Tópicos | Sistema Prisional

O Brasil tem até o dia 31 de março para responder à Organização dos Estados Americanos (OEA) 52 questões sobre o sistema prisional e socioeducativo brasileiro. A resolução do organismo internacional foi encaminhada ao governo brasileiro na semana passada e as respostas estão sendo preparadas pelo Ministério da Justiça.

A cobrança do organismo foi feita após uma análise sobre a quantidade de registros de violações de direitos e pede ao Estado brasileiro explicações e soluções para a violência e a superpopulação carcerária no Complexo Penitenciário de Curado, em Pernambuco; no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão; no Instituto Penal Plácido de Sá Carvalho, no Rio de Janeiro; e na Unidade de Internação Socioeducativa (UNIS), no Espírito Santo. Esses quatro casos estão em discussão na Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da OEA.

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Para os membros do tribunal, trata-se de indício de “um problema estrutural de âmbito nacional do sistema penitenciário”. A Resolução da OEA foi comunicada às entidades de direitos humanos peticionárias das denúncias originais. A Corte informou ainda que vai enviar uma delegação ao Brasil para avaliar a situação dos presídios. Os resultados da visita serão levados à audiência pública que vai ocorrer em maio na sede do órgão, na Costa Rica.

A Corte cobrou do Brasil que adote medidas concretas para a redução da população carcerária e do número de presos provisórios, a prevenção do enfrentamento de facções criminosas nas unidades prisionais, o treinamento no controle não violento de rebeliões e a prevenção da entrada de armas e drogas nas prisões.

"Decisão inédita"

Para a coordenadora da área de violência institucional e segurança pública da organização não governamental (ONG) Justiça Global, a psicóloga Isabel Lima, o reconhecimento da Corte de que há um  problema estrutural representa uma vitória dos que buscam a garantia dos direitos humanos das pessoas privadas de liberdade no Brasil. “Essa é uma decisão inédita e histórica, porque aponta para o reconhecimento de um problema que é estrutural no Brasil, que fala da incapacidade do Estado brasileiro de garantir condições dignas e reconhece que as condições são desumanas, degradantes e cruéis de maneira geral”, afirmou Isabel.

A Corte começou a determinar medidas provisórias às unidades prisionais do Brasil em 2011, como no caso da Unidade de Internação Socioeducativa, no Espírito Santo. As últimas medidas provisórias a unidades prisionais brassileiras foram emitidas em 2016, no caso Plácido de Sá Carvalho, no Rio de Janeiro. O cumprimento das medidas provisórias emitidas pela OEA é obrigatório para os seus Estados-parte, como é o caso do Brasil.

Para Isabel Lima, as rebeliões que ocorreram em presídios do norte e nordeste do Brasil no início do ano podem ter reforçado as decisões da Corte, mas pesou ainda o histórico de descumprimento das determinações anteriores do organismo. “Algumas dessas medidas provisórias já tramitam há alguns anos. E aí a Corte tem o conhecimento de que o Estado não consegue cumprir as medidas provisórias dos casos, garantir a integridade das pessoas presas e a situação se mostra grave no país todo”, completou.

Notificação ao governo

O Ministério da Justiça e Segurança Pública informou à Agência Brasil que recebeu a resolução da OEA na terça-feira (21) e tem um mês para apresentar as ações que estão sendo desenvolvidas pelo Brasil para apoiar os estados na gestão das penitenciárias.

De acordo com o Ministério, entre essas ações está o repasse de R$ 1,2 bilhão aos estados, em dezembro, para investimento no sistema penitenciário. “O governo brasileiro mudou a forma de repasse de recursos, antes era por meio de convênio, que exigia aprovação de projetos, para a modalidade fundo a fundo que torna mais ágil esse processo”, afirmou o Ministério.

Além disso, segundo o ministério, o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) faz vistoria nas penitenciárias e apresenta os relatórios aos governos estaduais.

A unidade prisional de segurança máxima de Mangabeira, em João Pessoa, na Paraíba, desenvolve um trabalho de ressocialização de pessoas privadas de liberdade através do estudo. O diretor da unidade, João Rosas, é professor e uniu sua formação ao cargo que exerce na penitenciária através de um programa que o Governo do Estado da Paraíba iniciou para a ressocialização de presos através de trabalho, esporte, cultura e educação.

No sistema de ensino implementado na prisão, celas foram foram transformadas em salas de aula e bibliotecas para oferecer o ensino fundamental e médio. “Quando ocorrem as matrículas na rede tradicional, elas também são feitas dentro da unidade, que segue o ano letivo como se fosse realmente uma escola”, explica João Rosas.

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Os professores que atuam no presídio são vinculados à rede pública estadual de ensino e as aulas são ministradas dentro da unidade, que atualmente conta com 232 pessoas cumprindo pena e cerca de 80 delas estão matriculadas na educação básica. Em 2016, 50 participaram do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e 11 entraram no Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

Leitura 

Além da educação formal, o programa de ressocialização dirigido pelo professor João Rosas desenvolve um projeto voltado para a leitura:  “Com isso, nossa unidade só tem crescido”, afirma. O projeto tem a supervisão de uma comissão, que faz a seleção de livros e monta oficinas de leitura com os internos. “Essa é mais uma forma de trazê-los para o processo educativo e estimular a leitura.”

