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Integrantes da cúpula do PMDB e do PT no Senado veem na iniciativa do ministro da Fazenda, Joaquim Levy - de tentar recriar a CPMF -, potencial de desconstruir gestos de aproximação entre o Palácio do Planalto e a Casa. Desde o início do mês, o acercamento tem possibilitado ao governo arrefecer a crise política e evitar derrotas legislativas.

Também prevalece a avaliação de que o debate em torno da criação do novo imposto favorecerá ainda o ressurgimento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), atingido pelas denúncias de envolvimento na Operação Lava Jato. O entendimento é o de que o renascimento político do deputado, atingido pela denúncia de envolvimento na Lava Jato, viria com o enterro da discussão sobre o tributo. "Na discussão da CPMF, o Eduardo Cunha vai sapatear em cima do governo", prevê um interlocutor do Palácio do Planalto.

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Em discussões reservadas, senadores lembram que a última vez em que o ministro Levy tomou a iniciativa de encaminhar ao Congresso proposta com aumento de impostos, sem uma discussão prévia com os parlamentares, foi na medida provisória do fim da desoneração. Em resposta, o presidente do Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), decidiu devolver a MP, o que obrigou o governo a enviar um novo texto por meio de projeto de lei, levando ao adiamento da entrada em vigor das novas regras. Desta vez, até mesmo o vice-presidente da República, Michel Temer, foi pego de surpresa com a notícia da recriação da CPMF.

A pessoas próximas, Renan tem lembrado, entretanto, que iniciativas anteriores do Executivo em tentar criar novas receitas com aumento de impostos já fracassaram. Na lista de propostas rejeitadas pelos parlamentares está a que previa a criação da Cide sobre serviços; imposto sobre grandes fortunas e fim da isenção da Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito do Agronegócio (LCA).

Diante da necessidade de o Executivo buscar alternativas para ampliar as receitas, senadores têm defendido que parte do saneamento das contas da União passa pela discussão de grande temas, como a reforma da Previdência. Outro caminho estudado pelos senadores é a realização de uma triagem dos programas de governo e a eliminação daqueles com menor potencial de retorno social.

O momento da discussão da CPMF também foi considerado inapropriado, uma vez que a semana vinha sendo coroada de fatos positivos ao governo no campo político. Na lista de ações favoráveis dos últimos dias, estava o recuo de Eduardo Cunha na votação da "pauta-bomba"; a criação por parte dos deputados de uma versão da Agenda Brasil; a liberação de R$ 500 milhões em emendas parlamentares; e o apoio concedido pelo empresários em encontro com Dilma. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A reforma administrativa planejada pela presidente Dilma Rousseff, com corte de dez dos 39 ministérios, deixou apreensivos aliados, que agora temem perder cargos, e fez ressurgir no governo a defesa de um novo modelo de articulação política. Uma das ideias prevê a incorporação da Secretaria de Relações Institucionais à Casa Civil, que, na configuração em estudo, seria ainda mais forte do que já é e voltaria a cuidar da liberação de cargos e emendas, além da gestão do governo.

Enquanto não há definição, deputados e senadores avaliam que a discussão sobre corte de ministérios e redução de aproximadamente 1 mil dos 22 mil cargos comissionados vai paralisar o governo, aumentar a disputa por espaços na máquina pública e piorar a crise política, num momento em que Dilma enfrenta ameaças de impeachment.

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A cúpula do PT passou agora a trabalhar com um novo cenário na articulação política para insistir na mudança do ministro da Defesa, Jaques Wagner, para a Casa Civil, no lugar de Aloizio Mercadante. O plano é antigo e já foi até defendido pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em reuniões com Dilma, sob o argumento de que Mercadante é inábil e já fez vários desafetos no Congresso.

Dilma nunca aceitou tirar Mercadante, alvo de fogo "amigo", do comando da Casa Civil, mas dirigentes do PT prometem conversar novamente com ela, caso a Secretaria de Relações Institucionais - hoje responsável pelo "varejo" da política - seja extinta ou abrigada naquela pasta.

'Articulação paralela'

Desde que o vice-presidente Michel Temer decidiu se afastar da interlocução com o Congresso, sob queixas de "articulação paralela" feita por Mercadante, além de embates com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, os problemas na articulação política ganharam os holofotes.

Braço direito de Temer, o titular da Aviação Civil, Eliseu Padilha (PMDB), foi na mesma linha do vice e disse que ajudará o governo nas negociações com deputados e senadores apenas até setembro. Desde abril, Padilha tem dupla função: é titular da Aviação Civil, mas despacha no gabinete da Secretaria de Relações Institucionais, que é vinculada à Vice-Presidência.

Sobre sua mesa despontam planilhas com mapas de como cada parlamentar votou, nos últimos quatro meses. A papelada municia o Palácio do Planalto na hora da distribuição de cargos e indica que a base aliada está cada vez mais dividida. "Tem gente que vem aqui e fala que gostaria de espaço tal no governo. Mas aí a gente também tem que ver se ele votou com o governo ou não", disse Padilha. "Ninguém nos engana."

Na noite de segunda-feira, o assessor especial da Presidência, Giles Azevedo, reuniu-se com o presidente do PT, Rui Falcão, em Brasília. Giles tem conversado com deputados e senadores do PMDB, PT, PP e PC do B para orientar a estratégia governista na CPI que investiga denúncias de irregularidades no BNDES. É homem da confiança de Dilma, mas petistas dizem que não tem perfil para ser articulador do Planalto.

Munidos desse diagnóstico, Lula, ministros e dirigentes do PT voltaram a lembrar de Wagner para a tarefa. Ex-governador da Bahia, ele já foi titular da Secretaria de Relações Institucionais no primeiro mandato de Lula. Agora, até alguns de seus colegas de Esplanada sonham em remanejá-lo para uma Casa Civil mais "encorpada", com poderes de Relações Institucionais.

Nos bastidores, Wagner também é tratado como possível candidato do PT à eleição presidencial de 2018, caso Lula não queira concorrer à sucessão de Dilma.

Depois de Lula dizer que sentia falta de Wagner no Planalto, Mercadante teve uma conversa com ele, em São Paulo. Auxiliares disseram que o chefe da Casa Civil pediu apoio. Foi no governo Lula que a Casa Civil, então sob o comando de José Dirceu, acabou dividida. À época, a ideia era que Dirceu cuidasse da gestão e Aldo Rebelo (PC do B), da articulação política, mas os dois "bateram cabeça". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Diante do agravamento da crise, a presidente Dilma Rousseff decidiu chamar todos os presidentes e líderes dos partidos da base aliada para conversar durante esta semana. A decisão foi tomada após reunião com o grupo da coordenação política do governo. Ao todo, 13 ministros, o vice-presidente da República, Michel Temer, e dois líderes petistas no Congresso participaram do encontro realizado ontem à noite no Palácio do Alvorada.

Na semana passada, o Planalto foi surpreendido com o anúncio de rompimento feito por dois partidos da base aliada, que juntos somam 44 deputados na Câmara. Lideranças do PTB e PDT disseram que não iriam mais seguir as orientações do governo, alegando falta de diálogo.

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"A presidente quer dialogar com todos os partidos da base. Nós reconhecemos as dificuldades políticas que estamos enfrentando, mas temos a confiança que essas dificuldades serão superadas com diálogo", afirmou o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva.

O esfacelamento da base aliada foi o principal assunto da reunião. O diagnóstico foi direto: é preciso recompor a base, formada por nove legendas, para garantir a governabilidade. Segundo Edinho, as conversas serão realizadas separadamente com cada partido. "Nós temos que dialogar com os partidos, temos 362 deputados e a gente perdeu eles, agora teremos que recuperá-los", relatou um outro ministro presente na reunião.

O Planalto vem sofrendo sucessivas derrotas no Congresso. A situação, porém, está mais complicada na Câmara, diante do posicionamento beligerante adotado pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Na semana passada, a primeira após o recesso parlamentar, os deputados aprovaram uma Proposta de Emenda à Constituição que vincula salários de advogados públicos da Advocacia-geral da União (AGU) e de delegados de polícia à remuneração dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). A medida é vista como uma "pauta-bomba" por causar um impacto de cerca R$ 2,45 bilhões aos cofres públicos. A expectativa é que o governo consiga evitar a conclusão da votação esta semana. "O governo ainda não se deu por vencido na questão dessa PEC", relatou um dos presentes na reunião.

A presidente também vai fazer um novo gesto de aproximação ao Senado. Na noite desta segunda-feira, ela vai receber os principais nomes da Casa para um jantar no Alvorada. A expectativa é que Dilma consiga o apoio dos senadores, em especial do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), para barrar o avanço das pautas que prejudicam o ajuste econômico. Para o ministro da Comunicação Social, os parlamentares têm que agir com "responsabilidade" nas votações e levar em conta o "interesse do País e do povo brasileiro".

Vice

Segundo ministros presentes no encontro, Temer pediu a palavra assim que a presidente terminou de falar. Essa foi a primeira reunião do grupo após o vice, que também é o articulador político do governo, ter dito em público que o País precisava de "alguém que tenha a capacidade de reunificar a todos". A fala foi vista com desconfiança por petistas diante da possibilidade da abertura de um pedido de impeachment contra Dilma.

"O próprio vice-presidente foi enfático na sua fala, do seu compromisso com a governabilidade, com o seu compromisso com a presidente Dilma. Em momento algum vamos permitir que intrigas feitas por alguns setores, da própria base e da oposição, possam provocar ruídos ou dificultar a construção da governabilidade", disse Edinho.

Os participantes disseram que não foi discutida na reunião nenhuma mudança ministerial e que o governo não está preocupado com as manifestações marcadas para o próximo domingo, que pedem o impeachment de Dilma. "A presidente foi eleita para cumprir quatro anos de mandato. Nós não podemos brincar com a democracia", afirmou o ministro da Comunicação Social.

A reunião realizada na noite deste domingo, que durou cerca de três horas, costuma acontecer às segundas-feiras. A presidente, porém, decidiu adiantar o encontro porque vai nesta segunda a São Luís do Maranhão inaugurar unidades do Minha Casa, Minha Vida.

O ministro da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha, disse que o governo continuará buscando harmonia com o Congresso Nacional, mesmo com a ruptura da aliança anunciada pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Apesar do tom conciliador, a estratégia do Palácio do Planalto é isolar Cunha e minimizar o mal-estar com o PMDB.

“As relações serão normais entre os dois Poderes”, frisou Padilha, em coletiva de imprensa, após a reunião do conselho político. “Penso que em todas as pessoas que chegam aonde chegou o presidente Cunha, está implícita a responsabilidade dos chefes de Poder: os interesses da nação se sobrepõem aos interesses conflitantes entre um e outro Poder”, explicou o peemedebista que enfatizou que o deputado “sempre mereceu e merece atenção e respeito".

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Padilha disse que respeita a opinião do presidente da Câmara, mas negou que o governo tenha alguma interferência na investigação e instauração de processos da Operação Lava Jato. “Vários integrantes do Poder Executivo também sofrem acusações neste processo. O governo, efetivamente, não tem nenhuma influencia no Ministério Público e na Polícia Federal, especificamente neste caso, a Lava Jato. É uma percepção pessoal dele, que a gente tem entendimento diferenciado”, disse.

Sobre as críticas do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ao ajuste fiscal conduzido pelo governo, Padilha evitou polêmicas. “Os aliados não estão proibidos de fazer críticas. O governo tem que ter humildade e sensibilidade de acolher essas críticas e dialogar com esse parceiro. As críticas dele têm que ser vistas como contribuições, ele aponta caminhos que fazem o governo refletir. É normal no campo da política que um aliado faça críticas, o que tem que ser interpretado como contribuição”.

Na reunião de articulação política, foi feito um balanço do semestre. Além da presidente Dilma Rousseff e de Padilha, estiveram presentes os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Joaquim Levy (Fazenda), José Eduardo Cardozo (Justiça), Nelson Barbosa (Planejamento) e Jaques Wagner (Defesa). Parlamentares também participaram do encontro, como o líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS); o líder do governo no Congresso, o senador José Pimentel (PT-CE) e o deputado José Guimarães (PT-CE), líder do governo na Câmara.

 

A reunião com o vice-presidente e articulador político Michel Temer e líderes de partidos da base aliada na Câmara foi cancelada na manhã desta terça-feira (14). De acordo com a assessoria de imprensa de Temer, a reunião não seria mais necessária, já que o projeto que trata do índice de remuneração do FGTS foi retirado de pauta e a previsão é que o plenário prossiga com a votação da reforma política.

A presença do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, estava prevista no encontro, mas também foi cancelada. Há a expectativa de que ele vá ao Senado no início da tarde, ainda sem confirmação de sua assessoria, que mantém a agenda como "despachos internos".

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Líderes da base governista na Câmara dos Deputados deixaram nesta quarta-feira (24) o Palácio do Jaburu, residência do vice-presidente da República, otimistas com a votação do projeto de lei que reduz a desoneração da folha de pagamentos de empresas. A expectativa é boa mesmo em uma semana atípica, em que o movimento de parlamentares está reduzido em função das comemorações de São João nos estados. Os parlamentares discutiram as estratégias e posições das legendas com o vice-presidente e articulador político do governo, Michel Temer.

Segundo o relator do projeto e líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), existe unidade para votar o texto como foi apresentado em seu parecer. O relator incluiu excepcionalidades para quatro setores, mantendo as atuais alíquotas sobre a receita bruta de empresas de comunicação social, call centeres, transportes e produtos da cesta básica. “Há um ou outro ruído na articulação política, mas não será empecilho para a votação da matéria”,disse Picciani.

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Ele descartou que a reunião do partido nesta tarde tenha sido marcada para aparar arestas dentro da legenda. A posição está fechada e a base defenderá o texto integralmente, rejeitando os destaques, afirmou o deputado. A expectativa é que o texto do projeto de lei comece a ser votado na noite desta quarta-feira, depois de concluída a votação da Medida Provisória 672, que cria regras para o reajuste do salário mínimo. Os destaques, se não forem solucionados hoje, devem entrar na pauta de amanhã (25). “É importante para o ajuste [fiscal] que a medida seja definida o mais rapidamente possível."

O líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), reforçou o discurso e explicou que, mesmo com críticas às exceções criadas pelo relator, a bancada votará a favor do texto integral. Ele antecipou que vai conversar com os parlamentares petistas para garantir que o projeto avance na sessão de hoje. De acordo com Sibá, há tempo suficiente para as últimas negociações até que a matéria entre em votação no plenário. “Estamos fazendo um esforço para acompanhar também nas excepcionalidades”, disse.

Desde que assumiu o comando da presidência da Câmara Federal, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) tem travado constantes embates com a presidente Dilma Rousseff (PT). Apesar de integrarem partidos aliados de primeira hora, o relacionamento político-institucional entre os dois é um campo minado, principalmente no tocante do legislativo. Eduardo Cunha tem feito esforços aparentes para conseguir derrubar matérias de interesse da petista. O posicionamento, para alguns cientistas políticos, pode refletir no relacionamento entre a presidente Dilma e outros partidos que compõem a base, atraindo prejuízos mais amplos para a chefe do Executivo nacional. 

“Esses embates terminam fragilizando essa coalizão, dado que o custo para manter os demais partidos aliados aumenta já que a principal legenda tem um líder com um alinhamento contrário à da presidente Dilma, que teoricamente deveria ser a líder do processo”, observou o cientista político e professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Ernani Carvalho. “O posicionamento dele se alastra para os outros partidos também. Não é só o custo de ter uma liderança do PMDB contra uma política do governo Dilma. Eles (os outros partidos) podem começar a se perguntar: ‘se o principal partido da aliança faz o que faz, porque nós temos que estar alinhados?’”, acrescentou o estudioso.

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Além das consequências entre as legendas que compõem a base de Dilma, outro prejuízo é quando as matérias, que são de interesse da sociedade, têm itens rejeitados ou os textos, que prejudicam de alguma forma a população, são aprovados. Os últimos exemplos disso foram às matérias que promoviam o ajuste fiscal do país e o texto da terceirização. 

“A quebra de braço entre líderes ou partidos políticos faz parte do jogo democrático. Mas transformá-la em disputa entre os poderes não contribui para a democracia e a governabilidade, muito pelo contrário. No momento em que as medidas de iniciativa do governo têm relação direta com os ajustes, por exemplo, apontados pelo governo como necessários para se vencer a crise em curso, isso é mais grave”, avaliou o cientista político e  pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, Túlio Velho Barreto. 

Segundo o estudioso, o posicionamento de Cunha “tensiona” ainda mais a relação entre ele e Dilma. Para amenizar os embates, Velho Barreto afirmou ser necessário que ambos baixem à guarda e ampliem o diálogo. “Falta mais disposição e iniciativas para o estabelecimento de diálogo maior entre eles; mas, ressalto, falta isso a ambos”, argumentou. Cunha tem, inicialmente, um ano e seis meses de mandato à frente da Câmara dos Deputados para realinhar seu posicionamento ao da base governista e ampliar o diálogo com a presidente Dilma. 

O governo federal vai intensificar a campanha para derrubar a proposta de emenda à Constituição (PEC) que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos. A estratégia é conseguir o maior número possível de apoio, por parte dos parlamentares, além de aumentar a quantidade de informações sobre o tema e ampliar a mobilização de setores da sociedade contrários à medida.

Na segunda-feira (1º), o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que pretende votar a proposta em plenário até o fim deste mês. Meta que surpreendeu os representantes de entidades ligadas aos direitos da criança e do adolescente, que se encontraram hoje (2) com a presidenta Dilma Rousseff. Após o encontro, a presidenta do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), Angélica Goulart, disse estar preocupada com a previsão de calendário, mas ressaltou que a mobilização em torno do assunto é grande.

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Para o ministro-chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, Pepe Vargas, lutar contra a aprovação desta medida é uma bandeira acima dos partidos políticos, e o que falta, na sua opinião, é colocar mais “luz ao debate”. Segundo ele, a estratégia do governo será mostrar que esta não é somente uma questão de governo, mas de toda a sociedade.

“O que a gente tem visto é que muitos parlamentares que iniciaram o debate de um jeito, extremamente favoráveis à redução da maioridade penal, mudaram de opinião. Nós temos deputados, senadores, de todos partidos, inclusive da oposição, que se colocam contrários à redução da maioridade penal. Não só a presidente Dilma, o próprio [ex-]presidente Fernando Henrique Cardoso já se manifestou [contrário à redução da maioridade]”, disse.

O objetivo é mobilizar os diferentes setores para que convençam os parlamentares e a sociedade da necessidade de reprovar a PEC, desmistificando algumas questões, como a premissa de que o adolescente não é punido quando comete crimes. “Tem uma parcela da sociedade que acha que eles são impunes. Então, precisamos mostrar que não é assim. Em alguns casos, os adolescentes chegam a ficar mais tempo privados de liberdade do que o adulto”, exemplificou, lembrando que o governo legitima a aspiração da sociedade por mais segurança.

De acordo com Angélica Goulart, além da mobilização da sociedade e do Congresso, haverá divulgação de pesquisas e estudos com o objetivo de “esclarecer” a população sobre o tema. “Nós fomos completamente surpreendidos, nas últimas 48 horas, em relação à apresentação do relatório [da comissão especial] no dia 10 [de junho]. Nós estamos preocupados com o tempo, mas não estamos desanimados. Achamos que essa batalha só vai estar perdida quando realmente a gente conseguir terminar esse processo”, defendeu.

Segundo ela, os conselhos nacionais da Juventude, da Igualdade Racial e o próprio Conanda estão em estado de assembleia “para ver como vamos fazer frente à mudança nos planos e antecipação da votação”.

Segundo o ministro Pepe, o governo tem “grande preocupação com a alta letalidade” dos jovens e adolescentes brasileiros, principalmente pobres e negros. “Confiamos que quando tiver mais luz nesse debate, vai ficar claro que a redução da maioridade, em vez de reduzir o problema da criminalidade e da violência, irá aumentá-lo, porque colocar adolescentes em prisões de adultos nos parece que apenas servirá para que esses adolescentes sejam cooptados pelas facções de crime organizado”, afirmou.

Pepe Vargas manifestou ainda posição pessoal contrária a um referendo sobre redução da maioridade penal, como defende Eduardo Cunha. Ele disse não ter discutido com a presidenta sobre o assunto, especificamente, mas sua opinião é de que “determinadas questões não devem ser submetidas a referendo. Mesmo se a maioria se manifestasse a favor, não acho que deveria ser transformado em lei, temas como, por exemplo, o direito à tortura e a pena de morte. São questões que o constituinte originário colocou como cláusulas pétreas. Na nossa opinião, inclusive, a questão da maioridade penal da forma como está posta é cláusula pétrea da Constituição”.

O governo está otimista com a votação da Medida Provisória (MP) 664, que altera as regras para a concessão de pensão por morte e auxílio-doença, parte do ajuste fiscal. Após um café da manhã na residência oficial do vice-presidente, Michel Temer (PMDB), o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse que a base aliada está “afinada” para a votação, marcada para esta quarta-feira (13).

“A base está muito afinada, eu acredito que nós não vamos ter surpresa”, disse Guimarães na saída do Palácio do Jaburu. “Os líderes fizeram uma manifestação coletiva. Vamos votar, acredito que votaremos bem o texto principal. A base está muito sólida, as manifestações que ouvi foram todas no sentido de que a base finalmente está se articulando, está se consolidando”, avaliou.

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Temer também espera um resultado positivo e disse que a expectativa é que o placar favorável ao governo seja maior que o da votação da MP 665, que alterou regras do seguro-desemprego e abono salarial, na última semana.

“A perspectiva é muito positiva. Pelos votos contados e pelas manifestações feitas, a tendência é aprovação. A tendência é que haja uma adesão maior a essa segunda MP”, avaliou o vice-presidente ao chegar ao Palácio do Planalto.

O encontro na residência oficial de Temer reuniu líderes de partidos da base aliada na Câmara e no Senado e os ministros da Casa Civil, Aloizio Mercadante; da Previdência, Carlos Gabas; das Comunicações, Ricardo Berzoini; do Planejamento, Nelson Barbosa; do Turismo, Henrique Eduardo Alves; e da Secretaria de Aviação Civil, Eliseu Padilha.

Após negociações com a base, Guimarães confirmou que a discussão sobre mudanças no fator previdenciário ficará de fora da MP que será votada hoje (13). A inclusão de uma emenda sobre o fator na MP chegou a ser cogitada durante as discussões do texto na comissão especial.

“O fator está fora [da MP 664] porque vamos instalar, após a discussão e aprovação da MP e do PL da Desoneração, o fórum para discussão dessa questão, [tão logo termine] a votação. Aprovado o ajuste, instala-se imediatamente o fórum com as centrais sindicais, com o governo, com o Congresso para discutir uma proposta concreta sobre a Previdência, não só sobre o fator”, disse.

Segundo Guimarães, também houve acordos para pagamento do valor integral da pensão às viúvas (e não 50% mais 10% por dependente, como estava na proposta original) e de regras diferenciadas para pagamento de auxílio-doença a trabalhadores de pequenas e médias empresas. “Foi feita uma sugestão para não se apresentar emenda a essa MP. Na próxima, que é a 670, vamos incluir um prazo melhor para as pequenas e médias empresas, de 20 dias. Esse foi um acordo político. O PR aceitou isso. Foi uma boa negociação política”, disse.

A proposta original do governo aumenta o custo das empresas com auxílio-doença de 15 para 30 dias, sem especificar regras especiais de acordo com o tamanho das empresas.

 

A conversa decisiva entre o líder do PP na Câmara Federal, deputado Eduardo da Fonte, e demais parlamentares marcada para esta terça-feira (12) foi adiada. O encontro que irá deliberar a possível saída do partido da base aliada ao governo da presidenta Dilma Rousseff (PT) foi remarcado para esta quarta-feira (13), às 15h, na liderança do PP, em Brasília. 

Segundo o progressista, o debate de hoje reuniu apenas alguns parlamentares e o ministro da Previdência Social, Carlos Gabas, mas ele deseja atingir o quórum da maioria. “Estava presente apenas 29, dos 40 deputados e vou submeter à bancada para decidir”, explicou em entrevista ao Portal LeiaJá.

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Questionado se era favorável a retirada de apoio, Da Fonte preferiu não revelar a opinião. “Eu vou com a maioria”, desconversou. Na visão da presidente estadual do PT-PE, deputada Teresa Leitão, a provável saída do PP da base de apoio a Dilma não irá fazer falta a nível local. Em conversa com o LeiaJá, a petista fez questão de lembrar a falta de parceria do deputado Eduardo da Fonte nas eleições de 2014. 

 

 

A possível saída do PP da base aliada do governo da presidente Dilma Rousseff (PT) conforme anunciou o deputado federal e líder do PP na Câmara Federal, Eduardo da Fonte (PE) foi analisado pela presidente do PT-PE e deputada estadual, Teresa Leitão. Na visão da parlamentar, a decisão do partido não fará falta, principalmente no cenário local.

“Aqui em Pernambuco mesmo não vai fazer falta nenhuma porque o PP fez campanha para Aécio. O Eduardo da Fonte se posicionou pró Dilma, mas nem aqui ele estava. Ele precisou viajar para Portugal e o Cleiton Collins que é uma liderança com forte capital eleitoral, o gabinete dele era quase um comitê de Aécio. A base mesmo fez campanha para Aécio, apoiou Paulo Câmara e não a gente”, relembrou Leitão.

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Ainda sobre a questão local, a parlamentar pontuou o interesse de cargos. “Aqui em Pernambuco acho que não mexe em nada porque a gente não conta com eles, só para ocupação de cargos. Não sei a nível nacional, tem que avaliar os outros Estados”, avaliou.

Teresa pontuou o fato de os integrantes do PP terem votados nas medidas do ajuste fiscal, mas comentou as cobranças da sigla. “As exigências que e o PP tem colocado para o governo são maiores do que o apoio político que eles dão, Eu acho que tem que tratar disso muito bem. Não é bom perder aliados na condição de que o governo Dilma está principalmente, não é bom, mas também a gente também não pode ficar a vida toda refém de aliados apenas pelo pragmatismo”, disparou.

Segundo a deputada o pragmatismo é forte na política e principalmente no Congresso. “Dilma precisa porque essas medidas foram as primeiras, mas têm outras coisas que precisam vir à tona e a oposição não está se conduzindo em votar as coisas para o bem do Brasil, não está. Ela está se conduzindo eleitoralmente para derrotar Dilma. Essa medida do ajuste fiscal é uma medida de inspiração do PSDB, inclusive muito gente do PT criticou esta medida,  aí o PSDB que devia votar a favor, porque agradaria em tese ele, votaram contra para tentar derrotar a presidente, então a queda de braços eleitoral ainda é muito forte no Congresso”, lamentou.

A deputada também comentou a questão da existência das cobranças entre os partidos, mas reforçou as ameaças feitas, como a de Eduardo da Fonte. “Tem que ter cuidado com os aliados, e uma coisa é ter cobranças que todo aliado tem o direito de fazer, outra coisa é o jogo, ai tem que ter posição também porque ficar o tempo todo ameaçando: vou sair, vou sair é porque não tem segurança no lugar que está né”? questionou a petista. 

 

 

A declaração do ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo nesta sexta-feira, 8, na qual afirmou que o partido que "vota com o governo, especialmente nas votações relevantes, terá preferência" na distribuição de cargos do segundo escalão, foi a gota d'água na relação do PP com o Palácio do Planalto. "Não vamos mais aceitar discriminação de 'Seu Mercadante' por ter votado em Eduardo Cunha (para presidente da Câmara). Somos a quarta bancada de deputados e não vamos ficar recebendo recado por jornal", afirmou ao Broadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o líder do partido na Câmara, Eduardo da Fonte (PP-PE).

O pepista disse que bancada se reunirá na próxima terça-feira, 12, para decidir se entrega todos os cargos no governo, incluindo o Ministério da Integração Nacional, ocupado por Gilberto Occhi. Estará na pauta também a possibilidade de deixar a base aliada e passar a integrar o bloco de oposição ao governo. "Ou eles (do governo) querem o PP no governo, como partido com o tamanho que o PP tem, ou então a gente entrega tudo e sai do governo", disse.

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Embora Fonte diga que "a preocupação da gente não é cargo", o gesto pode ser visto como resposta à ameaça de Mercadante de colocar o PP no fim da fila da distribuição de postos no segundo escalão, após o racha da legenda na votação da medida provisória 665, a primeira do ajuste fiscal, aprovada na última quarta-feira pela Câmara. Só 21 votos dos 40 deputados da bancada foram favoráveis à MP - 18 parlamentares votaram contra. Diante do resultado, o Planalto pretende agraciar primeiro na distribuição de cargos, segundo Mercadante, os partidos cuja proporção de votos favoráveis à MP foi mais relevante.

Fonte avalia que o apoio de cerca de 50% da bancada do PP à medida do ajuste ocorreu porque os deputados ainda estavam "muito constrangidos em relação à votação da terceirização, quando chegaram aos seus Estados e tinha outdoors e corredor polonês nos aeroportos para pressionar". "Isso tudo patrocinado pela CUT e o PT", observou. O partido é também o que possui mais parlamentares (o total de 32) investigados no Supremo por suspeita de envolvimento com o esquema de desvios na Petrobrás revelado na Operação Lava Jato.

O líder acusa o Planalto de "discriminar" o PP em relação a outros partidos depois que a legenda se uniu à Eduardo Cunha para elegê-lo presidente da Câmara, impondo derrota ao candidato do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP). "Essa marcação toda em cima do PP é porque fizemos bloco com o PMDB e ganhamos a eleição na Câmara", disse.

O líder pede respeito ao tamanho da legenda. "Eles (governistas) ficam querendo retaliar o PP por conta disso e não vamos mais aceitar essa retaliação. Ou trata a gente e nos respeita pelo tamanho que temos, com os 40 votos que temos e os cinco senadores, ou então vamos entregar os cargos. Isso inclui o Ministério da Integração. Se for para devolver, tem de devolver tudo, não pode ser pela metade", afirmou.

Fonte diz que "ficar no governo é ser governo" e não ser discriminado. Segundo ele, a bancada do PP "encheu o teto (com) essa discriminação" e que os parlamentares têm pressionado para a legenda aderir à oposição. "Não vamos aceitar ficar em terceiro ou quarto plano. Ou eles (do governo) querem o PP no governo, como partido com o tamanho que o PP tem, ou então a gente entrega tudo e sai do governo", disse.

Ao ser questionado se havia risco real de o PP abandonar o governo, Fonte enfatizou que a possibilidade era "real, real, real".

O Congresso instalou nesta quinta-feira, 19, as duas comissões mistas que endurecem o acesso a benefícios trabalhistas, consideradas fundamentais para o ajuste fiscal da equipe econômica. O líder do governo no Congresso, senador José Pimentel (PT-CE), vai presidir a MP 664, que trata das mudanças na pensão por morte e no auxílio doença. A relatoria da medida, por sua vez, ficou com o líder do PP na Câmara, Eduardo da Fonte (PP-PE).

Já a comissão da MP 665 - que trata do abono salarial e seguro-desemprego -, cujas medidas trazem o maior impacto para as contas públicas, terá como presidente o deputado Zé Geraldo (PT-PA); o relator será o senador Paulo Rocha (PT-PA).

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Imposto de Renda

Também foi instalada hoje a comissão especial que vai analisar a MP que trata do reajuste da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). A medida propõe uma correção escalonada, que varia de 4,5% a 6,5% de acordo com a faixa de renda do contribuinte. O senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) será o relator dessa MP e a comissão será presidida pelo deputado petista Afonso Florence (BA).

No momento em que o PMDB pressiona a presidente Dilma Rousseff por mais espaço nas decisões estratégicas do governo, o vice-presidente Michel Temer, principal líder do partido, recebe na manhã desta terça-feira, 17, os líderes da base aliada na Câmara e o ministros do núcleo duro do Palácio do Planalto.

A principal pauta do encontro, que acontece no Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência, é o pacote anticorrupção que será apresentado pelo Executivo ao Congresso. Esse será o carro-chefe do pacote de medidas do governo para dar repostas às manifestações de domingo.

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O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, fez uma apresentação sobre o projeto, que visa criminalizar o caixa 2 e a lavagem de dinheiro.

Também estão presentes o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante; das Relações Institucionais, Pepe Vargas; da Previdência, Carlos Gabas, e do Esporte, George Hilton.

A reunião tem um objetivo simbólico: reforçar a participação do PMDB no núcleo duro do Planalto e prestigiar Michel Temer como interlocutor junto a base.

Com a popularidade em baixa e diante da conflagração de sua base de sustentação no Legislativo, a presidente Dilma Rousseff retorna nesta quarta-feira (18) da Base Naval de Aratu, na Bahia - onde passou o feriado de carnaval -, em busca de uma estratégia para tentar reverter a agenda negativa que ameaça ser agravada com novas derrotas políticas nos próximos dias.

O primeiro embate do Palácio do Planalto deve ocorrer na próxima terça-feira (24) quando deputados e senadores se reúnem em sessão do Congresso. Na pauta, está prevista a análise de vetos presidenciais e a votação do Orçamento de 2015. Dos vetos, o que de fato acende o alerta no governo é o que reajusta em 6,5% a tabela do Imposto de Renda para a pessoa física. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciou na semana passada, após reunião com sindicalistas, que esse veto seria apreciado nessa sessão.

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O índice foi aprovado por deputados e referendado por senadores em dezembro, menos de dois meses após Dilma conquistar a reeleição, derrotando o candidato do PSDB, Aécio Neves, no 2 º turno da eleição presidencial. A aprovação do reajuste da tabela do imposto foi um sinal de descontentamento da base aliada com os rumos que a montagem da equipe do segundo mandato tomava.

Preocupado com o impacto nas contas públicas que o índice vai acarretar em um ano de ajuste fiscal, o Palácio do Planalto trabalha para evitar a anulação do veto em troca de uma correção menor, de 4,5%. Mas mesmo os aliados da petista são céticos em relação à possibilidade de sucesso.

Até lá, há duas estratégias em curso. A primeira é que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva entre de fato em campo em Brasília para liderar a rearticulação da base aliada. Na agenda, encontros com integrantes do PT e do PMDB. Sua ida a Brasília estava prevista para a quinta-feira, 19, mas ainda não estava confirmada.

Uma segunda estratégia é apostar no adiamento da sessão, contando, para tanto, com o apoio da própria base. Isso porque o relator do Orçamento, senador Romero Jucá (PMDB-RR), deu prazo até segunda-feira, 23, para que novos parlamentares apresentassem suas emendas individuais. O prazo pode inviabilizar no dia seguinte a votação da lei orçamentária, o que demandaria o adiamento da sessão.

Em outra frente, a presidente precisa acelerar as negociações com o Congresso para evitar o "afrouxamento" do pacote da equipe econômica que endureceu o acesso a benefícios trabalhistas, como o seguro-desemprego e o abono salarial. Aliados, inclusive do PT, apresentaram centenas de emendas às duas medidas provisórias que tratam do tema propondo alterações menos duras.

Também na terça, os líderes da base na Câmara se reúnem em almoço com os ministros Nelson Barbosa (Planejamento), Pepe Vargas (Relações Institucionais), Miguel Rossetto (Secretaria-Geral), Manoel Dias (Trabalho) e Carlos Gabas (Previdência). No encontro, eles argumentarão que a essência do pacote é corrigir distorções e preservar benefícios sociais, mas internamente o governo já admite ceder em alguns pontos, como o tempo de carência exigido para o pagamento do seguro-desemprego.

Diálogo

Diante da crise política que se instalou em Brasília, com a base "rachada" e o PT isolado de postos estratégicos na Câmara, Dilma quer sinalizar mais uma vez que está disposta ao diálogo. O líder do governo na Casa, deputado José Guimarães (PT-CE), procurou as lideranças partidárias nos últimos dias para comunicar que a presidente pretende realizar encontros mensais com eles.

O aceno, no entanto, é visto com ressalvas no Congresso, já que a petista prometeu estabelecer um calendário regular de encontros com os parlamentares em ocasiões anteriores, mas abandonou a ideia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Palácio do Planalto conta com o enfraquecimento do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), como parte do processo de recomposição da base aliada. Integrantes do primeiro escalão do governo apostam que a força política para manobrar a maioria da Casa demonstrada por Cunha vai minguar assim que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedir a abertura de inquérito ou oferecer denúncia ao Supremo Tribunal Federal contra parlamentares implicados na Operação Lava Jato - o que deve ocorrer depois do carnaval.

Entendem que o próprio Cunha já trabalha com esse cenário e que, por isso, empenhou agora todo seu capital político para acelerar ao máximo a aprovação de projetos de seu interesse e cumprir algumas promessas de campanha. Mesmo que Cunha não seja pessoalmente investigado, o Planalto acredita que, quando vier a público a lista de políticos sob investigação, os parlamentares estarão mais preocupados em salvar a própria pele do que em se unir para emplacar propostas contra o governo.

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Publicada na edição do Diário Oficial da União desta sexta-feira (14) pedido de retirada de urgência da tramitação do projeto de lei que ajusta a meta de superávit fiscal de 2014 (PLN 36/2014). A mensagem já foi lida na sessão não deliberativa do Senado na manhã de hoje.

O recuo ocorreu no mesmo dia em que Diário Oficial publicou o pedido. Conforme a Agência Brasil havia noticiado ontem (13), a solicitação não teria nenhum efeito prático: a proposta tem de ser apreciada em sessão do Congresso, cuja a pauta está trancada por 38 vetos. Além disso, o instrumento nunca foi adotado em questões orçamentárias, que são discutidas em reuniões conjuntas da Câmara dos Deputados e do Senado. Não há sequer regra prevista em regimento para esse procedimento.

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A possibilidade de acelerar a discussão da mudança na meta de superávit fiscal por meio de pedido de urgência havia sido bastante criticada por parlamentares de partidos de oposição e da base do governo, inclusive do próprio relator da matéria senador Romero Jucá (PMDB-RR).

Pelo calendário definido pela Comissão Mista de Orçamento (CMO), deputados e senadores têm até a próxima segunda-feira (17) para apresentar emendas. Jucá deve apresentar o relatório na terça-feira(18), para ser votado quarta-feira (19) na Comissão.

Apesar da expectativa de muitos parlamentas da base para que o tema que tranca a pauta da sessão do Congresso seja esgotado, a oposição não tem pressa para que isso ocorra: promete dificultar o processo.

“Vamos obstruir a votação dos vetos. Temos de levar o debate ao limite para que aquilo que eles estão querendo que seja aprovado sem o devido [debate] não aconteça” disse o líder do DEM, senador José Agripino (RN). Ele acrescentou que a sociedade brasileira vai tomar conhecimento da "irresponsabilidade" do governo sobre o assunto.

Deputados e senadores da base aliada que se reuniram nesta terça-feira (11) com o presidente da República em exercício, Michel Temer, acreditam em um acordo que possibilite a aprovação da mudança na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2014, proposta hoje (11) pelo governo.

Com o tema “meta do superávit” (economia para pagar os juros da dívida), quatro reuniões foram marcadas por Temer na tentativa de construir uma unidade da base aliada. Nos próximos dias, será a vez dos aliados buscarem articulação com a oposição. A expectativa de Temer e de quem participou dos encontros é de que já na próxima semana o projeto seja votado.

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No início da noite, parlamentares do PP, PTB, PRB, PCdoB, PDT e PROS disseram a Temer e ao ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que é possível aprovar o projeto. Mais cedo, foi a vez de lideranças do PT e do PMDB demonstrarem confiança de que não haverá obstáculos. Conversas por telefone também estão sendo feitas pelo governo no intuito de dialogar com toda a base.

De acordo com o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), todos os líderes da base ouvidos até o momento manifestaram compreensão com a necessidade de aprovar o texto proposto pelo governo. “A ideia não é abandonar a busca de um superávit saudável, é de ter o superávit possível e correto para este ano e retomar questões que ampliem o superávit para o ano que vem”, disse, complementando que não é objetivo do governo voltar a adotar essa estratégia nos próximos anos.

O senador Francisco Dornelles (PP-RJ) destacou que o seu partido vai apoiar a proposta. “Acho que esse problema do resultado primário não pode ser um dogma. No momento em que você teve uma queda de arrecadação, não tinha outro caminho. O governo estava certo”, disse. “Acredito que vai ser uma grande vitória, afinal nós estamos concordando que o superávit pode ser superado com essa medida que foi enviada para o Congresso”, disse o senador Gim Argello (PTB-DF), na saída de um dos encontros.

Após o PMDB da Câmara liderar uma rebelião da base aliada e, junto com a oposição, aprovar projeto que suspende os efeitos de decreto da presidente Dilma Rousseff sobre os conselhos populares, o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse nesta quarta-feira (29), que o governo não se abaterá com a derrota, definida por ele como uma "vitória de Pirro", de uma "vontade conservadora de impor uma derrota política" para a presidente.

"É uma vitória de Pirro, quando o Congresso, de maneira persistente, insistente, acabou criando um decreto legislativo que derrota o decreto da presidente. Nada mais anacrônico, contra os ventos da história, nada mais do que uma tentativa triste de se colocar contra uma vontade irreversível do povo brasileiro, que é de participação", comentou o ministro, ao discursar na abertura da 42ª Reunião do Conselho das Cidades, em Brasília.

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"Aqueles que votaram a favor desse decreto legislativo que derruba o decreto de participação social foram exatamente contra uma lógica: o povo brasileiro não aceita uma postura de mero espectador."

Ao todo, o governo federal conta com 35 conselhos, que enfrentam uma série de dificuldades de funcionamento, como falta de transparência, reuniões pouco produtivas e critérios questionáveis na escolha de representantes.

Dos atuais conselhos existentes, 14 foram criados durante os dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sete na era Fernando Henrique - e nenhum no governo Dilma. Os conselhos da Saúde e da Educação remontam à década de 1930.

"Esse decreto mexia tão pouco nas estruturas. (A decisão da Câmara) É uma vitória que não significa nada a não ser a vontade conservadora de impor uma derrota política à presidente, mas uma derrota que não nos abate", disse Carvalho.

"O decreto legislativo vai ao Senado, seria muito importante uma forte presença dos senhores e senhoras, para deixar claro do que se trata, não se pode aceitar a tentativa de coibir a participação social", discursou o ministro, dirigindo-se aos conselheiros do Conselho das Cidades.

Monitoramento

Os conselhos foram idealizados para auxiliar a administração pública federal na formulação e monitoramento de políticas públicas e desempenham, na maioria dos casos, papel consultivo. O decreto de Dilma pretende "fortalecer e articular" esses mecanismos de "atuação conjunta" entre governo federal e a sociedade civil, definindo diretrizes gerais de atuação.

Para críticos, a medida institui um poder paralelo dentro do Estado, usurpando prerrogativas do Congresso. Para defensores, democratiza as decisões públicas.

O texto não altera a composição dos conselhos já existentes nem cria automaticamente mais instâncias. "Nunca falamos em imitar o chavismo porque não nos cabe, não me cabe julgar essa adjetivização, falamos simplesmente em organizar e aprofundar a participação social. Participação social tem de ser um método de governo no nosso País, e disso não abriremos mão", ressaltou Carvalho.

O resultado das urnas nesse domingo (5) definiu o crescimento da bancada de oposição ao atual governo na Câmara dos Deputados e a diminuição do número de aliados. Mesmo assim, a base do governo ainda é maioria entre os 513 parlamentares eleitos.

Os nove partidos que apoiam a candidatura de Dilma Rousseff à reeleição elegeram 304 deputados, o que representa 59,26% do total. Atualmente, a base governista conta com 340 deputados. No Senado, o governo também tem a maioria. 

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Apesar de perder 18 vagas, o PT terá novamente a maior bancada, com 70 deputados federais. Já o PMDB perdeu cinco vagas, mas mantém a segunda maior bancada, com 66 representantes. Da base, apenas três partidos cresceram: o PR terá agora 34 deputados; o PDT, 19; e o PRB mais que dobrou, passando de 10 para 21 deputados. Os demais aliados viram os números diminuírem: PSD (37), PP (36), Pros (11) e PCdoB (10). 

A oposição, que apoia a candidatura de Aécio Neves (PSDB), terá 119 parlamentares na Câmara, uma queda se comparado aos 130 eleitos em 2010. O PSDB terá a terceira maior bancada da Casa, com 55 deputados, 11 a mais do que tem atualmente.  A distribuição das demais legendas oposicionistas ficou da seguinte forma: PTB (25), DEM (22), SD (15), PTN (4), PMN (3), PTC (2), PEN (2) e PTdoB (1). 

Renovação

A renovação na Câmara foi de 43,5%, ficando na média histórica que gira em torno de 40% e 50%. Dos novatos, 38,6% nunca exerceram mandato na Câmara dos Deputados e 4,9% já atuaram em outras legislaturas. 

A representação partidária aumentou. Das 32 legendas registradas, apenas quatro - PSTU, PCB, PCO e PPL - não elegeram representantes. Seis agremiações - PHS, PTN, PTC, PSDC, PRTB e PSL - que não tinham deputados agora serão representadas na Câmara.

Com informações da Agência Câmara.

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