Tópicos | reajustes

A gestão de Fernando Haddad (PT) estima que até o fim do ano conseguirá renegociar todos os contratos que mantém com fornecedores a fim de alterar o índice de reajuste anual para o IPC-Fipe do período. Atualmente, boa parte deles ainda segue indexadores setoriais, que chegam a aumentar os contratos até o dobro da inflação. Conforme o jornal O Estado de S. Paulo informou na quinta-feira, 2, a expectativa da Prefeitura é economizar até R$ 350 milhões com a troca.

A mudança é prevista desde abril do ano passado, quando a Secretaria Municipal de Finanças publicou um decreto propondo a alteração para contratos vigentes e estipulando que todo novo acordo assinado pelo Município deveria seguir o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), elaborado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). De acordo com o secretário Marcos Cruz, ele foi adotado porque é composto por uma cesta de bens e serviços cujos preços são coletados na própria capital.

##RECOMENDA##

Ontem, em entrevista à Rádio Estadão, Cruz afirmou que a maioria dos fornecedores aceitou a alteração e ressaltou que a decisão visa a corrigir uma prática histórica da administração municipal. "Identificamos no começo do ano (passado) que a Prefeitura, diferentemente de outros governos, vinha reajustando seus contratos internos há mais de 20 anos a partir de índices setoriais muito acima da inflação. Isso totaliza uma quantidade de recursos muito grande", disse.

Índices setoriais são aqueles que levam em conta os custos da manutenção do serviço e são definidos pelo setor contratado. Eles englobam, por exemplo, os gastos assumidos para pagamento de dissídios, quando há aumento real acima da inflação aos trabalhadores, o que a gestão Haddad considera injusto. Segundo a secretaria, esses custos são riscos ordinários, inerentes à atividade empresarial, e não podem ser repassados ao contratante.

Apesar de a fórmula setorial ser cara aos cofres públicos, a decisão de trocá-la só foi tomada em 2013. Todas as gestões anteriores, desde o fim da década de 1980, mantiveram os índices setoriais. Isso inclui as administrações de Marta Suplicy (PT), José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (PSD).

Se atingir a meta, a Prefeitura poderá ter um ganho de quase metade da arrecadação extra projetada com a alta de até 35% do IPTU deste ano barrada pela Justiça em 2013. A expectativa era a de aumentar os recursos oriundos com o pagamento do imposto em R$ 806 milhões. Com a decisão judicial que impede a Prefeitura de reajustar o imposto, a mudança do índice se torna ainda mais necessária.

Renovação

As empresas que não aceitam a troca de indexador são avisadas de que não terão os contratos prorrogados - essa norma está prevista no decreto. Mas há exceções. Fornecedores que atenderam pedido de Haddad de cortar custos no início de 2013 estão livres da obrigatoriedade da mudança. É o caso, por exemplo, das empresas Soma e Inova, responsáveis pela varrição. Em ambos os casos, a Prefeitura pagou, em 2012 e em 2013, reajustes anuais que, somados, alcançaram 19,4%, quando o IPC-Fipe referente ao período ficou em 11,2%. Por enquanto, as concessionárias do lixo, Ecourbis e Loga, também estão de fora da nova regra. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Prefeitura de São Paulo mantém contratos de fornecedores com índices anuais de reajuste que chegam a representar até o dobro da inflação do período. Nos últimos dois anos, por exemplo, a soma dos reajustes dos serviços de asseio e conservação de unidades municipais, como prédios públicos, alcançou 22% de incremento, quando a inflação foi de 11,2%.

Distorções entre as taxas cobradas no mercado e as do Município também podem ser observadas no contrato de varrição das ruas. Os reajustes acumulados de 2012 e de 2013 dos valores pagos às concessionárias Inova e Soma foram de 19,4%, ante os mesmos 11,2% do IPC-Fipe. Ambos os contratos seguem uma regra municipal criada há 26 anos.

##RECOMENDA##

Ela passou pela gestão Marta Suplicy (2001-2004), que deixou um contrato de varrição que José Serra quis modificar. Como ele saiu da Prefeitura para concorrer ao governo do Estado em 2006, o contrato com a regra foi assinado por Gilberto Kassab (2006-2012).

A Secretaria de Finanças propôs alterar a fórmula de reajuste, trocando os chamados índices setoriais, que levam em conta os custos do setor, pelo IPC-Fipe. A meta é economizar R$ 350 milhões com a negociação até o término dos contratos vigentes - para se ter ideia, o reajuste de até 35% no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), barrado na Justiça, renderia R$ 800 milhões.

O secretário municipal de Finanças, Marcos Cruz, ressalta que outras administrações públicas, como o governo do Estado e a prefeitura do Rio já usam, há mais de dez anos, índices inflacionários para o reajuste dos serviços terceirizados. "Os contratos da Prefeitura de São Paulo tinham atualização muito generosa, acima de 10 a 12%", diz Cruz, negando que a fórmula anterior permitisse superfaturamento. "Não se trata disso. Apenas buscamos índices adequados às boas práticas de compras governamentais."

Dissídios

Mas nem todos os fornecedores aceitaram a mudança, alegando possíveis prejuízos com o pagamento de dissídio aos funcionários terceirizados. Isso porque quando os sindicatos das categorias envolvidas conseguem aumento real para os funcionários, ou seja, maior do que a inflação, os custos extras seriam repassados às empresas, sem que a Prefeitura cobrisse o valor.

A gestão Fernando Haddad (PT) alega, porém, que esses riscos são ordinários, inerentes à atividade empresarial, e não podem ser repassados. O governo diz que os dissídios, por exemplo, devem ser considerados na definição do preço do serviço ofertado na licitação.

Dessa forma, a alteração proposta visa corrigir esse vício. "Optamos pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da USP (Fipe), porque é composto por uma cesta de bens e serviços cujos preços são coletados no próprio Município. Com isso, a variação de preços captada por esse índice retrata melhor a realidade econômica da região onde a empresa contratada presta o serviço", afirma Cruz.

Concessionárias

As principais concessionárias que atuam no serviço público municipal escaparam da mudança depois de aceitarem revisar seus contratos e reduzir parte dos custos. A revisão foi determinada pelo prefeito Fernando Haddad (PT), com a meta de cortar até 20%. É o caso da Soma e da Loga, que fazem a varrição das ruas de São Paulo, e da Ecourbis e da Loga, responsáveis pela coleta de lixo.

A Secretaria de Serviços ressalta, por outro lado, que neste caso a Prefeitura não poderá prorrogar contratos vigentes, ficando obrigada a promover nova licitação.

Presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Prestação de Serviços de Asseio e Conservação e Limpeza Urbana de São Paulo (Siemaco), José Moacyr Pereira afirma que a regra determinada pela Prefeitura não funciona para todos os contratos.

"Nos serviços de coleta de lixo e varrição, o pagamento de funcionários representa 80% a 85% dos custos. Neste ano, conseguimos um aumento real aos trabalhadores de 9,5%, cerca de 3% a mais do que a inflação. Por isso, o índice de reajuste previsto não pode se limitar à correção apenas."

Pereira diz que, se a fórmula mudar no próximo ano, a Prefeitura correrá o risco de ver os serviços paralisados. "É greve na certa. Nosso sindicato luta para dar ganho real ao trabalhador. Vamos à Justiça do Trabalho, se necessário, em busca de um reequilíbrio financeiro. Não aceitamos só a inflação", afirma. Segundo ele, "não é possível colocar todos os contratos no mesmo bolo". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, disse nesta terça-feira (13), que, embora a Petrobras continue com seus preços defasados em relação ao custo de produção e do petróleo no mercado internacional, o governo ainda irá avaliar os pedidos da empresa por novo reajuste nos combustíveis. "Nenhum aumento de preços é bom. Aumento de preço de combustíveis não é bom", disse o ministro.

Segundo ele, a companhia sempre solicita ao governo correções nos preços porque os reajustes de combustíveis têm sido apenas "episódicos". "Não estamos dizendo que vamos atender o pedido da Petrobras, mas estamos avaliando", completou Lobão.