Segundo o diretor, o desafio agora é implementar a educação a distância: "Estamos avaliando a possibilidade de implantar um polo de educação a distância. Seria uma parceria com o Poder Judiciário”, diz. “E já conversamos também com uma instituição particular, que provavelmente fará a doação de parte dos equipamentos necessários".

Além disso, existe o benefício da remissão de pena. De acordo com a Lei nº 12.433, de 29 de junho de 2011, a pessoa que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto pode abater, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução. 

“Acreditamos muito, enquanto gestores e educadores, que a educação realmente é o instrumento mais eficaz de transformação social, de qualificação e inserção no mercado de trabalho”, afirma Rosas. De acordo com ele, uma prova desse poder de transformação da educação é que a Penitenciária de Segurança Máxima Criminalista Geraldo Beltrão está entre as duas únicas do estado da Paraíba que, desde 2011, ano de início do programa, não registra nenhuma rebelião. 

*Com informações do Portal do MEC

O Núcleo de Custódia e Casa de Prisão Provisória de Palmas (CPPP), no Tocantins, foi palco de um motim promovido pelos detentos na manhã de hoje (15) no Pavilhão A, informou o governo do estado. A Secretaria de Cidadania e Justiça (Seciju), responsável pela gestão prisional no estado, informou que o tumulto já foi contido e que ainda está apurando o motivo do ocorrido.

Os detentos queimaram colchões e danificaram celas. O Grupo de Operações Táticas Especiais (Gote) foi acionado e atuou no controle dos detentos. A Polícia Militar fez a segurança externa da unidade e o Corpo de Bombeiros foi acionado para conter as chamas. Após o controle do tumulto, os detentos foram colocados sob segurança reforçada.

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Segundo a secretaria, a ação dos presos foi contida pelos agentes plantonistas da unidade, que entraram no pavilhão tão logo perceberam o ocorrido. Não houve feridos no incidente. A CPPP abriga, atualmente, 300 detentos e é gerida desde 2011 pela Umanizzare, mesma empresa responsável pelo Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, onde houve uma rebelião violenta no início do ano, com 56 mortes. Não foi comprovada, no entanto, qualquer relação entre aquela rebelião e o motim de hoje em Palmas.

“A Seciju informa que houve queima de alguns colchões, cujas chamas foram contidas de imediato, além de grades de celas que foram danificadas, mas que já estão em processo de reestruturação. Já os detentos estão sob segurança reforçada até que seja finalizado o procedimento de manutenção. […] Ressalta-se que a situação foi controlada sem nenhum ferido e já foi instaurado um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) para apurar os motivos e os envolvidos no caso”, disse a secretaria, em nota.

Dentro de onde deveria existir ordem, o horror. Cenas de barbárie: decapitações, "churrasco" com carne humana e inúmeros mortos que, após um tempo, se tornam estatística. Desde o início do ano, o sistema prisional brasileiro volta a dar sinais claros de sua insustentabilidade. Rebeliões em presídios como o de Alcaçuz, em Natal-RN, e o Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus-AM, evidenciaram, mais uma vez, as enormes deficiências do processo penintenciário do país. Sem reeducação e abarrotados em celas, os detentos se animalizam a cada dia. Há saída? Para a cientista política Ana Maria de Barros, professora do mestrado de Direitos Humanos da Universidade Federal de Pernambuco, é possível pensar, sim, na ressocialização. Entretanto, antes de tentar mudar o preso, é emergencial reestruturar o próprio sistema e as próprias cadeias.  

LeiaJá: Ao longo de seus estudos, voltados ao processo de ressocialização dos presidiários, você trabalha sob a égide de uma "educação penitenciária" como possibilidade de mudança de perspectivas. Ainda é possível pensar este tipo de ressocialização no Brasil ou isso é, como muitos afirmam, utópico?

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Ana Maria de Barros: Em primeiro lugar, precisamos compreender que o sistema penitenciário brasileiro não é voltado para a ressocialização. Nós passamos da ditadura para a democracia; dentro do processo de redemocratização, o sistema prisional não foi repensado. Nossas prisões são herdeiras de toda a cultura da ditadura, de torturas, grandes violações de direitos humanos. É possível, sim, ressocializar, mas é necessário o Estado assumir o sistema. As prisões não são comandadas pelo Estado, mas pelos criminosos. O Brasil tem masmorras medievais onde seres humanos são jogados para viver em condições mínimas de cidadania, higiene. É possível pensar no processo de ressocialização desde que o país apresente uma proposta concreta de política pública que supere a vigente hoje. 

LJ: O preso de hoje é mais difícil de "contornar" e tentar ressocializar do que aquele de 20 anos atrás?

ANB: Hoje a população carcerária é muito jovem e muito grande. Quanto mais jovem é o preso, mais complicado é a internacionalização de normas. O problema carcerário caminha lado a lado com o problema de saúde pública. É urgente refletir sobre o crack. Hoje o moleque, ainda muito novo, tem crise de abstinência lá dentro (das prisões). Há 20 anos, a média era de presos adultos. Esse "novo preso", em geral, já é oriundo de outras unidades, das Funases, já vêm com essas marcas, é mais difícil de ressocializar. Eles têm acesso às armas muito mais facilmente. Então é necessário pensar na educação desse jovem, mas pensar na periferia, na escola pública, na educação integral. Projetar o futuro destes jovens. Com o vazio do Estado, eles são recrutados pelo crime muito cedo. O criminoso chega antes do Estado na vida desses jovens. 

LJ: Uma discussão que é preciso levar em consideração é a arquitetura prisional. O modo como estas unidades são construídas contribuem para essa cultura do crime e reincidência de episódios violentos?

ANB: A arquitetura prisional brasileira é herdeira do modelo bélico português e espanhol, quando velhos mosteiros e conventos eram transformados em prisões. É falha. Nos Estados Unidos, há um outro modelo de penitenciárias, quase feitas em círculo, onde do centro é possível controlar os outros espaços. Mesmo assim, é insuficiente, pois há situações de violência. Não basta vigilância física, é necessário haver vigilância eletrônica. Também é fundamental separar os criminosos por delito. Quem praticou roubo, latrocínio, estelionato, estupro. E ainda tratamos presídio e penitenciária como a mesma coisa; não é bem assim. O presídio é para quem ainda não está cumprindo pena. Penitenciária é para quem já foi julgado. Aqui no Brasil é tudo junto. Então tem que haver intervenção, uma revisão arquitetônica, sim.

LJ: Diante de tanta barbárie, parcela da população brasileira se vê indignada e brada: "bandido bom é bandido morto!". Muitos criticam os direitos humanos. Na sua concepção, isso é fruto de uma visão distorcida do que, de fato, são esses direitos humanos?

ANB: Direitos humanos são todos os direitos inerentes à pessoa humana. À vida, à liberdade, à comunicação; é o direito de ir e vir, de liberdade ideológica, de agora eu estar tendo essa conversa com você. Desde a época da escravização negra, das lutas de classe, violência contra as mulheres, a estrutura penal brasileira serviu para desrespeitar a vida. No período ditatorial, o sistema penitenciário funcionava para matar e fazer desaparecer os presos políticos. Os direitos humanos denunciavam as torturas nesta época. Então essa ideologia que denigre os direitos humanos vem daí. Em 98, a Anistia Internacional publicou um relatório intitulado "Eles nos tratam como animais", sobre o sistema prisional brasileiro. Estamos no século XXI e ainda temos este estado de barbárie. Direitos humanos não é direito de bandido. Agora é repensar o que já deveria ter sido feito há 30 anos. 

LJ: Nas últimas rebeliões, tanto nas redes sociais como na mídia tradicional, vimos uma enxurrada de imagens sobre os massacres. A cobertura da imprensa inflama ou impulsiona estes motins?

ANB: Vivemos numa sociedade do espetáculo. Não só a mídia; os motins acontecem online, transmitidos para os smartphones. Acompanhamos corações sendo arrancados, pessoas violentadas, assassinadas. A crítica que nós fazemos à mídia é ela não dar espaço às boas experiências. Casos que precisam ser apresentados para a população entender. O cidadão comum está muito assustado. Vivemos uma crise na segurança pública em que todos nós temos medo de sair, não sabemos se vamos voltar. É um tema que envolve a sociedade como um todo.

LJ: Podemos vislumbrar um cenário melhor nos próximos anos?

ANB: Como está, não acredito que vá ter grandes mudanças. Daqui a dez, 20 anos, talvez. Nossa classe política é muito corrupta, não querem perder voto e isso interferere na realidade prisional. Acredito que a sociedade civil organizada tem muito mais poder para exigir e conquistar as mudanças necessárias do que as forças políticas tradicionais que aí estão.

O Brasil discute como deter a assustadora onda de violência que assola o país, dentro e fora das prisões, com propostas que vão da descriminalização do uso de drogas ao reforço do arsenal repressivo. Não passa um dia sem que a capacidade de assombro não seja desafiada.

Acertos de contas com decapitações, mortes de policiais e represálias em massa disputam as manchetes dos jornais com os destaques da operação Lava Jato e seu potencial de deixar o sistema político em pedaços. A guerra entre facções de traficantes de drogas nas prisões deixou cerca de 140 mortos desde o começo do ano com grandes massacres nos estados de Amazonas, Roraima e Rio Grande do Norte.

Em Belém, pelo menos 27 pessoas foram mortas no fim de semana, aparentemente por milicianos, em represália à morte de um agente. No estado do Rio treze policiais foram mortos desde o início do ano.

Com uma taxa de 21,2 assassinatos com arma de fogo por cem mil habitantes, o Brasil está entre os dez países onde é mais perigoso viver, segundo o "Mapa da Violência 2016", publicado pela Faculdade Latino-americana de Ciências Sociais (Flacso). Esta média, que em 2012 era de 20,7, superava a do México, de 13,6; a dos Estados Unidos, de 3,6, e em nenhum país da União Europeia se situava acima de 0,5.

Quase um milhão de pessoas (precisamente 967.851) foram assassinadas no Brasil entre 1980 e 2014. Dados que chamam a atenção em um país "sem conflitos fronteiriços ou de religião e sem guerra civil", comentou, em Recife, o autor do Mapa da Violência, Julio Jacobo Waiselfisz, em entrevista por telefone à AFP.

"Somos cordiais, somos selvagens"

"Somos cordiais, somos selvagens", intitulou nesta segunda-feira uma coluna do jornal O Estado de S. Paulo assinada pelo ex-diretor de política econômica do Banco Central, Luís Eduardo Assis.

Assis evoca o clássico "Raízes do Brasil", no qual o historiador Sérgio Buarque de Holanda definia nos anos 1930 o brasileiro como o "homem cordial". Mas essa "cordialidade", longe de ser um valor, "representa (...) nossa incapacidade de forjar regras e instituições, nossa relutância em separar o interesse público dos interesses privados", diz o editorialista.

"Há na América Latina em geral (...) uma cultura da violência" que alcança "um nível epidêmico" no Brasil, afirma Waiselfisz. "E como em qualquer epidemia, não tem causas evidentes: onde existe uma brecha, se introduz", acrescenta, ao descartar que a crise econômica ou as drogas sejam os fatores determinantes para a sangria.

O desemprego "incentiva os crimes contra a propriedade", mas tem que passar bastante tempo para provocar um aumento de crimes contra a vida, explica. Quanto às drogas, "há interesses de certos setores" em identificá-lo como o problema essencial porque, enquanto prevalecer a estratégia repressiva, "são mobilizados recursos para o sistema de segurança".

"Não nego que as drogas sejam grande parte do problema, mas por que um país com menor [porcentual de] consumidores que os Estados Unidos, a Noruega ou a Suécia tem essa taxa de homicídios?", questiona.

"Prisões ou escolas"

Waiselfisz vê, ao contrário, uma possível correlação entre nível de educação e criminalidade. "A cada rapaz de 17 a 19 anos com o ensino médio incompleto que morre assassinado, há 66 [assassinados dessa idade] com menos de três anos de estudos", expõe.

"A pergunta que devemos nos fazer é se faltam mais prisões ou mais escolas", afirma. Os massacres nas prisões voltaram a dar força às propostas de descriminalizar a maconha e outras drogas, visto que nas superlotadas prisões brasileiras convivem infratores das leis de consumo com integrantes do crime organizado. As prisões, diz o analista, "são uma universidade do crime".

O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, admitiu que mais da metade dos reclusos nunca cometeu crimes graves. "No Brasil, historicamente se prende muito e se prende mal", disse recentemente.

"Contrarreforma" repressiva

A Pastoral Carcerária, da Igreja Católica, pediu o desmantelamento de um sistema de exclusão, baseado na "política de guerra contra as drogas, de militarização e da polícia, de prisões provisórias" e de "privatização do sistema carcerário".

A Câmara dos Deputados, de maioria conservadora e forte influência da chamada "bancada da bala", discute, ao contrário, flexibilizar a compra de armas, reforçar a criminalização de entorpecentes e reduzir a maioridade penal. É uma verdadeira "contrarreforma" repressiva, diz Waiselfisz.

Estas medidas têm o apoio de grande parte da população, que considera que "bandido bom é bandido morto", explica.

Um preso foi baleado ao tentar fugir, na manhã de hoje (23), da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, região metropolitana de Natal (RN). Segundo a Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania, outros presos que tentavam escapar recuaram diante da ação dos próprios agentes penitenciários que, de uma das guaritas, dispararam para conter a fuga.

O detento ferido - cujo nome não foi divulgado - foi atingido no braço e encaminhado para o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel por uma equipe do Samu, com escolta policial. Segundo a secretaria estadual, o preso não tinha recebido alta médica até o meio da tarde de hoje.

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A Penitenciária de Alcaçuz vive uma guerra entre duas facções criminosas rivais desde o dia 14 de janeiro, quando pelo menos 26 presos foram assassinados e boa parte da penitenciária passou a ser controlada pelos detentos. Até agora, as forças policiais controlam a área externa de Alcaçuz e fazem intervenções pontuais no local para realizar buscas por corpos e instalar contêineres a fim de separar, provisoriamente, os pavilhões 4 e 5 dos demais.

Hoje, no entanto, a instalação dos contêineres teve que ser interrompida devido a um problema mecânico no guincho a serviço do Departamento de Estradas e Rodagem (DER-RN). Quando estiver concluído, a divisão com contêineres permitirá a construção, em segurança, de um muro definitivo que separe os pavilhões.

 

Desde ontem (22), agentes penitenciários e homens da Força Nacional já encontraram três tuneis no interior da penitenciária. De acordo com a secretaria estadual de Justiça e Cidadania, as escavações já foram fechadas e só será possível saber se houve ou não fugas após a retomada do controle do estabelecimento e a recontagem de presos.

No início deste sábado (21), detentos do presídio de Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste pernambucano, iniciaram um tumulto. A assessoria de comunicação da Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) confirmou a confusão, mas não divulgou detalhes sobre o ocorrido.

Não há informações de mortos ou feridos. Viaturas do 24º Batalhão da Polícia Militar foram encaminhadas ao local e, segundo a Seres, já atuam dentro do presídio para controlar a situação. 

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O medo de novos ataques a ônibus motivou as empresas de transporte que operam em Natal e na região metropolitana da capital potiguar a anunciar o recolhimento dos veículos, deixando parte da população sem alternativas para voltar para casa após um dia de trabalho.

Segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setrans) intermunicipais, muitas das 16 empresas que circulam entre as cidades da região metropolitana já recolheram os ônibus às garagens.

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O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários (Sintro) e o Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros do Município de Natal (Seturn) confirmaram que as companhias municipaistambém recolheram os ônibus das ruas da capital.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública e da Defesa Social, 21 ônibus foram incendiados entre a tarde dessa quarta-feira (18) e o começo da manhã de hoje (19). O terminal de ônibus do Vale Dourado, na zona norte de Natal, também foi incendiado. No total, foram registradas 28 ocorrências de ataques a ônibus, microônibus, viaturas e prédios públicos.

Desde o último final de semana, quando pelo menos 26 presos foram mortos por outros detentos durante rebelião na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, o Rio Grande do Norte é palco de repetidos confrontos entre integrantes de facções criminosas rivais no interior de estabelecimentos prisionais estaduais.

Na manhã de hoje, detentos de Alcaçuz voltaram a entrar em confronto. Grupos de presos subiram nos telhados dos pavilhões e se espalharam pelo pátio do estabelecimento enquanto outros se enfrentavam à vista de equipes de TV, parentes aglomerados do lado de fora, policias militares e agentes penitenciários que tentavam retomar o controle da situação. Autoridades estaduais de Segurança Pública não têm ainda informações oficiais sobre vítimas.

A situação obrigou o governo estadual a pedir ao governo federal o envio de equipes das Forças Armadas para auxiliar as forças locais a inspecionar o interior dos presídios estaduais em busca de armas, aparelhos celulares, drogas e outros produtos e substâncias proibidas. O próprio presidente da República, Michel Temer, confirmou, no Twitter, o envio dos militares também para ajudar a reforçar a segurança nas ruas de Natal. Tropas da Força Nacional de Segurança Pública já atuam no estado desde setembro do ano passado, auxiliando a Polícia Militar no policiamento ostensivo.

Como mais uma medida para tentar reagir à crise no sistema penitenciário, o governo federal decidiu injetar R$ 30 milhões no projeto Começar de Novo, criado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) há oito anos para proporcionar a reinserção profissional de pessoas presas.

De acordo com o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, que se reuniu na manhã de hoje (18) com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Cármen Lúcia, a meta será beneficiar 15 mil detentos com qualificação profissional. Questionado, ele não especificou de onde sairão os recursos para a parceria.

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Por enquanto, foi criado um grupo de trabalho com técnicos do Ministério do Trabalho e do CNJ para mapear o mercado e identificar quais cursos de qualificação profissional devem ser ofertados aos detentos. A intenção, segundo Nogueira, é fazer um lançamento oficial da parceria até o dia 10 de fevereiro.

Por meio do Começar de Novo, os tribunais de Justiça estaduais promovem ações de qualificação e firmam parcerias com empresas visando a reinserção profissional de detentos. Dados do CNJ mostram que 16.622 vagas de emprego foram criadas pelo projeto desde 2009, mas somente 11.828 foram preenchidas.

A primeira semana de mutirão carcerário no Amazonas resultou na concessão de liberdade a 432 presos provisórios. Parte deles, segundo o Tribunal de Justiça do estado (TJAM), terá que usar tornozeleira eletrônica. A medida é parte das providências tomadas pelo governo estadual para reduzir a massa carcerária que superlota cadeias e reduzir a tensão no sistema prisional.

O presidente do TJAM, Flávio Pascarelli, esclareceu que os processos estão sendo analisados com cuidado e critério, para decidir se a liberdade ou a adoção de medidas alternativas de cumprimento da pena são as mais recomendadas em cada caso. Em 13 municípios do interior do estado, por exemplo, foram analisados 665 processos, com a decisão pela concessão de liberdade provisória a 29 desses réus.

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“Vamos avaliar, criteriosamente, se as condições da prisão preventiva ou provisória permanecem. Essa análise é feita pelo juiz, promotor e defensor público ou advogado. E acredito que, em se tratando de alguém que ofereça perigo à sociedade, a liberdade não será concedida”, disse Pascarelli nessa terça-feira (17), na sede do TJAM.   

Um exemplo desse critério citado por Pascarelli está na 2ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Manaus. Lá, foram analisados 79 processos de réus presos provisoriamente. Desses, foi concedida liberdade a apenas dez - quatro deverão usar tornozeleira e dois também terão que cumprir medidas protetivas. Para auxiliar no mutirão, a Ordem dos Advogados do Brasil no Amazonas cedeu 50 advogados voluntários.

Recapturas

O governo do estado, por sua vez, continua trabalhando nas buscas aos fugitivos do Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj) após a rebelião dos dias 1º e 2 de janeiro. Segundo o governo foram recapturados 83 presos saídos do Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat) e do Compaj. Com isso, 142 detentos ainda estão foragidos.

O Palácio do Planalto confirmou nesta terça-feira, 17, que as Forças Armadas vão atuar dentro dos presídios brasileiros para ajudar nas inspeções. O porta-voz do presidente Michel Temer, Alexandre Parola, afirmou que o governo decidiu lançar mais medidas de apoio aos Estados por considerar que a crise do sistema penitenciário ganhou "contornos nacionais".

"Em iniciativa inovadora, o presidente da República coloca à disposição dos governos estaduais o apoio das Forças Armadas. A reconhecida capacidade operacional de nossos militares é oferecida aos governadores para ações de cooperação específicas em penitenciárias. Haverá inspeções rotineiras dos presídios com vistas à detecção e à apreensão de materiais proibidos naqueles instalações", disse.

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Segundo Parola, a operação "visa a restaurar a normalidade e os padrões básicos de segurança dos estabelecimentos carcerários brasileiros". A ação só será possível se os governadores concordarem com a presença dos militares nos presídios, a fim de não prejudicar a atuação dos governos estaduais, que são os responsáveis constitucionais pelos estabelecimentos carcerários.

Temer também determinou a criação de uma comissão para reformar o Sistema Penitenciário brasileiro, com integrantes do Executivo, Judiciário, Legislativo e sociedade civil organizada. Parola destacou que está sendo criado ainda comitê de integração e cooperação na área de inteligência composto pelos Ministros da Justiça, da Defesa e do Gabinete de Segurança Institucional, tal como se fez por ocasião dos Jogos Olímpicos.

Atraso

A reunião do presidente Michel Temer sobre segurança começou com quase uma hora de atraso, por volta das 13 horas. Acompanharam a discussão os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Alexandre de Moraes (Justiça), Raul Jungmann (Defesa), Sergio Etchegoyen (Gabinete de Segurança Institucional), José Serra (Relações Exteriores) e o secretário-executivo da Fazenda, Eduardo Guardia.

Também compareceram à reunião integrantes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Receita Federal, Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e os comandantes da Marinha, Exército e Aeronáutica.

Dois homens foram mortos na Penitenciária de Regime Fechado em Tupi Paulista, no interior paulista, na noite de dessa quinta-feira (12). Um deles foi degolado, segundo informações da Delegacia Seccional da cidade de Dracena.

A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) informou que houve uma briga em uma das celas, o que resultou nas mortes. “O Grupo de Intervenção Rápida (GIR) foi imediatamente acionado e efetuou a transferência dos presos que estavam na cela, isolando-os do restante da população prisional. O GIR, formado por agentes de segurança penitenciária, atua em situações de conflito auxiliando na segurança dos demais funcionários”, informou a secretaria.

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Segundo ela, a polícia civil deu início à investigação do caso. Na delegacia, a informação é de que o delegado responsável está a caminho da penitenciária para fazer ouvir 34 detentos.

“A SAP, além de colaborar com a polícia, instaurou apuração para propor ao Judiciário a inclusão dos autores em Regime Disciplinar Diferenciado. A Assistência Social da unidade está tentando contato nesta manhã com os parentes dos reeducandos assassinados para informá-los e prestar toda a assistência necessária”, diz a nota.

Desde o começo de janeiro, as chacinas em presídios mataram cerca de 100 presos, 56 em Manaus e 33 em Roraima. As mortes têm relação com a facção criminosa Família do Norte, que disputa o controle do narcotráfico na região Norte do país, e o Primeiro Comando da Capital (PCC).

O presidente Michel Temer quebrou o silêncio nesta quinta-feira  sobre o massacre que deixou 56 presos mortos no complexo penitenciário de Manaus, e classificou o fato de "acidente pavoroso", além de anunciar a construção de novas prisões em todos os estados.

"Quero me solidarizar em primeiro lugar com as famílias que perderam seus presos neste acidente pavoroso que ocorreu no presídio de Manaus", afirmou, no início de uma reunião sobre segurança com vários de seus ministros.

"Não é suficiente realizar um diagnóstico do que aconteceu, é preciso atuar", acrescentou Temer depois de três dias de um silêncio questionado por vários setores da opinião pública.

Para atacar o problema da superpopulação carcerária, o governo prevê a construção de ao menos uma prisão em cada um dos 26 estados brasileiros, além do Distrito Federal, com um investimento de 800 milhões de reais.

Os novos centros disporão de prédios para separar os condenados por delitos menores dos criminosos mais perigosos, afirmou Temer.

Para conter os líderes das organizações criminosas, o governo planeja construir cinco prisões federais de segurança máxima.

Além disso, afirmou, serão instalados sistemas para bloquear o uso de celulares em 30% das prisões de todos os estados.

Com 622.000 presos, o Brasil tem a quarta maior população carcerária do mundo, atrás dos Estados Unidos, China e Rússia, segundo os dados oficiais.

Um prisioneiro tira a sua própria vida a cada três dias nos presídios da Inglaterra e País de Gales, segundo pesquisa da Liga Howard para Reforma Penal. Em 2016, foram registrados 102 suicídios dentro da prisão, pior marca desde que o dado começou a ser computado, em 1978.

A pesquisa associa o aumento de suicídios a cortes de pessoal e no orçamento além da superlotação nas unidades prisionais. Através de um relatório construído com o Centro de Saúde Metal, o instituto sugere que os presídios devem ser mais seguros e mais saudáveis, com detentos sendo capazes de tomar banho, ter café da manhã, se ocuparem produtivamente, se socializarem, se exercitarem e saírem das celas.

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Antes de 2016, o maior número de suicídios em presídios da Inglaterra e País de Gales havia sido em 2004. Naquele ano, 96 mortes foram anotadas.

O levantamento também aponta que a quantidade de presos tirando a própria vida cresceu ao mesmo tempo em que a punição aos presos ficou mais rígida, com internos ficando acima de 23 horas dentro das celas. A taxa de suicídio em prisões, de 120 mortes para 100 mil pessoas é 10 vezes maior que a taxa na população geral.

“O número de pessoas morrendo por suicídio na prisão alcançou proporções epidêmicas. Ninguém deveria estar tão desesperado enquanto aos cuidados do estado a ponto de tirar a própria vida, e ainda a cada três dias uma família é informada que um amado seu morreu atrás das grades”, comentou o chefe executivo da Liga Howard para Reforma Penal, Frances Crook.

Outra crítica feita pela Liga é o esquema de Incentivos e Privilégios Ganhos (IEP, na sigla em inglês), implementado em novembro de 2013. Com o esquema, alguns prisioneiros tiveram uma limitação no contato com a família, na atividade física e no acesso a dinheiros e suas posses. Desde que o IEP foi introduzido, os suicídios cresceram em 34%, saindo de 76 em 2013 para 102 até agora em 2016. “Manter relações familiares, exercícios físicos e socializar com os outros deve ser considerado como parte de uma vida normal, saudável, não como privilégios a serem ganhos”, diz o texto. 

No dia 15 de outubro, o modelo catarinense Paulo Ricardo Evangelista Mantovani, de 28 anos, foi preso no Aeroporto do Recife com 3,3 kg de haxixe em sua mochila, divididos em 120 pacotes. Como foi preso em flagrante, ele passou pela audiência de custódia. Lá, o modelo foi liberado para responder ao processo em liberdade.

A liberação do modelo causou um debate nas redes sociais e nos próprios grupos da imprensa. A Justiça Federal em Pernambuco (JFPE) se manifestou através de nota dizendo que o magistrado que optou pela soltura levou em conta a quantidade de droga transportada, o fato do flagrante haver colaborado com as investigações e a comprovação de que ele possui endereço fixo e profissão definida.

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Apesar de a imprensa ter cobrado a prisão do modelo, o LeiaJá ouviu especialistas que defendiam a opinião de que o acusado realmente deveria ser solto. O que chamava a atenção dos especialistas, na verdade, é que muitas pessoas em situações semelhantes às de Mantovani têm a prisão preventiva decretada. Essas pessoas geralmente são negras, pobres, moradoradas das periferias. No vídeo abaixo, você pode conferir o debate sobre as audiências de custódia, seus indícios de seletividade, preconceito, erros e acertos. 

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O governador Paulo Câmara afastou de suas funções, nesta segunda-feira (31), o presidente da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase), Moacir Carneiro Leão. A decisão ocorre após mais uma rebelião na unidade de Caruaru, neste domingo (30), com o trágico saldo de sete mortos

A partir desta terça (1º), com nomeação publicada no Diário Oficial do Estado, o advogado Roberto Franca assume o desafio de, nas palavras de Câmara, "realizar uma reformulação imprescindível na Funase". Franca será empossado na próxima quinta (3), no Palácio do Campo das Princesas. 

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Num intervalo de cinco dias, 11 jovens morreram em motins, em Caruaru e Timbaúba. O novo presidente terá um período de 602 dias para apresentar um plano de reestruturação do órgão. "Vamos dedicar todo o nosso esforço para que não se repitam os tristes episódios que ocorreram em Timbaúba e Caruaru", asseverou Paulo Câmara. 

A mudança na presidência da Funase foi uma das exigências da nota de repúdio do Movimento de Direitos Humanos de Pernambuco (MDHP-PE), além da denúncia do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), que já havia informado o Governo sobre a iminência de uma rebelião em Caruaru. 

Nesta terça (13) e quarta-feira (14), duas penitenciárias de Pernambuco receberam revistas e o saldo foi um grande número de materiais ilícitos. A Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) informou que a vistoria foi realizada na Penitenciária Juiz Plácido de Souza (PJPS), em Caruaru, e no Presídio Desembargador Augusto Duque, em Pesqueira, ambos no Agreste do estado.  

Os agentes envolvidos na fiscalização encontraram no PDAD 110 gramas de maconha; 133 papelotes de crack; 67 papelotes de maconha; 202,6 gramas de maconha; 20 celulares; duas facas peixeiras; 28 chunços; 13 barrotes; 17 carregadores de celular; seis fones de ouvido e quatro serpentinas (para fabricação de cachaça artesanal). 

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Já na unidade PJPS foram localizadas 91 facas artesanais; 23 barrotes; nove celulares; duas baterias de celular; três carregadores; 20 litros de cachaça artesanal; uma serpentina; 22 balas de maconha; 43 comprimidos de uso controlado; 17 sacolinhas de pó (supostamente cocaína ou pó virado) e 75,2 gramas de pó (supostamente cocaína ou pó virado). 

O Complexo Prisional do Curado receberá, nesta quarta-feira (8), membros da Corte Interamericana de Direitos Humanos – braço da Organização dos Estados Americanos (OEA) – para uma vistoria nos presídios do local. A ação é feita após denúncia perpetrada pela Justiça Global, Clínica Internacional de Direitos Humanos da Faculdade de Direito de Harvard, entre outras entidades.

Desde 2011, o Estado brasileiro tem sido processo por problemas que já se tornaram rotinas nas penitenciárias: superlotação, assassinatos, corrupção e outros tipos de violações. Em outubro de 2015, a Corte determinou que o país cumprisse uma série de medidas. A visita em Pernambuco será pioneira no território nacional.

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No início da manhã, representantes da Corte e da Comissão Interamericana de Direitos Humanos estarão reunidos com membros das entidades envolvidas e do estado. Na sequência, haverá a visita ao Complexo Prisional. "O que temos é um cenário no qual as violações não são a exceção, mas sim a regra. Enquanto não houver uma ação do Estado para modificar a situação, continuaremos a ter um sistema punitivista que encarcera cada vez mais e em condições extremamente desumanas e degradantes", criticou Isabel Lima, coordenadora da Justiça Global. 

Na tentativa de atenuar o som das críticas e melhorar a atmosfera em torno do sistema prisional de Pernambuco, a Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) faz, nesta quarta (20), a entrega de novos investimentos para os presídios do estado. O que chama atenção são os valores dos processos licitatórios. 

Para garantir maior controle das abarrotadas celas e salas das penitenciárias estaduais, o Governo adquiriu 2300 novos cadeados. De acordo com nota oficial encaminhada pela Seres, o processo licitatório foi orçado em R$ 294.400,00. Em um cálculo rápido, chega-se ao valor de R$ 128,00 por cadeado adquirido. 

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Também por meio de licitações, a Secretaria terá 50 novos veículos. O valor do aluguel mensal das 15 vans tipo xadrez será de pouco mais de R$ 128 mil; para o uso dos 35 carros administrativos, cerca de R$ 40 mil por mês serão desembolsados.

De acordo com a Seres, “a nova frota reforçará o transporte dos reeducandos para as audiências de rotina, oferecendo mais segurança assim como dará maior agilidade nas atividades administrativas das unidades”. 

Mais uma revista foi realizada em unidade do Complexo do Curado, na tarde desta terça-feira (15), mais especificamente no Presídio Frei Damião de Bozzano (PFDB). A Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) informou que vários materiais ilícitos foram encontrados durante a vistoria.

De acordo com a Seres, agentes penitenciários da unidade e do Grupo de Operações e Segurança (GOS/Seres) apreenderam 13 facões, 17 facas, uma foice, 16 carregadores de celular, sete fones de ouvido, uma balança, duas baterias de celular, cinco chunços, 10g de maconha e 8g de crack. 

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Entre o artigos ilegais encontrados também havia oito celulares, dos quais cinco smartphones, ou seja, com capacidade de acesso à internet, o que facilitaria ainda mais a comunicação com a área externa do presídio. 

Cotel também vistoriado

O Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, também recebeu uma fiscalização realizou nesta terça. No local, 11 celulares, cinco carregadores, cinco facas artesanais, sete chips, uma balança de precisão e 82 balas de maconha foram recolhidos.

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