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Após a Justiça de Minas Gerais aceitar o pedido de indenização de R$ 1 milhão em danos morais por cada vítima do rompimento das barragens de Brumadinho, nessa segunda-feira (5), a Vale entrou com recurso contra a decisão e afirmou que o valor é 'absurdo'.

A indenização requerida à 5ª Vara do Trabalho de Betim foi estipulada pelo sindicato Metabase-Brumadinho e contou com apoio de entidades internacionais ligadas à defesa dos direitos humanos. As barragens de rejeitos de minério operadas pela empresa na região deixaram 270 mortos após romperem no dia 25 de janeiro de 2019.

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A organização cobra por R$ 1 milhão de indenização aos 131 funcionários diretos da Vale que morreram com a avalanche de rejeitos de minério. Antes, o pedido era de R$ 3 milhões. Terceirizados e vítimas em geral, como hóspedes de uma pousada no Córrego do Feijão e seus respectivos colaboradores ficaram de fora do processo.

Além da redução do valor considerado pela defesa da mineradora como 'absurdo', a Vale pede que 21 nomes sejam retirados da lista de indenizados. "Ainda que mantido o absurdo importe de R$ 1 milhão por vítima, o valor da condenação há de ser reduzido para, no mínimo, R$ 120 milhões. A manutenção do valor injustificado causa grave prejuízo à ré", apontou conforme publicação da Folha de S.Paulo.

A juíza titular da 5ª Vara do Tribunal Regional do Trabalho de Betim (MG), Viviane Célia Ferreira Ramos Correa, condenou a mineradora Vale a pagar indenização de R$ 1 milhão por danos morais por cada trabalhador morto no rompimento da Barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho.

A indenização, que abrange os trabalhadores diretos da mineradora vitimados pelo acidente, será destinada aos espólios e herdeiros. O derramamento de rejeitos de minério em 25 de janeiro de 2019 causou a morte de 270 pessoas, das quais 137 seriam funcionários diretos da mineradora, segundo os autores do processo, num total de R$ 137 milhões.

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Na ação impetrada, o Sindicato Metabase Brumadinho alegou que os pagamentos de indenizações, até então, eram destinados a reparar o dano moral sofrido pelos familiares das vítimas, como pais, filhos, esposas e irmãos. Na decisão desta quarta-feira, 9, a condenação mira o dano moral sofrido pela própria vítima fatal, por ter sua vida abreviada.

Segundo Maximiliano Garcez e Luciano Pereira, advogados do sindicato, a sentença traz justiça aos trabalhadores mortos. "Foram cruelmente abandonados pela Vale, que destinou R$ 37 bilhões até mesmo para obras viárias em Belo Horizonte, e nenhum centavo para indenizar o terrível sofrimento dos trabalhadores falecidos, que morreram em condições atrozes e que tiveram décadas de vida abreviadas", disse Garcez.

Garcez explicou que decisões do Superior Tribunal de Justiça (STJ) criaram jurisprudência para que o direito à indenização por danos morais seja transmitido com o falecimento do titular, possuindo os "herdeiros da vítima legitimidade ativa para ajuizar ou prosseguir a ação indenizatória".

No processo, a Vale requereu, no mérito, a improcedência da ação. A mineradora alegou, entre outros pontos, a ilegitimidade do sindicato como autor ao representar trabalhadores já falecidos, além de questionar o cabimento de "ação civil pública ou coletiva em face de direitos individuais heterogêneos".

Procurada na noite desta quarta-feira, a Vale não se manifestou imediatamente.

Em fevereiro deste ano, a Vale e o governo de Minas Gerais assinaram o acordo bilionário para reparação dos danos provocados pela tragédia de Brumadinho. Foram quatro meses de negociações, resultando no termo com o valor de mais de R$ 37 bilhões. Foi o maior acordo realizado na história do Brasil, segundo o executivo estadual de Minas Gerais.

A Vale S.A. foi condenada a pagar R$ 200 mil de indenização por danos morais a um trabalhador que escapou da tragédia na barragem de rejeitos de minério da Mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho-MG. Ele viu o irmão e colegas de trabalho morrerem na tragédia, ocorrida em janeiro de 2019. A decisão é dos julgadores da Décima Primeira Turma do TRT-MG, que manteve, por unanimidade, a sentença proferida pelo juízo da 3ª Vara do Trabalho de Betim.

O trabalhador alegou que presenciou todo o ocorrido. Ele realizava o carregamento de caminhão de minério bem próximo da barragem de rejeitos que se rompeu. Informou que se salvou por pouco, passando por um momento de pânico e extremo estresse, o que acarretou uma série de sequelas à sua vida funcional.

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Segundo o relato, ele não estava no refeitório que foi atingido pela avalanche de lama, por mero acaso, visto que antecipou seu horário de almoço em uma hora. Contou ter presenciado a morte do próprio irmão e de inúmeros colegas. E que "vem apresentando sérias sequelas emocionais, de modo que não consegue sequer retornar ao local de trabalho, mesmo estando sob os cuidados médicos, e sendo submetido a tratamento psicológico".

Em sua defesa, a empresa não negou que o empregado estava trabalhando na mina no momento do acidente. Alegou, em síntese, que realizou todos os licenciamentos necessários junto aos órgãos competentes e sempre cumpriu fielmente todas as normas de saúde e segurança do trabalho, inclusive no que diz respeito à manutenção e monitoramento de barragens.

Por último, argumentou que o trabalhador não sofreu dano moral em razão do acidente, motivo pelo qual a empresa diz que não cabe indenização. Caso não fosse esse o entendimento dos julgadores, requereu que fosse reduzido o valor arbitrado na sentença, ao argumento de que se mostra excessivo e impraticável.

Para o relator do recurso da empresa, desembargador Marco Antônio Paulinelli de Carvalho, parece inegável que a atividade de mineração, notadamente nas proximidades de barragens, apresenta fatores múltiplos de risco, ligados, inclusive, às condições geológicas e climáticas. É o que se observa, segundo o magistrado, da insuficiência dos tipos de medidas de segurança necessários, como o sistema de monitoramento das condições das barragens e as sirenes de aviso de rompimento para evacuação imediata do local da prestação de serviços.

"Ainda que assim não fosse, é certo que a empresa reclamada é comprovadamente culpada pelo acidente, tendo em vista que ela não demonstrou a adoção de medidas preventivas que pudessem assegurar a não ocorrência do acidente", ressaltou o julgador.

Segundo o desembargador, especialistas confirmaram em relatório que o rompimento ocorreu por deformações da estrutura da barragem. "Especificamente, o projeto resultou em uma barragem íngreme, com falta de drenagem suficiente, gerando altos níveis de água, os quais causaram altas tensões de cisalhamento dentro da barragem", diz trecho do relatório.

Já em relação à ocorrência do dano moral, o magistrado comentou que os relatórios médicos, anexados aos autos, e a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) emitida pela empresa, evidenciam que o trabalhador apresentou transtornos de estresse pós-traumático logo após o acidente ocorrido na barragem de Brumadinho. "Nesse contexto, entendo que restou evidenciado que a integridade mental e moral do empregado foi exposta, não apenas pelo risco a que foi submetido, mas também em razão da perda do seu irmão e de diversos colegas de trabalho", pontuou o desembargador.

Ele destacou que são invioláveis, enquanto bens tutelados juridicamente, a honra, a dignidade e a integridade física e psíquica da pessoa, por força de expressa disposição de lei. E, segundo o relator, a violação a qualquer desses bens jurídicos no âmbito do contrato de trabalho ensejará ao violador a obrigação de reparar os danos dela decorrentes.

De acordo com o magistrado, é certo que a dignidade humana e a vida não são passíveis de mensuração em dinheiro. "Porém, uma vez consumado o dano, na pior das hipóteses, pode o ofendido sentir-se parcialmente aliviado com o abrandamento do agravo na forma de compensação material. Além disso, a medida tem uma faceta pedagógica no sentido de alertar o ofensor para que não persista em atitudes dessa natureza", frisou.

Assim, seguindo o que foi decidido no juízo de origem, o voto condutor do recurso também expôs o entendimento de que o reclamante faz jus à indenização por danos morais em razão do acidente de trabalho. E levando em conta a duração do contrato de trabalho, que foi 2005 a 2019, e considerando o porte econômico da empresa, foi tido como razoável o valor de R$ 200 mil fixado na decisão recorrida. Há recurso pendente dessa decisão de segundo grau.

Com informações da assessoria.

Nesta terça-feira, 23 de março, comemora-se o dia mundial da meteorologia - técnica responsável por analisar e prever as variações climáticas da Terra. Em Pernambuco, esse trabalho é desenvolvido pela Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), que desempenha um papel fundamental principalmente neste momento de crise hídrica que o estado está passando.

A falta de chuva em Pernambuco fez com que as barragens de abastecimento humano no estado chegassem a níveis críticos de funcionamento. Em janeiro deste ano, cerca de 500 mil moradores da Região Metropolitana do Recife, tiveram que lidar com racionamento de até seis dias sem água.

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Mesmo com as fortes chuvas no mês de fevereiro, as barragens de Botafogo, Goitá e Várzea do Una, responsáveis por grande parte do de abastecimento na Região Metropolitana do Recife e na Zona da Mata Norte de Pernambuco chegaram a menos de 10% da capacidade. A Barragem de Sicupema ficou vazia na última semana do mês de fevereiro.

O governo de Pernambuco também decretou “estado de emergência" em 55 municípios do Agreste de Pernambuco, no dia 16 deste mês, por causa do período de estiagem, que provocou queda das reservas hídricas e decorrentes das perdas na agropecuária da região.

Através da coleta de informações sobre a umidade do ar, pressão atmosférica, temperatura do ar, volume de chuva, a Apac consegue atuar no combate à crise, monitorando o período de seca no estado.

A agência é co-autora da ferramenta “Monitor de Secas”, usada para o monitoramento periódico da situação de seca e acompanhamento da evolução ou involução de um evento de seca, classificando segundo seu grau de severidade e duração.

Os dados obtidos pelo Monitor de Secas auxiliam os gestores nas estratégias e tomadas de decisões para conter a crise hídrica. Mensalmente, esses dados são disponibilizados à população através do site e instagram da Apac.

Segundo a Apac, na próxima quinta-feira (25), a partir das 10h, será divulgada a previsão climática para o trimestre subsequente, em seu canal youtube. A expectativa é de que sejam divulgadas novas informações a respeito do período de estiagem. 

Laudo apresentado nesta sexta-feira, 26, pela Polícia Federal aponta que o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, no dia 25 de janeiro de 2019, ocorreu por perfuração feita a partir da parte superior até a base da represa, onde os rejeitos ficam armazenados. A operação foi iniciada cinco dias antes da tragédia e estava em andamento na data da ruptura.

A perfuração estava sendo feita para diagnóstico das condições dos rejeitos depositados na estrutura e posterior instalação de equipamentos para medir a pressão interna da barragem.

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O laudo refuta as argumentações da Vale de que uma combinação de deformação da barragem, provocada pelo seu próprio peso, e fortes chuvas teriam contribuído para o colapso. O documento mostrou, em relação às chuvas, que em 2019 o regime pluviométrico foi inferior a anos anteriores.

A perfuração, juntamente com o baixo nível do fator de segurança da estrutura, conforme já ficou comprovado nas investigações, levaram à ruptura por liquefação, que é o aumento do volume de água nos rejeitos sólidos, pressionando a barragem e levando à sua ruptura.

Conforme o perito da Polícia Federal, Leonardo Mesquita, a liquefação ocorreu quando a perfuração atingiu, a 68 metros de profundidade, uma camada da estrutura com maior volume de rejeitos finos, que reúnem mais chances de entrarem em liquefação. "A perfuração estava ocorrendo no ponto mais crítico da barragem", disse o perito. Um fluido usado para lubrificar a ponta da perfuratriz aumentou a pressão nesse ponto mais frágil da represa.

Antes de iniciar a perfuração que acabou provocando a liquefação, a Vale contratou empresa terceirizada, cujo nome não foi revelado pela PF, para fazer uma etapa inicial desse processo de análise dos rejeitos. A PF informou, porém, que os dados dessa primeira etapa, que durou de outubro a dezembro de 2018, não foram processados pela Vale, que mesmo assim passou à segunda etapa no processo em janeiro.

"Houve um atropelo", concluiu o delegado responsável pelas investigações, Luiz Augusto Pessoa Nogueira. "A Vale deveria ter verificado primeiro o que foi diagnosticado pela empresa contratada".

O laudo divulgado hoje é o mais importante para a possível responsabilização criminal de funcionários e diretores da Vale pelo colapso da estrutura. O rompimento da barragem matou 272 pessoas. Onze permanecem desaparecidas. O delegado responsável pelas investigações, no entanto, afirma que o inquérito segue e que ainda não há definição sobre possíveis indiciamentos. "Não descarto nenhum tipo de hipótese", declarou.

Outras hipóteses levantadas desde o rompimento da barragem foram descartadas pela PF, além da apresentada pela Vale. Entre as quais detonações em mina próxima à represa que poderia ter afetado a estrutura física da barragem.

A reportagem perguntou à Vale o motivo pelo qual a mineradora não processou as informações da empresa contratada para estudo sobre os rejeitos da barragem antes de iniciar a perfuração que acabou ajudando no gatilho da liquefação. Obteve a seguinte resposta, em nota. "A Vale informa que tomou conhecimento nesta sexta-feira, 26, da expedição do laudo da perícia técnica da Polícia Federal sobre as possíveis causas do rompimento da Barragem I, da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG). A empresa avaliará o inteiro teor do laudo e oportunamente se manifestará nos autos por intermédio de seu advogado David Rechulski."

Movimentos de apoio aos atingidos pelo rompimento da barragem Córrego do Feijão, da Vale, em Brumadinho, e dois partidos, PT e PSOL, entraram nesta quarta-feira (10) com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para suspender a homologação do acordo no valor de R$ 37,68 bilhões fechado pela mineradora para pagamento ao governo de Minas como indenização pela tragédia.

O termo foi assinado no último dia 4. A barragem se rompeu em 25 de janeiro de 2019 matando 272 pessoas. Onze corpos seguem desaparecidos. A principal reivindicação dos representantes dos atingidos é que a aplicação do valor seja discutida com os moradores do município.

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Durante protesto na data da assinatura do acordo, em frente ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), onde o termo foi firmado, representantes dos atingidos defenderam que o valor correto a ser pago seria de R$ 54 bilhões, montante apresentado pelo Estado no início das negociações.

O Palácio Tiradentes afirma que, dos R$ 37,68 bilhões, R$ 9,17 bilhões vão para programas de transferência de renda. Outra parcela, de R$ 4,7 bilhões, será para reformas em escolas e postos de saúde ao longo do Paraopeba, rio atingido pela lama que desceu da barragem ao se romper.

Do total, ainda segundo o Estado, R$ 6,55 bilhões serão para saneamento básico nos municípios atingidos, R$ 2,055 bilhões irão para captação de água para cidades da Grande Belo Horizonte, R$ 4,95 bilhões para estradas e ampliação do metrô da capital, R$ 4,37 bilhões para melhoria de hospitais e R$ 5,89 bilhões serão reservados para medidas emergenciais.

"Os valores são insuficientes para que as pessoas possam ter minimamente de volta seu modo de vida", afirma Maria Julia Zanon, da coordenação nacional do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM).

A ação argumenta que princípios constitucionais foram feridos no fechamento do acordo, como a publicidade do termo e a não participação dos atingidos nas negociações. Os movimentos dizem ainda, no pedido de suspensão da homologação impetrado no STF, que o acordo deveria passar por aprovação da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

O Coordenador do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Joceli Andreoli, afirma que o acordo é uma "injustiça frontal" porque traz prejuízo real aos atingidos. "Acreditamos que o STF deve tomar providência no sentido de garantir que os atingidos participem do acordo", diz. O MAB está entre os apoiadores da ação.

Além do PT e do PSOL, assinam o pedido feito ao STF o MAM e a Associação Nacional dos Atingidos por Barragens (Anab). A mineradora Vale informou que não irá se pronunciar sobre a ação. A reportagem aguarda posicionamento do governo de Minas.

O governo de Minas Gerais detalhou em comunicado a destinação dos recursos do acordo de R$ 37,68 bilhões firmado na manhã desta quinta-feira (4) com a Vale no caso Brumadinho. O valor ficou bem acima da proposta inicial feita pela mineradora, de R$ 29 bilhões, e mais próximo dos R$ 40 bilhões demandados pelo Estado e autoridades como o Ministério Público e a Defensoria para chegar a uma conciliação. Segundo o Estado, trata-se do maior acordo de medidas de reparação em termos financeiros e com participação do Poder Público já firmado na América Latina (AL) e um dos maiores do mundo.

A ação civil pública movida pelas autoridades contra a Vale e que motivou a negociação de um acordo pedia mais de R$ 54 bilhões em reparação a danos socioeconômicos e morais. "O termo não retira nenhuma responsabilidade da empresa, mas impõe novas obrigações, além de ser um reconhecimento da responsabilidade da mineradora. A assinatura do termo não prejudica as ações individuais por indenizações e criminais, que seguem tramitando", destaca o governo em comunicado.

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As medidas de reparação viabilizam investimentos em benefício das regiões atingidas e da população. Cerca de 30% dos recursos vão beneficiar o município e a população de Brumadinho. Para o Programa de Transferência de Renda - que vai substituir o auxílio emergencial aos atingidos, que seria encerrado em fevereiro - e para o atendimento da demanda direta dos atingidos são destinados R$ 9,17 bilhões.

As regras do novo programa serão definidas com participação dos atingidos e auxílio do Ministérios Públicos Estadual e Federal e da Defensoria. Até lá, os pagamentos mensais aos atingidos seguem com as regras atuais.

Estão incluídos nos recursos aos atingidos, R$ 4,4 bilhões em recursos destinados ao programa e também R$ 1,77 bilhão, já aplicado no pagamento do auxílio emergencial. Outros R$ 3 bilhões serão destinados a projetos de reparação a serem escolhidos pela população atingida. MP-MG, MPF e DP-MG também auxiliarão nesse processo.

Bacia do Paraopeba

Com R$ 4,7 bilhões, o conjunto dos projetos de reparação socioeconômica e ambiental na região do Paraopeba prevê a criação de cerca de 365 mil empregos diretos e indiretos. Parte dos projetos será apresentada diretamente pelas prefeituras, explica o governo de Minas. As ações incluem a reforma e melhoria de todas escolas estaduais e municipais, a conclusão de obras das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) desses municípios, melhoria da Rede de Atenção Psicossocial e ações de promoção de emprego e renda.

Para o item do acordo chamado de Reparação Socioambiental Integral serão destinados R$ 6,55 bilhões. Desse montante, R$ 1,55 bilhão será utilizado na compensação de danos ambientais já conhecidos. Um dos projetos desenvolvidos como compensação é a universalização do saneamento básico nos municípios atingidos.

O acordo não prevê um teto financeiro a ser gasto com a reparação do meio ambiente. Todas as ações que no futuro se mostrarem necessárias para a reparação socioambiental serão feitas e integralmente custeadas pela Vale, seguindo o princípio do poluidor pagador, previsto pela Constituição Federal. A estimativa inicial de investimentos é de R$ 5 bilhões.

Segurança Hídrica

Para as obras nas Bacias do Paraopeba e do Rio das Velhas, que garantirão a segurança hídrica da região metropolitana de Belo Horizonte, inclusive de municípios atingidos, serão destinados R$ 2,05 bilhões. As intervenções têm o objetivo de melhorar a capacidade de integração entre os sistemas Paraopeba e das Velhas, evitando o desabastecimento.

Além disso, serão destinados R$ 4,95 bilhões a projetos de mobilidade na região metropolitana de Belo Horizonte. Um deles é a construção do Rodoanel, com três alças passando pela região atingida, que terá recursos para parte dos investimentos iniciais. Também foram reservados recursos para complementar aporte federal em melhorias no Metrô de Belo Horizonte e para a melhoria da infraestrutura rodoviária.

Outro ponto do acordo inclui R$ 4,37 bilhões para projetos que têm como objetivo a melhoria na prestação dos serviços públicos para os mineiros, em especial os residentes na Bacia do Paraopeba. Entre eles, há a renovação de frota, aquisição de equipamentos e melhorias logísticas para o Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil e as polícias Militar e Civil, além de melhorias nas unidades de conservação do Estado.

Também está prevista a conclusão de obras de hospitais regionais e melhorias nas unidades da Rede Fhemig, que são referência para os municípios atingidos, com modernização dos hospitais João XXIII, Julia Kubitschek e João Paulo II. O acordo de reparação prevê ainda a construção de uma biofábrica da Fundação Ezequiel Dias (Funed) com capacidade de produzir mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, que reduz a transmissão de doenças pelo vetor.

No acordo também estão inseridos recursos que já tiveram sua aplicação iniciada pela Vale em projetos de reparação, no valor de R$ 5,89 bilhões. Ao todo, R$ 4,39 bilhões foram investidos em ações de reparação, pagamento de moradias provisórias de atingidos, atendimentos psicossociais, fornecimento de água, obras de nova captação de água no Rio Paraopeba, obras emergenciais para contenção de rejeitos, além de repasses para o fortalecimento do combate à pandemia de Covid-19.

Fiscalização

De acordo com o governo mineiro, os recursos financeiros previstos no Termo de Medidas de Reparação não poderão ser usados para fluxo de caixa ou pagamento de salários. Eles terão fonte específica no orçamento e os valores vinculados aos projetos. A controladoria Geral do Estado (CGE), o Tribunal de Contas do Estado (TCE) e a Assembleia Legislativa de Minas Gerais atuarão na fiscalização dos projetos executados pelo Executivo. O Poder Público e a sociedade fiscalizarão os projetos da Vale.

Fim de batalha jurídica

O Tribunal de Justiça de Minas Gerais disse que o acordo fechado hoje com a Vale põe fim à possibilidade de uma batalha jurídica, que poderia se estender por mais de uma década. "Conseguimos finalizar o maior acordo da história do Brasil em termos de fixação de compensação e reparação socioambiental. O conflito foi solucionado por meio da mediação e conciliação, de forma neutra e imparcial, promovendo o diálogo entre as partes envolvidas. Assim chegamos a esse acordo histórico para Minas Gerais, o Brasil e o mundo", afirmou o presidente do TJ-MG, Gilson Lemes, segundo nota publicada no portal do Tribunal de Justiça.

Lemes disse que "as soluções construídas pelas partes têm mais chances de pacificar os conflitos, se comparadas àquelas impostas por decisões judiciais. O presidente do TJ-MG afirma que "são dezenas de projetos a serem desenvolvidos, alguns a serem executados pela empresa Vale e outros pelo Governo do Estado". Diz ainda que o valor será depositado em juízo e revertido em favor dos atingidos e que será pago mensalmente, como transferência de renda, e também a recuperação ambiental de todo ambiente atingido.

A Vale confirmou nesta quinta-feira (4) a assinatura de um acordo no valor de R$ 37,68 bilhões com o Estado de Minas, a Defensoria Pública estadual e os Ministérios Públicos Federal e do Estado no caso Brumadinho (MG). O desfecho ocorreu pela manhã, em audiência em Belo Horizonte, após quatro meses de negociações intensas. A tragédia de Brumadinho, que deixou 272 mortos, completou dois anos no último dia 25 de janeiro.

"A Vale está determinada a reparar integralmente e compensar os danos causados pela tragédia de Brumadinho e a contribuir, cada vez mais, para melhoria e desenvolvimento das comunidades em que atuamos. Confiamos que este acordo global é um passo importante nessa direção", disse em comunicado o presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, destacando que a mineradora segue alinhada ao que chama de um "novo pacto com a sociedade".

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O acordo fechado nesta quinta-feira no Tribunal de Justiça de Minas Gerais contempla projetos de reparação socioeconômica e socioambiental. No aspecto socioeconômico, há projetos de demanda das comunidades atingidas, programa de transferência de renda à população - em substituição ao atual pagamento de auxílio emergencial - e projetos para Brumadinho e demais municípios da Bacia do Paraopeba, além de recursos para execução, pelo governo do Estado de Minas Gerais, do Programa de Mobilidade Urbana e do Programa de Fortalecimento do Serviço Público.

Do lado da reparação socioambiental, o acordo estabelece as diretrizes e governança para execução, pela Vale, do Plano de Reparação, bem como projetos a serem implementados para a compensação dos danos ambientais já conhecidos e projetos destinados à segurança hídrica da região impactada.

Segundo a Vale, o acordo prevê ainda o encerramento das discussões judiciais referentes aos danos socioambientais causados pelo rompimento da barragem, bem como relativos aos danos coletivos lato sensu e individuais homogêneos não divisíveis. A mineradora destaca que não fazem parte do acerto as indenizações por danos individuais, em relação às quais "reforça o seu compromisso na reparação justa, célere e equânime por meio da celebração de acordos individuais" com base no Termo de Compromisso celebrado com a Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais em abril de 2019.

"O processo de mediação conduzido pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais permitiu a construção de um acordo que encerra, de forma definitiva, os litígios com o Estado de Minas, Ministério Público Federal e Estadual, e Defensoria Pública de MG. As instituições que participaram da construção do acordo asseguraram soluções céleres, justas e eficazes num processo conduzido com transparência, legitimidade e segurança jurídica", afirma Alexandre D'Ambrosio, diretor jurídico da Vale.

O governo do Estado de Minas Gerais informou nesta sexta-feira, 29, por meio de nota, que a Vale apresentou nesta sexta-feira, 29, uma nova proposta de acordo para reparar os dados socioeconômicos coletivos causados pelo rompimento da barragem da mineradora em Brumadinho.

Também nesta sexta, o Tribunal de Justiça de Minas anunciou que o prazo do processo de mediação entre as partes foi prorrogado por mais 15 dias.

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Em sua nota, o governo do Estado ressaltou que as instituições que representam o Poder Público "avaliam que há perspectiva de evolução nas negociações. Por isso, elas serão estendidas".

Por conta da alteração do calendário de abastecimento de água feito pela Compesa na RMR, que justificou a atitude baseada na escassez de chuvas que reduziu o nível das barragens, houve um crescimento de 10% nas vendas de caixa d'água de acordo com uma rede de lojas de materiais de construção e bricolagem, pouco mais de três dias após o anúncio. 

O calendário alterado aumentou o período em que os cidadãos ficarão sem abastecimento em diversas áreas da Região Metropolitana do Recife. Com as chuvas acontecendo abaixo do esperado, as barragens usadas no abastecimento entraram em um estado crítico e por isso a decisão de aumentar o rodízio para a chegada da água nas casas. 

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Como precaução que teve condições, correu para garantir uma forma de ter mais água, por mais tempo em casa. Tanto nas compras físicas quanto online, a procura por caixas d 'água registrou aumento de 10% após o anúncio das mudanças feitas na sexta-feira (22) pela Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa). Em três dias já foi possível notar a mudança.

Para a aquisição de uma caixa d’água adequada ao imóvel, os usuários podem se orientar na hora da compra seguindo uma conta simples. Em média, cada pessoa consome 100 litros de água por dia. Logo, sabendo quantas pessoas há no imóvel, é só multiplicar por 100 litros. Por exemplo, um reservatório de 500 litros é suficiente para abastecer uma família de cinco pessoas num período de 24 horas.

A deputada federal Marília Arraes (PT) usou as redes sociais, na manhã desta segunda-feira (25), para denunciar a impunidade dos responsáveis pelo rompimento da barragem de Brumadinho, em Minas Gerais. Hoje completa dois anos do acidente que, de acordo com a contagem oficial, soterrou 270 pessoas.

Entretanto, as famílias estimam que a avalanche de rejeitos de minério da barragem da mina Córrego do Feijão, da Vale, matou 272 pessoas, pois duas vítimas estavam grávidas. Até agora, 11 pessoas seguem desaparecidas e o memorial em homenagem aos mortos foi largado. Até a pedra fundamental colocada como símbolo do memorial foi roubada.

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“Hoje completam dois anos do crime da Vale em Brumadinho! Vem com a gente denunciar a impunidade da Vale e se solidarizar com a luta dos atingidos e atingidas! #Brumadinho2Anos”, publicou a ex-candidata à Prefeitura do Recife.

Os danos socioambientais são imensuráveis e a mineradora ainda briga judicialmente para recalcular o valor da indenização total, fixado em R$ 54 bilhões pelo Ministério Público de Minas Gerais. A empresa tem até a próxima sexta (29) para apresentar a última contraproposta.

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A Samarco retomou a retirada de minério de ferro do complexo da empresa em Mariana (MG), onde, cinco anos atrás, uma barragem se rompeu. Além de matar 19 pessoas, o incidente se tornou uma das maiores tragédias ambientais do Brasil: toneladas de rejeito atingiram florestas e, pelo Rio Doce, a lama chegou ao litoral do Espírito Santo depois de passar por 40 municípios.

O retorno das operações da Samarco, que é uma joint venture criada pelas gigantes do setor de mineração Vale e a anglo-australiana BHP Billiton, ocorre antes mesmo de os moradores do distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, destruído pela lama, passarem a morar no chamado Novo Bento Rodrigues, uma recriação do original, próximo ao local da tragédia. As famílias ainda moram em casas alugadas pela empresa em Mariana. Cerca de 600 pessoas aguardam pelas moradias no novo distrito.

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A retomada da Samarco ocorreu na quarta-feira, 23. A barragem da empresa, chamada Fundão, ruiu em 5 de novembro de 2015. Até hoje ninguém foi responsabilizado pelo rompimento da estrutura. Em julho de 2017, uma ação criminal por homicídio contra integrantes do alto escalão da Samarco, Vale e BHP chegou a ser suspensa pela Justiça depois que os acusados afirmaram que provas obtidas nas investigações foram conseguidas de forma ilegal. A ação foi retomada em novembro do mesmo ano e ainda não teve desfecho.

A construção do Novo Bento Rodrigues está a cargo da Fundação Renova, que tem à frente as próprias mineradoras, conforme o Ministério Público de Minas Gerais, um dos responsáveis pelas investigações sobre o rompimento da barragem. Desde 2016, quando os ex-moradores do distrito destruído aprovaram a área para a construção do Novo Bento Rodrigues, a entrega das obras foi adiada duas vezes.

A data inicial era março de 2019, adiada para agosto de 2020, por sua vez transferida para fevereiro do ano que vem. Um documento da prefeitura de Mariana enviado a futuros moradores do distrito mostra nova data, 9 de outubro de 2021. O papel fala ainda em uma "data máxima" para a entrega: outubro de 2024. A Renova afirma que o tema é tratado em ação civil pública e que a Justiça foi informada sobre os impactos da covid-19 no andamento das obras.

Uma das ex-moradoras do distrito e que segue aguardando pela casa nova é Joana D'arc, de 48 anos, casada, seis filhos e seis netos. Ela mora com duas filhas em uma das casas alugadas pela mineradora na cidade. "Tá todo mundo reclamando muito. A empresa volta a operar e a gente ainda não tem casa para morar? É muito difícil", se queixa.

Extração de minério

O retorno da Samarco em Mariana possibilita a retomada também do funcionamento da planta da empresa em Ubu, no Espírito Santo, onde o minério de ferro extraído na cidade mineira é processado. A produção chega ao Estado vizinho via mineroduto. A mineradora afirma que a volta das operações acontecerá com a extração anual entre 7 milhões e oito milhões de minério de ferro por ano, o que equivale a cerca de 26% total da empresa.

"Tomamos a decisão de retornar de uma forma gradual, com muita segurança e usando novas tecnologias. Este momento reflete o compromisso da empresa com o reinício sustentável, a segurança operacional, o meio ambiente e o relacionamento com as comunidades. Estamos comprometidos com uma mineração moderna, segura e sustentável", afirma o diretor-presidente da Samarco, Rodrigo Vilela.

A empresa vai voltar a operar sem a disposição de rejeitos em barragem como a que ruiu. A Samarco afirma que usará no processo de descarte a Cava Alegria Sul, uma estrutura criada a partir da retirada do minério de ferro considerada segura pela mineradora. Também foi introduzido na operação do complexo da companhia em Mariana o sistema de filtragem dos rejeitos para empilhamento a seco, que consiste em retirar a água do descarte que, em seguida, é empilhado.

A Samarco afirma esperar que "o sistema de filtragem de rejeitos em funcionamento permita que cerca de 80% do total de rejeitos sejam empilhados a seco na Cava Alegria do Sul após o beneficiamento". E que os "20% de resíduos remanescentes, compostos por água e finos de minério, sejam levados para a Cava Alegria Sul, um espaço confinado em uma estrutura de formação natural rochosa que aumenta a segurança".

As previsões da empresa apontam que, em seis anos, a produção de minério de ferro em Mariana deve subir para entre 14 milhões e 16 milhões de toneladas. Outro incremento deverá ocorrer em cerca de nove anos, com a produção subindo para até 24 milhões de toneladas por ano. A empresa, porém, depende de licenças ambientais para todo o processo de aumento na produção.

A reportagem tentou contato com o prefeito de Mariana, Duarte Júnior, para falar sobre a retomada da Samarco na cidade. As ligações não foram atendidas.

A mineradora Vale foi condenada pela Justiça do Trabalho de Minas Gerais a pagar R$ 250 mil em indenização por danos morais ao tio de uma das 270 vítimas do rompimento da barragem de Brumadinho, ocorrido em janeiro do ano passado. O beneficiado alegou fortes laços afetivos com o sobrinho e um quadro de depressão, agravado pelo sentimento de culpa, desde sua morte.

 Na determinação tomada nesta quarta-feira (25), o juiz Osmar Rodrigues Brandão, da 5ª Vara do Trabalho de Betim, reforça a relação familiar diante da morte inesperada. “A família está desolada, muito abalada emocionalmente, sendo que a prova documental juntada neste ato demonstra que toda a família era muito unida. É fato que o desastre destruiu a harmonia dessa família, uma vez que o sobrinho era a alegria da família, estava sempre na casa dos avós, era o primeiro a chegar nas festas de aniversários, batizados, casamentos, alegrando a todos com suas brincadeiras, conforme comprovam as fotos anexas, razão pela qual a extensão dos danos causados foi indescritíveis”, frisou.

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A vítima prestava serviços por meio da empresa Preserves Penha Ltda., que também foi condenada a pagar de forma solidária R$ 12.500. Ambas as empresas não negaram os fatos.

O magistrado acrescenta que o Brasil revelou um "verdadeiro atestado de incompetência" diante da reincidência de rompimentos envolvendo mineradoras em Minas Gerais. “Falhou o Estado Brasileiro legislador - ao não elaborar leis mais duras para casos desse jaez, falhou o Estado Brasileiro executor - ao não executar/fiscalizar a atividade e determinar as medidas necessárias a impedir o evento. Conforme já ressaltado anteriormente, resta agora ao Estado-juiz o paliativo - com todo o sentimento de impotência diante de tamanha tragédia anunciada”, afirmou.

A Vale quer pagar R$ 33 bilhões a menos em acordo para indenização por prejuízos provocados pelo rompimento da barragem de Brumadinho. A ação movida na Justiça pelo poder público pede R$ 54 bilhões. A mineradora, no entanto, oferece R$ 21 bilhões, conforme informações do secretário-geral de Estado, Mateus Simões. O acordo, inicialmente, era negociado entre o Executivo mineiro e a mineradora sem a participação das vítimas da tragédia.

A barragem em Brumadinho se rompeu em 25 de janeiro de 2019 e matou 272 pessoas. Onze corpos continuam desaparecidos. A ação de R$ 54 bilhões é movida pelo governo do estado, Defensoria Pública e Ministério Público, e envolve ressarcimento por perdas tributárias, destruição de infraestrutura e danos morais coletivos. Não estão incluídas no processo indenizações pessoais.

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Dos R$ 54 bilhões, R$ 26 bilhões são para indenização do estado e R$ 28 bilhões para danos morais coletivos e sociais. A proposta da Vale de pagar R$ 21 bilhões foi recusada em audiência de conciliação realizada na última terça-feira, 17, no Tribunal de Justiça Minas. Uma nova sessão será realizada provavelmente em dezembro.

"Não faz nenhuma sentido. O Estado perdeu R$ 10 bilhões só em arrecadação", afirma o secretário Simões, sobre a proposta da Vale. O representante do governo de Romeu Zema (Novo) afirma que projetos para aplicação dos recursos já estão prontos, mas que haverá debate com os atingidos para destinação dos recursos. Uma das iniciativas prevê R$ 1,5 bilhão para reconstrução do sistema de fornecimento de água e esgoto para cidades ao longo do Rio Paraopeba, atingido pela lama que desceu da barragem.

O Estado pretende ainda construir com os recursos um rodoanel, ligando Brumadinho a Sabará, contornando, portanto, cidades como Betim, Contagem e Belo Horizonte, fazendo a ligação até a BR 381, na saída para Vitória, no Espírito Santo.

As obras levantaram críticas. Simões afirma que tudo o que será feito terá como alvo a população atingida pela barragem. No caso do rodoanel, conforme o secretário, 40% do percurso previsto está na calha do Paraopeba.

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) afirma que as vítimas do rompimento não participam das negociações e não estão sendo consultadas sobre o que será feito com os recursos, caso o acordo seja fechado. "O governo fala que não aceitou o acordo, mas a informação que temos é que aceitaria sim. Não aceitou porque botamos a boca no mundo, falamos com a imprensa, e fizemos manifestação com mil pessoas na porta do Tribunal de Justiça na terça-feira", afirma Joceli Andreoli, coordenador do MAB.

A tentativa de acordo envolvendo Brumadinho corre sob segredo de Justiça. Após pressão, foi aberta a possibilidade de participação de indicados por entidades dos atingidos. Eles, no entanto, não poderiam dar opinião sobre as negociações, conforme afirma Andreoli. A participação foi recusada, disse do MAB.

"A Vale permanece empenhada em reparar, integralmente, os danos causados pelo rompimento da barragem de Brumadinho. O acordo entre a empresa, o Governo de Minas e as instituições de Justiça segue em negociação no Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania, órgão de mediação do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Ainda não há definição de valores para um eventual acordo", informou a Vale em nota.

Terminou sem definição de valores a audiência de conciliação realizada nesta terça-feira (17) entre a Vale, o governo de Minas Gerais e órgãos como o Ministério Público e a Defensoria Pública. A tentativa é de costurar um acordo na ação bilionária movida contra a mineradora pelo rompimento da barragem de Brumadinho, em 25 de janeiro de 2019, que matou 270 pessoas. O pedido de reparação por danos materiais e morais é de R$ 54,6 bilhões.

Após a audiência que levou três horas, o secretário-geral do Estado de Minas Gerais, Mateus Simões, contou que a mineradora propôs o pagamento de R$ 21 bilhões para encerrar o processo. O montante foi recusado pelo governo local e pelos órgãos de justiça que movem a ação contra a empresa. Uma nova audiência foi marcada para o dia 9 de dezembro.

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"Não estamos dispostos a permitir que Brumadinho se transforme numa segunda Mariana (onde houve o desastre da Samarco, em 2015). Esse acordo não vai ser feito para que não seja cumprido ou executado", afirmou Simões. Segundo o secretário, o valor proposto pela Vale não cobre sequer os danos materiais causados pelo acidente, calculados pelo Estado de Minas em R$ 26 bilhões.

Apesar disso, a maior preocupação no momento é com as condições do acordo. O governo mineiro e as instituições envolvidas afirmam que a proposta feita pela empresa não está em conformidade com as premissas que haviam sido acordadas. O foco é garantir que um eventual acerto fechado com a mineradora seja efetivo, factível e de rápida implementação. A Vale pediu prazo para analisar as considerações feitas pelo Estado.

"Só discutiremos valores depois que esses temas de organização do acordo forem superados", disse Simões.

Na audiência realizada no Tribunal de Justiça de Minas Gerais, em Belo Horizonte, ficou acordado que a Vale estenderá o pagamento emergencial aos moradores de regiões atingidas até 31 de dezembro.

"A Vale segue mantendo um diálogo construtivo com o Governo de Minas e instituições de Justiça federais e estaduais, visando a um possível acordo em benefício de todo o Estado e especialmente das populações de Brumadinho e municípios impactados da calha do rio Paraopeba", disse a mineradora em nota.

A possibilidade de alcançar um acordo no processo, que acabou frustrada, ajudou a impulsionar os papéis da Vale no pregão de ontem, aliada à notícia de que o BNDES voltou a vender ações da mineradora que estavam em sua carteira. Ao longo do dia as ações da empresa voltaram a superar seus maiores níveis de preço, chegando a ser negociadas a R$ 68,10 na B3, salto de 71% desde o desastre de Brumadinho.O papel fechou cotado a R$ 66,97 e nesta quarta-feira está operando em baixa.

A visão do mercado é que um acerto em torno do caso Brumadinho é benéfico por reduzir uma das principais incertezas em torno da Vale: quanto e por quanto tempo a companhia terá que pagar pela reparação do desastre.

O secretário-geral do Estado de Minas Gerais, Mateus Simões, afirmou em entrevista após a audiência de conciliação com a Vale no caso Brumadinho, nesta terça-feira, 17, que a mineradora propôs o pagamento de R$ 21 bilhões para encerrar o processo que pede a indenização de danos materiais e morais por conta do rompimento da barragem, em janeiro de 2019.

O montante foi recusado pelo governo local e pelos órgãos de justiça que movem ação bilionária contra a empresa. Uma nova audiência foi marcada para 9 de dezembro.

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"Não estamos dispostos a permitir que Brumadinho se transforme numa segunda Mariana (onde houve o desastre da Samarco, em 2015). Esse acordo não vai ser feito para que não seja cumprido ou executado", afirmou Simões. O depoimento a jornalistas foi postado no Twitter.

Segundo o secretário, o valor apresentado não cobre sequer os danos materiais causados pelo acidente, calculados em R$ 26 bilhões pelo Estado de Minas. Além disso, ainda faltariam valores relativos a danos morais. Na petição encaminhada à Justiça o governo local, Ministério Público, Defensoria Pública e Advocacia-Geral da União pedem R$ 54,6 bilhões.

"O valor não é o que achamos apropriado e algumas condições colocadas pela Vale também não estamos de acordo. Só discutiremos valores depois que esses temas de organização do acordo forem superados", disse. O foco do governo mineiro é garantir que um eventual acerto fechado com a mineradora seja efetivo, factível e de rápida implementação.

O governo de Minas e a Vale iniciaram a negociação de acordo sigiloso que exclui da discussão os atingidos pelo rompimento da barragem de Brumadinho. Os advogados dos representantes das famílias das vítimas e comunidades afetadas alegam que, se firmado, o acordo levará a mineradora a economizar cerca de R$ 24 bilhões ante o último cálculo de indenização. A empresa e o Estado confirmam a negociação, mas não dizem por que os atingidos não participam da discussão nem revelam o novo valor.

A Vale e o governo dizem apenas que a quantia é uma contraproposta à indenização estipulada inicialmente. O rompimento da barragem de Brumadinho ocorreu em 25 de janeiro de 2019 e deixou 272 mortos. Onze corpos continuam desaparecidos.

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No último dia 4, um despacho do desembargador Newton Carvalho, do Tribunal de Justiça mineiro, decretou sigilo sobre essa negociação em curso. Na quinta, 12, o tribunal derrubou a decisão, mas, mesmo assim, os dados continuam em segredo.

Segundo o Instituto Guaicuy, que dá assessoria técnica independente às pessoas e comunidades atingidas, não houve acesso aos documentos até a quinta à noite. As associações que representam as vítimas dizem que a Justiça manteve a confidencialidade do documento, o que permite a consulta dos materiais só pelas partes envolvidas - e as famílias estão excluídas do processo.

Advogados que tiveram acesso a dados iniciais das negociações disseram que o governo de Minas e a Vale estariam fechando proposta de acordo de R$ 28 bilhões, dos quais R$ 21,5 bi seriam para obras na Bacia do Paraopeba e R$ 3 bilhões iriam para investimentos sociais no terceiro setor coordenados pelo Ministério Público de Minas (MP-MG). Outros R$ 3,5 bilhões seriam separados para o governo do Estado.

O Guaicuy afirma que o acordo, "feito a portas fechadas entre o governo e a Vale", desconsidera a produção de relatórios que apontavam para a necessidade de indenização bem maior, de R$ 54 bilhões.

"Na prática, o acordo será feito sem o conhecimento da dimensão completa dos prejuízos provocados pelo desastre", destacou o Guaicuy, em nota enviada à reportagem.

Para o advogado Pedro Andrade, especialista em Direito Popular do Guaicuy, "a Constituição não só diz que a população tem direito de participar dos acordos em desastres ambientais como afirma que os atos judiciais nesses casos devem ser públicos, salvo em casos muitos específicos".

Em 28 de agosto, o MP-MG, a Defensoria e o próprio governo de Minas pediram que a mineradora fosse condenada a indenizar o Estado por perdas econômicas de R$ 26,6 bilhões e a pagar indenização por danos morais coletivos e sociais calculados em R$ 28 bilhões. Caso a multinacional e o governo fechem este novo acordo, o valor inicialmente previsto seria, na prática, descartado.

Exclusão

O doutor em Direito Constitucional José Luiz Quadros de Magalhães, professor da Universidade Federal de Minas (UFMG) e da PUC Minas, classificou como "absurdo jurídico" a negociação sigilosa. "Isso é um acordo lamentável, pelo segredo e pela exclusão das pessoas interessadas. Absurdo jurídico, moral e humano", criticou ele.

Ainda sem definição sobre valores

A Vale confirmou que tem conversado com o governo de Minas e instituições de Justiça federais e estaduais, "visando a um possível acordo em benefício de todo o Estado e especialmente das populações de Brumadinho e municípios impactados da calha do rio Paraopeba".

A empresa, porém, disse que só dará mais informações nos autos do processo, que corre em sigilo. "Ainda não há definição de valores para um eventual acordo", destacou.

O Executivo mineiro também admitiu que negocia acordo, mediado pelo TJ de Minas, com a mineradora, a título de reparação de danos socioeconômicos e socioambientais causados pelo rompimento da barragem. Ministério Público e a Defensoria de Minas participam do acordo.

Conforme o governo, em petição conjunta apresentada em agosto passado, da qual também foram signatários o MP Federal, a Defensoria da União e a AGU, foi apresentado pedido total de R$ 54,6 bilhões, sendo R$ 28 bi por danos morais coletivos e sociais e R$ 26,6 bi a título de compensação à sociedade mineira".

Em outubro, no entanto, houve, segundo o governo, uma primeira audiência de conciliação no Poder Judiciário. "A Vale apresentou contraproposta - no momento, sob segredo de justiça. O governo e instituições jurídicas apresentaram petição solicitando a quebra do sigilo."

Segundo o governo de Minas, os "valores de projetos e destinação" mencionados, pelos advogados das associações de atingidos, "não condizem" com a contraproposta apresentada. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A casa do trabalhador rural Paulo César Mendes deixou de existir há cinco anos. Foi levada por uma onda gigante de lama. Restaram a fundação e parte de uma pilastra da cozinha, hoje envolta num matagal que, ano após ano, parece querer encobrir a desolação. A casa nova de Paulo também não existe. Foi prometida pelos responsáveis pela lama que destruiu sua residência anterior e, meia década depois, ainda é um pequeno quadrado desenhado numa planta arquitetônica.

Paulo morava em Bento Rodrigues, o distrito de Mariana atingido há exatamente cinco anos, em 5 de novembro de 2015, pelos rejeitos de minério de ferro da barragem de Fundão, que se rompeu, liberando lamaçal que passou por cima do distrito e arrasou cursos d’água - o principal deles foi o Rio Doce, chegando até a sua foz, no Oceano Atlântico, em Linhares, no Espírito Santo.

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O episódio entrou para história como um dos maiores desastres ambientais do mundo. Dezenove pessoas morreram.

A barragem de Fundão pertencia à mineradora Samarco, que tem como acionistas as também mineradoras Vale e BHP Billiton, duas das maiores empresas mundiais do setor. Uma fundação criada depois da tragédia, batizada de Renova, à qual Paulo se refere como "Enrola", e que tem à frente as próprias mineradoras, segundo o Ministério Público de Minas Gerais, é a encarregada de tocar o projeto de construção do Novo Bento Rodrigues. Desde 2016, quando os ex-moradores aprovaram a área para sua construção, a entrega das obras foi adiada por duas vezes.

Adiamentos

A data inicial, março de 2019, foi remarcada para agosto deste ano, e em seguida transferida para fevereiro do ano que vem. Mas um documento da Prefeitura de Mariana mostrado por Paulo César deixou-o mais apreensivo. No papel, a previsão máxima para início das obras em lote no Novo Bento Rodrigues é 9 de outubro de 2021, ou seja, o começo pode ocorrer oito meses após a já terceira data marcada para a entrega da casa. E o prazo máximo para término está previsto para outubro de 2024 - quase 9 anos depois da destruição das casas. Uma outra informação no documento deixou a família estarrecida. No campo "proprietário do imóvel" aparece Fundação Renova, e não o nome do atingido.

Paulo César, de 51 anos, morou em Bento Rodrigues por 30 anos. Desde o rompimento da barragem passou a morar em casa paga pelas mineradoras em Mariana. "Tem época em que fico sem comer por três dias", diz. Há seis meses sua mulher teve um AVC e ficou com os movimentos comprometidos. A casa paga pelas mineradoras tem dois lances de escada, dificultando a saída da esposa para a rua. "Pedi para arrumarem outra, mas não foi resolvido", lamenta o trabalhador rural. As mineradoras fornecem auxílio financeiro aos atingidos.

Revisitando Bento Rodrigues, anteontem, com a reportagem do Estadão, Paulo César foi desfiando as memórias. "Aqui era a casa do Geraldo Inácio", diz apontando para alguns escombros. "O Bar da Sandra funcionava aqui" - e mirava o dedo para outras ruínas. "O truco era na praça, onde conversávamos todas as noites".

Mais tarde, já nas proximidades do Novo Bento Rodrigues, ele apontava o local onde está prevista a construção de sua casa. "Aqui vai faltar o mais importante: alma". A distância entre o novo distrito e o velho é de cerca de seis quilômetros.

Mas nem todos conseguiram esperar a nova casa. Dona Orides da Paixão de Souza vivia no distrito com uma filha, Gercina Juliana de Souza, de 62 anos, que em maio passado morreu de enfarte. O filho Antonio Fagundes, de 67 anos, morreu também este ano. "O que mais me faz falta é a vizinhança", diz outra filha dela, Neusa, que morava em Bento Rodrigues com a família de oito pessoas. Todos estão agora em Mariana.

Geraldo, de quem falou Paulo César na terça-feira, às vezes pensa em desistir do Novo Bento Rodrigues. "É muito tempo de espera. Minha casa nem foi desenhada ainda."

Reconstrução

Um relatório de cinco anos da tragédia, elaborado pelo Ministério Público estadual, aponta que em outubro de 2020 "está em andamento" a construção de cinco casas, escola, posto de serviços e posto de saúde. Ou seja, em relação a moradias, não há nada pronto. A igreja sequer está com o projeto aprovado. Postes de iluminação foram colocados e ruas foram asfaltadas. O site da Renova afirma que serão construídas 255 casas para 255 famílias.

Renova

m nota, a Fundação Renova afirmou que o prazo para a entrega das obras do Novo Bento Rodrigues "está sendo tratado no âmbito de uma Ação Civil Pública, tendo sido o juízo devidamente informado sobre os impactos da Covid-19 no andamento das obras". Sobre o documento da prefeitura de Mariana que a aponta como proprietária dos terrenos, a fundação afirmou que os lotes só podem ser transferidos para as famílias "após a baixa do loteamento na prefeitura".

Segundo a Renova, é uma questão legal "que exige a finalização da construção da comunidade para que haja essa transferência de titularidade". Ela afirma que "cada imóvel será transferido para o nome do responsável" assim que tiver aval da prefeitura. Em nota, a BHP destacou a complexidade da operação e as dificuldades com a pandemia.

Por conta das fortes chuvas, uma barragem localizada no município de Sairé, no Agreste de Pernambuco rompeu. A cidade é cortada pelo Rio Sirinhaém, que recebeu um volume grande de água e acabou deixando a cidade inundada.

Em entrevista à TV Jornal, o prefeito de Sairé, Fernando Pergentino, revelou que a barragem já tem 20 anos e, por conta do volume de chuvas, ela não aguentou e acabou 'sangrando'. "Quando ela 'sangrou' por cima do paredão, houve o rompimento e trouxe essa água com volume muito grande", afirma.

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A Câmara aprovou nesta terça-feira, 19, o projeto que estabelece medidas de fiscalização de barragens, aumentando a multa por desastres e determinando a contratação de seguro pelas empresas exploradoras. Devido às mudanças, a matéria retornará ao Senado. O texto aprovado foi um substitutivo do deputado Jarbas Passarinho (PSD-PA).

Antes disso, os deputados concluíram a aprovação do projeto que obriga o uso de máscaras de proteção individual em todo o País durante a pandemia. A proposta prevê multa de R$ 300 para quem descumprir a regra, e o dobro desse valor em caso de reincidência.

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O uso da máscara será regra em espaços públicos, transporte coletivo e locais privados acessíveis ao público. O dinheiro arrecadado com as multas deverá ser usado no combate à covid-19.

Antes de encerrar a análise do texto, foi aprovado o destaque do Cidadania que especifica que as máscaras poderão ser artesanais ou industriais. Na sequência, a sessão da Câmara foi encerrada.

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