O Ministério Público Federal (MPF) denunciou seis pessoas acusadas de fraude na edição de 2014 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Segundo o órgão, os acusados usaram, indevidamente, “conteúdo sigiloso no processo seletivo”, nas escolas 13 e maio e Maria Gregoria Ortiz Cardoso, na cidade de Porto Esperidião, no Mato Grosso.
O “conteúdo sigiloso” em questão não foi detalhado pelo MPF. Porém, a entidade informou, nessa terça-feira (26), que os desempenhos dos candidatos acusados apresentaram características em comum, ocasionando clara similaridade nas respostas dos gabaritos.
##RECOMENDA##“Conforme a denúncia, os seis candidatos obtiveram a mesma nota (930,2) na área de matemática e suas tecnologias, sendo que, num total de 6.195.527 (seis milhões, cento e noventa e cinco mil e quinhentos e vinte e sete) estudantes inscritos no exame, apenas 24 tiraram a mesma nota. Também foi constatada similaridade entre as notas nas demais áreas do conhecimento, sendo que em Linguagens, Códigos e suas tecnologias, todos tiveram a mesma nota, e em Ciências Humanas, dois obtiveram nota igual”, comunicou o MPF.
A investigação apontou que, do total de 180 questões da prova de 2014, 139 foram respondidas de maneira igual pelos denunciados, correspondendo a uma similaridade de 77,22%. Além disso, cinco dos seis estudantes denunciados responderam 163 questões da mesma maneira.
Ainda no que diz respeito a essa apuração, considerando somente o segundo dia de provas, do conjunto de 90 quesitos, o MPF identificou que 89 tiveram as mesmas respostas entre os denunciados, ocasionando uma semelhança de quase 99%. “Foram constatados ainda, por meio de diligências para averiguar a veracidade dos endereços informados pelos denunciados na inscrição do Enem, que todos os denunciados eram desconhecidos nos respectivos locais. Inclusive alguns, vieram de outros estados como Minas Gerais e São Paulo”, detalhou o Ministério.
De acordo com o MPF, a fraude também se justifica pelo fato de o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pela prova, ter detectado que um dos candidatos denunciados afirmou o recebimento de proposta “prometendo vantagens, mediante pagamento de valores entre R$ 100 mil e R$ 180 mil, para candidatos que realizassem o Enem no município de Porto Esperidião”.
A partir das apurações, o Ministério Público Federal exige, junto à Justiça Federal, a condenação dos denunciados por fraude em processo seletivo para ingresso no ensino superior. As identidades dos denunciados não foram divulgadas pelo órgão.