Tópicos | farmácia

Durante o período de férias, a Faculdade UNINASSAU Petrolina irá promover, entre os dias 15 e 28 de janeiro, 17 cursos gratuitos para profissionais e estudantes de saúde. Os minicursos abrangem as áreas de Biomedicina, Enfermagem, Educação Física, Fisioterapia, Farmácia e Nutrição.

 Entre as opções de formação continuada, estão: Desenvolvimento de Produtos de Higiene; Aproveitamento Integral de Alimentos: teoria e prática; Natação: saúde e desempenho; Primeiros Socorros; Cuidados de Enfermagem em Realização de Suturas: conhecendo a prática, entre outras.

##RECOMENDA##

"É uma grande oportunidade para qualificação, aperfeiçoamento e consolidação do conhecimento, lembrando que a participação garante a certificação", informou a coordenadora acadêmica, Victória Carvalho. Para participar é preciso, somente, doação de 1kg de alimento não perecível.

Para participar, é preciso, somente, doação de 1kg de alimento não perecível. Os cursos vão acontecer na própria Instituição, localizada na Av. Clementino Coelho, 714, Atrás da banca.

Confira os cursos:

15/01 - Aproveitamento integral de alimentos: teoria e prática

16/01 - Benefícios da atividade física na saúde do ser humano; Natação saúde e desempenho; Bioinformática

20/01 - Primeiros socorros; Oficina de fabricação de pães integrais: uma nova fonte de renda; Desenvolvimento de produtos de higiene

21/01 - Aferição de pressão arterial; Controle de qualidade em gestão de unidades de alimentos; Drenagem linfática manual

22/01 - Punção venosa; Curva glicêmica

28/01 - Treinamento coordenativo e prevenção de quedas; Cuidados de enfermagem em realização de suturas: conhecendo a prática; Micróbios importantes na produção de alimentos

29/01 – Administração de medicamentos injetáveis

30 e 31/01 - Assistência de enfermagem no cuidado com pessoas idosas: uma alternativa de empreendimento

*Da assessoria de comunicação

LeiaJá também

--> UNINASSAU lança editais para contratar professores

Série de reportagens explica a expansão do segmento farmacêutico no Brasil. (Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens).

##RECOMENDA##

Considerado um dos mais fortes setores da economia brasileira, o segmento farmacêutico continua apresentando resultados que vão de encontro aos efeitos da crise econômica que castiga o País. Enquanto empresas de diferentes ramos sentem o peso da retração financeira, as grandes redes de farmácias registram aumentos em seus percentuais de faturamento.

De acordo com levantamento da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), o faturamento das grandes farmácias passou de R$ 42,58 bilhões em julho de 2017 para R$ 50,94 bilhões no mesmo período deste ano. Em outro recorte que descreve a expansão do setor, o número de pontos de vendas passou de 6.533 para 7.782 unidades.

Para entender a evolução das grandes redes de farmácias brasileiras, o LeiaJá publica, nesta nesta segunda-feoira (28), a série de reportagens ‘Expansão farmacêutica: dos primórdios ao futuro’. Além de comercializar medicamentos e produtos do dia a dia, as marcas passaram a investir em serviços de saúde e já planejam ações que prometem estreitar a relação com os consumidores. Saiba mais nas matérias da nossa série:

Na reportagem ‘Após boticas, ondas farmacêuticas formam expansão do setor’, o LeiaJá mostra a origem das farmácias no Brasil. Relembramos da época dos boticários até o modelo farmacêutico inspirado nos Estados Unidos, detalhando todas as fases da expansão do segmento.

Em ‘Redes de farmácias combatem crise com aumento de vendas’, são detalhados os dados que justificam os bons resultados das grandes redes de farmácias, além de análises econômicas. Já na reportagem ‘Novo farmacêutico está transformando clientes em pacientes’, traçamos o perfil dos trabalhadores da área, que passaram a realizar serviços de saúde nas próprias lojas em prol dos clientes.

Por fim, na reportagem 'As projeções do segmento farmacêutico', especialistas e representantes de empresas revelam suas previsões para o setor, além das expectativas de faturamento.

As reportagens da série são assinadas pelos jornalistas Nathan Santos e Marília Parente, com imagens dos repórteres fotográficos Chico Peixoto e Rafael Bandeira. As artes são do designer João de Lima e a montagem a cargo de Danillo Campelo. A edição de vídeos é de Caio Lima. Confira, a seguir, os links de todas as matérias:

Após boticas, ondas farmacêuticas formam expansão do setor

Redes de farmácias combatem crise com aumento de vendas

Novo farmacêutico está transformando clientes em pacientes

As projeções do segmento farmacêutico

Farmácia localizada em Fortaleza, com dois mil metros quadrados, é considerada a maior da América Latina. (Nathan Santos/LeiaJáImagens)

##RECOMENDA##

Com 2 mil metros quadrados de área construída e um conjunto de 15 mil produtos, a unidade da rede de farmácias Pague Menos, em Fortaleza, considerada a maior da América Latina, é a representação nata da expansão de um dos segmentos econômicos mais fortes do Brasil. As escadas rolantes da loja, dando ao local um ar de centro de compras, conduzem clientes impressionados com a grandeza física do empreendimento, em um exemplo claro de como as empresas de ponta do ramo farmacêutico ampliam suas lojas, quadro de funcionários e gama de produtos, obtendo resultados lucrativos e remando contra a crise econômica que afeta diferentes setores da sociedade.

Ao passear entre os corredores do estabelecimento, o professor de matemática Ricardo Rocha, de 35 anos, compara a unidade a um shopping. Cliente assíduo de farmácias, Rocha questiona, porém, como o segmento expandiu largamente sua atuação no Brasil? O professor nunca imaginou que, por trás de toda a criação da gigantesca farmácia em Fortaleza e do intenso crescimento das demais companhias nação a fora, existe uma longa história que perpassa pelos principais capítulos da abrangência do setor farmacêutico no País.

No Brasil, os primeiros relatos de atuações que antecedem o trabalho farmacêutico são oriundos do período colonial. Segundo publicação de 2011 da Revista Brasileira de Farmácia (RBF), de autoria dos farmacêuticos Mariana Linhares e Mariana Martins Gonzaga do Nascimento, os boticários, apontados como “curandeiros ambulantes”, percorriam as populações a burros “mascateando remédios e drogas para doenças humanas e animais (Gomes-Júnior, 1988)”. Existe ainda, conforme o estudo, a informação de que os jesuítas também criaram farmácias e boticas, com o objetivo de prestar assistência em seus colégios, “colocando um irmão para cuidar dos doentes e outro para preparar remédios”.

De acordo com a RBF, em São Paulo, o “irmão que preparava os remédios era José de Anchieta, por isso podemos considerá-lo o primeiro boticário de Piratininga (Gomes-Júnior, 1988)”. Conforme o professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e doutor em ciências farmacêuticas, Danilo Bedor, a história aponta que o boticário, de fato, deu origem ao farmacêutico. “O farmacêutico vem do boticário, aquele que preparava os medicamentos nas boticas, no Brasil Colônia. Existe o pensamento que vem dos jesuítas. Quando eles chegam ao Brasil e começam a tratar as doenças dentro das escolas, passam a manipular medicamentos em maior quantidade, criando estoques”, comenta o professor. No áudio a seguir, o docente explica como se dava a preparação dos remédios do período.

[@#podcast#@]

Em 1640, as boticas foram autorizadas como comércio no Brasil. Nesse período, de acordo com a publicação da Revista Brasileira de Farmácia, iniciou-se o que podemos considerar um processo de expansão desses estabelecimentos, ainda de maneira rústica. “Elas se multiplicaram de norte a sul, e devido à facilidade de abertura, muitos o faziam, principalmente, devido à expectativa de bons lucros com o negócio. Consistiam em casas comerciais ou lojas onde o público se abastecia de remédios. Eram dirigidas por boticários, que nada mais eram que profissionais empíricos, às vezes analfabetos, possuindo apenas conhecimento de medicamentos corriqueiros e possuindo uma carta de aprovação do físicomor de Coimbra. Botica também era a denominação do compartimento existente nos hospitais, civis e militares, destinado ao preparo e à administração de medicamentos aos doentes internados (Gomes-Júnior, 1988; Filho & Batista, 2011)”, diz trecho da publicação da Revista Brasileira de Farmácia.

A publicação indica ainda que o ensino de farmácia no Brasil começou no ano de 1824, a princípio como uma cadeira da formação em medicina. Posteriormente, em 1839, duas escolas de farmácia foram criadas em Minas Gerais, sendo uma em Ouro Preto e outra em São João del Rey. “Porém, apesar das diversas instituições de ensino de farmácia distribuídas pelo país, no século XIX, a passagem do comércio de botica para farmácia, com um farmacêutico formado em sua direção, não foi nada fácil. Os farmacêuticos e boticários tinham pouca diferença para a maioria da população e para os legisladores, e o farmacêutico só toma seu espaço exclusivo na produção de medicamentos definitivamente depois de 1886 após diversas batalhas. Já no início do século 20, o farmacêutico tornou-se o profissional de referência para a sociedade nos aspectos do medicamento, dominando não só a prestação de um serviço que visava a ‘correta utilização do medicamento’, mas também a produção e comercialização do arsenal terapêutico disponível na época (Valladão et al., 1986)”, consta na pesquisa da RBF.

O estudo explica ainda que a farmácia se tornou um centro de irradiação cultural, aproximando não apenas as pessoas que buscavam remédio, “mas também os demais que procuravam novidades e notícias do mundo quando eram escassos os meios de comunicação dos acontecimentos político-sociais (Gomes-Júnior, 1988)”. Porém, a partir da segunda metade da década de 30, diante da expansão da indústria farmacêutica, os “preparados magistrais foram quase inteiramente substituídos pelas especialidades, ou seja, medicamentos preparados industrialmente com antecedência e apresentados sob uma embalagem particular”. Como reflexo, a atividade de “fazer” o medicamento, que tradicionalmente caracterizava o perfil do farmacêutico, despareceu quase por completo, de acordo com o texto da RBF. “O modelo de prática predominante na farmácia comunitária passou a ser a orientação e dispensação farmacêutica (Dupuy & Karsenty, 1974; Reis, 2003; Filho & Batista, 2011). Esse processo transformou as ações que aproximavam o farmacêutico do médico e de seus clientes em atos vazios de um sentido transcendente às relações comerciais”, consta na publicação da Revista Brasileira de Farmácia.

[@#video#@]

De acordo com o conselheiro do Conselho Federal de Farmácia (CFF) Gerson Pianetti, após a Segunda Guerra Mundial, o desenvolvimento industrial disparou e, por consequência, o setor farmacêutico não ficou para atrás. Pianetti explica que o Brasil e outros países passaram a consumir produtos e serviços oriundos dos Estados Unidos; empresas farmacêuticas seguiram essa dinâmica de “cópia de experiências exitosas dos americanos”.

No decorrer da história, no período dos anos 80, os consumidores tinham à disposição as farmácias tradicionais. Eram estabelecimentos que apenas vendiam medicamentos; lojas pequenas, com balcão e prateleiras com remédios, marcaram a fase.

Primeira onda

Já nos anos 90, diante da influência americana oriunda das grandes drugstores, o Brasil começa a implantar modelos de farmácias que fogem do tradicional, formando o contexto de primeira “onda” que explica a expansão do setor farmacêutico no País. As lojas dessa época eram estabelecimentos que possuíam, além de remédios, produtos para o dia a dia, como itens de beleza e até de alimentação. “Nos Estados Unidos, na drogaria você encontra de tudo. É quase um mini supermercado. Além disso, todo medicamento ético, de prescrição, fica em uma área restrita e reservada onde existe um profissional farmacêutico”, explica a doutora em engenharia de produção e pesquisadora do segmento de farmácias pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP), Vânia Passarini Takahashi.

Segundo o coordenador do Programa de Assistência Farmacêutica da Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), Cassyano Correr, a diversidade de produtos marca a primeira onda da expansão das grandes redes no Brasil. “Nos anos 90, a farmácia começou a diversificar os produtos que vendia, começando um movimento que ficou popularizado como drugstore a partir da influência americana. Empresários do Brasil, em viagem para os Estados Unidos, viram o que estava acontecendo lá. As farmácias passaram a vender, além de remédios, alimentos, presentes, brinquedos, entre outros”, detalha o coordenador do Programa de Assistência Farmacêutica da Abrafarma.

Essa mistura de produtos e o tamanho físico das lojas, que passou a ser maior, são as principais características dos estabelecimentos da primeira onda. “No modelo tradicional, o cliente ia até a farmácia para comprar um medicamento porque tinha receita, o que chamados de destino. Na medida em que você passa a ter muitas farmácias à disposição, elas ficam mais próximas das pessoas. A vantagem de você investir em um mix de produtos é que, além de atrair as pessoas que têm que comprar medicamento, você atrai as pessoas que estão em rotina. Um modelo alimenta o outro. Tem a ver com a vida moderna, congestionamento no trânsito, entre outros aspectos”, comenta o representante da Abrafarma.

