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Para a maior parcela dos Recifenses, a salvação da crise econômica do país é Deus ou Jesus. O estudo do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN) também aponta que, para a população da capital pernambucana, os grandes culpados pela atual situação são tanto a presidente Dilma Rousseff quanto os políticos em geral.

Deus ou Jesus representam a salvação da crise para 22% dos entrevistados que acreditam haver crise econômica no Brasil, seguidos dos políticos (16,6%), Dilma (10,7%) e o povo/população (8,7%). Marina Silva (Rede) e Aécio Neves (PSDB) também aparecem na lista, ambos com 1,1%.

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Para o coordenador da pesquisa, o cientista político Adriano Oliveira, o resultado revela uma baixa credibilidade da classe política. “Eu não saberia dizer se eles votaram em Deus por indignação ou ironia, mas eles optam por não citar pessoas, mostrando essa baixa credibilidade política”, afirma.

Tal desestímulo também é visualizado em outro dado da pesquisa. Quando perguntados de quem é a culpa da atual crise econômica, 42,2% responderam que era tanto de Dilma Rousseff quanto dos políticos, enquanto 25,4% disseram que era só da presidente e 26,7%, que era algo exclusivo dos políticos. “Para eles, a crise não está apenas no colo de Dilma Rousseff”, destaca Oliveira.

O procurador-geral de Justiça de Pernambuco, Carlos Guerra de Holanda, recomendou aos promotores de Defesa do Patrimônio Público que fiscalizem os gastos dos municípios inadimplentes com a folha de pagamento dos servidores durante o carnaval. A determinação foi publicada no Diário Oficial dessa quinta-feira (4).

Segundo a Procuradoria Geral de Justiça, a recomendação tem como base um ofício do Ministério Público de Conta, no qual há notícias de municípios preparando gastos com o carnaval, especialmente festas e shows, mesmo estando com as folhas de pagamento atrasadas.

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No documento, o procurador-geral de Justiça argumenta que, nos municípios com dificuldades financeiras e carentes de recursos públicos, se impõe ao administrador o dever de otimizar a alocação de verbas na satisfação das necessidades mais urgentes da população. 

“O gestor que realizar gastos com festa carnavalesca enquanto mantém a folha salarial dos servidores atrasada incorre em risco de violar os princípios da moralidade administrativa e legalidade”, pontuou Guerra.

O governo da Venezuela prepara medidas fiscais, cambiais e monetárias para enfrentar a crise econômica. As propostas serão anunciadas em breve, conforme afirmou nesta terça-feira (2) o economista Rodrigo Cabezas, do Conselho Nacional de Economia Produtiva, criado pelo presidente Nicolás Maduro.

Segundo o economista, que também é militante do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), entre as medidas figura a alteração do sistema de controle cambial, que vigora no país desde 2003, impedindo a livre obtenção local de moeda estrangeira.

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"Há consenso que a atual base de três taxas (oficiais de câmbio) deve ser modificada. Está é uma medida muito esperada para facilitar as importações e encher as prateleiras (de produtos)", adiantou.

Ex-ministro de Economia e Finanças, Cabezas explicou que a Venezuela passa por momentos difíceis e "desequilíbrios macroeconômicos, que se somam à queda dos preços do petróleo". Com a situação, o governo venezuelano tem "tentado abrir um espaço de diálogo" com variados setores da sociedade venezuelana.

De acordo com Rodrigo Cabezas, também está em debate o aumento dos preços da gasolina, a fixação de preços de venda ao público dos produtos e a substituição de importações.

O ex-ministro admitiu que os venezuelanos esperam que o Executivo solucione o problema da falta de abastecimento de alimentos e medicamentos no país. Ele disse confiar que a Venezuela sairá da crise e criará um sistema produtivo que supere a dependência da renda do petróleo, a principal fonte de recursos do país.

"Sem agendas violentas, porque ninguém tem de morrer, porque há uma crise e as saídas políticas devem ocorrer no quadro da Constituição."

Com 107 votos contra (da oposição) e 53 a favor, o parlamento venezuelano rejeitou em 22 de janeiro o Decreto de Emergência Econômica assinado pelo presidente Nicolás Maduro para enfrentar a crise econômica no país.

Segundo o governo venezuelano, o decreto tinha como finalidade combater a "guerra econômica", "construir uma Venezuela produtiva e independente" e enfrentar a conjuntura adversa suscitada pela queda dos preços do petróleo, a principal fonte de receitas, em moeda estrangeira, do país.

O decreto presidencial teria uma duração inicial de 60 dias prorrogáveis. Para a oposição, a aprovação do decreto de emergência poderia agravar a crise venezuelana, por não abordar com precisão matérias políticas, financeiras e cambiais.

Completando um ano de vigência nesta quarta-feira (3), o Plano de Contingenciamento de Gastos (PCG) registrou uma economia total de R$ 974 milhões aos cofres do Estado em 2015, de acordo com um balanço divulgado pela gestão. Inicialmente, o PCG teve a meta de cortar R$ 320 milhões, mas com o agravamento do cenário econômico brasileiro, que impactou nas receitas dos estados, a meta, foi ajustada para R$ 920 milhões.

Segundo os dados do governo foi possível alcançar uma economia de R$ 36 milhões em locação de veículos e equipamentos; R$ 37 milhões em diárias; R$ 260 milhões em serviços terceirizados; R$ 8,2 milhões em telefonia fixa e móvel, fazendo o gasto neste item voltar aos patamares de 2008; R$ 5,1 milhões em combustível; R$ 4,3 milhões em passagens aéreas; R$ 1,3 milhões e passagens e diárias internacionais; R$ 10,9 milhões em consultorias; e R$ 7,8 milhões em publicidade.

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“Com o PCG, criamos condições para a manutenção da saúde financeira do Estado. Caso não fosse executado o Plano, haveria um natural aumento das despesas e a conta não fecharia. Ao longo do ano, então, conseguimos fazer com que gastos adicionais não fossem realizados”, disse o governador Paulo Câmara (PSB).

Segundo o secretário da Controladoria-Geral do Estado, Rodrigo Amaro, mesmo com as ações de contingenciamento, o Estado garantiu o investimento dos limites previstos na Constituição Federal. Em educação foram gastos 26,6%, quando o limite é de 25%, e 16,2% na saúde, sendo a obrigação de 12%. Ou seja, na saúde foi gasto 4,2% acima do piso exigido no País.

“Durante o ano, os gestores públicos do Estado realizaram um esforço de comprimir a despesa, evidenciando oportunidades de economia com o foco na defesa da saúde financeira do Estado, os resultados são fruto da mobilização feita para enfrentar o cenário fiscal restritivo que vivenciamos em 2015”, frisou Amaro.

PMG - Para 2016, o Governo do Estado publicou o Decreto nº 42.601/2016 publicado no dia 27 de janeiro, que institui o Plano de Monitoramento de Gastos (PMG). A ação prevê diversas medidas de controle do gasto público por meio de uma atuação direta com os gestores estaduais. 

Prestes a reiniciar as atividades legislativas no Congresso Nacional, o líder da oposição na Câmara Federal, deputado Bruno Araújo (PSDB), afirmou, nesta sexta-feira (29), que o enfrentamento das oposições contra a volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) será "muito firme". Segundo o tucano, o país "não aguenta mais pagar a conta do desastre da gestão fiscal" do governo da presidente Dilma Rousseff (PT). A petista voltou a defender a retomada do imposto, como forma de amenizar o impacto da crise econômica nacional, nessa quinta-feira (28).  

Apesar de reconhecer que a CPMF atendeu interesses de gestões do PSDB, o parlamentar disse que nos governos do PT os recursos do tributo, que deveriam ter sido destinados à saúde, terminaram bancando o inchaço da máquina pública. "Não há nenhuma credibilidade da presidente, que impôs o descontrole das contas públicas, pedir um novo tributo ao país e exigir esse esforço. O governo deveria apresentar ao país um grande corte em suas despesas, como qualquer orçamento doméstico de quem não fecha suas contas e precisa fazer para ajustá-las. E isso o governo não apresentou à sociedade brasileira até esse momento", frisou.

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Para o pernambucano, a CPMF é um “filho que gasta toda a sua mesada e pede aumento”. "Tenho certeza de que não há ambiente na Câmara dos Deputados para concessão da CPMF. Nós faremos o enfrentamento muito firme em relação a isso”, frisou, lembrando que não acredita em um possível acordo da oposição com o governo para um projeto alternativo a retomada do imposto.

"Entendemos que momento é grave e chama todos nós, inclusive a oposição, a discutir uma agenda que aponte saídas para os problemas do futuro. Mas falta à Presidência da República uma presidente. Um líder que ponha uma agenda na mesa e aponte soluções para o Brasil”, disse. “A reforma da previdência pode ser uma dessa posições. Agora é bom lembrar que enquanto a presidente Dilma anuncia a possibilidade de enviar um projeto de reforma da previdência ao Congresso Nacional, as bancadas petistas na Câmara e no Senado já avisam que vão operar contra”, complementou.

 

 

Com o enfraquecimento político do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a oposição decidiu rever sua estratégia para 2016. Vai apostar, no retorno das atividades no Congresso, em CPIs que tenham potencial de criar desgaste ao PT e ao governo federal e de levantar fatos novos que possam incriminar diretamente a presidente Dilma Rousseff.

Fora do campo institucional do Congresso, onde se dará a batalha pelo impeachment de Dilma, e diante do impacto da crise econômica na vida da população, o PSDB prepara uma estratégia para confrontar o PT no ponto central do discurso político-eleitoral dos petistas, a área social. O novo enfoque do discurso dos tucanos será ajustado no próximo mês de março, quando o PSDB pretende realizar um seminário com representantes de diversos setores. Desse encontro deve surgir um documento a ser encaminhado ao governo e projetos.

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"Queremos fazer um forte confronto com o PT no campo social. Queremos mostrar que o último pilar do discurso petista, o da inclusão, é uma falácia. Vamos mostrar que o modelo de inclusão do PT - baseado exclusivamente na transferência de renda, sem se preocupar com a qualificação, com o ambiente de negócio, com a geração de renda, e o emprego - fracassou", afirmou ao Estado o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG).

A busca do embate com os petistas dentro de uma área que tem sido a principal bandeira do adversário nas últimas eleições, tem como base levantamentos encomendados pela cúpula do PSDB. "Temos pesquisas que mostram que hoje 66% dos brasileiros acham que a vida depois de 13 anos do PT piorou. Até aqueles que tiveram algum ganho em determinado momento já renegam o PT", ressaltou Aécio.

CPIs. "Houve um arrefecimento do impeachment e, por isso, o ritmo na retomada das atividades será o de entrar com o pé no acelerador. Com o que a CPI já apurou está claro que o mesmo modus operandi do petrolão está presente nos fundos de pensão. O aparelhamento das instituições, o tráfico de influência e o direcionamento dos negócios para partidos", afirmou o presidente da CPI dos Fundos de Pensão, Efraim Filho (DEM-PB).

Entre os motivos para o "arrefecimento" do processo de impedimento da presidente está a decisão do Supremo Tribunal Federal que alterou o rito do impeachment estabelecido na Câmara. Principal algoz do governo, Cunha vive um momento de enfraquecimento político em decorrência das denúncias no âmbito da Lava Jato.

Integrante da CPI dos Fundos de Pensão, o vice-líder da minoria, Raul Jungmann (PPS-PE), também acredita no potencial da comissão para gerar desgastes eleitorais ao PT. "Essa CPI tem uma característica porque é o tema que mais profundamente atinge ao PT. O fundo de pensão é orgânico, ele se desenvolve nos sindicalismos e isso é algo letal para o PT", disse.

Os obstáculos para pôr em prática este papel está no movimento do PMDB e do vice-presidente Michel Temer de se reaproximar de Dilma. "A oposição sozinha, sem o PMDB, não avançará muito. Se a recondução de Michel Temer à presidência do PMDB e a briga pela liderança do PMDB na Casa tiverem um desfecho pró-oposição, não tem menor sombra de dúvida que essa CPI vai ganhar larga escala", disse Jungmann.

Ainda assim, na lista de requerimentos de convocações da comissão estão integrantes do Funcef, Postalis e Petros. Também está pronta para votação a convocação do ministro da Casa Civil, Jaques Wagner. O pedido da oitiva do ministro foi apresentado no último dia 11 após o Estado revelar que conversas obtidas pela Lava Jato no celular do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro.

Lava Jato e TSE. Paralelamente às CPIs, lideranças de oposição vivem a expectativa de que desdobramentos da Lava Jato possam alimentar os processos contra a campanha de Dilma no TSE. "Cada vez mais provas serão materializadas, o que pode levar o TSE a cassar o diploma da presidente", disse o deputado Antônio Imbassahy (BA), que assumirá a bancada do PSDB da Câmara após o recesso. "O principal trunfo das oposições não é o impeachment. O grande problema é a questão econômica que reflete na vida das pessoas. O governo tem errado e não tem recuperado a capacidade política", avaliou o presidente do PSB, Carlos Siqueira. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A crise econômica favorecerá o voto de estrutura na eleição municipal? Esta indagação aparenta ser esquisita e estranha. Mas não é nem uma coisa nem outra. É objetiva e realista. O voto de estrutura significa o uso de recursos econômico ou estatal para a conquista do voto do eleitor. O uso do dinheiro e a compra de material de construção e remédios representam recursos econômicos para a conquista do voto. Recurso estatal significa a utilização do recurso econômico ou a oferta de emprego no poder público.

Infelizmente, são raras as pesquisas científicas que lidam com o voto de estrutura. A escolha do eleitor não é explicada simplesmente através dos determinantes clássicos do voto, os quais estão presentes em densa literatura da Ciência Política brasileira. Na disputa municipal para o Executivo e o Legislativo, o voto de estrutura está presente. Esta minha assertiva é verdadeira, pois ela faz parte do senso comum do dia a dia de variados competidores. Além disto, em duas eleições municipais, identifiquei, através de pesquisas de opinião, a disposição do eleitor em trocar o voto por alguma coisa, por exemplo, dinheiro ou emprego.

Não tenho a resposta para o problema exposto neste artigo. Contudo, reflito sobre possíveis respostas para ele. Em razão da crise econômica, indivíduos estarão mais suscetíveis a trocar o voto por algum benefício. Neste caso, o eleitor X poderá trocar o seu voto por dinheiro, emprego ou remédio. Tal hipótese é factível, pois o indivíduo pode ter perdido o emprego e com isto não ter dinheiro, ou precisar de um novo emprego. Candidatos a prefeito ou ao Legislativo podem ofertar tais benefícios.

Outra possibilidade: a crise econômica permite que indivíduos estejam suscetíveis para trocar o voto por alguma coisa. Porém, a decepção com a classe política poderá fazer com que os eleitores não admitam a troca do voto e optem por votar em candidatos que possuem novas práticas políticas. Neste caso, o eleitor fará a sua escolha eleitoral com o objetivo de mudar/transformar a política. Se o eleitor vender o seu voto, ele fará a opção de manter a política como ela é.

Observo, que independente do espaço social que o eleitor ocupa, encontraremos na eleição vindoura os dois tipos de eleitores. Os que desejam a mudança e os que desejam a continuidade. Mas não tenho, neste instante, condições de afirmar qual será o impacto/peso do voto de estrutura na eleição municipal. Espero, contudo, que pesquisas qualitativas e quantitativas me revelem o quanto antes.  

Na mídia nacional, fui o primeiro jornalista a noticiar que o sumiço do ex-senador Marco Maciel foi forçado pelo agravamento do mal de Alzheimer, doença que provoca perda de memória. Os veículos do Sul maravilha, finalmente, romperam o silêncio em relação ao quadro de saúde do ex-vice-presidente da República. Coube à jornalista Mariana Sanches, de O Globo, a iniciativa. Em reportagem publicada com destaque na edição de ontem, disse que Maciel retirou-se da vida social, perdeu para a doença o entendimento político e o interesse pelos assuntos públicos.

 

Mariana esteve com Maciel e se comoveu com a sua dor e o seu drama. “Enquanto o noticiário da televisão atualiza a situação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff e as supostas manobras do vice Michel Temer para ocupar seu posto, Maciel cerra os olhos em frente à TV e não expressa qualquer opinião. Se lembra de alguma coisa, ele não demonstra nada. Do meio do ano para cá, ele só responde raramente, e sempre por monossílabos. Se já era calado, agora é mais ainda.

“Meus filhos dizem para eu parar, mas sempre comento com ele: “Viu o que aconteceu com a política, viu isso ou aquilo?”, recebo de volta o silêncio — conta a mulher de Maciel, Ana Maria, companheira de mais de meio século e responsável por comandar a equipe de cuidadores que se reveza na atenção ao ex-vice-presidente, na sua residência em Brasília

Nos dois governos FH, Maciel, em média, ficou à frente da Presidência um dia por semana. De estilo discreto, Maciel, em média, governou o País por um dia a cada semana que Fernando Henrique Cardoso esteve na Presidência, entre 1995 e 2002, devido às viagens do titular. Quando não despachava como chefe de Estado interino, gostava de ficar em seu gabinete no subsolo do Palácio do Planalto, em estratégica posição para, literal e figurativamente, não fazer sombra ao titular.

Sua importância para a governo tucano fica evidente pela quantidade de menções a ele no recém-lançado diário de FH para os dois primeiros anos de gestão: Maciel aparece 122 vezes nas mais de 900 páginas. O então presidente o qualificava como “coordenador político” do Governo no Congresso e não era incomum a romaria de parlamentares ao gabinete do vice

Peça importante na eleição de Tancredo Neves, na gestão José Sarney Maciel chefiou a Casa Civil. Foi ele quem ajudou a conter os ímpetos do então senador Antônio Carlos Magalhães, que agia com eventual rebeldia no Congresso, e a conter crises como o escândalo da Pasta Rosa, sobre financiamento ilegal de campanha de aliados.

Durante o regime militar, foi um entusiasta da volta à democracia. Obcecado com o tema da reforma política, que considerava urgente, ele não pôde acompanhar as discussões comandadas pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) sobre o assunto no primeiro semestre deste ano

“Ele ainda recebe alguns poucos amigos em casa, mas fica sentado e calado durante todo o tempo — diz Ana Maria, que já chegou a representar o marido em eventos do DEM. Marco Maciel atuava para debelar crises com o senador Antônio Carlos Magalhães, que eventualmente jogava o Congresso contra o governo FHC. Durante quase cinquenta anos, Maciel começava a rotina com a leitura de seis jornais, que recortava e rabiscava, e partia para suas articulações políticas.

Chegava em casa tarde da noite, mas a tempo de conversar amenidades com a mulher. Perdeu a primeira eleição aos 70 anos. Depois da derrota, parecia abatido. Uma depressão começou a ser tratada. Já era sinal de Alzheimer. A doença evoluiu a ponto de tirar-lhe as iniciativas. Ana Maria precisa prestar atenção a pequenos sinais para saber se ele está doente ou com fome.

“É uma pena que você não possa conversar com ele sobre política. Eu sei que ele gostaria. Vivemos uma ausência de alguém que está presente — lamentou Ana Maria, dirigindo-se à repórter. Pena maior, na verdade, é Maciel entrar na terceira margem do rio, fazer a última viagem, sem poder escrever suas memórias.

Extraordinariamente ricas, vale a ressalva. Ninguém como ele viveu tantos bastidores nos mais importantes momentos da Nação, da ditadura à redemocratização. Ocupou todos os cargos sonhados por um político: deputado estadual, deputado federal, governador, senador, ministro, vice-presidente e presidente da República em exercício. Alguém pode jogar pedras nele?

Do ponto de vista ideológico, sim. Moral, não. Nunca se viu em todo o curso da sua história, longa, diga-se de passagem, envolvido em qualquer tipo de maracutaia. Um homem de bem, honrado.

INFIDELIDADE– O ano novo deve começar com profundas mudanças no quadro partidário nacional. Os políticos em geral aguardam apenas a promulgação da janela da infidelidade, aprovada no bojo da minirreforma eleitoral pelo Congresso. Como janeiro é mês de recesso, o mais provável é que a oficialização do troca-troca se dê no início de fevereiro, para muita gente, de olho nas eleições municipais, já brincar o carnaval de legenda nova. Só na Assembleia Legislativa, cinco deputados estão preparando a revoada.

Odacy aterrissa no PDT– Entre os deputados estaduais que mudarão de legenda, o petista Odacy Amorim, já acertado para disputar a Prefeitura de Petrolina pelo PDT. O que até as paredes da Prefeitura municipal já sabem é que a travessia de Amorim foi pavimentada pelo senador Fernando Bezerra Coelho (PSB), com o compromisso de retirar a candidatura de seu filho Miguel Coelho, que assumiu a presidência do diretório socialista em Petrolina.

Revoada na Assembleia– Outros três deputados já estão certos que colocarão o olho e a cara na janela: Adalberto Cavalcanti, que sai do PTB e ingressa no PMN; Álvaro Porto, também do PTB, vira a casaca para o PSB; e Lucas Ramos, do PSB, está indeciso entre PMDB e PSDB. Pode acontecer outra novidade neste campo: Claudiano Martins. Incomodado e sem espaço no PSDB depois da morte de Sérgio Guerra, pode optar pelo PP para disputar mandato de federal em 2018.

Deputado internado– O deputado Everaldo Cabral (PP) deu entrada na emergência do Hospital Português sábado passado e foi direto para UTI – Unidade de Terapia Intensiva. Segundo familiares, o parlamentar teve mais uma crise decorrente de complicações no fígado, que motivou sua primeira internação em setembro passado. No seu segundo mandato, Everaldo é irmão do também deputado estadual Lula Cabral (PSB).

Crescimento da terceira via– Em Águas Belas, no Agreste Meridional, pesquisa da Naipes Consultoria, feita entre os dias 21 e 23 últimos, constatou um quadro novo: o crescimento do pré-candidato do PDT a prefeito, Aureliano Pinto, que desponta com entusiasmo com a intenção de quebrar a polarização entre o grupo do prefeito Genivaldo Menezes (PT), já no final do seu segundo mandato, com a família Martins, que deve lançar, mais uma vez, a candidatura do ex-prefeito Numeriano Martins.

CURTAS 

CRISE EM GRAVATÁ – Em Gravatá, o interventor Mário Cavalcanti começa a mergulhar num inferno astral. Depois da cidade passar o Natal literalmente no lixo, por causa da rescisão do contrato com a Prefeitura, os servidores decretam greve a partir de hoje em defesa do pagamento dos seus salários, inclusive o 13º salário.

CONSELHO– O governador Paulo Câmara empossa, hoje, o Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural (CEPPC), formado por representantes da sociedade civil e do poder público. A entidade é resultado de uma demanda da sociedade, que solicitava uma participação mais representativa no processo de construção e implementação de políticas culturais e de preservação.

Perguntar não ofende: Qual a extensão do prejuízo ao turismo de Fernando de Noronha pelo ataque do tubarão? 

A retração econômica e o aumento do comprometimento das receitas estaduais com a folha de pagamento dos servidores levaram governadores a optar pelo aumento de impostos para cobrir as despesas. Ainda assim, quatro Estados terminam 2015 empurrando para os próximos meses a quitação do 13.º salário do funcionalismo.

No Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul, em Tocantins e em Sergipe, o salário extra foi parcelado em até seis vezes ou pago na forma de empréstimo bancário.

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O governo gaúcho, que chegou a atrasar o pagamento de parcelas da dívida com a União e de salários ao longo do ano, programou pagar o 13.º do funcionalismo de junho a novembro de 2016. Como compensação, promete acréscimo de 25% sobre o montante devido. O Estado ofereceu ainda aos servidores a possibilidade de contratar empréstimo no Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) e se comprometeu a pagar os juros da operação financeira. Pelo menos 214 mil servidores recorreram ao financiamento, totalizando mais de R$ 720 milhões emprestados.

Retorno

A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul também retorna ao trabalho nesta segunda-feira, 28, para votar 29 projetos encaminhados pelo governador Ivo Sartori (PMDB) com medidas de ajuste fiscal. A principal é a Lei de Responsabilidade Fiscal estadual, que proíbe a criação de novas despesas sem previsão de receita e a concessão de reajustes salariais que fiquem para o governo seguinte pagar.

"A Lei de Responsabilidade Fiscal estadual não muda muito o cenário imediato, não alivia o aperto do nosso governo, mas é uma mudança para o futuro. Evita o constrangimento de atrasar salários, (verbas de) municípios e fornecedores", disse ele, em pronunciamento na semana passada.

Em Sergipe, a Assembleia Legislativa também aprovou projeto de lei do Executivo autorizando o Banco do Estado a emprestar o 13.º servidores com o compromisso de que o governo vai pagar os juros. No Rio de Janeiro, que vai fechar o ano com R$ 12 bilhões a menos em caixa do que previa no início do ano, servidores estaduais chegaram a ser alvo de jatos de gás de pimenta disparados por seguranças ao invadir o plenário da Assembleia Legislativa para protestar contra o parcelamento em cinco vezes do salário extra.

Em vez de parcelar, o governador de Tocantins, Marcelo Miranda (PSDB), optou por pagar somente o 13.º dos servidores que ganham até quatro salários mínimos - cerca de 35 mil dos 49,5 mil funcionários do Estado. O restante (28% da folha) receberá o pagamento extra "em 20 ou 30 de janeiro", segundo a promessa do governo.

A maioria dos Estados conseguiu pagar em dia o 13.º do funcionalismo graças a um reforço no caixa com a elevação de impostos. No Maranhão, o governador Flávio Dino (PC do B) elevou em 2% a tributação de ICMS sobre itens como refrigerantes, produtos de beleza e cosméticos importados, artigos para animais de estimação, aviões, iates e lanchas. Medida semelhante foi adotada pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que elevou de 18% para 20% o ICMS sobre cerveja e de 25% para 30% sobre o cigarro.

Houve também elevação de tributos sobre combustíveis e energia. Em Pernambuco, o governador Paulo Câmara (PSB) fez um pacote de aumento de impostos que deve render cerca de R$ 500 milhões extras. O ICMS sobre a gasolina aumentou de 17% para 18%. "Estamos fechando a conta com muito aperto. O ano de 2016 será tão difícil como 2015. Tivemos uma queda real (de receita) de sete pontos porcentuais", explicou o governador ao Estado.

Depósitos

Alguns Estados também usaram receitas extraordinárias para reforçar o caixa este ano. Em Minas Gerais, o governo precisou usar recursos de depósitos judiciais em processos em tramitação na Justiça estadual - cerca de R$ 2,8 bilhões - para o pagamento de dívidas e folha de aposentados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Natal já bate a porta e, ainda assim, parece que dezembro nem começou, para um grande número de comerciantes em todo o país. As contratações temporárias despencaram, o risco de prejuízos é grande e o otimismo escasso entre os lojistas. Os consumidores também sentem que o final de 2015 vai ser de arrocho financeiro, característica que marcou todo o ano.

Nesse contexto, ainda há quem torça por uma reviravolta no roteiro do comércio em dezembro e acredite que, mesmo com as dificuldades e indicadores contrários, a ceia vai ser farta no Natal e ano novo.

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Confira a matéria completa sobre assunto no vídeo abaixo:

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O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, negou nesta terça-feira (15) que a crise econômica brasileira seja uma "crise importada". Em reposta a senadores na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), ele disse que é preciso avaliar a evolução do quadro internacional, mas também as complexidades do Brasil.

"Precisamos colocar de volta essas métricas fiscais numa trajetória de estabilização e depois de declínio", avaliou. "No quadro econômico, precisamos demonstrar nossas convicções com relação ao tamanho do Estado na economia", acrescentou.

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Tombini voltou a dizer que o BC tem que continuar o trabalho de redução de inflação e fazer com que a alta de preços convirja para meta. O presidente do BC repetiu que a política monetária não busca compensar a sucessão de choques de custos que fizeram a inflação de curto prazo subir, mas sim conter a propagação disso.

Ele respondeu ainda aos senadores que o Banco Central não tem como objetivo estabilizar a relação dívida/PIB, mas sim fazer com que a inflação convirja para a meta. "Ha uma separação entre a função fiscal e a função monetária, e tem que ser assim. A taxa de juro de curto prazo quem deve controlar é o BC, a não ser que se mude o regime", afirmou.

Tombini negou que a autoridade monetária atue no mercado para controlar o câmbio, que é flutuante. Segundo ele, o objetivo da atuação do BC é a estabilidade financeira. "O câmbio tem flutuado ao longo do tempo, tanto na apreciação como na desvalorização. O que temos feito é criar um colchão para que Brasil não fique à mercê das vicissitudes do mercado internacional.

O presidente do BC reafirmou que o Brasil deve continuar o esforço para desindexar a economia e citou o Chile como um país com nível de desindexação elevado no qual a alta de preços está controlada. "Há muita indexação no setor privado, nos preços administrados, transportes, saúde e aluguéis. Mas outros países com maior indexação têm inflação baixa", argumentou.

Vazamento

Tombini respondeu ainda ao senador José Serra (PSDB-SP), que fez críticas a alguns membros do Copom, que teriam "vazado" informações ao mercado financeiro sobre suas atuações no colegiado de forma prévia. "Eu aqui hoje já mandei algumas mensagens importantes para o mercado, para os formadores de preços", argumentou Tombini. "Nossa comunicação não é só por meio da ata ou do Relatório Trimestral de Inflação", acrescentou.

Ele lembrou que recentemente ficou famosa a frase de um integrante do Federal Reserve que atribuiu a mais de 90% o papel da comunicação de um banco central no processo de condução da política monetária. "Toda vez que houver ideia nova, a orientação, a determinação é passar para todos ao mesmo tempo", explicou Tombini, citando que há, inclusive, a recomendação de um paper que possa ser publicado ou acessado por vários agentes ao mesmo tempo.

EUA

O presidente do Banco Central disse que a depreciação do câmbio em 2015 já prepara para a economia brasileira para uma eventual decisão do Fed em elevar os juros dos Estados Unidos amanhã. "O câmbio é a primeira linha de defesa", avaliou.

Segundo ele, o BC está avaliando "no detalhe" a repercussão que a decisão do Fed terá nos mercados nesta quarta-feira, 16. "Está no nosso radar", reforçou. Segundo ele, a comunicação da autoridade monetária dos Estados Unidos será muito importante neste momento, uma vez que o mercado americano não vê um aumento de juros desde 2006.

"O mundo vem de uma crise financeira de grandes proporções, que levou à injeção de muitos estímulos. O início da reversão desses estímulos de liquidez gera impacto de expectativas. Mais do que o cuidado na comunicação das autoridades monetárias, sempre conta nessas horas como os mercados vão reagir", completou.

Volpon

Tombini também evitou entrar na discussão entre Serra e o diretor de Assuntos Internacionais do BC, Tony Volpon. "Não respondo por ninguém individualmente, respondo pela instituição", disse.

Sem citar nominalmente Volpon, Serra fez a Tombini uma série de críticas a um diretor da instituição. "Vossa excelência tem um integrante (na diretoria) que sofre de muita tagarelice e exibicionismo", disse Serra.

Primeiro, o senador botou em xeque a defesa feita em Nova York pelo diretor de se usar as reservas internacionais em relação à dívida líquida como um parâmetro para medir nível de comprometimento do País com a dívida. "O referido diretor é muito falante e pode não ter falado em nome do BC", ressaltou Serra.

O senador também voltou ao episódio em que, durante evento em São Paulo, Volpon afirmou que se houvesse aumento da inflação, o BC atuaria aumentando juros. "Esse mesmo diretor disse que o BC subiria os juros", lembrou. A ofensiva de Serra contra o diretor não é nova. Em artigo no jornal Folha de S. Paulo, ele fez uma coluna com o título "Vuvuzela no Copom?".

Em decorrência desse episódio, Volpon, que passou a integrar oficialmente os quadros do Comitê de Política Monetária (Copom) em abril, preferiu não participar do segundo dia de reuniões do Copom de julho. Com isso, evitou que se alegasse que seu voto teria sido antecipado. Na ocasião, o colegiado decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic em 0,50 ponto porcentual, para 14,25% ao ano.

"Estou muito desconfortável com vazamentos de integrantes do Copom com a opinião pública", disse Serra. "Não sei por que essa compulsão de ficar passando recado ao mercado", continuou. O senador disse ainda sempre se perguntar o que está errado nas comunicações do BC e do Copom.

Para Serra, esses integrantes passariam informações ao mercado com algumas indicações que mexem nos ativos e depois as profecias que se autorrealizam. "Se a autoridade monetária tem um erro de comunicação complicado, é melhor reconhecer rapidamente", sugeriu.

Depois de crescerem a uma taxa média anual de quase 4% na última década, as empreiteiras entraram num rápido processo de declínio. A situação tem sido tão complicada que as maiores construtoras do Brasil, como Odebrecht, Camargo Corrêa e Mendes Júnior, não conseguiram fechar um único contrato no decorrer deste ano, seja porque estão envolvidas na Operação Lava Jato, que investiga corrupção em contratos com a Petrobras, ou porque a recessão econômica afundou os investimentos públicos e privados no País.

O resultado tem sido uma enxurrada de demissões (mais de 500 mil empregos foram cortados no setor este ano), vários ativos à venda para fazer caixa e centenas de empresas em recuperação judicial (253 construtoras em processo de recuperação entre janeiro e setembro).

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A expectativa é que o Produto Interno Bruto (PIB) do setor feche o ano com queda de 11%, segundo cálculos da consultoria GO Associados feitos a pedido da Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (Apeop) - no ano passado, a retração foi de 2,6%.

Segundo a Odebrecht, líder do ranking nacional de construtores, o cenário econômico afetou os investimentos em infraestrutura, "o que é a causa principal de a empresa não ter conquistado novos contratos no Brasil".

Outras gigantes do setor, como Andrade Gutierrez, Queiroz Galvão e Galvão Engenharia, estão em situação semelhante, afirmam fontes. Mas, procuradas, as três empresas não quiseram falar sobre o assunto.

Já a Carioca Christiani-Nielsen Engenharia foi sutil na resposta se fechou ou não novos contratos neste ano. Em nota, afirmou que "está focada em seguir seu planejamento estratégico e em cumprir os contratos atuais nos prazos acordados, tanto com seus clientes públicos quanto privados".

Reputação

Além da escassez de novos serviços, todas essas companhias têm em comum o fato de estarem envolvidas na Operação Lava Jato. Embora não estejam proibidas de participar de licitações públicas com o governo federal, já que não foram consideradas inidôneas pela Controladoria-Geral da União (CGU), a reputação manchada pelo esquema de corrupção cria uma série de empecilhos na disputa por novos negócios no setor privado.

Em recente entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o diretor de Investimentos e Operações da LogZ, Roberto Lopes, afirmou que estava com dificuldades para contratar empreiteiras para tocar alguns projetos portuários da empresa. Formada por fundos de investimentos que têm como cotistas grandes fundos de pensão (Previ, dos funcionários do Banco do Brasil, e Funcef, da Caixa), a empresa afirmou que tem receio de contratar alguma construtora que não consiga terminar o serviço.

Na avaliação do presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), José Carlos Martins, as construtoras envolvidas na Lava Jato sofrem mais porque sempre estiveram à frente dos megaempreendimentos do Brasil, como as grandes hidrelétricas, que têm melhor rentabilidade e exige maior especialização. "O problema é que esses projetos sumiram. Não temos novos empreendimentos de grande porte em licitação no País ou na iminência de sair."

Sem contratos novos, essas empresas também estão recebendo menos da União pelos serviços já prestados. Levantamento do Contas Abertas mostra que, de janeiro a agosto, os desembolsos foram 58% menores do que em igual período de 2014, R$ 1 bilhão ante R$ 2,4 bilhões. Para algumas companhias, como a Mendes Júnior, essa redução tem um efeito devastador no caixa, já que 76% da carteira da empresa vem do setor público.

Na Odebrecht e na Camargo Corrêa, essa relação é inversa: cerca de 80% dos contratos são privados. Mas, independentemente da origem dos contratos, essas empresas estão buscando alternativas para amenizar os efeitos da retração do mercado doméstico.

Na Odebrecht, por exemplo, a participação internacional na receita da companhia cresceu para 82%. No ano passado, no mesmo período, essa fatia era de 73%. Além da queda nas receitas internas (em 2014, houve queda de 20% por causa da entrega dos estádios), a empreiteira conquistou sete novos contratos no exterior.

Empresas que não estão relacionadas com o escândalo de corrupção também enfrentam dificuldade para conseguir novos negócios, a exemplo de Contern e da espanhola Isolux. As duas empresas passaram 2015 à míngua. "Nada aconteceu este ano. Está tudo parado. Para o governo federal, essa situação virou cômoda porque ele não tem dinheiro para pagar", afirma o presidente da Apeop, Luciano Amadio. Segundo ele, as empresas estão ávidas por novos negócios, especialmente as de pequeno e médio porte. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A imersão do Brasil na crise econômica e política que atinge o mundo é resultado, de acordo com o prefeito do Recife Geraldo Julio (PSB), da manutenção do ciclo de desenvolvimento do país iniciado pelo ex-presidente Lula (PT), que tem a inclusão social como carro-chefe. Analisando a falta de recursos para as prefeituras e a maneira com que o Governo Federal tem retido as linhas de crédito para as gestões, o socialista pontuou que o ciclo petista “esgotou” e pregou a necessidade de iniciar uma política de planejamento a longo prazo como opção para o contexto atual. 

Segundo Geraldo, o país já viveu três fases: a da democracia, da estabilidade econômica e da inclusão social, mas não soube mudar o rumo na hora correta. “Conseguimos [no governo Lula] com erros e acertos incluir mais de 500 milhões de brasileiros, que entraram em percapita de consumo e mudaram de classe social, mas aquele modelo se esgotou. Não são os erros de 2015. Faltou mudar a direção na hora certa, o ciclo tocado por Lula se esgotou naquele momento [em 2010]. Era para gente ter mudado aquele ciclo”, observou durante um almoço-debate com jovens empresários que integram o LIDE Futuro, um dos braços do LIDE Pernambuco, onde prestou contas dos três primeiros anos da gestão.

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Para o prefeito do Recife, o país precisava ter desenvolvido a infraestrutura, a educação, a gestão profissional e a economia desde 2010. “O Brasil não fez isso, mas Pernambuco fez. Não dava para aprofundar o ciclo de inclusão social feito pelo presidente Lula, precisava mudar os conceitos”, disse. “Hoje a população percebe que o governo federal perdeu as condições de tocar o país”, acrescentou lembrando que a Prefeitura do Recife tem R$ 800 milhões em operação de crédito com o Bando Mundial detido por falta de “sensibilidade” da presidente Dilma Rousseff (PT). 

A mesma sensibilidade falta também, sob a ótica do socialista, nas propostas para a saída da crise econômica apresentadas pela petista. De acordo com ele, a recriação da CPMF, por exemplo, é “equivocada”. “Você não pode surrar mais o povo. Essas mudanças que estão sendo postas são equivocadas e dolorosas. Os municípios precisam, mas não dá para defender a CPMF do jeito que está sendo colocada em debate”, disparou. 

Geraldo Julio sugeriu duas ações, uma a curto e outra em longo prazo contrapondo a CPMF. “Em longo prazo, fazer o dinheiro ficar nos municípios. Esse modelo de pacto federativo fica concentrando dinheiro em Brasília. Já no curto prazo, baixar a taxa de juros para o Brasil voltar a crescer”, defendeu.

A expectativa de piora na economia provocou uma corrida das empresas de capital aberto, que construíram um colchão bilionário para se protegerem de uma possível alta nos calotes. O movimento não é só de bancos, mas também de empresas de varejo e de telecomunicações. As companhias estão se protegendo da possibilidade de que mais clientes percam o emprego e, por isso, tenham dificuldade em honrar compromissos nos próximos meses.

No terceiro trimestre, a inadimplência das pessoas físicas subiu em um ritmo que surpreendeu até bancos, como o Itaú. E o pico está longe de ser alcançado. A expectativa é que alguma melhora no índice só apareça em 2017.

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O sinal amarelo nos calotes fez os grandes bancos elevarem em R$ 16 bilhões o saldo de provisões para devedores duvidosos em apenas um trimestre. As reservas de Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e Santander superaram a marca de R$ 112,5 bilhões.

Entre os bancos médios, os números também mostram o medo da inadimplência. Para o Daycoval, o índice vai subir por causa do cenário "absolutamente desafiador". O reforço nas provisões, segundo o professor de finanças da Fundação Instituto de Administração (FIA), Marcos Piellusch, é importante e esperado para as empresas neste ano.

Com inflação e desemprego em alta, o atraso das pessoas físicas vai aumentar por causa de maiores gastos recorrentes com luz, água, telefone, plano de saúde e mensalidades escolares.

Além dos bancos. As companhias de varejo também têm visto subir a inadimplência em seus produtos financeiros. O Magazine Luiza, que tem a maior parte de suas operações de crédito numa joint venture com o Itaú, teve de aumentar as provisões apesar de ter reduzido a carteira de crédito ao consumidor em 35,5%. Na Renner, as provisões agora equivalem a 18,8% da careteira total de credito, contra 14% do mesmo período de 2014.

No setor de Educação, além do cenário macroeconômico, houve o impacto das mudanças no Fies, programa de financiamento à educação superior do governo federal. Kroton, Ser Educacional e Anima estão entre as que reforçaram as provisões para calotes.

Outro segmento que não passou ileso foi o de telecomunicações. A Telefônica Vivo passou a ser mais rigorosa na gestão de inadimplência e cobrança. Com isso, as previsões subiram 27,5% de julho a setembro, em relação ao mesmo período de 2014, para R$ 349,4 milhões. "Estamos aplicando políticas rígidas para que a inadimplência não cresça", justificou o presidente da Telefônica Vivo, Amos Genish, em teleconferência.

As despesas com provisões foram o destaque da alta dos gastos operacionais da Oi no trimestre, ao subirem 29,5% em 12 meses, para R$ 181 milhões. A empresa fechou o período de julho a setembro com prejuízo superior a R$ 1 bilhão. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A trajetória das ações da Via Varejo e Magazine Luiza, as maiores do varejo de móveis e eletrodomésticos, reflete a montanha russa pela qual o setor vem passando. Quando decidiram abrir seu capital, essas empresas se beneficiavam do bom momento da economia, que mascarou erros estratégicos, como sobreposição de pontos de venda, mau gerenciamento de estoque e dificuldade na integração das redes adquiridas. Agora, com a recessão, os problemas vieram à tona e afetaram o valor de mercado dessas empresas.

A líder Via Varejo, controlada pelo francês Casino, que abriu seu capital em 16 dezembro de 2013 e foi avaliada à época em R$ 5,9 bilhões, teve seu valor reduzido a menos da metade até sexta-feira (13), a R$ 2,64 bilhões. No Magazine Luiza, o tombo foi maior: quando estreou na Bolsa, em 28 de abril de 2011, valia R$ 2,4 bilhões. Na sexta-feira, estava avaliada em R$ 234 milhões.

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Marcelo Silva, presidente do Magazine Luiza, disse que a crise política e econômica travou o País. "Houve uma mudança no consumo. Mas passamos por várias crises e o cenário pode mudar."

A rede aposta no comércio online, que tem menos capital imobilizado, e quer impulsionar a sua empresa virtual Época Cosméticos, adquirida em 2013, voltada para cosméticos e perfumes, segmento mais resiliente, cujas vendas cresceram 3,6% de janeiro a setembro, segundo o IBGE.

A rede também está revendo oferta de produtos e se concentrando em itens com maior apelo de vendas, como TVs inteligentes, smartphones e tabletes. Em 2010, o grupo comprou a Lojas Maia, que expandiu os negócios do grupo no Nordeste. O processo de integração, segundo analistas, foi mais demorada que o esperado.

Já a Via Varejo, nos últimos meses, reavaliou a sobreposição de bandeiras (Casas Bahia e Ponto Frio) para arrumar a casa. A companhia, apurou o jornal O Estado de S. Paulo, vai manter a prática de preços agressivos, desde que não afetem as margens. A intenção, com essa liquidação, é girar estoques numa velocidade maior e ficar menos dependente de crédito bancário.

As redes regionais enfrentam dificuldade ainda maior para sobreviver. A mineira Eletro Zema vai dar marcha à ré este ano. Segundo o presidente, Romeu Zema, o faturamento da empresa deve regredir dois anos, para R$ 1,3 bilhão - mesmo patamar de 2013. "Chegaremos a dezembro com prejuízo, depois de muito tempo no azul."

O terceiro trimestre, segundo ele, foi o pior de todos até agora, com queda de 20% nas vendas. "Não assistíamos nada parecido desde a época do Fernando Collor."

Recuperação judicial

O tombo nas vendas de eletromóveis reduziu o fôlego de empresas menos capitalizadas, que recorreram à recuperação judicial. Dados da Boa Vista SCPC, empresa especializada em informações financeiras, mostram que os pedidos de recuperação judicial no comércio em geral aumentaram 34,5%, de 245 de janeiro a outubro de 2014 para 329 este ano. A estatística não segrega os pedidos por segmento e porte.

A rede Dadalto, do Espírito Santo, é um caso recente. Em outubro, a varejista entrou com pedido de recuperação judicial, com dívidas de R$ 256 milhões. A empresa, que faturou R$ 643 milhões em 2014, alega que a alta dos juros e desaceleração das vendas desequilibraram suas finanças.

Antes de pedir recuperação judicial, a família controladora colocou o negócio à venda, mas as conversas não evoluíram. De acordo com a advogado Sérgio Bermudes, responsável pelo processo, a venda ainda é uma alternativa. "A empresa está em dificuldade, como tantas outras do setor, mas continua operando e tem chances de se recuperar." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A família Romera enfrenta um desafio duplo em Arapongas, cidade natal de duas redes regionais de móveis e eletrodomésticos: uma que leva o nome da família e a Darom Móveis. As redes sentem o aperto no bolso do consumidor de diferentes maneiras: a Romera está fechando lojas deficitárias para concentrar sua expansão em polos do agronegócio, enquanto a Darom enfrenta um desafio mais grave. Parte do grupo Simbal, conhecido por fabricar estofados e colchões, a rede está em recuperação judicial.

Esta não é a primeira vez as duas empresas enfrentam um grave revés. Os administradores dos dois negócios morreram em 2008, em um acidente de avião. João e Adriano Romera comandavam, respectivamente, Romera e Darom.

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Até então, contaram fontes do setor, as duas "alas" da família mantinham bom relacionamento. Após o acidente, a relação azedou. A Romera, que tem quase o triplo da receita da Darom, era uma das principais clientes dos móveis da Simbal - mas, nos últimos anos, a relação comercial foi cortada.

O Simbal entrou em recuperação judicial por causa de uma dívida de R$ 200 milhões. A Darom tem cerca de 90 unidades em quatro Estados (além do Paraná, está presente em Santa Catarina, Mato Groso e Mato Grosso do Sul). O faturamento total do grupo é de aproximadamente R$ 400 milhões. O atual gestor da Simbal, Oscar Milani, não respondeu retornou os contatos da reportagem.

Enquanto a Darom negocia com credores, a Romera também tenta se adaptar aos tempos difíceis. A empresa prevê fechar 2015 com queda de 10% no faturamento, que deverá ficar em R$ 1,15 bilhão. Depois da morte de João Romera, a família decidiu profissionalizar a gestão - o executivo Júlio Lara está à frente do negócio.

Após acelerada expansão durante o período de bonança no País, Lara agora tenta corrigir erros de percurso. Uma das medidas será fechar a loja em Manaus (AM), um ponto fora da curva na estratégia da companhia.

Para não acabar engolida pelas redes nacionais, a Romera adotou uma estratégia clara de crescimento, priorizando polos do agronegócio. Foi essa noção que pautou a expansão ao Centro-Oeste, ao interior de São Paulo e, mais recentemente, ao Pará. Mesmo com o fechamento de unidades deficitárias, a Romera terá "abertura líquida" de oito unidades em 2015, para 230 lojas.

Uma das medidas para manter as contas neste ano foi a renegociação de prazos com as indústrias, explica o diretor da Móveis Romera. "Antes, conseguia prazos de 55 a 60 dias. Hoje, já chega a 85 dias."

Mas o trabalho não para por aí. Depois de cortar as compras da Simbal, a Romera deve agora concorrer com ela na área industrial. Para abastecer reduzir custos em estofados e colchões, a rede pretende pequenas fábricas desses produtos - a primeira delas, em Arapongas, está quase pronta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente da Gol, Paulo Kakinoff, afirmou, durante teleconferência com jornalistas nesta quinta-feira, 12, que "o pior cenário ficou para trás", uma vez que a companhia já se adapta ao atual cenário econômico e dimensiona sua operação de modo a aumentar sua eficiência.

"É completamente impossível cravarmos o cenário macroeconômico para o próximo ano, mas a nossa percepção é que a volatilidade vista em 2015 não se repetirá em 2016", disse Kakinoff. "Porém, tampouco prevemos uma forte recuperação da economia."

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Segundo o presidente da Gol, a empresa sentiu a velocidade da deterioração do cenário macroeconômico na transição entre o primeiro e o segundo trimestre desse ano. "Evidentemente, a readequação da malha ocorre numa velocidade menor que as variações abruptas que todos experimentamos na economia brasileira no período".

O executivo ressaltou que a Gol tem agido na reestruturação do tamanho da frota e da malha, além de trabalhar para a redução da estrutura de custos. "Isso nos permite afirmar que o pior cenário ficou para trás."

Kakinoff ainda destacou que a Gol encerrou o terceiro trimestre de 2015 com caixa total, incluindo aplicações financeiras e caixa restrito, totalizando R$ 3,073 bilhões, equivalente a 31,2% da receita líquida dos últimos doze meses.

Segundo o executivo, essa posição de caixa dá tranquilidade à empresa para lidar com as obrigações de amortização da dívida no curto prazo, entre o quarto trimestre de 2015 e o final de 2016. Dos R$ 9,489 bilhões da dívida bruta da Gol no terceiro trimestre de 2015, R$ 1,347 bilhão vencem no curto prazo, enquanto R$ 8,142 milhões vencem no longo prazo.

"As obrigações de curto prazo, comparadas ao tamanho do caixa, nos dão um alto grau de segurança para enfrentar a crise, ainda que o cenário de dificuldade tenha algum tipo de acentuação adicional", disse Kakinoff.

Diante da crise econômica pela qual o Brasil atravessa, as famílias também sentem a subida dos preços e o pouco dinheiro para manter o padrão de vida que tinham. Junto a isso, fica cada dia mais necessário dizer ‘não’ ao pedido dos filhos e complicado fazê-los entender o porquê da negação.

Segundo o economista e professor Benoni Cavalcanti, as crianças não podem estar alheias à situação econômica do país, consequentemente, à dos pais. “Elas precisam saber o que está acontecendo, não podem ficar alienadas. No entanto, isto não pode chegar como um peso para elas, mas de forma natural”, alerta.

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O profissional explica que é recomendado conversar com os filhos para esclarecer como o dinheiro é fruto do dia-a-dia de trabalho. Desta forma, eles vão assimilando a importância do dinheiro como mecanismo para conseguir o que se deseja e entendem que, através do cumprimento de tarefas e da responsabilidade, vem a moeda para o pagamento da escola, do lazer, presentes e manutenção da casa. 

De acordo com Benoni, a educação financeira das crianças segue até o início da adolescência e é dividida em três partes. No primeiro momento, até os 12 anos, a criança está no sentido de entender para quê serve o dinheiro e a ligação da saída dos pais todos os dias para trabalhar e, por conta disso, há uma remuneração que proporciona a aquisição dos bens. 

A segunda fase consiste já no entendimento do sentido do dinheiro na vida da família e que este é um mecanismo de troca; por isso, para crianças que recebem mesada, essa remuneração exige responsabilidades, além dos "básicos" respeito aos pais e rendimento escolar. “Essas são condições básicas, mas eles precisam entender que é necessário cumprir algumas responsabilidades para receber aquele dinheiro, dadas as proporções, assim como seus pais precisam trabalhar para receber o salário”, esclarece o economista.

Já na terceira fase, quando as crianças já estão fazendo uso do dinheiro, os pais precisam acompanhar os gastos. É necessário saber o que as crianças compram com a quantia recebida. “Os pais precisam deixar claro a necessidade de economizar, fazer restrições, adiar presentes, diminuir lazer. É preciso que os pequenos percebam que há um momento diferente, onde as coisas estão mais caras e isso é possível permitindo que eles comprem, com a mesada, o próprio lanche e paguem algum tipo de lazer que desejam”, detalha. 

Psicóloga dá dicas sobre comportamento financeiro com os pequenos

A psicóloga Valesca Victor se mostra preocupada quanto ao desentendimento das crianças em relação ao custo dos produtos. “Os filhos já encontram tudo pronto, não tomam conhecimento de nada e isso inclui saber o preço das coisas”, alerta. Ela explica ser importante as idas ao supermercados junto aos pais, pois isso mostra aos filhos que os produtos não caem do céu e tudo exige pagamento.

A profissional discorda da tradicional conta feita para estabelecer o valor da mesada: pais costumam multiplicar por dez a idade dos filhos para medir quanto cada um deve receber. “O referencial para a mesada deve ser o salário mínimo e nunca ultrapassá-lo, nem as famílias mais abastadas. Esse valor deve ser medido também de acordo com a situação financeira da família. O pagamento da mesada pode iniciar a partir dos oito anos com um valor simbólico e com o passar do tempo esse valor vai subindo e as responsabilidades ampliando”, esclarece. 

É preciso dizer não

Para os pais, o papel de dizer ‘não’ aos filhos não é tarefa fácil, mas cada vez mais necessária devido às circunstâncias econômicas do país. Lidar com a crise dentro de casa e efetuar cortes de despesas tem sido o método adotado por muitas famílias. A gerente comercial Rosana Torres é mãe de dois meninos de oito e 15 anos, além de uma adolescente de 18. Diariamente, ela precisa lidar com necessidades e pedidos diferentes. “Meus filhos são bem conscientes da sua condição financeira, mas sei também que são bombardeados todos os dias pelo apelo comercial. É preciso pesquisar, ponderar. Inclusive o mais novo pediu um videogame de presente, mas só iremos comprar no seu aniversário e até lá vamos cotando os preços”, revela a mãe.

Ela conta ainda que os filhos recebiam mesada, mas esta foi cortada e readaptada para que eles possam manter o cachorro de estimação. Além disso, eles vendem brownie para começarem a compreender as responsabilidades e o custo das coisas. “Com a venda dos bolinhos, eles também custeiam as saídas que querem fazer. Eles também deixaram de comprar lanche na escola e passaram a levar de casa. Eles hoje entendem que a economia com o lanche dá a oportunidade de termos um lazer no final de semana”. 

A psicóloga, assim como Benoni, conclui que os pequenos devem comprar coisas para que sintam que a crise existe, sintam a alteração nos preços e percebam que é preciso abrir mão de algumas coisas para adquirir outras. “Sinto que eles estão pouco à vontade com a relação dinheiro e compra. Por conta dessa mudança financeira, o entendimento quanto a economia tem que iniciar ainda mais cedo porque está afetando o estilo de vida da família. No entanto, deve ser mostrada como uma fase e não com angústia ou peso para a criança”, aconselha a psicóloga. 

Em tempos de crise, a economia brasileira entra em decadência, gerando queda no faturamento das empresas e constantes demissões, correto? Nem sempre. Em 2015, mais um ano de colapso financeiro, vem sendo provado, mais uma vez, que o mercado de microfranquias anda na contramão da quase totalidade dos demais ramos. Nos últimos 12 meses, o segmento cresceu cerca de 18%. E a expectativa é que o progresso permaneça, como confirmou o diretor da Agência Brasileira de Franchising (ABF), Leonardo Lamartine, um dos responsáveis pela organização da feira Expo Nordeste, que começou nesta terça-feira (3) e segue até sexta-feira (6), com mais de 200 marcas expostas, no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda. 

Os especialistas na área justificam que as épocas de crise destacam a força das franquias, especialmente as micros, pela credibilidade que elas passam, por representarem extensões de marcas consolidadas no mercado. “As pessoas desligadas das empresas pegam o dinheiro que recebem na rescisão contratual e buscam algo que se encaixe nesse valor. No franchising, temos as ‘micro-opções’, que exigem investimentos democráticos, entre R$ 5 mil e R$ 80 mil. Ou seja, é algo que pode ser acessível e considerado estável, pelo fato de as empresas disponíveis já terem sua fama construída”, explanou Leonardo.

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Segundo as informações repassadas pelo dirigente da ABF, o franchising, apesar de estável, não é imediato. Isso porque, pelo histórico da área, as franquias levam entre 24 e 36 meses para engrenarem na obtenção de lucros. “As pessoas precisam ter a consciência de que não vão ficar ricas do nada e que precisarão trabalhar para fazer o negócio render de verdade”, alertou Leonardo. Por falar em ascensão, os setores que vêm apresentando maior crescimento durante este último trimestre de 2015 são os de educação e de serviços para carros.

As ideias de Leonardo Lamartine são ressonadas no discurso do diretor executivo da marca Spa de Sobrancelhas, Marko Porto, responsável por uma das opções que oferecem microfranquia na Expo Nordeste. “Existe demanda no nosso setor por termos pessoas que não conseguem se posicionar no mercado e procuram abrir seu próprio negócio”, resumiu o líder da empresa. E detalhou: “Quando se investe ‘no escuro’, o risco de quebra é de 90%. Já no franchising, onde as marcas são consolidadas, essa instabilidade cai para 40% ou 50%. Se você entra num negócio em que pelo menos 100 pessoas atuam e estão bem, apesar da crise, a chance de a aposta dar errado diminui mais ainda, girando em torno de apenas 30%”.

O diretor executivo aproveitou, ainda, para explicar como funciona a relação entre franqueador e franqueado. “Sempre há repasse de know-how, com apoio financeiro, de gestão e treinamentos técnicos. É uma caminhada de mãos dadas", explicou.

O Spa de Sobrancelhas é uma das marcas distribuídas entre os estandes montados no pavilhão do Centro de Convenções de Pernambuco. A empresa atua no mercado desde 2007, mantendo sempre uma taxa de liquidez que gira entre 30% e 40%. No último mês, seu faturamento foi de R$ 7,4 milhões. "Para um cenário de guerra, acredito que estamos fazendo um bom trabalho", orgulhou-se Marko, fazendo referência à crise econômica. Essa é uma das opções da Expo Nordeste, que dá ao público a oportunidade de girar na feira e conhecer de perto os detalhes de cada negócio disponível.

Crítico da política econômica dos governos petistas, o economista Fábio Giambiagi tem uma simpatia especial pelo atual ministro da Fazenda, Joaquim Levy. "Um luxo em matéria de competência", disse, em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. Apesar do apreço por Levy, Giambiagi acredita que a chave para a recuperação da economia depende menos do ministro e mais de um acerto político entre os poderes Executivo e Legislativo.

Em respostas bem-humoradas, o economista contou como tem encarado a atual conjuntura, negou que o Brasil passe por um processo de dominância fiscal e apostou em uma retomada do crescimento em 2017.

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O Brasil caminha para ter recessão em 2015 e em 2016. Quando a economia voltará a crescer na sua avaliação? E por quê?

Minha opinião é que a partir de 2017 haveria condições de a economia retomar o crescimento, uma vez que o ajuste do mercado de trabalho e do setor externo estiverem maduros, melhorando os números da inflação e do setor externo. Se isso será suficiente ou não para alavancar a economia, porém, vai depender da política. Enquanto continuarmos neste ambiente de convulsão em que Executivo e Congresso atuam como uma espécie de luta de extermínio entre Assad e o Estado Islâmico sem sangue, é evidente que qualquer empresário com pelo menos dois neurônios vai pensar 50 vezes antes de lançar um investimento de maior porte.

O senhor acredita que devemos ter uma melhora do ambiente econômico já em 2016, uma vez que as empresas parecem estar absorvendo a crise em 2015?

Se "em 2016" significa na comparação anual de 2016 contra 2015, a resposta é um sonoro "não". Porém, se entendermos a expressão como estando associada ao que poderá ocorrer ao longo do ano, a resposta deve ser "talvez": em algum momento de 2016 as coisas podem começar a melhorar, se houver sinais de paz vindos da política.

Na sua avaliação, o Brasil passa por um processo de dominância fiscal?

Não tenho essa leitura. Entendo que o Banco Central opera sim com mais restrições do que há alguns anos, mas não vislumbro um processo como o que vivemos nos anos 80. O que acho que acontecerá é que, sim, teremos inflação maior do que a meta em 2016 e a dívida pública continuará aumentando.

O governo deveria adotar um choque de juros para atrair capital externo ou o melhor caminho é manter os juros onde estão para não aprofundar a recessão?

Nas atuais circunstâncias, depois do Banco Central ter tido tantas idas e vindas no seu discurso, acho que o melhor é manter os juros no nível atual e reduzir em 2016 quando e se o cumprimento da meta de 4,5 % em 2017 estiver no horizonte. Tenho a impressão de que teremos uma Selic estável por um longo período.

Em seu último livro, "Capitalismo: Modo de Usar", o senhor diz que a Venezuela caminha para uma "economia de escassez", como uma forma de alertar para a situação do Brasil. Também estamos caminhando nessa direção, embora em um ritmo mais lento?

O Tom Jobim dizia que "o Brasil não é para principiantes". E somos o país de Macunaíma. Tudo é complexo aqui. Temos um ministro da Fazenda, que é um técnico e é um luxo em matéria de competência, tratado como inimigo pelo partido da presidente da República. O País correria riscos se a turma bolivariana que vive falando maravilhas da Venezuela desse as cartas, mas tudo indica que eles estão vivendo em fase crepuscular.

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