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O presidente Jair Bolsonaro fará ofensiva, nesta terça-feira (8), para se reaproximar dos evangélicos e tentar obter apoio do público feminino, parcela do eleitorado na qual enfrenta grande rejeição.

Candidato a novo mandato, Bolsonaro assinará decretos para instituir o programa Mães do Brasil e o "Brasil para Elas" no Dia Internacional da Mulher, com aumento da oferta de crédito para iniciativas de empreendedorismo.

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À tarde, no Palácio da Alvorada, o presidente receberá 100 líderes evangélicos, na tentativa de reaglutinar uma de suas principais bases de apoio, hoje dividida.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou "a esquerda" pela defesa de regras mais flexíveis sobre o aborto e foi às redes sociais na noite desta terça-feira (22), lamentar a decisão da Colômbia de descriminalizar o ato até 24 semanas de gestação, em um aceno claro à sua base de apoiadores evangélicos. No passado, contudo, o chefe de Executivo já disse considerar que a interrupção de uma gravidez deveria ser decisão do casal e admitiu, inclusive, ter sugerido à sua ex-esposa, Ana Cristina Valle, que não prosseguisse com a gestação de Jair Renan, seu filho "Zero Quatro".

Em entrevista concedida em 2000 à revista IstoÉ Gente, que voltou a circular em grupos de mensagens e nas mídias sociais após as declarações de ontem, o presidente foi questionado sobre a legalização do aborto e respondeu: "Tem de ser uma decisão do casal". Depois, completou: "Já (vivi tal situação). Passei para a companheira. E a decisão dela foi manter".

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Colômbia

Na segunda-feira (21), o mais alto tribunal da Colômbia decidiu descriminalizar o aborto nas primeiras 24 semanas de gestação, o que reacendeu o debate sobre o tema também no Brasil. Em desvantagem nas pesquisas de intenção de voto, Bolsonaro tem apostado na pauta de costumes e tentado fidelizar o apoio dos evangélicos, uma de suas principais bases eleitorais.

A polêmica nas redes começou quando a ex-deputada federal Manuela Dávila publicou - e em seguida excluiu - uma postagem celebrando a descriminalização na Colômbia, o que gerou grande repercussão entre bolsonaristas. Apoiadores do presidente viralizaram uma captura do tweet apagado de Manuela, bem como imagens suas na igreja ao lado de Fernando Haddad (PT) na campanha presidencial de 2018. Parlamentares de esquerda, como Sâmia Bomfim, Talíria Petrone e Isa Penna, todas do PSOL, também comemoraram nas redes sociais.

"No Brasil, a esquerda festeja e aplaude a liberação do aborto até o 6° mês de gestação, lamentavelmente aprovado na Colômbia. Trata-se da vida de um bebê que já tem tato, olfato, paladar e que já ouve a voz de sua mamãe. Qual o limite dessa desumanização de um ser inocente?", escreveu o presidente, no Twitter. "No que depender de mim, lutarei até o fim para proteger a vida de nossas crianças!", acrescentou.

Na mesma entrevista à IstoÉ, em 2000, Bolsonaro disse ser católico, mas que era "coisa rara" ir à igreja.

Em razão dessa mesma entrevista, Bolsonaro foi questionado sobre seu posicionamento sobre o aborto na campanha presidencial de 2018. À época, ele reforçou que é contra o procedimento e que não tinha "ascendência" sobre a ex-mulher Ana Cristina Valle para tomar qualquer decisão sobre o tema. À Folha de S.Paulo, declarou que quando Renan nasceu, ele fez um exame de DNA e "assumiu" a criança.

Pastores que apoiaram a eleição do presidente Jair Bolsonaro, em 2018, começaram a rever suas posições e a preparar terreno para conversas com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa de outubro. Movimentações recentes de líderes evangélicos dão sinais de que Bolsonaro não terá o mesmo engajamento massivo desse segmento para se reeleger.

A tendência de figuras proeminentes de igrejas pentecostais e neopentecostais é a de adotar uma posição mais reservada, diferente da campanha escancarada de quatro anos atrás. Líderes dessas instituições mantêm interlocução com o Planalto, levando demandas por isenções tributárias, perdão de dívidas e maior espaço no governo, mas estão dispostos a negociar com quem for eleito em outubro. Ainda nesta quinta-feira (17), o Congresso promulgou a emenda constitucional que estende a templos religiosos alugados a isenção de pagamento do IPTU.

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O pastor José Wellington Bezerra da Costa, líder da Assembleia de Deus do Belém, a mais tradicional dessa denominação, afirmou ter simpatia por Bolsonaro, mas indicou que não pedirá votos para ele neste ano. Além disso, disse estar aberto para um diálogo com o vencedor, mesmo se for Lula. O pastor já foi próximo dos governos do PT, mas apoiou Bolsonaro em 2018.

A reaproximação de Lula com o segmento tem sido promovida em várias frentes e conta com a ajuda do pastor Paulo Marcelo - que faz parte da ramificação liderada por José Wellington - e do ex-governador Geraldo Alckmin, nome cotado para vice na chapa.

A Assembleia de Deus tem 12 milhões de fiéis no Brasil, segundo o IBGE, divididos entre diferentes alas que foram se separando ao longo dos últimos anos. "Nós nunca tivemos problema pessoal. O presidente Lula é uma pessoa nordestina como eu, e a mim não interessa falar mal dele e de nenhum deles. Política é muito mutável, muito dinâmica. Hoje você entende uma coisa e amanhã pode entender outra. Estamos caminhando e pedindo para que Deus dê o melhor para o Brasil", afirmou José Wellington.

Como mostrou o Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o pastor admitiu que a Assembleia de Deus faz a intermediação de emendas para três de seus filhos, que são parlamentares. A declaração causou mal-estar entre líderes evangélicos, mas mostrou a prioridade das igrejas em 2022, que é a de aumentar a bancada no Congresso. A Frente Evangélica quer ter pelo menos 30% das vagas na Câmara e no Senado. "Para os meus deputados, faço isso (peço voto). Para presidente, não precisa. Eles têm uma mídia tremenda e dinheiro. Não há necessidade de a igreja se envolver nessa altura", afirmou José Wellington.

Em dezembro, pesquisa Ipec mostrou empate entre Bolsonaro e Lula nas intenções de votos entre os evangélicos: o petista com 34% e o atual presidente, com 33%.

Desgaste

A atuação de Bolsonaro na pandemia de Covid-19 provocou perda de apoio em diferentes segmentos. "Já existe uma migração. Bolsonaro faz uso político da ideia de família tradicional, mas isso se desgastou porque você não tem ações que sejam diferentes de governos anteriores", disse o reverendo Valdinei Ferreira, da Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo.

Frequentador do Planalto, o missionário R.R. Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus, também tem filhos na política. Um deles é o deputado David Soares (DEM-SP), autor de um projeto que perdoou dívidas de igrejas. O missionário é um dos pioneiros entre os pastores televangelistas. A igreja tem programas diários na TV aberta, um canal próprio e mais de 3 mil templos. "Faz tempo que não falo com ele (Bolsonaro). O País está nessa crise da pandemia, fecharam as coisas, o povo ficou desempregado", disse Soares.

Ex-bolsonarista, o pastor Carlito Paes, da Igreja da Cidade, de São José dos Campos (SP), puxa agora críticas ao governo e ao PT e se aproxima do presidenciável do Podemos, Sérgio Moro. "Quando a política vira religião, a crítica consciente desaparece e cede lugar à alienação", escreveu Paes.

O pastor Silas Malafaia, fiel defensor do presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou que Lula (PT), Ciro Gomes (PDT) e Sérgio Moro (Podemos) "vão quebrar a cara com" a população evangélica neopentecostal do país. Segundo o pastor, os evangélicos continuam firmes em apoio ao Bolsonaro.

“O que é esse jogo de Ciro, Lula e Moro? Eles perceberam que Bolsonaro foi eleito graças ao voto dos evangélicos. Nós representamos 32% do eleitorado. Só que os sistemas e os meios que estão usando não são meios para conquistar. Estão enganados e vão quebrar a cara com os evangélicos", disse Silas Malafaia em entrevista ao site Metrópoles.

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No dia 26 de janeiro deste ano, a pesquisa Moldamais/Futura confirmou que o atual presidente realmente continua sendo o preferido pelo eleitorado evangélico, com 41,6% dos entrevistados tendo declarado que devem votar em Bolsonaro.

Por outro lado, o levantamento mostra que o ex-presidente Lula é mais consolidado no voto dos católicos (40,8%) e pessoas sem religião (47,3%).

Silas Malafaia debochou dos líderes religiosos que declararam que não devem apoiar o presidente Jair Bolsonaro. “Sei quem é quem no mundo evangélico. Quem está com Moro, com Ciro e com Lula não representa 1% dos evangélicos. São famosos zé-ninguém. Fico dando gargalhada”, pontua.

A declaração do pastor José Wellington Bezerra da Costa sobre suas intervenções em repasses de emendas a parlamentares causou desconforto entre líderes evangélicos e provocou críticas. Como o Estadão/Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) revelou, José Wellington - um dos líderes mais influentes da Assembleia de Deus no Brasil - admitiu que a igreja tem feito a intermediação do pagamento de emendas para eleger três de seus filhos em São Paulo. "A emenda só vai para o prefeito por intermédio do pedido do pastor da Assembleia de Deus", afirmou ele, durante reunião de obreiros, na segunda-feira (7), em São Paulo.

Os filhos do pastor - o deputado federal Paulo Freire Costa (PL-SP), a deputada estadual Marta Costa (PSD) e a vereadora Rute Costa (PSDB) - tiveram acesso a R$ 25 milhões em recursos públicos, no ano passado.

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Para o reverendo Valdinei Ferreira, líder da Primeira Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo, o episódio expõe uma distorção na relação entre igrejas e políticos. "É mais um sinal de apodrecimento das relações entre religião e política. As igrejas devem cobrar políticas públicas e podem ser parceiras do poder público na execução de determinadas ações, mas não entrar na lógica de um despachante", disse Ferreira. Para ele, a intermediação de emendas abre margem para corrupção e enriquecimento de líderes religiosos. "Certamente, a igreja ganha o poder, mas perde a credibilidade."

'Foco'

Nas redes sociais, o pastor Carlito Paes - da Igreja da Cidade, de São José dos Campos (SP) - também criticou o comportamento do religioso. "Pastores e igrejas, acordem, ainda temos tempo de ajustar o foco para o real Evangelho e para igreja, temos tantas oportunidades!", escreveu Paes, que votou em Jair Bolsonaro, em 2018, mas hoje não apoia mais o presidente.

A participação de um pastor na escolha do destino das emendas parlamentares não é vista como crime, segundo procuradores ouvidos pela reportagem. O caso de José Wellington, porém, pode ter consequências graves se uma investigação constatar desvio de recursos públicos.

O líder da bancada evangélica no Congresso, deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), defendeu a prerrogativa de religiosos atenderem suas bases. "Meu pastor nunca me indicou um único município ou instituição para que fosse enviado um real de emenda. Mas isso é uma decisão do parlamentar, de seus líderes e suas bases", disse ele, que é ligado à Assembleia de Deus Vitória em Cristo, liderada por Silas Malafaia.

Em um aceno a seus apoiadores evangélicos, o presidente Jair Bolsonaro (PL) se opôs nesta segunda-feira, 17, à possibilidade de se liberar os jogos de azar no Brasil, assunto em discussão no Congresso. Em entrevista à rádio Viva FM, do Espírito Santo, o chefe do Executivo disse que a atividade "não é bem-vinda" no País e que, caso o projeto seja aprovado, deve vetá-lo. Nesse caso, contudo, ele lembrou que o veto pode ser derrubado no Congresso.

A legalização de jogos de azar colocou em campos opostos dois dos principais grupos aliados de Bolsonaro. De um lado, o Centrão age para aprovar uma proposta ampla, que inclui até a liberação do jogo do bicho, sob a justificativa de que vai alavancar a economia e o turismo. Do outro, evangélicos afirmam que o vício nos jogos prejudica as famílias e vai de encontro aos valores religiosos que eles defendem.

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O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), aliado de Bolsonaro, pretende pautar o projeto da legalização a partir de fevereiro, com a volta do recesso parlamentar. Em dezembro, os deputados aprovaram um requerimento de urgência para a tramitação da proposta diretamente no plenário da Casa. Foram 293 votos a favor, 138 contra e 11 abstenções.

Na entrevista à rádio capixaba, Bolsonaro afirmou que deputados estão dizendo que aprovarão o projeto e que há maioria suficiente para derrubada de um veto. "Os jogos de azar não são bem-vindos no Brasil. Alguns falam que no começo seriam os grandes cassinos, não estaria aberto às pessoas mais humildes, mas é uma porteira que se abre e não sabemos o que pode passar por ela."

O próprio filho mais velho do presidente, senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), é um dos defensores de tornar a jogatina legal no País. No início de 2020, o filho do presidente visitou cassinos em Las Vegas, nos Estados Unidos, acompanhado do então presidente da Embratur e hoje ministro do Turismo, Gilson Machado. Eles apoiam a instalação de empreendimentos do tipo no País.

Os jogos de azar são proibidos no Brasil desde 1946, quando o então presidente Eurico Gaspar Dutra afirmou que a "tradição moral, jurídica e religiosa" do Brasil não combinava com a prática, além de considerá-los "nocivos à moral e aos bons costumes". Desde então, diversas propostas foram apresentadas para legalizar a jogatina, mas nenhuma avançou.

A regulamentação dos jogos de azar é um desejo antigo do Centrão e já foi apoiado pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, quando ele exercia o mandato de senador pelo Progressistas do Piauí. Em 2018, a Comissão de Constituição (CCJ) da Casa rejeitou um parecer de Nogueira, favorável à liberação, sobre o tema. No Senado também há outros projetos, como o de autoria do senador Irajá Abreu (PSD-TO), que regula exclusivamente a atividade de cassinos.

Em um aceno à comunidade evangélica, uma de suas principais bases eleitorais, o presidente Jair Bolsonaro (PL) participou na noite desta sexta-feira (7) da Solenidade de Celebração Profética na Arena Hall Sara Nossa Terra, em Brasília.

"Eu quero agradecer a Deus pela minha vida", afirmou o chefe do Executivo, durante o culto, sem máscara de proteção. Bolsonaro também agradeceu as orações feitas pelos fiéis enquanto esteve internado no Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, no começo desta semana, com um quadro de obstrução intestinal.

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O presidente estava acompanhado da primeira-dama Michelle e do ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, que também não usavam máscaras.

No dia 16 de dezembro, Bolsonaro havia participado de um culto na Assembleia de Deus, também em Brasília, em ação de graças pela posse de André Mendonça como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). A indicação do ex-advogado-geral da União e ex-ministro da Justiça "terrivelmente evangélico" à Corte foi uma promessa de Bolsonaro à sua base religiosa.

Na ocasião, o chefe do Executivo disse que sentia gratidão por Mendonça. "Sinto nele uma coisa que escapa pelas mãos de alguns, a gratidão", declarou.

Um dos principais líderes religiosos da Assembleia de Deus, o bispo Abner Ferreira, de 58 anos, afirmou que a igreja não vai "demonizar" nenhum candidato ao Palácio do Planalto neste ano. A denominação pentecostal tem um acordo para apoiar a reeleição do presidente Jair Bolsonaro, mas rechaça fazer campanha contra outros candidatos. "Nenhum pastor tem direito de dizer  'Esse é de Deus e esse é do diabo'. E eu descobri que Deus e o diabo estão em todos os partidos", disse Ferreira ao Estadão. O bispo não vê, porém, espaço para a terceira via nas próximas eleições. O Ministério de Madureira, comandado pelo clã Ferreira, é um dos mais poderosos da Assembleia de Deus.

O ex-juiz Sérgio Moro quer atrair o segmento evangélico para sua campanha presidencial. Ele tem chances?

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Toda candidatura é legítima. Se vai ter apoio ou não é uma outra questão. Hoje nós temos um apoio declarado ao presidente Jair Bolsonaro.

Moro procurou os bispos de Madureira? Ele tem porta aberta para conversas?

Nunca conheci o senhor Sérgio Moro. Acho que ele terá muita dificuldade para ter sucesso entre os evangélicos, em razão do apoio a Bolsonaro. Mas nenhum candidato será demonizado na Convenção de Madureira. Nenhum pastor tem direito de dizer 'Esse é de Deus e esse é do diabo'. E eu descobri que Deus e o diabo estão em todos os partidos.

O bispo primaz Manoel Ferreira, seu pai, fez uma reunião com o ex-presidente Lula e posou abraçado com ele. É indicativo de voto?

Foi um encontro de um pastor que foi cumprimentar alguém que já foi presidente da República e com quem tivemos uma relação muito respeitosa. Eu tenho respeito pela história do Lula, não nego jamais.

Institutos de pesquisa indicam certa simpatia pelo ex-presidente Lula entre evangélicos, similar ou até maior que a Bolsonaro. A razão é a economia?

Não é só isso, não. Lula tem um capital político, ninguém tira isso dele. Estamos a menos de um ano da eleição e as pedras começam a ser colocadas. Não vejo lugar para uma terceira via. Os outros candidatos são legítimos, mas acho que temos dois projetos de poder muito claros.

O que a igreja evangélica espera do novo ministro do Supremo Tribunal Federal, André Mendonça, em pautas como aborto, por exemplo?

Que ele seja um excelente ministro do STF e, nos julgamentos, os faça fundamentado na Constituição e nas leis vigentes. Ele não tem cargo político. Ele é magistrado.

Se Lula vencer, as igrejas vão fazer oposição?

A Bíblia nos ensina a orar por todas as autoridades constituídas. Depois de proclamado o resultado, aquele que for eleito ou reeleito passará a ter o respeito e as orações da igreja.

A condução do governo na pandemia mereceu críticas?

Não só aqui, no mundo inteiro. Todos os governos tiveram acertos e erros. Nós estamos vivendo com um inimigo invisível. Eu fiquei quatro meses pregando para banco, na catedral em Madureira. Eu disse que, se o banco não se convertesse agora, eu não converteria mais.

O nome da igreja foi citado em delação na Lava Jato por suspeita de lavagem de dinheiro do então deputado Eduardo Cunha. O que o sr. pode falar sobre o caso?

Não quero falar sobre isso. A verdade sempre prevalece. Nunca fizemos qualquer tipo de apoio fundado nesse tipo de relação. A igreja trabalha com duas fontes de recurso voluntárias, oferta e dízimo. O que passa disso é malvadeza, especulação e querer levar a igreja para essa raia miúda. Sou pastor há 37 anos e nunca recebi dinheiro público.

A aprovação de André Mendonça para ocupar uma cadeira de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) escancarou a disputa entre partidos aliados do governo, que querem emplacar outro nome "terrivelmente evangélico" na Praça dos Três Poderes. Agora, porém, a reivindicação é para ter a vaga de vice na chapa do presidente Jair Bolsonaro à reeleição, em 2022.

A ala do Centrão que tem reclamado de desprestígio é a do Republicanos, partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus. A exigência para apoiar Bolsonaro na campanha inclui mais influência no primeiro escalão e na montagem dos palanques estaduais.

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Há queixas de que a legenda vem sofrendo uma espécie de ataque especulativo por parte de parceiros do Centrão. A insatisfação aumentou durante as negociações para a entrada de Bolsonaro no PL. Não por causa da filiação em si, mas porque o presidente também articulou a migração de ministros e deputados para o partido controlado por Valdemar Costa Neto. Além disso, alinhavou um "acordo" para abrigar como vice da chapa um político do Progressistas de Arthur Lira, presidente da Câmara.

Em conversas reservadas, integrantes do Republicanos dizem que, para não ser derrotado na disputa de 2022, Bolsonaro precisa agora selar um novo pacto, mas com a cúpula das igrejas e dos templos, e não com o Progressistas de Lira.

SALTO

O Planalto fez esse diagnóstico ao indicar André Mendonça, que definiu sua chegada ao Supremo como "um salto para os evangélicos", público que representa 31% do eleitorado no País. Mas, para muitos aliados, isso não basta. Diante da rota de colisão entre Bolsonaro e o general Hamilton Mourão, atual vice-presidente, líderes religiosos vão insistir na dobradinha com um evangélico para 2022, sob pena de lavar as mãos na campanha.

Na guerra santa em que se transformaram os últimos episódios desta temporada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ex-juiz da Lava Jato Sérgio Moro (Podemos), principais adversários de Bolsonaro até agora, também lançam "iscas" conservadoras na direção dos templos.

Lula está bem mais adiantado na ofensiva, mesmo porque já fez alianças com líderes religiosos de várias denominações, até mesmo com o pastor Silas Malafaia, que desde 2018 está com Bolsonaro. Moro, por sua vez, conta com a ajuda do ex-coordenador da Lava Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, nessa aproximação. Deltan é da Igreja Batista e vai se filiar ao Podemos com a intenção de concorrer a deputado federal.

O ministro da Cidadania, João Roma, amenizou o confronto entre os partidos da base de sustentação de Bolsonaro. "Essa ciumeira é normal, mas tudo vai se harmonizar", disse Roma, que é filiado ao Republicanos e deve deixar o cargo no fim de março para disputar o governo da Bahia. "Tem muita coisa para avançar nessas conversas."

As queixas de políticos ligados à Igreja Universal incomodam aliados. "O Republicanos foi o primeiro partido a ter ministério no governo Bolsonaro. É natural, agora, que o vice seja de um partido com tempo de TV e estrutura, como o PP (Progresistas)", afirmou o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), que é da bancada evangélica e atuou na caça aos votos para Mendonça. O ministro das Comunicações, Fábio Faria, tem as credenciais citadas por Sóstenes - está prestes a migrar para o Progressistas, é evangélico e também do Nordeste, região onde o presidente enfrenta dificuldades. Bolsonaro, porém, disse que a escolha do vice "ainda vai demorar". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um festival de música pesada, realizado no último sábado (30), em Teresina (PI), acabou em uma espécie de discussão entre metaleiros e evangélicos que participavam de uma manifestação religiosa no mesmo dia, a Marcha para Jesus Teresina. O público do Infektor Self Festival, que reuniu seis bandas no espaço cultural Trilhos, foi surpreendido pelo trio elétrico da marcha que parou no local e começou uma pregação. Vídeos do momento foram compartilhados na internet e as opiniões se dividiram.  

Nas imagens, é possível ver quando a marcha para Jesus passa em frente ao local onde aconteciam os shows de rock, com um trio elétrico e veículos que a acompanhavam. Em um dos vídeos, ouve-se um homem dizendo que o público que estava na calçada estava “dando dedo” para os participantes da carreata. Enquanto isso, o cortejo para e se inicia uma espécie de pregação. “Rapaz, os caras pararam pra evangelizar a galera”, diz o homem não identificado aos risos. Em revide, as pessoas que estavam na rua começaram a vaiar e gritar “Satan”. 

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Os vídeos foram compartilhados pelas redes sociais, em perfis de música, de humor e de moradores da cidade, e motivaram muitas manifestações. Nos comentários, as opiniões em relação ao ocorrido se dividiam criticando tanto os evangélicos quanto os metaleiros. “Nem eu vendo eu acredito”; “Falta de respeito com os meninos do metalzin”; “Tá difícil ser roqueiro”; “O afronte foi do pessoal do trio, não teriam que parar e ficar gritando”; “Aí não tem respeito de parte nenhuma”; “Pobres coitados achando graça chamar pelo inimigo, na hora do sufoco quer chamar por Deus”; “Eu só acho que com Deus não se brinca”. 


 

Na noite dessa quinta-feira (14), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) admitiu que chora no banheiro do Palácio da Alvorada. A revelação foi feita em uma igreja evangélica. No feriado do dia 12, Bolsonaro foi criticado pela vertente religiosa por visitar o Santuário de Aparecida, no Interior de São Paulo.

"Cada vez mais nós sabemos o que devemos fazer. Para onde devemos direcionar as nossas forças. Quantas vezes eu choro no banheiro em casa? Minha esposa nunca viu. Ela acha que eu sou o machão dos machões. Em parte acho que ela tem razão", disse o presidente ao comentar sobre a intimidade com a primeira-dama Michelle.

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No encontro dentro da igreja Comunidade das Nações, Bolsonaro voltou a destacar o 'fardo' que é liderar o Executivo e minimizou a participação individual dos legisladores.

"O que me faz agir dessa maneira? Eu não sou mais um deputado. Se ele errar um voto, pode não influenciar em nada. Um voto em 513. Mas uma decisão minha mal tomada, muita gente sofre. Mexe na bolsa, no dólar, no preço do combustível", descreveu ao questionar os fieis sobre a possibilidade de privatizar a Petrobras.

O avanço das discussões no Congresso sobre a legalização de jogos de azar colocou em campos opostos dois dos principais grupos aliados do governo Jair Bolsonaro. De um lado, o Centrão age para aprovar uma proposta ampla, que inclui a liberação até jogo do bicho, sob a justificativa de que vai favorecer a economia e promover o turismo. Do outro, evangélicos dizem que o vício em jogos prejudica famílias e contraria valores que eles defendem.

O Palácio do Planalto evita se posicionar sobre o assunto, mas o filho mais velho do presidente da República, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), é um dos defensores de tornar a jogatina legal no País.

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Os jogos de azar são proibidos no Brasil desde 1946, quando o então presidente Eurico Gaspar Dutra afirmou que a "tradição moral, jurídica e religiosa" do País não combinava com a prática, além de considerá-los "nocivos à moral e aos bons costumes". Desde então, diversas propostas foram apresentadas para legalizar a jogatina, mas nenhuma avançou.

Um dos líderes do Centrão, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), decidiu tentar novamente e criou, no mês passado, um grupo de trabalho para discutir um projeto sobre o tema. Ele escalou como relator o deputado Felipe Carreras (PSB-PE), seu aliado, e pretende levar a proposta a votação em plenário em novembro.

O ponto de partida do texto de Carreras é um projeto aprovado em comissão especial da Câmara em 2016, mas que nunca teve a votação no plenário marcada. A proposta regulamenta as atividades de cassinos em resorts, máquinas caça-níqueis, apostas online, bingos e jogo do bicho, além de uma anistia geral, extinguindo processos judiciais em tramitação. Hoje, explorar essas atividades é considerado contravenção, com pena de até um ano de prisão.

Segundo Carreras, embora o projeto seja amplo e inclua o jogo do bicho, seu foco será liberar os cassinos integrados a resorts. "Tem instrumento de fiscalizar e arrecadar. Qual a consequência disso? Gerar emprego formal. Quando traz (para o Brasil) os grandes cassinos integrados de resorts do mundo, você tem um produto turístico. Espanha, França, Itália, Alemanha, Portugal, Reino Unido, Canadá, México têm (cassinos)", afirmou o relator.

Ao mesmo tempo em que Lira acelera a discussão na Câmara, o Senado também analisa projetos sobre jogos de azar. O presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), declarou há duas semanas que pode colocar um deles em votação caso haja acordo.

Sob relatoria do senador Ângelo Coronel (PSD-BA), uma das propostas se limita a regulamentar a abertura de cassinos em hotéis. Segundo Coronel, a liberação desses empreendimentos poderia gerar uma arrecadação de R$ 30 bilhões por ano ao País. O cálculo tem como base a participação que os jogos têm na economia da Itália e considera que a tributação sobre eles no Brasil seria similar à aplicada hoje na aposta esportiva. "Na Itália, em torno de 1,3% do PIB é fruto do jogo. Se tomarmos como base a Itália, a receita para os entes federados (do Brasil) ficará em torno de R$ 30 bilhões com tributação similar à esportiva bancada pela Caixa Econômica Federal", disse.

Coronel tem a seu favor o lobby de Flávio Bolsonaro. No início do ano passado, o filho do presidente visitou cassinos em Las Vegas, acompanhado do então presidente da Embratur e hoje ministro do Turismo, Gilson Machado, e do senador Irajá Abreu (PSD-TO), que também é autor de um projeto que prevê cassinos em resorts. Na ocasião, o grupo se reuniu com Sheldon Adelson, um apoiador de Donald Trump que comandava a Las Vegas Sands, uma das maiores empresas do mundo do ramo de cassinos. Adelson também se encontrou em 2018 com Bolsonaro, então presidente eleito, e com o ministro da Economia, Paulo Guedes. O americano morreu em janeiro deste ano.

Apesar do lobby do filho, Bolsonaro tem dito que, caso a legalização dos jogos seja aprovada, vetará a medida, mas deixou aberta a possibilidade de sua decisão não ser a final. "Eu acho que vai ter mais a perder do que a ganhar no momento. Se, porventura, aprovar, tem o meu veto, que é natural, e depois o Congresso pode derrubar o veto. Sim, o que está sendo discutido até o momento contará com o meu veto. Ponto final", afirmou o presidente à revista Veja no fim de setembro.

O líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (Progressistas-PR), disse, porém, que não há posição oficial do Planalto sobre o tema. "Depende da abrangência", afirmou ele em relação ao apoio ou ao veto do governo à iniciativa.

'Princípios'

A bancada evangélica diz que não medirá esforços para evitar que a legalização dos jogos de azar avancem. "Minha posição contrária à legalização dos jogos de azar continua a mesma, sou visceralmente contra, e, por se tratar de princípios, não mudará jamais", disse o deputado Marco Feliciano (Republicanos-SP), pastor evangélico e um dos congressistas mais próximos de Bolsonaro. "Não falei sobre esse assunto com o presidente, porém, até onde o conheço, acredito que ele não seja a favor."

Auditores fiscais também têm pressionado para que a iniciativa não seja aprovada. A Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal do Brasil (Anfip) divulgou nota no fim do ano passado segundo a qual "os efeitos deletérios resultantes da jogatina superam qualquer possível ganho econômico advindo da prática".

"Além de estimular atividades ilícitas como corrupção, prostituição, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro, pode causar sérios danos à saúde, desencadeando doenças como a ludopatia - transtorno compulsivo patológico reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), causado pelo vício em jogos", afirmou a associação.

Projetos

Câmara dos Deputados

- Substitutivo ao Projeto de Lei 442/1991 - Legaliza cassinos, jogo do bicho e bingos, anistia acusados de exploração ilegal de jogos de azar e extingue processos judiciais em tramitação. Parado desde 2016, serve de base para o grupo de trabalho montado por Arthur Lira.

Senado

- Projeto de Lei 186/2014 - Libera e regulamenta cassinos, bingos e jogo do bicho. De autoria do hoje ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (Progressistas-PI), foi rejeitado pela CCJ em 2018, mas ainda pode ser analisado pelo plenário.

- Projeto de Lei 4495/2020 - Prevê a regulamentação do funcionamento de cassinos integrados a resorts. Projeto está pendente de análise pelo plenário do Senado - o relator da proposta ainda não apresentou seu parecer.

- Projeto de Lei 2648/2019 - Limita-se a regulamentar cassinos em resorts. Tramita em comissão da Casa e ainda não teve relatório apresentado.

- Projeto de Lei 595/2015 - Trata sobre a proteção ambiental e a promoção do ecoturismo por meio da gestão compartilhada com hotéis autorizados a explorar jogos de apostas. E cria um imposto sobre a operação de hotéis-cassino. Está parado em comissão desde 2018.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um grupo formado por 16 entidades religiosas deve R$ 1,6 bilhão em impostos, de acordo com o levantamento de autoria da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN). Na lista, obtida pelo UOL, estão líderes evangélicos aliados do atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que atuaram, inclusive, pelo perdão das dívidas públicas.

O volume de débitos representa 81% de todas as dívidas de instituições evangélicas, católicas, espíritas e islâmicas devedoras em todo o país. Além disso, nenhuma das 16 entidades deve menos de R$ 20 milhões.

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O Brasil não exige pagamento de impostos para igrejas. Contudo, quando a Receita Federal descobre que as instituições atuaram de forma semelhante às empresas, elas passam a ser taxadas com imposto de renda e Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL).

Por exemplo, quando uma entidade paga uma espécie de bônus de arrecadação para pastores, significa dizer que há distribuição de lucros. Dessa forma, desobedecendo às regras estabelecidas para organizações que se apresentam como instituições sem fins lucrativos.

Ademais, quando mantém funcionários, as igrejas precisam pagar impostos e obrigações ligadas à folha de pagamento dos trabalhadores, além de contribuições previdenciárias, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), imposto de renda retido na fonte e outras multas trabalhistas.

Bolsonarismo na lista de devedores

Entre os 16 grupos religiosos apontados como os maiores devedores do Brasil, estão alguns dos mais fervorosos apoiadores do presidente. Entre eles, a Igreja Mundial do poder de Deus, do apóstolo Valdemiro Santiago, com um débito de R$ 153 milhões em multas trabalhistas, Fundo de Garantia, imposto de renda, PIS e débitos previdenciários.

Em um processo da Justiça apontado pelo UOL, o juiz Mário Roberto Veloso declarou que Valdemiro recebeu R$ 1,2 milhão da igreja só no ano passado, sugerindo que a igreja estaria “transferindo seu patrimônio” ao pastor. Durante a pandemia, o Ministério Público também precisou desmentir uma publicidade do religioso, que estava vendendo feijões para “curar a Covid-19”.

A igreja Cristã Apostólica Renascer em Cristo, criada e liderada pelo casal Sônia Hernandes, bispa, e pelo apóstolo Estevam Hernandes, também são devedores, e acumulam pouco mais de R$ 40 milhões em débitos como imposto de renda retido na fonte dos funcionários, Previdência, multas trabalhistas, PIS, salário-educação e contribuição ao sistema “S”.

Estevam, que é organizador da Marcha para Jesus, ato religioso de cunho fundamentalista e pró-Bolsonaro, foi preso em 2007 nos Estados Unidos, sob a acusação de contrabandear dinheiro e conspiração. Conforme o UOL, ele conseguiu na Justiça norte-americana o direito de ir  para a detenção domiciliar no ano seguinte e, posteriormente, voltou ao Brasil.

Já o conhecido pastor Romildo Ribeiro Soares, ou simplesmente missionário R.R Soares, da Igreja Internacional da Graça de Deus, conseguiu quitar parte da dívida milionária neste ano. Apesar disso, ainda aparece na lista elaborada pela PGFN, pois precisa devolver ao erário cerca de R$ 84 milhões.

 

Um grupo evangélico do bairro da Mooca, Zona Leste de São Paulo, foi flagrado descarregando dezenas de placas contra o Supremo Tribunal Federal (STF) em uma área restrita da Avenida Paulista, na manifestação dessa terça-feira (7). Com viés antidemocrático, os militantes tiveram passe livre ao acesso das forças de segurança.

A pick-up que transportava as placas distribuídas pelos religiosos chegou à Paulista pela Rua Peixoto Gomide. Com predominância em verde e amarelo, parte do material foi impresso em inglês e classificava o ex-presidente Luzi Inácio Lula da Silva (PT) como o maior corrupto da história.

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A entrada estava cercada e apenas cadastrados na lista do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) tinham acesso, de acordo com publicação do Metrópoles. O trecho era destinado para as forças de proteção do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), mas foi aberto ao grupo religioso.

A avaliação positiva do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) caiu de 26% para 24% em um mês, aponta o levantamento da Quaest Consultoria realizado entre os dias 26 e 29 de agosto. Também houve diminuição no número de eleitores que acreditam que a crise econômica será controlada em um ano.

Avaliado negativamente em todas as regiões, faixas etárias, níveis de escolaridade, de renda e em ambos os sexos, o índice de pessoas descontentes com a atuação do presidente saltou de 44% para 48% em agosto, com destaque para a perca de apoio entre evangélicos e pessoas com renda superior a cinco salários mínimos.

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Na pesquisa feita entre 29 de julho e 1º de agosto, Bolsonaro era reprovado por 32% dos evangélicos. No novo estudo, a taxa atingiu 35%. Já a negativa de quem recebe mais de cinco salários passou de 29% para 49%.

A pandemia continua sendo a maior preocupação com 28% de menções. Para 21% dos 2.000 entrevistados, a economia é o maior problema do Brasil. Em julho eram 10%.

Sobre a esperança no desempenho econômico dos próximos 12 meses, 44% creem que a crise pode melhorar, o que representa 6% a menos que em julho. Ao todo, 65% entende que o Governo Federal não vai conseguir controlar o aumento de preços ocasionado pela inflação.

Líderes de igrejas evangélicas se mobilizam para convencer fiéis a participar das manifestações de 7 de Setembro, em apoio ao presidente Jair Bolsonaro. No momento em que o chefe do Executivo perde popularidade, capital político e incentiva o confronto com o Supremo Tribunal Federal (STF), a cúpula de denominações neopentecostais e pentecostais continua apostando nele. As igrejas protestantes históricas, como Batista, Metodista e Presbiteriana, por sua vez, deram menos atenção ao chamamento para os atos bolsonaristas.

A última convocação para o 7 de Setembro circulou no WhatsApp na semana passada. São pastores televangelistas e influenciadores digitais. Aparecem no vídeo Cláudio Duarte (Projeto Recomeçar), Renê Terra Nova (M12), Samuel Câmara (Assembleia de Deus em Belém), César Augusto (Fonte da Vida), Silas Malafaia (Vitória em Cristo) e Estevam Hernandes (Renascer em Cristo).

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Outro rosto conhecido na gravação é o do ex-senador Magno Malta (PL-ES), que é cantor gospel. Dirigentes da Sara Nossa Terra e das Assembleias de Deus Madureira-Brás e Ministério do Belém também apoiam o ato, embora não estejam no vídeo.

Ao lado de associações de policiais, clubes de militares das Forças Armadas, entidades ruralistas e representantes de caminhoneiros, os evangélicos prometem se encontrar pessoalmente com Bolsonaro na Avenida Paulista, em São Paulo.

Os pastores devem subir no carro de som do movimento Nas Ruas, ao qual a deputada Carla Zambelli (PSL-SP) é ligada.

Os evangélicos já haviam participado de manifestações pró-Bolsonaro, como alguns "jejuns nacionais" virtuais convocados pelos pastores, em datas como a Páscoa e em oração pelo fim da Covid-19. A presença desses fiéis também foi observada nos passeios de moto que Bolsonaro promove ao redor do País, mas de forma menos articulada entre as denominações.

"Nunca vi uma mobilização de evangélicos como dessa vez. É grande o movimento, de norte a sul, de leste a oeste, de tudo o que é igreja", disse Silas Malafaia ao jornal O Estado de S. Paulo. "Hoje o maior poder de mobilização vem dos evangélicos e da turma da direita, que não têm vínculo partidário, mas ideologia."

As convocações ganharam fôlego neste mês. O próprio Malafaia voou no avião presidencial com parlamentares da bancada cristã e discursou contra ministros do Supremo. A pauta da vez nada tem de religiosa. Os dois pontos principais são a destituição de ministros do STF e o voto impresso, temas já superados no Congresso.

Para Malafaia, é preciso dar uma "resposta" ao ministro do Supremo Alexandre de Moraes. Responsável por conduzir na Corte inquéritos contra Bolsonaro e aliados, Moraes foi alvo de um pedido de impeachment - rejeitado pelo Senado - assinado pelo presidente.

"Se fosse questão de partido ou algum interesse político, estávamos fora. Mas o que está em jogo é a liberdade de expressão e, numa outra etapa, se nos calarmos agora, a liberdade religiosa", afirmou Malafaia.

Com 6 milhões de seguidores no Instagram, o pastor Claudio Duarte fez a convocação para o 7 de Setembro durante um culto. O vídeo logo se espalhou por grupos de WhatsApp e a adesão se intensificou após o bloqueio de perfis virtuais e da prisão do ex-deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB, por ataques à democracia.

"O que me chamou a atenção foi a expressão 'milicianos digitais'. O que mais me preocupou foi qualquer pessoa com posição contrária numa rede social receber um rótulo novo, o que indica que qualquer pessoa que expuser sua opinião contrária, num país que se diz democrático, vai ser presa", afirmou Duarte. "Estamos à beira de uma revolução, de uma guerra civil e não estou potencializando. Estou alertando a igreja."

Apesar do tom bélico, há um esforço nos últimos dias para afastar o viés autoritário da manifestação. Os pastores dizem que o ato será pacífico e querem ampliar o público, sem ficar restrito ao "bolsonarismo raiz".

Tentam apelar ao discurso de defesa da liberdade de expressão. "Já, já não vamos poder falar nada dentro de uma igreja. Para pregar o evangelho, não preciso falar contra homossexualidade, contra o racismo", reclamou Duarte. "Não sou bolsonarista, sou pró-governo, sou a favor do bem-estar de todos."

O bispo Robson Rodovalho, da Sara Nossa Terra, disse que a intenção é promover uma passeata cívica, em defesa da Constituição. "Nosso presidente pediu essa manifestação do povo. É importante mostrar que estamos acompanhando cada decisão do Legislativo, do Executivo e do Judiciário", observou Rodovalho. "Que cada Poder se mantenha no seu espectro, que encontre uma maneira de resolver os conflitos conversando. Tem havido muito ativismo, não só em um endereço. Nossa geração é muito midiática, estica a corda desnecessariamente e isso traz instabilidade, incertezas e insegurança. Então, vamos para a rua."

Sem desfile

Desde o início do mandato do presidente, o 7 de Setembro foi usado para uma aproximação com as igrejas. Na parada militar de 2019, Bolsonaro convidou para a tribuna o bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus. A Universal ainda não se engajou explicitamente na manifestação. O desfile em Brasília não será realizado, a exemplo do que ocorreu no ano passado, por causa da pandemia.

O antropólogo Ronaldo de Almeida, professor da Unicamp e pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), avaliou que o ato ocorrerá num contexto de perda de apoio a Bolsonaro entre os evangélicos. "Alguma mobilização vai ter, mas a pergunta é: quanto? Essa passeata vai ter muito 'bolsonarismo raiz'. Minha impressão é de que o apelo não é tão grande e que o evangélico que vai para o 7 de Setembro é porque é bolsonarista." 

O presidente Jair Bolsonaro disse há pouco a um grupo de jovens evangélicos que a CPI da Covid é o "capeta tentando apurar alguma coisa no paraíso". A analogia bíblica é mais uma tentativa de desvincular a imagem do governo de denúncias de corrupção em compras de vacinas contra o coronavírus apuradas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI).

"Aqui não tem corrupção. Se aparecer, a gente apura", disse o chefe do Executivo, acusado pelo deputado federal Luis Miranda (DEM-DF)) de ignorar alerta de superfaturamento no contrato de compra de doses do imunizante indiano Covaxin. "Vão me denunciar por curandeirismo e charlatanismo, sinal de que não tem o que apresentar. E olha quem está lá à frente dela. Não tem nem o que discutir. É o capeta tentando apurar alguma coisa no paraíso", disse aos simpatizantes, que cantaram músicas religiosas em coral na entrada do Palácio da Alvorada.

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O presidente também afirmou ter vencido o voto eletrônico, embora admita não ter provas que indiquem a ocorrência de fraudes no sistema eleitoral vigente no País. "Vencemos o voto eletrônico. A história é longa. Quem assistiu à segunda live, em especial, entendeu. As provas eu apresentei com documentos deles (TSE)".

Suas alegações baseadas em informações falsas apresentadas em transmissão semanal pela internet no último dia 29 provocaram a inclusão de seu nome no inquérito das fake news, conduzido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. Bolsonaro também é investigado por uso indevido da emissora pública TV Brasil em sua live.

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é a preferência de 45% dos evangélicos para as eleições de 2022. Disparado nesse arco da religião cristã, o presidente perde em todas as outras religiões quando enfrenta o seu principal possível oponente para o próximo ano, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os dados são da mais recente pesquisa do PoderData divulgada nesta sexta-feira (6).

No mesmo grupo, de evangélicos, Lula têm 26% da preferência. Nos demais, aparece em primeiro, como entre os católicos, onde possui 39% do favoritismo, contra 21% de Bolsonaro. Na umbanda e candomblé a diferença é ainda mais larga: 78% indicam votar em Lula e só 3% em Bolsonaro. Para os espíritas, o petista também é o preferido: 54% contra 24% do atual mandatário.

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Entre os ateus, Lula tem 38% e seu oponente tem 20%; entre os que não têm religião, são 41% da preferência para o petista e 8% para o conservador. Outras práticas e crenças religiosas registraram preferência de 34% para Lula e 31% para o atual presidente.

A pesquisa também indicou quatro nomes da chamada terceira via. Ciro Gomes (PDT) se destaca entre os ateus, com 24%; Datena (PSL) vai melhor entre quem não tem religião, com 23%;  João Doria (PSDB) tem seu melhor percentual entre os católicos, 11%; e Luiz Henrique Mandetta (DEM) vai bem entre quem marcou a opção ‘outros’, com 16%.

Foram ouvidas 2.500 pessoas nas 27 unidades da Federação entre os dias 2 e 4 de agosto. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Novos levantamentos da Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) divulgados neste sábado (26) mostram que há uma tendência de rejeição ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) entre moradores de periferias das grandes cidades e eleitores com baixa escolaridade e renda. A comparação entre pesquisas feitas em fevereiro e em junho revela que, nas periferias das grandes cidades, a parcela do eleitorado admite não votar em Bolsonaro em nenhuma hipótese aumentou de 53% para 67% – um salto de 14 pontos percentuais em quatro meses.

No eleitorado como um todo, essa taxa aumentou seis pontos, de 56% para 62%. Essa é a terceira pesquisa lançada em dias consecutivos pelo instituto, que é formado por antigos executivos do Ibope. Os resultados da última quinta-feira (24) mostram que o eleitorado evangélico passou a discordar das posições do presidente e já reavalia seu apoio. Na pesquisa, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece como principal opção dos religiosos para 2022, votado por 41% dos evangélicos entrevistados, contra 32% de Bolsonaro.

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Entre os católicos, Lula teve uma vantagem maior ao ser escolhido por 52%, enquanto o atual presidente obteve 20% das intenções.

Já na pesquisa divulgada nessa sexta-feira (25), os resultados são mais gerais: se as eleições fossem hoje, Lula teria o dobro de intenção de votos do atual presidente, liderando com 11 pontos percentuais um material contra outros quatro possíveis nomes, incluindo o de Jair Bolsonaro.

O petista aparece com 49% dos votos; Bolsonaro com 23%; Ciro Gomes (7%); João Doria (5%) e Luiz Henrique Mandetta (3%). Brancos e nulos representam 10% dos eleitores, enquanto 3% disse que não sabe ou não respondeu. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

Parece que o eleitorado evangélico passou a discordar das posições do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e já reavalia seu apoio. Na pesquisa do instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) apresentada nessa quinta-feira (24), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece como principal opção dos religiosos para 2022.

O estudo mostra que o petista seria votado por 41% dos evangélicos entrevistados, contra 32% de Bolsonaro. Entre os católicos, Lula teve uma vantagem maior ao ser escolhido por 52%, enquanto o atual presidente obteve 20% das intenções.

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O Ipec também indica que o ex-presidente tem mais que o dobro de votos do atual gestor, que vê a rejeição do seu governo aumentar sobretudo pelo trato questionável com a pandemia.

A pesquisa ouviu 2.002 eleitores de 141 cidades, entre os dias 17 e 21 e junho. A margem de erro é de dois pontos percentuais para maios ou menos.

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