Assim como Cassyano Correr, a farmacêutica mestra em gerontologia e especialista em Saúde Pública e Saúde da Família, Alamisne Gomes da Silva, aponta que o modelo de farmácias americano influenciou, de maneira considerável, o mercado brasileiro. “Inicialmente, os empresários donos de farmácias no Brasil queriam uma forma de rentabilizar mais seus negócios, e uma das estratégias foi utilizar justamente a comercialização de outros produtos não farmacêuticos. Para os empresários foi interessante porque aumentou a questão do lucro e das vendas, não só de produtos farmacêuticos. Para o consumidor, ele passou a se comportar de uma forma diferenciada, uma vez que passou a ter acesso a produtos de utilidades básicas, até mesmo próximo de suas residências. No Brasil, as grandes redes pioneiras nesse processo foram a ‘Araújo’ no Sul e aqui no Nordeste temos a Pague Menos. Produtos de perfumaria, dermocosmético, sorvete e refrigerante estavam à disposição dos clientes nas farmácias”, comenta a mestra.

Segunda onda

No decorrer do processo de expansão econômica do segmento farmacêutico no Brasil, o período a partir dos anos 2000 é considerado a segunda onda. Essa fase é marcada pelo início da venda de dermocosméticos. “Aqui você tem o movimento da beleza. Com a influência das farmácias americanas e europeias, de países como França e Itália, você passa a ter diversidade grande de produtos, muitos lançamentos no mercado da dermatologia. Foi nessa época que as farmácias começaram a colocar dermoconsultores para atender os clientes”, descreve Cassyano Correr.

Terceira onda

“Desde 2014 passamos a viver a terceira onda. É a fase da diversificação de serviços, que tem a ver em converter os espaços da farmácia em espaços de saúde. Esse movimento significa oferecer serviços de vacinação, acompanhamento de pacientes crônicos, consultas com farmacêuticos e outros profissionais. É o que a gente chama de revolução da saúde por meio das farmácias”, explana o integrante da Abrafarma.

Uma nova onda começa a ganhar forma. Ainda lenta, sem prazo claro para ser colocada em prática. É notório, no entanto, que a tecnologia será uma figura primordial do processo de reformulação na relação entre as grandes redes e os consumidores. Confira as próximas reportagens e saiba mais detalhes sobre a quarta onda da expansão farmacêutica na última matéria da nossa série, que aborda o futuro do segmento no Brasil.

Matéria integra a série do LeiaJá ‘Expansão farmacêutica: dos primórdios ao futuro’. Trabalho explica como as grandes redes de farmácias expandem seus negócios no Brasil e registram faturamentos que contrariam a crise econômica. Leia, a seguir, as demais reportagens:

Expansão farmacêutica: dos primórdios ao futuro

Redes de farmácias combatem crise com aumento de vendas

Novo farmacêutico está transformando clientes em pacientes

As projeções do segmento farmacêutico

Instalação de clínicas farmacêuticas nas lojas é forte tendência do setor. (Rafael Bandeira/LeiaJáImagens)

##RECOMENDA##

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a relação ideal do quantitativo de médicos em relação ao número de habitantes de uma localidade é de um para mil. Cruzando dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Conselho Federal de Medicina, é possível constatar que regiões brasileiras como o Nordeste (1141/1) convivem com uma proporção bem acima do recomendado. É neste contexto que o varejo farmacêutico aposta na ampliação do número de consultórios farmacêuticos, que, após crescimento de 9,4% em relação ao primeiro trimestre de 2018, saltou para 2.964, segundo a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). A nova estrutura permitiu que mais de 7.800 farmacêuticos já tenham realizado 862.623 atendimentos entre 2018 e 2019, a maior parte deles focada em serviços como testes de colesterol e perfil lipídico. Assim, esses profissionais vêm se distanciando das atividades burocráticas de balcão para protagonizar uma evolução na saúde: à medida que passam a atuar nas clínicas, junto aos pacientes, os farmacêuticos solidificam-se como um novo ponto de partida no contato dos pacientes com o sistema de saúde.

A aposentada Fátima Gameiro já estava com a glicemia acima dos 200 mg/dl- limite para indicação de diabetes- quando foi atraída para um consultório farmacêutico em busca de uma aferição de pressão. “Sou hipertensa e passei na frente de uma farmácia, onde os atendimentos estavam sendo divulgados. A farmacêutica mediu minha glicemia e logo me perguntou se eu estava tomando meus remédios, porque minha glicemia estava alta. Eu respondi que não era diabética e ela me encaminhou para o médico”, lembra Fátima. No hospital, a suspeita da farmacêutica foi confirmada. “Fui diagnosticada como diabética. Inicialmente fiquei muito assustada, fiz todos os exames que o médico pediu e fui encaminhada para uma nutricionista. Voltei à farmacêutica com essas informações e, desde então, me consulto com ela de quinze em quinze dias. Desenvolvi uma relação de confiança com a farmacêutica, afinal foi quem descobriu minha diabetes”, completa Fátima.

Fátima Gameiro teve sua diabetes descoberta pela farmacêutica Marcela Cruz. (Chico Peixoto/LeiaJáImagens)

Desde então, a cliente tornou-se também paciente da farmácia. Periodicamente, Fátima realiza pequenos exames de rotina com a mesma farmacêutica, Marcela Cruz. “Se a gente for parar pra pensar a quantidade de vezes que o paciente vem pra farmácia, ela é muito maior do que a das idas ao hospital. Continuamos fazendo o acompanhamento e conquistamos progressos significativos, graças ao trabalho de uma equipe multidisciplinar, que envolve também médicos e nutricionistas. Fátima vem tirar suas dúvidas acerca dos medicamentos e novos questionamentos sempre vão surgindo”, afirma a profissional. Marcela lembra que pacientes recentemente diagnosticados costumam apresentar uma grande demanda por informações. “Hoje a gente tem um trabalho importantíssimo, muito mais focado na educação em saúde. É muito gratificante você receber pessoas que chegam doentes, precisando da tua ajuda e você acompanhar e estabelecer um vínculo com ela. A gente como profissional de saúde precisa acreditar que essa atenção faz toda a diferença”, conclui.

A coordenadora farmacêutica das Farmácias Pague Menos Mikalyne Egito alerta que o tratamento farmacêutico não substitui as consultas médicas. “É um trabalho que podemos fazer em associação ao médico e aos demais profissionais de saúde, mas não é substitutivo. O que a gente faz é orientar a respeito da tomada de medicamentos, os horários corretos e armazenamento, além de acompanhamentos como o de pressão arterial, glicemia e perda de peso”, explica. A coordenadora esclarece ainda que o farmacêutico não pode dar qualquer tipo de diagnóstico. “Posso encaminhar o paciente após perceber que seu exame é sugestivo de, por exemplo, diabetes. Também estamos autorizados a solicitar exames e prescrever alguns medicamentos, os Medicamentos Isentos de Prescrição Médica (MIP’s), que não são tarjados”, comenta.

Assim, o sistema da Pague Menos reúne todos os dados periódicos do paciente em fichas individuais salvas no sistema da farmácia, que pode ser acessada por seu médico, em caso de consulta. “Se a pessoa quiser, a gente imprime todo o histórico, então já temos uma relação de confiança com esse público. Hoje a população enxerga sim o farmacêutico como um profissional importante e isso vem sendo um diferencial para as lojas que oferecem esse serviço”, completa Mikalyne.

O coordenador do projeto de assistência farmacêutica avançada da Abrafarma, Cassyano Correr, ressalta a importância da Lei 13021/2014, sancionada pela presidente Dilma Rousseff, no sentido de regulamentar as farmácias como unidades de prestação de serviços de assistência à saúde e assistência farmacêutica, transcendendo a antiga função de apenas comercializar medicamentos. Em seu artigo 6º, o texto exige, para funcionamento de farmácias de qualquer natureza, “a presença de farmacêutico durante todo o horário de funcionamento”. “Isso ampliou muito o leque do que a farmácia pode fazer. Atualmente, oferecemos oito grupos de serviço, que, juntos, cobrem uma parcela muito grande da população e de problemas de saúde para os quais as pessoas podem encontrar solução. A vacinação, por exemplo, já retornou às farmácias”, coloca Cassyano.

Mikalyne Egito lembra que atendimento farmacêutico não substitui consultas médicas. (Rafael Bandeira/LeiaJáImagens)

A coordenadora farmacêutica da Farmácia Permanente Karina Henrique Santos coloca que a resposta, não apenas dos clientes, mas dos fornecedores, à presença dos farmacêuticos durante todo o horário de funcionamento, seja nos balcões ou na clínica farmacêutica é positiva e aumentou a credibilidade do serviço. “A confirmação disso é que todas as nossas novas lojas já são projetadas com sala farmacêutica, na qual o atendimento do farmacêutico está sempre pautado de forma a respeitar o diagnóstico médico. Nosso maior objetivo é garantir que o paciente não abandone o tratamento ou pare a medicação”, afirma.

O CEO da Abrafarma, Sérgio Mena Barreto, confessa que, informalmente, gosta de tratar a Lei 13021/2014 como a “lei do ato farmacêutico”, devido às novas potencialidades desses profissionais no sistema de saúde, de forma complementar ou suplementar. “Este é um problema mundial: cerca de 50% das pessoas abandonam seus tratamentos médicos após seis meses, quando passam os sintomas. Além disso, por ano no Brasil, 100 mil pessoas morrem de derrame e outras 300 mil morrem de problemas no coração, doenças evitáveis se você tratar diabetes e hipertensão”, afirma. Desta forma, Barreto defende que o problema é que as pessoas acabam só indo ao médico uma vez por ano. “O paciente agora pode contar com o acompanhamento do farmacêutico, uma transformação cultural dos dois lados. Do nosso, investimos em um programa de capacitação muito grande. Das 7.800 farmácias da Abrafarma, a gente tem 26 mil farmacêuticos, dos quais já capacitamos 12 mil em cursos livres”, comenta Barreto.

CEO da Abrafarma, Sérgio Mena Barreto, destaca que associação já conta com 26 mil farmacêuticos. (Divulgação)

A Abrafarma ainda oferece programas de pós-graduação presenciais e online. “O que fizemos foi montar toda uma estrutura, um padrão de atendimento. A gente produziu mais de 1300 páginas de material científico, toda uma qualificação, um formato para os serviços para que tenhamos uma farmácia tão boa quanto as de China, Canadá e toda a Europa, onde as clínicas já existem”, completa Barreto.

Matéria integra a série do LeiaJá ‘Expansão farmacêutica: dos primórdios ao futuro’. Trabalho explica como as grandes redes de farmácias expandem seus negócios no Brasil e registram faturamentos que contrariam a crise econômica. Leia, a seguir, as demais reportagens:

Expansão farmacêutica: dos primórdios ao futuro

Após boticas, ondas farmacêuticas formam expansão do setor

Redes de farmácias combatem crise com aumento de vendas

As projeções do segmento farmacêutico

Em um mercado desafiador, em que o cliente preza por atendimento de qualidade e diversificação de produtos, o segmento farmacêutico segue sua trajetória, até em então, com projeções positivas. Com previsões para o setor, especialistas e empresários revelam suas opiniões acerca dos fatores que devem influenciar a atuação das grandes redes no futuro, além de mudanças que podem mudar a relação das grandes marcas com os clientes.

De acordo com Cassyano Correr, coordenador do Programa de Assistência Farmacêutica da Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), a quarta e nova onda da expansão das grandes redes de farmácias deverá englobar o que ele chama de transformação digital. Para Correr, as empresas passarão a digitalizar toda a experiência do cliente, uma vez que o consumidor deverá conversar e acessar a farmácia pelo celular ou computador.

##RECOMENDA##

Cassyano Correr, coordenador do Programa de Assistência Farmacêutica da Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias. (Foto: LeiaJáImagens).

Na prática, no processo de vendas dos produtos farmacêuticos, a prioridade é que tudo seja feito pela internet. “O que vai levar o cliente para o ponto físico é a experiência”, diz o coordenador do Programa de Assistência Farmacêutica da Abrafarma. Nesta onda, os clientes poderão solicitar os produtos de maneira virtual e receber suas aquisições sem precisar sair de casa. “A quarta onda tem uma característica exponencial: quando começa a acontecer, ela é muito rápida. De cinco a dez anos deveremos ter um impacto muito grande de transformação digital em todas as esferas do setor farmacêutico”, acrescenta Correr.

Professor e pesquisador de serviços farmacêuticos pela Universidade de Brasília (UnB), Rafael Santana, em sua análise sobre o futuro do segmento , aposta na intensificação dos serviços de saúde oferecidos nas farmácias. “É uma tendência, não só no Brasil. Além de uma estratégia de diferenciação em um setor cada vez mais competitivo, trata-se de uma reorganização do setor para atender a uma demanda de resolução de pequenos problemas de saúde pouco valorizado tanto pelo serviço público quando pelos planos de saúde. Acho difícil a curto e médio prazo os médicos assumirem esse papel nas farmácias brasileiras, pela já disponibilidade de farmacêuticos que podem assumir a resolução de pequenos problemas”, diz o docente.

No aspecto econômico, o professor prevê a junção de companhias e o fortalecimento das grandes redes. “O que prevemos é a fusão de empresas e predomínio cada vez maior de grandes redes. Em um futuro próximo de oligopólios de empresas, o preço não será mais um diferencial competitivo e o investimento em serviços clínicos e outras atividades que agreguem valor ao setor será cada vez mais necessário”, projeta.

