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Nos últimos 12 meses, 14 mil 311 venezuelanos receberam uma carteira de trabalho em Roraima e, por isso, ganharam a oportunidade de ter acesso a possíveis empregos. A emissão dos documentos foi feita pela Superintendência Regional do Trabalho do estado, para assegurar direitos aos imigrantes que vieram ao Brasil em busca de melhores condições de vida.

Entre abril e junho deste ano, o saldo de vagas ocupadas por estrangeiros era de 2,4 mil. Dessas, 802 foram preenchidas por venezuelanos. Eles ocupam sobretudo cargos nos setores de alimentação, comércio, construção civil, supermercados, frigoríficos e limpeza.

Migração

Os imigrantes deixaram a Venezuela com destino ao Brasil para escapar da crise econômica e social que assola a nação vizinha. Para acolher essa massa populacional, que entra no País principalmente por Roraima, foram fornecidos abrigos e remédios aos que chegam.

 Essas ações integram o plano de ajuda humanitária, que ainda opera na interiorização desses imigrantes, transferindo-os para outros estados. Eles ainda recebem vacinas e são encaminhados para a emissão de documentos. Segundo o Governo Federal, o objetivo é que 15 mil venezuelanos sejam interiorizados para cidades onde haja melhores oportunidades e estrutura a eles.

 Com informações do Governo do Brasil

Pernambuco vai receber, nesta terça-feira (18), mais 30 venezuelanos que estavam refugiados em Roraima. O grupo, que embarcou na cidade de Boa Vista nesta manhã, chegará ao Aeroporto Internacional do Recife e de lá seguirá para um abrigo em Igarassu, na Região Metropolitana da capital.

Os solicitantes de refúgio e residência embarcaram por volta das 8h em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). A aeronave fará escala para abastecimento em Belém-PA. Como se trata de um processo voluntário, o número previsto de passageiros estava passível de mudança até o horário de embarque.

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Com o voo desta terça-feira, o número de venezuelanos transportados com ajuda do Governo Federal e da Organização das Nações Unidas (ONU) passa de 1,9 mil. Segundo a Casa Civil, todos aceitam, voluntariamente, participar do programa e são vacinados, submetidos a exame de saúde e regularizados no Brasil, inclusive com CPF e carteira de Trabalho.

Estão previstos para esta semana voos na quarta-feira (19), quinta-feira (20) e sexta-feira (21), tendo como destino final as cidades de Manaus-AM, Conde-PB, Brasília-DF e Rio de Janeiro-RJ. O abrigo Aldeias Infantis SOS, em Igarassu, já recebeu 69 imigrantes da Venezuela na etapa anterior do processo de interiorização, em julho deste ano.

Interiorização

A interiorização conta com apoio da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), da Agência da ONU para as Migrações (OIM), do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Para aderir à interiorização, o ACNUR identifica os venezuelanos interessados em participar e cruza informações com as vagas disponíveis e o perfil dos abrigos participantes. A agência assegura que os indivíduos estejam devidamente documentados e providencia melhoras de infraestrutura nos locais de acolhida. A OIM atua na orientação e informação prévia ao embarque, garantindo que as pessoas possam tomar uma decisão informada e consentida, sempre de forma voluntária, além de realizar o acompanhamento durante todo o transporte.

O UNFPA promove diálogos com mulheres e pessoas LGBTI para que se sintam mais fortalecidas neste processo, além de trabalhar diretamente com a rede de proteção de direitos nas cidades destino com o objetivo de fortalecer a capacidade institucional. Já o PNUD trabalha na conscientização do setor privado para a absorção da mão de obra refugiada.

Reuniões prévias do governo e da ONU com autoridades locais e coordenação dos abrigos definem detalhes sobre atendimento de saúde, matrícula de crianças em escolas, ensino da Língua Portuguesa e cursos profissionalizantes.

A disputa pela aprovação em um concurso público vem se intensificando cada dia mais. Salários elevados e estabilidade são atrativos que seduzem os concurseiros de plantão. Pensando nos candidatos, o LeiaJá preparou uma lista de processos seletivos em Pernambuco e outros Estados. Confira:

Pernambuco 

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Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco

Vagas: 1000 

Ensinos médio, superior e técnico

Inscrições até 28 de setembro

Pará

Agência Estadual de Defesa Agropecuária do Estado do Pará

Vagas: 50

Ensinos médio, superior e técnico

Inscrições até 20 de setembro

Ceará

Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará

Vagas: 2.800 

Ensinos médio, superior e técnico

Inscrições até 15 de outubro

Bahia

Conselho Regional de Educação Física da 13ª Região

Vagas: 183

Ensino médio e superior

Inscrições até 4 de outubro

Bahia

Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB)

Vagas: 36

Ensinos médio, superior e técnico

Inscrições até 17 de setembro

Roraima

Prefeitura de Boa Vista

Vagas: 1000

Ensinos médio e superior

Inscrições até 20 de setembro 

Mato Grosso

Tribunal de Justiça

Vagas: nove

Ensino superior

Inscrições até 26 de setembro 

Rio de Janeiro

Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)

Vagas: 120

Ensinos médio e técnico

Inscrições até 19 de outubro

O candidato à Presidência da República pelo PDT, Ciro Gomes, se irritou em ato de campanha no sábado, 15, em Boa Vista (RR) quando questionado por um homem sobre suas manifestações a respeito do conflito na Venezuela e dos brasileiros que agrediram alguns desses estrangeiros.

"Ciro, o senhor reafirma o que disse sobre os brasileiros que tiveram aquela manifestação da fronteira, que chamou os brasileiros de canalhas, desumanos e grosseiros?", questionou um homem que se identificava como jornalista no local. O candidato, então, respondeu: "Vá para a casa do Romero Jucá, seu filho da p...". Instantes depois, Ciro diz para sua equipe para tirá-lo dali. "Esse aqui é do Romero Jucá. Tira ele, tira ele", afirma o candidato. Ele também dá um leve empurrão no homem.

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Nas suas redes sociais, Luiz Petri se identifica como jornalista e escreve que estava apenas cobrindo o evento. "Daí em um ato de covardia, o Senhor Ciro Gomes me deu um soco na barriga e me xingou de filho da put... fiquei sem reação porquê (sic) não sou de violência. Apenas fiz uma pergunta", escreveu. Até o início da tarde do domingo, o vídeo tinha sido reproduzido 294 mil vezes.

Na ocasião citada, Ciro comentou que a Colômbia recebeu mais de 500 mil venezuelanos e não teve casos de violência. "Não há nenhuma notícia de desumanidade, de grosseria, de canalhice, que é o que aconteceu no Brasil", afirmou, à época.

Mais tarde, do palanque, Ciro chamou o senador Romero Jucá de "gângster". "Eu venho para mediar esses conflitos e ver se ajudo a arrancar daqui um das piores figuras da política brasileira que é esse canalha que lidera todos os governos e que agora, como bandido que é, fala mal de Michel Temer para aparecer enganando o povo de Roraima", disse.

As imagens foram feitas por integrantes do núcleo de repórteres 'carrapatos', do jornal O Estado de São Paulo, que acompanham diariamente em vídeo a rotina e a agenda dos principais candidatos à Presidência da República.

Balanço divulgado pela Polícia Federal revela que entre 2015 e 31 de agosto deste ano, 75.560 venezuelanos procuraram a PF em Roraima para regularização da situação migratória. Do total, 46.761 venezuelanos solicitaram refúgio, 14.935 pediram residência e 13.864 aguardam atendimento.

Os dados também indicam que do ano passado pra cá, entraram 154.920 venezuelanos somente pela cidade de Pacaraima (RR), mas 79.402 já deixaram o Brasil.  Cerca de 5,2 mil estão em abrigos de Boa Vista e dependem atualmente de ajuda do governo federal. Outros 1.507 foram direcionados ao processo de interiorização.

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A Organização Internacional de Migração (OIM) e o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) revelam que 2,3 milhões de venezuelanos estão vivendo fora de seu país e mais de 1,6 milhão já deixaram o país desde 2015.

Interiorização

Desde abril deste ano, mais de mil venezuelanos já foram beneficiados com o processo de interiorização, que leva imigrantes que entram por Roraima para outras cidades do País. O processo de interiorização não é obrigatório e só participam os venezuelanos que querem residir em outras cidades brasileiras.

Neste mês, este processo deve ser intensificado, com 400 pessoas sendo transferidas por semana. De acordo com a Polícia Federal, para esta semana estão programados voos para o Rio Grande do Sul e Distrito Federal.

 

Com informações do Governo do Brasil

Após decretação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) em Roraima cerca de 700 homens da 1ª Brigada de Infantaria de Selva já estão atuando nas fronteiras do Brasil com a Venezuela e com a República Cooperativa da Guiana.

O decreto foi assinado na última terça-feira (28) pelo presidente Michel Temer e está em vigor desde então, ampliando o poder de polícia das Forças Armadas em três municípios de Roraima: a capital Boa Vista, a cidade de Pacaraima na fronteira Venezuelana e Bonfim, na divisa com a Guiana. Roraima se tornou a principal rota utilizada pelos imigrantes que fogem da crise na Venezuela. Segundo o IBGE, 30,9 mil estão vivendo no Brasil - 99% em Roraima que aumentou sua população total em 10% depois do início da migração.

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A assessoria de comunicação da 1ª Brigada de Infantaria de Selva, explicou em entrevista que, antes do decreto, o efetivo de militares nas fronteiras era de 370 homens (270 na Venezuela e 100 na Guiana) e agora outros 300 foram enviados para essas regiões.

"O Exercito continuará com seu trabalho de fiscalização e patrulhamento das fronteiras e irá intensificar sua presença nas rodovias, com o estabelecimento de postos de bloqueio e controle de estradas" explicou a assessoria.

O Exército criou ainda um posto volante nas rodovias BR-174 e 401 e ficou definido que a Força Nacional atuará nas ruas de Pacaraima e nos arredores de abrigos na capital Boa Vista, mas o patrulhamento ostensivo dos municípios permanece sob responsabilidade dos Órgãos de Segurança Pública competentes.

O Exército confirmou também que não virão militares de outros Estados para cumprir o decreto, pois o efetivo a ser empregado na operação será o já existente nos quartéis de Roraima.

"A única diferença é que esses militares passam a ter poder de polícia. Se ocorrerem conflitos como aqueles onde os venezuelanos foram expulsos da cidade, os militares poderão agir para conter o tumulto. Agora as Forças Armadas têm competência legal para intervir".

O secretário-Chefe da Casa Civil de Roraima, Frederico Linhares considera que o decreto é limitado e não atinge de maneira efetiva as necessidades do Estado. "Nós entendemos que efetivamente, o GLO é uma ação que não soluciona o problema de fato. É uma ação pontual e muito rápida que vence no dia 12 de setembro, de modo que o legado disso é muito pouco, em relação a um problema que precisa ter uma solução de longo e médio prazos. Hoje a grande prioridade são recursos para a saúde e um hospital de campanha em Boa Vista", acrescentou.

O que é GLO

A ação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), conforme prevista na Constituição Federal, é realizada exclusivamente por ordem do presidente da República, por motivação ou não dos governadores ou dos presidentes dos demais poderes constitucionais. Empregada 29 vezes entre 2010 e 2017, ela ocorre quando há o esgotamento das forças tradicionais de segurança pública, em graves situações de perturbação da ordem.

Reguladas pela Constituição Federal, em seu artigo 142, pela Lei Complementar 97, de 1999, e pelo Decreto 3897, de 2001, as operações de GLO concedem provisoriamente aos militares a faculdade de atuar com poder de polícia até o restabelecimento da normalidade.

Nessas ações, as Forças Armadas agem de forma episódica, em área restrita e por tempo limitado, com o objetivo de preservar a ordem pública, a integridade da população e garantir o funcionamento regular das instituições.

Quatro integrantes de uma mesma família de refugiados venezuelanos chegaram na tarde desta quinta-feira, 30, a Brasília. O grupo foi levado para um abrigo onde receberá apoio até que possa se manter por conta própria.

A família chegou ao Brasil pela fronteira em Roraima e, dentro do processo de interiorização dos refugiados, foi encaminhada à capital federal. O abrigo que os recebeu é o mesmo que acolheu um grupo de 50 refugiados venezuelanos em julho, sendo que 23 eram crianças.

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De acordo com a Casa Civil, 20 adultos do primeiro grupo já estão trabalhando em Brasília e parte dessas pessoas, inclusive já deixaram o abrigo.

Os venezuelanos são suspeitos de cometer 65% dos crimes registrados em Pacaraima neste ano, conforme dados da Polícia Civil de Roraima. Entre janeiro e agosto, foram registrados 1.136 boletins de ocorrência na cidade, dos quais 738 teriam sido cometidos por venezuelanos. O número é quase seis vezes maior do que em todo o ano de 2016, quando houve 128. Neste ano, foram instaurados 69 inquéritos e 39 venezuelanos foram presos em flagrante ou indiciados.

Os dados informados, porém, não especificam quais os tipos de crime. Por isso, não é possível saber se há emprego de violência. "A maioria é de crimes de roubo, furto, lesão corporal e ameaça", publicou a delegada geral Giuliana Castro Lima, no Facebook. "É natural: quando existe maior número de pessoas, há aumento de alguns índices de violência", contextualiza o professor da UFRR João Carlos Jarochinski, especialista em Relações Internacionais. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A Presidência da República informou nesta quarta-feira (29) que o governo não pretende limitar o ingresso de venezuelanos, por Roraima, a partir da distribuição de senhas. Também negou a possibilidade de fechamento da fronteira com a Venezuela, como defendem algumas autoridades de Roraima. A alternativa de distribuição de senhas foi cogitada pelo presidente Michel Temer em entrevista hoje à Rádio Jornal, de Pernambuco.

Em nota, a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República informou que o mecanismo das senhas "visa a aprimorar um processo de atendimento humanitário em Roraima, o que não pode ser confundido, em hipótese alguma, com fechamento à entrada de venezuelanos no Brasil".

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Pela manhã, Temer mencionou a possibilidade de adotar o uso de senhas para organizar a entrada de venezuelanos no Brasil. Segundo ele, a medida teria como objetivo estruturar a situação em Roraima.

Pelas estimativas oficiais, de 800 a 700 imigrantes venezuelanos entram no Brasil por Roraima todos os dias.

O comunicado da Presidência da República informa ainda que o governo ao promover a interiorização dos venezuelanos busca "melhorar os mecanismos de controle" para que se tornem "mais eficientes no atendimento aos refugiados". Porém, ressalta que há uma preocupação também de "preservar as estruturas de atenção às famílias brasileiras".

Íntegra da Nota à imprensa

“O governo federal esclarece que a “possibilidade de distribuição de senhas” a que o presidente da República, Michel Temer, referiu-se na entrevista à Rádio Jornal de Pernambuco, nesta quarta-feira (29), visa a aprimorar um processo de atendimento humanitário em Roraima, o que não pode ser confundido, em hipótese alguma, com fechamento à entrada de venezuelanos no Brasil.

Uma vez que o presidente determinou que se intensificasse a interiorização, impõe-se melhorar os mecanismos de controle, torná-los ainda mais eficientes no atendimento aos refugiados e, ao mesmo tempo, preservar as estruturas de atenção às famílias brasileiras.

Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República.

O presidente Michel Temer assinou nesta terça-feira, 28, um decreto de Garantia da Lei e da Ordem para a atuação das Forças Armadas em Roraima, Estado afetado pela migração de venezuelanos. Segundo o presidente, a medida foi tomada para "complementar ações humanitárias que governo promove há vários meses."

Na prática, o decreto garante condições para as Forças Armadas atuarem diretamente na crise humanitária que se instalou no Estado. "A crise em Roraima é devida a péssimas condições de vida a que está submetido o povo venezuelano", disse Temer. A informação já havia sido antecipada pela Coluna do Estadão.

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As Forças Armadas atuarão no Estado até o dia 12 de setembro na faixa de fronteira Norte e Leste e nas rodovias federais.

Crise

Na fronteira com a Venezuela, o Estado de Roraima tem recebido imigrantes, que vêm em busca de alimentos e emprego. A cidade de Pacaraima é responsável por abrigar a maior parte dos refugiados. No último dia 18, houve conflito entre refugiados e brasileiros.

O Ministério Público do Estado de Roraima  entrou com uma ação civil contra o governo do estado e a Secretaria Estadual de Educação pedindo a regularização da distribuição de merenda escolar para os alunos do ensino fundamental das escolas estaduais de Boa Vista e Cantá.

 "A falha no fornecimento de merenda é algo grave e requer medidas urgentes por parte do governo, uma vez que a alimentação escolar adequada é indispensável ao processo de aprendizagem dos alunos”, declarou a promotora de Defesa da Educação, Érika Michetti.

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Por meio de nota, o MPRR informou ter tomado conhecimento do caso a partir de uma denúncia formalizada na Promotoria de Justiça de Defesa da Educação. Constava na reclamação que gestores das escolas estariam usando recursos pessoais para complementar a merenda oferecida aos estudantes.

O MPRR constatou, após inspeção no Departamento de Apoio ao Educando (DAE), que no local havia “uma pequena variedade de produtos e todos em quantidade insuficiente para suprir a demanda de um único dia, acaso viessem a ser distribuídos corretamente a todas as escolas”.

“Além da falta de fornecimento da merenda escolar, os alunos vêm consumindo alimentos que, certamente, fogem aos padrões ideais conferidos pelos profissionais habilitados. Essa omissão do Poder Público poderá ocasionar sérios prejuízos aos estudantes”, argumentou, por meio de nota, a promotora.

A ação foi protocolada no último dia 24 de agosto na Vara da Infância e da Juventude. Caso a Justiça acolha o pedido do MPRR, o estado poderá ser obrigado a fornecer, imediatamente e de forma regular, a merenda a todos os alunos do ensino fundamental da rede estadual de ensino, sob pena de multa diária no valor de R$ 1.000 por escola.

 

Um grupo de 41 voluntários médicos, enfermeiros e técnicos de laboratório ligados aos hospitais universitários federais vinculados à Rede Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) participa desta segunda-feira (27) até o próximo dia 1º de uma ação médico-humanitária na capital Boa Vista e na cidade de Pacairama, na fronteira com a Venezuela.

Eles embarcaram em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), que decolou da Base Aérea de Brasília na manhã desse domingo (26). Entre os voluntários está a médica ginecologista Gizeli de Fátima Ribeiro dos Anjos, de Uberlândia, em Minas Gerias.

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Ela disse que sempre quis participar de uma ação desse tipo. “A ajuda humanitária faz parte da nossa profissão e acredito que eles estão precisando muito. Espero levar um pouco de medicina e, também, muitas palavras de carinho nesse momento difícil”. Os profissionais vão oferecer atendimento nas especialidades de ginecologia, obstetrícia, pediatria, infectologia, oftalmologia para os venezuelanos que estão na região.

É a Operação Acolhida, que é coordenada pela Casa Civil da Presidência da República e envolve os ministérios da Defesa, Saúde, Desenvolvimento Social, Educação, Trabalho e Emprego, Forças Armadas, Organização das Nações Unidas (ONU), além da Polícia Federal.

O vice-presidente da Ebserh, Arnaldo Medeiros, informou que a Ebserh realiza anualmente uma ação desse tipo. Segundo ele, este ano Roraima foi o destino escolhido devido ao elevado número de imigrantes venezuelanos que têm cruzado a fronteira com o Brasil. “Sem o apoio da Casa Civil e da Força Aérea, essa ação não seria possível. Estamos recebendo todo o apoio aqui”, disse.

Em Boa Vista, as ações serão voltadas aos venezuelanos que ocupam os abrigos na cidade, e em Pacaraima, haverá vacinação para os imigrantes. São previstas ações educacionais preventivas em saúde, exames, testes para Hepatites B, C, HIV e VDRL, glicemia, verificação de pressão arterial, citologia de colo de útero, orientação sobre escovação dentária, prevenção e orientação sobre parasitoses intestinais, orientações sobre nutrição, consultas e orientações da oftalmologia, orientações para gestantes e amamentação, dentre outros procedimentos.

Os insumos e materiais a serem utilizados para a ação foram disponibilizados pelos hospitais universitários federais da Rede Ebserh e Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS-MS).

Ebserh

Estatal vinculada ao Ministério da Educação, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) atua na gestão de hospitais universitários federais. O objetivo é, em parceria com as universidades, aperfeiçoar os serviços de atendimento à população, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e promover o ensino e a pesquisa nas unidades filiadas.

*Com informações da Força Aérea Brasileira (FAB)

Uma cidade pacata e de migrantes. É assim que muitos classificam Pacaraima, pequeno município do norte de Roraima, que se tornou nos últimos dias palco de tensão e conflito em torno da questão migratória. O pequeno município tem chamado a atenção para sérios problemas causados pelo abandono social e pela intolerância de alguns contra imigrantes venezuelanos.

A cidade ganhou visibilidade nacional e internacional quando começou a receber levas de venezuelanos fugindo da fome, da insegurança e das doenças causadas pela grave crise político- econômica que aflige o país de origem. O conflito ocorrido há uma semana retomou as atenções de todo o mundo para a cidade.

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Não é a primeira vez que Pacaraima se torna o epicentro de uma tensão. Por estar situada inteiramente em área indígena (Reserva São Marcos), Pacaraima é o único município do Brasil que não tem seu perímetro urbano regularizado, característica que também atraiu para a cidade alguns contratempos.

Entre 2005 e 2009, o entorno de Pacaraima foi palco de protestos organizados por arrozeiros e outros moradores da região contrários à demarcação contínua da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol, que alcança a área leste do município. A demarcação estabeleceu que os fazendeiros e não índios deixem as terras indígenas, determinação que gerou conflitos na área.

Muitos fazendeiros foram para outros estados, mas o assunto ainda divide opiniões no município, inclusive entre lideranças indígenas. A solução para delimitar a área do município e desmembrá-la das reservas indígenas ainda é acordada entre a prefeitura, integrantes do governo federal e representantes dos índios.

De acordo com o professor João Carlos Jarochinski, um dos coordenadores do Programa de Mestrado em Sociedade e Fronteira Universidade Federal de Roraima (UFRR), o debate gira em torno da possibilidade de assegurar um espaço urbano de Pacaraima para a população não indígena.

“Pacaraima sempre foi uma área tensa por outros aspectos. O primeiro ponto que chama a atenção é que você não tem uma definição jurídica do município, o que, do ponto de vista de propriedade, é bastante problemático e dificulta a própria intervenção do Estado na área, na construção de espaços e de uma estrutura urbana mais adequada”, afirmou Jarochinski.

Focos de tensão

Por estar localizada na fronteira e em um estado rico em minérios e outros recursos naturais, ao longo de seus 23 anos de história Pacaraima enfrentou algumas situações relacionadas ao garimpo e ao combustível, recurso do qual depende da Venezuela, onde é possível abastecer pagando em média R$1,40 pelo litro da gasolina. O único posto de gasolina que abastece a cidade é venezuelano e muitas vezes está fechado.

“A migração sempre ocorreu ali e sempre teve atividades que beiravam a ilicitude. É um município que pouco oferece à população. Nele, você tem contrabando de combustível da Venezuela para o Brasil, uma atividade de alto risco, e a questão do garimpo. É uma área de base, de assistência para o garimpo, que, inclusive, se desenvolve de forma bastante efetiva na Venezuela”, completou o professor.

A questão energética também gera uma certa tensão na fronteira, uma vez que dois terços da energia de Roraima é fornecida pela Venezuela. Se há qualquer empecilho de ordem diplomática, como o recente embargo dos Estados Unidos aos pagamentos estrangeiros à Venezuela, entre eles os recursos brasileiros pagos pela energia vinda da Venezuela, a tensão recai sobre os moradores das áreas de limite entre os dois países.

“O próprio aspecto de ser fronteira gera um quadro de tensão, ainda mais que a gente tem uma ideia muito negativa de fronteira, sempre associada a assuntos negativos, como criminalidade, o que impacta na própria ideia de exclusão da comunidade”.

Perfil

Cercada por muitas serras e mais de 50 comunidades indígenas, a sede de Pacaraima tem cerca de seis mil habitantes e outros seis mil espalhados em vilas e aldeias de índios de diferentes etnias. Situada no ponto mais alto de Roraima, a 920 metros de altitude, a cidade tem um clima fresco e agradável, bem diferente da capital Boa Vista, a pouco mais de 200 km de distância.

A aglomeração em torno do garimpo foi um dos fatores que motivou a formação da então Vila BV-8, em meados da década de 20, além da presença do Exército na área para controlar o fluxo na fronteira. O município foi criado oficialmente com o nome de origem indígena em 1995.

Hoje, a principal fonte de renda da cidade é o serviço público e o comércio, que vive momentos de boom e crescimento, outros de instabilidade e dependente de oportunidades ou crises que atravessam a fronteira. A atividade agropecuária também tem participação importante na economia da região, com a criação de gado de corte, produção de polpa de cupuaçu, mandioca, farinha e milho, bases da alimentação indígena.

Segundo o secretário municipal de Agricultura, Turismo e Meio Ambiente, Marcelo da Silva, a cidade também tem potencial para desenvolver o turismo ecológico e cultural.

Para Marcelo, o objetivo é dar uma fonte alternativa de renda para os indígenas e, desse modo, diminuir a dependência de atividades agropecuárias que geram mais impactos ambientais, além da disseminação da diversidade ambiental e da tradição indígena fortemente presente na região.

Renda e aspectos sociais

Conforme o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o salário médio dos trabalhadores formais em Pacaraima é de R$ 1,8 mil. Quase metade da população (46,5%) tem renda mensal inferior a um salário-mínimo e apenas 4,3% é ocupada.

O Produto Interno Bruto (PIB) per capita (soma de todos os bens dividida pelo número de habitantes) é de R$ 12,3 mil. O índice de desenvolvimento humano (IDH) municipal é de 0,650, valor considerado médio pelas Nações Unidas, em uma escala que vai de 0 a 1.

Os dados mais recentes do IBGE mostram ainda que a taxa de mortalidade infantil é 14,5 a cada 100 mil nascidos vivos, índice considerado baixo pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Apenas 21% do município tem esgotamento sanitário adequado e na educação, 93% das crianças de 6 a 14 anos estão escolarizadas.

Exatamente uma semana depois dos protestos que culminaram em atos violentos entre brasileiros e imigrantes venezuelanos, os moradores de Pacaraima, cidade do norte de Roraima que faz fronteira com a Venezuela, fizeram nova manifestação neste sábado (25). Segundo moradores da cidade, desta vez participam do protesto imigrantes venezuelanos e indígenas brasileiros que pedem apoio da Organização das Nações Unidas (ONU) e investimentos do governo federal na cidade.

O local do manifesto foi novamente a rua principal do comércio de Pacaraima, ponto de maior movimento da cidade. Também houve foco de protesto nas imediações da rodoviária, na BR-174, porta de entrada dos venezuelanos recém-chegados ao município brasileiro. Não há relatos de nenhum incidente.

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Para quem chega da Venezuela, a rua do comércio de Pacaraima é praticamente a primeira a ser vista pelos visitantes. É nela que ficou marcada a imagem dos últimos anos de centenas de famílias venezuelanas perambulando, pedindo ajuda ou simplesmente sentadas à beira do caminho.

Nessa rua teve início o protesto de moradores na semana passada contra a agressão a um comerciante idoso assaltado e espancado por assaltantes venezuelanos. A manifestação avançou pela rodovia, onde grande parte dos imigrantes ficava aglomerada, e culminou em atos violentos entre brasileiros e venezuelanos que estavam em situação de rua.

Enquanto a Polícia Civil de Roraima ainda investiga o que aconteceu no último sábado, o fato tornou-se um marco na história de Pacaraima. Em apenas uma semana, o clima mudou na cidade, e o drama dos imigrantes que ali se instalaram ganhou páginas de jornais do mundo todo.

Há nove anos vivendo em Pacaraima, o padre espanhol Jesús López Fernández de Bobadilla relata que os desdobramentos do conflito entre brasileiros e venezuelanos representam um dos maiores desafios de sua vida. O pároco da cidade avalia que não se pode confiar na aparente calma da cidade, porque ainda há omissão do poder público e um clima de intolerância contra estrangeiros.

“Aparentemente há uma calma, mas é uma calma fictícia, falsa, enganosa. Não confio nada nela porque a violência continua no espírito das pessoas. Sempre digo que compreendo este vulcão que lança sua lava, mas não se justifica. Em alguns dias, não mudou nada. A raiva, a ira contra venezuelanos continuam. Aparentemente está oculta, mas a qualquer momento vai reaparecer. Isso vai depender das ações que a partir de agora o governo federal e as polícias mantiverem”, analisa.

O padre lamenta que a ação violenta tenha desembocado em pessoas inocentes, como crianças. Ele ressalta também que faltaram medidas que pudessem evitar o crescimento da xenofobia. “Essa ira deveria ser dirigida contra a passividade das autoridades. Confio em que o bom juízo e a cidadania voltem e cesse a violência dos dois lados. Porque, também da parte dos venezuelanos, há violências. Não cumprem nossas leis, há muito roubo, prostituição, drogas. E isso tudo desencadeia [violência]”, diz.

Desde a intensificação do fluxo migratório de venezuelanos para Pacaraima, o pároco da cidade atua na assistência social aos estrangeiros mais necessitados. Além de auxiliar na acolhida das famílias peregrinas, a paróquia oferece diariamente um café da manhã para os refugiados. Ali também são doadas roupas e outros itens de necessidade básica.

“Não houve medidas paliativas para conter essa violência por parte das autoridades ou foram muito escassas. De todo dinheiro que chegou aqui em favor dos venezuelanos, por que não destinou uma parte também para as necessidades dos pobres brasileiros? Essa é uma queixa que está no ar, na rua, e eu compartilho também. Houve também falta de integração de todas as instituições, a Igreja Católica incluída, para favorecer esta parte dessa população que se queixou”, comenta.

Segundo o representante da Associação Comercial de Pacaraima, João Kleber Soares, os protestos do fim de semana passado começaram de forma pacífica devido à revolta da população de Pacaraima com a agressão cometida contra o comerciante idoso na semana passada e os impactos negativos da migração venezuelana sobre a cidade.

Soares relata que pelo menos 80% dos comerciantes da cidade foram vítimas de assaltos, furtos ou arrombamentos desde 2015. Alguns dos casos foram registrados inclusive depois dos conflitos que motivaram a expulsão e fuga de milhares de venezuelanos de Pacaraima na última semana.

O comerciante conta que a manifestação estava tranquila até que alguns venezuelanos em situação de rua teriam se ofendido e reagido contra a passeata. Imagens feitas por Cléber também mostram brasileiros agredindo os venezuelanos com paus, pedras e ateando fogo nos locais de acampamento dos refugiados.

“Nós não pudemos julgar a pessoa por onde ela nasce e tampouco condenar ninguém. A manifestação que eu vi lá não foi contra venezuelano, nem pra expulsar quem quer que seja. A manifestação foi em busca dos direitos dos cidadãos brasileiros, que também são seres humanos”, afirma Soares.

Os moradores relatam que a força policial não está intimidando os atos criminosos e que o reforço no policiamento não foi suficiente para dar sensação de segurança. Muitos ainda temem que a situação não se resolverá tão cedo, por causa da disputa política em torno do problema. “Existe aí uma disputa de poderes entre a esfera federal e a esfera estadual, que estão em campanha [eleitoral]”, relata Soares.

Entre diferentes perfis de moradores, profissionais e autoridades da cidade ouvidos pela reportagem, é unânime a sensação de que o problema da segurança tem se agravado na região. Uma autoridade policial relatou à Agência Brasil que têm ingressado no país muitas pessoas com antecedentes criminais e falta filtro do serviço de inteligência da fronteira, principalmente do lado venezuelano.

Os principais flagrantes na fronteira da cidade são descaminho, contrabando, tráfico de armas e drogas. Há ainda a confirmação de que integrantes de dois grandes grupos do crime organização – Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho – continuam atuando na região, aliciando imigrantes e alimentando o tráfico.

Questionado sobre esta questão pela Agência Brasil, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, em visita a Pacaraima, disse que o ministério reforçou os recursos e o contingente de policiais que atua na região. Ele disse que o governo está adotando medidas para agilizar a interiorização dos imigrantes para evitar que eles fiquem expostos na fronteira.

“Infelizmente, esse processo de aliciamento das grandes facções não acontece só aqui em Roraima, mas evidentemente estamos preocupados com isso. Daí o reforço que estamos fazendo na Polícia Federal e também na Força Nacional é a reposta que damos a esta situação”, declarou o ministro.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cláudio Lamachia, disse neste sábado (25) que a penitenciária de Monte Cristo, em Roraima, pode ser palco da “próxima grande tragédia nacional” caso as autoridades brasileiras não dediquem “atenção prioritária” ao sistema prisional do estado.

Após vistoria feita pela OAB nacional ao presídio, Lamachia divulgou nota afirmando que o estado perdeu “completamente” o controle sobre a unidade prisional. Segundo ele, a situação é preocupante e carece de ações conjuntas entre os governos federal e estadual.

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Em janeiro do ano passado, a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo foi palco de uma grande rebelião que deixou 33 detentos mortos.

“É inaceitável a disputa travada neste momento entre o governo federal e o de Roraima sobre quem deve responder pelas soluções urgentes para a crise que prejudica a população estadual”, disse Lamachia. Ele ressaltou que a “grave crise” pela qual passa a região, com o fluxo migratório de venezuelanos em direção ao Brasil, é humanitária mas “também de segurança e de saúde pública”.

“As autoridades precisam pedir permissão para os líderes das facções criminosas para cumprirem suas funções mais elementares como levar detentos a audiências ou cumprir alvarás de soltura, assim como quando os advogados precisam ter acesso a seus clientes. Ou seja: a penitenciária de Monte Cristo é uma bomba relógio prestes a explodir enquanto as autoridades fazem um jogo de empurra-empurra”, declarou o presidente da OAB.

No comunicado, Lamachia ressaltou que a questão do sistema prisional deve ser tratada como prioridade, no mesmo nível da “crise migratória e o possível apagão energético” em Roraima. “A situação serve também de gancho para que, de uma vez por todas, os candidatos à Presidência da República comecem a apresentar propostas concretas para a área de segurança pública, que deve ser prioridade do próximo governo”, complementou.

Após reunião hoje (24) com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, e a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse que a crise prisional em Roraima foi discutida no encontro porque “recursos do Fundo Nacional Penitenciário foram repassados ao estado e desviados”.

Segundo ele, a reunião serviu para buscar uma saída emergencial para Roraima. “Não é possível continuar aquela situação de crise e temos que encontrar uma saída para resolver o problema que se deu pela judicialização dos recursos. Os recursos foram enviados, estão no estado, mas uma parte dos R$ 40 milhões enviados foi desviada, não sabemos quanto, o que agravou a crise que temos lá”, disse Jungmann.

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De acordo com o ministro, o desvio de recursos impediu a construção de uma unidade prisional. “Obviamente, ao acontecer isso, agravou a questão do sistema penitenciário e da segurança no estado”, afirmou.

Situação grave

Em entrevista após a divulgação do balanço parcial da Operação Cronos, de combate ao feminicídio e homicídio em todo o país, Jungmann disse que, no momento, o Poder Executivo não está pensando em intervenção federal no estado. “Eu não posso descartar porque há outros poderes que também podem solicitar [a intervenção]”, afirmou.

“É uma situação muito grave porque não está se conseguindo cumprir as oitivas, ou seja, a audiência que tem que se fazer com os presos, porque os presos, em algumas dessas unidades, impedem a identificação daqueles que devem ser ouvidos pela Justiça”, acrescentou.

Segundo Jungmann, a medida de bloqueio dos recursos para a construção da unidade prisional em Roraima foi pedida pelo Ministério Público com a anuência do Poder Judiciário. “Há ilegalidade, há um crime que está sendo apurado”.

Em janeiro do ano passado, ocorreu uma grande rebelião na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Roraima com 33 detentos mortos.

Em visita a Pacaraima, município de fronteira que tem recebido centenas de imigrantes venezuelanos, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou que, no momento, não há possibilidade de liberação de novos recursos para o governo de Roraima. Segundo ele, o estado ainda não gastou toda a verba disponibilizada pelo governo.

“O governo do estado tem R$ 70 milhões que ainda não gastou na área da saúde. Além disso, o governo teve o apoio de todo esse aparato em recursos humano procurando construir abrigos e equacionar essa questão”, disse Jungmann.

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“Você tem duas atitudes perante essa dificuldade que nós estamos vivendo: uma é ver as falhas e procurar resolver isso, dar as mãos. Uma outra postura é procurar dividendos em uma crise e eu não acho isso nenhum pouco saudável. Vamos continuar procurando atender, superar falhas e problemas porque acredito que isso é uma forma construtiva”, destacou.

O ministro chegou por volta das 13h30 para visitar as instalações dos serviços emergenciais prestados aos imigrantes venezuelanos que pretendem solicitar refúgio ou residência temporária no Brasil.

Jungmann conversou com alguns refugiados, ouviu pedidos de ajuda para que o governo garanta condições de trabalho, abrigo e dignidade.

Pacaraima está no centro de uma crise na fronteira com a Venezuela. No último fim de semana, moradores de Pacaraima atacaram barracas e abrigos de venezuelanos, ateando fogo e provocando o retorno de 1,2 mil imigrantes para o país vizinho. Após o ocorrido, o governo enviou uma comissão interministerial para avaliar a situação.

Recursos

Ontem (22) o ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Sérgio Etchegoyen, disse que dos R$ 185 milhões liberados pela União para o governo de Roraima e prefeituras do estado investirem na área da saúde, R$ 70 milhões ainda estão disponíveis.

Sobre o pedido do governo de Roraima para arcar com as despesas de quase R$ 200 milhões que o estado já teve com a chegada em massa dos venezuelanos na região de Pacaraima, Etchegoyen disse que “não há por quê” colocar mais dinheiro agora porque o governo federal já enviou recursos à região.

Após os conflitos em Pacaraima (RR), em que venezuelanos foram atacados, tiveram barracas e pertences queimados por moradores, caiu o movimento de imigrantes na fronteira entre Roraima e Santa Elena de Uairen, na Venezuela. Na cidade, o número de imigrantes também diminuiu e nos arredores da rodoviária, onde houve a tensão, tudo está vazio.

Nos últimos dois anos, a Polícia Federal registrou a entrada de quase 130 mil venezuelanos no Brasil por Pacaraima. Até o fim de junho, cerca de 70 mil imigrantes haviam saído por via terrestre ou aérea e não constavam registros de pelo menos 58 mil venezuelanos.

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Vazio

A entrada do Posto de Recepção e Identificação montado pela Operação Acolhida está praticamente vazia: desapareceram as longas filas de venezuelanos à espera de uma permissão para residência ou refúgio no Brasil. No local há poucos interessados que são atendidos de forma imediata.

Pelos dados do posto, eram aproximadamente 700 atendimentos diários para registro e vacinação. Desde o último fim de semana, pouquíssimos têm aparecido no posto.

A ausência de venezuelanos é observada ainda nas ruas e no comércio de Pacaraima, antes lotados de  imigrantes sem abrigo. Muitos ficavam perambulando, enquanto outros se transformavam em vendedores ambulantes. O local onde houve os conflitos está vazio.

No último sábado (18), um grupo de brasileiros agrediu com paus e pedras e ateou fogo a venezuelanos que estavam acampados em frente à rodoviária. O conflito começou após um comerciante ter sido assaltado e espancado, supostamente por imigrantes.

Perfil

No Centro de Triagem do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), o fluxo continua estável, uma vez que os solicitantes de documentação já tinham senha de atendimento há alguns dias. De acordo com os agentes, os reflexos do incidente do último sábado serão observados nas próximas etapas da Operação Acolhida, nas próximas semanas.

O ministro de Segurança Pública, Raul Jungmann, deve visitar hoje (23) o centro de triagem e os outros serviços emergenciais de assistências aos imigrantes.

Nos últimos dois meses, o centro atendeu quase 8 mil pessoas, uma média de 126 por dia. Segundo dados do Acnur, entre os imigrantes recém-chegados a Roraima, mais de 60% solicitam refúgio, 39% pedem residência temporária e 2% requerem apenas a emissão de CPF. Mais de 70% querem ir para outras regiões do país, principalmente Boa Vista.

Casos de pessoas envolvidas em situações de perigo, como tráfico de pessoas, aliciamento, abuso sexual, violência de gênero e outro tipo de criminalidade são apurados durante as etapas da Operação Acolhida.

Os solteiros representam mais da metade dos imigrantes, 27% estão em união estável e 15% são casados. Considerando o nível educacional, 58% completaram o ensino médio, 13% são universitários e outros 13% têm o ensino fundamental.

Durante a triagem é avaliada ainda a identificação de pessoas em situação de vulnerabilidade extrema. O relatório do Acnur mostra que cerca de 5% apresentam necessidades específicas - entre eles há pessoas com deficiência, grávidas, idosos desacompanhados, famílias monoparentais, portadores de doenças graves e crianças separadas dos pais.

Casos de pessoas envolvidas em situações de perigo, como tráfico de pessoas, aliciamento, abuso sexual, violência de gênero e outro tipo de criminalidade são apurados durante a Operação Acolhida.

Por volta das 18h30 dessa terça-feira (21), um tremor fez trepidar vidraças, balançar móveis e bambear pontos de táxi na cidade. Assustados, brasileiros e venezuelanos correram para ruas e, cena incomum nos últimos dias, ficaram reunidos por alguns instantes. "Era só o que faltava em Pacaraima", comentou um morador da cidade que fica na fronteira com a Venezuela.

O tremor durou poucos minutos e logo os presentes voltaram às reclamações habituais. Recentemente, Pacaraima, no norte de Roraima, tem vivido dias de nervos à flor da pele. A tensão, provocada por troca de acusações entre brasileiros e imigrantes venezuelanos, teve o estopim no sábado, quando um grupo soltou bombas caseiras, destruiu objetos e incendiou barracas de refugiados que acampavam na rua.

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Cerca de 1,2 mil venezuelanos decidiram voltar para o país depois do episódio e o número de refugiados que cruzam a fronteira caiu de 1,2 mil por dia para 300. Mas autoridades e a polícia local demonstram preocupação sobre possíveis novos conflitos. Por causa do risco, cerca de 60 integrantes da Força Nacional começaram a patrulhar a cidade ontem. "Você viu algum policial aqui no centro? Tudo que eles anunciam é para os venezuelanos", reclamou um brasileiro, sem se identificar. Na cidade, a maioria chama o episódio de "protesto", "confusão" ou "aquela bagunça lá". Após críticas e acusações de xenofobia, muitos preferem o anonimato. À tarde, o Estado viu duas viaturas da Força Nacional nas ruas do centro.

Entre os brasileiros, o principal argumento é o de que os venezuelanos estariam provocando um onda de violência na região, além de dispor de suposta prioridade em unidades de saúde e de assistência. "Aqui antes era bem tranquilo, agora eu tenho medo de sair à noite", disse o comerciante Jaciento Silva, de 43 anos, que nunca foi assaltado, mas recebe quase diariamente no WhatsApp mensagens de supostos crimes dos imigrantes.

Pacaraima tem pouco mais de 12 mil habitantes e vem recebendo fluxos de imigrantes desde 2015. A situação se agravou no ano passado. "A maior parte da nossa população mora em terra de demarcação indígena. Na área urbana mesmo tem uns 5 mil, então os venezuelanos tomaram conta", afirmou um comerciante, que também pediu para não ser identificado. Em mercados, restaurantes e hotéis, muitos funcionários são estrangeiros que conseguiram ser acolhidos no município. Outros tantos, no entanto, estão desempregados e passam a tarde sentados na calçada, olhando o movimento.

O próprio conflito de sábado foi motivado por um assalto em que a vítima foi roubada e torturada - e reconheceu os agressores como sendo venezuelanos. Depois disso, já não se vê mais as barracas com imigrantes que tomavam as ruas de Pacaraima. "Fizemos uma limpeza", é o comentário mais frequente entre os moradores. "Foi uma grande humilhação", rebateu a venezuelana Jaqueline Astudillo, de 35 anos, que exibe um vídeo mostrando que havia cesta básicas entre os itens queimados no ataque. "Por que você não vai perguntar o que aconteceu para um brasileiro?", reclamou um morador que, observando a conversa, passou a gravar a reportagem com o celular. Questionado se queria dar sua versão, declinou.

Na sequência, houve aglomeração. Um policial militar desembarcou de uma motocicleta e intercedeu. "Aqui (em Pacaraima) está uma tensão muito grande. Eu estou com vergonha da xenofobia das pessoas. Eu mesmo sou da Paraíba, imigrante, por que vamos tratar os outros assim?"

Bancos vazios

Pela manhã, era incomum o cenário na tenda da Operação Acolhida, equipamento do Exército para receber e fazer a triagem dos venezuelanos. Em vez das costumeiras filas de refugiados, havia diversos bancos de espera vazios. Segundo agentes do local, o fluxo caiu de forma brusca desde o conflito. "Queimaram todos os meus documentos, só me sobrou a roupa do corpo", diz o engenheiro de sistemas Raul León, de 36 anos, um dos venezuelanos atacados no sábado. Havia cruzado a fronteira na véspera. "A triagem demorou mais de um dia."

León saiu da Venezuela para fugir de desemprego, da falta de comida e de remédios. "Já passei três dias sem comer." Após as agressões de sábado, León pensou em voltar. "Senti medo, mas depois as coisas foram se acalmando", relata.

Ao lado da mulher e de cinco filhos - a mais nova de 2 anos e o mais velho de 12 -, o comerciante Gregorio Bello, de 37 anos, estava com a passagem comprada para o Brasil quando recebeu a notícia do incêndio no acampamento. "Não podia devolver (a passagem), então pensei: Vamos em nome de Deus." O desejo, segundo conta, é chegar a Boa Vista e conseguir matricular as crianças na escola. "Até o momento, os brasileiros me atenderam muito bem", diz. "Espero que dê tudo certo." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.P

Com o objetivo de intensificar o processo de interiorização de refugiados pelo País, o governo federal quer realizar, até o final do mês, a transferência de mil venezuelanos de Roraima para outros Estados. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa do Ministério da Casa Civil na noite desta terça-feira, 21.

O número foi acertado pela comissão interministerial enviada ontem pelo governo a Roraima para buscar soluções para a crise deflagrada no último final de semana, quando venezuelanos foram atacados por brasileiros. A definição das cidades que receberão os migrantes na próxima semana será alinhada a partir desta terça, com o retorno da comissão a Brasília.

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Até o momento, de acordo com dados da Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), 820 migrantes já foram enviados para outras regiões do País desde abril. Após os conflitos recentes, a ideia do Palácio do Planalto é passar a transferir, em média, 600 por mês. Para isso, será preciso identificar junto às secretarias municipais e Organizações Não Governamentais (ONG's) locais com capacidade para abrigar os venezuelanos.

Em reunião realizada no último final de semana com o presidente Michel Temer, ficou decidido o envio de mais 120 homens da Força Nacional a Roraima, que vão se juntar aos 31 policiais que já estão no Estado. Além disso, o governo federal anunciou, por meio de nota, o reforço de 36 voluntários na área de saúde.

Pressão

Após os conflitos entre brasileiros e venezuelanos, aumentou a pressão sobre o governo pelo fechamento da fronteira entre os países, no estado de Roraima. O impasse na região virou alvo de disputa política.

Na segunda-feira, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (MDB-RR), sugeriu ao presidente Michel Temer o bloqueio da entrada na fronteira de forma temporária. Jucá também anunciou à imprensa que apresentará uma proposta ao Senado para estabelecer "cotas" para a entrada de migrantes no País. O senador, candidato à reeleição, aparece em terceiro lugar em pesquisa de intenção de voto divulgada pelo Ibope.

De outro lado, a governadora do Estado, Suely Campos (PP), que é adversária política de Jucá, já vinha pedindo o fechamento da fronteira nas últimas semanas e protocolou na segunda-feira novo pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ela tem acusado o governo de omissão diante da situação no Estado. A governadora apresenta altos índices de rejeição nas pesquisas de intenção de votos.

Até o momento, o governo está resistindo às ofensivas, mas passou a considerar a possibilidade apresentada por Jucá para medir a reação da população e, só então, tomar uma decisão. Seria uma espécie de balão de ensaio, segundo uma fonte que participou das discussões.

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