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A ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, negou nesta sexta-feira (5) que o relato do presidente Jair Bolsonaro sobre ter trabalhado quando criança represente uma naturalização do trabalho infantil.

"A nossa geração trabalhou cedo. Eu trabalhei muito cedo. Nossos pais trabalharam muito cedo. Mas isso não quer dizer que nós vamos descriminalizar isso. Não vamos fazer qualquer política em relação a isso. Ele citou o exemplo dele. E fiquem tranquilos, porque esse governo veio para proteger crianças e nós temos a certeza de que o trabalho infantil é uma violação de direitos e não pode ser permitido", disse Damares, quando questionada sobre o assunto pela Agência Brasil.

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"O que o governo vai fazer agora é o fortalecimento do Jovem Aprendiz. Isso, sim", complementou, emendando que tem feito apelos ao Congresso Nacional para que reservem verbas para a pasta que comanda.

A ministra concedeu entrevista durante a entrega de oito carros à Secretaria de Justiça e Cidadania do Distrito Federal. Os veículos serão utilizados pelos membros dos 40 conselhos tutelares que atendem à capital federal.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que cerca de 2,5 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos estão trabalhando no país. Sabe-se ainda que, somente entre 2014 e 2018, o Ministério Público do Trabalho registrou mais de 21 mil denúncias de trabalho infantil no país.

A ex-senadora Marina Silva (Rede) afirmou, nesta sexta-feira (5), que pregar o trabalho infantil é muito grave. A postura de Marina sobre a prática que é considerada ilegal no país surge um dia depois do presidente Jair Bolsonaro (PSL) ter declarado, durante sua tradicional live nas redes sociais de quinta-feira, que é a favor de crianças trabalharem.  

No Twitter, Marina chamou a atenção do presidente e disse que existem outras maneiras de resolver o desemprego no país, que não seja o uso da mão de obra infantil e alfinetou Bolsonaro: “poupe as crianças”. 

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“Temos milhões de desempregados, presidente. Isso precisa ser resolvido de forma adulta. É muito grave pregar o #trabalhoinfantil, depois de já ter tentado facilitar que crianças fizessem aulas de tiro sem autorização judicial. Poupe as crianças”, salientou Marina Silva, referindo-se também ao decreto de posse e porte de armas editado recentemente pelo presidente, que depois recuou na decisão de permitir que crianças praticassem tiros. 

Ao tratar do assunto nessa quinta (4), Jair Bolsonaro disse que aos nove e dez anos de idade já trabalhava e não foi “prejudicado em nada”. “Quando um moleque de nove, dez anos vai trabalhar em algum lugar tá cheio de gente aí "trabalho escravo, não sei o quê, trabalho infantil". Agora quando tá fumando um paralelepípedo de crack, ninguém fala nada”, chegou a argumentar o presidente.

E mandando recado aos opositores, apesar da defesa do trabalho infantil, ele ressaltou: “Fiquem tranquilos que eu não vou apresentar nenhum projeto aqui para descriminalizar o trabalho infantil porque eu seria massacrado.” Argumentos repercutiram negativamente.

Segundo dados do IBGE, o Brasil tem cerca de 2,5 milhões de crianças e adolescentes com faixa etária entre cinco e 17 anos atuando ilegalmente no mercado de trabalho. Há crianças trabalhando em áreas como a agricultura, a pecuária, o comércio, a construção civil, entre outras. O país, que havia prometido acabar com a exploração infantil no trabalho até 2025, não deve atingir sua meta no prazo estabelecido.

O número de casos de crianças de cinco a nove anos em atividade no trabalho infantil vem subindo de maneira considerável desde 2013. Em 2015, quando o IBGE fez o último levantamento a respeito, cerca de 80 mil crianças dessa faixa etária estavam trabalhando. Quase 60% delas vivem na área rural das regiões Norte e Nordeste.

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Nordeste e Sudeste foram as regiões que mostraram as maiores taxas de ocupação de menores de idade, com 33% de meninos e 28,8% de meninas trabalhando. Os estados de São Paulo (314 mil), Minas Gerais (298 mil), Bahia (252 mil) e Maranhão (147 mil) lideram o ranking do trabalho infantil entre os estados brasileiros.

Em 2018, o Brasil registrou mais de 444 mil adolescentes como aprendizes (menores a partir de 14 anos sob contrato específico e com carga horária compatível com a frequência escolar para iniciação prática e teórica em determinada profissão). De acordo com o Ministério da Economia, o número foi 15% superior em relação a 2017 mas ainda faltam mais de 510 mil vagas direcionadas ao aprendizado nas empresas. Dados do Ministério do Trabalho apontam que apesar de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná serem estados com mais vagas de aprendiz, ainda estão longe de atingir o mínimo de 5% em empregabilidade.

O Ministério da Saúde também indica que as crianças que trabalham de forma irregular são muitas vezes vítimas de acidentes. Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), o Brasil teve cerca de 44 mil registros de acidentes de trabalho com crianças entre cinco e 17 anos do ano de 2007 até 2018. Nesse período de 11 anos, 261 meninas e meninos morreram trabalhando.

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) instaurou dois inquéritos civis para investigar a existência de crianças em situação de rua e trabalho infantil no centro do capital. Os locais apurados são a Praça do Derby e o semáforo em frente ao Clube Internacional do Recife.

De acordo com o MPPE, crianças estão trabalhando na Praça do Derby em frente ao Comando da Polícia Militar. Um relatório do Serviço Especializado de Abordagem Social (SEAS) que identifica as crianças e suas famílias já foi enviado aos conselhos tutelares.

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Através da abertura do inquérito civil, o MPPE pretende identificar se houve atuação dos conselhos tutelares e do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) nos casos. O objetivo é corrigir as irregularidades preferencialmente de forma extrajudicial. No prazo de 30 dias, o CREAS deverá fazer nova visita ao local para saber se a situação persiste.

No caso do semáforo em frente ao Clube Internacional, é dado um prazo de dez dias para que o CREAS entregue o resultado das abordagens realizadas no local, com a identificação das crianças. Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizado por meio da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio (PNAD) com dados de 2015, revelou que 2,7 milhões de pessoas entre 5 e 17 anos foram submetidas a atividades de trabalho e, desse número, quase 16% eram de crianças entre 5 e 13 anos de idade. O Norte e Nordeste são as regiões que apresentaram os piores percentuais, com a porcentagem subindo para 27,5% e 22,4%, respectivamente. O Fórum Estadual de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil em Pernambuco (Fepetipe), com base na PNAD 2013, aponta que mais de 140 mil crianças foram identificadas em situação de trabalho infantil no Estado.

Metade das crianças e adolescentes brasileiros, um contingente de 20,1 milhões de pessoas, realizava afazeres domésticos ou era responsável pelo cuidado de outras pessoas, como irmãos mais novos, segundo os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) de 2016 divulgados nesta quarta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Outras 716 mil crianças e adolescentes com idade entre 5 e 17 anos realizavam trabalho na produção para o próprio consumo da família.

Os afazeres domésticos ou cuidados de pessoas compõem uma definição mais ampla de trabalho infantil, dado que essas tarefas podem estar em conflito com a educação formal, sendo executadas em horário prolongado ou sob condições perigosas, segundo o IBGE.

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"Às vezes esse trabalho infantil fica disfarçado. É uma forma de tentar captar essas crianças que trabalham cuidando de irmãos mais novos, fazendo serviços domésticos. As famílias não veem como um trabalho, mas, às vezes, a criança fica o dia inteiro cuidando da irmã mais nova e não consegue estudar por isso", explicou Maria Lucia Vieira, gerente da Pnad.

Entre as crianças e jovens que trabalhavam na produção para o próprio consumo, 91,6% estavam na escola. A desagregação por região mostra que o Norte tem os maiores porcentuais de crianças e adolescentes realizando trabalho na produção para o próprio consumo, seguido pelo Nordeste.

Das 20,1 milhões de crianças e adolescentes que realizavam trabalho relacionado com cuidados de pessoas ou afazeres domésticos (50,2% do total da população na faixa etária de 5 a 17 anos), 95,1% eram estudantes. No Sul e no Centro-Oeste, a proporção de jovens atuando em afazeres domésticos era maior do que a média nacional, com 60,5% e 55,1% do total da faixa etária, respectivamente.

A média de horas semanais destinadas a esse trabalho para uso final próprio (produção para o próprio consumo, afazeres domésticos e cuidados de pessoas), no caso das crianças, foi de 8,6 horas no Brasil em 2016. A região Nordeste foi a que apresentou maior tempo médio de dedicação a essas tarefas, 9,8 horas. "As crianças que já trabalhavam realizaram mais outras formas de trabalho do que as que não estavam ocupadas", disse Maria Lucia, gerente da Pnad.

Entre as crianças e adolescentes que estavam ocupadas em atividades econômicas, 72,3% também trabalharam simultaneamente na produção para o próprio consumo, afazeres domésticos e cuidados de pessoas.

Uma empresa chinesa de venda de metais anunciou nesta quinta-feira (23) que está investigando se as minas congolesas que fornecem cobalto para o grupo, um elemento chave para fabricação de telefones celulares e automóveis elétricos, utilizam trabalho infantil.

A empresa Yantai Cash, com sede na província de Shandong, informou que abriu uma investigação sobre a rede de abastecimento a pedido da London Metal Exchange, a Bolsa de cotação dos preços de mercado.

A ONG Anistia Internacional (AI) publicou um relatório na semana passada em que acusa grandes empresas de tecnologia e veículos elétricos de não garantirem que os minerais utilizados na fabricação das baterias não contam com trabalho infantil.

De acordo com o texto, na República Democrática do Congo os investigadores observaram meninos de até sete anos trabalhando na busca de rochas ricas em cobalto.

A AI afirma que as empresas - que incluem Microsoft, Renault e o grupo tecnológico chinês Huawei - não realizaram nenhuma ação para saber se as baterias utilizadas em seus produtos estão ligadas ao desrespeito aos direitos humanos.

O jornal britânico Financial Times informou na quarta-feira que a London Metal Exchange está investigando se em seu mercado é negociado cobalto extraído por crianças.

O principal executivo da Yantai Cash, Liu Xiaohan, anunciou que a empresa está investigando a cadeia de abastecimento com a a ajuda da RCF Capacity Planners, uma empresa com sede em Miami que fornece serviços logísticos, e da câmara de comércio chinesa de importadores e exportadores de metais.

Lui afirmou que a empresa, que não foi citada no relatório da AI, não tem funcionários nem escritório na República Democrática do Congo e compra o metal nos portos chineses, não diretamente das minas.

O diretor se negou a divulgar as empresas que adquirem o cobalto da Yantai Cash.

O Brasil não cumpriu o objetivo de erradicar o trabalho infantil até 2016 e tem risco de não conseguir acabar com essa prática até 2025, mostra relatório sobre o tema, elaborado pelo Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI) e pelo Ministério Público do Trabalho.

O texto tem como referência os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), definidos pelas Nações Unidas em 2015, compromisso assumido de forma voluntária por 193 países, entre eles o Brasil. Entre os 17 objetivos e 169 metas até 2030 está o propósito de eliminar o trabalho infantil até 2025.

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No Brasil, a legislação proíbe o trabalho para menores de 16 anos, a não ser como aprendiz e desde que com 14 anos. Segundo o relatório, ainda havia 2,67 milhões (4,5%) de meninos e meninas desempenhando alguma atividade laboral em 2015. O número é menor do que o registrado em 2014 (3,3 milhões), 2013 (3,18 milhões), 2012 (3,56 milhões) e 2011 (3,72 milhões).

Meta

De acordo com o levantamento, o índice continuaria caindo, mas restariam ainda 546 mil crianças e adolescentes trabalhando em 2025. Esse cenário não é suficiente para que o objetivo estabelecido seja atingido. “Apesar dos consideráveis avanços alcançados pelo país nos últimos anos, com a redução do percentual de crianças e adolescentes trabalhadores, sobretudo no mercado formal, ainda persistem muitos desafios, principalmente no mercado informal e nas ocupações classificadas como piores formas, a exemplo do trabalho infantil doméstico e muitas atividades agrícolas", destaca o texto.

Um dos desafios está na faixa de 5 a 9 anos, marcada por um movimento de crescimento dessa prática. Em 2013, 61 mil crianças nessa faixa etária estavam trabalhando; em 2014, 70 mil, e, em 2015, 79 mil. Meninos e meninas nessa faixa, em geral, trabalham em locais como lixões, casas de famílias, fazendas, sítios e outros espaços agrícolas.

Piores formas

O relatório revela também que o Brasil não cumpriu a meta de erradicar as piores formas de trabalho infantil até 2016, compromisso assumido na 2ª Conferência Global sobre o tema, realizada em Haia, na Holanda, em 2010.

Entre as atividades enquadradas nessa categoria estão a exploração sexual, o tráfico de drogas, o aliciamento para atividades ilícitas, formas análogas à escravidão (que envolvem, por exemplo, sujeição por dívida, servidão e trabalho compulsório) e o plantio (como cana-de-açúcar e pimenta malagueta), entre outras.

Educação

O documento faz uma relação entre a situação de crianças na escola e realizando atividades laborais. Segundo o texto, mesmo com as taxas altas de matrículas, “ainda persiste um percentual de crianças e adolescentes fora da escola, e pesquisas apontam o trabalho infantil como um dos fatores de exclusão”. São 821,5 mil na faixa entre 4 e 5 anos, 387,5 de 6 a 14 anos e 1,6 milhão entre 14 e 17 anos. A ocorrência dessa situação, acrescenta, é prejudicial, inclusive no caso de meninas e meninos que frenquentam a escola, uma vez que afeta o desempenho nas aulas.

Fiscalização

De acordo com o texto, um dos obstáculos à erradicação desse fenômeno é a falta de fiscalização. Conforme o documento, em 2016 foram feitas 5.765 inspeções de trabalho infantil, sendo 3.615 das atividades classificadas como piores formas. No total, as operações envolveram 2.513 crianças nessas situações.

Em 2017, os autores do relatório denunciam uma redução drástica de verbas para as iniciativas de fiscalização. “As ações de fiscalização da inspeção do trabalho são necessárias. Nós estamos com um corte de recurso que compromete essas inspeções. O Ministério do Trabalho revelou que havia recursos quase zero para fiscalização do trabalho escravo e do trabalho infantil”, alerta Isa Oliveira, secretária executiva do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil.

Em julho, o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira, divulgou nota na qual negou a suspensão das ações de fiscalização do trabalho infantil. “Desde o contingenciamento de verbas determinado pelo governo federal, o Ministério do Trabalho vem fazendo gestões para readequar os recursos orçamentários, de forma a causar o menor impacto possível nas áreas de atuação prioritárias, como a fiscalização e serviços ao trabalhador.”

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Estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que uma em cada dez crianças em todo o mundo é submetida ao trabalho infantil. A conclusão está em um estudo divulgado nessa terça-feira (19) na Assembleia das Nações Unidas, que estimou em 152 milhões o número de crianças entre 5 e 17 anos submetidas ao trabalho infantil em 2016.  

Cerca de 73 milhões, quase a metade delas, trabalham em atividades consideradas perigosas, que colocam em risco a saúde, a segurança ou o desenvolvimento moral dessa criança em áreas como a mineração e a construção civil. 

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A ex-prefeita de Pombos, na Mata Sul de Pernambuco, Cleide Jane Sudário Oliveira, conhecida como Jane Povão, e a sua irmã e ex-secretária de Assistência Social do município Cláudia Rejane Sudário Ribeiro Leite foram condenadas por improbidade administrativa. A Justiça concluiu que elas desviaram recursos do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti).

Em valores atualizados até agosto de 2014, o montante desviado chegava a quase R$ 173 mil. Em 2015, os bens das condenadas já haviam sido bloqueados. A prática ilícita teria ocorrido entre os anos 2009 e 2012. O esquema se dava através da apropriação de parcelas do salário de funcionários do programa.

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Segundo o Ministério Público Federal (MPF), merendeiras, monitores e oficineiros, entre outros funcionários do Peti, tinham de entregar a elas entre R$ 200 e R$ 300 todo mês, o que representava cerca da metade do salário de alguns. Eles ainda eram impedidos de ter acesso aos próprios contracheques e ameaçados de suspensão e afastamento caso fizessem questionamentos. A parte dos salários retida era repassada a outros funcionários que não constavam na folha de pagamento ou destinada à própria ex-secretária de Assistência Social.

O MPF identificou que Cláudia Ribeiro Leite é quem estava à frente do esquema, contando com o apoio da irmã. Uma fiscalização da Controladoria-Geral da União também constatou o esquema. Ambas as acusadas foram condenadas com a perda de função publica que eventualmente estejam ocupando e a suspensão dos direitos políticos por dez anos. Elas também foram proibidas de contratar com o poder público por igual período e terão de ressarcir integralmente o prejuízo causado aos cofres públicos.

O LeiaJá volta a ter um trabalho jornalístico reconhecido a nível nacional. Nesta quarta-feira (19), o Prêmio MPT de Jornalismo, promovido pelo Ministério Público do Trabalho, anunciou as 34 reportagens finalistas da edição 2017; O especial ‘Infância sem cor’ está entre as matérias que participarão da grande final, prevista para o dia 17 de agosto, em Brasília.

Finalista da categoria ‘Webjornalismo’, ‘Infância sem cor’ retrata os motivos da persistência do trabalho infantil no Brasil, problema muitas vezes atrelado à desigualdade social que castiga o País. Participaram do projeto os repórteres Geraldo de Fraga, Nathan Santos, Martina Arraes, sob a orientação do chefe de redação Pedro Oliveira, além dos fotojornalistas Paulo Uchôa e Brenda Alcântara. O layout foi idealizado pelo front-end Raphael Brandão e coordenado por Thiago Azurém, enquanto que a pós-produção é de Raphael Sagatio.

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De acordo com o MPT, mais de 400 reportagens foram inscritas no Prêmio nas categorias jornal impresso, revista, radiojornalismo, telejornalismo, webjornalismo, fotojornalismo, universitário e repórter cinematográfico. Os melhores trabalhos de cada região – apenas serão revelados em agosto – concorrerão, automaticamente, à premiação nacional. Entre os vencedores, ainda haverá os títulos especiais ‘Fraudes Trabalhistas e ‘MPT de Jornalismo’.

O Prêmio MPT de Jornalismo tem o objetivo de destacar reportagens que mostram a importância da proteção e da defesa dos direitos do trabalhador. Alguns dos temas abordados são trabalho infantil, discriminação de gênero, cor e pessoas com deficiência, condições inadequadas de trabalho e denúncias de trabalho escravo ou análogo.  

Reconhecimento – O LeiaJá já conquistou, por duas vezes, o Prêmio Sebrae de Jornalismo, além de vencer o Prêmio Correios de Jornalismo. Também fomos finalistas do Urbana, Cristina Tavares, CNT e Abrafarma. Na categoria fotojornalismo, conquistamos o Prêmio Nação Cultural.

Finalistas do MPT de Jornalismo 2017:

Geraldo de Fraga, Nathan Santos, Martina Arraes, Pedro Oliveira, Paulo Uchôa, Brenda Alcântara, Raphael Brandão, Thiago Azurém e Raphael Sagatio – Infância sem cor – LeiaJá

Alinne Passos – Infância perdida – SBT Pará

Ana Haertel – As casas da escravidão – TV Record

Ana Lúcia Caldas – Série: Saúde, Drogas e Caminhões – Rádio Nacional de Brasília

Ana Paula da Silva Lisboa – Empoderamento feminino – Correio Braziliense

Bruna Lucyanna Oliveira dos Santos – Amazonas é rota do tráfico de pessoas – LabF5

Carlos Balbino – Reportagem Especial: Inserção de pessoas com síndrome de down no mercado de trabalho – TST/TV Justiça

Caroline Castro – Leia antes de fritar – Revista Galileu

Chico Batata – Carvoeiros da floresta – Jornal A Crítica

Cleber Gellio – De bacia na cabeça, feirantes terenas resistem ao descaso no comércio de rua – Midiamax

Douglan Monteiro – Discriminação de cor: entender para combater – Notícias em Dez/Universidade Tiradentes

Flavia Bemfica – Mais empregos? – Jornal Correio do Povo

Gabriel Martins – Dossiê: Mercado de trabalho e deficiência – Revista Transite

Janaina Souza – Série: Crise na Venezuela: mulheres venezuelanas e indígenas são vítimas do trabalho escravo para prostituição e mendicância – Rede de Notícias da Amazônia (RNA)

Juliana Correia Almeida – Mercado de trabalho para a mulher trans: luta por igualdade e respeito – Rádio UFS FM

Kelly Almeida – Ossos do ofício: a rotina cruel dos trabalhadores de frigoríficos – Metrópoles

Leandro Tapajós – ‘Sonho acabou’, diz ex-funcionário do hotel Ariaú à espera da Justiça no AM – Portal G1

Leopoldo de Moraes – Rota da Castanha: exploração sem limite – TV Record

Lucas Costa Valença – Perigo nas alturas: o risco de quem trabalha muito longe do chão – Agência de Notícias UniCEUB

Luiz Barbará – Tabu no campo: o trabalho dos produtores de fumo e a doença da folha verde – TV Record

Marciano Garcia Bortolin – Vida e morte no subsolo: as sequelas deixadas pela extração de carvão – Diário de Notícias

Márcio Anastacio – Shopping: onde a flexibilização das leis trabalhistas já chegou – Portal SRZD

Marcos Meller – Agricultura mutilada e esquecida – Rádio Peperi

Melquíades Júnior – Avisa lá – recados de São Paulo – Diário do Nordeste

Monica Prestes – Amazônia: Do verde às cinzas – Jornal A Crítica

Nanny Cox – Trabalho escravo moderno – Rádio Jovem Pan AM

Natinho Rodrigues – Peixe proibido – Jornal Diário do Nordeste

Patrik Camporez Mação – Dor e morte no caminho das pedras – Jornal A Gazeta

Raira Cardoso – À mercê dos ventos – Revista Proteção

Ricardo Vervloet – Profissão extinta – Jornal A Gazeta

Ronaldo Fontana – Entraremos em Contato – TV UFSC – Canal Universitário

Thais Lazzeri – Eu fui escravo – Repórter Brasil

Thiago Antônio Correia da Silva – Sururu: a cadeia produtiva da miséria!!! – TV Pajuçara

Wellinton Soares – Sururu: a cadeia produtiva da miséria – TV Pajuçara 

Na próxima quinta-feira (29) será realizada uma audiência pública às 14h na Câmara Municipal do Recife para discutir aprendizagem e trabalho infantil. A audiência tem o tema “A educação é a chave que abre a porta da esperança de um futuro melhor para a criança” e seu objetivo é debater a mobilização e a inclusão de aprendizes no mercado de trabalho e expor a necessidade de defender crianças e adolescentes de qualquer tipo de exploração.

Estarão presentes representantes de várias entidades governamentais e não-governamentais ligadas ao tema, como o Ministério Público do Trabalho (MPT), empresas, sindicatos, imprensa e sociedade civil. 

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“Há mais de 2,6 milhões de pessoas com idade entre 5 e 17 anos atuando no mercado de trabalho de forma desprotegida e ilegal, segundo a PNAD/IBGE 2015. Desse contingente, 2,2 milhões, ou seja, 85%, têm idades entre 14 e 17 anos, que, em vez de estarem expostos a riscos, acidentes, e muitas vezes fora da escola, poderiam estar trabalhando de forma protegida, por meio da Aprendizagem”, afirma a procuradora Jailda Pinto.

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Em todo o Brasil, a mão de obra de crianças e adolescentes ainda é explorada de forma indiscriminada. Seja nos semáforos, nos lixões, em feiras, restaurantes, no campo, em indústrias ou dentro de casa, os direitos à infância e à educação são negados para quase três milhões de crianças e adolescentes no país, de acordo com pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O mapeamento da situação do trabalho infantil mostra que o número de trabalhadores precoces corresponde a 5% da população que tem entre 5 e 17 anos no Brasil. A taxa de crianças economicamente ativas é 20% menor do que o registrado em anos anteriores, mas especialistas alertam que é possível que haja uma interrupção na tendência de queda.

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Desde 2013, o país vem registrando aumento dos casos de trabalho infantil entre crianças de 5 a 9 anos. Em 2015, ano da última pesquisa do IBGE, quase 80 mil crianças nessa faixa etária estavam trabalhando e, nas próximas pesquisas, quando elas estiverem mais velhas, podem promover o aumento do número de adolescentes que trabalham. Cerca de 60% delas vivem na área rural das regiões Norte e Nordeste.

Representantes da rede de proteção à infância afirmam que o dado é preocupante e deve ser destacado nas campanhas realizadas para marcar o Dia Internacional contra o Trabalho Infantil, celebrado na última segunda-feira (12) em todo o mundo. A data foi instituída há 15 anos pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) para promover ações em todo o mundo e mobilizar diferentes atores no combate ao trabalho infantil.

“É inaceitável que crianças de 5 a 9 anos estejam trabalhando. A expressiva maioria delas trabalha com as próprias famílias no cultivo de hortaliças, cultivo de milho, criação de aves e pecuária. São recortes que conhecidos e analisados obrigatoriamente devem subsidiar decisões políticas ou implementação de ações e programas que deem uma resposta a essa grave situação.”, disse Isa Oliveira, socióloga e secretária-executiva do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (Fnpeti), um dos organizadores da campanha no Brasil.

Para o Fórum Nacional, outro ponto que deve ser lembrado durante a campanha é o não cumprimento pelo Brasil da meta firmada junto à Organização Internacional do Trabalho de eliminar todas as piores formas de trabalho infantil até 2016.

Entre as formas mais graves descritas na Convenção Internacional 182, da qual o Brasil é signatário, estão a escravidão, o tráfico de entorpecentes, o trabalho doméstico e o crime de exploração sexual, que, no caso dos dois últimos, vitimam principalmente meninas negras.

“A nossa proposta nesse 12 de junho é questionar o governo sobre o não cumprimento da meta e que essa avaliação do não cumprimento nos dê subsídios para uma tomada de decisão no sentido de reafirmar o compromisso pela prevenção e eliminação do trabalho infantil. O Brasil tem esse compromisso. A proibição do trabalho infantil está na legislação brasileira, em particular na Constituição Federal, disse declarou Isa Oliveira.

Segundo o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a meta de erradicação das piores formas foi reagendada para 2020 e a de todas as formas de trabalho infantil para 2025, em acordo firmado com a comunidade internacional na OIT, no âmbito dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. O ministério ressalta ainda que realizou, de 2006 a 2015, quase 47 mil ações de fiscalização que resultaram na retirada de 63.846 crianças e adolescentes do trabalho e na redução apontada pelo IBGE em 2015.

Legislação

A legislação internacional define o trabalho infantil como aquele em que as crianças ou adolescentes são obrigadas a efetuar qualquer tipo de atividade econômica, regular, remunerada ou não, que afete seu bem-estar e o desenvolvimento físico, psíquico, moral e social.

Segundo a Constituição Federal, é proibido para menores de 16 anos a execução de qualquer trabalho, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos. No caso das atividades de aprendizagem, o trabalho não pode ser noturno, perigoso ou insalubre, mesmo para os maiores de 16 e menores de 18 anos. As atividades de aprendizagem também não devem prejudicar a frequência nem o rendimento escolar do adolescente.

A proibição é reforçada na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que restringe a possibilidade de trabalho a menores de 16 anos apenas a casos autorizados pela Justiça e estabelece os critérios para a contratação de aprendizes. O direito à profissionalização e proteção no trabalho para os aprendizes também está disposto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA )

Riscos

As crianças que trabalham de forma irregular têm o mundo de aprendizado, sonhos, brincadeiras e proteção substituído por uma rotina de responsabilidade, exposição a perigos e risco de traumas.

Segundo a OIT, em todo o mundo cerca de 168 milhões de crianças são obrigadas a trabalhar, sendo que 85 milhões delas estão envolvidas em trabalhos considerados perigosos.

No Brasil, de acordo com o Departamento de Vigilância em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde, desde 2007 quase 40 mil crianças e adolescentes sofreram algum tipo de acidente enquanto trabalhavam. Mais de 50% das ocorrências foram graves, o que inclui amputação de mãos e braços e até mortes.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o trabalho infantil também é uma das formas de violência contra a infância e adolescência. Seguindo a classificação internacional de violações, o Ministério da Saúde obriga, desde 2011, a fazer a notificação de casos suspeitos ou confirmados desse tipo de violência no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) pelos profissionais de saúde.

As notificações de 2009 a 2011 apontaram que mais de 800 crianças foram identificadas no Sistema Único de Saúde (SUS) como vítimas de algum tipo de violência relacionada ao trabalho infantil. O número corresponde a 2,8% do total de atendimentos de violência do período. Como nem todos os casos chegam ao conhecimento do sistema de saúde, o índice de abuso contra as crianças trabalhadoras pode ser muito maior.

Desafio da prevenção

O Código Penal brasileiro ainda não tipifica a exploração de mão de obra infantil como crime. Algumas formas de trabalho infantil têm sanção prevista à parte, como a prostituição, considerada crime hediondo e inafiançável, com pena de 4 a 10 anos de prisão em regime fechado. Outras formas de exploração, como o trabalho doméstico, ainda carecem de regulamentação.

Um projeto de lei que criminaliza qualquer tipo de trabalho infantil - exceto os de natureza artística que tiver consentimento judicial - aguarda aprovação da Câmara dos Deputados. O projeto já foi aprovado pelo Senado no fim do ano passado.

Mas, o Fórum Nacional alerta que a maioria das propostas referentes ao assunto que tramitam no Congresso sugere mudanças consideradas como retrocesso pelas entidades civis e pelo Ministério Público do Trabalho, como a redução da idade mínima para permissão de trabalho regular para os 14 anos. A redução da idade, inclusive para o trabalho doméstico, é recomendada por seis Propostas de Emenda à Constituição que tramitam na Câmara.

Mesmo com o rigor conceitual e jurídico que envolve o tema, o país enfrenta dificuldades para colocar em prática medidas efetivas de combate. Segundo avaliação da Comissão Nacional de Erradicação do Trabalho Infantil, o país executou até 2015 apenas metade do total de 133 ações previstas no plano nacional.

Os especialistas explicam que ainda se impõe no país uma tradição cultural que coloca a infância em condição de vulnerabilidade. “Predominam ainda valores culturais que defendem para as crianças pobres o trabalho precoce como uma solução. Quando os dados das estatísticas informam o contrário, quer dizer, trabalho infantil não foi, não é e não será a solução porque ele reproduz a pobreza, a exclusão social e a exclusão escolar”, alerta Isa Oliveira.

A baixa eficácia da política de educação no Brasil e os desafios para geração de renda das famílias mais pobres também são apontados entre as causas para o abandono dos estudos e os altos índices de trabalho infantil.

“A política de educação garante o acesso através da matrícula, mas a permanência e a conclusão na idade certa, no tempo certo, não vêm acontecendo há um tempo. Por outro lado, a política de assistência social - que tem por missão atender famílias em situação de vulnerabilidade e pobreza - também não tem sido eficaz para dar apoio às famílias, para que elas tenham uma renda que seja suficiente para o sustento de seus filhos e não recorram ao trabalho das crianças para complementar a renda”, afirmou a socióloga.

Educação

Uma das estratégias da mobilização internacional deste ano é ressaltar o papel da educação como uma das ferramentas mais eficazes de combate ao trabalho infantil. As ações também enfocarão o combate à pobreza e chamarão a atenção para a situação das crianças refugiadas que são forçadas a trabalhar.

A mobilização brasileira contará com a presença do Nobel da Paz, o indiano Kailash Satyarthi, que lidera a iniciativa global "100 milhões por 100 milhões". O objetivo da campanha é mobilizar 100 milhões de pessoas na luta pelos direitos de 100 milhões de crianças que vivem em situação de trabalho infantil no mundo.

Ao longo da semana, a campanha promoverá debates no Congresso Nacional, o lançamento de exposição sobre o tema no Ministério Público do Trabalho e apelo nas redes sociais. Entre as ações do governo federal, estão previstas operações de combate ao trabalho infantil pelos fiscais do Ministério do Trabalho e Emprego, além de palestras e audiências públicas nos estados.

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No Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, celebrado na segunda-feira (12), o indiano Kailash Satyarthi, prêmio Nobel da Paz de 2014, lançou em Brasília a campanha 100 Milhões por 100 Milhões, contra o trabalho infantil e toda forma de exclusão de crianças e adolescentes. O objetivo é mobilizar 100 milhões de pessoas, estimulando especialmente os jovens, a lutar pelos direitos de crianças em situação de vulnerabilidade.

“O aspecto mais importante é que a campanha seja dirigida pelos jovens. Queremos engajar no mínimo 100 milhões de crianças e adolescentes que possam ser a voz das que são desfavorecidas. Então, a partir de internet, os jovens podem pedir aos governantes que invistam em educação e no desenvolvimento social. E, também, usar as mídias sociais para desafiar as empresas que usam o trabalho infantil na sua cadeia de produção”, disse, defendendo que é preciso investir em proteção e desenvolvimento social para as famílias, em saúde e educação.

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Em todo o mundo, cerca de 168 milhões de crianças são obrigadas a trabalhar, sendo que 85 milhões delas estão envolvidas em trabalhos considerados perigosos.

A campanha foi lançada há cinco meses na Índia e em Bangladesh e, agora, no Brasil. Neste ano, mais sete países irão se engajar e, no próximo ano, mais 40. No total, em três anos, o movimento estará lançado em 100 países. “As pessoas estão descontentes com seus políticos e, por isso, há um engajamento muito grande”, disse Satyarthi, explicando que a campanha também ocorre em parceria com uniões de professores e universidade, como Harvard, Oxford e London School of Economics.

Para a estudante Ana Júlia Ribeiro, umas das ativistas, a melhor mobilização contra a exploração infantil deve ser por meio das redes sociais. “Temos o problema da mídia hegemônica, das informações que a mídia tradicional não quer que cheguem à população. Teremos que furar esse bloqueio através das redes sociais, do boca a boca, levando a questão para a escola, usando outros meios para expandir a mobilização”, disse.

A estudante de 16 anos ficou conhecida após um vídeo viralizar nas redes sociais com seu discurso sobre a ocupação das escolas na Assembleia Legislativa do Paraná.

A iniciativa de Satyarthi é coordenada no Brasil pela Campanha Nacional pelo Direito à Educação, com parceria temática do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (Fnpeti). A agenda de lançamento contará com audiências públicas na Câmara dos Deputados e no Senado Federal. e com a exposição fotográfica #ChegaDeTrabalhoInfantil, organizada pelo Ministério Público do Trabalho. Haverá ainda roda de conversa com a participação do Nobel da Paz, estudantes e a comunidade escolar.

Tendência

No Brasil, 2,7 milhões de crianças e adolescentes brasileiros estão em situação de trabalho, com crescimento na população de 5 a 9 anos. Para o coordenador nacional da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, a faixa etária demostra uma tendência para o trabalho infantil, o que significa que, nos próximos anos, pode haver crescimento em outras faixas etárias.

Segundo Cara, para enfrentar o trabalho infantil é preciso garantir uma política de assistência social que que traga renda às famílias, aliada a políticas adequadas de saúde e educação. “Para enfrentar o trabalho infantil de maneira estrutural é preciso enfrentar a crise econômica, garantindo politicas sociais, e não simplesmente cortar recursos da área social”, disse.

Coordenador da campanha 100 Milhões por 100 Milhões no Brasil, Cara disse que é preciso chamar a atenção da sociedade para o fato de que existe trabalho infantil. “É preciso informar sobre crianças que trabalham no semáforo, em casa, na zona rural, para dar visibilidade ao tema. Porque isso não é tratado na sociedade, não é debatido na imprensa. O segundo desafio é discutir alternativas ao programa econômico brasileiro e às políticas sociais que precisam ser expandidas”, ressaltou.

Para o diretor da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Brasil, Peter Poschen, o Brasil tem uma crise estrutural há muito tempo. “Ele se manifesta nas favelas, no fato de que, a cada ano, 60 mil jovens morrem por mortes violentas. O dado comparativo é que, no Japão, morrem 6 por ano. Então, tem um problema claramente estrutural e outro que se chama recessão, o que leva à volta da incidência do trabalho infantil, do trabalho escravo e do trabalho informal”, disse.

Formado em engenharia elétrica, o indiano Kailash Satyarthi abandonou a carreira aos 26 anos para lutar contra o trabalho infantil. Para isso, fundou a ONG Bachpan Bachao Andolan (Movimento para Salvar a Infância) em 1980. Desde que foi criada, a instituição já libertou mais de 80 mil crianças de diversas formas de escravidão e ajudou na reintegração, reabilitação e educação delas. Por essa iniciativa, ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2014, ao lado da ativista paquistanesa Malala Yousafzai, que na época tinha 17 anos. As informações sobre a campanha estão disponíveis na página www.100milhoes.org.br

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É comemorado hoje (12) o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil. Para enfatizar a data, a Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou que houve redução de 18,2% no número de crianças e adolescentes em situação de exploração entre 2014 e 2017, ou seja, de 3,3 milhões para 2,7 milhões de registros.

De crianças entre 10 e 14, a diminuição de trabalhadores infantis foi de 20,1%. Entretanto, entre crianças de 5 a 9 anos, houve aumento de 12%, principalmente em áreas rurais das regiões Norte e Nordeste. “É inaceitável que crianças de 5 a 9 anos estejam trabalhando. A expressiva maioria delas trabalha com as próprias famílias no cultivo de hortaliças, cultivo de milho, criação de aves e pecuária. São recortes que conhecidos e analisados obrigatoriamente devem subsidiar decisões políticas ou implementação de ações e programas que deem uma resposta a essa grave situação.”, disse a socióloga e secretária-executiva do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (Fnpeti) Isa Oliveira.

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Entre 2006 e 2015, 63.846 crianças e adolescentes foram afastados do trabalho depois de 46.984 ações de fiscalização. “Isso demonstra que as políticas adotadas pelo ministério têm surtido efeito e as operações realizadas pelas equipes, que retiraram 63,8 mil crianças e adolescentes do trabalho, precisam ser incentivadas”, enfatizou o ministro do trabalho, Ronaldo Nogueira. 

Por Sarah Abrão e Caroline Nunes

Como forma de conscientizar sobre o enfrentamento ao trabalho infantil, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Ministério Público do Trabalho (MPT) estão no Centro de Abastecimento e Logística de Pernambuco (Ceasa-PE), na Zona Oeste do Recife, realizando ação. Desde as 8h desta segunda-feira (12) estão sendo ministradas capacitação e palestras aos profissionais. 

Conforme a PRF, o primeiro momento é dedicado à capacitação de operadores de mercado e trabalhadores da limpeza que trabalham no Ceasa, para que eles possam identificar e denunciar casos encontrados aos órgãos competentes. Em seguida, uma ação educativa visa abordar o público que frequenta o local. Para este caso, um ônibus adaptado será utilizado para a realização de palestras e exibição de vídeos sobre o tema.

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A campanha #ChegadeTrabalhoInfantil visa conscientizar de que uma criança que trabalha, normalmente, abandona a escola, comprometendo seu desenvolvimento intelectual, físico, psicológico e emocional.  

Dados

A ação se baseia na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD 2015) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que aponta para 2,672 milhões de crianças e adolescentes trabalhadoras, na idade entre 5 a 17 anos. Em Pernambuco, houve um aumento de mais de 12% nos números. O que antes era um registro de 109.000 menores, atualmente, são 122 mil. A PRF ainda indica que a Organização Internacional do Trabalho (OIT) calcula que 85 milhões de crianças no mundo estão enquadradas nas piores formas de atividades. Esse número corresponde a 51% do total do trabalho infantil no mundo.

A Prefeitura de Toritama assinou, na última quarta-feira (10), um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com 14 cláusulas ao todo, em que se compromete junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT) a implementar uma série de políticas públicas para erradicar o trabalho infantil e proteger o trabalho adolescente. Entre os itens do documento, há um em relação ao orçamento municipal. O MPT pediu que o município fornecesse verbas suficientes para formação de programas à infância e juventude, especialmente nas feiras livres, mercados, matadouros e ruas. 

Além disso, a Prefeitura deverá fazer um levantamento para identificar todas as crianças encontradas em situação de trabalho infantil. Esse diagnóstico terá que ser enviado ao MPT no prazo de 210 dias. O prazo também vale para que o município forneça uma estrutura adequada (física, pessoal e equipamentos) aos conselhos tutelares e demais órgãos da administração, como a assistência social. 

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Segundo o MPT, a Prefeitura se comprometeu também no documento a promover a divulgação à população das leis que proíbem o trabalho infantil, realizando debates, seminários, oficinas e campanhas. A assinatura do TAC faz parte das metas estratégicas do MPT dentro do projeto “Resgatando a infância”, no eixo de políticas públicas. O cumprimento do documento poderá ser verificado pela fiscalização, a qualquer tempo. Qualquer cidadão também pode denunciar irregularidades pelo site do Ministério.

A cada obrigação descumprida, a Prefeitura de Toritama terá que pagar uma multa de R$ 10 mil, somada a R$ 5 mil por criança ou adolescente encontrado em situação de trabalho irregular. A multa será revertida em favor do Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente do próprio município.

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Os municípios de Goiana e Ribeirão, localizados na Zona da Mata de Pernambuco, descumpriram Termos de Ajuste de Conduta (TAC) que determinava medidas de combate ao trabalho infantil, firmado com o Ministério Público do Trabalho de Pernambuco (MPT-PE). O órgão pediu a execução judicial dos acordos na justiça, medida que pode levar ao pagamento de multas de R$ 80 mil ao município de Ribeirão e de R$ 160 mil para Goiana. 

Em agosto de 2016 as duas prefeituras firmaram acordos de oito cláusulas contendo exigências como a obrigação de os municípios fazerem o cadastramento e identificação das crianças encontradas na situação de trabalho em feiras livres municipais e de feirantes que fossem flagrados utilizando crianças como mão de obra. 

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Os TACs também previam o acompanhamento estudantil das crianças e jovens, a organização de fóruns com Conselhos Tutelares e campanhas de conscientização, além de multas no valor de R$ 10 mil (no caso de Ribeirão) e R$ 20 mil (para Goiana) para cada ítem descumprido.

Segundo o procurador do Trabalho à frente do procedimento, Rogério Sitônio Wanderley, nenhum cumprimento de exigência foi comprovado por nenhuma das prefeituras, após seis meses da assinatura dos mesmos. O pedido de execução dos TACs aguarda andamento na justiça.

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Existem 3,3 milhões de crianças, entre 5 e 17 anos, em situação de trabalho infantil no Brasil, segundo estudos realizados pela Fundação Abrinq. O trabalho antes de 14 anos é contra a lei e afeta o desenvolvimento psicológico, físico e intelectual de quem está nessa condição, conforme o Observatório da Criança e do Adolescente.

Sérgio de Freitas Junior, do Conselho Tutelar de Guarulhos, explica que o papel do conselho em relação ao trabalho infantil é fiscalizar as empresas e conscientizar os pais. Quando chega uma denúncia, o Conselho Tutelar verifica e encaminha o caso ao Ministério Público (MP). Os pais da criança são orientados sobre o dever de manter o menor na escola. Se for constatado que a criança continua trabalhando e está fora da escola, os responsáveis são advertidos. Se for considerado que o menor está em situação de risco, o Conselho Tutelar poderá, provisoriamente, encaminhar a criança para ficar com algum parente. Em seguida avisará o MP e o juiz, que determinará com quem fica a guarda da criança.

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Segundo Freitas Junior, com o desemprego atingindo mais de 12 milhões de pessoas no país, o número de crianças trabalhando também pode aumentar. A dificuldade financeira de muitas famílias faz com que os filhos comecem a exercer atividades como entregar panfletos nas ruas, engraxar sapatos ou trabalhar nos faróis para ajudar em casa.

Os irmãos W., R. e I. trabalham há dois anos fazendo malabarismo em um semáforo da Avenida Tiradentes, em Guarulhos. Com 15, 14 e 12 anos, respectivamente, eles têm a responsabilidade de ganhar dinheiro para ajudar a mãe e as outras irmãs menores. Eles frequentam a escola pela manhã e trabalham à tarde. Como toda criança, eles têm sonhos. R. quer ser jogador de futebol, enquanto I. ambiciona comprar uma casa e um carro para a mãe.

O Conselho Tutelar contabiliza anualmente quantas crianças estão em situação de trabalho em Guarulhos. Os menores com 14 anos ou mais são encaminhados ao trabalho legalizado de jovem aprendiz, com a condição de que se mantenham na escola.

Por Beatriz de Gouvêa Candido

 

 

A Superintendência Regional do Trabalho de Pernambuco (SRT-PE) e o Sport Clube do Recife firmaram uma parceria na última quarta-feira (29) para a participação do time na Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes (Campat), em abril, e também de uma campanha contra o trabalho infantil. O fechamento da parceria aconteceu em uma reunião do superintendente regional do Trabalho de Pernambuco, Geovane Freitas, com o presidente do Sport Recife, Arnaldo Barros.

Representando o clube, também participaram da reunião o CEO Fernando Halinski, a diretora de Marketing, Melina Amorim, e o gestor Jurídico, Paulo Gordiano. De acordo com o superintendente Geovane Freitas, a ideia é que o futebol seja um meio de difusão para a conscientização sobre os temas trabalhistas. “Queremos dar visibilidade às ações do Ministério, e o futebol, paixão nacional, é uma importante vitrine”.

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Sobre o calendário das campanhas, o superintendente explicou: “começamos com o Abril Verde e depois, em junho, atuaremos conjuntamente no combate ao trabalho infantil”. O presidente do Sport, Arnaldo Barros, falou em “comprometimento social” do clube e afirmou que “as campanhas que estão sendo elaboradas são causas que defendemos. É ao lado do comprometimento social que devemos estar”.

Cerca de 17 milhões de crianças até 14 anos – o que equivale a 40,2% da população brasileira nessa faixa etária – vivem em domicílios de baixa renda. No Norte e no Nordeste, regiões que apresentam as piores situações, mais da metade das crianças [60,6% e 54%, respectivamente] vivem com renda domiciliar per capita mensal igual ou inferior a meio salário mínimo. Desse total, 5,8 milhões vivem em situação de extrema pobreza, caracterizada quando a renda per capita é inferior a 25% do salário mínimo.

Os dados fazem parte do relatório Cenário da Infância e Adolescência no Brasil, documento que faz um panorama da situação infantil no país, divulgado pela Fundação Abrinq. O estudo foi feito utilizando dados de fontes públicas, entre elas o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Nesta quarta edição, a publicação reúne 23 indicadores sociais, divididos em temas como trabalho infantil, saneamento básico, mortalidade e educação. A publicação também apresenta uma série de propostas referentes às crianças e que estão em tramitação no Congresso Nacional.

“Nesta edição, além de retratar a situação das crianças no Brasil, também apresentamos a Pauta Prioritária da Infância e Adolescência no Congresso Nacional. O conteúdo revela as principais proposições legislativas em trâmite no Senado e na Câmara dos Deputados, com os respectivos posicionamentos da Fundação Abrinq baseados na efetivação e proteção de direitos da criança e do adolescente no Brasil”, disse Heloisa Oliveira, administradora executiva da Fundação Abrinq.

Violência

Um dos temas abordados no documento é a violência contra as crianças e adolescentes. Segundo o estudo, 10.465 crianças e jovens até 19 anos foram assassinados no Brasil em 2015, o que corresponde a 18,4% dos homicídios cometidos no país nesse ano. Em mais de 80% dos casos, a morte ocorreu por uso de armas de fogo. A Região Nordeste concentra a maior parte desses homicídios (4.564 casos), sendo 3.904 por arma de fogo.

A publicação também mostra que 153 mil denúncias de violações de direitos de crianças e adolescentes chegaram ao Disque 100 em 2015, sendo que em 72,8% das ligações a denúncia se referia a casos de negligência, seguida por relatos de violência psicológica (45,7%), violência física (42,4%) e violência sexual (21,3%).

Trabalho infantil

Com base em dados oficiais, o documento revelou que as condições do trabalho infantil estão mais precárias. Embora tenha diminuído o número de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil na faixa de 10 a 17 anos [redução de cerca de 659 mil crianças e adolescentes ocupados em 2015 em comparação a 2014], houve aumento de 8,5 mil crianças de 5 a 9 anos ocupadas.

O universo de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos que trabalhavam n somou 2,67 milhões em 2015. Mais de 60% delas são do Nordeste e do Sudeste, mas a maior concentração ocorre na Região Sul.

O estudo mostrou também dados mais positivos, como a taxa de cobertura em creches do país, que passou de 28,4% em 2014 para 30,4% em 2015 - ainda distante, no entanto, da meta estabelecida pelo Plano Nacional de Educação, de chegar a 50% até 2024.

Os dados completos podem ser vistos no site www.observatoriocrianca.org.br.

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