A tecnologia, segundo o professor da UnB, deverá influenciar o segmento farmacêutico. ”Esse é um setor que pode ser bem impactado pelo avanço tecnológico. A venda de medicamentos on-line, por exemplo, já é uma realidade, porém, deve estar sempre mais restrito a uma parcela de usuários de doenças crônicas com medicamentos de uso contínuo. Nas farmácias existe uma tendência de novos softwares para apoiar os serviços clínicos farmacêuticos, equipamentos para rastreamento de doenças e pequenos exames clínicos ou mesmo aplicativos e ferramentas para apoiar os pacientes no autocuidado”, explica o docente.

Para o Marcelo Rosa, conselheiro do Conselho Federal de Farmácia (CFF) e coordenador da Comissão de Farmácia Comunitária, os serviços dos consultórios farmacêuticos instalados nas próprias lojas, além de já serem uma realidade, deverão ser intensificados nos próximos anos. “É um caminho sem volta e a tendência é de crescimento, com uma participação cada vez mais efetiva, com o incentivo do Conselho Federal de Farmácia, que tem buscado todos os meios junto aos órgãos governamentais e à sociedade para que isso ocorra.  Com o advento da Lei 13.021/14, o conceito de farmácia no país mudou radicalmente. As farmácias deixaram de ser classificadas como simples comércio, passando a ser reconhecidas, de fato e de direito, como estabelecimentos de saúde. Elas também puderam passar a dispor de vacinas para o atendimento direto à população. Isso representou um marco para o cuidado a saúde da população”, crava o conselheiro.

No quesito tecnologia, Rosa enxerga diversos caminhos para a atuação das grandes redes de farmácias. “Todos os caminhos devem ter como foco o cuidado ao paciente. A tecnologia é um instrumento para que os serviços e produtos possam ser disponibilizados à população com qualidade e segurança. Eu reforço: a tecnologia deve ser um instrumento e não deve substituir os profissionais. O cuidado ao paciente requer habilidades, experiência e conhecimento. O farmacêutico é o único profissional que tem formação e habilitação para a prática do cuidado ao paciente na farmácia”, acrescenta o representante do CFF.

O conselheiro também analisa como será o consumidor do futuro. “Podemos dizer que o consumidor é cada vez mais consciente e crítico. A disputa por preços baixos já não é o ponto mais importante para a conquista e fidelização do consumidor. Estruturas confortáveis, profissionais preparados para cuidar do paciente e a oferta de serviços são fatores indispensáveis para que o estabelecimento farmacêutico prospere, seja uma rede ou uma farmácia de menor porte”, aponta.

No que diz respeito à indústria farmacêutica, representantes do setor também traçam planos para o processo de fabricação, distribuição e comercialização de produtos farmacêuticos. Segundo o vice-presidente institucional da EMS, uma das principais empresas da área, Marcus Sanches, o futuro exige que continuem as apostas na criação de soluções que sejam capazes de auxiliar e atender "as necessidades da classe médica e dos pacientes". "Hoje, o processo de desenvolvimento de medicamentos inovadores na EMS ocorre por meio, principalmente, do Centro de Pesquisa & Desenvolvimento da EMS no Brasil, que recebe 6% do faturamento anual do laboratório em investimentos e possui mais de 400 pesquisadores. No seu P&D, a companhia trabalha em diferentes frentes de inovação, como a inovação incremental e a inovação com genéricos de alta complexidade. Nos Estados Unidos, a EMS trabalha com uma frente de inovação radical (disruptiva), por meio da Brace Pharma, empresa da EMS fundada em 2013, com foco em trazer terapias inovadoras aos pacientes. Hoje, a Brace possui 13 parcerias vigentes em áreas como oncologia, cardiologia e sistema respiratório e doenças neurodegenerativas, metabólicas e autoimunes", detalha Sanches.

A "Indústria.4.0", de acordo com o representante da EMS, é o que molda, atualmente, o futuro do setor, além de ser uma iniciativa importante para o futuro das companhias. "A modernização das unidades fabris também faz parte dos investimentos em inovação da EMS. A empresa já deu início à adoção da Indústria 4.0 em seu processo de produção, tendo sido a primeira do setor farmacêutico na América Latina a adotar soluções neste modelo. A implementação tem ocorrido, inicialmente, por meio de um projeto-piloto em uma linha de embalagem de medicamentos sólidos e no processo de Gerenciamento da Manutenção, na planta de Hortolândia da EMS. As máquinas conectadas devem tornar a produção do laboratório ainda mais inteligente e eficiente, trazendo um crescimento significativo na capacidade produtiva da empresa nos próximos 3 a 5 anos. A utilização da inteligência artificial na indústria tem uma série de pontos positivos, como ganho de eficiência, elevação da produtividade, economia e otimização dos recursos, entre outros.

Em entrevista ao LeiaJá, o CEO da Abrafarma, Sergio Mena Barreto, também revelou suas projeções para o setor. Segundo Barreto, as grandes redes deverão continuar apresentando números considerados positivos e prezando por melhorias em prol da relação com os clientes. Confira:

LeiaJá: Hoje o setor farmacêutico tenta se fortalecer como um espaço de saúde por meio dos espaços de saúde instalados nas próprias lojas. Pensando no futuro, o senhor acredita que essa estratégia será consolidada e ampliada, por exemplo com a participação de médicos nas farmácias? O que o senhor prevê para a relação farmácia e saúde?

CEO da Abrafarma, Sergio Mena Barreto: Isso já é uma realidade. As farmácias estão se tornando a porta de entrada do sistema de saúde para a população brasileira, atuando no incentivo à adesão ao tratamento, na identificação de risco e na prevenção de doenças por meio da aplicação de vacinas.

Desde o lançamento do programa de Assistência Farmacêutica Avançada pela Abrafarma, em 2014, as salas clínicas vêm registrando um crescimento exponencial. Só no primeiro semestre deste ano, o número de consultas para serviços farmacêuticos aumentou 62% em relação ao mesmo período de 2018. Foram realizados 862.623 atendimentos. As grandes redes que integram o projeto já contabilizam 2.964 espaços do gênero, um incremento de 9,4%. Somente no ano passado foram realizados mais de 2,4 milhões de serviços especializados nesses novos espaços. Entre os serviços mais demandados, destaque para os testes de colesterol e de perfil lipídico, que são realizados por mais de 300 farmácias em todo o Brasil.

Trata-se de um recurso que facilita a interação dos profissionais de saúde com os pacientes e desafoga o sistema público. É super prático para quem precisa resolver problemas simples, mas não tem tempo de ir a um hospital. Além disso, o atendimento profissional pode estimular o paciente a exercitar o autocuidado.

O farmacêutico e o médico atuarão de forma colaborativa. Mas é bom ressaltar que o serviço de assistência farmacêutica não substitui o médico, mas funciona e seguirá atuando como um elemento complementar para orientar e garantir maior adesão ao tratamento.

LeiaJá: E em relação à tecnologia? Quais são os rumos das grandes redes de farmácia nesse sentido, tanto no processo de comercialização dos produtos, como também na relação com seus funcionários, principalmente os farmacêuticos?

CEO da Abrafarma, Sergio Mena Barreto: O momento atual do grande varejo é de investir em transformação digital, melhorar a jornada do paciente e os serviços clínicos nas lojas. O atendimento mudará bastante nos próximos anos, caminhando para um modelo mais proativo na oferta de soluções digitais, com um sistema integrado de informações, que estará acessível aos pacientes: haverá cada vez mais ofertas personalizadas, curadoria de doenças e ofertas de serviços de prevenção. E tudo isso na palma da mão do consumidor, com base em sua jornada individual de compra.

Os serviços clínicos oferecidos nas farmácias também serão influenciados. Muito em breve será possivel realizar pequenos check-ups e testes laboratoriais para o acompanhamento de doenças. É de se esperar também que os aplicativos e sistemas de atendimento das redes se integrem ao prontuário dos pacientes, aprimorando a interação medicamentosa.

A área de e-commerce também tem sido alvo de investimento constante de nossos associados. Entendemos que o consumidor é cada vez mais omnichannel, que busca experiências sem fricção, e quer maior comodidade. Então, todos os processos estão sendo revistos para integrar o negócio de tijolos ao digital. Daqui a alguns anos também poderemos falar em telemedicina, que teria o papel fundamental de desafogar nosso sistema de saúde, evitando consultas e exames desnecessários.

LeiaJá: Os não medicamentos continuam sendo muito vendidos nas grandes redes. Isso deve continuar ou novos produtos serão acrescentados às prateleiras?

CEO da Abrafarma, Sergio Mena Barreto: A categoria continua expressiva, representando em torno de 33% do faturamento total das 25 redes, sobretudo agora, quando está em curso uma retomada de consumo dos não medicamentos (itens de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos), que estava estagnado nos últimos anos por causa do cenário de recessão.

Porém, atualmente, os medicamentos isentos de prescrição (MIPs) são o segmento de maior influência. O faturamento com a venda desses produtos aumentou quase 20% nas grandes redes. Como podemos observar na tabela abaixo, entre janeiro e agosto deste ano, as redes afiliadas à Abrafarma registraram um faturamento de R$ 34,69 bilhões, índice 10,22% maior que o do oito primeiros meses do ano passado. O percentual supera o crescimento de 7,86% obtido entre janeiro e agosto de 2018, estimulado principalmente pela venda dos MIPs e dos não medicamentos.

Também vale destacar outras duas categorias. O cuidado ao paciente (PAC) e os Nutricionais (NTR). No período de julho/2018 a julho/2019, o faturamento dessas categorias registrar aumento de 17,2% e 12,4%, atingindo R$ 4 bilhões e R$ 6,9 bilhões, respectivamente. 

LeiaJá: Apesar da crise, as grandes redes continuaram aumentando o número de lojas e faturamento. Em termos econômicos, quais são as suas previsões para o setor?

CEO da Abrafarma, Sergio Mena Barreto: As redes associadas encerrarão o ano com um desempenho positivo. O faturamento ultrapassará R$ 50 bilhões, com crescimento acima de 10%. Ao fim de 2019, o segmento chegará a um market share total de 44%, mesmo com menos de 8 mil lojas de um total de 78 mil farmácias existentes no país. Para 2020, projetamos um faturamento próximo dos R$ 55 bilhões, se mantido o ritmo de crescimento.

Grandes redes de farmácias devem melhorar faturamento em 2019 na comparação com o ano anterior. (Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens).

LeiaJá: Por fim, como o senhor prevê o consumidor de produtos farmacêuticos? Qual será o perfil e suas necessidades? O que o segmento precisa mudar para continuar forte na economia brasileira?

CEO da Abrafarma, Sergio Mena Barreto: Um consumidor cada vez mais omnichannel, empoderado e mais exigente. Ele é o centro das decisões e estratégias de negócios das redes. Mas o segmento varejista deve continuar perseguindo melhorias no nível de serviço, com oferta de produtos correta. Também têm de apostar na customização de ofertas para um perfil específico, tendo por objetivo aumentar o volume da cesta de compra, ampliando o tíquete médio geral da loja.

Matéria integra a série do LeiaJá ‘Expansão farmacêutica: dos primórdios ao futuro’. Trabalho explica como as grandes redes de farmácias expandem seus negócios no Brasil e registram faturamentos que contrariam a crise econômica. Leia, a seguir, as demais reportagens:

Expansão farmacêutica: dos primórdios ao futuro

Após boticas, ondas farmacêuticas formam expansão do setor

Redes de farmácias combatem crise com aumento de vendas

Novo farmacêutico está transformando clientes em pacientes

Concentradas em áreas de grande concentração, farmácias investem em serviços para vencer concorrentes. (Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens).

##RECOMENDA##

Uma farmácia a cada 175 metros. Essa é a média de unidades encontradas em um trecho de apenas 1,4 km da Avenida Conselheiro Rosa e Silva, uma das principais vias da Zona Norte do Recife. Longe de serem frequentadas apenas por clientes em busca de medicação, elas desafiam a crise econômica e continuam em expansão, buscando inovar no repertório de produtos. De acordo com levantamento feito pela Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), as 25 maiores varejistas do país registraram um faturamento de R$ 25,5 bilhões no primeiro semestre de 2019, índice 9,7% maior que o do mesmo período do ano passado, alavancado, sobretudo, pelas venda dos medicamentos isentos de prescrição (MIPs) e pelas mercadorias conhecidas no jargão do setor como “não medicamentos”- isto é, itens de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos.

O conselheiro federal de economia e professor do Departamento de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Ceará (UFC), Lauro Chaves Neto, defende que, para iniciar o debate sobre a expansão do varejo farmacêutico, é necessário compreender a transformação econômica pela qual o Brasil passou após a aplicação do Plano Real. “A partir daí, houve um inegável ganho de renda da maior parte da população brasileira, aumentando o poder aquisitivo das classes mais pobres. Pessoas que dependiam exclusivamente de fornecimento nos postos de saúde passaram a frequentar as farmácias”, introduz Chaves. O economista também associa o fenômeno à mudança nas configurações familiares. “Antigamente as famílias eram maiores, hoje muitas pessoas vivem sozinhas, em unidades habitacionais cada vez menores, sem tanto espaço para armazenar as coisas. Isso aumenta a necessidade de compras de conveniência”, completa.

Aposentada, Letícia Danzi sempre vai à farmácia, mas raramente em busca de remédios. (Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens)

Com o aumento do ritmo de vida nas grandes cidades, ir a um supermercado para comprar apenas um shampoo ou pasta de dente parou de fazer sentido para boa parte dos consumidores. De acordo com a Abrafarma, o lucro obtido com a comercialização dos não-medicamentos saltou de R$ 4.906.062.751, em 2018, para R$ 5.423.697.005 em 2019, um aumento de 10,55% em apenas um ano. Desta forma, os não-medicamentos são responsáveis por cerca de 32% das vendas do setor. “Normalmente, as farmácias estão localizadas em espaço de grande circulação. Elas viraram lojas de conveniência, oferecendo refrigerante, chocolate e recarga de celular. São estabelecimentos que também investiram na prestação de serviços para aumentar a circulação”, reforça Chaves. O economista também associa o fenômeno à mudança nas configurações familiares. “Antigamente as famílias eram maiores, hoje muitas pessoas vivem sozinhas, em unidades habitacionais cada vez menores, sem tanto espaço para armazenar as coisas. Isso aumenta a necessidade de compras de conveniência”, completa.

Sempre na farmácia, nunca em busca de remédios, a aposentada Letícia Danzi aproveita uma unidade na rua de casa para fazer pequenas compras sem a fila do supermercado. “Compro fixador, tinta de cabelo, sabonete líquido para as netas...Sempre na farmácia. Graças a Deus, não preciso de remédio”, comemora. Já a vendedora Maria Severina Joaquim costuma frequentar as drogarias em busca de produtos de higiene pessoal. “Eu tenho só uma hora de intervalo, então não dá para me deslocar para um lugar distante e demorar na compra. Por uma questão de tempo, venho à farmácia”, completa.

Para Lauro Chaves, o exemplo de Letícia dá pistas sobre o futuro do setor farmacêutico. “A chave da questão é a inovação. Se as farmácias continuassem como eram há vinte ou trinta anos atrás teriam perdido muito mercado. A enorme concorrência força as empresas a procurarem diversificar e melhorar os serviços, como entrega, atendimento e segurança”, afirma o economista.

O presidente da Abrafarma, Sérgio Mena Barreto, defende ainda que os preços dos não medicamentos não sofrem interferência do governo federal e que as vendas dos remédios cresceram (8,10%, de 2018 para 2019) porque os consumidores estão mais preocupados com a saúde. “A população está envelhecendo e está tomando ciência da importância do autocuidado para prevenção de doenças e administração de pequenos sintomas”, argumenta. Neste ano, o varejo farmacêutico já vendeu R$ 25.502.064.602 produtos, contratou 3.828 colaboradores e abriu 428 novas lojas, representando o último número um crescimento de 6,65% em relação a 2018. 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a proporção entre o número de farmácias e o de habitantes de uma cidade seja de, no máximo, uma para cada oito mil. No ano de 1996, a Câmara Municipal de Cuiabá (MT) chegou a aprovar um projeto de lei que limitava a distância mínima entre farmácias a 150 metros de distância. Em 2005, o então prefeito do Rio de Janeiro César Maia (DEM) estabeleceu que pelo menos 200 metros deveriam separar um estabelecimento do setor do outro, regra revogada na gestão de Eduardo Paes (PMDB). “A distância tem que ser até maior. O governo precisaria fazer um mapeamento e ver a necessidade de farmácias para a atender a cada região, estabelecendo uma legislação. Países como Holanda, Alemanha, Dinamarca e Suécia regulamentam isso”, argumenta professor aposentado do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP) e do curso de extensão em Uso Racional de Medicamentos, ministrado na instituição, Moacyr Aizenstein

Lauro Chaves também traz uma visão sobre o setor. “Deverá haver algum tipo de seleção natural do mercado, ou seja, com o tempo, algumas farmácias vão sobreviver e outras não. Localização, serviço e conveniência serão os critérios do consumidor para definir o destino de cada estabelecimento, porque os produtos em si são iguais, neste caso”, acredita o economista. Não é a toa que as esquinas entre vias importantes costumam ser os locais mais disputados pelas empresas do setor. “São as ‘cornershops’ (do inglês, lojas de esquina), que têm maior visibilidade e pegam o fluxo de mais de um rua, gerando mais estímulo de compra. A facilidade no estacionamento é um grande diferencial, assim como a entrega em domicílio”, completa. Chaves

Chaves aposta que, a longo prazo, mesmo as farmácias que primam pelo serviço de qualidade precisarão continuar inovando. “O cenário que vemos para o futuro é o de uma geração que busca uma vida mais saudável e sustentável, praticando atividades físicas e pondo em prática novos hábitos de consumo. Caso o consumo de remédios caia, a farmácia não precisa perder, ela pode entrar nesse outro mercado”, conclui.

Outra clara tendência do mercado é a fusão entre grandes empresas do setor. De acordo com a KPMG, que realiza a Pesquisa de Fusões e Aquisições no Brasil, 967 fusões foram concretizadas no varejo em geral, o equivalente a um crescimento de 16,5% transações do tipo em relação a 2017, um recorde histórico. No final de 2011, as drogarias Raia e Drogasil transformaram-se na poderosa rede Raia Drogasil, que atualmente está presente em 22 estados brasileiros, empregando mais de 36 mil funcionários em mais de 1900 lojas, sendo abertas, em média, 22 delas por mês.

“Aquele momento era propício para as duas empresas se unirem e formarem uma única empresa de varejo farmacêutico, muito mais forte, mais experiente e com capacidade de atuação em todo o território nacional. Os resultados foram ótimos”, garante o presidente da Raia Drogasil, Marcílio Pousada.

Matéria integra a série do LeiaJá ‘Expansão farmacêutica: dos primórdios ao futuro’. Trabalho explica como as grandes redes de farmácias expandem seus negócios no Brasil e registram faturamentos que contrariam a crise econômica. Leia, a seguir, as demais reportagens:

Expansão farmacêutica: dos primórdios ao futuro

Após boticas, ondas farmacêuticas formam expansão do setor

Novo farmacêutico está transformando clientes em pacientes

As projeções do segmento farmacêutico

Está preso o suspeito de estuprar e matar a jovem mãe Aline Dantas, de 19 anos, que desapareceu no dia 8 de setembro, após sair de casa para comprar fraldas para seu bebê, em Alumínio, cidade do interior de São Paulo. O porteiro desempregado Heronildo Martins de Vasconcelos, de 45, que mora na mesma cidade, foi preso em casa, nesta quarta-feira (2), pela equipe da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Sorocaba, que investiga o crime. Vasconcelos nega as acusações, mas teve a prisão temporária decretada pela Justiça.

Conforme a polícia, ele não conhecia a vítima ou sua família e a escolheu por acaso. Os exames indicaram que a Aline foi estuprada antes de ser morta. Ela resistiu ao ataque e lutou com o agressor, conforme indicaram marcas nos braços.

##RECOMENDA##

Exames de DNA mostraram que resíduos de esperma encontrados na vítima eram compatíveis com material colhido do suspeito. Também deu positivo o exame feito com pedaços de pele colhidos sob as unhas de Aline. Vasconcelos já tinha passagem na polícia por tentativa de estupro, em 2012.

Aline saiu para comprar fraldas para a filha de 1 ano e 9 meses e não voltou para casa, na região do bairro Pedágio. Imagens de câmeras mostram a jovem caminhando em direção a uma farmácia, no interior do estabelecimento e voltando para casa.

Uma das gravações mostra um homem seguindo a jovem quando ela decidiu cortar caminho por uma trilha, em um trecho de mata. Segundo a polícia, esse homem seria Vasconcelos.

Na manhã seguinte ao ataque, ele foi a um velório, furtou uma garrafa de álcool gel e voltou ao local do crime para incinerar o corpo, encontrado parcialmente queimado.

A família deu queixa do desaparecimento da jovem, e as buscas foram iniciadas no mesmo dia. Além da polícia, que usou cães farejadores, vizinhos e moradores se mobilizaram. O corpo foi encontrado três dias depois, em meio à mata.

A polícia ouviu 30 pessoas e analisou mais de 100 horas de imagens recolhidas em câmeras de vigilância e monitoramento. Também foram colhidas amostras para exames de DNA de quatro suspeitos, entre eles o homem preso.

Vasconcelos vai responder pelos crimes de estupro e homicídio qualificado. Até a manhã desta quinta-feira, 3, o suspeito não tinha constituído advogado para sua defesa e, por isso, a reportagem não conseguiu contato.

A primeira pesquisa de preço de fraldas infantis realizada pelo Procon-PE constatou uma diferença enorme nos preços cobrados pelo produto nos supermercados e farmácias da capital pernambucana. A maior diferença foi na fralda Huggies Tripla Ação, tamanho P, com 36 unidades. O pacote está no mercado por R$ 35,25 e R$ 17,73, o que representa uma diferença percentual de 98,15%.

Os fiscais do Procon listaram 60 tipos de fraldas infantis e 34 geriátricas, classificadas por marcas, tamanhos e quantidade nos pacotes. De acordo com o órgão, a maior diferença apresentada foram nas fraldas geriátricas: 155,50%. O mesmo produto, da marca Confort Master, tamanho M, com oito unidades, pode ser encontrado por R$ 33,19 e por R$ 12,99.

##RECOMENDA##

De acordo com a gerente de fiscalização do Procon-PE, Danyelle Sena, esse é mais um meio para ajudar o consumidor na hora da compra. “Já realizamos pesquisa mensais de medicamentos, da cesta básica e agora vamos incluir no nosso cronograma a de fraldas, para ajudar o consumidor a encontrar o produto mais barato", pontua.

A Farmácia Escola Carlos Drummond de Andrade (FECDA) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) teve suas atividades suspensas. A causa foi um incêndio de médias proporções que atingiu o local no último sábado (11). Em nota, a UFPE afimou, nesta terça-feira (14), que a paralisação é temporária.

"Todos os esforços da coordenação e da Administração da UFPE estão sendo realizados no sentido de reestabelecimento das atividades o mais breve possível". ressalta a instituição, por meio de comunicado oficial. 

##RECOMENDA##

Por causa da suspensão, o público interno e externo da UFPE não terá acesso às atividades de manipulação e dispensação de medicamentos, bem como a realização de estágio curricular.

LeiaJá também

-> UFPE só tem dinheiro para funcionar até o fim de maio

-> Deputados e reitores se juntam em prol da educação

 

Acusada por um funcionário de ter roubado um creme preventivo de assaduras em uma farmácia, Maria Angélica Calmon, de 54 anos, veio à público desabafar sobre a situação motivada, segundo ela, por conta da cor de sua pele. O caso de racismo aconteceu na unidade da Drogasil que fica dentro do Salvador Shopping, na Bahia.

Angélica relata que a situação aconteceu no dia 17 de abril, quando foi encontrar com a sua mãe, filha e neta que estavam comprando remédios de uso diário da matriarca da família que tem 86 anos e sofre de pressão alta e problemas cardíacos.

##RECOMENDA##

"Enquanto elas compravam, fiquei olhando alguns hidratantes e depois fui ao encontro delas que já estavam se dirigindo ao caixa para efetuar o pagamento", compartilha Angélica. Ela afirma que por volta das 21h, mais de duas horas depois de ter saído da drogaria, foi abordada por um funcionário da empresa, que se apresentou como Willam.

Neste momento, Maria Angélica aponta que o rapaz disse que ela havia furtado o produto da farmácia. Ela chegou a dialogar com o Willam dizendo que se fosse uma brincadeira, "era de mau gosto".

"Nesta altura, minha neta estava apertando a minha mão com os olhos 'esbugalhados' de medo. Perguntei para o sujeito se ele tinha ciência de que estava me constrangendo por algo que tinha certeza absoluta de não ter feito, e ele tornou a repetir: 'nós vimos nas câmeras", relatou.

Se vendo numa situação constrangedora, já que a abordagem aconteceu na praça de alimentação que estava, segundo Angélica, lotada, ela confirmou sua inocência. "Moço, eu não peguei nada, minha mãe comprou um remédio e pagou, o senhor está me caluniando e me constrangendo em praça pública; o senhor quer ver minha bolsa? Ele disse: 'quero", lembra.

Calmon diz ter pedido para que uma funcionária do parque de brinquedos do shopping fosse testemunha da situação e abriu a bolsa para que o Willam confirmasse que ela não havia roubado nada.

"Quando ele viu que não tinha nada, disse para mim: 'não precisava disso'. Nesse momento, saí do sério e comecei a gritar: 'seu racista, mentiroso, preconceituoso, vou processar vocês, isto é crime de injúria e calúnia", acentua Angélica. Ela complementa que até o momento em que começou a gritar ninguém do Salvador Shopping apareceu em seu socorro.

"Só quando gritei, perturbando a paz e a ordem, apareceram dois seguranças. Mas enquanto eu estava sendo exposta junto com a minha neta, ninguém apareceu nem prestou qualquer tipo de auxílio ou ajuda", exclama.

Maria Angélica prestou queixa no Serviço de Atendimento ao Cliente do Salvador Shopping e na 16ª Delegacia de Polícia da cidade, entrando com um processo criminal contra a Drogasil. "Não acreditei que isso pudesse ter acontecido comigo. Até então, me iludia achando que em Salvador, por ter a maioria da sua população negra, não existia racismo", aponta.

A vítima confirma ainda que o fato só foi tardiamente compartilhado porque estava se recuperando do “susto”, após ter sua autoestima colocada em “migalhas”. O LeiaJá entrou em contato com a assessoria da Drogasil, mas não conseguiu posicionamento da empresa até o fechamento desta reportagem.

Um grupo de 25 farmacêuticos vai oferecer atendimento de saúde gratuito à população neste próximo domingo (28), no Parque da Jaqueira, na Zona Norte do Recife. A ação social será realizada das 8h às 14h, onde o público poderá aferir pressão arterial e glicemia, medir altura e se pesar, além de tirar dúvida sobre o uso de medicamentos.

A iniciativa é encabeçada por alunos da pós-graduação em farmácia clínica, e surgiu na própria faculdade. “Qualquer pessoa pode ser atendida. O interessado será acolhido por um grupo de alunos que vão coletar informações do paciente e encaminhar para os atendimentos”, explica o coordenador Diego Medeiros.

##RECOMENDA##

Serviço

Quando: domingo, 28 de abril de 2019

Horário: das 8h às 14h

Onde: Parque da Jaqueira (próximo da pista de patinação) – Avenida Rui Barbosa, s/n, Jaqueira (Recife, PE)

O uso indevido de medicamentos, sem ajuda de um profissional, é muito frequente, mas prejudicial à saúde. A professora e coordenadora do curso de Farmácia da UNAMA - Universidade da Amazônia, farmacêutica Marcella Almeida, alerta sobre os riscos da automedicação e orienta sobre o caso de venda indevida de remédios controlados. “A venda não autorizada de medicamentos controlados é considerada um tráfico de drogas”, disse Marcella Almeida. 

A maneira correta de adquirir remédios é com prescrição médica. O uso sem a receita médica, adverte Marcella, é um risco para a saúde das pessoas. “Isso acontece continuamente dentro das farmácias. Muitos medicamentos hoje, no Brasil, são vendidos sem receita, até mesmo aqueles que precisam de receita médica, isso é uma prática que infelizmente ocorre no nosso país.”

##RECOMENDA##

Para entender melhor sobre o assunto, o LeiaJá entrevistou Marcella Almeida. Siga a entrevista na íntegra.

LeiaJá - Que cuidados as pessoas precisam ter ao comprar medicamentos?

Marcela Almeida  - O primeiro cuidado que devemos ter é comprar em um local com orientação do médico ou farmacêutico. Quando vamos fazer a automedicação, aqueles remédios para sintomas comuns como a dor de cabeça, a febre, a gripe e o resfriado, que estão tendo agora nessa época do ano, a gente precisa sempre ter a orientação dos farmacêuticos porque ele irá indicar um medicamento correto. O ideal é sempre buscar a ajuda deste profissional para fazer o uso do medicamento correto.

LeiaJá - O uso de medicamentos sem receita é um risco para as pessoas?

Marcela Almeida  - Isso acontece continuamente dentro das farmácias. Muitos dos medicamentos vendidos hoje no Brasil são vendidos sem receita, até mesmo aqueles que precisam de receita médica, isso é uma prática que infelizmente ocorre no nosso país. O ideal é que sempre se tenha orientação. O profissional farmacêutico precisa estar presente para tirar dúvidas de como se deve usar o medicamento, como armazenar, e principalmente, no final da medicação, como você deve descartar.

LeiaJá - Qual o papel do farmacêutico? De que forma ele contribui para a indicação de medicamentos?

Marcela Almeida  - Hoje, o papel do farmacêutico tem uma nova cara. Além de ter a capacitação para indicar e orientar sobre a medicação, ele também está habilitado para fazer outros serviços, como orientação da glicemia, da pressão arterial, o que o paciente pode associar com outros medicamentos. Nas grandes redes de farmácias ainda observamos esse papel do farmacêutico. Já nas farmácias menores, em que o farmacêutico geralmente é dono, a gente não vê essa práatica com tanta rotina, mas existe.

LeiaJá - É frequente as pessoas procurarem a ajuda de um farmacêutico para usarem determinados medicamentos em vez de procurar um médico?

Marcela Almeida  - Existem algumas situações que fazem a população procurar diretamente o profissional farmacêutico. Uma muito comum é o acesso da população aos serviços de saúde, principalmente quando eles utilizam o serviço público, pelas dificuldades e filas. Por nós termos farmácias em cada esquina e sempre ter a presença do farmacêutico, isso faz com que eles nos procurem para indicar medicamentos, ainda mais quando são para pequenos males como dor de cabeça, diarreia, problemas dermatológicos. Eles geralmente nos procuram pela facilidade de ter um profissional farmacêutico sempre perto e muito mais acessível. Hoje nós temos respaldadas pela legislação as consultas farmacêuticas. Foi o que o nosso Conselho Federal de Farmácia conseguiu em uma luta de anos, para regulamentar uma prática que já fazíamos informalmente. Porém, essa consulta farmacêutica sempre estará relacionada aos medicamentos e não a diagnosticar uma doença.

LeiaJá - A senhora acha que as pessoas precisam ser mais informadas sobre o risco de se automedicarem?

Marcela Almeida  - Com toda certeza. Apesar de a gente já ter várias propagandas, inclusive do Ministério da Saúde, quem acompanha nas redes sociais verifica que uma vez ou outra tem umas chamadas em relação à automedicação. Mas isso é uma prática cultural do país. A gente se automedica e ainda indica para o vizinho, o pai, a mãe. Se a automedicação for orientada por um farmacêutico, ela é segura; mas se for por pessoas leigas, isso traz um sério risco à saúde. A maioria dos registros por intoxicação é por medicamentos, está registrado no banco de dados do Ministério da Saúde, e umas das primeiras causas de internação de crianças e idosos. A automedicação precisa ser levada a sério e a população precisa ser informada.    

LeiaJá - Nos dias de hoje, vemos casos de suicídios através da automedicação. Se alguém chegar a uma farmácia para comprar várias medicações tarja preta, o profissional tem como identificar? De que forma?

Marcela Almeida  - Existe, sim, essa possiblidade. Quando a pessoa tem a intenção de utilizar medicamentos com o intuito de suicídio ela sempre vai buscar uma grande quantidade de medicamentos ou medicamentos mais fortes, que são os de tarja preta ou controlados, mas somente o farmacêutico pode vender. Nem o balconista pode vender e tem que ter a receita médica, o que inibe a venda desses tipos de medicamentos. Porém, se a pessoa já faz a utilização desses medicamentos, existe um grande risco de ela usar o próprio medicamento do tratamento, como pacientes que têm depressão ou ansiedade. Por isso a grande importância desse profissional estar sempre junto nas farmácias, orientando.

LeiaJá - Referente às farmácias clandestinas, já se ouviu algum caso de venda de remédios controlados de forma indevida?

Marcela Almeida  - Em relação aos medicamentos controlados, as farmácias precisam de uma autorização da Vigilância e o Conselho precisa estar respaldado. Em Belém, a nossa fiscalização é muito atuante nesse papel. Temos fiscalização frequente e isso vem se expandindo no Pará inteiro, graças à ação do nosso Conselho. A venda não autorizada de medicamentos controlados é considerada um tráfico de drogas.

LeiaJá - São grandes os problemas com medicamentos?

Marcela Almeida  - Sim, muitos, principalmente em pessoas que têm uma doença de base, como os hipertensos, os asmáticos, os diabéticos, que já fazem a utilização de uma determinada medicação e acabam, pela automedicação, tomando outros. E esses trazendo novos problemas ou agravando o problema que o paciente já tem. Essas informações dos medicamentos são mapeadas para que assim a gente possa ter uma noção de quais os problemas estão acontecendo dentro da população.

Por Suellen Cristo.

 

O Uruguai abrirá em fevereiro uma nova licitação para que cinco novas empresas comecem a produzir maconha com fins recreativos para ser vendida nas farmácias, informou o governo nesta quinta-feira (6).

A licitação, que será aberta em 11 de fevereiro, será para até cinco empresas que deverão produzir 2.000 kg de cannabis por ano, em terrenos de três hectares que serão fornecidos pelo Estado uruguaio e contarão com segurança pelas autoridades, detalhou a Presidência.

"Essas empresas se unirão às duas que atualmente produzem" maconha, explicou em coletiva de imprensa o chefe de gabinete da Presidência uruguaia, Juan Andrés Roballo.

A venda em farmácias está habilitada desde julho do ano passado. Mais de 31.000 pessoas se registraram para comprar. Além disso, existem mais de 7.000 produtores e 110 clubes filiados, de acordo com os últimos números oficiais disponíveis.

"O mercado formal arrebatou pelo menos 10 milhões de dólares do comércio de drogas em apenas um ano e meio", disse Roballo, referindo-se aos efeitos da inovadora legislação uruguaia, aprovada em 2013, que permite o cultivo doméstico, cooperativo e a compra de cannabis produzida pelo Estado.

"Trata-se de dinheiro do mercado regulado, que é impedido de atingir o tráfico de drogas e, portanto, financia atividades criminosas", acrescentou Roballo.

Na manhã desta sexta-feira (23), policiais militares do 13º Batalhão da Polícia Militar (BPM) conseguiram abortar um assalto a uma farmácia. O estabelecimento fica localizado na Encruzilhada, bairro da Zona Norte do Recife. 

Três suspeitos chegaram a fazer reféns na farmácia, mas foram presos pelos policiais. Os agentes apreenderam arma de fogo, simulacro, material utilizado para arrombar cofres, e dois celulares com queixa de roubo.

##RECOMENDA##

Também conseguiram recuperar R$ 3.950,00 em dinheiro. Um dos acusados é ex-presidiário.

O aluno do curso de Farmácia da Univeritas/UNG, Vinícius de Castro Rodrigues, venceu em 1º lugar o 5º Simpósio Internacional sobre Design e Desenvolvimento de Drogas para Doenças Negligenciadas, que ocorreu na Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP). 

O estudante apresentou os resultados da sua pesquisa de iniciação científica sobre o reaproveitamento clínico de drogas diuréticas e pela complexidade dos resultados venceu entre todos os trabalhos expostos no evento, a maioria desenvolvidos por doutores e pesquisadores de grande experiência.

##RECOMENDA##

Rodrigues faz parte do Núcleo de Pesquisa em Doenças Negligenciadas da instituição de ensino. Para conhecer as pesquisas desenvolvidas e a estrutura do laboratório do nucléo da universidade, basta visitar o subsolo do Prédio U do campus Guarulhos, na Grande São Paulo.

Serviço:

Núcleo de Pesquisa em Doenças Negligenciadas da Univeritas/UNG

Local: Praça Tereza Cristina, 88, Centro, Guarulhos, São Paulo.

 

O aposentado Carlos Alberto (de camisa azul) passou a receber atendimentos de saúde nas próprias farmácias. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

##RECOMENDA##

Disposto a uma conversa agradável e sempre pronto para compartilhar uma boa piada, o aposentado Carlos Alberto Fernandes Seixas, de 56 anos, reflete bem-estar. Além da feição feliz, o recifense demonstra uma saúde admirável e revela ser um dos brasileiros que não abrem mão de manter consultas médicas rotineiras. Ele entende que cuidar do próprio corpo, sob orientações de profissionais especializados, é fundamental para quem almeja uma boa condição física. Mais do que isso, Paulo também faz questão de praticar exercícios com regularidade, guardando um carinho especial pelas suas indispensáveis caminhadas em ruas da Zona Norte da capital pernambucana.

Morador do tradicional bairro de Casa Amarela, um dos mais populosos do Recife, ele revela que - entre uma caminhada e outra - um endereço é destino obrigatório na sua rota. Há pelo menos dois anos, ele frequenta com regularidade uma das farmácias da rede Pague Menos. Na unidade, o aposentado descobriu e incluiu em sua rotina os atendimentos clínicos realizados por farmacêuticos, que vão de testes rápidos, como o de glicemia, até aferição de pressão arterial. Sua confiança pelo serviço ganhou mais força quando, ao ser orientado por um desses profissionais, checou uma informação junto a sua médica.

“Uma pessoa maravilhosa é o Adriano, o farmacêutico que me atende sempre. Inclusive, tive um problema na próstata; falei com Adriano, ele viu todos os exames e informou que estava tudo bem comigo. Como sou exigente, levei os exames para a minha médica, que confirmou e elogiou o serviço da farmácia. Isso me fez dar mais crédito ainda. É uma prova de que o serviço farmacêutico mudou, antigamente os farmacêuticos apenas entregavam o remédio para comercializar. Hoje, no entanto, eles olham o lado humano do cliente. Estou tendo um atendimento maravilhoso”, conta o aposentado.

Cliente assídua da farmácia, assim como Seu Carlos, a dona de casa Valdenice Almeida, 69 anos, também adotou o serviço farmacêutico. Ela reside no bairro há 18 anos, mas só há cerca de três anos passou a ter orientação sobre saúde na própria unidade. “Passo aqui, faço aferição e recebo muitas informações. Antes, o cliente só consumia remédio, mas após esse serviço ficou muito melhor. A gente compra e ainda cuida da nossa saúde. O próprio atendimento melhorou”, opina.

 Outro cliente que passou a receber atendimentos farmacêuticos regularmente, o aposentado José Arthur de Sá, 73, acredita que o serviço é um diferencial importante no concorrido mercado de farmácias. Sempre que volta da academia onde pratica exercícios físicos, Seu José faz questão de entrar na unidade recifense para realizar exames rápidos ou simplesmente bater um papo descontraído com a equipe farmacêutica. Na sua ótica, esse tipo de emprendimento não é um simples ponto comercial; é também, para ele, um espaço de saúde que tem o objetivo de contribuir para a população brasileira.

“Diariamente, mais ou menos umas 10h, passo aqui para comprar produtos. Além disso, no meio da semana, venho aferir a pressão e fazer um exame rápido. Preciso me cuidar porque tenho 73 anos e quero ter um final feliz de vida" afirma José, que ainda elogia as conversas e orientações atenciosas dos farmacêuticos.

  

O aposentado José Arthur de Sá incluiu em sua rotina a assistência farmacêutica / Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Todo esse serviço clínico aplicado desde 2014 pelas grandes redes era chamado por especialistas do segmento como “revolução silenciosa”. Hoje, no entanto, a revolução já ecoa em alto tom por muitas unidades. Encabeçada pela Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), a ação pretende massificar nos estabelecimentos o serviço de saúde no âmbito da assistência farmacêutica. Empresas do setor estão recebendo consultoria sobre a iniciativa, bem como profissionais da área têm à disposição inúmeras capacitações contínuas - que facilitam a adequação à essa nova realidade de mercado -. O conjunto dessas ações impacta, consequentemente, nas esferas econômica, profissional e - principalmente -na saúde dos clientes. Praticamente, todos os serviços são gratuitos. 

Adriano Costa, o farmacêutico elogiado por Seu Paulo e outros clientes, acredita que os atendimentos começaram a modificar a formação dos profissionais da área. De acordo com ele, o mercado não tem espaço para um farmacêutico que se atenha apenas a vender ou encontrar o produto do cliente na prateleira. É preciso, sobretudo, segundo Adriano, se enxergar como profissional da saúde, que tem um papel importante em prol do bem-estar da sociedade.

>> Fortalecimento das salas clínicas e um mercado que propaga saúde

De acordo com a Abrafarma, a quantidade de estabelecimentos com salas onde são realizados os serviços farmacêuticos mais do que dobrou nos últimos 12 meses. O número saiu de 605 para 1.670 unidades, que corresponde a um avanço de 176%. Ainda segundo a Associação, a previsão é que, até o final deste ano, sejam realizados 2,6 milhões de atendimentos nas grandes redes de farmácias. Essa estimativa otimista reflete explicitamente o crescimento exponencial desse tipo de atividade, uma vez que a projeção representa praticamente o dobro do número de ações registradas em 2017 no setor: 1,4 milhão de atendimentos.

Os levantamentos da Abrafarma ainda vislumbram uma expansão nos serviços realizados nas unidades, principalmente os que são considerados como "avançados". Segundo a instituição, dos 1.670 estabelecimentos que dispõem de salas clínicas, mais de 900 contam com oito programas de saúde apontados nessa categoria. A projeção é que, até o final de 2018, esse número passe de 2 mil estabelecimentos. 

 

Na Pague Menos, o serviço de atendimento farmacêutico, iniciado em 2014, foi batizado de 'Clinic Farma'. A rede estipula que realizou, apenas no primeiro semestre deste ano, cerca de 3 milhões de procedimentos clínicos, duas vezes mais do que o ano passado. Das quase mil lojas da rede distribuídas em 26 estados brasileiros, mais de 700 unidades contam com salas clínicas. De acordo com a gerente nacional da Clinic Farma, Socorro Simões, todo o trabalho voltado para a saúde, além de ser uma exigência do mercado farmacêutico, empodera os profissionais da área e fideliza ainda mais a relação da empresa com os clientes.

“Cada vez mais, queremos levar saúde à população brasileira - que está sempre procurando esse serviço -. É um atendimento que acaba empoderando o profissional a atuar, prestando uma atenção farmacêutica eficiente. Hoje a gente já nota que o cliente entende que é um serviço diferenciado. O público pode agendar para um atendimento contínuo ou pode começar a receber orientação quando chega às nossas unidades dentro do horário comercial”, explica Socorro Simões.

Segundo a coordenadora farmacêutica da Pague Menos em Pernambuco, Micalyne Egito, o avanço dos serviços farmacêuticos não dispensa o atendimento médico. De acordo com ela, esse é o alerta feito pelos profissionais da área durante os contatos com os clientes. No áudio a seguir, Micalyne dá mais detalhes do serviço e faz uma projeção sobre as tendências do segmento.

Presidente-executivo da Abrafarma, Sérgio Mena Barreto aposta nas experiências internacionais para continuar o fortalecimento do atendimento farmacêutico no Brasil. O gestor ainda reforça que é importante para os especialistas do segmento de saúde e, principalmente, para a própria população, um trabalho conjunto entre, por exemplo, os profissionais de farmácia e os médicos de diferentes áreas.

“No mundo inteiro, a farmácia tem ocupado um papel de mais protagonismo na saúde, por ser um local de maior proximidade com a população e o farmacêutico por ser um profissional que entende de doença e medicamentos. O farmacêutico pode ser um protagonista, auxiliando o tratamento médico. Para se ter uma ideia, nos Estados Unidos, o governo ou planos de saúde pagam para o farmacêutico organizar ou gerir medicamentos de um paciente, porque não é o médico que faz isso, e sim o profissional de farmácia”, explica o presidente da Abrafarma. 

Barreto valoriza ainda o contato profissional que é feito com o cliente. É um vínculo, segundo ele, que perpassa a questão comercial da venda de um medicamento ou qualquer outro produto, passando a permear o âmbito da saúde. “É ali, no atendimento clínico farmacêutico, que o cliente pode ter uma conversa muito mais franca sobre como ele se sente, sobre algum medicamento que ele usa ou por que não conseguiu mudar o hábito alimentar. O serviço ainda é uma novidade no Brasil, a gente aprovou uma lei em 2014 trazendo de novo este papel para as farmácias. Defendemos que a farmácia pode fazer três coisas: a primeira delas é identificar risco, fazendo testes rápidos. Você faz 25 testes na ponta do dedo, como diabetes, colesterol, dengue, um verdadeiro painel de identificação. Isso já tinha na Europa há muito tempo. Muito em breve vai se ver nas farmácias pequenas. O segundo ponto: imunização, ou seja, prevenção por meio de vacinas. Além disso, o terceiro é fazer com que o paciente que é crônico não abandone o tratamento”, detalha.

Campanhas compartilham saúde - Com o objetivo de combater doenças que afetam a população brasileira, grandes redes de farmácias, sob organização da Abrafarma, realizam, desde março deste ano, campanhas de saúde que conscientizam os clientes, de maneira gratuita, sobre os riscos de diferentes diagnósticos. A primeira ação tratou de obesidade. De acordo com a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), quase 20% dos brasileiros sofrem com o problema e mais da metade da população é acometida por sobrepeso. Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, uma em cada cinco pessoas é obesa.

De 26 a 30 de março, os consumidores puderam solicitar aos farmacêuticos avaliação de peso, altura, taxa de gordura corpórea e orientações para controle do peso. O balanço da Abrafarma aponta que, especificamente nessa campanha, mais de 14 mil pessoas foram atendidas. Além disso, outro recorte impressiona: sete a cada dez clientes atendidos apresentaram sobrepeso.

Em junho deste ano, mais de mil farmácias, oriundas de dez grandes redes, realizaram a campanha de combate à asma. Segundo balanço das empresas, 7.211 clientes receberam atendimentos; foram realizados testes de controle da doença categorizados da seguinte maneira: "Excelente", "Bom" e "Mau".

Outro destaque foi a campanha realizada em agosto deste ano, direcionada a ações de combate ao colesterol. Segundo pesquisa da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), cerca de 60 milhões de brasileiros apresentam níveis altos de colesterol. Durante a campanha, 7.508 clientes foram atendidos em mais de 180 lojas.

Até novembro deste ano, vários problemas de saúde que devem ser combatidos estarão em pauta nas campanhas das grandes redes. Os calendários são divulgados nas redes sociais da Abrafarma e das farmácias envolvidas. 

Em 2017, foram realizadas nove campanhas de saúde no período de março a novembro. Mais de mil farmácias participaram das ações, promovendo um número superior a 80 mil atendimentos. Segundo levantamento da Abrafarma, cerca de 3 mil farmacêuticos atuaram durante as intervenções.

>> Vacinação amplia leque de serviços nas farmácias 

Em dezembro do ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por meio da sua Diretoria Colegiada, aprovou resolução que permite qualquer estabelecimento de saúde realizar vacinações, como farmácias e drogarias. “A norma dá ao setor regulado mais clareza e segurança jurídica quanto aos requisitos que devem ser seguidos em todo o território nacional. Além disso, as vigilâncias sanitárias das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde poderão exercer a fiscalização a partir de norma mais objetiva e uniforme quanto às diretrizes de Boas Práticas em serviços de vacinação, independentemente do tipo de estabelecimento”, informou o órgão em seu site oficial.

De acordo com a Anvisa, a população poderá identificar os pontos de farmácias que dispõem do serviço. Esses estabelecimentos deverão respeitar requisitos de qualidade e segurança já definidos pela Agência, “além de ter sua rotina facilitada pelo aumento das opções de escolha quanto ao local de prestação do serviço”. 

A seguir, é possível conferir ponto a ponto dos requisitos mínimos estabelecidos pela Anvisa para essa prática nos estabelecimentos em todo o país:

• Licenciamento e inscrição do serviço no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES);

• Afixação do Calendário Nacional de Vacinação, com a indicação das vacinas disponibilizadas;

• Responsável técnico;

• Profissional legalmente habilitado para a atividade de vacinação;

• Capacitação permanente dos profissionais;

• Instalações físicas adequadas, com observação da RDC 50/2002 e mais alguns itens obrigatórios a exemplo do equipamento de refrigeração exclusivo para a guarda e conservação de vacinas, com termômetro de momento com máxima e mínima;

• Procedimentos de transporte para preservar a qualidade e a integridade das vacinas;

• Procedimentos para o encaminhamento e atendimento imediato às intercorrências;

• Registro das informações no cartão de vacinação e no Sistema do Ministério da Saúde;

• Registro das notificações de eventos adversos pós vacinação e de ocorrência de erros no Sistema da Anvisa;

• Possibilidade de vacinação extramuros por serviços provados; e

• Possibilidade de emissão do Certificado Internacional de Vacinação ou Profilaxia (CIVP).

Inicialmente, a vacinação em farmácias era realizada nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina e em Brasília. Agora, a partir da regulamentação da Anvisa, o serviço está sendo levado para as demais regiões. “Vacina é um problema no Brasil. A gente tem uma cobertura boa com crianças e idosos, mas da população de 20 a 59 anos, 64% das pessoas não se vacinam. E o adulto, nessa faixa a partir dos 20, deveria tomar umas 12 vacinas. A gente vai começar a viver uma nova era na saúde brasileira por causa dos novos papéis das farmácias”, explica presidente-executivo da Abrafarma.

Ainda de acordo com a gestão da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias, é de se comemorar a autorização por parte da Anvisa. Além disso, para Sérgio Mena Barreto, a questão financeira terá um impacto positivo para a população, já que a tendência é que as vacinações sejam barateadas, em comparação com clínicas privadas.“O custo é outro problema importante. Em uma vacina de gripe, por exemplo, se cobra até R$ 180. Uma farmácia pode trabalhar em uma faixa entre R$ 70 e R$ 80”, opina.

Em artigo publicado no último mês de julho, a Associação reitera sua posição sobre o trabalho dos profissionais de farmácia também na vacinação. Segundo o texto, as unidades vinculadas a grandes redes estão pontas para oferecer o serviço. 

“O estímulo ao autocuidado torna-se uma estratégia ainda mais necessária em razão da baixa cobertura vacinal no Brasil. Essa realidade contribui para que doenças já erradicadas voltem a preocupar autoridades sanitárias e profissionais de saúde. A ameaça do ressurgimento de males como sarampo, rubéola e poliomielite levou até a criação de uma força-tarefa envolvendo Brasil, Argentina, Chile e Paraguai. Entidades como a Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim) mostram-se atentas ao tema e alertam para a importância de incentivar a vacinação especialmente entre crianças. As farmácias podem ter um importante papel no aumento da cobertura vacinal, atuando na imunização e também como pontos de educação em saúde. Desde 2017, esses estabelecimentos podem oferecer vacinação e centenas de farmácias em todo o país já contam com o serviço”, diz trecho do artigo.

Um posicionamento oficial da Sbim orienta que sejam respeitadas exigências importantes para o funcionamento dos serviços de vacinação humana. “A entidade participou ativamente no período da consulta pública da proposta, com o envio de várias sugestões, e elaborou uma Nota Técnica sobre a questão, disponibilizada na página da entidade (sbim.org.br) em 13/07/2017. Na ocasião, já ressaltávamos algumas situações de risco que necessitam ser muito bem avaliadas na nova realidade”, consta no posicionamento. Confiram alguns pontos reforçados pela Sociedade Brasileira de Imunizações em um comunicado oficial:

A SBIm entende que os imunobiológicos só devem ser ofertados se for possível cumprir todos os processos que garantam a segurança dos pacientes, entre os quais: triagem de indicações e contraindicações; correto manuseio, conservação, preparo e administração das vacinas; registro e descarte apropriado de resíduos, assim como atendimento e notificação de eventos adversos imediatos e tardios.

Além disso, a estrutura física deve ser adequada para que todos os procedimentos (antes, durante e após a vacinação) possam ser desenvolvidos com segurança. As boas práticas incluem, ainda, fornecer orientações, zelar pelo indivíduo em todas as fases do processo e se responsabilizar pela conduta diante de quadros adversos. Ou seja, serviços de vacinação não podem ser confundidos com administradores de produtos segundo protocolos.

As atividades de vacinação são complexas e somente podem ser exercidas por profissionais capacitados e em estabelecimentos devidamente licenciados para esse fim pela autoridade sanitária. O trabalho de fiscalização por parte dos órgãos competentes se tornará cada vez mais importante. Do contrário, a população pode ser penalizada.

Segundo estudo realizado pelo Ibope Inteligência, com a participação de mais de 2 mil pessoas, 52% dos entrevistados aprovam a implementação do serviço de vacinação nas farmácias. Em outro recorte, a pesquisa aponta que 81% dos participantes do levantamento demonstram segurança para receberem vacinas em estabelecimentos farmacêuticos.  

>> Um mercado ainda mais exigente

A propagação dos serviços de saúde que beneficiam os clientes das grandes redes proporciona ainda um impacto profundo na formação dos farmacêuticos brasileiros. Com a adesão das empresas ao fortalecimento da assistência farmacêutica em seus estabelecimentos, consequentemente, o próprio mercado passou a exigir profissionais ainda mais qualificados e empoderados, cientes de que têm um papel importante em prol da população.

Para especialistas e professores da área de farmácia, os cursos de graduação precisam intensificar uma formação que trate o farmacêutico como um autêntico profissional de saúde, que não se resumirá a entregar os produtos exigidos pela clientela. Aos 26 anos, Robson Oliveto dos Santos, natural de Recife, ingressou na graduação atento às exigências do mercado. O jovem sempre quis atuar nas redes de farmácia e, para isso, compreendeu que o hoje o mercado cobra, além de formação superior, capacitações contínuas.

“Há alguns anos, prestei serviço em uma rede de drogarias e percebi como o mercado era amplo para os farmacêuticos. Inicialmente fiz o curso técnico e posteriormente entrei na graduação. O profissional farmacêutico é preparado para atuar em várias áreas, mas o meu intuito é trabalhar nas empresas. Gosto bastante do trabalho voltado para os atendimentos farmacêuticos, porque todos esses projetos valorizam os profissionais”, diz o graduando do quinto período.   

De acordo com o farmacêutico da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e chefe do setor de farmácia do Hospital das Clínicas, localizado no Recife, José de Arimateia Rocha, a profissão ganhou novos ares. Para ele, o farmacêutico passou a ser visto como um profissional de saúde que está pronto para atender a população. 

“Com a industrialização dos medicamentos, a função do farmacêutico boticário foi sendo desvalorizada, porque no lugar de você fabricar o medicamento, apenas entregava o produto. No Brasil, na década de 60, essa industrialização foi muito forte. Mas o tempo todo as entidades e universidades reivindicavam a volta da atuação dos profissionais para as farmácias, porque o medicamento, mesmo industrializado, requer uma orientação especializada para o público. E hoje, com a exigência da presença de farmacêuticos nas lojas, nossa profissão ficou fortalecida. Foi um retorno importante desse trabalhador ao mercado”, explica José de Arimateia.

“Essa atividade nas farmácias é um ganho significativo para a população. Fora do Brasil, por exemplo, não existe farmácia sem farmacêutico. Nós despertamos nos últimos quatro, cinco anos. A população é quem ganha. Vale lembrar que o médico ainda é quem define o diagnóstico. Se o farmacêutico tiver algum questionamento, ele precisa levar a informação ao médico”, acrescenta o especialista.

O farmacêutico ainda explica que o foco principal do mercado é o comércio no âmbito das farmácias e drogarias, pois são os principais empregadores. Por isso, é preciso conhecer bem os medicamentos e os serviços. "Hoje são oferecidos muitos cursos de atualização e pós-graduação, que são atividades essenciais para a formação de um bom profissional de farmácia. Há uma evolução de profissionais no mercado e quem se qualificar e tiver mais competência vai ficar no mercado. Até os bons profissionais precisam se qualificar mais”, finaliza.

Segundo dados do ‘Perfil do Farmacêutico no Brasil’, produzido em 2015 pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF), 27% dos profissionais da área atuavam em drogarias e farmácias das grandes redes. Em 2016, o CFF divulgou que há mais de 200 mil farmacêuticos inscritos nos conselhos regionais do país, mas não detalhou quantos desses estão trabalhando. A Abrafarma estipulou, no ano passado, que as grandes redes contam com mais de 22 mil farmacêuticos empregados, conforme levantamento feito pela Universidade de São Paulo (USP). 

Com a área de atuação fortalecida pelos serviços clínicos, a formação do farmacêutico precisa dedicar boa parte da sua duração às experiências de atendimento aos clientes. Qualificação contínua, nesse quesito, é primordial. Em entrevista ao LeiaJá, a doutora em Fármaco e Medicamentos pelo Departamento de Farmácia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP), Maria Aparecida Nicolettis, contextualiza de maneira aprofundada os cenários que vão da graduação à atuação dos profissionais no mercado. Confira a entrevista: 

LeiaJá: Como a senhora explica o trabalho realizado pelos profissionais de farmácia no Brasil? O que mudou desde que os atendimentos clínicos passaram a ser fortalecidos nas grandes redes?

Doutora Maria Aparecida Nicolettis: A Farmácia Clínica teve origem nos Estados Unidos, na década de 60, quando - ao final dessa década - houve a inclusão de disciplinas dessa área no currículo dos cursos de farmácia norte-americanos e é entendida como uma filosofia na qual o farmacêutico deve utilizar seu conhecimento profissional para promover o uso seguro e apropriado de medicamentos, em equipe multiprofissional de saúde. A Farmácia Clínica surgiu em ambiente hospitalar e estabelece uma supervisão contínua do paciente. Atualmente, incorpora a filosofia do Pharmaceutical Care (Cuidado Farmacêutico) e, como tal, expande-se a todos os níveis de atenção à saúde e pode ser desenvolvida em hospitais, ambulatórios, unidades de atenção primária à saúde, farmácias comunitárias, instituições de longa permanência e domicílios de pacientes, entre outros.

Segundo Robert Miller (1968), “A Farmácia Clínica é a área do currículo farmacêutico que lida com a atenção ao paciente com ênfase na farmacoterapia. A Farmácia Clínica procura desenvolver uma atitude orientada ao paciente. A aquisição de novos conhecimentos é consequência do desenvolvimento de habilidade de comunicação interprofissional e com o paciente”.

O Conselho Federal de Farmácia conceitua Farmácia Clínica como “área da farmácia voltada à ciência e prática do uso racional de medicamentos, na qual os farmacêuticos prestam cuidado ao paciente, de forma a otimizar a farmacoterapia, promover saúde e bem-estar, e prevenir doenças”.

Portanto, as atribuições clínicas do farmacêutico visam proporcionar cuidado ao paciente, família e comunidade, de forma a promover o uso racional de medicamentos e otimizar a farmacoterapia, com o propósito de alcançar resultados definidos que melhorem a qualidade de vida do paciente.

No contexto da Farmácia Clínica foram estabelecidas as atividades clínicas do farmacêutico relacionadas ao cuidado ao paciente e, portanto, o cuidado farmacêutico deve ser realizado em modelo biopsicossocial - entendendo o indivíduo em sua integralidade.

LeiaJá: Em termos de formação universitária, de que maneira as nossas universidades devem formar os futuros farmacêuticos, levando em consideração as exigências do mercado?

 Nicolettis:  A Farmácia Universitária deve estar alinhada ao Projeto Político Pedagógico dos Curso de Farmácia da IES e apresenta uma importância fundamental na formação acadêmica por meio na integração do conteúdo teórico de sala de aula à prática na vivência com o paciente e, também, o desenvolvimento da prática em equipe multiprofissional. O egresso do Curso de Farmácia deve apresentar uma formação sólida para o entendimento e manejo das necessidades do paciente, família e comunidade na prática do cuidado farmacêutico.

LeiaJá: Como a senhora detalha a importância do profissional de farmácia para a saúde da população brasileira? Como deve ser a interação desse profissional com os médicos?

Nicolettis:  O profissional está diretamente em contato com o usuário do medicamento e oportuniza a educação em saúde de maneira muito efetiva. O contato com o indivíduo possibilita ao profissional identificar falhas no uso racional de medicamentos, de maneira que possa fazer as intervenções cabíveis para a segurança do usuário. O profissional, também, se torna referência no esclarecimento de dúvidas e no fornecimento de informação técnica-científica a outros profissionais. Nos últimos anos, detectou-se a necessidade da integração com equipe multiprofissional da saúde devido ao grau de expertise profissional das diferentes áreas de atuação. Em doenças crônicas não-transmissíveis, por exemplo, é fundamental que o farmacêutico atue em equipe multiprofissional não somente com médicos, mas também, com outros profissionais da saúde no cuidado integral. A atuação em equipe multiprofissional de saúde deverá ser incorporada a todos os profissionais objetivando a obtenção dos melhores resultados em relação à qualidade de vida do paciente/indivíduo.

LeiaJá: No que diz respeito à aplicação de vacinas nas farmácias, como a senhora analisa o serviço?

Nicolettis:  Para a disponibilização do serviço, o profissional deve estar capacitado e atualizado, além de cumprir com as competências que lhe são atribuídas em seu âmbito profissional. Sem dúvida que esse serviço trará benefícios à população, entretanto, todas as exigências legais para sua prática deverão ser estabelecidas por meio de procedimentos operacionais padrão e treinamentos realizados para que a qualidade do serviço seja assegurada à população.

LeiaJá: De que maneira os profissionais de farmácia devem se qualificar para atender exigências de mercado das grandes redes? Quais áreas de especialização a senhora indicaria?

Nicolettis:  Os profissionais têm cenários diferentes em relação às populações que atendem, bem como, em relação aos serviços de saúde da região onde estão localizados. A qualificação profissional e a atualização constante são imprescindíveis a qualquer indivíduo para exercer a sua profissão.

Portanto, as características epidemiológicas da população da região de onde está localizada a farmácia precisa ser conhecida para que o profissional possa atuar de maneira abrangente e ter sua especialização direcionada às necessidades avaliadas.

A divulgação de conhecimento é uma das atribuições do profissional da saúde e a orientação para ações preventivas é essencial para o indivíduo, a coletividade e o serviço público de saúde, considerando nesse último, os gastos com internações e medicamentos que poderiam ser evitados e aplicados em outras situações.

Há muito que se fazer em termos de melhoria de conhecimento da população. Todas as ações desde que praticadas com fundamentação técnico-científica contribuirão em algum grau para a melhoria do conhecimento na área da saúde pela população. O País precisa urgentemente melhorar a qualidade de informação da população que, além de heterogênea, tem características distintas dependendo da classe social a qual pertence.

Outro aspecto que deverá ser salientado é a responsabilidade do usuário do medicamento em utilizá-lo de maneira correta porque, para o sucesso terapêutico, todos devem desempenhar as ações de competência que lhes são inerentes, ou seja, tanto o prescritor, o dispensador e o usuário de medicamento têm cada um no seu nível, a responsabilidade pela recuperação da saúde. Se o paciente não utiliza o medicamento adequadamente, a resposta terapêutica ficará prejudicada ou ausente. É muito importante reiterar a participação e responsabilidade do paciente no processo de recuperação da saúde. O medicamento tem um papel importantíssimo e, para tanto, deverá ser usado adequadamente com a responsabilidade compartilhada.

LeiaJá – Por fim, como a senhora define a profissão de farmacêutico e a atuação das grandes redes no futuro? É possível dizer que as farmácias passarão a ser, de fato, uma alternativa ao SUS no que diz respeito aos atendimentos clínicos, como a realização de exames rápidos?

Nicolettis:  A atualização profissional e o trabalho em equipe multiprofissional da saúde são exigências para a prática das atividades clínicas do farmacêutico. A legislação tem avançado bastante nas competências atribuídas ao farmacêutico, entretanto, a qualificação profissional deverá ser uma condição indispensável. Não penso que a farmácia deva ser uma alternativa ao Sistema Único de Saúde, mas sim, agregar práticas que possibilitem a prática do cuidado farmacêutico em seu âmbito de competência. Todos devem cumprir o seu propósito estabelecido em relação à sua estrutura de atendimento, entretanto, as carências do sistema público de saúde deverão ser sanadas, bem como, implementadas, e não delegadas a outras entidades relacionadas ao atendimento de saúde à população. O cuidado farmacêutico estabelece a provisão dos serviços e a responsabilidade é atender as necessidades de saúde do paciente no contexto da competência profissional a ele atribuída. Os exames rápidos, para auxiliarem no acompanhamento farmacoterapêutico do paciente, são necessários, entretanto, não deverão substituir os exames clínicos. A prática farmacêutica deve estar regulamentada para legitimar os profissionais e a segurança aos pacientes, nos serviços prestados.

“O Brasil precisa da farmácia clínica” - Em artigo publicado na ‘Revista Excelência Farmacêutica’, o presidente do Conselho Federal de Farmácias (CFF), Walter da Silva, valoriza a atuação profissional do farmacêutico e o fortalecimento dos serviços clínicos para a população. Em sua ótica, diante de um país que sofre os efeitos de uma saúde castigada, as farmácias clínicas podem ser um alento para a sociedade.

“O modelo de farmácia clínica avança, recebendo a aprovação da população à medida que promove a saúde e ajuda a diminuir os prejuízos nos sistemas público e privado, entre outros benefícios. Imaginem um país com a saúde pública marcada por dificuldades de gestão, falta de recursos, atraso tecnológico, uma corrosiva burocracia, carência de profissionais especializados, longas filas para o atendimento. Por outro lado, imaginem a existência de ilhas de prosperidade, no mesmo país e no mesmo setor. Estou falando do Brasil. Estou falando, também, do poder que as práticas de farmácia clínica têm de melhorar a saúde dos cidadãos. Essa área profissional apresenta um grande alcance sanitário, com profunda repercussão social. Por isso, o Conselho Federal de Farmácia (CFF) vem adotando políticas com vistas a fortalecê-la”, defende Silva.

No decorrer do texto, o representante da entidade continua defendendo sua ótica de que o serviço clínico proporciona qualidade em saúde para o público. “Agora, imaginem o país puxado para trás por dificuldades no setor de saúde. Pois este mesmo país também é puxado para a frente por um vasto elenco de serviços clínicos prestados pelos farmacêuticos. Nas farmácias, eles orientam sobre o uso correto e revisam a utilização de cada um dos medicamentos e a forma de organizar o tratamento; fazem o acompanhamento farmacoterapêutico, para garantir que os medicamentos alcancem os resultados esperados e não produzam efeitos colaterais, interações indesejáveis. Mais: prescrevem medicamentos – que não exigem receita médica – para o tratamento dos sintomas e de mal-estares de baixa gravidade (problemas de saúde autolimitados); e fazem exames preventivos para algumas doenças. Educadores em saúde por excelência, os farmacêuticos também atuam nos programas de tratamento e acompanhamento para emagrecimento e gerenciamento do peso e no abandono do tabagismo”, opina o presidente do Conselho Federal de Farmácias.

Walter da Silva também sustenta o discurso de que a população brasileira, em decorrência do seu envelhecimento, tende a consumir produtos de saúde com mais frequência, o que, para o presidente, mais do que comprova a relevância de profissionais farmacêuticos qualificados durante os atendimentos aos clientes. “O Brasil vem apresentando novas necessidades em saúde, com o envelhecimento da população. Entre os idosos, há uma prevalência de doenças crônicas. Cerca de 80% deles têm pelo menos uma doença crônica. Isso significa dizer que é três vezes maior a necessidade do uso de medicamentos por esses pacientes. Até porque o uso de medicamentos é um poderoso, se não o maior, processo de intervenção para melhorar o seu estado de saúde”, argumenta.

O presidente do CFF finaliza o artigo reiterando as exigências do mercado farmacêutico quanto às qualificações contínuas de seus profissionais. “As redes estão implantando um centro de cuidados clínicos, exigem que seus farmacêuticos se qualifiquem e prestem serviços humanizados e de alta qualidade aos seus clientes. É a virada na saúde”, conclui.

>> Qualificações enchem os currículos de saúde 

Olhares atentos às palestras, conversas profissionais e milhares de currículos sendo enriquecidos. Os encontros que reúnem farmacêuticos de todo o Brasil provam quão necessária é a capacitação contínua que esses colaboradores devem abraçar para dar prosseguimento aos serviços de saúde oferecidos nas farmácias brasileiras. Promovido pela Abrafarma, o Rood Show Care Center é um dos principais eventos da área que disseminam experiências em prol da saúde.

Recife, Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre são as capitais que recebem neste ano as edições do evento que projeta impactar cerca de 6 mil farmacêuticos. Durante os encontros, além de fortalecerem o networking com profissionais e gestores de outras empresas, os participantes consumem conteúdo de especialistas em saúde.

“São palestras ao longo de um dia, temas atuais que tem a ver com a prática, como por exemplo Vitamina D, diabetes, gravidez segura, obesidade, desnutrição. Tudo muito vinculado ao dia a dia do farmacêutico nos balcões das farmácias e principalmente para os que trabalham nos consultórios dentro das farmácias”, comenta o coordenador do Programa de Assistência Farmacêutica da Abrafarma, Cassyano Correr.

Em maio deste ano, na edição recifense do Rood Show Care Center, centenas de farmacêuticos lotaram um centro de convenções para discutir saúde e fomentar práticas de serviços clínicos nas farmácias. A palestrante Eliete Bachrany, pós-graduada no segmento, compartilhou sua vivência em serviços farmacêuticos realizados em São Paulo. De acordo com a especialista, os eventos de qualificação contínua para profissionais da área são fundamentais porque, em sua análise, a assistência farmacêutica nas grandes redes “é um caminho sem volta”. No áudio a seguir, Eliete dá mais detalhes sobre suas experiências no mercado e no Rood Show Care Center:

Correr reitera o pensamento de Eliete em relação às farmácias como pontos onde, definitivamente, as pessoas terão acesso a serviços rápidos de saúde. “As farmácias estão se tornando grandes espaços de saúde, porque elas apoiam os médicos, hospitais, onde as pessoas encontram soluções para problemas básicos do dia a dia. É uma mudança radical. Há quatro anos, a gente praticamente não tinha isso no Brasil. A gente quer continuar as salas de atendimentos”, opina.

Reforçando a necessidade dos profissionais participarem de cursos e outras atividades de capacitação, o coordenador do Programa de Assistência Farmacêutica detalha as qualificações presenciais e no formato EAD disponíveis para farmacêuticos de todo o Brasil. Confira no vídeo a seguir:

>> Números do setor farmacêutico 

De acordo com dados da Abrafarma compilados pela Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo (FIA-USP), no primeiro semestre deste ano, as grandes redes de farmácias e drogarias movimentaram um montante de R$ 22,79 bilhões. O valor, segundo a Associação, corresponde a um crescimento de 7,54% sobre o mesmo período em 2017. A média do varejo brasileiro neste ano, conforme indicação do Boa Vista SCPC, foi de 3,1%.

Das vendas totais, os remédios isentos de prescrição médica foram responsáveis por 16% das transações e chegaram a um faturamento de R$ 3,5 bilhões. O levantamento indica ainda que o comércio geral de medicamentos somou mais de R$ 15 bilhões, um aumento de 8,08% em relação aos primeiros seis meses do ano anterior. 

De acordo com o balanço, só no primeiro semestre deste ano, os medicamentos genéricos movimentaram R$ 2,63 bilhões; foram mais de 169 milhões de unidades comercializadas. O valor de vendas desses produtos representa um aumento de quase 5% na comparação com o mesmo período em 2017.

No que diz respeito aos não medicamentos, tais como cosméticos, perfumes e conveniência, as vendas chegaram a um montante de R$ 7,13 bilhões. Na prática, o valor representa um acréscimo de 6,37% em relação ao ano de 2017. 

A previsão é que haja em 2018 um crescimento em torno de 10% no número de vendas em geral, incluindo medicamentos e não medicamentos. Ainda segundo o levantamento, o quadro de geração de empregos no setor farmacêutico também registrou crescimento. A quantidade de contratações saiu de 114.154 mil para 122.673 trabalhadores, em que desses, mais de 22 mil são profissionais farmacêuticos.

[@#video#@]

“O aumento da quantidade de farmácias é reflexo de uma busca crescente dos brasileiros por mais qualidade de vida e estar bem consigo mesmo. É uma demanda dos tempos modernos. O Brasil está envelhecendo e o sistema de saúde público não consegue absorver tanta demanda em um território imenso. Já as farmácias têm plenas condições de agirem com zeladoras do bem-estar populacional, especialmente pela sua proximidade com o cidadão. Não podemos ignorar a abrangência física das grandes redes, que possuem mais de 7 mil lojas espalhadas por 795 municípios brasileiros, alcançando regiões carentes em assistência médica e até mesmo, com pouca atuação do governo. Por isso, defendo que a prestação de serviço à população é o que deve determinar o número”, pontua o presidente executivo da Abrafarma Sergio Mena Barreto.

O empresário Francisco Deusmar de Queirós, sócio e fundador da rede de farmácias cearense Pague Menos, uma das maiores do País, foi preso na noite de sábado (8), em Fortaleza, por crime contra o sistema financeiro. Os advogados de Queirós destacam que ele se apresentou voluntariamente à Polícia Federal após decisão judicial determinando sua prisão.

"O objeto do processo que gerou a apresentação se refere à sua atuação à frente da Renda Corretora de Valores entre 2000 e 2006. A ação ainda está em curso e a condenação não é definitiva. A defesa continua acreditando na Justiça e na sua absolvição", disse, em nota divulgada nesta domingo (9), o escritório Rocha, Marinho e Sales Advogados e Marcelo Leal Advogados Associados.

##RECOMENDA##

Atualmente em fase de expansão para o Sudeste, a rede cearense tem 168 unidades e faturou R$ 6,3 bilhões no ano passado. A previsão é encerrar este ano com 1,2 mil lojas e vendas de R$ 7 bilhões. Com esse porte, a companhia tem uma atuação equivalente à cerca da metade da Raia Drogasil, líder do setor e presente em 22 Estados.

A rede Pague Menos chegou a cogitar uma abertura de capital em 2012, mas acabou desistindo do projeto de chegar à Bolsa paulista em 2013. Dois anos mais tarde, o fundo de private equity (que compra participações em empresas) General Atlantic comprou 17% do capital da companhia, em uma operação de R$ 600 milhões. A empresa ainda tem intenção de chegar à B3, mas somente a partir de 2020.

Fora do conselho. Diante da prisão de seu fundador, a Pague Menos nomeou o atual diretor-presidente, Mário Henrique Alves de Queirós, para o cargo de presidente do conselho de administração, que ainda era exercido por Deusmar Queirós.

"O processo judicial ao qual o fundador da companhia, Deusmar Queirós, responde não possui qualquer relação com a rede. Todas as informações sobre o processo foram prestadas de maneira transparente pela Pague Menos em seus formulários de referência", disse a companhia, em nota.

Com mais de 148 mil reações, 54 mil retwetts e 870 comentários, uma postagem acabou viralizando no Twitter na manhã desta quarta-feira (5). Uma receita médica, com o emblema da Prefeitura de Belém do Pará, toda "adaptada" para um paciente, possivelmente analfabeto, foi o que encantou centenas de internautas e está dominando os "moments" da rede social. 

"Aplaudindo infinitamente minha irmã que atendeu um paciente analfabeto e fez uma receita toda adaptadinha pra ele (sic)", compartilhou @lemosgabis. Cada embalagem dos medicamentos que aparecem na foto, tem uma fita que corresponde as mesmas que estão coladas na receita apontando, cada, os horários devidos para o uso dos remédios. 

##RECOMENDA##

Alguns internautas comentaram na publicação abismados com a atitude. "É de profissionais assim que precisamos para o Brasil", escreveu Wilton Lima. Outro internauta comentou: vocação, sabedoria e empatia. "Isso muda tudo. Que tenhamos mais profissionais assim". Confira o tuíte:

[@#video#@]

A Faculdade UNINASSAU de João Pessoa está com edital de seleção para docentes nos cursos de Farmácia e Biomedicina. Os interessados têm até o dia 11 de julho para enviar seus currículos para o e-mail biomedicina.epi@mauriciodenassau.edu.br, mas para isso precisam atender alguns requisitos como ter, preferencialmente, pós-graduação especifica na área da disciplina, atualização profissional e experiência docente.

 De acordo com o edital, a vagas disponíveis são para as disciplinas Imunologia / Tópicos Integradores I – Biomedicina; Controle de Qualidade Microbiológico / Química Medicinal; Controle de Qualidade Microbiológico / Química Medicinal; Parasitologia Clínica / Estágio Supervisionado I. 

##RECOMENDA##

 A seleção será composta de análise do Currículo Lattes, avaliação escrita e uma avaliação didática pedagógica que constará de aula expositiva com duração de 20 minutos. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (83) 2107-5959. Confira aqui o edital.

*Com Informações da Assessoria

A Polícia Militar prendeu na quarta-feira (30) quatro homens suspeitos de assaltar uma farmácia em Escada, na Zona da Mata Sul do Estado. A ação foi divulgada nesta quinta (31) pela corporação. Com os bandidos, os policiais encontraram dois revólveres e uma espingarda calibre 28, com a numeração raspada.

Os policiais chegaram aos suspeitos após o funcionário de uma farmácia informar que o estabelecimento havia sido assaltado e que os criminosos haviam fugido em um carro do tipo Gol. O veículo foi encontrado em um posto de combustível, localizado na BR-101, no bairro de Alvorada. 

##RECOMENDA##

Além das armas, com o bando os policiais militares encontraram três celulares, sendo um deles com registro de roubo no Sistema Alerta Celular, munições e três pacotes de maconha, um rádio amador e uma quantia em dinheiro. Os acusados e os materiais apreendidos foram encaminhados à Delegacia de Polícia de Plantão, em Vitória, na Zona da Mata. O quarteto foi autuado por formação de quadrilha, roubo, porte ilegal de armas, receptação e posse de entorpecentes.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando