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 O primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, está em visita oficial ao Brasil e falou ontem (8) em São Paulo sobre sua intenção de discutir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a guerra na Ucrânia.

Lula receberá Rutte no Palácio do Planalto, em Brasília, na tarde dessa terça-feira (9) e, posteriormente, deve participar de um jantar no Palácio Itamaraty.

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O premiê declarou que quer explicar a Lula por que o apoio à Ucrânia é um tema "existencial" para a Holanda e para a União Europeia.

"Se [Vladimir] Putin for bem-sucedido na Ucrânia, e eu não acho que ele vá ser, não vai acabar aí. As pessoas estão preocupadas com a própria segurança, em Amsterdã, Berlim, Paris e na Europa", reforçou Rutte.

Lula tem defendido a criação de um "clube" de países facilitadores da paz na Ucrânia, proposta da qual falou na sexta-feira passada com o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, em Londres. A UE e os Estados Unidos criticaram Lula por ter falado que Ucrânia e Rússia são igualmente culpados pelo conflito no leste europeu.

Rutte chegou ao Brasil junto com uma delegação de empresários e também deve incluir na conversa com Lula o acordo entre o Mercosul e a UE. Já na quarta-feira (10), o governante europeu deve visitar a região Nordeste. 

Da Ansa

As defesas aéreas da Ucrânia derrubaram 35 drones de fabricação iraniana sobre Kiev no último ataque noturno da Rússia, enquanto ataques em toda a Ucrânia pelas forças do Kremlin mataram quatro civis, segundo declarações de autoridades nesta segunda-feira (8).

Os bombardeios aconteceram em meio a um reforço na segurança de Moscou na véspera das tradicionais comemorações da Praça Vermelha que marcam a derrota da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial. O país comemora o Dia da Vitória no dia 9 de maio.

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De acordo com a mídia russa, pelo menos 21 cidades cancelaram os desfiles militares por conta de preocupações com a segurança.

Destroços de drones atingiram um prédio de apartamentos de dois andares no distrito de Svyatoshynskyi, no oeste de Kiev, enquanto outros destroços atingiram um carro estacionado nas proximidades, afirmou o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko, em uma postagem no Telegram.

Russos atacam Odessa e Bakhmut

Segundo Kiev, a Rússia também atacou a cidade portuária de Odessa , mas ninguém ficou feriado. Além disso, seis foguetes russos também atingiram a cidade de Kramatorsk, no leste da Ucrânia, durante a noite, informou uma autoridade regional, mas os projeteis caíram em uma área industrial da cidade, sem causar vítimas.

Moscou também segue bombardeando a cidade de Bakhmut. Kiev apontou que o exército russo espera tomar o controle total da cidade até terça-feira, dia 9.

No domingo, 7, o chefe do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, apontou que o grupo deve continuar em Bakhmut após ameaçar que poderia deixar a região por falta de munições.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, disse nesta segunda-feira que enviou um projeto de lei ao parlamento propondo que o Dia da Memória e da Vitória sobre o nazismo na Segunda Guerra Mundial seja celebrado no dia 8 de maio no país e um Dia da Europa ocorra no dia 9 de maio, distanciando ainda mais Kiev de Moscou.

Zelenski comparou os objetivos da Rússia na Ucrânia aos dos nazistas. "Infelizmente, o mal voltou", apontou Zelesnki no Telegram. "Embora agora seja outro agressor, o objetivo é o mesmo - escravização ou destruição", afirmou.

Com três sacolas grandes sob o guidão de sua motocicleta, Oleksandre percorre as ruas de Siversk para distribuir pão aos habitantes desta cidade do leste da Ucrânia.

A linha de frente fica a menos de 10 quilômetros de distância. Quase todos os dias, Siversk é alvo de ataques do exército russo, em particular contra as posições de artilharia ucraniana localizadas dentro e ao redor desta cidade.

Oleksandre recupera as sacolas em um centro de ajuda humanitária da prefeitura e as enche com 30 pães cada.

Duas vezes por semana, cerca de 2.500 pães são entregues nas cidades de Kramatorsk e Kostiantynivka.

Oleksandre sai da prefeitura e dirige a toda velocidade para seu bairro, sob um sol forte após vários dias de chuva.

"Tem que ir rápido para que nada te alcance", explica, sorridente, o homem de 44 anos, aludindo ao risco de um projétil cair sobre ele.

Distribui os pães aos moradores da sua rua, numa estrada de terra esburacada, rodeada de casinhas e árvores floridas.

Este ex-soldador, vestido com um uniforme de trabalho azul, conta que iniciou esta ação solidária quando "estava consertando o telhado de um vizinho e me pediram para trazer pão".

Oleksandre começa seu passeio na casa de sua vizinha do outro lado da rua. Olena Ichakova, de 62 anos, sai vestida com um longo roupão azul com bolsos amarelos.

"Terça-feira são dois pães brancos (por pessoa) e quinta-feira é um pão doce e um pão escuro", diz a mulher, levando quatro pães embrulhados em sacos plásticos com a sigla "WFP" (Programa Mundial de Alimentos, em inglês).

Sua filha e neta foram levadas para o oeste da Ucrânia em fevereiro, mas ela permaneceu em Siversk com o marido.

"O dia 5 de maio marcará um ano desde que perdemos a eletricidade”, conta, enquanto um disparo de artilharia ucraniana ecoa nas proximidades.

"Não sabemos nem quem está atirando, nem onde. Só ouvimos explosões. Quando eles atiram e eu estou sentada em casa, o vidro treme, é assustador. Quando isso vai acabar?", ela se pergunta.

- Moradores têm medo -

Em julho e agosto, Siversk (população de 12.000 habitantes antes da guerra) foi alvo de pesados bombardeios das forças russas, que também tentaram ataques malsucedidos à cidade.

Sua parte ao leste, um conjunto de edifícios altos, foi particularmente destruída. O oeste, com suas pequenas casas, foi menos afetado. Cerca de 1.500 habitantes ainda estão presentes, segundo as autoridades.

O entregador Oleksandre encontra Valentina Zaruba, de 73 anos, responsável pela distribuição em uma rua próxima. No inverno, a mulher fez seu passeio com um carrinho de mão. Agora, na primavera, faz isso de bicicleta.

O homem da moto dá a ela cerca de vinte pães, que Zaruba coloca em uma cesta na frente do guidão e em uma caixa de madeira fixada no bagageiro.

A entregadora vai até a casa de Liubov Shcherbak, de 76 anos, que a recebe cercada por quinze galinhas e quatro galos.

