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A ocorrência de centenas de casos confirmados de sarampo em Manaus e Roraima e a morte de um bebê em Manaus deixaram o país em alerta. Outros três estados - Rio Grande do Sul, Rondônia e Rio de Janeiro - também já registraram pacientes com diagnóstico positivo para a doença.

O Brasil não registrava casos desde 2014 e a volta da doença preocupa. O sarampo já foi uma das principais causas de mortalidade infantil no país e pode deixar sequelas neurológicas. O vírus provoca manchas vermelhas no corpo, febre alta, tosse, coriza, conjuntivite e pontos brancos na mucosa bucal.

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A vacina contra o sarampo está disponível na rede pública. A mais comum é a Tríplice Viral, que protege ainda contra rubéola e caxumba. A Tetra Viral fornece ainda proteção adicional contra a varicela. São indicadas duas doses em um intervalo de um a dois meses. Em crianças, o intervalo deve ser um pouco maior, sendo a primeira dose entre os primeiros 12 e 15 meses de vida.

A reportagem da Agência Brasil conversou com a médica Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), para tirar dúvidas sobre a transmissão da doença, vacinação e como evitar. "Vacinar e combater a circulação do vírus não é só um ato individual, é um ato de solidariedade e de responsabilidade coletiva", destaca a médica.

Como se pega o sarampo? 

"O vírus é facilmente transmissível. A doença se dissemina de forma similar à gripe, por vias respiratórias, através de um espirro, tosse, beijo e também pelas mãos. Então, é fácil ocorrer um surto de sarampo. Ele se alastra rapidamente."

Quais os riscos para quem contrai?

"Em caso de suspeita, a pessoa precisa procurar uma unidade de saúde. Ela não deve usar medicamentos por conta própria. O sarampo não tem tratamento e o papel do sistema de saúde é dar suporte à pessoa. Pode ocorrer necessidade de hospitalização, mas é raro. Na maioria dos casos, o paciente fica em casa. Mas quadros graves ocorrem e a doença pode inclusive levar à morte."

Como se proteger?

"A única maneira eficaz é através da vacina. Crianças, adolescentes e adultos devem se imunizar não apenas para se protegerem, mas para proteger também os que não podem se vacinar e que são os que correm o maior risco de complicações e de terem quadros que evoluem ao óbito. Estamos falando de pessoas com câncer, pessoas que vivem com HIV e estão imunodeprimidas, pessoas que estão fazendo quimioterapia ou outro tratamento com drogas que causam imunossupressão."

Quem já teve sarampo precisa se vacinar?

"Não. Quem tem certeza que teve a doença não precisa. O sarampo não ocorre duas vezes."

Quem não se lembra ou não sabe se foi vacinado precisa se vacinar?

"Quem não tem certeza, mesmo que ache que já tenha se vacinado, deve se vacinar. Se não tem a carteirinha que comprove a vacinação, não há nenhum prejuízo para a saúde do indivíduo receber uma nova dose."

Onde se vacinar?

"Em postos de saúde espalhados pelas cidades. O Ministério da Saúde disponibiliza a vacina há muito tempo. Não é uma novidade. Se todos tivessem seguido o calendário de vacinação, talvez não estivéssemos passando por esta situação. É importante destacar que a vacina não é só para a criança. O adulto pode ser o responsável pelo início de um surto no país ou na sua região. Apenas uma minoria que recebe as duas doses não cria imunidade. São cerca de 2%. Mas se toda a população estiver vacinada, essas pessoas também estarão protegidas.

Caso não tenham se vacinado na infância, pessoas com até 29 anos conseguem obter duas doses da vacina na rede pública. Já entre 30 e 49 anos, recebem uma dose apenas. A SBIm, do ponto de vista individual, recomenda as duas doses em qualquer idade para pessoas que ainda não tenham sido imunizadas. Mas o Ministério da Saúde opta por não vacinar maiores de 50 anos, porque a maioria das pessoas dessa faixa etária teve o sarampo na infância."

Há alguma situação em que a vacina não é recomendada, por exemplo, após o consumo álcool ou drogas?

"Situações de vida comum, como o consumo de álcool, não contraindicam a vacinação. Uma das contraindicações é relacionada com as situações de imunodepressão. Grávidas não podem ser vacinadas. Para que estas pessoas fiquem protegidas, as demais precisam se vacinar." 

Qual estação do ano ocorre mais transmissão da doença?

"Antigamente, o sarampo tinha maior ocorrência na primavera. Hoje, o que podemos dizer é que ambientes fechados ampliam as chances de disseminação das doenças que são transmitidas por via respiratória".

Como está o cenário atual?

"A preocupação é grande. Se não tomarmos as medidas necessárias e as pessoas não forem se vacinar, podemos ter de volta a circulação do vírus do sarampo no país. Temos atualmente surtos secundários decorrentes da importação do vírus. O que não podemos é ter a circulação do vírus sem controle. De 2000 a 2013, tivemos casos pontuais e todos importados. Não tivemos surtos. Em 2013, importamos o vírus, provavelmente da Europa, e tivemos surtos no Ceará e em Pernambuco. De 2014 pra cá, não tivemos mais casos. Em 2016, recebemos o certificado de erradicação da circulação do vírus do sarampo no país. E agora, em 2018, fomos surpreendidos pela importação da Venezuela. E temos uma preocupação grande quando vemos, por exemplo, casos em Porto Alegre, onde o vírus foi trazido de Manaus".

Um surto de sarampo ataca indígenas yanomamis brasileiros e venezuelanos, informou neste sábado a direção de saúde indígena do norte do Brasil, que confirmou a morte de um bebê e 67 casos na fronteira com a Venezuela.

Do total de infectados, 60 são venezuelanos, detalhou Manoel Pereira, responsável técnico do programa de imunização do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami. A única morte registrada é a de um bebê brasileiro de nove meses. Outros nove casos estão sendo investigados.

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"Na Venezuela está faltando assistência médica, especialmente vacinação, situação que já dura anos. As pessoas afetadas com sarampo procuram assistência no Brasil, propagando o vírus", explicou Pereira.

A doença está atacando especialmente indígenas sanuma, um subgrupo da etnia yanomami que habita a região fronteiriça. Estima-se que 3.873 indígenas vivem na zona com maior número de notificações.

Os casos foram registrados entre março e junho. Há 34 dias não há notificações.

Mas Pereira ressalta que isto não significa que a situação esteja controlada. Funcionários de saúde brasileiros não podem entrar em território venezuelano para oferecer apoio médico devido à ruptura de acordos binacionais por diferenças entre os governos de Nicolás Maduro e Michel Temer, indicou o porta-voz, o que dificulta o apoio e a análise da situação na Venezuela.

"Não se trata apenas do sarampo, também é preocupante o avanço de outras doenças como malária, leishmaniose e pneumonia", disse à AFP por telefone.

Os indígenas demoram dias em longas caminhadas até o Brasil para receber assistência, ressaltou Pereira. "Eles chegam em estado grave, relatam que a situação [na Venezuela] é muito complicada, falam que há leishmaniose, pneumonia, malária, sarampo. Dizem que há muito óbito, mas são relatos verbais, não temos como documentar isso porque não há dados concretos", comentou.

- Ação de emergência -

"Este surto poderia ser catastrófico para os yanomamis", disse à AFP Sarah Shenker, pesquisadora sênior da organização de direitos humanos Survival International.

Shenker afirma que porta-vozes ligados aos indígenas denunciam mortes aparentemente relacionadas a casos de sarampo em território venezuelano.

"Pedimos aos governos venezuelano e brasileiro que ofereçam atenção médica de emergência para prevenir mais mortes, e que protejam as terras yanomamis de invasores. É a única maneira (...) de garantir sua sobrevivência".

O Brasil foi certificado em 2016 por erradicar o sarampo, mas este ano a doença voltou a aparecer. O Ministério da Saúde confirmou um surto em Amazonas e Roraima. Até 20 de junho, 463 casos (200 em Roraima, incluindo os indígenas, e 263 no Amazonas) foram confirmados.

Além do bebê yanomami, autoridades regionais confirmaram que três venezuelanos morreram devido ao sarampo em Roraima, estado limítrofe com a Venezuela e principal receptor do crescente fluxo de migrantes provenientes desse país.

Segundo estudos de laboratório, a cepa do vírus encontrado no Brasil é a mesma em circulação na Venezuela, país que sofre uma forte crise política e econômica com alta escassez de alimentos, produtos básicos e remédios.

O sarampo é uma doença contagiosa, de transmissão respiratória, causada por um vírus. Manchas vermelhas na pele, febre, tosse e conjuntivite são alguns dos sintomas.

Diante do risco da volta de doenças contagiosas graves consideradas erradicadas no Brasil - como sarampo e poliomielite -, o Ministério da Saúde decidiu mudar a estratégia de imunização. Vai retomar procedimento bem-sucedido nos 1980 e 1990: as campanhas específicas.

Este ano, de 6 a 31 de agosto, em vez da já tradicional campanha de multivacinação, o Brasil terá uma ação mais focada, contra a pólio e o sarampo. O investimento do ministério nas campanhas deste ano já passa dos R$ 30 milhões. "As baixas coberturas vacinais, principalmente em crianças menores de 5 anos, acenderam uma luz vermelha no País", informou o ministério, diante da lista de 312 municípios que estão com cobertura abaixo de 50% para poliomielite, como adiantou o Estado. Há também o reaparecimento de casos de sarampo em cinco Estados e em países vizinhos.

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Em 2017, todas as vacinas oferecidas gratuitamente ficaram abaixo da meta de 95% preconizada pela Organização Mundial de Saúde para o controle de doenças infecciosas. Em 2011, por exemplo, as coberturas para pólio e sarampo - consideradas graves - eram de 100%.

Oferta

Segundo o Ministério da Saúde e Biomanguinhos (principal fabricante das vacinas) não há problemas na produção nem na oferta dos imunizantes. Para a campanha deste ano, por exemplo, já estão disponíveis 15,5 milhões de doses da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e outras 11 milhões da pólio. Em Rondônia, por exemplo, o surto de casos de sarampo fez o governo antecipar a campanha de vacinação, que começou esta semana.

O problema, dizem autoridades e especialistas, não é a produção. "Quando doenças estão erradicadas, com elas vai o medo e a percepção do risco", diz a pediatra Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações. "Os pais das crianças de hoje nunca viram sarampo ou pólio; eles mesmos foram vacinados na infância."

Para Pedro Bernardo, da Interfarma (que reúne laboratórios privados de produção de vacinas), médicos e farmácias deveriam entrar mais nas campanhas. "E os planos de saúde deveriam cuidar dos beneficiários, focando na prevenção." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Rio de Janeiro registrou os dois primeiros casos de sarampo em 18 anos, informou nesta segunda-feira (9) a secretaria estadual de Saúde, depois que o vírus foi encontrado em outras regiões do Brasil.

A secretaria informou em comunicado que os pacientes são estudantes da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Na semana passada o Ministério de Saúde confirmou um surto de sarampo nos estados Amazonas e Roraima, ao norte do país, onde o vírus estava erradicado desde 2016.

Até 20 de junho, 463 casos (200 em Roraima e 263 em Amazonas) foram confirmados e 1.545 estão sendo investigados, segundo informou o Ministério em um boletim.

As únicas duas mortes por sarampo neste ano foram registradas Roraima, estado limítrofe com a Venezuela e principal receptor do crescente fluxo de migrantes provenientes do país. Justamente dois venezuelanos morreram no começo de 2018 por causa da doença.

Segundo os estudos de laboratório, a cepa do vírus encontrado no Brasil é a mesma em circulação na Venezuela, país que sofre uma forte crise com elevada escassez de alimentos, produtos básicos e medicamentos.

Segundo dados do Ministério da Saúde, até 11 de junho dois casos de sarampo foram confirmados entre ianomâmis brasileiros na mesma região fronteiriça e outros 24 casos em indígenas venezuelanos. Ainda há 61 casos em investigação.

A organização de direitos humanos Survival International emitiu um alerta: "Estas comunidades são as mais vulneráveis. Ajuda médica urgente é o único que se interpõe entre eles e a devastação", disse o diretor, Stephen Corry.

O sarampo é uma doença contagiosa, de transmissão respiratória, causada por um vírus. Manchas vermelhas na pele, febre, tosse e conjuntivite são alguns dos sintomas.

A vacinação do Brasil é permanente, mas o governo intensificou as operações pelos baixos índices recentes de imunização e reaparecimento da doença.

Dois pacientes do Rio de Janeiro tiveram diagnóstico de sarampo confirmados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), laboratório de referência do Ministério da Saúde. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (9) pela Secretaria Estadual de Saúde.

Os dois casos confirmados são alunos da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde, até o final da semana passada, havia 13 casos suspeitos de sarampo. Esses estudantes participaram de um encontro com jovens de vários estados brasileiros na cidade de Petrópolis, na região serrana fluminense.

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De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, as autoridades sanitárias da cidade do Rio ralizaram uma vacinação de bloqueio no dia 3 de julho, na Faculdade de Direito, localizada no centro da capital fluminense.

A Secretaria de Saúde ressaltou que a proteção contra o sarampo faz parte das vacinas Tríplice Viral e Tetra Viral, disponíveis conforme calendário de vacinação do Ministério da Saúde para crianças entre 12 e 15 meses. A cobertura vacinal contra a doença para crianças de 1 ano no estado é 95% . Devem ser vacinadas as crianças de até um ano e adultos de até 49 anos que não tenham sido imunizados. Aqueles que tomaram as duas doses da vacina não precisam tomar nova dose.

Ingrid, de 21 anos, chegou ao hospital com dores no corpo e nos olhos, tosse, além de manchas vermelhas pelo rosto e pelo colo. Foi medicada com antitérmico e liberada para ir embora. Em quatro dias, voltou três vezes ao hospital e o diagnóstico foi de zika. Só bem depois ela descobriu a infecção por outro vírus que já ganhou a atenção do País: o sarampo.

Nos dias seguintes, os sintomas não sumiram. Moradora do Rio, ela decidiu ir para São Paulo em busca de ajuda da família. "Cheguei às 23h de 17 de junho em Cumbica e minha mãe já me levou ao Hospital São Luiz. Quando cheguei, os médicos me internaram em leito de isolamento", contou ela, aluna do 5.º semestre de Direito.

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Na manhã do dia 18, os médicos pediram sorologia para sarampo. No dia 19, saiu o resultado positivo. "Imediatamente já fui transferida para um leito de isolamento total, onde só podia entrar minha mãe e profissionais da saúde imunes à doença. Depois de internada, no dia 20 tive alta e fiquei em isolamento em casa até o dia 30." Até as roupas, lembra, eram especiais.

"Estou quase 100% curada. Tenho algumas manchas mais resistentes no rosto e no colo", diz Ingrid. Segundo Andrea, mãe da estudante, a filha tomou as duas doses da vacina quando era criança, conforme o Calendário Nacional de Vacinação. "Tem mais de 90% de eficácia", explica o infectologista do Sabará Hospital Infantil, Francisco Ivanildo de Oliveira Júnior

Mobilização

Hospitais de São Paulo têm atualizado os médicos sobre o diagnóstico e o tratamento do sarampo. "A doença não é rotina há anos e parte do corpo clínico nunca viu esse quadro. A chance de o médico não pensar em sarampo é frequente, principalmente na fase inicial, quando os sintomas são semelhantes a outras doenças infecciosas nesta época do ano", diz Filipe Piastrelli, infectologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. O Sírio-Libanês, o Sabará e o Beneficência Portuguesa também têm desenvolvido ações nesse sentido. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Vinte e cinco Estados e o Distrito Federal não alcançaram, no ano passado, a meta de vacinação contra o sarampo. Contagiosa, a doença tem se espalhado desde o início do ano por Amazonas e por Roraima, mas também já há casos confirmados no Rio Grande do Sul. Segundo dados oficiais, o País registrava, até o fim de junho, 1.891 casos suspeitos da doença e 472 confirmações - a maior parte na Região Norte e 7 no Rio Grande do Sul.

Apenas o Ceará alcançou, em 2017, mais de 95% da cobertura vacinal na segunda dose - meta do Ministério da Saúde preconizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). No total, o Brasil tinha cobertura de 71,55% da segunda dose do imunizante em 2017, o que representa queda ante a cobertura registrada no ano anterior, que era de 79%.

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A baixa vacinação preocupa autoridades e especialistas em saúde. "A pressão de retorno dessas doenças é constante. Temos um trânsito de pessoas de um lugar pra outro muito grande", explica Flávia Bravo, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações no Rio.

A Secretaria Municipal de Saúde do Rio informou nesta quarta-feira, 4, que há 17 casos sob investigação. Um deles já teve resultado preliminar positivo, mas ainda se espera a confirmação pelo laboratório da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Trata-se de uma paulista de 21 anos que mora na capital fluminense. A jovem só foi diagnosticada após viajar para São Paulo, onde moram parentes - o caso também é investigado no Estado.

São Paulo

Segundo o Centro de Vigilância Epidemiológica de São Paulo, a jovem fez vários deslocamentos no Estado, incluindo o Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, a capital paulista, Santos e Praia Grande, no litoral. Também teria participado de eventos religiosos e visitado um parente internado. Por causa disso, o Estado busca pessoas que possam ter tido contato com a paciente e apresentado sintomas. "Ela veio de avião. Temos de saber todos os que estavam lá, onde estão e notificar os Estados para onde foram", explica Marcos Boulos, coordenador de Controle de Doenças da Secretaria de Estado de Saúde. Segundo ele, outras duas pessoas que tiveram quadro febril na região monitorada são acompanhadas.

O Estado registrou ainda uma ocorrência confirmada não autóctone da doença em abril, de uma médica que viajou ao Líbano. Nesse caso, não houve transmissão identificada e a paciente se recuperou. No mês passado, a Secretaria de Saúde editou um alerta em nível 3, o mais alto da escala, para o risco de casos de sarampo importados da Rússia - onde ocorre a Copa e há 1.200 infecções.

"Temos novos casos e medo do aumento da circulação do vírus", diz Maura Salaroli de Oliveira, infectologista do Hospital Sírio-Libanês. Segundo explica, a melhor forma de prevenir a doença é a vacinação - a primeira dose deve ser aplicada em crianças de 12 meses e a segunda dose, quando completam 1 ano e 3 meses. Em São Paulo, a cobertura vacinal da segunda dose atingiu apenas 67,9% do público-alvo no ano passado, segundo o ministério.

Diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde, Rejane de Paula observa que a população tem buscado menos proteção. "Notamos um movimento antivacina circulando em nosso Estado" , afirma.

Para especialistas, os informes de erradicação de doenças - as Américas foram consideradas livre do sarampo em 2016 pela Organização Pan-Americana da Saúde - podem ter levado a população a não buscar os imunizantes. Hoje, as Américas relatam 1.685 casos confirmados em 11 países - 85% na Venezuela. O Brasil passou este ano a registrar a circulação do vírus do sarampo (genótipo D8, o mesmo circulante na Venezuela desde 2017) nos Estados de Roraima e Amazonas.

Outra questão é que, com a redução de casos em consultórios, profissionais têm dificuldades em reconhecer o sarampo. "Toda doença que fica muito tempo longe da gente, o médico não pensa nela. Pode ser que os médicos mais jovens nunca tenham visto um caso", diz Boulos. Os sintomas são erupções na pele, febre alta, dor de cabeça e mal estar. Há mais chance de morte entre crianças.

Segundo Flávia Bravo, os adultos também têm de se informar. "Muitos que têm hoje 30 anos tomaram a vacina aos 9 meses e era uma dose só". "Todos têm de saber o seu passado de vacinação e, na dúvida, se vacinar. Não tem overdose", diz.

O ministério informou que "de janeiro a junho, encaminhou a Roraima e Amazonas 711,4 mil doses da vacina tríplice viral". De 6 a 24 de agosto, haverá campanha nacional de vacinação contra sarampo e poliomielite. Na semana passada, o jornal O Estado de S. Paulo mostrou que o País tem 312 municípios com alto risco de retorno da pólio, por causa da baixa vacinação.

Amazonas

No Amazonas, 265 casos de sarampo foram confirmados oficialmente até esta quarta-feira e 1.693 casos suspeitos são investigados. O cenário levou a prefeitura de Manaus a decretar, anteontem, situação de emergência no município. Como ação, 260 agentes atuarão em escolas, centros comerciais e diretamente em residências, além de 185 postos de vacinação pela cidade.

"Desde o mês de março nós estamos com nossas unidades abastecidas com a vacina, com equipes prontas para atender os usuários. Realizamos ações de intensificação e mobilizações, mas esbarrávamos na resistência das pessoas em tomar a vacina", informou o secretário municipal de Saúde, Marcelo Magaldi.

"Ao invés de esperarmos que as pessoas busquem a prevenção das unidades de saúde, nós vamos em suas casas, na zona ribeirinha, nas estradas e escolas", afirmou Arthur Virgílio (PSDB), prefeito de Manaus. O município concentra a maioria dos casos suspeitos da doença registrados no Estado até agora. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Secretaria de Saúde de São Paulo editou um alerta em nível 3, o mais alto da escala, para o risco de casos de sarampo importados no País, sobretudo por causa da Copa. A pasta observa que foram identificados na Rússia 1.149 casos da infecção - 42% deles em adultos - de janeiro a abril. A estimativa é de que pelo menos 65 mil brasileiros estejam acompanhando o Mundial.

"É um alerta importante, sobretudo diante das baixas coberturas vacinais contra a doença", afirma a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Isabela Ballalai.

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Este ano, casos já foram identificados em Roraima e Amazonas, além de um surto no Rio Grande do Sul. Já são cinco casos confirmados. O primeiro paciente gaúcho foi um estudante de 25 anos, com histórico de viagem recente ao Amazonas.

Essas condições preenchem os requisitos para mudar o estado de atenção. O nível 3 é dado quando se identifica a persistência da transmissão por mais de 90 dias em mais de um Estado do País.

A recomendação é de que profissionais fiquem atentos a qualquer caso suspeito de doença exantemática (com erupções ou manchas). A notificação deve ser feita em 24 horas e investigada em 48 horas.

A meta é ampliar a cobertura para 95% na faixa etária recomendada, além de imunizar pessoas suscetíveis. "Isso ocorre num momento em que a cobertura vacinal não está boa. Ela caiu muito nos últimos dois anos", diz o infectologista Marcos Boulos, coordenador de Controle de Doenças da secretaria paulista. No inverno, o risco para a doença aumenta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na Venezuela foram registrados neste ano 84% dos casos de sarampo de 11 países da região que reportaram a doença, e 35 mortes desde meados de 2017, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

"São 11 os países que notificaram 1.685 casos confirmados de sarampo na região das Américas", dos quais 1.427 são da Venezuela, aponta um estudo da Opas divulgado neste sábado.

Desde que foi confirmado o primeiro caso do vírus, em meados de 2017, na Venezuela "foram reportadas 35 mortes, 33 das quais correspondem ao estado de Delta Amacuro (leste)", destaca o relatório de 8 de junho.

Os casos de sarampo na Venezuela neste ano dobram os que ocorreram no país em 2017, quando foram reportados 727.

O surto foi confirmado em 17 dos 23 estados do país caribenho e na capital.

Nos países fronteiriços com a Venezuela, Brasil e Colômbia, e em outros próximos como Equador, boa parte dos contagiados são venezuelanos.

Brasil é o segundo país da região com mais casos de sarampo confirmados pela Opas (114). Em Roraima, na fronteira com a Venezuela, foram registrados 84 casos, dos quais 58 em venezuelanos (69% do total).

Na Colômbia, foram confirmados 26 casos da doença, dos quais 17 foram "importados da Venezuela" (65%).

Além disso, "sete casos são de transmissão secundária em pessoas procedentes da Venezuela e residentes na Colômbia há mais de quatro meses", acrescenta o relatório.

Dos 12 casos de sarampo no Equador, 10 são de venezuelanos (83%).

Ante as contínuas importações do vírus, a Opas insta os países a "vacinarem para manter coberturas homogêneas de 95% com a primeira e segunda doses da vacina contra o sarampo, a rubéola e a caxumba, em todos os municípios".

O sarampo, doença viral altamente contagiosa, pode ser prevenido com vacinas, mas a Venezuela, mergulhada em uma crise econômica aguda, apresenta 85% de escassez de medicamentos básicos e até 95% de alguns fármacos para tratar condições crônicas, segundo a Federação Farmacêutica.

Em 6 de abril, o governo empreendeu um plano de vacinação contra 14 doenças, entre elas sarampo, tuberculose e difteria.

A União Europeia ressaltou a importância da vacinação na prevenção de doenças evitáveis como o sarampo. O destaque foi dado para a infecção viral porque muitos países que já eram considerados zonas livres de sarampo voltaram a registrar casos da doença em 2018.

Segundo o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC), desde o início deste ano 19 países registraram mais de 2.400 casos de sarampo, sendo a França, a Grécia, a Itália e a Romênia os mais afetados.

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Para o Parlamento Europeu, a Europa está enfrentando surtos de doenças que poderiam ser evitadas por causa de hesitações em relação às vacinas, levando a redução na procura da imunização. Movimentos antivacinas por parte de pais que decidem não vacinar os filhos preocupam as autoridades de diversos países. Há pessoas que evitam a vacina por receio de efeitos colaterais e também por se posicionarem contra a indústria da imunização.

De acordo com o Parlamento, dados de vacinação nos países da União Europeia revelam a existência de lacunas importantes em matéria de aceitação das vacinas e taxas de cobertura de vacinação insuficientes para garantir uma proteção adequada. A instituição solicitou à Comissão Europeia a melhora no alinhamento dos calendários de vacinação, para garantir o acesso e a disponibilidade de vacinas em quantidades suficientes em todos os países do continente europeu.

A Secretaria de Saúde de Roraima informou que chegam a 234 os casos notificados de sarampo no estado. Desses, 59 foram confirmados, 166 permanecem em investigação e nove foram descartados para a doença.

Entre os casos confirmados, 45 são de venezuelanos e 14 são brasileiros, sendo 46 casos em Boa Vista, 12 em Pacaraima e um em Uiramutã, todos com o mesmo genótipo identificado na Venezuela em 2017.

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“Além do aumento do número de brasileiros entre os casos confirmados, mais um município – Mucajaí – passa a integrar o boletim com casos notificados, somando um total de dez municípios”, informa a secretaria.

Ainda de acordo com a pasta, Boa Vista continua sendo o município com o maior número de casos notificados (156 no total), seguido por Pacaraima, com 51 registros; Cantá, com dez; Amajari, com nove; Rorainópolis e Alto Alegre, com dois casos cada; e Caroebe, Mucajaí, São João da Baliza e Uiramutã, com um caso cada.

A secretaria informou que, entre os 45 casos da doença entre venezuelanos, 22 deles são indígenas da etnia Warao. Também foram registrados duas mortes por sarampo em crianças venezuelanas na capital Boa Vista.

Vacinação acaba hoje

A campanha de vacinação contra o sarampo, em curso no estado desde 10 de março, tem previsão de ser encerrada hoje (10).

Após essa data, municípios e estado devem se reunir para analisar os dados coletados e definir como e onde a imunização precisa continuar.

Até o momento, de acordo com a secretaria, já foram aplicadas mais de 50 mil doses da vacina que, além de imunizar contra o sarampo, protege contra a caxumba e a rubéola.

Sintomas

A secretaria alerta para que a população fique atenta a sintomas como febre e exantema (manchas avermelhadas), acompanhados de tosse e/ou coriza e/ou conjuntivite. “Quando identificado um ou mais desses sintomas, a pessoa deve procurar um médico”, orientou a pasta.

O ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse hoje (8), após participar de reunião do Comitê Cadeia Produtiva da Saúde (ComSaude), na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), que, apesar dos 30 casos suspeitos de sarampo em Roraima, seis em investigação e uma morte confirmada, a doença está sob controle no país desde 2016, e não há risco de que a doença, que já está erradicada no país, volte a se espalhar.

Ele reforçou que o Ministério da Saúde determinou a vacinação de 400 mil pessoas para bloquear a possibilidade do sarampo retornar. “Há dois anos declaramos a eliminação do sarampo no Brasil e agora estamos com esses casos importados da Venezuela. A situação não é preocupante porque está sob controle e as medidas estão tomadas. Todos os casos identificados são importados da Venezuela e não há nenhum autóctone do Brasil”.

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Com relação ao não alcance da meta de vacinação contra a febre amarela, Barros avaliou que como todos os anos as pessoas correm para as Unidades Básicas de Saúde (UBS) para a vacinação assim que começam as primeiras notícias e depois percebem que o risco é relativo e deixam de fazer a vacinação. “Nós vamos manter a vacinação, os estados estão prorrogando as campanhas e vamos buscar alcançar os 95% de cobertura nas áreas que foram recomendadas pelos estados e nos municípios que estão em campanha. Vamos estender a campanha para alcançar o objetivo”.

O ministro falou ainda sobre a informatização das Unidades Básicas de Saúde e lembrou que já são 18 mil unidades contando com o prontuário eletrônico e que faltam 24 mil para aderirem ao sistema. De acordo com ele, não é uma meta tão distante, na medida em que no ano passado 10 mil unidades foram informatizadas. A ideia é fazer o dobro este ano para que ter 100% de informatização.

“Já temos 25 empresas cadastradas, algumas já fizeram provas de conceito e espero nos próximos dias autorizar que as prefeituras comecem a contratar essas empresas para o início do trabalho de informatização. A informatização já existe em vários municípios em níveis diferenciados, muitos com sistema completo como queremos. Isso tem apresentado economia na faixa de 30% em medicamentos e insumos. Eu espero que nosso programa se mantenha porque é muito rápido as empresas instalarem o sistema. Em três, quatro meses o sistema já está instalado”.

Quando questionado sobre a dificuldade de alguns pacientes em obter remédios importados, o ministro disse que as compras desses medicamentos, que são regulares, já foram abertas, mas nesse período começou a haver judicialização dessas compras. “Empresas concorrentes para o fornecimento do medicamento estão na Justiça disputando esses contratos. Isso nos tira o controle do tempo das compras. Compras iniciadas em novembro ainda não foram concluídas por falta da emissão da licença de importação pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária]. Estamos discutindo esse modelo e espero que possamos avançar”.

Com relação ao repasse de recursos para os estados e municípios, Barros esclareceu que esse é um dos grandes avanços de sua gestão, já que foi feita uma simplificação do processo, que antes contava com vários tipos de repasses e uma conta e recurso específico para cada tipo.

“Pactuamos que o dinheiro agora é repassado em um bloco de investimentos e só. A definição de como aplicar no bloco de custeio será determinada por cada Conselho Municipal de Saúde e Câmara Municipal. Tem que ser diferente necessariamente nos diversos municípios do Brasil “

Ministros da Saúde de 11 países europeus reuniram-se esta semana na República de Montenegro, nos Bálcãs, para debater soluções para o enfrentamento do surto de sarampo no continente e a importância da imunização. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Europa teve um aumento de 400% nos casos da doença no ano passado, na comparação com 2016. A informação é da ONU News.

O sarampo afetou mais de 21,3 mil pessoas na Europa em 2017, sendo que 35 pacientes morreram, informou a OMS. A diretora regional da organização na Europa, Zsuzsanna Jakab, declarou que “cada pessoa com sarampo é um lembrete de que crianças e adultos sem vacinação têm risco de contrair a doença, que é contagiosa”.

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Segundo ela, o total de casos e de mortes no ano passado “é uma tragédia que simplesmente não se pode aceitar”. Zsuzsanna destaca que eliminar sarampo e rubéola é uma meta prioritária para todos os países do continente.

A OMS disse que, dos 53 países europeus, 15 tiveram surtos de sarampo, principalmente a Itália, a Romênia e a Ucrânia. Nessas nações, houve declínio da cobertura de vacinação de rotina, o que gerou cerca de 5 mil casos ou mais em cada país. Alemanha, Bélgica, Bulgária, França, Espanha, Reino Unido e Rússia também tiveram centenas de casos de sarampo no ano passado.

A organização disse que já estão em prática ações para evitar novos surtos, incluindo melhoria no planejamento e na logística dos estoques de vacinas, conscientização do público sobre a doença e imunização de pessoas com mais risco de contrair sarampo.

Da ONU News

Livre do sarampo há quase três anos, o Brasil informou nesta terça-feira (20) ter registrado um caso confirmado da doença e outros sete suspeitos no Estado de Roraima, diz o jornal O Estado de S. Paulo na edição desta quarta-feira (21). Sete registros - entre eles o caso confirmado em um bebê - são de cidadãos venezuelanos que migraram para o Brasil afetados pela crise no país vizinho, onde surtos de sarampo e malária são realidade. A doença também é investigada em um bebê brasileiro, morador de Boa Vista.

Os dados causaram alerta no Ministério da Saúde diante da possibilidade da expansão do vírus entre imigrantes e brasileiros não vacinados. A preocupação se justifica principalmente pelo fato de a cobertura da vacina tríplice viral (que protege contra o sarampo) estar abaixo do esperado em várias regiões do País. Em Roraima, apenas 84% do público-alvo recebeu as duas doses da vacina no ano passado, enquanto a meta é imunizar 95% desse grupo.

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"Essa é uma doença altamente contagiosa, com facilidade de provocar surtos. Mesmo que tenhamos cidades ou áreas com altas coberturas, alguns bolsões com baixo índice de vacinados podem registrar surtos", alerta a médica Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).

A ameaça, caso se concretize, também pode fazer o Brasil perder o certificado de eliminação do sarampo, emitido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2016.

Dados do ministério mostram que apenas um Estado brasileiro - o Ceará - registrou cobertura dentro da meta no ano passado (98%). Em todas as outras unidades da federação, a taxa é inferior a 95%, chegando a apenas 51% no Maranhão e no Rio Grande do Norte, Estados com as menores coberturas. Na média do País, apenas 68% do público-alvo tomou as duas doses da tríplice viral em 2017.

Em São Paulo, o índice de vacinados ficou em 64% em 2017. A Secretaria da Saúde paulista informou que a doença está controlada e não há registro de casos desde 2015.

Medidas

Diante do quadro em Roraima, o Ministério da Saúde vai enviar, a pedido do governo do Estado, 80 mil doses extras do imunizante para intensificar a vacinação em brasileiros e imigrantes. Em Roraima, 1,9 mil venezuelanos foram vacinados desde o dia 13.

Uma equipe do ministério viajou para o Estado para auxiliar no planejamento das atividades de investigação e imunização. Ainda nesta semana, a pasta "realizará um treinamento para os profissionais de saúde do Estado e da capital Boa Vista, sobre aspectos gerais da doença e ações de vigilância epidemiológica".

A partir do dia 3, o governo do Estado realizará uma campanha de vacinação em todos os 15 municípios para evitar o surto. A expectativa é de fazer uma busca de casa em casa para localizar quem não foi imunizado.

Europa. Falhas nas ações de vacinação provocam surtos de sarampo também na Europa. Nesta terça, a OMS informou que o número de casos da doença no continente subiu de 5.273 em 2016 para 21.315 em 2017.

De acordo com a OMS, a explosão de registros foi acompanhada por grandes surtos (quando 100 ou mais casos são notificados) em 15 dos 53 países europeus.

A Secretaria Estadual de Saúde de Roraima confirmou nesta terça-feira (20) que sete casos suspeitos de sarampo estão sob investigação. Uma criança venezuelana de 1 ano de idade, sem histórico vacinal, já teve a contaminação por sarampo confirmada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Entre os sete casos ainda sob investigação, cinco são meninos e dois meninas, na faixa etária de 7 meses e 10 anos. Seis crianças venezuelanas e uma brasileira, residentes do município de Boa Vista e sem histórico de vacinação.

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Todas as amostras estão sendo encaminhadas para o Laboratório Central de Saúde Pública de Roraima e, posteriormente, serão analisadas pela Fiocruz.

O sarampo estava erradicado no Brasil desde 2015 e as autoridades já temiam o retorno da doença após o aumento da migração. A Venezuela enfrenta um surto de sarampo, aliada a uma crise política e econômica.

O sarampo é uma doença infecciosa viral e extremamente contagiosa. Os principais sintomas são febre alta, manchas avermelhadas, tosse e olhos irritados. Profissionais de saúde fazem hoje um treinamento sobre o tratamento do sarampo, em Boa Vista. O curso é ministrado por técnicos do Ministério da Saúde, que nos próximos dias deve enviar mais de 28 mil doses de vacina para reforçar a imunização em Roraima.

No último final de semana, profissionais de saúde realizaram um mutirão para vacinar venezuelanos em abrigos de Boa Vista. Cerca de duas mil doses foram disponibilizadas pela Secretaria Estadual de Saúde.

Quase 400 crianças morrem diariamente de sarampo no mundo, apesar de a vacinação ter permitido reduzir o número de mortes em 79% nos últimos 15 anos, revela um relatório nesta sexta-feira (11) divulgado em Genebra.

"Fazer o sarampo passar para a história não é missão impossível", disse Robin Nandy, responsável pela imunização no Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), citado num comunicado conjunto da Organização Mundial de Saúde (OMS), do Unicef, da Aliança para a Vacinação (Gavi) e dos centros de prevenção e controlo de doenças dos Estados Unidos (CDCP).

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"Temos os instrumentos e o conhecimento para fazê-lo; o que nos falta é a vontade política para alcançar cada criança, esteja ela onde estiver. Sem este compromisso, as crianças vão continuar a morrer de uma doença que é fácil e barato prevenir".

O Unicef, a OMS, o Gavi e o CDCP estimam que as campanhas de vacinação do sarampo e um aumento da cobertura da vacinação de rotina tenham permitido salvar 20,3 milhões de vidas entre 2000 e 2015, mas o progresso não é equilibrado. Em 2015, cerca de 20 milhões de crianças não foram vacinadas e estima-se que 134 mil tenham morrido da doença.

Milhões de crianças sem vacinação

A República Democrática do Congo, a Etiópia, a Índia, a Indonésia, a Nigéria e o Paquistão representam metade das crianças por vacinar e 75% das mortes por sarampo.

"Não é aceitável que milhões de crianças fiquem por vacinar todos os anos. Temos uma vacina segura e muito eficaz para parar a transmissão do sarampo e salvar vidas", disse Jean-Marie Okwo-Bele, diretor do departamento de imunização da OMS.

Ele lembrou que a região das Américas foi este ano declarada livre de sarampo, "o que prova que a eliminação é possível". "Agora temos de acabar com o sarampo no resto do mundo. Começa com a vacinação", afirmou.

O presidente do Gavi, Seth Berkley, lembrou que o sarampo é um bom indicador da robustez dos sistemas de imunização dos países. "Para abordar as doenças evitáveis através da vacinação mais mortíferas precisamos de compromissos fortes por parte dos países e dos parceiros para aumentar a cobertura vacinal e os sistemas de vigilância", afirmou.

O sarampo, uma doença viral altamente contagiosa que se transmite por contato direto e pelo ar, é uma das principais causas de morte entre as crianças pequenas a nível mundial, mas é evitável com duas doses de uma vacina segura e eficaz.

No entanto, surtos da doença em vários países, provocados por falhas na imunização de rotina e em campanhas de vacinação, continuam a ser um problema: só em 2015 houve surtos no Egito, Etiópia, Alemanha, Quirguistão e na Mongólia.

Dados recentes sobre mortalidade infantil
Quase metade das 5,9 milhões de mortes de crianças com menos de cinco anos registradas em 2015 ocorreram no primeiro mês de vida, conclui um estudo hoje (11) divulgado em Londres.

Publicado na revista científica The Lancet, o estudo, que apresenta os dados mais recentes sobre a mortalidade infantil em 194 países, indica que 5,9 milhões de crianças morreram em 2015 antes dos 5 anos, 2,7 milhões das quais eram recém-nascidas.

Globalmente, em 2015 houve menos quatro milhões de mortes infantis do que em 2000, em grande parte devido à redução da mortalidade associada à pneumonia, à diarréia, morte durante o parto, malária e ao sarampo (todas caíram mais de 30% entre 2000 e 2015).

No entanto, embora o número de mortes de recém-nascidos tenha diminuído de 3,9 milhões em 2000 para 2,7 milhões em 2015, o progresso na redução da mortalidade neonatal (nos primeiros 28 dias de vida) foi mais lento do que nas crianças entre um mês e cinco anos.

Isto resultou num aumento da proporção de recém-nascidos entre a mortalidade infantil, de 39,3% em 2000 para 45,1% em 2015.

Se as mortes de recém-nascidos tivessem caído ao mesmo ritmo das mortes de crianças entre um mês e cinco anos, o mundo teria alcançado o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio de reduzir a mortalidade infantil em dois terços entre 1990 e 2015, o que não aconteceu.

O estudo destaca também as desigualdades no progresso registrado no mundo, com as taxas de mortalidade infantil variando entre 1,9 e 155,1 mortes por mil nascimentos, e 60,4% (3,6 milhões) de todas as mortes ocorridas em 10 países.

Apesar dos progressos, as principais causas de morte entre as crianças foram as complicações devido a parto prematuro (17,8%, 1,1 milhões de mortes), pneumonia (15,5%, 0,9 milhões de mortes) e morte durante o parto (11,6%, 0,7 milhões de mortes).

Em 2015, os países com maiores taxas de mortalidade infantil (mais de cem mortes por cada mil nascimentos) foram Angola, República Centro-Africana, Chade, Mali, Nigéria, Serra Leoa e Somália.

Nestes países, as principais causas de morte foram a pneumonia, a malária e a diarréia, pelo que os investigadores recomendam investimentos para promover o aumento da amamentação, a disponibilização de vacinas e a melhoria da qualidade da água e saneamento.

Anomalias congênitas

Em comparação, nos países com menores taxas de mortalidade infantil (menos de dez mortes por cada mil nascimentos), incluindo a Rússia e os Estados Unidos, as principais causas de morte foram anomalias congênitas, complicações devido ao parto prematuro e lesões.

Os investigadores recomendam a melhoria da detecção e tratamento das anomalias congênitas, dos cuidados de saúde durante a gravidez e o parto e mais investigação sobre a eficácia das intervenções em casos de lesão.

Citada num comunicado da The Lancet, a autora principal do estudo, Li Liu, da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, nos Estados Unidos, reconheceu que a sobrevivência infantil "melhorou substancialmente desde que os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio foram definidos, embora a meta de reduzir em dois terços a mortalidade infantil não tenha sido alcançada".

"O problema é que este progresso foi desigual e a taxa de mortalidade infantil permanece elevada em muitos países. É necessário um progresso substancial nos países da África subsaariana e no sul da Ásia para se alcançar a meta dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável", disse.

A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) declarou nesta terça-feira a região das Américas zona livre de sarampo, a primeira em todo o mundo, ao fim de uma batalha que se estendeu por 22 anos.

O último caso de sarampo endêmico na América Latina foi notificado em 2002, embora nos anos seguintes tenham sido verificados casos importados. Trata-se da quinta doença evitável por vacinação a ser eliminada das Américas, sendo que a última foi a rubéola congênita, em 2015.

Postos de Saúde de todo o país estarão abertos hoje (24) para o dia D de atualização do calendário vacinal de crianças menores de cinco anos e crianças e adolescentes de nove anos a 15 anos. Serão disponibilizadas diversas vacinas como as contra tuberculose, rotavírus, sarampo, rubéola, coqueluche, caxumba e HPV.

A orientação do Ministério da Saúde aos estados e municípios é que as salas de vacinação permaneçam em atividade durante todo o dia, no entanto os horários de funcionamento ficam a cargo dos gestores locais de saúde e podem variar de uma cidade para outra.

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A campanha começou na última segunda-feira (19) e segue até 30 de setembro, em cerca de 36 mil postos fixos em todo o Brasil. Ao todo, 350 mil profissionais participam da ação.

De acordo com o Ministério da Saúde, foram enviadas a todas as unidades da Federação 26,8 milhões de doses - incluindo 7,6 milhões para a vacinação de rotina de setembro e 19,2 milhões de doses extras para a campanha.

O objetivo da ação é combater a ocorrência de doenças imunopreveníveis no país e reduzir os índices de abandono à vacinação – principalmente entre adolescentes.

Mudanças no calendário de vacinação

Em janeiro deste ano, o Ministério da Saúde alterou o esquema de quatro vacinas: poliomielite, HPV, meningocócica C (conjugada) e pneumocócica 10 valente. A imunização contra a poliomielite passou a ter três doses da vacina injetável (2, 4 e 6 meses) e mais duas doses de reforço com a vacina oral. Até 2015, o esquema era de duas doses injetáveis e três orais.

Já a vacinação contra o HPV passou de três para duas doses, com intervalo de seis meses entre elas para meninas saudáveis de 9 a 14 anos. Meninas de 9 a 26 anos que vivem com HIV devem continuar recebendo o esquema de três doses. 

No caso da meningocócica C, o reforço, que era administrado aos 15 meses, passou a ser feito preferencialmente aos 12 meses, podendo ser feito até os 4 anos. As primeiras duas doses continuam sendo realizadas aos 3 e 5 meses.

A pneumocócica teve redução de uma dose e passou a ser administrada em duas (2 e 4 meses), com um reforço preferencialmente aos 12 meses, mas que pode ser recebido até os 4 anos.

Autoridades de saúde dos Estados Unidos anunciaram nesta quinta-feira (2) a primeira morte por sarampo no país em 12 anos, depois que a necropsia mostrou que a pneumonia fatal de uma mulher foi causada pela doença contagiosa.

"A causa da morte foi pneumonia devido ao sarampo", afirmou em comunicado o departamento de Saúde do condado de Clallam, no estado de Washington (oeste). O nome e a idade da vítima não foram revelados.

"A mulher foi provavelmente exposta ao sarampo em uma clínica local durante o recente surto (da doença) em Clallam County", informou o texto, indicando que sua passagem pela clínica provavelmente coincidiu com a de uma pessoa que desenvolveu sarampo.

Este ano houve 176 casos de sarampo nos Estados Unidos, 117 dos quais estão ligados a um surto no parque temático da Disney na California (oeste), de acordo com os Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

Um porta-voz do Departamento de Saúde disse à AFP que a morte da mulher não estava ligada ao surto na Disney, mas a um outro surto que se desenvolveu no condado de Clallam.

A última morte nos Estados Unidos por esta doença altamente contagiosa foi registrada em 2003.

"Esta situação trágica ilustra a importância de vacinar o maior número de pessoas possível para proporcionar um nível de proteção da comunidade contra o sarampo", disse o departamento de Saúde.

"As pessoas com sistemas imunológicos frágeis não podem receber essa vacina", explicou.

O surto de sarampo coincide com um movimento cada vez mais forte nos Estados Unidos contra a vacina MMR (ndlr: tríplice viral, sarampo, caxumba e rubéola).

Seus detratores acreditam que esta vacina está associada a um aumento da incidência de autismo - tese para a qual, segundo médicos especialistas, não existe evidência científica.

Já se sabia que o vírus do sarampo abala o sistema imunológico das crianças temporariamente, deixando-as expostas ao contágio de outras doenças oportunistas. Até agora, os cientistas acreditavam que essa vulnerabilidade se estendia por um ou dois meses após a infecção. Mas um novo estudo mostra que o sarampo pode enfraquecer as defesas do organismo das crianças por até três anos - deixando-as altamente suscetíveis a outras doenças mortais ao longo desse tempo. A pesquisa, realizada por cientistas da Universidade de Princeton (Estados Unidos), será publicado nesta sexta-feira, 8, na revista Science.

Com base nas conclusões do artigo, os autores afirmam que a vacinação contra o sarampo não oferece proteção apenas contra o vírus dessa doença, mas também impede que diversas outras doenças infecciosas tirem proveito do enfraquecimento do sistema imunológico causado por ela. De acordo com eles, a descoberta ajuda a explicar porque as campanhas de vacinação contra o sarampo têm impedido muito mais mortes do que se previa.

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"O sarampo acaba aumentando a predisposição das pessoas às doenças mais prevalentes na população. Na maior parte, são infecções respiratórias bacterianas, como a pneumonia, a sepse, a bronquite e a bronquiolite. Mas o sarampo também abre caminho, em menor número, para doenças como diarreia e disenteria", disse ao Estado o autor principal do artigo, Michael Mina, da Universidade Emory, que participou do estudo como pesquisador pós-doutorando em Princeton.

Segundo Mina, o estudo apresenta provas epidemiológicas de que o sarampo leva o organismo, por longo tempo, a um estado de "amnésia imunológica". As células de memória do sistema imunológico - capazes de identificar as partículas infecciosas que já tiveram contato com o organismo - são parcialmente exterminadas.

"Já sabíamos que o sarampo ataca a memória imunológica - e que a doença enfraquece o sistema imunológico por algum tempo. Mas esse artigo sugere que a supressão imunológica dura muito mais do que se suspeitava", disse uma das autoras do estudo, Jessica Metcalf, professora de Ecologia e Biologia Evolutiva de Princeton. "Em outras palavras, se você pegar sarampo, ao longo de três anos você poderia morrer de algo que não seria capaz de matá-lo sem a infecção por sarampo", afirmou ela.

De acordo com Mina, a descoberta sugere que a vacinação contra o sarampo traz benefícios bem maiores que a proteção contra a própria doença. "É uma das intervenções com melhor custo benefício para a saúde global", disse ele sobre as campanhas de vacinação.

Segundo Mina, o estudo foi motivado por uma pesquisa feita por Rik de Swart, da Universidade Erasmus (Holanda), que encontrou profundas associações entre sarampo e esgotamento de células de memória. O trabalho holandês demonstrava que o vírus do sarampo ataca linfócitos T - células fundamentais para a "memória imunológica" -, gerando um estado de "amnésia imunológica". Depois de cerca de um mês, essas células de memória voltavam a agir, mas, em vez de proteger contra as infecções memorizadas anteriormente, ficavam direcionadas exclusivamente contra o sarampo.

A partir dessa informação, Mina e sua equipe levantaram uma hipótese: se a amnésia imunológica de fato ocorre por causa do sarampo, isso deveria ficar evidente ao examinar dados populacionais - e examinando esse tipo de dado, seria possível dizer em quanto tempo o sistema imunológico se recupera depois do sarampo.

Assim, os cientistas examinaram dados populacionais detalhados dos Estados Unidos, Inglaterra, País de Gales e Dinamarca - os únicos países onde havia estudos com todas as variáveis necessárias para a análise. Eles estudaram a mortalidade entre crianças de um a nove anos, na Europa, e de um a 14 anos, nos Estados Unidos, em épocas anteriores e posteriores às vacinações.

As análises revelaram uma correlação muito forte entre a incidência de sarampo e as mortes por outras doenças em um período de cerca de 28 meses depois da infecção. A conclusão se aplicava a todos os grupos etários nos três países, antes e depois dos períodos de vacinação.

"Agora também queremos analisar o impacto de longo prazo da 'amnésia imunológica' na morbidade e na doença. E precisamos explorar as consequências das nossas conclusões para os países com poucos recursos, onde o sarampo causa uma mortalidade muito mais imediata", afirmou Mina.

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