##RECOMENDA##

Na segunda-feira, 12, em entrevista no Rio de Janeiro, o diretor Financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, disse que a empresa não desistiu de lutar por aumentos do preço dos combustíveis. Segundo ele, esse é um assunto sobre o qual a Petrobras está trabalhando intensamente, para buscar o alinhamento dos preços internacionais.

Depois de mais uma assembleia realizada na manhã desta quarta-feira (12), no Recife, os professores da rede privada de ensino de Pernambuco aceitaram o reajuste salarial proposto pelo Ministério Público do Trabalho de Pernambuco. As sugestões da instituição judicial apontam reajustes de 12% para docentes de nível I e de 9% para os de nível II. Os valores da hora/aula para esses grupos são de R$ 7,60 e R$ 7,40, respectivamente. Os educadores que ganham acima do piso terão reajuste de 8,2%.

De acordo com o Sindicato dos Professores de Pernambuco (Sinpro-PE), com a aceitação, a greve dos professores está próxima de acabar. Porém, para que isso ocorra, os patrões também têm que aceitar a proposta de mediação do Ministério. Logo mais, às 15h, o patronato se reúne também no Recife, para discutir o reajuste.

##RECOMENDA##

Ainda nesta tarde, às 17h, os professores realizam mais uma assembleia, para decidirem continuar ou não com a greve. A categoria aguarda a decisão dos patrões para decidir o futuro da paralisação.  















Não pagamento de verbas rescisórias e horas extras, revista dos pertences dos funcionários e não concessão de intervalos. Essas são algumas das acusações do Ministério Público do Trabalho (MPT), em Pernambuco, contra o grupo empresarial que administra os restaurantes Gio, Spettus Grill e Skillus, por meio de uma ação civil pública. No dia 12 de maio, a ação foi ajuizada e tem a autoria do procurador do Trabalho, Leonardo Osório Mendonça.

A denúncia foi feita ao MPT em março de 2011 e apontava que a Gio não pagava as horas extras trabalhadas. De acordo com o MPT, a empresa ainda realizava o pagamento dos salários por fora dos contracheques. Ainda segundo o órgão, foram constatadas também irregularidades como alteração unilateral dos salários, não concessão de intervalos durante a jornada, retenção das gorjetas recebidas pelos funcionários, realização de revista íntima nos funcionários – irregularidade ocorrida também no Spettus -, e não pagamento da rescisão contratual dos empregados – igualmente observado nos outros dois restaurantes do grupo econômico.

##RECOMENDA##

Em agosto do ano passado, por meio de uma audiência judicial, o MPT alega que o grupo empresarial se recusou a firmar o Termo de Ajuste de Conduta, usando como argumentação que a Convenção Coletiva permitia a revista íntima dos trabalhadores. Na época, instaurou-se representação contra o Núcleo Intersindical de Conciliação Trabalhista dos Trabalhadores e Empregados do Ramo de Hotéis, Motéis, Bares, Restaurantes e Similares, Boates, Casas de Jogos e Diversões do Estado de Pernambuco, devido a verbas rescisórias que deveriam ser pagas aos sindicatos.

De acordo com o MPT, ex-funcionários das empresas alegaram que eram obrigados a mostrar a bolsa antes de sair do local de trabalho, bem como os aventais, antes de irem ao banheiro. A intenção era que fosse constatado se os empregados haviam recebido ou não gorjeta da clientela. O que agrava ainda mais as denúncias, era o fato de que as revistas, mesmo nas mulheres, eram feitas por seguranças do sexo masculino, conforme informações do MPT. “O MPT considera a revista íntima prática abusiva do empregador porque expõe o funcionário a constrangimento desnecessário, o intimida e humilha no próprio ambiente de trabalho. Além disso, a revista decorre da presunção de que todos os empregados são suspeitos de ato ilícito quando o correto é a presunção de inocência”, opina Mendonça, conforme informações do Ministério.

Alteração salarial

Ainda de acordo com MPT, também houve alteração dos salários. No mês de abril de 2010, os gerentes do Gio informaram em reunião com os empregados que, por problemas financeiros, a empresa reduziria as remunerações. Segundo as denúncias, um dos funcionários que recebia R$ 1.300, passou a receber R$ 760.

“Sempre que entende que é benéfico aos interesses empresariais, o Gio altera unilateralmente os contratos de trabalho, impondo condições laborais mais desvantajosas aos empregados, inclusive adotando a diminuição dos salários.”, diz o procurador, de acordo com o MPT.

O Ministério exigiu que o Gio Spettus Grill e o Skillus arcasse com um valor de R$ 500 mil, cada um, em forma de indenização por dano moral. O grupo empresarial também deverá pagar as verbas rescisórias cabíveis ao fim dos contratos de trabalho, devendo submeter os recibos de quitação dos empregados com mais de um ano de serviço à homologação dos do sindicato profissional.  Outra exigência foi que a Gio e o Spettus Grill acabassem com as revistas íntimas, entre outras solicitações.

Se os pedidos forem acolhidos, o MPT ainda pediu que as empresas sejam obrigadas a pagar multa mensal na quantia R$ 2 mil por trabalhador encontrado em situação irregular.

Posicionamento do grupo

De acordo com a proprietária do grupo empresarial, Tânia Konrrad, essas denúncias não procedem. “Nada disso procede. Vamos aguardar um comunicado oficial da justiça para nos defender. Isso é um absurdo”, afirmou.

Segundo a empresária, ela apenas ficou sabendo do caso ao conversar com nossa reportagem e agora vai procurar a fonte das denúncias para esclarecer o caso.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) divulgou, no final da tarde desta quinta-feira (28), que bolsas de estudo serão reajustadas a partir do dia 1º de abril. De acordo com o órgão, a bolsa de mestrado vai passar de R$ 1.350 para R$ 1.500, a de doutorado, de R$ 2 mil para R$ 2.200, e a de pós-doutorado será reajustada de R$ 3.700 para R$ 4.100.

Até o momento, esse é o segundo reajuste em menos de um ano, uma vez que no mês de maio do ano passado, o Governo Federal concedeu reajuste de 10% para mestrandos, doutorandos, pós-doutorandos e alunos de iniciação científica.

“O reajuste de bolsas é fundamental para estimular jovens talentos”, destacou o ministro da educação, Aloizio Mercadante, conforme informações da Capes. Segundo a coordenação, no ano de 2008, existiam cerca de 40 mil bolsistas no Brasil. Em 2011, houve a concessão de mais de 72 mil bolsas de pós-graduação e 30.006 no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid).

Ainda de acordo com a Capes, no ano passado, foram mais de 127 mil bolsas em todas as modalidades, e, no mesmo período, também em todas as modalidades, o CVPq aumentou a oferta de 63 mil para 81 mil bolsas.

Histórico
Segundo a Capes, antes do reajuste de 2012, o último foi realizado em junho de 2008, no âmbito das bolsas de pós-graduação. As bolsas de mestrado passaram de R$ 940 para R$ 1,2 mil e as de doutorado de R$ 1,3 mil para R$ 1,8 mil. Já entre 2004 e 2008, ocorreram três aumentos e o reajuste foi de 67%.

Mesmo com a inflação em patamares considerados altos, o que costuma dificultar as negociações salariais, a expectativa para 2013 é de que os ganhos reais dos trabalhadores sejam mantidos em níveis similares dos conquistados em 2012. O ano passado foi o melhor tanto em termos de proporção de negociações que terminaram com ganhos acima da inflação (94,6%) como na análise do ganho médio real total (1,96%) de 2008 até agora. Os cálculos foram divulgados nesta quarta-feira pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) e usam como base a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A manutenção do crescimento dos ganhos reais afastaria a expectativa do Banco Central (BC), já explicitada pelo presidente da instituição financeira, Alexandre Tombini, de que ocorra uma diminuição do ritmo do crescimento da massa salarial capaz de ajudar a reduzir a pressão vinda de preços em serviços sobre a inflação.

