Quem vê os diferentes tipos de óculos expostos nas vitrines das óticas talvez não saiba como é funciona todo o processo que é feito para dar forma às lentes. Antes de irem para o comércio e serem inclusas nas armações, alguns profissionais trabalham de uma forma bastante artesanal para dar grau, tirar arranhões e construir o design das lentes.
No centro do Recife, vários estabelecimentos fornecem o serviço de técnico oftálmo para os grandes empresários que comercializam óculos. Diferente da beleza e limpeza das óticas, que precisam de um visual agradável para atrair a clientela, as empresas produtoras de lentes são cheias de pó, oriundo do objeto bruto que serve para a confecção das lentes.
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É em um casarão antigo, também no centro da capital pernambucana, que Derek Falcão, de 35 anos, produz, junto com sua equipe de trabalho, cerca de 800 pares de lentes por mês. Atuando no segmento desde 1999, em 2003 ele fez o curso de técnico oftálmo na Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e, em 2007, resolveu abrir sua própria empresa.
De acordo com Falcão, a venda de lentes não é tão “aquecida” durante todo o ano. “Neste ramo, a época do ano influi muito. Geralmente, quando o fim de ano se aproxima, as vendas diminuem bastante, porque as pessoas passam a comprar mais presentes”, conta o técnico. O serviço de produção custa R$ 15 por produção de um par de lente. As óticas são os principais compradores dos pares.
Como as lentes são feitas
Funcionários das óticas, após receberem dos pacientes as receitas médicas com a indicação dos graus, conforme cada problema de visão, levam até a empresa de Falcão a “dioptria”, que nada mais é que o grau. A lente, em seu formato bruto, também é dado pela ótica.
O formato bruto já é passado para a empresa com a curvatura base determinada. Segundo Derek Falcão, cada lente possui uma curva específica e essa curvatura é medida por um aparelho chamado esferômetro.
Depois da curvatura definida e os graus escritos na lente em formato bruto, o material é enviado para o corte. Esse serviço é papel de Reginaldo Manoel do Nascimento, 32, que, antes de começar a cortar, usa o fogo para colar uma base na lente. No momento do corte, uma máquina auxilia o manuseio do profissional e, pouco a pouco, o “grosso” da lente vai se transformando em pó e tomando “forma de lente”.
Após o corte, o objeto fica cheio de imperfeições. Além do próprio pó branco, o material fica cheio de arranhões e sujo. É quando entra em ação o trabalho de Vanderson de Oliveira, 24.
“Usamos essa máquina que tem uma lixa. O objetivo é afinar a lente e começar a tirar os primeiros arranhões. É necessário sempre usar água e um produto específico para polimento”, explica Vanderson. Mesmo com a atuação do profissional o trabalho ainda não está concluído. Ainda assim é preciso dar mais brilho a lente.
“Temos que ajudar ainda a diminuir os pequenos arranhões que ficam. Em até cinco minutos, controlo a máquina para lixar e dar o último polimento na lente”, destaca outro profissional da empresa, Jadson Santana, 24.
Custo
De acordo com Derek Falcão, o investimento total, só em relação as máquinas da empresa, é de R$ 180 mil. Segundo ele, o número ideal de produção de Peres de lentes é de mil mensais. “Porém, por enquanto só estou produzindo os 800, mas, a tendência é aumentar”, comenta.