na conversa com Blinken, o chanceler chinês disse que russos e americanos deveriam "abandonar a mentalidade da Guerra Fria" e negociar de maneira "equilibrada" uma solução.

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De acordo com a transcrição da conversa, divulgada pelo Departamento de Estado dos EUA, Blinken lembrou a Wang dos perigos globais de segurança e dos riscos econômicos que representariam novas agressões russas contra a Ucrânia.

Taiwan

As relações entre Taiwan e China pairam sobre a decisão de Pequim de demonstrar apoio à Rússia. Alguns especialistas encaram a resposta de Washington a uma operação militar russa na Ucrânia como um teste de como os americanos reagiriam à decisão chinesa de anexar Taiwan, considerada parte do território da China e constantemente ameaçada de invasão.

A Ucrânia tem importância estratégica para a Rússia - assim como Taiwan tem para a China. Por isso, o Kremlin mobilizou mais de 100 mil soldados na fronteira ucraniana, provocando temores de que Vladimir Putin esteja pronto para ordenar uma invasão.

A Otan respondeu despachando navios, caças e tropas para países do Leste da Europa. Os EUA enviaram equipamentos, armas e munições para Kiev e colocaram 8,5 mil soldados de prontidão para serem enviados a qualquer momento para a região.

No mês passado, a Rússia tornou pública uma série de exigências para o fim da crise. Com oito pontos, a lista de Putin tem como principal demanda uma garantia de que países do Leste da Europa não serão aceitos na Otan. Além da Ucrânia, que apresentou sua candidatura em 2008, a Geórgia, uma ex-república soviética, e a Bósnia, que fazia parte da Iugoslávia, são candidatas a membro da aliança.

Putin também insiste que as forças da Otan e dos EUA suspendam exercícios militares perto das fronteiras russas e deixem os países do Leste da Europa, revertendo o avanço obtido até 1997, quando a Rússia, bastante enfraquecida, ainda sofria os efeitos do colapso da União Soviética.

Impasse

Na quarta-feira, 26, os EUA e a Otan responderam por escrito às exigências de Putin, rejeitando todas. Os americanos afirmaram que as principais demandas da Rússia eram "inaceitáveis" e garantiram que a Ucrânia é soberana para solicitar sua adesão à aliança.

Ontem, a Rússia disse que as respostas deixaram "pouco motivo para otimismo", mas manteve aberta a porta da diplomacia. O chanceler russo, Seguei Lavrov, afirmou que Putin analisará as cartas que o governo americano e a aliança militar lhe apresentaram e "decidirá sobre nossos próximos passos" após consultas com diplomatas e assessores. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Ucrânia confirmou nesta quarta (26) que recebeu em Kiev, na terça-feira (25) um carregamento com armas, munições e equipamento militar dos EUA. Segundo a vice-ministra ucraniana da Defesa, Hanna Maliar, a carga faz parte de um pacote de US$ 200 milhões aprovado pelo presidente americano, Joe Biden, para reforçar a segurança do país diante de uma iminente invasão da Rússia.

Além da ajuda direta, Biden também trabalha nos bastidores para tentar conter o avanço russo. Ontem, ele afirmou que estuda sanções pessoais contra o presidente Vladimir Putin, caso ele decida invadir a Ucrânia. O Kremlin respondeu, afirmando que a medida seria um risco. "Sanções individuais contra Putin não seriam dolorosas, mas politicamente destrutivas", disse o porta-voz do governo, Dimitri Peskov.

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As portas para uma saída diplomática, no entanto, parecem cada vez mais fechadas. Os EUA apresentaram ontem por escrito sua resposta à exigência da Rússia de vetar a adesão da Ucrânia à Otan. Na mensagem, entregue pelo embaixador americano em Moscou, John Sullivan, a Casa Branca rejeita o pedido e defende o direito ucraniano de fazer parte da aliança. Em Bruxelas, o embaixador russo recebeu a mesma resposta dos países da Otan.