As medidas usadas pelo governo em 2012 para incentivar o crescimento da indústria também serão usadas pelos trabalhadores para conseguir ganhos reais neste ano. "A desoneração da folha de pagamentos é um dado que vai estar na mesa de negociação. O governo atendeu a todas as demandas do setor empresarial no campo da desoneração", disse coordenador de Relações Sindicais do Dieese, José Silvestre. O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, reforçou que as medidas do governo para diminuir impostos vão "ajudar a manter o nível de emprego". "Se você mantém o emprego, não tem a pressão sobre o salário baixo. Essa situação político-econômica tem valorizado os aumentos salariais. Cabe ao sindicato utilizar-se dessas vantagens que a empresa teve (para conquistar os ganhos para os trabalhadores)", afirmou Juruna, que participou da divulgação do balanço das negociações coletivas de 2012, promovida pelo Dieese.

##RECOMENDA##

Para Silvestre, a recuperação da economia e, principalmente, a retomada da indústria, serão essenciais para conquistar um bom resultado nas negociações coletivas neste ano. "Não acredito num recuo, seja na proporção de ganhos reais, seja no patamar de ganho real médio. Temos uma expectativa de que o PIB (Produto Interno Bruto) esteja rodando em torno de 2,4% ou 2,5% e há projeções de crescimento do PIB entre 3% e 3,5% para o ano." O crescimento da indústria tem um efeito "irradiador" nos demais segmentos e traz como consequência impacto nos reajustes, explica Silvestre. Em 2012, mesmo tendo sido o setor que mais sofreu com a desaceleração da economia, a indústria apresentou a maior incidência de ganhos reais (97,5% do total) e não teve nenhuma negociação com reajuste abaixo do INPC.

Inflação

Apesar da inflação mais alta e uma influência do reajuste no salário-mínimo não tão forte quanto à do ano passado, as perspectivas ainda são positivas. "A inflação anualizada para as categorias do primeiro semestre deve ser maior do que para aquelas que têm data-base no segundo semestre porque a tendência é a inflação cair a partir de junho", comentou Silvestre. De acordo com ele, está claro que o governo "não vai deixar a inflação sair do teto da meta, de 6,5%". O que se tem colocado em pauta com a classe patronal, explica, não é a inflação, mas sim o ganho real dos trabalhadores.

Com relação ao salário-mínimo, os setores mais ligados ao seu reajuste são aqueles cuja data-base da negociação é marcada para o primeiro semestre. Estes segmentos estão mais pulverizados e o piso dos salários é bastante pautado pelo mínimo nacional. Ano passado, essas categorias foram beneficiadas pelo crescimento de 14% no salário-mínimo. Neste ano, o aumento de quase 9% pode tornar um pouco mais lentas as negociações do primeiro semestre, mas não deve atrapalhar as conquistas dos trabalhadores.

"Além disso, nada indica que a crise (externa) vai se aprofundar e temos uma taxa de câmbio rodando em torno de R$ 2, que é mais adequada para a indústria, principalmente para a exportadora", completou Silvestre. Os fatores capazes de manter os ganhos reais em patamares altos, mesmo ainda num ritmo de retomada da economia, só aumentam. Além das expectativas para o PIB, do controle da inflação, dos sinais do panorama internacional e do câmbio, o crescimento demográfico "pequeno" tem contribuído para a manutenção das taxas de desemprego, aponta o coordenador do Dieese.

Mobilizações

Com as expectativas positivas para o crescimento da economia neste ano, os sindicalistas não vão abrir mão da forma mais tradicional de pressão sobre os empresários: as greves. Juruna destacou que o setor da indústria que teve o maior aumento médio real foi o de Construção e Mobiliário - ganho médio de 3,17% em 2012 acima do INPC. "Não teve um canteiro de obra que não paralisou ano passado", disse, reafirmando o poder da mobilização, que será usada novamente este ano, caso as negociações não avancem.

"O setor da construção deu uma retomada no seu crescimento ano passado, mas tivemos uma série de greves e paralisações em obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e outras grandes obras, o que gerou esses resultados do ponto de vista dos ganhos reais no segmento", completou Silvestre.