"Como podemos viver sem pão? Não temos onde fazê-lo" em Siversk, detalha esta mulher ao recuperar sua entrega.

Ao seu lado, Valentina Zaruba salienta que não pode "deixar uma idosa sozinha. A minha consciência não me permite deixá-la sozinha".

Segundo ela, 'todos os moradores estão com medo. Rogamos a Deus que a guerra termine o mais rápido possível, que continuemos vivos e que nossas casas não sejam destruídas".

A Rússia lançou nas últimas horas 24 drones de ataque contra a Ucrânia, que conseguiu derrubar 18 aparelhos, anunciou a Força Aérea de Kiev.

"Os invasores lançaram até 24 drones de ataque Shahed-136/131 (...) A Força Aérea da Ucrânia, em cooperação com outras unidades de defesa aérea, derrubou 18 drones de ataque", afirma um comunicado divulgado no Telegram.

Na quarta-feira, Moscou acusou Kiev de tentar atacar o Kremlin com drones para assassinar o presidente Vladimir Putin. O governo russo prometeu uma resposta dura.

A Ucrânia negou qualquer envolvimento em tal ação e os aliados ocidentais de Kiev também expressaram dúvidas sobre as acusações da Rússia.

Na capital ucraniana, o comandante da administração militar da cidade, Serguei Popko, disse que, de acordo com as informações preliminares, "todos os mísseis e veículos aéreos não tripulados inimigos foram destruídos sobre Kiev pelas forças de defesa aérea".

Popko afirmou que esta foi a terceira tentativa de ataque na capital em maio. "Nossa cidade não registrava tamanha intensidade nos ataques desde o início do ano", afirmou.

O comandante militar destacou que alguns destroços dos drones abatidos caíram em diferentes partes de Kiev, sem provocar feridos.

A Rússia afirmou, nesta quarta-feira (3), ter frustrado uma tentativa de assassinato do presidente Vladimir Putin com drones enviados pela Ucrânia, que negou qualquer envolvimento no fato e reportou um bombardeio "maciço" russo, com várias vítimas, na região de Kherson (sul).

"Ontem à noite, o regime de Kiev tentou atingir o Kremlin", no centro de Moscou, com dois drones, que ficaram "fora de serviço", graças a "sistemas de radar de guerra eletrônica", informou a Presidência russa.

"Consideramos estas ações como uma tentativa de ação terrorista e um atentado contra a vida do presidente", acrescentou o Kremlin, acrescentando que "a Rússia se reserva o direito de tomar medidas de represália onde e quando considerar apropriado".

O presidente da Câmara Baixa do Parlamento russo, Vyacheslav Volodin, instou "destruir o regime terrorista de Kiev".

E o ex-presidente russo, Dmitri Medvedev, defendeu a "eliminação física" do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.

Zelensky, por sua vez, negou o envolvimento de seu país no que seria o mais espetacular dos ataques atribuídos a Kiev em território russo desde o início da intervenção das tropas de Moscou na Ucrânia, em fevereiro de 2022.

"Não atacamos Putin", disse Zelensky em Helsinque, capital da Finlândia, após participar como convidado de uma cúpula de cinco países nórdicos.

Atacar o presidente russo "será uma tarefa dos tribunais. Nós vamos lutar no nosso território, estamos defendendo nossos povoados e cidades", acrescentou.

Um vídeo publicado por alguns veículos de imprensa russos nas redes sociais mostra um pequeno drone aproximando-se do Kremlin, antes de explodir. Em outra filmagem, vê-se uma coluna de fumaça sobre o prédio à noite.

Até o momento, não foi possível verificar a autenticidade das imagens com fontes independentes.

Os Estados Unidos pediram extrema cautela frente às declarações da Rússia.

"Vi a informação. Não posso validá-la, não sabemos disso", disse o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, durante um evento em Washington. "Veria qualquer coisa que sai do Kremlin com muito cuidado", acrescentou.

As acusações russas ocorrem depois de vários atos de sabotagem e de ataques com drones nos últimos dias contra regiões da Rússia próximas à fronteira ucraniana.

Alguns drones caíram na região de Moscou nos últimos meses, mas esta é a primeira vez que uma incursão atribuída à Ucrânia ocorre no coração da capital russa, a cerca de 500 km da fronteira com a antiga república soviética.

Estes ataques ocorrem enquanto Kiev afirma estar concluindo os preparativos de uma contraofensiva para retomar os territórios ocupados pela Rússia no leste e no sul do país.

- Parada de 9 de maio -

A tentativa de ataque denunciada pelo Kremlin ocorre a poucos dias das comemorações pelo "Dia da Vitória", em 9 de maio, que celebra a vitória das tropas soviéticas sobre a Alemanha nazista, em 1945.

Várias paradas foram canceladas no país por motivo de segurança.

A região de Briansk, na fronteira com a Ucrânia, anunciou nesta quarta-feira que desistiria da comemoração, após sabotagens recentes que provocaram o descarrilamento de dois trens.

Em Moscou, no entanto, as autoridades decidiram manter a grande marcha militar na Praça Vermelha.

"O desfile vai acontecer. Não há mudanças no programa", disse o porta-voz da Presidência russa, Dmitri Peskov.

- Toque de recolher e bombardeios em Kherson -

Ao menos 16 pessoas morreram nesta quarta em bombardeios "maciços" russos na região ucraniana de Kherson e 12 deles na cidade homônima, a principal da área, informou o Ministério Público local.

Outras 22 pessoas ficaram feridas neste ataque, acrescentou a fonte.

As autoridades ucranianas anunciaram, nesta quarta, um toque de recolher de 58 horas em Kherson a partir da noite de sexta-feira, para permitir às "forças de ordem fazerem seu trabalho".

Segundo analistas, a região de Kherson é uma das possíveis áreas de onde as tropas ucranianas poderiam lançar sua contraofensiva. A capital homônima foi retomada pelas tropas de Kiev em novembro.

Na Finlândia, Zelensky mostrou-se otimista sobre as próximas operações bélicas.

"Acredito que este ano será decisivo para nós, para a Europa, para a Ucrânia, decisivo para a vitória" contra a Rússia, afirmou.

A União Europeia (UE) apresentou um plano no valor de 500 milhões de euros (cerca de 2,7 bilhões de reais) para acelerar a produção de munições, a fim de repor suas reservas e manter a ajuda à Ucrânia.