Horas antes, o chanceler da Rússia, Sergei Lavrov, havia ameaçado adotar retaliações se as respostas dos EUA e da Otan não satisfizessem o Kremlin. "Se o Ocidente continuar seu curso agressivo, Moscou tomará as medidas retaliatórias necessárias", afirmou Lavrov em discurso ao Parlamento. "Não permitiremos que nossas propostas se percam em discussões intermináveis."

A movimentação de soldados e armas indica que um conflito é iminente. A Rússia tem 100 mil homens mobilizados na fronteira com a Ucrânia, enviou tropas para Belarus e iniciou um exercício militar em várias partes de seu território. Do outro lado, membros da Otan despacharam caças e navios de guerra para o Leste da Europa e os EUA colocaram 8,5 mil soldados de prontidão para serem deslocados para a região.

Ontem, a vice-secretária de Estado dos EUA, Wendy Sherman, afirmou que a Rússia deve atacar em algumas semanas. "Tudo indica que Putin fará uso da força militar em algum momento, talvez entre agora e meados de fevereiro", disse.

Pedido de calma

No entanto, mesmo diante da intensa movimentação, o governo ucraniano dá sinais de que não acredita em uma invasão em larga escala. Ontem, o presidente da Ucrânia, Volodmyr Zelenski, pediu calma à população. "Proteja seu corpo dos vírus, seu cérebro das mentiras, seu coração do pânico", disse.

Em artigo publicado na segunda-feira (24) Andriy Zagorodnyuk, ex-ministro da Defesa da Ucrânia, afirmou que a Rússia não tem o número de soldados necessário para uma invasão em larga escala. Vários elementos estão faltando, segundo ele, incluindo grupos táticos, tanques e paraquedistas, além da falta de pessoal para atuar nos poucos hospitais de campanha montados.

Analistas da Rochan Consulting, com base na Polônia, calculam que a Rússia tenha cerca de 68 batalhões de prontidão na fronteira da Ucrânia e 11 em Belarus. Especialistas americanos acreditam, no entanto, que uma invasão exigiria pelo menos 100 batalhões. Outros analistas ocidentais afirmam que, com base na dificuldade em manter o controle do Iraque, os russos precisariam de pelo menos o dobro disso para combater uma contrainsurgência na Ucrânia. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O rapper Kanye West planeja viajar a Moscou no fim do ano, segundo a revista "Billboard", para apresentar seu show "Sunday Service" e se reunir com o presidente russo, Vladimir Putin.

A publicação da indústria musical, que cita o assessor de West, Ameer Sudan, informa que o artista trabalha em novos negócios com Aras Agalarov - milionário relacionado a Donald Trump - e o filho músico do empresário, cujo nome artístico é Emin.

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"Ele passará muito tempo na Rússia", disse Sudan à Billboard. Segundo ele, o país será "uma segunda casa" para Ye, que mudou legalmente de nome no ano passado.

Desde 2019, o rapper costuma oferecer o Sunday Service, um show intimista que lembra as missas de domingo em igrejas e é acompanhado de corais gospel.

A política não é estranha para Ye, 44. Em 2020, ele se apresentou nas eleições presidenciais americanas como candidato independente pelo Birthday Party. Em 2018, reuniu-se com o então presidente Trump em um encontro que incluiu um abraço entre os dois e uma diatribe ante as câmeras.

Potenciais críticas por sua relação com a Rússia não farão Ye desistir, afirmou Ameer Sudan. "Kanye está muito ciente do que acontece. Ele não vai contra os Estados Unidos, nem para causar conflitos, mas Ye é Ye, não pode ser controlado", comentou.

Os presidentes de Rússia, Vladimir Putin, e Turquia, Recep Tayyip Erdogan, se comprometeram neste domingo (2) a melhorar as relações durante um telefonema, após o aumento das tensões em torno da Ucrânia, segundo informaram os escritórios dos dois chefes de Estado.

