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Mensagens trocadas por procuradores da força-tarefa da Lava Jato sugerem que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, tinha dúvidas sobre as provas apresentadas pelo ex-ministro Antonio Palocci para embasar a delação premiada que fechou com a Polícia Federal. No acordo, Palocci acusou os ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT, de cometerem crimes de corrupção. 

De acordo com novas mensagens divulgadas pelo site The Intercept Brasil, a partir de reportagem do jornal Folha de São Paulo, uma conversa dos procuradores no dia 25 de setembro de 2018 ressalta o fato. 

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"Russo comentou que embora seja difícil provar ele é o único que quebrou a omerta petista", disse o procurador Paulo Roberto Galvão, fazendo menção ao ex-juiz pelo apelido e ligando os petistas à Omertà, código de mafiosos italianos.

"Não só é difícil provar, como é impossível extrair algo da delação dele", chegou a reforçar a procuradora Laura Tessler. "O melhor é que [Palocci] fala até daquilo que ele acha que pode ser que talvez seja ", acrescentou Antônio Carlos Welter. 

A Polícia Federal coletou o depoimento de Palocci em abril de 2018. Nele, o ex-ministro disse que Lula autorizou o loteamento da Petrobras por partidos e que seu governo sabia que eles recebiam propinas de estatais como a Odebrecht. Além disso, ele ponderou que as campanhas de Dilma em 2010 e 2014 tiveram caixa dois e foram R$ 1,4 bilhão, o triplo do que foi prestado contas no Tribunal Superior Eleitoral.

No dia 1º de outubro, dias antes das eleições de 2018, Sérgio Moro quebrou o sigilo do depoimento e divulgou as falas de Palocci. A conduta, de acordo com a reportagem, foi questionada no Conselho Nacional de Justiça, mas Moro disse que "não deve o juiz atuar como guardião de segredos sombrios de agentes políticos suspeitos de corrupção". E acrescentou: "retardar a publicidade do depoimento para depois das eleições poder ser considerado tão inapropriado como a sua divulgação". 

Ainda de acordo com a matéria, antes desse acordo homologado, em setembro de 2017, Antônio Carlos Welter era o principal interlocutor da força-tarefa com os defensores do ex-ministro. Na ocasião, o procurador disse que os anexos precisavam ser melhorados e, quatro meses depois, chegaram a desistir da colaboração de Palocci.

"Como os anexos estão sem elementos de corroboração suficientes, decidimos romper as negociações", comunicou Welter ao seu colega José Alfredo de Paula e Silva, do gabinete da procuradora-geral Raquel Dodge. "Ótimo", respondeu Alfredo. 

Tempo depois a Polícia Federal fechou um novo acordo em três meses. O chefe da força-tarefa, Deltan Dallagnol, de acordo com a reportagem, questionou o acordo. "Ainda que as decisões sejam favoráveis [para a PF fechar acordos], a simples incerteza criada pelos nossos recursos, nesta e nas próximas oportunidades, é um instrumento a favor de consolidar a posição do MPF como a mais vantajosa com que se negociar mesmo depois da decisão do STF", escreveu no aplicativo de mensagens.

Em resposta ao jornal, o Ministério da Justiça e a força-tarefa da Lava Jato defenderam a legitimidade do acordo. Além disso, pontuaram que não reconheciam como verídicas as mensagens divulgadas pela reportagem. Já a Polícia Federal declarou que não se posicionava sobre investigações em curso e o advogado de Palocci declarou que o conteúdo “não modifica ou invalida a colaboração do ex-ministro”.

A portaria editada pelo ministro da Justiça, Sergio Moro, que facilita a deportação sumária de estrangeiros tem repercutido entre os políticos que fazem oposição ao governo. Para o líder oposicionista na Câmara dos Deputados, Alessandro Molon (PSB-RJ), o documento é estranho diante dos últimos acontecimentos políticos no país.  

Molon, assim como outros políticos, está fazendo ligação da portaria com o fato do jornalista americano Glenn Greenwald, responsável pelo site The Intercept Brasil, que vem divulgando  o vazamento de mensagens trocadas entre o ex-juiz Sérgio Moro e procuradores da força-tarefa da Lava Jato.  

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O site disse ter recebido de uma fonte confiável, mas há uma investigação da Polícia Federal sobre ataques hackers no celular do ministro. Quatro pessoas foram presas. 

Em publicação no Twitter, Molon questionou quem seriam os estrangeiros perigosos a que se refere a portaria. “Estranhíssima portaria (n. 666!) do Min. Moro prevendo a deportação de estrangeiros ‘perigosos’. Perigosos para quem? Para a reputação dele? Não aceitaremos o cerceamento de garantias individuais. Não vamos tolerar supressão da liberdade de imprensa. Não rasgarão a Constituição”, observa o pessebista. 

O mesmo questionamento é levantado pelo deputado federal Ivan Valente (PSOL). “Portaria de Moro mira Greenwald? A portaria trata de ingresso, repatriação e deportação sumária, além da redução da estada pessoa no país. Coincidência? Moro trabalha para sufocar quem expõe suas mazelas, foi assim com o COAF sobre o Intercept e agora com esta portaria”, considerou o parlamentar. 

Líder da minoria da Câmara, Jandira Feghali (PCdoB), perguntou se a atitude era terrorismo. “Uma operação tabajara para combater o bom jornalismo. Uma portaria publicada com o objetivo de intimidação. É terrorismo de estado que chama?”, indagou. 

Apesar da ligação, a portaria editada por Moro não faz referência direta aos atos jornalísticos. De acordo com o texto, a deportação sumária será possível em casos de “pessoa perigosa ou que tenha praticado ato contrário aos princípios e objetivos dispostos na Constituição Federal”. 

Entre os itens listados como os que ferem os “princípios e objetivos dispostos na Constituição Federal”, estão a prática de terrorismo, participação em grupo criminoso organizado e tráfico de drogas, pessoas ou armas de fogo.

O coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, procurador Deltan Dallagnol, recebeu R$ 33 mil por uma palestra sobre combate à corrupção e ética nos negócios para a Neoway, uma companhia de tecnologia. A empresa, contudo, foi citada em uma das delações premiadas da investigação. A informação é do site The Intercept Brasil. 

De acordo com a reportagem, a palestra foi realizada em março de 2018, mas dois anos antes, em março de 2016, a Neoway havia sido mencionada nos termos de colaboração de Jorge Luz, apontado como operador de propinas do MDB, ao detalhar negociatas com a BR Distribuidora. 

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A documentação que trata da empresa foi compartilhada, segundo o The Intercept, em grupo chamado "Acordo Jorge Luz", em que Dallagnol participa ativamente. 

No texto, Jorge Luz, que ainda era na ocasião candidato a delator, disse: “Lembro-me ainda de um projeto de tecnologia para Petrobras com a empresa Neoway que recorri ao Vander e Vaccarezza para me ajudarem agendando uma reunião na BR Distribuidora. Houve esta reunião e recebi valores por esta apresentação e destas repassei parte para eles. Posteriormente a tecnologia foi contratada sem minha interferência ou dos deputados”. O operador se referia ao deputado federal Vander Loubet (PT-MS) e a Cândido Vacarezza, ex-deputado federal pelo PT.

O texto aponta que julho de 2016, Dallagnol questionou se as negociações com Luz haviam mesmo sido encerradas. Alguns meses depois, em abril de 2017, no mesmo grupo do aplicativo de conversas, o procurador Paulo Galvão compartilhou uma nova proposta de delação do lobista e enviou para os coletas novo documento com outra citação envolvendo a Neoway.

Neles, Jorge Luz afirmava: “Paguei ao Vaccarezza para arrumar o negócio. Não me recordo o ano, mas será fácil verificar pela conferência de dados financeiros acessíveis a época que checarmos nossa contabilidade, uma vez que tudo relativo a Neoway foi feito com contratos executados no Brasil por empresas brasileiras, mas creio que seja por volta do ano de 2011/2012”.

O anúncio e negociações da palestra

Quase um ano depois, em março de 2018, Deltan informou em um grupo de troca de mensagens dos procuradores, chamado de Incendiários ROJ, que havia sido contratado pela Neoway para a palestra. Na mesma conversa, de acordo com o exposto pelo site, o procurador Júlio Noronha sugere a Dallagnol que tentasse uma reunião com o dono da empresa, Jaime de Paula [também citado na delação de Luz], para falar de produtos da companhia para um projeto da Procuradoria chamado de Laboratório de Investigação Anticorrupção, o LInA.

“Top Delta!!! De repente, se conseguir um espaço para conversarmos com ele e tentarmos algo para trazer uma solução para agregar ao LInA, seria massa tb!”, disse Noronha. Deltan, de acordo com a reportagem,  dizendo que já tinha a intenção: “Isso em que estava no meu plano. Vou até citar ele na palestra pra ver se sensibilizo.”

Três dias depois dessa conversa, Deltan realizou a palestra em um  resort em Florianópolis. O The Intercept diz que a estratégia dos procuradores funcionou e integrantes da Neoway e do LInA se reuniram para tratar do assunto, mas não há detalhes se chegaram a efetuar algum acordo de troca de serviços. 

Em 21 de julho, meses após a palestra, Deltan demonstra preocupação diante da citação da Neoway no acordo de delação premiada de Luz. "Isso é um pepino para mim", escreveu. Mas, a reportagem aponta que, apenas em 4 de junho de 2019, um ano e três meses depois, foi que o coordenador da Lava Jato enviou um ofício ao corregedor do Ministério Público Federal, Oswaldo José Barbosa Silva, falando que havia participado do "congresso anual da empresa Neoway", onde realizou uma palestra sobre combate à corrupção e ética nos negócios e que foi remunerado "por valor de mercado". 

No documento, Deltan ressalta ainda que na data da palestra a empresa ainda não era investigada pela Lava Jato e ele desconhecia a menção no acordo de colaboração de Jorge Luz. Na época da palestra, inclusive, o procurador chegou a gravar um vídeo indicando os serviços da Neoway. 

Em abril de 2019, o ministro do Supremo Tribunal Federal Edson Fachin determinou que os trechos da delação de Luz relativos à Neoway dessem origem a um processo específico que corre em segredo de justiça.

Outro lado

Em sua defesa, Deltan Dallagnol disse, em resposta ao jornal Folha de São Paulo - que também publicou a matéria, que "não reconhece a autenticidade e a integridade das mensagens e é fato, é que eu participava de centenas de grupos de mensagens, assim como estou incluído em mais [de] mil processos da Lava Jato. Esse fato não me faz conhecer o teor de cada um desses processos. Se, por acaso, por hipótese, eu tivesse feito parte [do grupo no qual a Neoway apareceu em documentos], certamente não tomei conhecimento. Se soubesse não teria feito, e, sabendo, me afastei”.

A Neoway, por sua vez, afirmou que presta serviços para a BR Distribuidora atualmente e que a contratação de Dallagnol para a palestra “foi remunerada em valores compatíveis com o mercado para atividades dessa natureza, com total observância às leis”. Além disso, a empresa disse que não prestou serviços para o projeto LInA, do MPF, e “desconhece a menção a seu nome em depoimentos de terceiros”.

Cândido Vaccarezza disse que Jorge Luz mente a seu respeito, e que ele “nunca sugeriu, pediu, aceitou, recebeu ou autorizou quem quer que seja a receber em seu nome vantagem, pagamento, benefício ou dinheiro de forma ilícita”. Já Vander Loubet observou que “desconhece os termos” em que foi citado e que “suas relações sempre foram institucionais”.

 Um dos presos na Operação Spoofing, que investiga o ataque hacker ao celular do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, Walter Delgatti Neto afirmou ter dado as informações obtidas na conta do ex-juiz no aplicativo Telegram para o jornalista Glenn Greenwald, responsável pelo site The Intercept Brasil. A informação é do jornal Estadão.  

De acordo com a reportagem, o jornal confirmou o fato com duas fontes ligadas às investigações. E elas afirmaram que Walter Delgatti Neto disse conhecer Greenwald. Contudo, não houve confirmação se o repasse das informações teria sido pessoalmente ou por algum contato virtual. 

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A defesa do jornalista disse, em nota, que “não comenta assuntos relacionados à identidade de suas fontes anônimas”. Segundo o site, a Operação Spoonfing, deflagrada pela Polícia Federal, "não muda o fato de que a Constituição Federal garante o direito do Intercept de publicar suas reportagens e manter o sigilo da fonte, mesmo direito garantido para toda a imprensa brasileira".

O The Intercept Brasil começou a divulgar no dia 9 de junho mensagens trocadas entre Sergio Moro e procuradores da Lava Jato, como Deltan Dallagnol, no período em que ele ainda era juiz e respondia pelo caso na primeira instância em Curitiba. Conversas sugerem interferência de Moro em acordo de delação premiada do escândalo de corrupção.  

A afirmativa de que Walter Delgatti Neto teria dado as informações para Glenn Greenwald, segundo o periódico, está sendo observada com cautela pelos investigadores porque o suspeito é apontado como estelionatário.  

Para obter mais detalhes sobre isso, o juiz Vallisney Oliveira, da 10.ª Vara Federal de Brasília, permitiu a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telemático de Neto e dos outros três presos: Gustavo Henrique Elias Santos, Suellen Priscila de Oliveira e Danilo Cristiano Marques.

Jornalista responsável pelo The Intercept Brasil,  Glenn Greenwald usou o Twitter para comentar a prisão dos quatro suspeitos de integrarem uma organização criminosa que teria invadido o celular do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. As prisões foram efetuadas pela Polícia Federal nessa terça-feira (23). 

Greenwald questionou a agilidade para encontrar os supostos hackeres diante da falta de respostas sobre a localização de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL), investigado por movimentações atípicas nas contas bancárias pessoais e apontado como uma espécie de laranja da família do senador quando ele ainda era deputado estadual do Rio de Janeiro. 

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“Não é interessante que a PF tenha supostamente encontrado um grupo do que Moro alegou serem hackers altamente sofisticados tão rapidamente, mas ninguém consegue encontrar Queiroz?”, indagou Glenn Greenwald na rede social. 

O The Intercept Brasil foi o veículo que iniciou, no dia 9 de junho, as divulgações de mensagens trocadas pelo ministro Sérgio Moro e membros da força-tarefa da Lava Jato, como o procurador Deltan Dallagnol, que indicam interferências do ex-juiz no andamento das investigações do escândalo de corrupção. 

Moro alega que as mensagens foram obtidas através de ataques hacker. A PF, contudo, informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que não há inquérito policial instaurado para apurar a conduta do jornalista Glenn Greenwald.

<p>Nesta segunda-feira (22), o cientista político Adriano Oliveira fala em seu podcast ​ sobre a importância da Lava-Jato, Ministério Público, Poder Judiciário e o The Intercept Brasil enquanto instituições, e de que forma as decisões são tomadas, através de quais influências, apontando sempre para um objetivo final.&nbsp;</p><p>O analista, além de condenar as estratégias adotadas por Moro durante a condução do processo da investigação, cita ainda a discrepância na postura do Poder Judiciário com relação à um processo envolvendo o PT, representado na figura do ex-presidente Lula, em que Deltan Dallagnol, Procurador de Justiça, é agressivo e contundente. Enquanto em outro processo, em diálogos divulgados pelo The Intercept, Deltan surge com a tentativa de amenizar o caso Queiroz, que envolve a família do atual presidente, Jair Bolsonaro.&nbsp;</p><p>O programa Descomplicando a política é exibido na fanpage do LeiaJá, em vídeo, toda terça-feira, a partir das 19h. Além disso, também é apresentado em duas edições no formato de podcast, as segundas e sextas-feiras.&nbsp;</p><p>Confira mais uma análise a seguir:&nbsp;</p><p>
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, negou ter ordenado qualquer investigação por parte do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) das movimentações financeiras do jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil. O ministro respondeu a requerimento do Tribunal de Contas da União (TCU), que pediu esclarecimentos à pasta sobre possíveis investigações da situação financeira do jornalista.

Em ofício encaminhado ao TCU, Guedes informou não ter conhecimento sobre “os fatos noticiados nos autos”, referindo-se à investigação do jornalista. O ministro informou que o Coaf tem autonomia técnica para abrir investigações sem seu conhecimento, mas negou ter emitido qualquer ordem nesse sentido.

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“[O signatário] não tomou parte de nenhuma questão relacionada aos fatos e situações ali descritos [possível investigação de Greenwald], não havendo, por conseguinte, orientado ou determinado nenhuma providência por parte do Conselho de Controle de Atividades Financeiras em eventuais investigações levadas a efeito, atinentes à representação citada”, destacou Guedes no ofício.

Em ofício separado assinado eletronicamente, o presidente substituto do Coaf, Jorge Luiz Alves Caetano, informou que o órgão não se pronuncia sobre “casos concretos”, sob a alegação de manutenção de sigilo fiscal. Ele não respondeu se a Polícia Federal chegou a pedir investigação nem se o Coaf começou a monitorar as movimentações financeiras de Greenwald.

“Na hipótese ora figurada, é importante reiterar que tanto intercâmbio porventura iniciado pela Polícia Federal quanto eventual RIF [Relatório de Inteligência Financeira] disseminado seguiriam cobertos pelo sigilo imposto pela Constituição Federal e pelas leis do País, ressalvadas as estritas hipóteses de quebra de sigilo. Por essa razão ao longo de vinte anos de existência, o Coaf não se pronuncia sobre caso concreto, tampouco acerca de matérias e especulações jornalísticas ou de qualquer natureza”, escreveu Caetano.

Entenda o caso

Na noite de sexta-feira (5), o ministro do TCU Bruno Dantas deu prazo de 24 horas para que o ministro da Economia prestasse esclarecimentos ao órgão, porém só hoje chegaram as notificações. Segundo o ministério, o primeiro pedido foi enviado diretamente ao Coaf e foi entregue ontem (8) às 15h, enquanto o segundo pedido, endereçado ao ministro Paulo Guedes, foi recebido também ontem (8) às 15h25. A pasta tinha se comprometido a responder aos dois requerimentos em 24 horas.

O Intercept Brasil tem divulgado trocas de mensagens atribuídas a procuradores da Lava Jato e ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, então juiz que comandava as ações da operação em Curitiba.

O despacho de Dantas foi baseado na representação do subprocurador-geral do Ministério Público de Contas, Lucas Rocha Furtado, para apurar supostas irregularidades no Coaf, que estaria verificando, a pedido da Polícia Federal, movimentações atípicas que poderiam estar relacionadas à invasão dos celulares de agentes públicos envolvidos com trabalhos da Lava Jato. “A motivação dessa investigação teria sido, mediante perseguição e abuso de poder, intimidar o jornalista”, diz o documento.

Conforme a argumentação do Ministério Público de Contas e do ministro do TCU, se confirmada, a investigação do Coaf poderia caracterizar "grave desvio de finalidade" no dispêndio de recursos públicos. “Por óbvio, isso nada tem a ver com a prevenção e combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo”, diz Bruno Dantas. No despacho, o ministro também tinha pedido esclarecimentos ao presidente do Coaf, Roberto Leonel de Oliveira.

 

A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado vai receber na próxima quinta-feira (11) o jornalista Glenn Greenwald, responsável pelo site The Intercept Brasil.  Greenwald será sabatinado pelos senadores sobre os vazamentos de supostas conversas entre o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato.

O convite ao jornalista partiu do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), sob alegação de que o conteúdo revelado "traz enorme preocupação no que diz respeito a uma possível interferência em processos, na contramão do princípio da imparcialidade, que deve balizar a conduta de membro do Ministério Público e do Poder Judiciário".

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Segundo Randolfe, o jornalista vem sofrendo publicamente ataques de setores do governo, inclusive do ministro Sérgio Moro, que vem questionando a veracidade dos diálogos.

"Logo, a presença do autor dessas impactantes reportagens  a esta comissão é fundamental para o esclarecimento de um assunto que vem trazendo enorme repercussão no país. É a oportunidade para que ele traga as explicações que considera necessárias à sociedade brasileira", alegou Randolfe em seu requerimento.

Glenn Greenwald já esteve na Câmara dos Deputados, onde defendeu a liberdade de imprensa e a transparência e reafirmou a autenticidade das conversas vazadas. 

 As mensagens estão sendo divulgadas pelo site The Intercept desde o dia 9 de junho. O periódico diz ter tido acesso à trocas de mensagens privadas com gravações em áudio, vídeos, fotos e documentos judiciais a partir de uma fonte confiável. 

As últimas revelações aconteceram nesse domingo (7) com conversas que apontam que os procuradores da Lava Jato e Moro tentaram intervir na gestão da Venezuela. As mensagens apontam que intenção deles era de vazar informações de uma delação da Odebrecht, que estava sob segredo de justiça na época, para a oposição do governo de Nicolás Maduro. As conversas, segundo a reportagem, ocorreram em agosto de 2017. 

Já na última sexta (5), através da revista Veja, foram expostas articulações que sugerem que Moro teria orientado procuradores e retardado a inclusão de provas em casos investigados pela Lava Jato.  O conteúdo também apontou que o ministro foi contra o fechamento de um acordo de delação premiada entre o MPF e o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (MDB).

*Com informações da Agência Senado

A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou, nesta quarta-feira (3), requerimento do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) para que o jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil, seja convidado a comparecer a uma audiência pública.

Os senadores querem que o jornalista — editor do site responsável pela divulgação das conversas envolvendo o ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro com procuradores pelo aplicativo Telegram — preste esclarecimentos sobre as mensagens trocadas enquanto ele atuava como juiz da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba.

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A data da audiência ainda será agendada.

 

*Da Agência Senado

 

Posse e porte de armas

Nesta semana, o Senado rejeitou, por 47 votos a 28, decreto assinado em maio pelo presidente Jair Bolsonaro que busca flexibilizar a posse e o porte de armas. O Plenário aprovou o projeto de decreto legislativo (PDL 233/2019), de autoria do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que torna sem efeito o regulamento do Executivo.

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O PDL, que segue para votação na Câmara dos Deputados, chegou ao Plenário do Senado em regime de urgência, depois de passar pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), quando os senadores rejeitaram o parecer original do senador Marcos do Val (Cidadania-ES), que era contrário ao PDL 233/2019 e favorável ao decreto de Jair Bolsonaro. Com a rejeição, a CCJ adotou como parecer um voto em separado do senador Veneziano Vital do Rêgo (PSB-PB).

O Decreto 9.785, de 2019, autoriza a concessão de porte a 20 categorias profissionais e aumenta de 50 para 5 mil o número de munições disponíveis anualmente a cada proprietário de arma de fogo. É essa a norma que continua valendo até a decisão final do Congresso.

Sérgio Moro

Por oito horas e meia, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, prestou esclarecimentos aos senadores, na quarta-feira (19),  sobre mensagens que teria trocado com procuradores da Operação Lava Jato quando era juiz federal. Os textos vieram a público em uma série de reportagens do site The Intercept Brasil, que questionou a imparcialidade do ex-juiz no julgamento das ações decorrentes da operação. Moro, que teve a iniciativa de comparecer ao Senado, disse não ter cometido desvios, contestou a autenticidade das mensagens e afirmou que há um grupo criminoso interessado em invalidar a Lava Jato. O ministro falou em uma audiência pública na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) convocada para esse fim.

Tribunal Superior do Trabalho

O Senado aprovou, na terça-feira (18), o nome do desembargador Evandro Pereira Valadão Lopes, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 1ª Região (RJ), para o cargo de ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST). Ele ocupará a vaga destinada à magistratura, aberta em decorrência da aposentadoria da ministra Maria de Assis Calsing. A indicação (MSF 19/2019) foi aprovada por 70 votos a 0. A sabatina ocorreu na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), na última quarta-feira (12),

Comunidade dos Países de Língua Portuguesa

O Plenário aprovou, também na terça-feira (18), a indicação do diplomata Pedro Fernando Brêtas Bastos para exercer o cargo de representante do Brasil junto à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), com sede em Lisboa. A aprovação da indicação será comunicada à Presidência da República.

Embaixada na Jordânia

O Senado aprovou na terça-feira (18) a indicação do diplomata Ruy Pacheco de Azevedo Amaral para chefiar a embaixada brasileira na Jordânia. Foram 54 votos a favor e apenas 2 contrários, além de uma abstenção. O nome do embaixador já havia sido aprovado na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) na semana passada.

Diplomatas

O diplomata Santiago Irazabal será o novo chefe da representação brasileira na Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura). Sua indicação foi ratificada pelo Plenário do Senado na terça-feira (18). Mais cedo, Irazabal foi sabatinado pela Comissão de Relações Exteriores (CRE). Foi aprovado, também, o nome do diplomata Henrique da Silveira Sardinha Pinto para exercer o cargo de embaixador do Brasil na Santa Sé (Vaticano) e, cumulativamente, na Ordem Soberana e Militar de Malta.  Também foi aprovada a indicação do diplomata Antonio Patriota para chefiar a embaixada no Egito. Sabatinado pela CRE em 12 de junho, Patriota repercutiu o anúncio da eventual transferência da embaixada brasileira em Israel, de Tel Aviv para Jerusalém.

Empréstimo para Pernambuco

Aprovada em Plenário, na terça-feira (18), a contratação de crédito externo no valor de U$ 37 milhões (cerca de R$ 140 milhões) pelo governo de Pernambuco junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), tendo a União como garantidora. O dinheiro será destinado ao financiamento do Projeto de Aperfeiçoamento da Gestão Fiscal do Estado de Pernambuco (Profisco II-PE). De autoria da Presidência da República, a autorização federal (PRS 60/2019) terá contrapartida de US$ 7,4 milhões do estado.

Cadastro Ambiental Rural

A Medida Provisória 884/2019 já começou a tramitar no Congresso Nacional. O texto proposto pelo Poder Executivo torna o Cadastro Ambiental Rural (CAR) um sistema aberto a atualizações e novas inscrições, de modo a possibilitar a constante inclusão de dados. A MP vai ser analisada por uma comissão mista, onde será designado um relator para analisar a proposta. Depois de votada neste colegiado, segue para análise dos Plenários da Câmara dos Deputados e do Senado.

Homenagem à Eletronorte

A possível privatização da Eletronorte marcou a sessão especial do Senado que, na segunda-feira (17), comemorou os 46 anos de atividades da empresa. Senadores e deputados se colocaram contrários à privatização, argumentando que a empresa é rentável e que abrir mão do controle das hidrelétricas seria ruim para o Brasil.

Veto à isenção de cobrança de bagagem

O presidente Jair Bolsonaro vetou, na segunda-feira (17), a regulamentação de franquia de bagagem inserida por emenda parlamentar na tramitação da Medida Provisória (MP) 863/2018. A MP, que foi apresentada pelo governo de Michel Temer, autoriza até 100% de capital estrangeiro em companhias aéreas e foi aprovada pelo Congresso Nacional em maio deste ano. Deputados incluíram no texto original da MP a volta da franquia mínima de bagagem no transporte aéreo doméstico e internacional. De acordo com o destaque, que foi vetado por Jair Bolsonaro, o passageiro poderia levar, sem cobrança adicional, uma mala de até 23 kg nas aeronaves a partir de 31 assentos.

Desburocratização

A Comissão mista criada para apreciar a Medida Provisória 881/2019 foi instalada na terça-feira (18). A MP institui a Declaração de Direitos de Liberdade Econômica, estabelecendo normas de proteção à livre iniciativa e ao livre exercício de atividade econômica, e disposições sobre a atuação do Estado como agente normativo e regulador. O objetivo é desburocratizar o ambiente de negócios.

Convite a Dallagnol

A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou, na terça-feira (18), um requerimento de convite ao procurador da República Deltan Dallagnol, para que ele preste esclarecimentos sobre as trocas de mensagens com o então juiz e atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, durante a Operação Lava Jato. O requerimento foi apresentado pelo senador Angelo Coronel (PSD-BA) para apurar a “suposta e indevida coordenação de esforços” na Operação.

Conselho Nacional de Justiça

A CCJ aprovou também, na terça-feira (18), após sabatina, três indicados ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ): a procuradora de Justiça Ivana Farina Navarrete Pena, o desembargador Rubens Canuto Neto e a juíza Candice Lavocat Jobim. Os nomes seguiram agora para análise do Plenário do Senado, em regime de urgência.

Prorrogação de contratos temporários no Iphan

A comissão mista da Medida Provisória (MP) 878/2019 aprovou na terça-feira (18), relatório preliminar da proposição, que prorroga contratos temporários de pessoal no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O relatório ainda será votado nos Plenários da Câmara e do Senado. Os senadores aprovaram o texto original da MP, conforme defendido pelo relator, deputado Pedro Lucas Fernandes (PTB-MA).

Auxílio a vítimas de Brumadinho

A Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (CMO) aprovou, na terça-feira (18), a Medida Provisória 874/2019, que destina crédito extraordinário de quase R$ 1,4 milhão para auxílio emergencial às vítimas do rompimento da barragem da empresa Vale em Brumadinho (MG). O texto segue agora para o Plenário da Câmara dos Deputados e depois para o do Senado.

Outra proposta aprovada (PLN 6/2019) remaneja despesas e destina crédito suplementar de R$ 236,6 milhões para custeio e obras das justiças Federal, Eleitoral, do Trabalho e do Distrito Federal e dos Territórios; para custeio no Ministério Público da União; e para auxílio-moradia no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

Embaixadas em Portugal e França

A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) sabatinou, na quarta-feira (19), os indicados para as embaixadas do Brasil em Portugal e na França. Carlos Alberto Simas Magalhães, indicado para representar o Brasil em Portugal, e Luís Fernando Serra, indicado para a representação na França e em Mônaco, foram aprovados na comissão. As indicações ainda precisam ser analisadas pelo Plenário.

Audiências públicas

Na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH), a preocupação com o aumento de feminicídios motivou o debate na segunda-feira (17). Sobre a Reforma da Previdência, os debates aconteceram na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), onde o secretário de Previdência do Ministério da Economia, Rogerio Marinho anunciou que o governo ainda não desistiu de incluir a capitalização na Reforma da Previdência; e em audiência pública interativa na CDH, onde debatedores alertaram que a Reforma pode empobrecer o Brasil. Ainda na CDH, foi promovida audiência que lembrou o 18 de junho como Dia do Orgulho Autista. Já na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), na terça-feira (18), especialistas alertaram que a política econômica precisa de correção de rumos. A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) concluiu que o governo precisa apoiar famílias de vítimas do voo da Chapecoense.  Na Comissão de Meio Ambiente (CMA), especialistas debateram o combate ao processo de desertificação no país. Na Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI), debatedores defenderam investimentos no Arco Norte para defender custos de produção. Já na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE), o debate foi sobre a renovação e revisão do Fundeb. E na Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR), os senadores avaliaram a venda da Transportadora Associada de Gás (TAG) pela Petrobrás.

*Da Agência Senado

 

Como foram vazadas as supostas conversas privadas entre procuradores da força-tarefa da operação Lava Jato em Curitiba e o então juiz Sergio Moro, atual ministro da Justiça? Seriam elas autênticas? Essas foram algumas das questões centrais da manhã da audiência pública com o ministro na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), nesta quarta-feira (19). Alguns senadores querem ter acesso às mensagens trocadas pelo aplicativo Telegram para compará-las com os trechos vazados pelo site The Intercept Brasil.

O senador Angelo Coronel (PSD-BA) perguntou se Moro autorizaria o Telegram a fornecer as mensagens armazenadas na íntegra e recomendou que o ministro aconselhe o procurador Deltan Dallagnol a entregar o celular para perícia.

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“O senhor autoriza o Telegram a fornecer dos seus arquivos que ficam na nuvem, o conteúdo das mensagens que o senhor trocou com os procuradores? Ou então o senhor também não poderia, já que o senhor se dá bem com o Deltan Dallagnol, solicitar que ele entregasse o celular dele para vistoriar? Aí acabaria essa sensação, acabaria esse sangramento”, indagou o parlamentar.

Moro relatou ter sido usuário do aplicativo de troca de mensagens Telegram, mas disse que essas mensagens não existem porque ele saiu do aplicativo em 2017.

“Eu saí do Telegram em 2017. Essas mensagens não ficam na nuvem. Eu saindo do aplicativo, essas mensagens foram excluídas. Se tivesse esse material, o hacker já teria apresentado. Se tivesse isso no Telegram, o hacker teria obtido essas informações”, disse.

Coronel reafirmou que os diálogos estão na nuvem e sugeriu que a sessão fosse interrompida até que o serviço de mensagens instantâneas liberasse a íntegra das conversas, pedido negado pela presidente da CCJ, Simone Tebet (MDB-MS), que ressaltou que outros senadores queriam fazer perguntas ao ministro.

Clonagem

Durante o debate, Moro afirmou que teve o celular clonado no dia 4 de junho, cinco dias antes da publicação da primeira reportagem sobre os diálogos, mas, segundo o ministro, não conseguiram acessar o conteúdo. Ele disse já ter entregue o celular para a Polícia Federal periciar.

“Apesar do que foi dito aqui, não existe mais esse conteúdo. Pode-se informar lá, tecnicamente, que quando se eliminam as mensagens do aparelho celular ou quando se desativa, também se elimina na nuvem. E mais ilustrativo é o fato de que o hacker não publicou mensagens minhas trocadas com outra pessoa que não o procurador, se é que essas mensagens são de fato autênticas, porque o meu celular não foi de fato hackeado”, afirmou.

Para ele, a invasão hacker tem o objetivo de desestabilizar as operações de combate à corrupção, e é fruto do trabalho de um grupo criminoso e que não se sabe ainda o alcance dos ataques feitos pelos hackers sobre “as conquistas institucionais obtidas nos últimos anos”. Ele contestou a autenticidade das mensagens publicadas pelo site The Intercept Brasil, mas confirmou que "algumas coisas" podem ter sido ditas por ele nas conversas com o procurador Deltan Dallagnol, chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, e outros procuradores. O ministro ainda criticou o site por não apresentar todo o conteúdo das mensagens recebido e classificou as reportagens como “sensacionalistas”.

“Esse veículo diz lá que tem um grande escândalo, grandes ilícitos, o que ainda está carente de demonstração, mas não teve a dignidade de apresentar perante uma autoridade independente. Se eventualmente não quer apresentar para a Polícia Federal, apresente para o Supremo Tribunal Federal, para que aquilo possa ser examinado na sua inteireza e verificado se, de fato, aquilo tem uma autenticidade”, criticou.

Repercussão

Humberto Costa (PT-PE) reforçou o pedido para que Moro solicite a Dallagnol, que entregue o celular dele para conferência da PF, e disse que as mensagens vazadas evidenciam que Moro feriu a conduta de magistrado ao interferir na Lava Jato. Para o senador, Moro deveria pedir demissão.

“Não cabe uma pessoa com acusações graves como essas ser chefe da Polícia Federal”, defendeu.

Para o senador Marcos Rogério (DEM-RO), a discussão central deveria ser o ataque a celulares de autoridades, que ele classificou como ciberataque ou ciberterrorismo. Ele apontou que não há nada de comprometedor nas mensagens divulgadas até agora, mas que pode ser uma oportunidade para estabelecer limites na comunicação entre juízes e procuradores e juízes e advogados.

“Mas usar isso para atacar a Lava Jato é um erro, um erro político e um erro de análise”, disse o senador.

Moro afirmou que não se sabe ainda o alcance dos ataques feitos pelos hackers, mas ressaltou que podem afetar "as conquistas institucionais obtidas nos últimos anos".

Esperidião Amin (PP-SC) avaliou que existe hoje uma guerra cibernética no Brasil, o que exige providências do governo e do Congresso. Para Marcio Bittar (MDB-AC), o crime que deveria ser discutido é o da invasão a celulares das autoridades. Na visão do senador, a divulgação das mensagens tem como objetivo criar uma revanche contra as operações anticorrupção realizadas no Brasil. Opinião compartilhada por Arolde de Oliveira (PSD-RJ):

“Este crime de hackers é uma reação de tentar reverter o processo que desagradou a tantos. Uma mudança que foi não só a Lava Jato, mas que também mudou o governo do país”, pontuou.

Tasso Jereissati (PSDB-CE) disse que não se pode embarcar em teorias da conspiração, mas que é preciso ajudar a esclarecer para que a população brasileira o que representam essas gravações.

*Da Agência Senado

 

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, será ouvido nesta quarta-feira (19) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. A expectativa é que esclareça troca de mensagens, por meio do aplicativo Telegram, entre ele e o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, sobre procedimentos e decisões em processos, incluindo os que levaram à condenação do ex-presidente Lula.

As mensagens, segundo o site The Intercept Brasil, foram trocadas entre 2015 e 2018 e obtidas a partir da invasão de aparelhos dos procuradores por hackers ainda não identificados.

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Após os vazamentos das conversas, será a primeira vez que Sergio Moro irá ao Congresso Nacional para falar sobre o assunto. Na semana passada, o ministro participou, no Senado, de um almoço com parlamentares no Bloco Parlamentar Vanguarda – DEM, PSC e PL - mas não falou com os jornalistas.

Regras

Segundo a presidente da CCJ, senadora Simone Tebet (MDB-MS), a reunião deverá contar com reforço na segurança. 

Moro terá 30 minutos para fazer sua exposição inicial. Em seguida, os senadores inscritos, intercalados por ordem de partido, terão cinco minutos para réplica.

O ministro terá o mesmo tempo para resposta e, depois, os parlamentares terão prazo máximo de dois minutos para réplica e tréplica. 

Simone disse que as regras de condução foram definidas seguindo as normas regimentais e que a lista de inscrição dos senadores será aberta às 9h, mesmo horário em que a reunião foi convocada.

Estratégia

Ao ser alertado de que no Senado, logo depois do vazamento das conversas, estavam sendo preparados requerimentos com pedidos para que ele se explicasse na CCJ e até de uma CPI pelo senador Ângelo Coronel (PSD-BA), o próprio Moro se adiantou e se colocou à disposição da Casa.

A intenção do ministro foi comunicada pelo senador Fernando Bezerra Coelho(MDB-PE), líder do governo no Senado. Em ofício enviado ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), o líder destacou o desejo do ministro de esclarecer os fatos.

“Manifestamos nossa confiança no ministro Sergio Moro, certos de que esta será uma oportunidade para que ele demonstre a sua lisura e correção como juiz federal, refutando as críticas e ilações a respeito de sua conduta à frente da Operação Lava Jato”, ressaltou Bezerra no oficio.

A disposição do ministro surtiu efeito e a mobilização do senador Ângelo Coronel para reunir assinaturas para propor uma CPI parou ou, pelo menos, foi suspensa. Na avaliação de parlamentares governistas as explicações dadas por Moro serão suficientes para convencer a maioria e esvaziar uma tentativa de CPI.

Câmara

Uma semana depois ir ao Senado, no dia 26, será a vez de Moro dar explicações sobre o mesmo assunto aos deputados.

O presidentes das comissões de Direitos Humanos e Minorias; Trabalho, Administração e Serviços Públicos; Fiscalização Financeira e Controle e Constituição e Justiça da Câmara fecharam um acordo para aglutinar em um só os diversos requerimentos que convocavam o ministro da Justiça.

O site The Intercept publicou a sétima reportagem da série de vazamentos de conversas privadas de Telegram atribuídas a Deltan Dallagnol, procurador responsável por coordenar a força-tarefa da operação Lava Jato, e a Sérgio Moro, então juiz de primeira instância da 13ª Vara Federal de Curitiba. De acordo com a matéria, Moro teria discordado do prosseguimento das investigações relacionadas ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e dito a Dallagnol que operação “melindra alguém cujo apoio é importante”.

Segundo o site, o diálogo aconteceu no dia 13 de abril de 2017, logo depois da veiculação, no Jornal Nacional, de uma reportagem sobre a presença do nome de FHC em uma delação do dono da Odebrecht, Emílio Odebrecht, sobre o pagamento de vantagens indevidas, entre os anos de 1993 e 1997. Após a transmissão da notícia, Moro teria questionado a Dellagnol, via Telegram, se as suspeitas relacionadas ao ex-presidente eram sérias. O procurador, então, supostamente respondeu acreditar que a força-tarefa não considerou o caso como prescrito propositalmente, “talvez para (o MPF) passar recado de imparcialidade”.

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No período em que as conversas teriam acontecido, fortalecia-se a teoria de que a Lava Jato poupava os políticos tucanos. O Intercept observou ainda que FHC foi citado pelo menos nove vezes na Lava Jato, algumas das vezes em crimes que, comprovados, não estariam prescritos.

“Dará mais argumentos pela imparcialidade”

Depois das conversas supracitadas, FHC apareceria em mais três delações da Lava Jato. uma delas através de Fernando Baiano, operador ligado ao MDB, por causa de um suposto favorecimento da empresa do filho do ex-presidente, Paulo Henrique Cardoso, em contratos. Chama atenção a menção a Paulo Henrique no chat FT MPF Curitiba 3, em junho. Na conversa, os procuradores discutem como a exposição do caso pode criar uma imagem de “imparcial” para a operação. “Dará mais argumentos à imparcialidade”, Dellagnol chega a dizer.  

Em outro diálogo, com a data de 17 de novembro de 2015, o procurador Roberson Pozzobon sugere, em um grupo do Telegram chamado FT MPF Curitiba 2, que um sejam investigados, no mesmo procedimento, pagamentos da Odebrecht aos institutos de Lula e FHC. “Assim ninguém poderia indevidamente criticar nossa atuação como se tivesse vies partidário”, afirma Pozzobon. O procurador chega a os pagamentos feitos à Fundação iFHC, que não estariam prescritos caso fossem realmente propina. Após os comentários, Pozzobon posta duas imagens no grupo.

A primeira, referente a uma troca de e-mails entre a secretária de FHC, Manuel Diaz (representante da Associação Petroquímica e Química da Argentina) e o empresário Pedro Longhi. A secretária pede que Braskem, empresa do setor petroquímico administrada pela Odebrecht, seja consultada sobre “qual a melhor maneira para doação”. Na segundo arquivo compartilhado por Pozzobon, consta um laudo da Polícia Federal de 2014, indicando que a Odebrecht havia feito pagamentos mensais com valor conjunto de 975 mil a iFHC, entre os anos de 2011 e 2012. Ao se deparar com os documentos, o procurador da Lava Jato Paulo Galvão comenta: “porra, bomba isso”.

 

 

Ao reabrir a reunião da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) desta terça-feira (18), a presidente do colegiado, senadora Simone Tebet (MDB-MS) explicou os procedimentos da audiência pública com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, marcada para a quarta-feira (19).

Moro virá ao Senado para esclarecer informações publicadas na imprensa sobre uma suposta colaboração dele com procuradores da força-tarefa da operação Lava Jato enquanto era juiz federal. A reunião está marcada para começar às 9h, na sala 3 da Ala Senador Alexandre Costa, e deverá contar com reforço na segurança.

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Segundo Simone Tebet, a exposição de Sergio Moro terá duração de 30 minutos. Em seguida, os senadores inscritos, intercalados por ordem de partido, terão cinco minutos para perguntas. O ministro terá o mesmo tempo para resposta e, depois, os parlamentares terão prazo máximo de dois minutos para réplica e tréplica.

Simone explicou que as regras de condução foram definidas seguindo as normas regimentais e informou que a lista de inscrição dos senadores será aberta às 9h.

*Da Agência Senado

 

O site The Intercept Brasil publicou novos trechos das conversas privadas envolvendo o ex-juiz e atual ministro da Justiça Sérgio Moro com procuradores da Lava-Jato no caso do Triplex. O novo pedaço da conversa vazada traz um diálogo entre Moro e procurador Carlos Fernando do Santos Lima logo após o primeiro depoimento do ex-presidente Lula. O então juiz sugere à acusação que faça uma nota contra o que ele considerou "showzinho" da defesa do ex-presidente Lula.

SUGESTÃO

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"O que achou?", perguntou Moro para Carlos Fernando no dia 10 de maio de 2017. "Achei que ficou muito bom. Ele começou polarizando conosco, o que me deixou tranquilo. Ele cometeu muitas pequenas contradições e deixou de responder muita coisa, o que não é bem compreendido pela população. Você ter começado com o Triplex desmontou um pouco ele", respondeu o procurador da República.

Minutos depois Moro então sugere: “Talvez vcs devessem amanhã editar uma nota esclarecendo as contradições do depoimento com o resto das provas ou com o depoimento anterior dele". Os vazamentos mostram que a partir daí que Carlos Fernando procurou marcar uma entrevista com a Globo.

Será que não dá para arranjar uma entrevista com alguém da Globo em Recife amanhã sobre a audiência de hoje?”, perguntou em um grupo denominado ‘Analise de Clipping’ que estão inseridos assessores de imprensa do Ministério Publico Federal do Paraná. Os assessores questionaram a necessidade da entrevista: “Rito normal do processo…vcs nunca deram entrevista sobre audiência…vai servir pra defesa bater…mais uma vez…”, disse um dos assessores.

PROCURADORES

Carlos copiou a resposta negativa dos assessores e iniciou uma conversa com o outro procurador, Deltan Dallagnol. “Então temos que avaliar os seguintes pontos: 1) trazer conforto para o juízo e assumir o protagonismo para deixá-lo mais protegido e tirar ele um pouco do foco; 2) contrabalancear o show da defesa”, disse Deltan.

Esses seriam porquês para avaliarmos, pq ng tem certeza...O “o quê” seria: apontar as contradições do depoimento... E o formato, concordo, teria que ser uma nota, para proteger e diminuir riscos. O JN vai explorar isso amanhã ainda. Se for para fazer, teríamos que trabalhar intensamente nisso durante o dia para soltar até lá por 16h”, completou.

Ambos procuradores seguiram a sugestão do ex-juiz e voltaram a reforçar o pedido para os assessores. Mas antes de falar no grupo com os assessores, Dallagnol conversou com Moro.

Caro, parabéns por ter mantido controle da audiência de modo sereno e respeitoso. Estamos avaliando eventual manifestação. A GN acabou de mostrar uma série de contradições e evasivas. Vamos acompanhar”, elogiou Deltan; Moro respondeu: “Blz. Tb tenho minhas dúvidas dá pertinência de manifestação, mas eh de se pensar pelas sulilezas (sic) envolvidas”, salientou.

Dallagnol reforçou no grupo ‘Analise de Clipping’. “Caros, mantenham avaliando a repercussão de hora em hora, sempre que possível, em especial verificando se está sendo positiva ou negativa e se a mídia está explorando as contradições e evasivas. As razões para eventual manifestação são: a) contrabalancear as manifestações da defesa. Vejo com normalidade fazer isso. Nos outros casos não houve isso. b) tirar um pouco o foco do juiz que foi capa das revistas de modo inadequado”, afirmou Deltan.

Um dos assessores rebateu. “Quem bate vai seguir batendo. Quem não bate vai perceber a mudança de posicionamento e questionar. É uma parte do processo. Na minha visão é emitir opinião sobre o caso sem ele ter conclusão…e abrir brecha pra dizer que tão querendo influenciar juiz. Papel deles vai ser levar pro campo político. Imprensa sabe disso. E já sabe que vcs não falam de audiências geralmente. Mudar a postura vai levantar a bola pra outros questionamentos. Pq resolveram falar agora? Pq era o ex-presidente? E voltar o discurso de perseguição…é o que a defesa fez, faz…pq não tem como rebater a acusação. Acusação utilizar da mesma estratégia pode ser um tiro no pé”, concluiu.

O debate no grupo "Filhos de Januário 1" sobre a sugestão de Moro seguiu noite a dentro, os procuradores foram cautelosos para a decisão, mas por fim foi acatada pelos procuradores. A nota foi emitida e divulgada no dia 11 de maio por volta das 15h. Dallagnol informou a Moro por volta das 22h doa dia 11.

Informo ainda que avaliamos desde ontem, ao longo de todo o dia, e entendemos, de modo unânime e com a ascom, que a imprensa estava cobrindo bem contradições e que nos manifestarmos sobre elas poderia ser pior. Passamos alguns relevantes para jornalistas. Decidimos fazer nota só sobre informação falsa, informando que nos manifestaremos sobre outras contradições nas alegações finais”, disse.

POSICIONAMENTO DE MORO

Na manhã deste sábado (15) Moro se defendeu dos vazamentos do 'The Intercept Brasil' através de uma nota: “O Ministro da Justiça e Segurança Pública não reconhece a autenticidade e não comentará supostas mensagens de autoridades públicas colhidas por meio de invasão criminosa de hackers e que podem ter sido adulteradas e editadas. Reitera-se a necessidade de que o suposto material, obtido de maneira criminosa, seja apresentado a autoridade independente para que sua integridade seja certificada.

As polêmicas envolvendo o vazamento de mensagens do ministro Sérgio Moro não param de acontecer. Nesta terça-feira (11), o ex-magistrado usou sua conta no Twitter para afirmar que seu aplicativo de mensagem, Telegram, havia sido hackeado - dando a entender que as conversas conseguidas pelo The Intercept Brasil teriam sido obtidas de forma ilegal. Porém, o que ele não esperava é que o próprio aplicativo fosse negar o ocorrido.

Ao responder um usuário no Twitter, que mencionava o ataque hacker, a conta oficial do mensageiro negou que qualquer atividade criminosa que tenha conseguido quebrar a criptografia utilizada para proteger as mensagens de seus usuários.

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O aplicativo criptografa suas mensagens usando o protocolo MTProto e, entre 2014 e 2015, chegou a oferecer uma recompensa para quem conseguisse quebrar a criptografia da plataforma. O valor que seria dado ao vencedor era de US$ 300 mil, porém, ninguém conseguiu cumprir o desafio.

O coordenador da Lava Jato em Curitiba, procurador Deltan Dellagnol gravou publicou um vídeo em sua conta no Twitter, na tarde desta segunda-feira (10), para “prestar esclarecimentos à sociedade sobre os recentes ataques à força-tarefa” da Lava Jato sobre a reportagem do site The Intercept Brasil.

Logo no início do vídeo, Dellagnol classificou a divulgação da troca de mensagens entre ele e o ex-juiz Sérgio Moro, então juiz da Lava Jato, de ataque gravíssimo feito por parte de um criminoso. “Que invadiu telefones celulares, que sequestrou contas de aplicativos de trocas de mensagens, que se fez passar por jornalistas e procuradores”, explicou. “Nosso receio é que a atividade criminosa avance agora para falsear e deturpar fatos, nesse imenso ataque contra a Operação Lava Jato”, argumentou.

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O procurador também diz haver um equívoco de acusações feitas a Lava Jato. “Em primeiro lugar é muito natural, é normal que procuradores e advogados conversem com o juiz, mesmo sem a presença da outra parte”.

Dellagnol fez questão de frisar que não reconhece a fidedignidade das mensagens publicadas pela imprensa e diz que há um desconforto no caso.  

“Nós da Lava Jato nunca caminhamos com a lógica que os fins justificam os meios. Não, essas acusações feitas não procedem e a origem delas está ligada ao ataque criminoso realizado. Mesmo não reconhecendo fidedignidade dessas mensagens que foram espalhadas, nós reconhecemos que elas podem criar um desconforto para alguém. A gente lamenta profundamente por isso”, garantiu.

Confira o vídeo:

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