As autoridades ucranianas anunciaram nesta quarta-feira (3) um toque de recolher de 58 horas a partir de sexta-feira (5) à noite em Kherson, perto da frente de batalha no sul do país, no momento em que Kiev finaliza os preparativos para uma contraofensiva ante as forças russas.

De modo paralelo ao anúncio, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, fez uma viagem surpresa à Finlândia, novo membro da Otan, para participar em uma reunião de cúpula de cinco países nórdicos.

Retomada em novembro em uma contraofensiva de sucesso, a cidade de Kherson permanecerá sob toque de recolher "das 20h (14h de Brasília) de 5 de maio até as 6h (0h de Brasília) de 8 de maio", anunciou no Telegram o comandante da administração militar regional, Oleksander Prokudin.

"Durante as 58 horas será proibido caminhar pelas ruas da cidade. Kherson também permanecerá fechada para entrada e saída", acrescentou.

Prokudin justificou as "restrições temporárias" pela "necessidade para que as forças de segurança possam fazer seu trabalho", mas não revelou detalhes.

Recentemente, as autoridades ucranianas afirmaram que estavam concluindo os preparativos para uma contraofensiva com o objetivo de reconquistar os territórios ocupados pela Rússia no leste e sul do país.

As tropas de Moscou ainda ocupam quase 20% da Ucrânia, incluindo a península da Crimeia, anexada em 2014.

Em meio aos boatos sobre onde começará a ofensiva de Kiev, os analistas apontam que o território do Donbass, onde acontece a violenta batalha de Bakhmut há vários meses, é mais acidentado. Em contraste, as regiões de Kherson e Zaporizhzhia, no sul, são formadas por grandes planícies agrícolas.

Apesar de ter sido libertada em novembro, Kherson ainda é alvo de bombardeios frequentes do exército russo, que está posicionado na outra margem do rio Dnieper, que virou uma fronteira natural entre os dois lados.

Nesta quarta-feira, um ataque russo contra um supermercado da cidade matou três civis e deixou cinco feridos, de acordo com o ministro do Interior, Igor Klimenko.

Na Rússia, um tanque de combustível pegou fogo durante a noite na cidade de Volna, localizada na região de Krasnodar, perto da Crimeia.

"Um tanque com derivados de petróleo sofreu um incêndio na localidade de Volna", disse o governador regional Veniamin Kondratiev. "De acordo com informações preliminares, não houve mortos ou feridos", acrescentou.

Segundo uma fonte dos serviços de emergência citada pela agência oficial TASS, o incêndio foi provocado pela "queda de um drone".

O Serviço Federal de Segurança (FSB) da Rússia anunciou nesta quarta-feira a detenção de sete integrantes de uma "rede de agentes da inteligência militar ucraniana que planejava executar atos de sabotagens e ataques terroristas na Crimeia".

O FSB informou que apreendeu explosivos e detonadores e indicou que o grupo planejava assassinar líderes políticos, como o governante da Crimeia designado por Moscou, Serguei Aksionov.

O aumento dos ataques e atos de "sabotagem" provoca temores de que ações do tipo possam afetar as comemorações militares do 9 de Maio, dia em que a Rússia celebra a vitória sobre a Alemanha nazista em 1945.

Várias cidades russas cancelaram as cerimônias programadas tradicionalmente para o "Dia da Vitória".

O grande desfile militar na Praça Vermelha de Moscou, o grande evento do dia, está confirmado.

A ofensiva russa na Ucrânia agravou a prolongada crise demográfica na Rússia, uma tendência estrutural que pode prejudicar ainda mais uma economia afetada por sanções.

Em um país que já sofre com uma escassa mão de obra devido a taxas de natalidade persistentemente baixas, o conflito acrescenta uma série de desafios que podem se manter por anos.

A mobilização de centenas de milhares de homens os retirou do mercado de trabalho, ao mesmo tempo que forçou habitantes com melhor formação a fugir do país.

"Faltam trabalhadores na Rússia", afirmou à AFP Alexei Rashka, um demógrafo que antes trabalhava para a agência oficial de estatísticas Rosstat.

"É um antigo problema, mas tem se agravado devido à mobilização e às saídas em massa", apontou.

Após o colapso da União Soviética nos anos 1990, a Rússia herdou suas baixas taxas de natalidade causadas por dificuldades econômicas e incertezas sobre o futuro do país.

O presidente russo Vladimir Putin tentou encorajar as famílias a terem filhos, mencionando "os valores tradicionais" como uma forma de resolver o que observa como uma crise existencial.

Como parte desta estratégia para aumentar a população, implantou um auxílio financeiro para as famílias a partir do segundo filho e os seguintes.

- Já afetada pela covid -

As autoridades russas não informam números sobre baixas em suas tropas na Ucrânia desde setembro de 2022, quando o Ministério da Defesa anunciou 5.937 mortes.

O países ocidentais estimam 150.000 mortos e feridos de cado lado.

"Não sabemos as perdas exatas da operação militar, mas 300.000 pessoas foram mobilizadas, o que reduz ainda mais o número de jovens trabalhando", afirmou Natalia Zubarevich, especialista da Universidade Estatal de Moscou.

Estas baixas no campo de batalha se somam às da mortal pandemia de covid, que "afetou duramente a Rússia", indicou à AFP Igor Yefremov, especialista em demografia.

A estatística oficial contabiliza cerca de 400.000 vítimas do coronavírus na Rússia, mas analistas acreditam que o balanço real é muito superior.

Ante o volume minguante da força de trabalho, a reduzida taxa de desemprego de 3,5% na Rússia nem mesmo representa um bom sinal, mas o reflexo de uma escassez de contratações e das dificuldades de vários setores para cobrir postos vagos.

Uma pesquisa publicada em 19 de abril pelo Banco Central da Rússia confirmou tensões "graves", particularmente "nas indústrias de processamento", transporte e "fornecimento de água".

- Duas ondas de emigração -

Um estudo publicado no mês passado pela Escola de Economia indicou que a Rússia necessitará entre 390.000 e 1,1 milhão de imigrantes por ano até o final do século para evitar um declínio de sua população.

No entanto, alguns setores não poderão compensar a perda de trabalhadores, especialmente indústrias que requerem altos níveis de formação.

Rashka explicou que o conflito na Ucrânia provocou duas ondas de emigração e ambas com "muita gente altamente qualificada, incluindo especialistas em informática e tecnologia", saindo da Rússia.

Este especialista estimou que cerca de 150.000 pessoas, incluindo 100.000 homens, deixaram o país entre fevereiro e março de 2022, semanas depois da eclosão do conflito.

Outros meio milhão de russos teriam saído após a mobilização anunciada por Putin em setembro, acrescentou.

Uma lei recente impôs restrições econômicas àqueles que se esquivarem do serviço militar, o que pode incentivar os que fugiram a se estabelecerem definitivamente no exterior.

Ainda assim, Zubarevich afirmou que mais de 60% daqueles que partiram continuam trabalhando remotamente para empresas russas. "Alguns deles vão voltar", assegurou.

Vários ataques russos com mísseis e drones atingiram na madrugada desta sexta-feira (28) várias cidades da Ucrânia e provocaram pelo menos 12 mortes, uma ofensiva condenada pelo presidente ucraniano, que prometeu uma resposta.

"O terror russo deve ter uma resposta adequada da Ucrânia e do mundo. E isso vai acontecer", afirmou o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky.

"Cada ataque deste tipo, cada ato maligno contra nosso país e nosso povo aproxima o Estado terrorista do fracasso e da punição", acrescentou Zelensky no Telegram.

Em Uman, uma cidade de 80.000 habitantes na região central do país, 10 pessoas morreram quando um míssil atingiu um prédio residencial, informou o ministério do Interior.

"As equipes de resgate acabam de recuperar mais três corpos dos escombros, o que eleva a 10 o total de vítimas às 10H05 (4H05 de Brasília", anunciou o ministro Igor Klimenko.

Nove pessoas foram hospitalizadas, de acordo com o governador da região, Igor Tabourets. Ele informou que dois mísseis de cruzeiro foram lançados contra Uman, que fica 200 quilômetros ao sul de Kiev: um atingiu um edifício residencial e o outro um depósito.

Em Dnipro, o ataque deixou dois mortos, uma mulher e um menino de três anos, afirmou o prefeito Boris Filatov.

O comando militar de Kiev informou que 11 mísseis de cruzeiro lançados por bombardeiros foram derrubados, além de dois drones, sem provocar vítimas ou danos consideráveis.

O exército ucraniano anunciou no Telegram que derrubou "21 mísseis de cruzeiro X-101/X-555 de um total de 23 e dois drones" no país.

O ataque com mísseis foi lançado "por volta das 4H00" (22H00 de Brasília, quinta-feira) a partir de bombardeiros estratégicos russos do tipo Tu-95 localizados na área do Mar Cáspio, segundo as Forças Armadas.

Ataques menos frequentes

Em Kiev, uma linha de energia elétrica foi cortada ao ser atingida por destroços que também provocaram o bloqueio de uma estrada, segundo as autoridades.

"Nenhuma vítima civil ou danos a edifícios residenciais ou infraestruturas foram relatados na capital", afirmou o comandante das forças de defesa antiaérea de Kiev, Serguiy Popko.

Na localidade de Ukrainka, próxima da capital, os estilhaços de um míssil derrubado atingiram um edifício. Uma menina ficou ferida e foi hospitalizada, segundo o governador Ruslan Kravchenko.

A Rússia bombardeou de modo incessante as cidades ucranianas e a infraestrutura do país durante o inverno (hemisfério norte, verão no Brasil), mas o ritmo dos ataques diminuiu nos últimos meses.

A capital Kiev não era alvo de ataques com mísseis há mais de 50 dias.

Os combates entre as tropas russas e os ucranianos estão concentrados no leste do país, onde acontece uma batalha violenta pelo controle da cidade de Bakhmut, que está praticamente destruída.

A Ucrânia reforçou nos últimos meses o sistema de defesa aérea, depois que recebeu equipamentos ocidentais, considerados cruciais para a estratégia do país na guerra.

Neste mês, Kiev recebeu os sofisticados sistemas americanos Patriot.

A Ucrânia afirma há vários meses que está preparando uma contraofensiva para expulsar as tropas russas dos territórios que ocupam no leste e sul do país.

Os ataques desta sexta-feira aconteceram dois dias depois de uma conversa por telefone entre os presidentes da Ucrânia e da China. O chefe de Estado chinês, Xi Jinping, defendeu uma negociação de paz.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva estampa a capa do jornal espanhol El País desta quinta-feira (27), reiterando a intenção do Brasil liderar a busca por uma solução para o fim da guerra entre a Rússia e Ucrânia, iniciada há um ano.

"A primeira coisa que nós temos que entender é que esta guerra começou porque há muito tempo perdeu-se a capacidade de diálogo entre os dirigentes mundiais", destacou o presidente ao ser questionado sobre sua iniciativa de garantir a paz entre os países do leste europeu. "A Rússia não tinha o direito de invadir o território ucraniano", pontuou. "Ou eu alimento a guerra, ou eu tento acabar com ela. [...] Fui falar com Xi Jinping, com o [Joe] Biden, com [Olaf] Scholz... falei com o [Emmanuel] Macron... É preciso construir um grupo de países dispostos a negociar um cessar-fogo, eu quero que a guerra pare", afirmou à jornalista Pepa Bueno.

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Lula enfatizou acreditar no potencial do continente europeu de mediar o embate, e criticou a rápida adesão ao conflito assim que ele foi deflagrado, em fevereiro do ano passado. "Acredito que a Europa tem o papel de mediadora, a Europa deveria fazer uma espécie de 'caminho do meio', e ela não fez. Ela se envolveu muito rapidamente, eu acho então que nós temos que encontrar as pessoas que querem falar sobre a paz. [...] Nós temos que envolver os países que não estão envolvidos diretamente ou indiretamente na guerra", disse.

O chefe de Estado brasileiro afirmou, ainda, se preocupar com interesses "político-eleitorais" envolvendo o conflito, e disse que voltará a falar com o presidente da França, Emmanuel Macron, na próxima semana, o qual alega estar "disposto" a pôr fim à guerra. Ele também ressaltou a viagem do assessor especial da presidência da República, Celso Amorim, à Ucrânia após o diplomata ter se reunido com o presidente russo Vladimir Putin.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou, nesta quarta-feira (26), que enviará o assessor especial da Presidência e ex-chanceler Celso Amorim para um encontro com o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski. Amorim foi à Rússia no início do mês e se reuniu com o presidente Vladimir Putin, dias antes de o chanceler russo, Serguei Lavrov, vir ao Brasil e ser recebido pelo próprio Lula.

Na primeira visita à Europa em seu terceiro mandato, o chefe do Executivo brasileiro acabou ajustando o tom de posicionamentos que havia assumido sobre o confronto, provocando reação negativa da União Europeia e dos Estados Unidos.

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Em viagem a China e Emirados Árabes Unidos, Lula declarou que Rússia e Ucrânia eram responsáveis pela guerra, e que americanos e europeus não vinham colaborando para o fim do conflito, pelo contrário. Cumprindo agenda em Madri e Lisboa, desde o dia 22, o mandatário brasileiro mudou de posição. Reconheceu a "agressão à integridade territorial" à Ucrânia e insistiu que o Brasil é neutro em relação ao conflito, mas que age para buscar a paz. "Estamos negociando para chegar aos dois (Rússia e Ucrânia) e tentar parar a guerra. Só eu falo em paz e procuro um grupo de pessoas dispostas a parar a guerra", afirmou o presidente nesta quarta.

Na última sexta-feira, em Lisboa, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macedo, recebeu representantes da sociedade ucraniana e anunciou que Lula havia ordenado a visita de Amorim.

Lula e o presidente de governo da Espanha, Pedro Sánchez, assinaram hoje três memorandos resultantes das conversas e negociações ocorridas na visita do governo brasileiro ao país. A cerimônia ocorreu no Palácio de Moncloa, sede do governo espanhol.

Acordos

Lula e o presidente de governo da Espanha, Pedro Sánchez, assinaram nesta quarta três memorandos resultantes das conversas e negociações ocorridas na visita do governo brasileiro ao país. A cerimônia ocorreu no Palácio de Moncloa, sede do governo espanhol.

Um dos acordos foi firmados entre o Ministério de Universidades do Reino da Espanha e o Ministério da Educação da República Federativa do Brasil e trata de cooperação no ensino superior universitário.

Foi assinado também um Memorando de Entendimento sobre cooperação entre o Ministério do Trabalho e Economia Social do Reino da Espanha e o Ministério do Trabalho e Emprego da República Federativa do Brasil.

Além disso, foi assinada ainda Carta de Intenções na Área de Ciência, Tecnologia e Inovação entre o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação da República Federativa do Brasil, o Ministério da Ciência e Inovação do Reino da Espanha, a financiadora de estudos e projetos; e o Centro para o Desenvolvimento Tecnológico Industrial do Reino da Espanha.

Os detalhes dos acordos serão divulgados ao longo da semana. Lula encerra ainda nesta quarta a visita à Espanha após encontro com o rei Felipe VI.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou ao tema da guerra, nesta terça-feira (26), em seu último pronunciamento durante a viagem que faz à Europa. O assunto foi o mais comentado e sensível durante esses seis dias em que visitou Portugal e Espanha. Em Madri, Lula disse que "ninguém pode ter dúvida que nós brasileiros condenamos a violação territorial que a Rússia fez contra a Ucrânia".

"O erro aconteceu a guerra começou. Agora não adianta ficar falando quem está certo e quem está errado", afirmou, completando que é necessário fazer a guerra parar. Para Lula, só haverá acerto de contas quando os tiros pararem. "É assim nessa guerra e foi assim em todas as outras guerras."

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Em seguida, Lula insinuou críticas aos membros do Conselho de Segurança da ONU. "Vivemos um mundo esquisito em que os membros do Conselho de segurança da ONU, todos eles, são os maiores produtores e vendedores de armas do mundo e maiores participantes de guerras", disse.

ONU

Lula usou isso como argumento para defender também uma mudança na ONU em que países em desenvolvimento estejam presentes como membros permanentes e incluiu a Alemanha - que está de fora por causa da sua atuação na segunda guerra - na relação. "Já faz muito anos e a geografia mudou, a geopolítica mudou, a economia mudou. Então precisamos construir um novo mecanismo internacional que possa fazer coisas diferentes."

O presidente discorreu sobre vitórias antigas e fracassos atuais da ONU e disse que "está na hora de mudar as coisas e está na hora de criar um G-20 da paz".

O papa Francisco inicia na sexta-feira (28) uma visita de três dias à Hungria para se reunir com o líder ultranacionalista Viktor Orbán, com quem discutirá a guerra na Ucrânia e a política contra a migração, criticada pelo Vaticano.

Um mês após sua internação por bronquite, a saúde do papa argentino de 86 anos será constantemente monitorada durante sua estadia em Budapeste, a capital, onde permanecerá o tempo todo.

Durante a sua delicada viagem ao coração da Europa, a um país com 9,7 milhões de habitantes, dos quais cerca de 39% são católicos, segundo os últimos dados de 2011, o papa deseja abrir pontes de diálogo entre Rússia e Ucrânia e falar sobre a proteção dos migrantes.

Francisco será recebido na sexta-feira pelo primeiro-ministro Orbán, a quem expressou sua gratidão em abril de 2022 pela proteção que a Hungria oferece aos ucranianos que fogem da guerra com a Rússia, durante uma audiência no Vaticano.

Os dois líderes têm opiniões opostas em vários pontos: Orbán, calvinista, defende uma "Europa cristã", pelo que justifica a sua política severa contra a migração muçulmana, enquanto o pontífice apela a uma distribuição justa nos países da União Europeia de todos os que fogem das guerras e da fome.

Por outro lado, Orbán quis manter os laços com Moscou e se abstém de criticar o presidente russo Vladimir Putin, além de se recusar a enviar armas para a Ucrânia.

- "Ventos da guerra" -

Em Budapeste, o pontífice argentino tem um encontro agendado com os refugiados ucranianos, aos quais reiterará sua posição a favor da paz, apesar do fracasso dos esforços de mediação da Santa Sé até agora.

No último domingo, Francisco falou de uma visita "ao centro da Europa, onde sopram os ventos gelados da guerra", assim como do "deslocamento de tantas pessoas, que coloca questões humanitárias urgentes na agenda".

Mais de um milhão de ucranianos cruzaram a fronteira desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022 e 35.000 solicitaram status de proteção temporária, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR).

"Nossa posição é próxima à do Vaticano: cessar-fogo imediato e negociações de paz", resumiu à AFP o embaixador húngaro na Santa Sé, Edward Habsburg.

"Meu país realiza a maior ação humanitária de sua história, oferecendo moradia, educação e trabalho para aqueles que desejam ficar conosco", acrescentou o diplomata.

O embaixador reconheceu que os "refugiados de guerra" são tratados de forma diferente dos "imigrantes ilegais", uma política denunciada como discriminatória.

Em sua 41ª viagem internacional, o papa Francisco fará seis discursos e presidirá uma missa ao ar livre no domingo. Ele também se encontrará com pessoas pobres, jovens, membros da igreja local e representantes dos setores acadêmico e cultural.

Francisco é o segundo pontífice a visitar a Hungria, depois de João Paulo II em 1991 e 1996.

Dinamarca e Holanda chegaram a um acordo para enviar 14 tanques Leopard 2 para a Ucrânia como parte dos esforços dos países ocidentais de fornecer ajuda militar a Kiev para resistir à invasão russa.

O anúncio foi feito pelo Twitter do Ministério de Relações Exteriores da Dinamarca. Os equipamentos ainda vão passar por uma renovação e devem chegar à Ucrânia no início de 2024.

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Em declaração conjunta, os ministros da Defesa da Dinamarca e Holanda disseram que o custo estimado da ajuda será de € 165 milhões (R$ 913 milhões). "Dessa forma, participaremos conjuntamente da coalizão Leopard 2', apoiada por muitos parceiros e aliados", disseram os membros dos dois países.

RECUO

Em janeiro, a Alemanha liberou o envio de 14 novos tanques Leopard 2 A6 de seus estoques militares após forte pressão de outros países. A Polônia foi o primeiro país a anunciar a intenção de enviar o equipamento, mas precisava da anuência da Alemanha - que fabrica os tanques. Berlim cedeu à pressão algumas semanas após o anúncio polonês.

A Alemanha enviou, no final do mês passado, 18 tanques do mesmo modelo à Ucrânia. Berlim também enviou recentemente cerca de 40 veículos de infantaria blindados Marder.

No final de janeiro, o chanceler alemão, Olaf Scholz, reverteu sua política de cautela quanto à entrega desses blindados, que podem trazer uma vantagem qualitativa no campo de batalha. Scholz relutou em autorizar o fornecimento apenas dos Leopards por medo de uma possível reação da Rússia e apesar da pressão de aliados como a Polônia.

A Polônia também entregou à Ucrânia 10 tanques Leopard 2 A4 que havia prometido no final de janeiro. Os quatro primeiros já haviam sido entregues em 24 de fevereiro, no primeiro aniversário da invasão.

No mês passado, um grupo de soldados ucranianos concluiu, na Espanha, o treinamento para operar os tanques de combate.

MONSTROS

Os tanques que chegarão à Ucrânia são gigantes de cerca de 10 metros de comprimento, com peso entre 54 toneladas e 70 toneladas. Custam entre US$ 4 milhões e US$ 7 milhões cada. Usam uma couraça de metais especiais e, de certa forma, podem transpor quaisquer obstáculos - valetas profundas, muretas de concreto ou construções. Todos tem a mesma capacidade principal: avançar depressa, levando a destruição terrível causada pela ação do canhão de 120 milímetros, mais duas metralhadoras 7.62mm. Alguns deles lançam mísseis e cargas incendiárias. (com agências internacionais)

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou, na manhã desta terça-feira (18), que as recentes falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a guerra na Ucrânia têm a ver com "interesses econômicos" e que o mandatário está "aliado com a paz". Padilha também ponderou que os comentários de Lula não devem afetar a votação do novo arcabouço fiscal no Congresso.

"O Brasil tem postura independente, o que Lula fala tem a ver com interesses econômicos. O presidente está aliado com a paz", afirmou Padilha à CBN nesta terça-feira. "Tenho certeza que não afetará a votação do arcabouço", completou.

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As declarações do presidente sobre o conflito armado entre Rússia e Ucrânia, em entrevista nos Emirados Árabes, no domingo (16), repercutiram mal internacionalmente - Lula insinuou que os Estados Unidos e a União Europeia teriam agido de forma a prolongar a guerra.

"O presidente Putin (Vladimir, da Rússia) não toma iniciativa de paz. O Zelenski (Volodimir, presidente da Ucrânia) não toma iniciativa de paz. A Europa e os Estados Unidos terminam dando contribuição para a continuidade dessa guerra", disse Lula na ocasião. "A construção da guerra foi mais fácil do que será a saída da guerra. Porque a decisão da guerra foi tomada por dois países", declarou.

As falas do presidente emergem em meio à recente visita da comitiva presidencial brasileira à China, desafeto carimbado do Ocidente, e à vinda do ministro de Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, ao Brasil nesta semana.

O governo da Ucrânia convidou o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, acusado de ser favorável à Rússia, a visitar Kiev para que "compreenda" a realidade da agressão russa

Lula recebeu na segunda-feira (17) o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, para promover uma mediação internacional na guerra da Ucrânia. No domingo ele afirmou que o Ocidente estava contribuindo para a continuidade do conflito.

O governo dos Estados Unidos acusou o Brasil de estar "papagueando a propaganda russa e chinesa sem observar os fatos em absoluto", enquanto Lula afirma que deseja promover uma iniciativa de paz.

O porta-voz da diplomacia ucraniana, Oleg Nikolenko, criticou no Facebook o presidente brasileiro por colocar "a vítima e o agressor no mesmo nível" e por atacar os aliados da Ucrânia que a ajudam a "proteger-se de uma agressão assassina".

Nikolenko pediu a Lula que "compreenda as reais causas e a essência" da guerra na Ucrânia, desencadeada pela invasão russa em fevereiro de 2022.

A Rússia, sob sanções dos países ocidentais, iniciou uma ofensiva diplomática para convencer as potências emergentes de que está apenas se defendendo contra a hegemonia dos Estados Unidos, uma mensagem que será repetida durante a semana pelo chanceler russo em vários países da América Latina.

A União Europeia (UE) reagiu, nesta segunda-feira, 17, às acusações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de que Estados Unidos e Europa contribuiriam para o prolongamento da guerra na Ucrânia.

Em coletiva de imprensa, o porta-voz da Comissão Europeia, Peter Stano, negou que as ações do bloco tenham alimentado o conflito e enfatizou que a Rússia é a agressora neste caso. "O que estamos fazendo é ajudar a Ucrânia a exercer seu direito legítimo de autodefesa", afirmou.

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Stano lembrou que o Brasil votou a favor da resolução que condena a decisão de Moscou de invadir o país vizinho e determina que o Kremlin retire todas as tropas do território ucraniano. "Não é verdade que os EUA e a UE estejam ajudando a prolongar o conflito. A verdade é que a Ucrânia é vítima de uma agressão ilegal que viola a Carta das Nações Unidas", rebateu.

Em viagem aos Emirados Árabes Unidos, Lula voltou a criticar o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ontem e propôs a criação de um fórum semelhante ao G20 que busque uma solução pacífica no leste europeu.