Putin e Erdogan "trocaram cumprimentos de Ano Novo, resumiram os principais resultados da cooperação bilateral e confirmaram o desejo de intensificar ainda mais a associação mutuamente benéfica entre Rússia e Turquia", afirmou o Kremlin em um comunicado sobre a conversa entre os líderes.

O gabinete de Erdogan disse, por sua vez, que as duas partes "discutiram os passos para melhorar as relações turco-russas" e reiteraram o desejo de desenvolver a cooperação "em todos os campos".

A Turquia, que é membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) desde 1952, provocou protestos da Rússia ao fornecer à Ucrânia drones de combate que Moscou teme que possam ser utilizados pelas forças estatais ucranianas no conflito com os separatistas do Donbass, no leste do país.

No mês passado, Putin criticou a Ucrânia por usar aeronaves não tripuladas fabricadas pela Turquia no conflito com os separatistas pró-Rússia.

A Turquia, por sua vez, rejeita qualquer culpa pelo fato de a Ucrânia usar drones turcos. Ancara argumenta que, se um Estado compra um armamento turco, este deixa de ser da Turquia e passa a pertencer ao país comprador.

O ministro de Relações Exteriores turco, Mevlut Cavusoglu, instou na semana passada a Rússia a abandonar suas demandas "unilaterais" e a adotar um enfoque mais construtivo em seu enfrentamento com as potências ocidentais e a Otan sobre a Ucrânia.

A Rússia quer que a Otan lhe ofereça uma garantia de segurança e que seus efetivos retornem às posições que ocupavam antes da onda de expansão rumo ao leste, iniciada após a dissolução da União Soviética.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o russo, Vladimir Putin, conversarão por telefone na quinta-feira (30) "para discutir várias questões, incluindo os próximos compromissos diplomáticos com a Rússia", anunciou nesta quarta-feira (29) uma porta-voz da Casa Branca.

O telefonema entre os dois chefes de Estado acontecerá duas semanas antes das negociações entre os dois países, marcadas para 10 de janeiro, sobre os tratados de controle de armas nucleares e a situação na fronteira russo-ucraniana, onde o Ocidente acusa Moscou de concentrar tropas para um possível ataque.

Biden se dirá disposto a empreender "uma via diplomática", mas os Estados Unidos, que seguem "profundamente preocupados" com a presença de tropas na fronteira com a Ucrânia, também estão "preparados para responder" em caso de invasão, afirmou um alto funcionário da Casa Branca.

O governo Biden continua realizando "ampla diplomacia com nossos aliados e parceiros europeus, consultando e coordenando uma abordagem comum em resposta à concentração militar da Rússia na fronteira com a Ucrânia", disse a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Emily Horne, em um comunicado.

"De fato, uma conversa por telefone entre Putin e o presidente dos Estados Unidos está marcada para amanhã na última hora da noite (horário de Moscou)", confirmou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, citado por agências russas.

Esta será a segunda conversa telefônica entre as duas lideranças em menos de um mês. No início de dezembro, Joe Biden ameaçou Vladimir Putin com sanções "como nunca viu" se atacasse a Ucrânia.

A Rússia afirma ter agido em resposta ao que considera hostilidade do Ocidente e recentemente apresentou dois projetos de tratado para impedir a expansão da Otan e encerrar as atividades militares das potências ocidentais perto das fronteiras russas. Acima de tudo, ele quer evitar que a Ucrânia se torne membro da Aliança Atlântica.

A negociação de 10 de janeiro é tensa. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, descartou "concessões" desde o início e os Estados Unidos já haviam alertado que alguns pedidos russos eram "inaceitáveis".

O presidente russo, Vladimir Putin, deve se isolar, após a descoberta de casos de covid-19 em seu entorno - anunciou o Kremlin nesta terça-feira (14).

Em função disso, Putin não participará, presencialmente, de uma reunião de cúpula regional no Tadjiquistão.

"Devido a casos identificados de coronavírus em seu entorno, Vladimir Putin deve respeitar um regime de autoisolamento durante um certo período de tempo", declarou a presidência, em um comunicado, acrescentando que ele está bem.

"O presidente está em perfeito estado de saúde", afirmou seu porta-voz, Dmitri Peskov.

Ele destacou que Putin, que está vacinado, foi submetido a um teste de detecção do vírus. O resultado não foi divulgado pelo Kremlin.

Desde o início da pandemia, as autoridades russas tomaram medidas excepcionais para proteger o presidente, de 68 anos, que foi imunizado com a vacina de fabricação russa Sputnik V.

Antes de se reunirem com o presidente, líderes estrangeiros, jornalistas e funcionários de alto escalão tiveram de passar por um autoisolamento.

Na segunda-feira (13), Putin se reuniu com o presidente sírio, Bashar al-Assad, e com os atletas russos que voltaram dos Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020.

A Rússia está entre os países mais atingidos pela pandemia da covid-19. No momento, ocupa o quinto lugar em número de infectados, conforme balanço atualizado da AFP.

Apesar da alta disponibilidade de vacinas, as autoridades sanitárias não conseguem conter o avanço da covid-19. Até esta terça-feira, o país acumulava 7,1 milhões de casos de contágio e mais de 194.000 mortes, o número mais alto da Europa.

- População cética sobre vacinas russas -

Depois de disparar em agosto, o número de casos chegou a diminuir, mas continua a preocupar. Nas últimas 24 horas, foram registrados 17.837 casos e 781 óbitos.

As autoridades não conseguem convencer uma população cética em relação às vacinas, e pesquisas independentes mostram que a maioria dos russos não quer se imunizar.

Apenas 39,9 milhões dos 146 milhões de russos estão totalmente vacinados, segundo o site Gogov, que coleta dados oficiais das regiões.

A Rússia tem várias vacinas de fabricação própria disponíveis para sua população, mas não distribui imunizantes de países ocidentais.

Moscou, epicentro da pandemia no país, e outras regiões implementaram medidas de vacinação obrigatórias para acelerar a imunização. O presidente Putin pede, repetidamente, a seus concidadãos que se vacinem.

A meta do Kremlin era ter 60% da população protegida até setembro, o que não foi atingido, ainda que tenha iniciado sua campanha de vacinação no início de dezembro.

O governo russo foi acusado de subestimar os efeitos da pandemia da covid-19 e de ter desistido de voltar a adotar medidas restritivas após o severo confinamento decretado em 2020.

As autoridades depositaram suas esperanças de conter a pandemia nas quatro vacinas de fabricação nacional - Sputnik V, EpiVacCorona, CoviVac e Sputnik Light (de dose única) -, ainda sem sucesso.

O presidente Vladimir Putin afirmou, neste domingo (25), que a frota russa é capaz de detectar e destruir "qualquer alvo", durante um grande desfile naval em São Petersburgo que ele compareceu.

"Hoje, a frota russa tem tudo para defender a pátria e nossos interesses nacionais de forma infalível. Somos capazes de detectar qualquer alvo inimigo debaixo d'água, na superfície ou no ar e desferir um golpe letal, se necessário", declarou Putin em um discurso televisionado.

Ele afirmou que a Rússia conquistou seu lugar entre as "principais potências marítimas do mundo" ao desenvolver "uma aviação naval eficaz de curto e longo alcance, sistemas de defesa costeira confiáveis e armas hipersônicas de última geração e alta precisão, que são incomparáveis no mundo e continuam a melhorar constantemente e com sucesso".

O discurso foi pronunciado à margem do desfile anual da frota russa no rio Neva, em São Petersburgo, a segunda maior cidade do país.

Em um contexto de fortes tensões com o Ocidente, Putin elogiou em várias ocasiões nos últimos anos as novas armas de seu país, que ele diz serem "invencíveis".

Entre elas, o míssil hipersônico de nova geração Avangard, capaz de atingir velocidade de Mach 27 e mudar de curso e altitude, que entrará em serviço no exército russo em dezembro de 2019, e o Zircon que voa em Mach 7 e foi testado com sucesso em julho.

Outras armas também estão em desenvolvimento, como o míssil hipersônico Kinjal para a Força Aérea e o míssil Burevestnik com propulsão nuclear.

Os mais recentes sistemas de defesa aérea S-500, descritos como "incomparáveis no mundo", também foram testados com sucesso em 20 de julho.

O presidente russo Vladimir Putin acusou, nesta quarta-feira (30), os Estados Unidos de estarem envolvidos no incidente na semana passada no Mar Negro com um navio da Marinha britânica, o que classificou como uma "provocação".

A Rússia afirmou ter realizado em 23 de junho disparos de advertência em direção ao destróier britânico "HMS Defender", para obrigá-lo a abandonar o que considera suas águas territoriais, na península da Crimeia, anexada em 2014.

Londres, que negou que este navio tivesse sido alvo da ofensiva russa, afirma que realizou uma "passagem inofensiva pelas águas territoriais ucranianas" e, portanto, agiu de forma "totalmente correta".

"Foi uma provocação!", afirmou Putin nesta quarta-feira, durante a sessão anual de perguntas e respostas com a população russa.

"Não participaram apenas os britânicos, os americanos também", continuou o presidente russo, afirmando que Moscou avistou na região nesse mesmo dia do incidente um "avião de reconhecimento dos EUA".

"Por que fazer isso? Por que demonstrar que não reconhecem a Crimeia (como russa)? Não a reconhecem, mas por que provocar?", acrescentou.

A Rússia afirma que realizou disparos de advertência naquele dia a partir de um navio patrulheiro de fronteiras e que realizou um "bombardeio de precaução ao longo do trajeto do destróier", usando um avião Su-24M.

"Mesmo que tivéssemos afundado este navio, o mundo não estaria à beira da Terceira Guerra Mundial, porque quem está fazendo isso sabe que não poderia ser o vencedor desta guerra", acrescentou.

O confronto russo-britânico no Mar Negro ocorreu alguns dias antes do início das manobras militares Sea Breeze 2021, nas quais participam, entre outros países, Ucrânia e Estados Unidos, que são vistos com desconfiança por Moscou.

O incidente aconteceu em frente às costas da Crimeia, onde a Rússia possui uma grande base naval e cujas águas foram palco de episódios parecidos no passado.

A primeira reunião de cúpula, em Genebra, entre os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da Rússia, Vladimir Putin, foi "construtiva", afirmou esse último ao comentar o encontro de três horas e meia.

"As conversas foram absolutamente construtivas", afirmou Putin durante uma coletiva de imprensa em Genebra.

Os dois líderes concordaram com o retorno de seus respectivos embaixadores, um gesto de apaziguamento nas tensas relações entre os dois países.

Os embaixadores "voltarão aos seus locais de trabalho. Quando exatamente é uma questão puramente técnica", disse Putin, que também apresentou possíveis "compromissos" para uma troca de prisioneiros.

As relações diplomáticas entre Moscou e Washington estavam muito abaladas desde que o atual presidente dos Estados Unidos chegou ao poder em janeiro.

Depois que Biden comparou Putin a um "assassino", a Rússia convocou o seu embaixador Anatoli Antonov para os EUA para uma conversa em março, e anunciou que o homólogo americano em Moscou, John Sullivan, deveria retornar a Washington.

- Aperto de mão -

Apesar das tensões, a cúpula realizada na elegante Villa La Grange começou com um aperto de mão entre os dois líderes.

Biden tomou a iniciativa e estendeu a mão para Putin. "É sempre melhor nos encontrarmos cara a cara", disse o presidente dos Estados Unidos no início da reunião, a primeira com o líder russo desde que o americano chegou à Casa Branca.

Putin chegou a Genebra nesta quarta-feira ao meio-dia, meia hora antes do início da reunião, e Biden o fez na terça-feira, procedente de Bruxelas, onde participou das reuniões de cúpula da Otan e com seus aliados na União Europeia.

Desde que assumiu o poder, o 46º presidente dos Estados Unidos adotou um tom firme em relação a Putin, para deixar clara a diferença com seu antecessor, Donald Trump.

Biden também prometeu que destacará ao russo quais as "linhas vermelhas" que não deve ultrapassar.

"Não busco um conflito com a Rússia, mas responderemos se a Rússia continuar com suas atividades prejudiciais", disse o presidente americano antes da cúpula.

Embora a Casa Branca tenha insistido que nenhum avanço espetacular deve ser esperado, o presidente de 78 anos sabe que em Genebra terá a oportunidade de polir sua imagem de excelente negociador.

Nos últimos dias, os observadores relembraram a famosa cúpula em Genebra entre os presidentes Ronald Reagan e Mikhail Gorbatchov em 1985, que marcou o início do degelo da Guerra Fria.

"Estou sempre pronto", declarou Biden ao chegar a Genebra e ser questionado sobre seu estado de espírito antes desta reunião que concentra as atenções do mundo.

Mas o presidente russo também tem uma longa experiência com encontros de cúpula. Desde que assumiu o poder, no final de 1999, ele conheceu quatro presidentes americanos. Biden é o quinto.

Muitos especialistas concordam que Putin já conseguiu o que mais desejava: realizar a cúpula como um sinal da importância da Rússia no cenário mundial.

Em entrevista à NBC, Putin disse esperar que o presidente democrata seja menos impulsivo do que seu antecessor republicano. Mas ele aproveitou a ocasião para descrever Donald Trump como um homem "talentoso".

- "Sabia que estava infringindo a lei" -

O único ponto de acordo entre a Casa Branca e o Kremlin era que as relações entre os dois países estão em seu ponto mais baixo em décadas.

As questões polêmicas são numerosas e as discussões prometiam ser ásperas e difíceis, principalmente em relação à Ucrânia e Belarus.

Um dos tópicos mais delicados é a desinformação online e os ataques cibernéticos.

Putin assegurou neste sentido que acordou com Biden sobre "abrir uma conversa sobre cibersegurança".

Além da tentativa de interferência na eleição de 2016, os ataques cibernéticos recentes registrados contra empresas como SolarWinds, Colonial Pipeline e JBS e atribuídos a Moscou ou grupos de hackers russos irritaram Washington.

Genebra está sob forte segurança, mas um pequeno grupo de manifestantes quis mostrar seu apoio a Alexei Navalny, líder da oposição russa que está na prisão após sobreviver a um envenenamento que atribuiu ao Kremlin. Muitos gritavam "Uma Rússia sem Putin".

Na terça-feira, de Bruxelas, Joe Biden emitiu um claro alerta sobre o ativista russo. A morte de Navalny "seria uma tragédia", disse.

Navalny "sabia que estava infringindo a lei" por não respeitar as condições de uma condenação em suspenso quando foi tratado na Alemanha por envenenamento, afirmou o presidente russo após a cúpula desta quarta-feira.

"Isso deterioraria as relações com o resto do mundo e também comigo", alertou.

O presidente da Suíça, Guy Parmelin, por sua vez, mostrou-se otimista com este encontro.

"O mundo está há 18 meses em uma pandemia que atingiu terrivelmente. A reunião de Genebra representa uma oportunidade para os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia inspirarem um pouco mais de otimismo, um pouco mais de esperança na política mundial", disse ele.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, terão sua primeira cúpula no próximo mês em Genebra - anunciaram ambas as partes nesta terça-feira (25), preparando a cena para um novo capítulo na tensa relação entre os dois países.

A reunião na cidade suíça - sede de muitas agências da ONU e palco de uma cúpula histórica em 1985 entre o então líder soviético Mikhail Gorbachev e o presidente norte-americano Ronald Reagan - será em 16 de junho, informou a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki.

"Os líderes discutirão toda a gama de assuntos urgentes, enquanto buscamos restaurar a previsibilidade e a estabilidade da relação entre Estados Unidos e Rússia", completou.

O Kremlin confirmou o encontro e disse, em um comunicado, que Putin e Biden discutirão "questões de estabilidade estratégica", assim como "a resolução de conflitos regionais" e a pandemia de covid-19.

Biden, que fará sua primeira viagem internacional como presidente, irá a Genebra imediatamente após as cúpulas com seus aliados ocidentais-chave do G7, da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da União Europeia.

A reunião com o líder do Kremlin ocorre em meio a níveis de tensão que não eram vistos há anos, e quando Washington reduziu suas ambições a apenas uma relação em que ambas as partes se entendam e possam trabalhar juntas em áreas específicas.

A reunião de alto nível ocorre em um momento em que Putin enfrenta um Ocidente em grande medida hostil, mas a decisão de Biden de se reunir não deve ser vista como um sinal de aprovação, dizem funcionários da Casa Branca. "Não consideramos o encontro com o presidente russo uma recompensa", disse Psaki.

Desde que assumiu o cargo em janeiro, Biden impôs novas sanções contra Moscou em resposta ao que as autoridades americanas consideram que foi o papel da Rússia no ciberataque maciço da SolarWinds e a repetida ingerência nas eleições presidenciais de 2020.

Washington também criticou Moscou duramente pelo envenenamento e a posterior prisão de um dos últimos opositores abertos a Putin, Alexei Navalny.

O anúncio da cúpula ocorre no mesmo dia em que Navalny afirmou que é alvo de três novos processos penais, no momento em que cresce a pressão contra seu movimento e seus seguidores.

As tensões também estão altas na Ucrânia, onde a Rússia já controla partes do território e tropas recentemente concentradas na fronteira, em uma nova demonstração de força.

E um novo foco de atrito foi inaugurado após o desvio de um avião comercial pela Belarus para prender um jornalista opositor que estava entre os passageiros. Se Washington e as capitais europeias condenaram Minsk, Moscou renovou seu apoio.

Além disso, não se pode esquecer que Biden disse a um entrevistador que concordava com a descrição de Putin como um "assassino", enquanto o governo russo declarou formalmente os Estados Unidos como um país "hostil".

- Acalmar as águas -

As recriminações abertas estão muito longe da relação frequentemente intrigante entre Putin e o antecessor de Biden, Donald Trump.

A cúpula de Genebra acontecerá quase três anos depois que Trump apoiou o líder do Kremlin, e não a avaliação das agências de Inteligência americanas, sobre se Moscou interferiu nas eleições presidenciais americanas de 2016.

Os dois lados estão trabalhando, no entanto, para acalmar as águas antes da cúpula de Genebra. Nesse sentido, a Casa Branca enfatiza as esperanças de trabalhar junto com a Rússia em questões estratégicas bem definidas, como o controle de armas nucleares e as negociações nucleares do Irã.

Para preparar o terreno, o chefe da diplomacia dos EUA, Antony Blinken, e o veterano ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, tiveram uma reunião na semana passada, na capital da Islândia, Reykjavik.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, disse após a reunião Blinken-Lavrov que retomar os laços "não será fácil", mas viu "um sinal positivo".

Moscou recebeu com satisfação a decisão dos Estados Unidos de renunciarem às sanções que atrasaram a finalização do gasoduto de gás natural Nord Stream 2, uma importante rota de fornecimento de energia da Rússia à Europa. Washington teme que a União Europeia se torne muito dependente dos russos.

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