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Além do combate a queimadas, a Câmara quer usar parte dos recursos recuperados pela Lava Jato para pagar bolsas de pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Um pedido foi enviado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, para que reserve R$ 250 milhões de um fundo da Petrobras para destinar aos pesquisadores.

Na terça-feira, 27, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), encaminhou uma manifestação ao STF na ação em que Moraes irá decidir sobre o destino dos R$ 2,5 bilhões originados de um acordo entre a Justiça dos Estados Unidos e a estatal brasileira. Do montante, Maia pede que R$ 1 bilhão seja usado para o combate a incêndios na floresta amazônica.

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Maia e Moraes se reuniram na semana passada para tratar do assunto. A ideia é que o montante previsto em seu pedido para projetos ligados à popularização da ciência e educação seja direcionado pelo Ministério da Economia para amenizar a situação do ensino superior.

Nesta semana, Pontes disse à Globonews que sua pasta não terá recursos para pagar bolsas do CNPq até o fim do ano e "implorou" por mais recursos. O déficit orçamentário do órgão é de R$ 330 milhões.

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) fala sobre o risco de 85 mil pesquisadores ficarem sem bolsas a partir de setembro.

O destino dos R$ 2,5 bilhões do fundo da Lava Jato parou no STF em março, depois de a Procuradoria-Geral da República questionar o acordo fechado entre a Petrobrás e a força-tarefa da operação no Paraná. A medida estabeleceu, entre outros pontos, a criação de uma fundação para gerir parte da multa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Pró-Reitoria da Universidade de São Paulo (USP) publicou, nesta quinta-feira (29), um manifesto contra o possível fim do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) responsável por fomentar e oferecer bolsas de pesquisa em diversas áreas de estudo.

No documento, assinado pelos pró-reitores Edmundo Baracat (Graduação), Carlos Carlotti Júnior (Pós-Graduação), Sylvio Canuto (Pesquisa), Maria Aparecida Moreira Machado (Cultura e Extensão) e também por pró-reitores adjuntos ,foi contestada a falta de recursos financeiros para a manutenção do CNPq, que nos últimos meses vem sofrendo com suspensão de bolsas e está em risco de não poder continuar mais em atividade a partir de setembro, segundo o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes.

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“Estamos hoje diante da maior crise do sistema de C&T de nosso país. Os pró-reitores da USP se manifestam em favor da manutenção dos recursos para o CNPq e contra a sua extinção. O Brasil não pode perder este valioso patrimônio de conhecimentos que foi construído, pelo esforço conjunto de cientistas e da sociedade brasileira, desde a criação do CNPq, em 1951”, defende o manifesto.

A instituição também pontuou que são necessários R$ 330 milhões para o custeio das bolsas vigentes até o fim do ano. “A agência necessita de uma suplementação de R$ 330 milhões em seu orçamento, para cumprir os compromissos assumidos em 2019. Lembramos o histórico do CNPq e seu papel no sistema de Ciência e Tecnologia do nosso país”, ressaltou.

Contatada pelo LeiaJá, a reitoria da USP ainda não tem os números de quantas bolsas de pesquisas na universidade poderão ser afetadas.

Leia a carta de manifesto na íntegra: 

Manifestação dos pró-reitores da USP em apoio ao CNPq e contra a sua extinção

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico (CNPq), agência vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC), é, desde sua criação em 1951 até hoje, uma das maiores e mais sólidas estruturas públicas de apoio à Ciência, Tecnologia e Inovação do Brasil.

Vem contribuindo significativamente para o desenvolvimento de pesquisas em áreas estratégicas e para a formação de pesquisadores em Ciências Exatas e da Terra, Engenharias, Ciências Biológicas, Ciências da Saúde, Ciências Agrárias, Ciências Sociais Aplicadas Ciências Humanas, Linguística, Letras e Artes.

O CNPq, que oferta várias modalidades de bolsas para estudantes de ensino médio da rede pública (Pibic-EM), ensino técnico e de graduação (Pibiti), estudantes de graduação (Pibic), pós-graduação em nível de mestrado e doutorado, recém-doutores e pesquisadores já experientes (bolsas de produtividade em pesquisa), além de apoiar iniciativas como os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs), centros de pesquisa multicêntricos brasileiros, em parceria com a Capes, Finep e as fundações estaduais de amparo à pesquisa, está na iminência de cortar o financiamento das bolsas de mais de 80 mil pesquisadores.

A agência necessita de uma suplementação de R$ 330 milhões em seu orçamento, para cumprir os compromissos assumidos em 2019. Lembramos o histórico do CNPq e seu papel no sistema de Ciência e Tecnologia do nosso país. Em maio de 1946, o almirante Álvaro Alberto da Motta e Silva, representante brasileiro do Conselho de Segurança da Organização da Nações Unidas (ONU), propôs ao governo, por intermédio da Academia Brasileira de Ciência (ABC), a criação de um conselho nacional de pesquisa.

Em 1951, o presidente da República, general Eurico Gaspar Dutra, criou o CNPq, por meio da lei nº 1.310. Ao longo da sua história, o CNPq vem desempenhando papel primordial na formulação e condução das políticas e de financiamento a ciência, tecnologia e inovação. Contribui, de forma significativa, para o desenvolvimento econômico e social do país e o reconhecimento das instituições de pesquisa e pesquisadores brasileiros pela comunidade científica nacional e internacional.

Estamos hoje diante da maior crise do sistema de C&T de nosso país. Os pró-reitores da USP se manifestam em favor da manutenção dos recursos para o CNPq e contra a sua extinção. O Brasil não pode perder este valioso patrimônio de conhecimentos que foi construído, pelo esforço conjunto de cientistas e da sociedade brasileira, desde a criação do CNPq, em 1951.

Edmund Chada Baracat

Pró-Reitor de Graduação da USP

Maria Vitória Lopes Badra Bentley

Pró-Reitora Adjunta de Graduação da USP

Carlos Gilberto Carlotti Júnior

Pró-Reitor de Pós-Graduação da USP

Marcio de Castro Silva Filho

Pró-Reitor Adjunto de Pós-Graduação da USP

Sylvio Roberto Accioly Canuto

Pró-Reitor de Pesquisa da USP

Emma Otta

Pró-Reitora Adjunta de Pesquisa da USP

Maria Aparecida de Andrade Moreira Machado

Pró-Reitora de Cultura e Extensão Universitária

Margarida Maria Krohling Kunsch

Pró-Reitora Adjunta de Cultura e Extensão Universitária

Representantes de várias entidades de apoio à ciência e tecnologia protestaram nesta quarta-feira (28) na Câmara dos Deputados contra a possibilidade de corte nas 84 mil bolsas de pesquisas financiadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o CNPq. O protesto aconteceu durante audiência conjunta das comissões de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática; e de Educação.

O presidente do órgão, João Azevedo, informou nesta semana que só há dinheiro para pagar as bolsas de agosto, recurso disponível no quinto dia útil de setembro. Faltam R$ 330 milhões para honrar os compromissos de setembro a dezembro. Ele esclareceu que o problema não é de contingenciamento, mas de um orçamento menor para a área em 2019.

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Os cientistas enfatizaram a importância da dotação de recursos para o setor como ferramenta para combater a crise econômica e acelerar o desenvolvimento do país. Luiz Davidovich, da Academia Brasileira de Ciências, lembrou que os investimentos vão além das bolsas e que a falta deles compromete o futuro do país.

“Quais são os sonhos para um país que não dependa só de commodities? Tudo bem exportar alimentos, legal, importante, mas vamos agregar valor à nossa pauta de exportações, vamos fazer remédios mais baratos para a população brasileira”, disse Davidovich.

Hoje, são 27 modalidades de incentivos à pesquisa pagas pelo CNPq, como as bolsas de iniciação científica, que pagam R$ 400 a alunos de graduação, e as de doutorado, no valor de R$ 2 mil e 500 reais.

Inovação
A união entre ciência, tecnologia e economia foi tema de vários debatedores, que reclamaram da ausência de um representante da área econômica do governo. Gianna Sagazio, da Confederação Nacional da Indústria, salientou que recursos públicos e privados são importantes para promover a inovação.

“Enquanto os outros países têm avançado, têm colocado essa área de ciência, tecnologia e inovação como prioridade, e considerando que isso é investimento, no Brasil a gente considera que isso é gasto e tem reduzido os investimentos da área”.

A presidente da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), Flavia Calé, afirmou que dos 300 mil estudantes de mestrado e doutorado do país, só metade tem bolsa. Adriano Silva, representante dos alunos de Filosofia, teme que os cortes possam desestimular futuros cientistas.

“Quem é que vai querer se dedicar a uma carreira tão instável, precarizada em termos, inclusive, de recursos de sobrevivência, como essa nossa está se tornando, assim como a de professor está sendo vilipendiada, a de pesquisador está se tornando inviável”, disse.

Durante o debate, o ex-ministro da Ciência e Tecnologia e ex-deputado Celso Pansera lembrou que há projetos que podem ser votados pelo Congresso para liberar crédito suplementar ao orçamento do setor e destinar outras fontes de financiamento, como uma porcentagem do Fundo Social do Pré-Sal. Para a deputada Margarida Salomão (PT-MG), uma das parlamentares que pediram a audiência pública, investimentos em Ciência e Tecnologia devem ser políticas de Estado.

“Nesse momento, colocar em risco a existência do CNPq é ameaçar a soberania nacional. Colocar em risco a manutenção dessas bolsas, especialmente as bolsas de iniciação científica, os bolsistas juniores, os bolsistas de mestrado, nós estamos decepando a nossa perspectiva de futuro”, disse.

Mais recursos

Ex-deputado e atual secretário-geral do Ministério da Ciência e Tecnologia, Júlio Semeghini declarou que o governo está trabalhando para conseguir mais recursos para não interromper o pagamento das bolsas de pesquisa. Ele também informou que, no Orçamento para 2020, faltam cerca de R$ 80 milhões, equivalentes ao que é gasto em um mês, para garantir o pagamento das bolsas para os pesquisadores durante o ano todo. Durante a audiência pública, foram exibidos vários volumes de um abaixo-assinado com cerca de um milhão de assinaturas em defesa do CNPq.

Da Agência Câmara

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) suspendeu 24 bolsas de iniciação científica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O anúncio foi feito nesta quarta-feira (21) pela instituição. As bolsas suspensas atingiram os três programas institucionais associados à iniciação científica. 

Ao total, foram descontinuadas oito bolsas ligadas ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic), sete do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibiti) e nove do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Para o Ensino Médio (Pibic-EM).

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Segundo informações da UFPE, a suspensão, que atingiu todas as instituições de ensino e pesquisa realizadoras de iniciação científica em associação com o CNPq, ocorreu no dia 15 de agosto, no prazo que as instituições dispunham para cadastrar os novos bolsistas.

De acordo com nota divulgada pelo CNPq, a suspensão foi aplicada devido a falta de recursos orçamentários para manutenção do total de bolsas de iniciação científica destinadas aos alunos vinculados aos programas. Até então, não existem informações sobre a manutenção das bolsas do CNPq nos meses seguintes. As bolsas cortadas estavam vagas e ainda seriam preenchidas.

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira (16) que os problemas de orçamento do Executivo Federal são graves e que a ausência de recursos terá como um dos impactos a redução da jornada de militares, que trabalhariam durante “meio expediente”. A fala do presidente ocorreu em cerimônia realizada no Palácio do Planalto.

“O Brasil todo está sem dinheiro. Os ministros estão apavorados. O Exército vai entrar em meio expediente. Não tem comida para dar para o recruta. A situação é grave”, disse Bolsonaro.

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O presidente fez a afirmação respondendo a perguntas sobre o problema de orçamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O presidente da instituição, João Luiz Filgueiras de Azevedo, afirmou em entrevistas que mais de 80 mil bolsas deixariam de ser pagas em setembro por falta de recursos.

Por meio de nota, o Ministério da Defesa informou à Agência Brasil que ainda trabalha “com a possibilidade de liberação dos recursos contingenciados”, mas que estuda “alternativas caso se prolongue o referido bloqueio”.

CNPq

Em julho, o CNPq suspendeu a seleção de bolsistas no Brasil e no exterior até o dia 30 de setembro à espera de crédito. Na explicação, o órgão informou que possui um déficit de R$ 300 milhões no orçamento de 2019 e que buscava um crédito suplementar para sanar o rombo.

Ontem o ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Marcos Pontes, afirmou que o problema está “sendo resolvido” e que o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, teria “dado a palavra” de que haveria uma solução para o caso com a garantia de recuros. Contudo, Pontes não detalhou como esse acréscimo se daria.

O CNPq é a principal instituição federal financiadora de pesquisas no país juntamente com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O conselho custeia desde alunos em programas de iniciação científica a projetos de pesquisa de professores e pesquisadores em instituições como universidades e centros de pesquisa.

Bloqueios

O contigenciamento total realizado pelo Executivo Federal somou, até julho, R$ 33,426 bilhões. No mês passado, o governo anunciou novo bloqueio, no valor de R$ 1,443 bilhão. A previsão inicial era de R$ 2,252 bilhões, mas houve o uso de uma reserva no valor de R$ 809 milhões.

 

Mais de 80 mil pesquisadores do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) ficarão sem auxílio, caso o órgão não consiga sanar um déficit de R$ 330 milhões no orçamento. O rombo ns contas foi divulgado desde o início de 2019, mas ainda não foi resolvido. O dinheiro findará nas próximas semanas. Os valores recebidos pelos bolsistas variam entre R$ 400 e R$ 1,5 mil. 

Segundo informações divulgadas pelo Jornal da USP, o CNPq somente terá verba para arcar com as despesas de bolsistas até o mês de agosto. A partir de setembro em diante, o órgão não terá dinheiro para custeio. No início da tarde desta quinta-feira (15), o CNPq divulgou uma nota informando a suspensão de indicação de novos bolsistas.

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Segundo o Conselho, não haverá recuperação do orçamento total em 2019. "Dessa forma, estamos tomando as medidas necessárias para minimizar as consequências desta restrição", explicou a agência, na nota.

A crescente demanda por água potável, em virtude do aumento da população mundial, escassez de recursos hídricos e das mudanças climáticas, tem se intensificado em nível global. Em atividades como agricultura, o reúso da água tem sido apontado como uma forma de minimizar o problema da escassez desse recurso natural.

Chove pouco no Sertão nordestino e isso não é novidade. O índice médio fica entre 500 e 800 milímetros por ano – em comparação, uma cidade como Recife costuma ter 2400 milímetros de chuva por ano. Apesar da pouca chuva ao longo do ano, novas práticas socioambientais, econômicas, educacionais e comunicacionais frente aos efeitos e impactos da mudança do clima dentro da Caatinga ganham espaço.

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Em Pernambuco, no Sertão do Moxotó, região do bioma Caatinga, um protótipo de um sistema de tratamento comunitário com o intuito de reaproveitar a água de esgoto e utilizá-la na irrigação do cultivo de umbu, fruta nativa da região, começou a ser implementado em 2019.

Sistema de Tratamento comunitário de água de esgoto para reúso instalado em Ibimirim. Foto: Felipe Lavorato/Insa

O local escolhido para receber o projeto foi a unidade educacional do Serviço de Tecnologia Alternativa (Serta), uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) baseada na cidade de Ibimirim, a 336 quilômetros do Recife. O município localizado no semiárido do Nordeste sofre com os gargalos hídricos e possui um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do estado, 0.552, de acordo com dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

A iniciativa que pode elevar viabilidade bioeconômica do umbu com uso de água de esgoto é da Rede Nacional de Pesquisadores (Ecolume), financiada pelo CNPq e liderada pela coordenadora do Laboratório de Mudança do Clima do Instituto Agronômico de Pernambuco, Francis Lacerda. De acordo com a pesquisadora, a ideia é potencializar a criação de novas cadeias produtivas bioeconômicas através do reflorestamento de plantas nativas da região com o reaproveitamento da água.

“Queríamos trabalhar com um grupo que já estudasse a questão da produção agrícola no Sertão. Justamente porque é um desafio produzir alimento no semiárido sem irrigação dentro do ambiente natural da Caatinga. Encontramos a escola Serta que faz a formação de jovens filhos de agricultores e inicialmente vamos reaproveitar a água usada na cozinha da instituição em nosso processo de tratamento com as mudas de umbu”, explicou Francis.

O projeto visa potencializar a criação de novas cadeias produtivas bioeconômicas através do reflorestamento de plantas nativas da região com o reaproveitamento da água. Foto: Assessoria de Comunicação/Ecolume

Em maio deste ano, mais de 700 mudas de umbu, planta nativa do semiárido do Nordeste, resistente a altas temperaturas e pouca água, foram entregues aos agricultores em um evento realizado na cidade de Ibimirim. 

O Ecolume também enviou outras 700 mudas de umbu para a cidade de Afogados da Ingazeira,  no Sertão pernambucano. "Esse município também foi escolhida porque a gestão apostou em nosso projeto. O objetivo é fazer nascer uma floresta de umbu no município, na Serra do Giz, uma Área de Proteção Ambiental e de Refúgio da Vida Silvestre. E, neste local, ainda há comunidades tradicionais”, detalhou Francis. Além dessas mudas, o Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA) já semeou mais 1,8 mil para novas doações em outros cidades e já há outras 2 mil sendo semeadas.

A professora da Universidade Federal de Pernambuco Márcia Vanusa alerta que o umbu será de poder efetivamente quando a gestão estadual estimular bioeconomicamente os usos medicinais e nutricionais de sua casca, folha e seu fruto, usadas secularmente por comunidades quilombolas e indígenas na alimentação e como remédio para cura de várias doenças.

Sistema integrado de segurança hídrica, energética e alimentar adequado para ambientes semiáridos  

O Ecolume busca em três eixos as potencialidades diante dos efeitos do novo comportamento do clima sobre esta região já muito semiárida: energético, hídrico e alimentar. "O projeto é um tripé e visa garantir três pilares. Nossa solução é garantir a segurança energética limpa, a produção de alimentos orgânicos e a segurança hídrica de forma inteligente. Seria um sistema circular que dá autonomia às populações em termos de oferta de água", analisou Francis Lacerda.

O Ecolume busca quebrar o paradigma da imagem de um Sertão pobre e mostrar que o semiárido é rico em diversidade. "É uma região onde chove pouco, de fato. Mas é possível utilizar essa água de forma inteligente. E também cuidar do reflorestamento da caatinga ao olhar para o meio ambiente", complementou a coordenadora do Ecolume. 

Francis Lacerda explica que o protótipo visa reaproveitar a água usada principalmente na cozinha da instituição no processo de tratamento com as mudas de umbu. Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens

O diretor do Serta e coordenador do campus Ibimirim, Sebastião Alves, destaca a importância desse primeiro protótipo em Pernambuco e aponta para os benefícios dessa tecnologia no Sertão pernambucano. “Já temos experiência na área de agroecologia e ter um projeto para reforçar a sustentabilidade ambiental foi algo muito bom. Esse reúso da água é muito significativo porque podemos utilizar duas vezes ou mais a mesma  água que consumimos e seria descartada”.

A expectativa de Tião, como é conhecido entre os alunos do Serta, é que os estudantes tenham mais contato com a técnica para replicar em outras regiões e até em suas casas. “A nossa preocupação é grande no sentido de criar condições de enfrentar esse novo desafio que a humanidade vai precisar se adaptar. É preciso fazer algo para reduzir esse aquecimento global”, comentou o professor. 

Para ele, a escolha da atenção especial ao umbu se deu porque a fruta nativa é muito rica e já não é tão fácil de ser encontrada. “Percebemos que ao longo dos anos já não temos mais umbuzeiros jovens na região toda. A planta vive em média entre 80 e 120 anos. Observamos que não há reposição natural dessas plantas. Estamos preocupados e por isso queremos utilizar essa tecnologia de reúso para poder repensar o recaatingamento do umbu”, alertou Sebastião.

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Irrigar o solo com água reaproveitada aumenta a matéria orgânica, contribuindo para a recuperação de áreas degradadas destinadas ao plantio. É o que revela pesquisa realizada no Instituto Nacional do Semiárido (Insa), unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, com enfoque no semiárido brasileiro.

A instituição também integra as ações são desenvolvidas em Ibimirim. Mateus Mayer, um dos engenheiros do Insa e responsável pelo sistema hídrico de tratamento comunitário para reúso agrícola a ser instalado no Serta, antecipa que ele terá capacidade de tratar até 5 mil litros da água do esgoto da escola por dia, deixando-a qualificada para fins de irrigação nas proximidades.

 “A tecnologia usada é um sistema combinado de tanque séptico, reator UASB e de lagoas de polímeros. Com ele, preservamos os nutrientes da água para as plantas e eliminamos os patógenos e uma grande quantidade de matérias orgânicas que as prejudicariam”, detalhou o pesquisador do Insa.

A iniciativa evidencia todo o ciclo virtuoso do uso da água e a relevância de um modelo pertinente para o saneamento básico rural adaptado com as condições semiáridas. Francis menciona que essa etapa do tratamento da água é realizada pelo Insa porque eles já desenvolvem há décadas essa tecnologia. "Um reator é instalado no solo e recebe a água do esgoto. As bactérias filtram essa água e são destinadas às piscinas de polimento. Em seguida, são liberadas para as mangueiras de irrigação que levam essa água até as mudas no pomar”, narrou a estudiosa.

Francis esclarece que a qualidade das águas cinzas e negras reaproveitadas passa por monitoramento mensal. A primeira é o efluente que tem origem nas máquinas de lavar, chuveiros e pias de banheiro; já a segunda é aquela proveniente de vasos sanitários. No caso do reúso em Ibimirim ambas são utilizadas no sistema de tratamento do Ecolume.

Mudas de Umbu plantadas em Ibimirim, no Sertão de Pernambuco. Foto: Assessoria de Comunicação/Ecolume

Pesquisadores envolvidos no projeto Ecolume. Foto: Assessoria de Comunicação/Ecolume

O diretor do Insa, Salomão de Sousa Medeiros, assegura que a parceria com o Ecolume e o Serta consiste em desenvolvimento de tecnologias de tratamento objetivando o reúso agrícola. “Nós enxergamos que não adianta falar em gerenciamento de recursos hídricos e redução dessa vulnerabilidade no semiárido brasileiro sem considerar o reaproveitamento como uma ferramenta essencial para alcançar os objetivos necessários", avaliou Medeiros. 

Ele destacou ainda que dentre os principais objetivos estão dar uma opção de saneamento básico para as comunidades rurais e tornar a prática do reúso do sistema de esgoto como algo comum em Pernambuco. “Em nossa trajetória, o principal desafio é como produzir um efluente para fins agrícolas que seja seguro do ponto de vista sanitário, seja rico em nutrientes e nem obstrua os sistemas de irrigação”, descreveu Salomão. 

Cenário climático não é ideal no futuro

Em 2007, as projeções de clima divulgadas pelo Quarto Relatório do IPCC (IPCC AR4) mostraram um futuro com cenários de secas e eventos extremos de chuva em grandes áreas do planeta. De acordo com o documento, no Brasil, de clima, seria o interior de Nordeste, conhecida como semiárido. O órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou quatro capítulos que, juntos, formam um relatório completo sobre o aquecimento global.

O Nordeste brasileiro poderá assistir até 75% de suas fontes de água desaparecerem até 2050. Os manguezais também seriam afetados pela elevação do nível da água.Um outro ponto citado pelos especialistas é que o alto potencial para evaporação do Nordeste, combinado com o aumento de temperatura pode diminuir a água de lagos, açudes e reservatórios.

Francis Lacerda aponta que o semiárido nordestino pode ficar ainda mais vulnerável a chuvas concentradas em curto espaço de tempo. "Pesquisas já apontam um aumento significativo da temperatura média, o que deixaria a região ainda mais seca com maior déficit hídrico", disse. 

Salomão Medeiros aposta na solução do reúso da água para diminuir esses impactos, mas ele lamenta a prática ainda não ser uma prioridade no Brasil. "É preciso institucionalizar essa ação no país. Ainda não temos isso. Esse reaproveitamento tem que ganhar espaço numa escala mais ampla, desde a indústria, no meio urbano e rural. No semiárido, é fundamental porque além de ser uma fonte de água, podemos fazer uma agricultura agroecológica porque quando utilizamos a água do reúso na irrigação estamos fertilizando os nossos solos também", opinou. 

Francis indica que o projeto do Ecolume e das instituições parceiras busca além de capacitar a população local nas tecnologias utilizadas no projeto, estudar os impactos das mudanças climáticas globais na disponibilidade hídrica, eólica e solar futuras para o Nordeste. "Queremos a integração de conhecimentos da produção de alimentos consorciados com a vegetação nativa da Caatinga, com métodos adaptados às condições de solo e clima para preservação dos recursos hídricos e a geração de energia fotovoltaica. Vamos plantar água", garatiu. 

O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) decidiu suspender a divulgação dos resultados da segunda fase de uma seleção para bolsas de pesquisa iniciada em 2018. O motivo declarado é a falta de recursos financeiros. O prazo de suspensão é até 30 de setembro desde ano.

O anúncio foi feito no site do CNPQ, que informa que a decisão está prevista no item 16.2 do edital que diz que "a qualquer tempo a Chamada poderá ser revogada ou anulada, no todo ou em parte, seja por decisão unilateral da Diretoria Executiva do CNPq, seja por motivo de interesse público ou exigência legal, em decisão fundamentada". A decisão não implica em direito a indenizações ou reclamações pelas partes que se sentirem prejudicadas.

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O programa previa a liberação de R$60 milhões para estudantes de pós-graduação que atuam no Brasil e que fazem intercâmbio em outros países. R$ 51 milhões já foram liberados, sendo suspensos o restante dos recursos. Existe a possibilidade dos estudantes receberem as bolsas, desde que haja a liberação de um novo crédito suplementar.

O CNPQ é uma agência ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), tem como principais atribuições fomentar a pesquisa científica e tecnológica e incentivar a formação de pesquisadores e já beneficiou milhares de estudantes brasileiros.

A Universidade Federal de Pernambuco divulgou o edital de abertura para as inscrições no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Para o Ensino Médio (PIBIC-EM/UFPE/CNPq), edição 2019-2020. O público-alvo da edição são os alunos do ensino médio que estão regularmente matriculados no Colégio de Aplicação da UFPE (CAP) e no Colégio Militar do Recife (CMR). As inscrições devem ser feitas até 14 de junho. As propostas aprovadas poderão ser classificadas nas categorias bolsista ou voluntário, com duração de 1 ano.

A inscrição é realizada exclusivamente pelo docente/orientador do projeto que, no ato da inscrição, vai preencher um formulário, disponível na página de iniciação científica. Além desse formulário, o orientador também deve baixar e preencher o Formulário de pontuação Lattes. Após esta etapa, o candidato precisa entregar pessoalmente a documentação que consiste em duas vias do comprovante de inscrição gerado após o preenchimento do formulário eletrônico de inscrição, uma via do documento “Formulário de Pontuação Lattes” preenchido, uma cópia do Lattes do aluno e o comprovante de matrícula. São exigidas as assinaturas do orientador e aluno em todos os documentos.

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Confira o edital clicando aqui.

Formulário de inscrição

Iniciação científica

É uma modalidade de pesquisa voltada para os estudantes de graduação e ensino médio que podem participar de projetos e pesquisas desenvolvidos pela universidade. As bolsas têm o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

 

Estão abertas até o dia 22 de abril as inscrições para a 39ª Edição do Prêmio José Reis de Divulgação Científica e Tecnológica que, neste ano, será destinado à categoria “pesquisador e escritor”. O pesquisador e escritor será premiado como divulgador da ciência, tecnologia, inovação para o grande público.

O vencedor será premiado com R$ 20 mil, um diploma, passagem aérea e hospedagem para participar da 71ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que ocorrerá em julho deste ano, em Campo Grande (MT).

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A premiação é realizada por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que tem como principal objetivo reconhecer pessoas que tenham contribuído significativamente para tornar a ciência, a tecnologia e a inovação conhecidas pela sociedade.

Os interessados, podem se inscrever diretamente na página do evento, preencher um formulário, com o currículo lattes atualizado, enviar portfólio, além de justificar a contribuição que demonstre à divulgação e popularização científica.

 

O ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Esteves Colnago, afirmou na última terça-feira (14) que educação “sempre foi prioridade” para o governo e que o orçamento do setor “vai crescer em 2019, sem sombra de dúvida”. Colnago participou de audiência pública na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados.

O ministro ressaltou, no entanto, que os gastos obrigatórios, principalmente com pagamento de pessoal, têm crescido ano a ano limitando a parte discricionária do Ministério da Educação (MEC), ou seja, a parte que pode ser aplicada livremente em políticas públicas e investimentos. “[O orçamento] vai crescer. Agora, a composição dele, não sei como vai ser. A despesa obrigatória cresce. Talvez tenha alguma restrição, alguma limitação na discricionária”, disse.

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Colnago foi convidado para tratar das perspectivas para a educação diante de um cenário de contingenciamento e após a divulgação da possibilidade de cortes de cerca de 200 mil bolsas de pesquisa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) no próximo ano.

O orçamento para 2019 será definido pela Lei Orçamentária Anual (LOA), que deverá ser encaminhada pelo Executivo até o dia 31 deste mês para ser analisada e aprovada pelo Congresso Nacional. Segundo Colnago, o orçamento ainda está em discussão. “Estamos buscando no Executivo espaços para que os ministérios tenham a melhor solução possível”.

Congelamento de gastos públicos

Na audiência, Colnago disse que o país passa por período de ajuste fiscal, apresentando déficit nas contas desde 2014. “A situação fiscal do país não é confortável, exige medidas para reestruturar a situação fiscal do país”. Dentre os componentes da despesa, o ministro destacou o regime geral da previdência, que deverá ser responsável pelo equivalente a 8,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do país em 2018 e os gastos com pessoal, com 4,4% do PIB deste ano.

Colnago também defendeu a Emenda Constitucional 95, conhecida como a PEC do Teto, que limita os gastos públicos por 20 anos. Segundo ele, a emenda é necessária para que haja priorização de gastos.

“Não há qualquer contingenciamento com relação à função educação. Há certeza do governo da importância da educação e esse esforço vem sendo feito ao longo dos anos”, garantiu.

Dados apresentados pelo ministro mostram que o gasto da União na educação passou de R$ 44,1 bilhões em 2010 para R$ 97,8 bilhões em 2017. Para este ano, a previsão é de R$ 103,5 bilhões. Ele apontou, no entanto, que a despesa com pessoal e encargos sociais cresce a cada ano, limitando os recursos que podem ser livremente investidos pelo Ministério da Educação. Em 2012, esses gastos representavam 39,8% das despesas primárias da pasta. Em 2018, essa porcentagem chega a 58,1%.

Nos últimos dez anos, a despesa do MEC com pessoal ativo cresce a um ritmo mais acelerado que os demais órgãos. No MEC, esse crescimento no período foi de 165%, enquanto, nos demais, 30%. “Temos alocado recursos em gastos obrigatórios, o que penaliza o exercício de políticas por parte do governo. Definir isso é efetivamente prioridade do governo”.

Parlamentares discordam

Os argumentos do ministro em relação ao peso do valor gasto com pessoal no orçamento foram contestados por parlamentares. Pedro Uczai (PT-SC) afirmou que para cumprir o Plano Nacional de Educação (PNE), lei aprovada em 2014 que prevê metas para melhorar a educação até 2024, é preciso contratar mais professores e que os cortes não podem ser feitos no pessoal.

“No caso da educação, as despesas que têm crescido significam ampliação de atendimento, cumprimento de direito. Tem que abrir escola. O pessoal que cresce é esse pessoal que atende o direito do cidadão”, complementa a Professora Dorinha (DEM-TO). Dorinha destacou que, apesar do valor orçamentário crescer ano a ano, a parte livre dos gastos, cai ano a ano, prejudicando uma oferta de educação de qualidade.

Movimentos sociais

Grupo de estudantes ligados à União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), à União Nacional dos Estudantes (UNE) e à Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG) organizou um protesto em frente ao anexo da Câmara dos Deputados onde ocorreu a audiência. Eles são contra os possíveis cortes no setor. As entidades também participaram da audiência com outras organizações ligadas à educação. Elas traziam cartazes com os dizeres: “Contra Cortes na Educação”.

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O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) poderá perder mais um terço dos recursos em 2019, segundo a proposta orçamentária em discussão. Nesse caso, para não cortar bolsas, o órgão terá de praticamente zerar investimentos em pesquisa.

Pela proposta inicial, o orçamento do CNPq - principal agência de fomento à pesquisa científica no País - cairia de R$ 1,2 bilhão para R$ 800 milhões; uma redução de 33%. "É um valor inaceitável", disse ao Estado, com exclusividade, o presidente do conselho, Mario Neto Borges. Só as bolsas atuais já custam mais do que isso: cerca de R$ 900 milhões. O CNPq paga atualmente cerca 80 mil bolsistas, em sua maioria jovens pesquisadores que formam a base da pirâmide de ciência e tecnologia no Brasil.

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Diferentemente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) - órgão do Ministério da Educação que financia a pós-graduação de forma geral e também alega não ter verba para suprir financiamentos em 2019 - o CNPq tem todas as bolsas atreladas a projetos de pesquisa.

A missão principal do conselho, vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), é fomentar o desenvolvimento científico do País, ressalta Borges. Mas os cortes orçamentários dos últimos anos desidrataram o órgão de tal forma que só resta dinheiro para bolsas, e quase nada para auxílio à pesquisa.

No orçamento deste ano, R$ 900 milhões são para bolsas e R$ 300 milhões, para o financiamento de projetos. O órgão também recebe recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), mas são recursos sujeitos a contingenciamento.

Dois programas de importância estratégica para a ciência do País - já prejudicados fortemente pelos cortes orçamentários dos últimos anos - seriam diretamente afetados pela falta de recursos: o Edital Universal - voltado para jovens pesquisadores - e os Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia.

"Confesso que estou perplexo", disse o físico Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC). "É a política de terra arrasada. O orçamento deste ano já é terrível, e agora pode ficar ainda pior."

Borges disse que continuará dando prioridade ao pagamento das bolsas, já que, além de dar suporte à pesquisa, elas são um fonte de sustento de milhares de estudantes.

Justificativa. O Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão disse que os valores do orçamento ainda não estão fechados, e definiu apenas o montante total para cada pasta. "A partir disso, cada ministério tem autonomia para decidir como vai aplicar seus recursos."

Nesse caso, quem responde pelo orçamento do CNPq é o MCTIC. A pasta de Ciência e Tecnologia, comandada pelo ministro Gilberto Kassab, disse que os valores previstos são "suficientes para o custeio de atividades", mas não para a realização de investimentos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Fundação Bill&Melinda Gates está realizando o concurso Grand Challenges Explorations, que oferece US$ 100 mil para projetos de pesquisa humanitária com duração de 18 meses, exclusivamente para brasileiros. O número de vagas não foi informado e as inscrições seguirão abertas até o dia 2 de maio

O concurso é realizado através de uma parceria entre a fundação, o Ministério da Saúde e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O objetivo é desenvolver experiências de ciência da informação, epidemiologia e saúde pública no Brasil abordando questões prioritárias em saúde materna e infantil, através da ciência de dados. 

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Não é preciso ter doutorado, mestrado ou graduação para concorrer, sendo possível inclusive a participação de instituições. Os interessados devem descrever sua ideia de pesquisa em duas páginas, enviando uma cópia em português e outra em inglês, separadas em duas seções: uma deve explicar a ideia e a outra é sobre como pretende testar o projeto. Para mais informações, acesse o site da Fundação Bill&Melinda Gates

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Professores e estudantes de todo o País já podem se inscrever na décima edição da Olimpíada Nacional em História do Brasil. Realizada pela Universidade de Campinas, com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPq), a competição envolve professores de história e alunos do oitavo e nono anos dos ensinos fundamental e médio de escolas públicas e particulares. 

A competição terá seis fases com provas on-line. A sétima e última etapa será realizada em Campinas (SP), nos dias 18 e 19 de agosto. As equipes, formadas por um professor e três alunos, devem se inscrever até 24 de abril. No ano passado, a disputa reuniu mais de 48 mil estudantes.

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Pesquisadoras bolsistas que se tornarem mães terão o benefício prorrogado em casos de parto, adoção ou guarda judicial. O Projeto de Lei da Câmara nº 62 de 2017 (PLC 62/2017) foi aprovado pelas duas casas do Congresso Nacional, sancionado pelo presidente da República, Michel Temer, e publicado no Diário Oficial da União na última segunda-feira (18).

A regra vale para bolsas com duração mínima de doze meses, que poderão se estender por mais 120 dias após o término do prazo. Ela abrange bolsistas do mestrado, doutorado, graduação sanduíche, pós-doutorado ou estágio sênior. Para isso, os beneficiários deverão comprovar que o afastamento temporário durante a vigência da bolsa é decorrente dos motivos estabelecidos pelo texto da lei.

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Durante esse afastamento, as agências de fomento à pesquisa que concedem o apoio estão proibidas de suspender o pagamento. As atividades acadêmicas da bolsista ficarão suspensas, desde que o tempo no qual ela estiver afastada não ultrapasse 120 dias. O prazo da prorrogação deve corresponder, necessariamente, ao período de afastamento.

As bolsas não poderão ser prorrogadas para mais de uma pessoa envolvida no mesmo processo de adoção e guarda. Em caso de morte da bolsista beneficiada, o cônjuge ou companheiro que também seja bolsista poderá usufruir do tempo restante da prorrogação. As exceções são os casos de falecimento do filho ou de desistência da adoção.

De acordo com a Câmara dos Deputados, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) já possuem normas internas que concedem prorrogação a bolsistas que recebem o auxílio por 24 meses ou mais (mestrado e doutorado). “A novidade, nesse caso, é o reforço legal e também a extensão para os casos de adoção”, informou, em nota, a Câmara.

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Por meio de editais de fomento, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) vai oferecer R$ 6,7 milhões para a realização de feiras, mostras e olimpíadas científicas. Os órgãos e institutos interessados em promover esse tipo de atividade já podem se inscrever para captar os recursos. A medida visa à manutenção das políticas de popularização da ciência no País.

O apoio de R$ 3,5 milhões à realização de olimpíadas científicas em âmbito nacional é um reconhecimento das competições como instrumentos de popularização da ciência e melhoria dos ensinos fundamental e médio. O edital também prevê apoio a olimpíadas científicas internacionais no Brasil, nas fases finais.

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Mostras

Já o edital para apoiar a realização de feiras de ciências e mostras científicas nacionais, estaduais e municipais também permite a identificação de jovens talentosos que possam ser estimulados a seguir carreiras técnico-científicas e docente. Além disso, possibilita a seleção dos melhores trabalhos para participação em feiras e mostras internacionais. O valor da chamada é de R$ 3,2 milhões.

Os anúncios integram um pacote de R$ 25,75 milhões, distribuídos em seis chamadas públicas do CNPq, em apoio a pesquisas integradas e sustentáveis na Caatinga, no Cerrado, na Mata Atlântica, no Pampa, no Pantanal e em baías fluviais e marinhas do litoral brasileiro; e à implantação, manutenção e monitoramento de redes de inventário da biota na Amazônia Legal.

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Depois de passarem por cinco etapas com mais de 48 mil candidatos e se classificarem para a final da Olimpíada Nacional em História do Brasil, alguns alunos enfrentaram um novo desafio: arrecadar dinheiro para custear a viagem até Campinas, no interior de São Paulo, onde ocorre a última etapa da competição, neste fim de semana. Eles emprestaram dinheiro de professores, fizeram rifas e pediram doação para os moradores de suas cidades.

É o caso da estudante Evelyn Costa, de 15 anos, do Instituto Federal de Mato Grosso, na cidade de Ponte Lacerda. Ela e outros dois colegas de equipe tiveram a ajuda de pais, professores e outros alunos da escola para fazer a viagem. "Todo mundo se mobilizou porque estavam muito orgulhosos da nossa conquista. Para mim, tem sido a realização de um sonho. Andei de avião pela primeira vez e conheci a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), que é maior que a minha cidade."

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A professora de História Manuela Arruda da Silva, de 34 anos, que dá aula para Evelyn, conta que o instituto participa desde 2010 da competição e chega à final pela sexta vez. Nos anos anteriores, a unidade custeava a viagem dos estudantes com a verba que recebe do Ministério da Educação (MEC) para assistência estudantil. Neste ano, com a redução do recurso, não foi possível pagar os custos.

"Campinas é uma cidade muito cara para os nossos padrões, mas nós, professores e a diretora, fizemos um esforço e tiramos dinheiro do próprio bolso porque acreditamos que seja um investimento para o futuro desses alunos. Não é um gasto."

O Instituto Federal de Roraima também teve três equipes selecionadas para a final e os alunos fizeram rifa, pediram doações aos colegas e emprestaram dinheiro da diretora. "A escola toda ajudou, então, essa é uma conquista de todo mundo", afirmou Rafaela Pereira, de 32 anos, professora de História.

Cristina Meneguello, coordenadora do evento, diz que a competição sofreu redução no repasse do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Eles receberam R$ 150 mil - no ano passado o valor foi de R$ 200 mil. A verba é insuficiente até para bancar as passagens das equipes com maior pontuação.

Das 307 equipes de todo o País selecionadas para a final, 203 são de três Estados do Nordeste - 66% do total. Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia foram os que tiveram o maior porcentual de equipes selecionadas. "Desde a primeira edição, esses Estados sempre se destacam na quantidade de inscritos e de finalistas. Há valorização desse tipo de atividade", diz Cristina. Procurado para comentar a redução de recursos, o MEC não se posicionou até anteontem.

Em 2014, o LeiaJá publicava uma notícia animadora para a saúde das brasileiras. O Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (CESAR) e o Laboratório de Imunopatologia Keizo Asamida Universidade Federal de Pernambuco (LIKA/UFPE) juntavam forças para criar um novo método de detectar a presença de células cancerígenas e, com sorte, diminuir o índice de fatalidade. Quase 3 anos depois, outras iniciativas avançaram no mundo, mas o projeto pernambucano sofre para seguir existindo.

José Luiz Lima Filho, diretor do LIKA, atribui a lentidão à crise econômica. "Empresas que podiam fornecer insumos para a pesquisa fecharam e temos que buscar no exterior, o que deixa tudo mais caro. Estamos buscando incentivo financeiro de empresas no exterior", explicou.

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O biossensor idealizado pelos pernambucanos funcionaria como um ‘rastreador biológico’. "Quando você coloca o sangue processado no biossensor, é detectado se a outra parte, a outra metade desta tira de DNA está presente. Basicamente, a funcionalidade é baseada numa condição, se ele não tiver, passa uma corrente pelo biossensor, se ele tiver, não passa. Ou seja, a medição que fazemos é baseada em corrente, que é a parte eletrônica", explicou Eduardo Peixoto, do CESAR, na época da nossa primeira repeortagem, em 2014. 

O novo processo conseguiria identificar a presença da célula cancerígena entre 30 a 45 minutos. Além de ser feito em menos tempo, o processo não dependeria de uma identificação visual, pois funcionaria através de uma relação eletroquímica. Com ele, seria possível detectar a célula cancerígena nos primeiros estados, muito antes do tumor de desenvolver. 

No entanto, o projeto não avançou muito e alguns dos pesquisadores que trabalhavam no biossensor já concluíram seus doutorados e saíram, assim como o CESAR. Se em 2014, a previsão era de que os primeiros sensores fossem usados, na prática, entre 2017 e 2018, agora não há mais data para o equipamento estar pronto. "Desde o ano passado que as bolsas de CNPq foram suspensas, o que tem dificultado nosso trabalho, porque não há recurso para a pesquisa, apenas para pesquisadores. Houve um corte de mais de 40% na semana passada. Não acho que falte vontade ao governo. O país passa por uma crise econômica", disse José Luiz.

Buscando alternativas, os pesquisadores buscam apoio de outros países. "Estamos recebendo visita de pessoas ligadas ao consulado dos Estados Unidos, que estão nos ajudando a consegui financiamento no exterior, junto à empresas privadas", disse o diretor do LIKA, acrescentando que acha mais fácil que os governos do Japão e dos EUA ajudem do que o próprio governo brasileiro. "Mas eu não vou desistir", desabafou o professor José Luiz Lima Filho.

Na última sexta-feira (28), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) publicou quatro editais de cooperação internacional para o desenvolvimento de projetos de pesquisadores brasileiros com a França e com a Alemanha. Confira a lista de programas e seus editais:

Probral

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O programa Probral, que apoia projetos de pesquisa desenvolvidos por brasileiros e alemães vinculados a instituições de ensino superior e pesquisa públicas e privadas, além de incentivar a mobilidade de alunos e professores de doutorado e pós-doutorado. Confira o edital.  

Brafitec 

O edital do Brafitec busca fomentar o intercâmbio entre instituições do Brasil e da França através da seleção de projetos de parcerias na área de Engenharia em diversos níveis de estudo e pesquisa, inclusive na graduação. 

Bragfost 

O simpósio binacional Bragfost é realizado alternadamente no Brasil e na Alemanha reunindo 60 jovens cientistas dos dois países para discutir linhas de pesquisa e promover debates interdisciplinares. Confira o edital do evento. 

Capes e Cnpq 

A chamada visa a formação de professores e pesquisadores para a consolidação da cooperação científica entre Brasil e Alemanha em todas as áreas do conhecimento. Para mais informações, acesse o edital e a página do programa.

Estudantes que participam de programa de iniciação científica enquanto estão na graduação têm uma chance 2,2 vezes maior de completar o mestrado e 1,5 maior de concluir o doutorado, quando comparados aos alunos que não participam do programa. O resultado está no estudo inédito “A formação de novos quadros para CT&I (Ciência, Tecnologia e Inovação): avaliação do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic)”, divulgado nesta terça-feira (25), em Brasília, pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (Cgee), do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.

A pesquisa mostra ainda que os estudantes que receberam bolsa Pibic concluíram a graduação em média um pouco mais jovens (23,9 anos) em comparação com os não bolsistas (24,8 anos). "Além de beneficiar os bolsistas, a iniciação científica gera maior eficiência do sistema, encurtando os processos. Temos também mais chance de levar os estudantes à conclusão satisfatória", disse o presidente do Cgee, Mariano Laplane. "É um programa importante, que tem efeitos positivos. Deve ser mantido e ampliado", afirmou.

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Bolsas do Pibic

O Pibic é um programa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), também vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, que oferece bolsas de R$ 400 por mês para estudantes desenvolverem pesquisas científicas.

As bolsas são concedidas diretamente às instituições, que são responsáveis pela seleção dos projetos dos pesquisadores e orientadores interessados em participar do programa. Os estudantes tornam-se bolsistas a partir da indicação dos orientadores. O programa existe desde os anos 1980.

Os resultados demonstram que os egressos do Pibic - mesmo isolados os efeitos das outras variáveis, como concluir a pós-graduação, idade, gênero e áreas do conhecimento - apresentaram uma remuneração um pouco maior, de 5%, quando comparados com os alunos que não foram contemplados pelo programa. A diferenciação maior na remuneração, no entanto, ocorrerá com a conclusão do mestrado e doutorado.

Além disso, o programa também tem outros efeitos no aprendizado para além do objeto de pesquisa. Ao todo, 56% dos bolsistas declararam que as atividades de iniciação levaram a ter contato com outra língua - em sua grande maioria, por meio da leitura de textos. E mais: 58% dos bolsistas disseram ter tido a oportunidade de divulgar os resultados de sua pesquisa; dentro desse grupo, 76% divulgaram em eventos voltados para a iniciação científica; 19% em eventos nacionais e 5% apresentaram trabalhos em eventos internacionais.

A publicação de resultados a partir das atividades de pesquisa é um evento mais raro. Ao todo, apenas 19% dos bolsistas relataram a publicação de resultados do projeto. Dentro desse grupo, 15% reportaram publicação em revistas internacionais.

Números

O Pibic apresentou - entre 2001 e 2013 - expansão do número de bolsas de 14,5 mil para 24,3 mil, um crescimento de 67%, representando 81% das bolsas de iniciação científica dadas pelo CNPq no final do período, contra 77% no início.

Em 2007, o CNPq utilizou também o sistema de parcerias para lançar um programa semelhante, voltado para a concessão de bolsas de iniciação tecnológica, o chamado Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Tecnológica-Pibiti), que passou a ser, em 2013, o segundo maior programa em número de bolsas para alunos da graduação do CNPq, atingindo 3.392 bolsas.

Apesar de expressivo, o crescimento do Pibic e do conjunto de bolsas de iniciação científica e Pibiti está aquém da expansão das matrículas de graduação no setor público, que cresceram 104% no período, e de pós-graduação, com expansão de 116%.

Segundo a Coordenadora de Programas Acadêmicos do CNPq, Lucimar Almeida, em 2017, são 24.210 bolsas mantidas pelo Pibic, número que se mantém praticamente estagnado desde 2010, assim como o valor pago aos bolsistas: R$ 400. "Para nós, o mais importante é a formação e não o valor em si. Seria importante a expansão do programa, mas de maneira sustentável", disse.

O presidente do CNPq, Mario Neto Borges, afirmou que, mesmo com os cortes orçamentários, as bolsas e os programas em andamento serão mantidos. "Todas as bolsas estão sendo distribuídas normalmente, mesmo com o contingenciamento [bloqueio de dotações orçamentárias] de março, não haverá nenhum corte de bolsa e nenhuma interrupção em projeto em andamento. O que vamos fazer é ajustar os programas do CNPq à nova realidade orçamentária. Mas o CNPq mantém todas as bolas em andamento", finalizou.

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