Em resposta, o porta-voz da Comissão Europeia argumentou que a UE apoia iniciativas de paz desde antes da invasão russa. Stano alega que o bloco ofereceu ao Kremlin diversas oportunidades para apresentar suas preocupações "de maneira civilizada". Segundo ele, todas as alternativas foram respondidas com uma escalada das hostilidades pelo presidente russo, Vladimir Putin.

"Claro que a UE apoia a paz o mais breve possível, mas não nos esqueçamos de que a Ucrânia é que a vítima, então é a Ucrânia que definirá sob quais condições possíveis conversas de paz começarão", ressaltou.

As declarações acontecem no mesmo dia em que o ministro das relações exteriores da Rússia, Sergey Lavrov, chegou ao Brasil para reuniões com representantes do governo Lula. Após encontro com o homólogo brasileiro, Mauro Vier, Lavrov disse que os dois países têm "visão similar" sobre a guerra na Ucrânia.

As declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em seu retorno do Grande Palácio do Povo em Pequim, na China, seguem rendendo comentários na comunidade nacional e internacional. Nas redes sociais, o ex-ministro da Casa Civil e presidente do Progressistas, Ciro Nogueira, alegou que o Brasil "voltou a se linhar com o atraso das ditaduras" e sugeriu que o país está perdendo seu perfil de neutralidade.

"O grande presidente do Brasil Getúlio Vargas, durante a 2ª Guerra Mundial que dividiu o mundo, não atacou os Estados Unidos ou elogiou os Nazistas em público. Foi prudente. Nada falou. Só agiu ao conquistar grandes benefícios para o país. Lula deveria se inspirar em Getúlio", escreveu Nogueira, nas redes.

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A crítica foi feita após a repercussão de uma fala de Lula sobre a guerra na Ucrânia. Em entrevista à imprensa, o mandatário mencionou países que "financiam" a guerra com a venda de armas e citou que Estados Unidos e União Europeia devem passar a falar mais em paz.

"É preciso que se constitua um grupo de países dispostos a encontrar um jeito de fazer a paz. É preciso ter paciência para conversar com o presidente da Rússia e da Ucrânia, mas é preciso, sobretudo, convencer os países que estão vendendo armas e incentivando a guerra, pararem. É preciso começar e saber como parar. A China tem um papel muito importante, agora outro país importante é os Estados Unidos. É preciso que os Estados Unidos e União Europeia parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz, para a gente poder convencer o Putin e o Zelensky de que a guerra, por enquanto, só está interessando aos dois", declarou o petista.

Lula tem defendido criar um "G20” de países que não têm nenhum envolvimento com a guerra, para incentivar o diálogo e restauração da paz.

Para Ciro Nogueira, as relações diplomáticas brasileiras devem ser guiadas pelo “pragmatismo”. “O Brasil voltou! Voltou a se alinhar com o atraso das ditaduras. Voltou as costas para seu principal aliado nas Américas. Voltou a inchar ministérios. Voltou à contabilidade criativa. Voltou a desfilar com o MST até pelo mundo! Voltou a colocar a ideologia antes da meritocracia”, completou Ciro Nogueira. 

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"Dilmo", ironizou Flávio Bolsonaro sobre as declarações de Lula

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também criticou a postura de Lula na China. De acordo com o parlamentar, o Brasil provocou a potência norteamericana "de graça" e a ação poderá gerar sanções ao povo brasileiro.

Na comunidade internacional, circula a informação de que a posição de Lula gerou mal-estar em Washington, por se assemelhar à "propaganda russa e chinesa", mas não há qualquer indício de sanção estadunidense ao Brasil e nem do rompimento de relações. Não é a primeira vez que o Brasil, ou Lula, se manifestam de forma incisiva sobre um assunto envolvendo a postura internacional dos Estados Unidos.

“Dilmo é um irresponsável que não mede o peso de suas palavras pelo cargo que exerce! Brasil sempre foi parceiro dos EUA! DE GRAÇA, por suas asneiras, o país poderá sofrer algum tipo de sanção pela maior potência econômica do mundo!”, escreveu Flávio.

Vale lembrar que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), pai do senador, chegou a afirmar, durante seu mandato, que o Brasil responderia com "pólvora" a uma suposta sanção de Joe Biden ao Brasil, por conta dos incêndios que atingiam a floresta amazônica. O governo dos Estados Unidos ignorou a fala dele.

Pelo menos oito pessoas morreram e 21 ficaram feridas em um bombardeio russo contra um edifício residencial nesta sexta-feira (14) na cidade de Sloviansk, no leste da Ucrânia, informou o governador da província de Donetsk.

Sloviansk fica na parte da província que ainda é controlada pelo governo ucraniano, próxima da área ocupada pela Rússia.

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"Vinte e uma pessoas pessoas ficaram feridas e oito morreram", disse o governador Pavlo Kirilenko à televisão ucraniana.

Entre as vítimas está um menino de dois anos, que morreu pouco depois de ser retirado dos escombros do edifício, segundo as autoridades.

"O menino morreu na ambulância", declarou Daria Zarivna, conselheira do presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, no aplicativo Telegram.

O próprio mandatário havia denunciado anteriormente um "bombardeio brutal" de edifícios residenciais em Sloviansk.

De acordo com uma mensagem anterior de Kirilenko, publicada no aplicativo Telegram, o ataque aconteceu por volta das 18h locais (12h em Brasília). No texto, o governador indicou que havia muitas pessoas sob os escombros.

Repórteres da AFP no local viram socorristas buscando sobreviventes no último andar de um edifício construído durante a era soviética e colunas de fumaça preta que emergiam de imóveis em chamas do outro lado da rua.

"Eu moro na outra ponta da rua e estava cochilando quando ouvi esta enorme explosão e saí correndo do meu apartamento", contou à AFP Larissa, uma mulher de 59 anos.

A Rússia invadiu a Ucrânia em fevereiro de 2022. Nos últimos meses, a ofensiva se concentrou no leste e particularmente em torno da cidade de Bakhmut, onde os mercenários do Grupo Wagner tentam avançar rumo ao centro da localidade.

"Os grupos de assalto do Wagner realizam operações de alta intensidade para tomar os bairros da parte ocidental da cidade de Artiomovsk", o nome russo de Bakhmut, indicou o Ministério da Defesa da Rússia em um comunicado.

O diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, advertiu, nesta quinta-feira (13), que a usina nuclear de Zaporizhzhia está "vivendo com dias contados" após as explosões de duas minas perto da central situada no sul da Ucrânia.

A AIEA manifestou seus temores sobre a segurança da central nuclear, que é a maior da Europa e cujo controle foi tomado pelas forças russas na Ucrânia.

"Estamos vivendo com dias contados" no que diz respeito à segurança na usina nuclear de Zaporizhzhia", disse o diplomata argentino em comunicado.

"A não ser que sejam tomadas medidas para proteger a usina, nossa sorte será decidida cedo ou tarde, com a possibilidade de severas consequências para a saúde e o meio ambiente", acrescentou.

Duas explosões de minas ocorreram fora do perímetro da usina, a primeira em 8 de abril, e outra quatro dias depois, segundo o comunicado. Ainda não está claro o que provocou as explosões.

Grossi se reuniu com funcionários russos em Kaliningrado na semana passada, e antes disso com o presidente ucraniano Volodimir Zelensky.

Grossi advertiu hoje que a usina continua dependendo de apenas uma linha elétrica, o que representa "grande risco para a sua segurança".

Entre os objetivos de Vladimir Putin ao invadir a Ucrânia, reduzir o déficit populacional da Rússia parecia um dos principais. O país vive uma crise demográfica desde o fim da União Soviética. Mas, se Putin vislumbrava ganhar mais habitantes com as anexações de territórios, o resultado foi o oposto. Hoje, a economia russa tem uma perspectiva sombria, com fuga da mão de obra qualificada e a morte de jovens que poderiam estar no mercado de trabalho.

Um levantamento da revista The Economist mostra que, com a mortalidade durante a pandemia, as baixas da guerra e a fuga de cérebros durante a mobilização militar, a Rússia perdeu entre 1,9 milhão e 2,8 milhões de pessoas entre 2020 e 2023. Essa projeção não envolve o encolhimento natural da população, resultado de uma taxa de natalidade baixa e de mortalidade alta.

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No ano passado, Putin anexou por decreto quatro províncias ucranianas: Luhansk, Donetsk, Zaporizhzia e Kherson. Em fevereiro, um deputado russo anunciou que Moscou forneceu 770 mil passaportes para pessoas que vivem na contestada região de Donbas.

Além disso, há relatos de que mais de 19 mil crianças ucranianas foram raptadas e levadas para a Rússia. A estratégia não é nova. Ao tomar a Crimeia, em 2014, a Rússia incorporou 2,4 milhões à sua contagem nacional, elevando sua população para 147 milhões.

Força de trabalho

"O impacto da baixa fertilidade na economia vem depois, quando o tamanho da força de trabalho não é grande o suficiente para suportar o tamanho da população que está envelhecendo", alerta Sunnee Billingsley, especialista em demografia da Universidade de Estocolmo.

Putin já vinha tentando nos últimos anos compensar o problema da baixa fertilidade na Rússia com trabalhadores migrantes da Ásia Central. A Rússia colhe hoje o impacto da baixa fertilidade após o colapso da União Soviética. "Desde então, não nasceram crianças suficientes para se juntar à força de trabalho depois de adultas", explica Billingsley. Mas o plano não foi suficiente e agora os migrantes dos quais muito dependia a economia russa desapareceram por causa da guerra.

No fim de 2022, Putin ordenou a elaboração de medidas para aumentar as taxas de natalidade e a expectativa de vida na Rússia. Nos últimos três anos, a expectativa de um homem russo de 15 anos caiu quase 5 anos, para o mesmo nível do Haiti.

Mas, poucos dias depois da determinação de Putin, veio o anúncio do Ministério da Defesa de que a idade em que os homens russos seriam recrutados para o serviço militar obrigatório passaria de 18 para 20 anos e o limite máximo de idade para recrutamento passaria de 27 para 30 anos.

"Isso significa que jovens seriam convocados após obter seus diplomas universitários e especialistas treinados seriam retirados do mercado de trabalho para ter suas habilidades anuladas pelo serviço militar", explicou o analista russo Andrei Kolesnikov, em artigo publicado pelo centro de estudos Carnegie Endowment for International Peace.

Segundo o analista, há uma grande discrepância entre esses dois objetivos. "Se os homens vão para a guerra ou emigram em massa, em vez de procriar, de onde virão os filhos?", questiona em seu artigo. O efeito no mercado de trabalho também será grave. O recrutamento em uma idade tão produtiva suga a força de trabalho de uma economia que já deve perder de 3 a 4 milhões de pessoas de 20 a 40 anos até 2030 (em comparação aos dados demográficos de 2020).

"Seria um erro pensar que isso não afetaria os indicadores qualitativos e quantitativos do PIB russo, da renda familiar e da qualidade do capital humano. Há uma segunda guerra em curso em casa."

Algumas das razões para os problemas demográficos da Rússia refletem uma dinâmica histórica: o número de mulheres em idade reprodutiva está caindo e a idade média em que as mulheres têm filhos está aumentando continuamente em populações urbanas, bem-educadas e modernizadas, com tendência a ter menos filhos, como explica Kolesnikov.

Guerra

Billingsley, que também é diretora de Estudos de Doutorado do Departamento de Sociologia e da Unidade de Demografia da Universidade de Estocolmo, afirma que a Rússia precisaria que as famílias tivessem dois filhos para compensar minimamente as perdas. "Seria desastroso se o compromisso das mulheres russas em ter o primeiro filho também enfraquecesse como resposta à guerra", disse. "Mas Putin tem o poder de promulgar políticas e espalhar propaganda que poderiam muito bem aumentar a taxa de natalidade."

A Rússia tem algumas das taxas mais altas de conclusão da educação entre os maiores de 25 anos, mas o êxodo de jovens com diploma pode anular essa vantagem. Segundo dados do Ministério das Comunicações, 10% dos trabalhadores - na maioria, homens jovens - deixaram a Rússia em 2022.

Nascimentos

Kolesnikov cita o diretor do Instituto de Demografia da Escola Superior de Economia da Rússia, Mikhail Denisenko, que projetou que um ano de serviço militar para os 300 mil homens mobilizados em setembro e outubro de 2022 significará 25 mil nascimentos a menos.

Esse número pode aumentar significativamente como resultado da emigração, do declínio de longo prazo nas taxas de natalidade e novas mobilizações de reservistas. Nesse contexto, sanções impostas pelo Ocidente podem levar o país à recessão e a uma turbulência econômica duradoura, que pode fazer com que as pessoas adiem ou até desistam de ter filhos. "A invasão (da Ucrânia) foi uma catástrofe humana - e não apenas para os ucranianos", conclui a Economist.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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