Reajustes

Os aumentos reais de salários no segundo semestre foram, na média, menores que os do primeiro semestre, uma inversão em relação ao apurado nos quatro anos anteriores, quando o valor médio de ganhos acima da inflação medida pelo INPC do IBGE foram sempre superiores, conforme divulgou o Dieese. Enquanto nos seis primeiros meses do ano passado, a média de aumento real foi de 2,14% - a maior desde 2008 - no segundo semestre de 2012 o ganho real médio foi de 1,61%.

De acordo com Silvestre, do Dieese, essa redução no segundo semestre se deve, principalmente, às mudanças das expectativas ao longo do ano. "O ano começou com projeções de PIB por volta de 4% e essas expectativas vão sendo refeitas. De outro lado, tem a taxa de inflação que foi crescendo."

Outro fator que contribuiu para essa inversão, reforça, é que boa parte das categorias com data-base no primeiro semestre utilizam o salário-mínimo como referência para os reajustes. "O fato de você ter tido 14% de reajuste do salário mínimo ajuda a elevar o resultado dos primeiros meses do ano", diz.

O secretário-geral da Força Sindical explica que grandes categorias - como metalúrgicos, bancários, petroleiros, químicos - concentram os reajustes salariais no 2.º semestre e dependem de acordos anteriores do setor. Nos três setores analisados (indústria, serviços e comércio), houve redução na comparação do segundo com o primeiro semestre. Na indústria o aumento real médio caiu de 2,2% para 1,8% no período analisado. Na mesma base de comparação, a média de ganho real do setor de serviços foi de 2,05% ante 0,84. No comércio, a redução foi um pouco menor, com os seis primeiros meses do ano apresentando aumento real de salário de 2,2% e os últimos meses com ganhos médios de 1,7%.

A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou nesta terça-feira uma queda média de 2,09% nas tarifas de energia cobradas pela Amazonas Distribuidora de Energia. Para os consumidores residenciais, a redução será de 2,03%, e para a alta tensão, uma diminuição de 2,14%. As novas tarifas vão vigorar a partir de 1º de novembro.

A diretoria da Aneel também aprovou reajuste médio de 4,54% nas tarifas da Boa Vista Energia, também a vigorar a partir de 1º de novembro.

##RECOMENDA##

Levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), divulgado nesta quinta-feira aponta que 96,5% dos reajustes salariais de 370 categorias avaliadas no primeiro semestre de 2012 ficaram acima da inflação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o Dieese, o desempenho é o melhor desde 1996, quando o levantamento começou a ser feito.

Em 2011, 85,1% das categorias que conseguiram reajustes acima da inflação e, em 2010, 88,1%. O Dieese apontou ainda que apenas duas categorias do setor de serviços, ou 0,5% das avaliadas, tiveram reajustes salariais abaixo do INPC-IBGE, cujo índice varia de acordo com o período da data-base das negociações salariais. Mesmo, assim, essas categorias tiveram reajustes entre 0,01% e 1% abaixo da inflação.

##RECOMENDA##

O levantamento apontou ainda que 3% das categorias conseguiram reajustes iguais ao INPC-IBGE e que a faixa com o maior número de aumentos acima da inflação foi no intervalo de 1,01% a 2%, com 31,4% das categorias avaliadas.

Os dados do Dieese apontam ainda que, na média de todas as categorias, o valor médio do aumento real dos salários sobre o INPC-IBGE foi de 2,23% nas negociações de 2012. Em 2011, o aumento real médio de salários foi de 1,31% e, em 2010, de 1,50%.

As 370 categorias de trabalhadores avaliadas pelo Dieese estão nos setores de indústria, comércio e serviços. A instituição não avalia as negociações dos setores público e rural.

Os pais cujos filhos estudam em escolas particulares precisam ficar atentos ao reajuste anual das mensalidades. De acordo com o diretor do Procon, Oswaldo Morais, o novo valor a ser cobrado deve ser previamente informado ao contratante. Conforme a Lei 9870/99, o estabelecimento de ensino deverá divulgar em local de fácil acesso ao público o texto da proposta de contrato com o reajuste, além do número de vagas disponíveis, 45 dias antes da data final de matrícula.

“O valor varia de escola para escola e cada instituição deve justificar o reajuste por meio de uma planilha de custos”, disse o diretor, ao acrescentar que não há um limite previsto em lei.

Ele informou que se houver um aumento abusivo, o cidadão deve recorrer aos órgãos de defesa do consumidor. “Eles poderão aplicar sanções administrativas à empresa, como multa. [Para ter] a reparação pelos danos causados, o consumidor deverá recorrer à esfera judicial”, explicou Morais. Caso o Procon não resolva, o processo será encaminhado para o Ministério Público.

De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro de Estudo e Defesa das Relações de Consumo (Ibedec), José Geraldo Tardino, o valor das mensalidades só pode ter um reajuste por ano e deve contemplar a variação inflacionária do ano anterior e os efetivos aumentos de custos. “Se os aumentos de custos não forem comprovados, o reajuste pode ser declarado ilegal pela Justiça”, disse.
 
Em uma escola particular de Brasília, o reajuste nas mensalidades varia de acordo com a série e o turno. O menor aumento da escola ficou em 9,45% e o maior em 9,7%. Segundo o Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe-DF) no Distrito Federal, o aumento oscila entre 9 % e 10%. 

A estudante de direito Flávia Urcino disse que o reajuste na mensalidade vai pesar no bolso. “Fui olhar o boleto de pagamento do mês de janeiro e levei um susto. A mensalidade, que era de R$ 1.021, subiu para R$ 1.121, aumento que para mim é abusivo, são R$ 100 que eu poderia usar em outras coisas”, reclamou.

O comerciante Antônio Florentino paga as mensalidades da filha, que cursa a 7ª série do ensino fundamental. No colégio em que ela estuda, o valor subiu de R$ 319 para R$ 352.  “Acho ruim, porque terei que comprar material escolar, uniformes e outras coisas. Mas é assim mesmo, todo ano aumenta.”

Toda escola pode fazer reajuste, mas deve seguir normas estabelecidas no Código de Defesa do Consumidor e na Lei de  Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Os pais ou responsáveis não devem pagar taxas de inscrição de consumo para distribuição de bolsas de estudo ou concessão de prêmios nem arrecadação para a receita da escola.

Caso os pais estejam em dívida com a instituição, a escola é proibida de impedir o aluno de fazer provas e reter documentos de transferência. O desligamento do aluno por inadimplência só pode ocorrer ao final do ano ou do semestre letivo, conforme o regime pedagógico adotado pela escola ou faculdade.

Na contramão das promessas feitas pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, de não autorizar novos gastos sobretudo de custeio, está em curso no governo uma negociação para conceder reajustes salariais a pelo menos 420 mil funcionários. Os reajustes podem chegar a 31%.

Os aumentos são para os funcionários do chamado "carreirão", que congrega os trabalhadores que atendem ao público nos vários órgãos de governo. A proposta é elevar o salário para profissionais de nível superior em fim de carreira a R$ 7 mil. No entanto, há negociações também com a elite do funcionalismo público, como Receita Federal e Polícia Federal.

##RECOMENDA##

"Tenho uma margem muito estreita", disse à reportagem o secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Paiva, sem revelar de quanto dispõe para negociar com o funcionalismo público.

"Alguns pedidos, não conseguiremos atender." A expectativa do secretário é concluir as conversas nesta semana. Todas as decisões quanto a aumentos salariais serão tomadas antes do dia 31 de agosto, prazo final para o envio ao Congresso Nacional da proposta do Orçamento de 2012.

Não é só o funcionalismo que vai pressionar os gastos no ano que vem.

O maior impacto deverá vir do salário mínimo, que terá um aumento de 13% em 2012, segundo informou o ministro Guido Mantega. Nas contas do economista Felipe Salto, da consultoria Tendências, serão pelo menos R$ 23 bilhões a mais.

Defesa

Mantega defendeu o aumento do salário mínimo, afirmando que ele faz parte de um acordo fechado em 2007 com as centrais sindicais, pelo qual o piso é corrigido pela inflação do ano anterior e a variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos atrás. Por essa regra, o salário mínimo não teve nenhum ganho acima da inflação este ano, mas crescerá fortemente em 2012. "Temos uma folga", disse o ministro. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando