Tópicos | Ipea

A presidente Dilma Rousseff (PT) defendeu, nesta sexta-feira (28), que a violência contra a mulher deve ter "tolerância zero". Para a petista, os dados do levantamento Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre o assunto apontam que a sociedade brasileira deve avançar ainda nesta questão. A pesquisa constatou que a maioria dos brasileiros concordam que o comportamento da mulher pode motivar o estupro.

"Pesquisa do Ipea mostrou que a sociedade brasileira ainda tem muito o que avançar no combate à violência contra a mulher. O resultado deixa claro o peso das leis e das políticas públicas no combate à violência contra a mulher. Mostra também que governo e sociedade devem trabalhar juntos para atacar a violência contra a mulher, dentro e fora dos lares. Tolerância zero à violência contra a mulher”, cravou a petista em sua conta pessoal no twitter.

##RECOMENDA##

O Instituto apontou que 58,5% dos entrevistados concordaram que se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros. E 42,7% afirmam que mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser violentadas.

A maioria dos brasileiros concorda com a ideia de que marido que bate na esposa deve ir para a cadeia, revela pesquisa divulgada nesta quinta-feira, 27, pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Batizado de Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS), o trabalho se baseou na entrevista de 3.810 pessoas, residentes em 212 municípios no período entre maio e junho do ano passado. A pesquisa mostra que 91% dos entrevistados concordam total ou parcialmente com a prisão dos maridos que batem em suas esposas. O estudo alerta, no entanto, que é prematuro concluir, com bases nesses dados, que a sociedade brasileira tem pouca tolerância à violência contra a mulher. "Há uma ambiguidade do discurso", afirmam os autores.

Dos entrevistados, 63% disseram concordar com a ideia de que "casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre membros da família". Causou espanto entre os próprios pesquisadores o fato de que 65% disseram concordar com a frase "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas", algo que deixa claro para autores do trabalho a forte tendência de culpar a mulher nos casos de violência sexual. Para autores, um número significativo de entrevistados parece considerar a violência contra a mulher como uma forma de correção. A vítima teria responsabilidade, seja por usar roupas provocantes, seja por não se comportarem "adequadamente."

##RECOMENDA##

A avaliação tem como ponto de partida o grande número de pessoas que diz concordar com a frase: se mulheres soubessem se comportar, haveria menos estupros. O trabalho indica que 58,5% concorda com esse pensamento. A resposta a essa pergunta apresenta variações significativas de acordo com algumas características. Residentes das regiões Sul e Sudeste e os jovens têm menores chances de concordar com a culpabilização do comportamento feminino pela violência sexual. A pesquisa não identifica características populacionais que determinem uma postura mais tolerante à violência, de forma geral. Os primeiros resultados, no entanto, indicam que morar em metrópoles, nas regiões mais ricas do País, ter escolaridade mais alta e ser mais jovem aumentam a probabilidade de valores mais igualitários e de intolerância à violência contra mulheres. Autores avaliam, porém, que tais características têm peso menos importante do que a adesão a certos valores como acreditar que o homem deve ser cabeça do lar, por exemplo.

A pesquisa do Ipea também revela que a maior parte dos brasileiros se incomoda em ver dois homens ou mulheres se beijando. Dos entrevistados, 59% relataram desconforto diante da cena. A relação afetiva entre pessoas do mesmo sexo também não tem uma aceitação expressiva. Das pessoas ouvidas, 41% disseram concordar com a frase "um casal de dois homens vive um amor tão bonito quando entre um homem e uma mulher" e 52% concordam com a proibição de casamento gay. O levantamento identificou, no entanto, um avanço na aceitação do princípio da igualdade dos direitos de casais homossexuais e heterossexuais. Metade dos entrevistados concorda com a afirmação de que casais de pessoa do mesmo sexo devem ter mesmos direitos de outros casais.

Mais de 70% da população brasileira contrata separadamente cada um dos serviços de telecomunicação (telefonia fixa, celular, internet, TV por assinatura). Apenas 19,7% pagam esses serviços por pacotes combinados, revelou pesquisa hoje divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão ligado à Presidência da República. O estudo mostrou também que 45,6% dos domicílios pesquisados não contam com o telefone fixo, o que confirma a tendência não só brasileira mas também mundial de queda no uso desse serviço. Desse total, a maior parte disse não ter necessidade ou interesse pelo telefone fixo porque fez a substituição pelo celular. Um quarto deles, porém, disse não ter condições de pagar pelo serviço de telefonia fixa.

De cada dez lares, praticamente em um não há utilização de nenhum dos serviços de telecomunicações. O estudo afirma que, provavelmente, são domicílios situados na zona rural ou na periferia de grandes cidades.

##RECOMENDA##

Para João Maria de Oliveira, autor do estudo, existe uma expectativa de crescimento da oferta de pacotes com a autorização para que operadoras de telefonia passem a ofertar TV por assinatura também. Em 2011, segundo Oliveira, a Net/Embratel dominava 55% do mercado de TV por assinatura, porcentual que caiu para 42% no ano passado. "A convergência de serviços no Brasil ainda não é efetiva", explica. O que impede essa expansão, segundo ele, é a baixa área de cobertura da TV paga e, em menor escala, da internet.

A pesquisa revelou que a presença da telefonia fixa e da banda larga é determinante para a oferta dos pacotes - esses serviços estão presentes juntos em 76,4% dos combos. O tipo de pacote mais contratado é o que contém o serviços de telefonia fixa e banda larga.

Insatisfação - O serviço com o pior desempenho, segundo o IPEA, é de celulares, com 65,5% de avaliação positiva, contra 69,8% da internet, 72,9% da telefonia fixa e 87,2% da TV paga. O pesquisador disse que não há contradição com esse número quando se contrapõe o fato de que as empresas de telefonia móvel são as campeãs de reclamações em instituições de defesa do consumidor.

Segundo ele, o fato é que em 82% dos domicílios pelo menos uma pessoa usa o serviço pré-pago de telefonia móvel. "O grosso da população acha que é bom porque só faz ligações pré-pagas e nesse caso o serviço funciona. Não há, por exemplo, reclamações referente a cobranças indevidas, umas das queixas mais comuns", explica.

A pesquisa "Sistema de Indicadores de Percepção Social: serviços de telecomunicação" entrevistou moradores de 3.809 domicílios em 212 municípios de todas as unidades da Federação. A margem de erro do levantamento é de 1,34% no plano nacional e de 5% no detalhamento por grandes regiões.

O Serviço Telefônico Fixo Comutado, também conhecido como telefonia fixa, está presente em apenas 54,4% dos domicílios brasileiros. Dos usuários que não optam pelo serviço, 59,4% utilizam a comunicação via celular. Essa é uma das conclusões do estudo "Sistema de Indicadores de Percepção Social: Serviços de Telecomunicações", divulgado nesta quinta-feira (13) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), feito em 3.810 municípios no País.

O estudo também pediu para os entrevistados avaliarem o serviço de telefonia móvel. De acordo com o levantamento, este é o ponto com a pior avaliação entre os tópicos analisados. A pesquisa mostra ainda que as pessoas que usam celular não conhecem as principais regras dos contratos de seus operadoras, e sugere que boa parte das reclamações registradas tem como origem a falta de transparência na relação entre empresas e seus clientes.

##RECOMENDA##

A segunda pior avaliação se refere à internet banda larga – “intensamente” usada por dois terços das pessoas pesquisadas. O estudo confirma o que já é percebido no setor: há “forte disparidade regional na utilização dos serviços, principalmente quando se compara Sudeste e Sul com Norte e Nordeste”.

Outro resultado expressivo da pesquisa é que em 9,1% dos domicílios brasileiros não há utilização de nenhum dos serviços de telecomunicações. E quando possui, a ampla maioria 70,6%, os contrata separadamente. Apenas 19,7% dos domicílios contratam os  serviços de telecomunicações por meio de pacotes, os chamados combos.

Com informações da Agência Brasil

 

Marcelo Neri, ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República, e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), disse nesta quarta-feira (22), em Davos, que o Brasil talvez esteja "numa situação bipolar", com excesso de otimismo da população e excesso de pessimismo dos empresários.

O excesso de otimismo da população pode reduzir a poupança e o esforço educacional, enquanto o excesso de pessimismo dos empresários reduz o investimento. Neri participou do Fórum Econômico Mundial, de um debate sobre a ascensão da classe média no mundo, apresentando números sobre o fenômeno no Brasil.

##RECOMENDA##

De 2003 até novembro de 2013, segundo seus dados, 54 milhões de brasileiros ascenderam às classes A, B e C, cujo total saiu de 67 milhões para mais de 120 milhões. Notando que 54 milhões formariam o 23º país mais populoso do mundo, Neri disse que se tratava de uma "transformação gigantesca".

Com dados até novembro de 2013, ele observou que o crescimento anual do PIB per capita está em 1,5%, enquanto a mediana da renda real domiciliar per capita da PME (pesquisa que abrange as seis principais regiões metropolitanas) cresceu 5,2%. Em 2012, o mesmo indicador cresceu 7%, e o PIB per capita teve zero de expansão.

Segundo Neri, o Brasil é uma exceção no mundo, já que dois terços dos países vêm sofrendo aumento da desigualdade (ao contrário do Brasil, em que ela vem caindo) e tem a renda medida pelas pesquisas domiciliares, como a PME e Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), crescendo menos que o PIB per capita.

O presidente do Ipea acha que existe uma assimetria entre a avaliação dos economistas sobre a economia brasileira, baseada no PIB, e a avaliação popular, mais relacionada à renda medida pelas pesquisas domiciliares. Ele indicou que a apresentação da presidente Dilma Rousseff em Davos poderia abordar essa "assimetria".

Quanto ao otimismo da população, Neri citou pesquisas de satisfação com a vida do Gallup, que mostraram o País na 18º posição do mundo em dezembro de 2012, sofrendo uma queda em seguida, e depois uma recuperação, que colocou o Brasil num nível ainda mais alto de otimismo em outubro de 2013, na terceira posição.

O ministro da SAE notou que o descolamento entre o PIB per capita e renda das pesquisas domiciliares tem cerca de dez anos. De 2003 a 2012, o PIB per capita cresceu 27,8% e a renda média pela Pnad subiu 51%. No mesmo período, a renda mediana da Pnad cresceu 78%, e a dos 10% mais pobres aumentou 106%.

A diferença entre o PIB per capita e a média da Pnad é quase totalmente explicada, segundo Neri, pelo fato de que o "deflator implícito" (a inflação do PIB) ficou 24 pontos porcentuais acima do IPCA naquele período. "Todo mundo reclama da inflação, mas o IPCA está barato", ele disse.

Neri manifestou preocupação com a sustentabilidade do crescimento da renda domiciliar no País, citando a agenda de produtividade da SAE, que está cuidando da importação de trabalhadores e trabalhando num programa de estímulo à poupança junto com o Banco Central.

Mas ele notou que, em 2012, com o "pibinho", houve a impressão de que o modelo de crescimento de renda brasileiro havia "batido no teto", o que depois foi desmentido pelos dados da Pnad. "Talvez agora estejamos batendo com a cabeça no teto, há coisas preocupantes, temos de pensar na agenda de longo prazo, mas eu não faria apostas de antemão (sobre a interrupção do processo de forte alta da renda real)".

Rolezinho

Neri comentou os rolezinhos, dizendo que o fenômeno está ligado ao fato de que o Brasil está no pico da sua população jovem, que agora conta com 51 milhões de pessoas. Ele lembrou que a geração do baby boom nos Estados Unidos e na Europa fez os protestos de 1968 quando chegou à juventude. No Brasil, o equivalente aos boomers estaria por trás dos protestos de junho de 2013 e dos rolezinhos.

Neri acrescentou que o problema não é exclusivo do Brasil, com manifestações da juventude atingindo outros países emergentes, como a África do Sul. "Manifestações estão estourando em toda a parte, e as pessoas não têm agenda", disse o ministro-chefe da SAE.

Ele associou o movimento no Brasil também à fase estável de dez anos de crescimento com queda da desigualdade. "Depois de dez anos, as pessoas querem outra agenda, agenda de serviço público, de cidade melhor - a casa das pessoas melhorou, mas, fora de casa, a infraestrutura e a aparência externa não acompanharam".

O ritmo de crescimento da economia brasileira em 2014 deve se manter no patamar de 2,5%, segundo análise conjuntural do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado nesta quinta-feira, 19. A estimativa se refere à "velocidade atual de navegação", e repete o desempenho "fraco" projetado para este ano.

"Há uma redução da ambição da política econômica para acelerar o crescimento no curto prazo", avalia Fernando Ribeiro, coordenador de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea. Em 2013, segundo ele, as limitações de investimento em função do desequilíbrio fiscal levaram o governo a apostar na iniciativa privada para induzir o crescimento. "Por isso a urgência que temos visto para as concessões de infraestrutura", completou.

##RECOMENDA##

Para o economista, entretanto, em 2014 o peso dessas variáveis sobre o PIB deve diminuir. A composição do investimento passará para a execução das obras de infraestrutura em detrimento da aquisição de máquinas e bens de capital. O item, que tem alta volatilidade, pesou sobre a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), que chegou a 6,5%.

"O consumo voltará a ter um peso maior para suportar o crescimento com a desaceleração dos investimentos. Ele vai comandar a dinâmica do crescimento nos próximos trimestres, mas não dá para esperar elevação significativa, como também não é possível afirmar ainda que o crescimento será abaixo dos atuais 2,5%."

Com esse perfil, a economia deve enfrentar algumas barreiras, como a menor geração de vagas no mercado de trabalho, menores aumentos reais sobre a renda do trabalhador, altos níveis de endividamento das famílias, sobretudo com habitação, e a "persistente" inflação. "A margem para ampliação virá, sobretudo, das transferências públicas de renda, item que mais tem crescido nas despesas do governo nos últimos trimestres. É uma opção política", pontuou.

Ribeiro também comentou a situação do mercado de trabalho, que atingiu o nível mais baixo de desemprego da série histórica, com 4,6%. "Parece ser um movimento estrutural, pois a população economicamente ativa também deixa de crescer. Há menos abertura de vagas, mas também menos pessoas entrando no mercado de trabalho, o que estabiliza os níveis de desemprego", conclui.

O custo para beneficiar 7,5 milhões de cidadãos que hoje não têm acesso ao sistema de transporte no Brasil ou que têm dificuldade em acessá-lo pode ser de cerca de R$ 4,8 bilhões por ano para o governo, de acordo com um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Os pesquisadores apontam ainda que ainda não há sinais de que o pacto de mobilidade urbana proposto pela administração federal avance.

O Ipea divulgou nesta quinta-feira (12), uma proposta para o pacto de mobilidade urbana proposto pela presidente Dilma Rousseff após as manifestações sociais que aconteceram no meio de 2013. "O pacto proposto pelo governo federal revelou-se até o momento, quatro meses após seu anúncio, apenas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para a mobilidade. ... Mas acerca de uma 'pactuação' com os vários setores, que busque transformação no cenário da mobilidade urbana, não há notícias de que se esteja avançando", apontam os pesquisadores.

##RECOMENDA##

O estudo, que lembra que o aumento das tarifas de ônibus motivou os primeiros movimentos das manifestações, aponta que a gratuidade no sistema de transporte urbano deve ser precedida de ações de qualificação no sistema. Segundo o documento, o aumento do preço e a baixa qualidade do transporte público estão relacionados ao aumento da frota de veículos privados.

A melhoria da mobilidade urbana deve se basear em melhoria da qualidade do transporte público, redução de tarifas e maior transparência e controle social, segundo a proposta. "Trata-se de um mecanismo de gestão e regulação federativa do transporte público urbano que institui gratuidades sociais e compete para o rebaixamento do valor das tarifas por meio, dentre outras medidas, da desoneração do setor", explicam os pesquisadores.

O objetivo do modelo proposto, segundo o Ipea, é aumentar o acesso ao transporte público, desonerar os mais pobres, que têm mais dificuldade financeira para se deslocar, reduzir o valor global da tarifa, propiciar a criação de mecanismo seguro e permanente de investimento no setor e melhorar a qualidade e o padrão de mobilidade, com transparência e controle social.

A proposta dos pesquisadores Renato Balbim, Vicente Lima Neto, Ernesto Galindo e Cleandro Krause pode ser consultada no endereço http://www.ipea.gov.br/portal/index.php?option=com_content&view=article&id=20633&catid=1&Itemid=7

Com 7 milhões de domicílios a mais no País, o déficit habitacional brasileiro registrou queda entre 2007 e 2012. De acordo com um estudo divulgado, nesta segunda-feira (25), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em cinco anos o indicador passou de 5,59 milhões de domicílios em déficit para 5,24 milhões uma redução de 350 mil unidades.

A participação do déficit habitacional no período passou de 10% do total de domicílios para 8,53%. Apesar disso, a faixa de renda que menos se beneficiou desse movimento foi a que ganha até três salários mínimos, justamente o público-alvo do principal programa de habitação do governo federal, o Minha Casa Minha Vida.

##RECOMENDA##

Com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), o levantamento do Ipea mostrou que o número de domicílios considerados em déficit com renda de até três salários mínimos caiu, em números absolutos, 2,4% - de 3,95 milhões de unidades para cerca de 3,85 milhões.

A variação é bem mais modesta do que a observada em outros segmentos - quase 17% para os que ganham de três e cinco salários mínimos e de 32,5% para as rendas domiciliares superiores a 10 salários mínimos. Assim, ao contrário do que aconteceu com todas as demais faixas de renda, a participação dos domicílios mais pobres no total do déficit foi a única que cresceu no período, passando de 70,7% em 2007 para 73,6%, cinco anos depois. Nos cinco anos abarcados pelo estudo, o Brasil passou de 55,9 milhões de domicílios para 62,9 milhões.

Enquanto o déficit habitacional brasileiro caiu entre 2007 e 2012, passando de 5,59 milhões de domicílios para 5,24 milhões, mesmo com o aumento de moradias no período, o indicador avançou entre a população com faixa de renda mais pobre, de até três salários mínimos. Essa é a conclusão de uma nota técnica divulgada nesta segunda-feira (25), pelo Instituto de Política Econômica Aplicada (Ipea), que usou como base dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do ano passado.

Em 2012, 73,6% do déficit apurado pelo Ipea era composto pela população que ganhava até três salários mínimos, um aumento de 4% em relação a 2007, quando a participação era de 70,7%. "Isto reitera que o déficit continua sendo majoritariamente dos domicílios que estão no estrato de renda mais baixo", argumenta o Instituto na nota, assinada pelos pesquisadores Vicente Correia Lima Neto, Bernardo Alves Furtado e Cleandro Krause.

##RECOMENDA##

Na direção contrária, a participação no total do déficit dos demais estratos econômicos diminuiu. Aqueles com renda entre três e cinco salários mínimos, por exemplo, representavam 13,1% do déficit há seis anos, proporção que passou para 11,6% no ano passado. Já na faixa entre cinco e 10 salários mínimos a regressão foi de 10,4% em 2007 para 9,4% em 2012. Já o segmento com renda domiciliar acima de 10 salários mínimos viu a sua participação no déficit habitacional ser reduzida em cerca de 30% no período.

O Ipea usou quatro componentes para estimar o déficit habitacional brasileiro: habitação precária, coabitação familiar, ônus excessivo com aluguel e adensamento em domicílios locados. A verificação de um desses componentes em uma moradia já é suficiente para entrar no cálculo do déficit.

Estados

O Ipea também atestou que o déficit habitacional no País é, em sua grande maioria (85% do total), urbano. À exceção do Acre, de Roraima, do Mato Grosso e Distrito Federal, houve a redução do déficit relativo ao total de domicílios nos demais estados do País. No DF, por exemplo, o déficit relativo saltou de 12,8% do total de domicílios em 2007 para 13,6%, no ano passado.

Dono de 1,12 milhão de domicílios em situação de déficit, o maior do País em termos absolutos, o Estado de São Paulo registrou queda na comparação relativa do indicador. A participação de domicílios considerados em déficit caiu de 8,8% do total em 2007 para 7,9% um ano atrás - redução porcentual de aproximadamente 10%.

Pesquisa de satisfação realizada pelo Ministério das Cidades indica que os moradores das unidades oriundas do programa federal Minha Casa Minha Vida (MCMV), em uma escala de 0 a 10, dão nota média 8,8 para o item de satisfação com a moradia. A maior nota média (9,8) foi registrada no Estado do Mato Grosso do Sul. A menor (8,0), no Estado de Minas Gerais. Os dados foram apresentados nesta quinta-feira, 14, pelo ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, e da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Marcelo Neri.

O levantamento, realizado entre os meses de agosto e setembro deste ano, foi feito com base em uma amostra de 324 empreendimentos, com 7.620 moradias, localizadas em 187 municípios do País. A pesquisa faz parte de um processo de monitoramento e avaliação do ministério em relação ao Minha Casa Minha Vida e do projeto Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS) do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). De acordo com o Ministério das Cidades, o programa MCMV representa 32,1% do total de construções de moradia do País em 2013.

##RECOMENDA##

Emprego

Dados do Ministério das Cidades apontam também que a cada R$ 1 milhão investido no programa, 32 postos de trabalho são mantidos ativos. Esse investimento pode gerar uma renda adicional de R$ 744 mil, de forma indireta e direta, na construção civil e demais setores. De acordo com os números apresentados, o MCMV sustenta aroximadamente 1,3 milhão de postos de trabalho.

Lançado em 2009, o programa já contratou 3 milhões de moradias e entregou 1,4 milhão que beneficiando 5,6 milhões de pessoas no País. A meta é entregar até 490 mil unidades habitacional em 2013. O investimento do programa até o próximo ano é estimado em R$ 234 bilhões.

Perfil

Segundo dados apresentados pelo ministro Marcelo Neri, as mulheres representam 88,44% dos beneficiados pelo programa e os homens, 13,56%. A idade média dos beneficiados é de 37,6 anos. A maioria (45,2%) das pessoas inseridas no programa optou por comprar casa. Outros 38,6% optaram por apartamento. O maior número de beneficiados (91.728) com renda domiciliar de até R$ 1.600 está na Região Nordeste. Dentro dessa faixa de renda, na sequência, encontram-se o Sudeste (75.068), Sul (32.992), Centro-Oeste (24.310) e Norte (21.052).

Mais da metade dos domicílios brasileiros, 54%, dispõem de automóveis ou motocicletas para os deslocamentos de seus moradores. O dado consta do Comunicado Indicadores de Mobilidade Urbana da PNAD 2012, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) nesta quinta-feira, 24. Segundo o documento, o dado retrata a mudança do perfil de mobilidade da população brasileira, cada vez mais estruturado no uso de veículos privados. "De 2008 para 2012, por exemplo, o porcentual de domicílios que possuía automóvel ou motocicleta subiu nove pontos porcentuais (45% em 2008 para 54% de posse em 2012), sendo que as motocicletas tiveram o maior incremento no período", diz o comunicado.

O estudo destaca, no entanto, que, se por um lado esse dado indica que a população, incluindo os segmentos de menor renda, está tendo acesso a esse bem durável, por outro, "significa grandes desafios para os gestores dos sistemas de mobilidade, em função da maior taxa de motorização da população brasileira, com reflexos diretos sobre a degradação das condições de mobilidade de todos (maior poluição, acidentes e congestionamentos)".

##RECOMENDA##

Esse desafio torna-se ainda maior tendo em vista que uma grande parte da população ainda não tem veículos privados à disposição. "O que indica uma possível piora das externalidades negativas do transporte individual nos grandes centros urbanos, principalmente nas regiões com menor porcentual de motorização (Norte e Nordeste), nos próximos anos", destaca o comunicado.

Observando os dados sobre posse de veículos por unidade da Federação, Santa Catarina e Paraná, além do Distrito Federal, aparecem com maior porcentual de posse de veículos privados. Em Santa Catarina, 74,3% dos domicílios têm transporte privado; no Paraná, 67,7%; e no Distrito Federal, 64,1%.

Com relação ao tempo de deslocamento de casa para o trabalho, o estudo aponta que grande parte da população (66%) gasta até 30 minutos no percurso diariamente. Mas a tendência, destaca o documento, é de piora em função do crescente aumento da taxa de motorização da população, o que demandará grande investimento dos governos nas próximas décadas, em contraposição à ausência das últimas décadas.

O trabalho mostrou ainda que as políticas de auxílio ao transporte, como o vale-transporte, atingem pouco as classes sociais mais baixas. "Os dados apontam também para a necessidade de se criar novas políticas públicas que venham a beneficiar os deslocamentos das pessoas com maior vulnerabilidade socioeconômica", destaca o texto.

Os investimentos no setor de Transportes podem alcançar R$ 44 bilhões, segundo estimativas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Se confirmado, representará um crescimento de quase 70% ante o patamar de R$ 26 bilhões que tem sido verificado ao longo dos últimos três anos.

O pesquisador Carlos Alvares da Silva Campos Neto salientou que, com a aplicação do montante estimado, o Brasil atingiria o patamar de investimento de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) no setor de transporte, acima dos 0,6% PIB observado nos últimos anos. "Mas isso ainda é muito aquém do que se verifica em outros países, como China e Índia, onde o porcentual chega a 3,4% do PIB", disse.

##RECOMENDA##

Campos Neto comentou, porém, que a estimativa é otimista, dada a dificuldade de execução dos investimentos, especialmente os de responsabilidade do poder público. Ele citou como exemplo o setor portuário. De acordo com ele, os investimentos públicos nos portos, incluindo os recursos previstos no orçamento fiscal do governo e pelas Companhias Docas, somaram, nos últimos anos, R$ 18,83 bilhões, mas somente R$ 7,41 bilhões foram efetivamente aplicados, o que corresponde a um porcentual execução 39,35%. "Nas Docas, a execução média é de 25% do orçamento", acrescentou.

Ele também comentou sobre a dificuldade de efetivação pelo governo do Programa de Investimento em Logística (PIL), lançado no ano passado mas que até agora não saiu do papel. Segundo o pesquisador, dos R$ 44 bilhões estimados para 2014,R$ 8,78 bilhões estão previstos para o setor portuário, sendo R$ 5 bilhões do PIL. "Mas o debate que vem sendo feito (sobre as licitações de arrendamentos portuários do programa) aponta para potencial judicialização desse processo", exemplificou, indicando que isso poderia levar a novos atrasos no cronograma do programa. O pesquisador participou nesta terça-feira (22) de conferência sobre portos, em Santos.

Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre racismo no Brasil, divulgado hoje (17), revela que a possibilidade de um adolescente negro ser vítima de homicídio é 3,7 vezes maior do que um branco. Segundo o estudo, existe racismo institucional no país, expresso principalmente nas ações da polícia, mas que reflete “o desvio comportamental presente em diversos outros grupos, inclusive aqueles de origem dos seus membros”.

Intitulado Segurança Pública e Racismo Institucional, o estudo faz parte do Boletim de Análise Político-Institucional do Ipea e foi elaborado por pesquisadores da Diretoria de Estudos e Políticas do Estado das Instituições e da Democracia (Diest). “Ser negro corresponde a [fazer parte de] uma população de risco: a cada três assassinatos, dois são de negros”, afirmam os pesquisadores Almir Oliveira Júnior e Verônica Couto de Araújo Lima, autores do estudo.

##RECOMENDA##

Na apresentação do trabalho, em entrevista coletiva na sede do Ipea em Brasília, o diretor da Diest, Daniel Cerqueira, que, do Rio, participou do evento por meio de videoconferência, apresentou outros dados que ratificam as conclusões da pesquisa sobre o racismo institucional. Segundo ele, mais de 60 mil pessoas são assassinadas a cada ano no Brasil, e “há um forte viés de cor/raça nessas mortes”, pois “o negro é discriminado duas vezes: pela condição social e pela cor da pele”. Por isso, questionou Cerqueira, “como falar em preservação dos direitos fundamentais e democracia” diante desta situação?

Para comprovar as afirmações, Cerqueira apresentou estatística demonstrando que as maiores vítimas de homicídios no Brasil são homens jovens e negros, “numa proporção 135% maior do que os não negros: enquanto a taxa de homicídios de negros é de 36,5 por 100 mil habitantes. No caso de brancos, a relação é de 15,5 por 100 mil habitantes”.

A cor negra ou parda faz aumentar em cerca de 8 pontos percentuais a probabilidade de um indivíduo ser vítima de homicídio, indicam os dados apresentados pelo diretor do Diest. Isso tem como consequência, segundo Daniel Cerqueira, uma perda de expectativa de vida devido à violência letal 114% maior para negros, em relação aos homicídios: “Enquanto o homem negro perde 1,73 ano de expectativa de vida (20 meses e meio) ao nascer, a perda do branco é de 0,71 ano, o que equivale a oito meses e meio.”

Para o pesquisador Almir de Oliveira Júnior, como dever constitucional, o Estado deveria fornecer aos cidadãos, independentemente de sexo, idade, classe social ou raça, uma ampla estrutura de proteção contra a possibilidade de virem a se tornar vítimas de violência. “Contudo, a segurança pública é uma das esferas da ação estatal em que a seletividade racial se torna mais patente”, disse Oliveira Júnior.

De acordo com as estatísticas sobre a violência em que o estudo se baseou, esse é um dos fatores que explicam por que, a cada ano, “uma maior proporção de jovens, cada vez mais jovens, é assassinada”, acrescentou o pesquisador. Segundo ele, enquanto nos anos 80 do século passado, a média de idade das vítimas era 26 anos, hoje não passa de 20.

Além de ser a transferência social que mais contribui para o PIB, o Bolsa Família é também aquela que mais pesa no cálculo do consumo das famílias no País. A cada R$ 1 transferido pelo Bolsa Família, o consumo final do total da economia aumenta R$ 1,98, enquanto que os efeitos no consumo final das famílias é ainda maior: de R$ 2,4.

A conclusão é do livro "Programa Bolsa Família: uma década de inclusão e cidadania", que será lançado no final deste mês pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). Alguns dados do trabalho foram apresentados na manhã desta terça-feira,15, em Brasília.

##RECOMENDA##

O objetivo de um dos capítulos da pesquisa é avaliar os efeitos do programa sobre a macroeconomia. Para tanto, os pesquisadores Fabio Vaz e Pedro de Souza, além do presidente do Ipea, Marcelo Neri, compararam os impactos do principal programa de distribuição de renda do governo federal com outras seis transferências sociais: os benefícios do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), dos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS), do Benefício de Prestação Continuada (BPC), do Seguro Desemprego, do Abono Salarial do PIS/PASEP e dos saques do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

De acordo com o capítulo assinado por Neri, Vaz e Souza, os chamados "efeitos multiplicadores" sobre a economia são maiores quanto mais focalizadas são as transferências para os mais pobres, por formarem famílias com "maior propensão marginal a consumir". Também por isso, o impacto sobre o consumo das famílias é maior do que sobre o consumo final do total da economia. "Mais do que qualquer outra transferência, o programa beneficia diretamente famílias mais pobres com alta propensão a consumir e, portanto, consegue um efeito multiplicador maior", escrevem os pesquisadores.

No quesito consumo, o Benefício de Prestação Continuada é o que mais se aproxima do Bolsa Família. Cada R$ 1 aplicado no BPC representa um retorno de R$ 1,32 no consumo final da economia e de R$ 1,54 no consumo das famílias.

Renda bruta

O estudo também analisou o efeitos das transferências sociais na renda disponível bruta do total da economia e na renda disponível bruta das famílias. Ao se transferir R$ 1 a mais do Bolsa Família, aumenta em R$ 1,48 a renda disponível bruta e R$ 1,64 a renda disponível bruta das famílias. "Esses resultados sustentam a hipótese de que as transferências sociais voltadas para os mais pobres - principalmente as do Programa Bolsa Família - cumprem papel positivo importante para a dinâmica macroeconômica brasileira, além de contribuir para a redução da pobreza e desigualdade", relatam os autores no estudo.

Para analisar os efeitos sobre a macroeconomia, os pesquisadores usaram dados do Programa de Orçamentos Familiares (POF) e do Sistema de Contas Nacionais, que contêm informações de produção, remuneração de fatores, tributos indiretos, consumo intermediário e componentes da demanda final. "(A transferência ocasiona) um giro na economia, onde uma renda gera um gasto e num gasto há uma renda", exemplificou o presidente do Ipea, Marcelo Neri, durante a coletiva.

Com a facilidade de obter cursos profissionalizantes em todo o País, houve o consequente aumento da renda do trabalhador após estudo feito pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado nesta segunda-feira (7). Além desse fator, a alta procura por trabalhadores que possuem baixa escolaridade foi apontada pela pesquisa, a exemplo de trabalhadores da construção civil e empregadas domésticas.

“A PNAD 2012 mostrou que o rendimento médio real cresceu 6,3%, sendo que o Nordeste apresentou o maior aumento, de 8,7%”, afirmou Gabriel Ulyssea, coordenador da área de trabalho e renda do Ipea. Ainda segundo o Ipea, a taxa de desemprego caiu e atingiu também o menor nível dos últimos 17 anos no País.

##RECOMENDA##

Mesmo com os fatores positivos, o ritmo de redução da desigualdade de rentabilidades esfriou. A pesquisa relatou ainda que há uma escassez de trabalhadores com qualificação no País, o que dificulta a contratação para as vagas de emprego para determinados setores. A diminuição no quadro de vagas ocorreu por causa da queda do emprego informal.

Com informações da assessoria

O Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) divulgou, nesta segunda-feira (7), um comunicado sobre o mercado de trabalho a partir dos dados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicilio (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Esatística (IBGE). De acordo com o estudo, atualmente, o gargalo para uma maior expansão no mercado de trabalho é a queda na taxa de participação da população em idade produtiva.

A taxa se refere à relação entre a população inserida no mercado e o total da população em idade produtiva. O problema atinge, sobretudo, mulheres e jovens entre 15 e 24 anos que não estão no mercado ou em busca de uma ocupação. Entre 2009 e 2012, a taxa de participação entre as mulheres caiu 4,2%, contra 2,5% dos homens. Já entre os jovens nessa faixa etária, a queda foi de 5,9%.

##RECOMENDA##

"É surpreendente, pois acontece no momento de melhora no mercado, quando deveria ter maior atratividade", explica Marcelo Néri, presidente do Ipea e ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE). Segundo ele, em 2012, o mercado de trabalho cresceu 6,45%, ou "duas vezes mais rápido que em toda a década (3,08%), o que surpreende dado que o PIB cresceu apenas 0,9%".

Para Gabriel Ulyssea, coordenador de pesquisas em trabalho e renda do instituto, a queda chama atenção pela intensidade em curto intervalo de tempo e "preocupa pois tira a possibilidade de aumento na oferta de mão de obra". No caso das mulheres, a razão apontada é uma saída do mercado de trabalho pela decisão de ter e cuidar dos filhos. "Nesse sentido, a provisão de creches terá papel importante no futuro", explica Ulyssea.

Para os jovens, o pesquisador afirma que não há clareza sobre as causas do fenômeno. "É possível que esteja relacionado ao aumento de renda por outras vias que não o trabalho, isso inclui os programas sociais. Mas o fato de a queda ter sido mais intensa no Nordeste é um fator que demonstra a influência de ações sociais nesse tema."

Pleno emprego

Os pesquisadores foram enfáticos ao afirmar que, os dados divulgados pela Pnad referentes a 2012 não indicam uma fase de pleno emprego, como tem sido divulgado pelo governo. Conforme Néri, os primeiros sinais para o fenômeno aparecem em 2013, quando o mercado diminui o ritmo de abertura de novas vagas, mas a renda geral continua em tendência de alta.

"Em 2013, vemos uma brutal desaceleração do crescimento do mercado de trabalho, de 6% para 2,83%, até julho. Agora quase todo aumento de renda vem pelo efeito salário, e menos da quantidade de trabalho", afirma. "Isso sinaliza o pleno emprego, mas só agora, pelo efeito salário."

Entre as categorias que tiveram maior aumento de renda, segundo o estudo, estão agricultura, construção civil e serviços, onde estão incluídas as empregadas domésticas. O aumento de renda estaria associado a uma melhor escolarização, na visão de Néri. "É um bônus educacional, o trabalhador saiu de um nível muito baixo de qualificação para um menos baixo."

A consequência do movimento seria um "apagão" de mão de obra de baixa qualificação. A avaliação é radicalmente contrária à ideia difundida entre empresários de que há escassez de mão de obra qualificada no País. "Entre as pessoas com baixa qualificação, o salário está aumentando, pela redução da oferta. É um processo retardado, o País começou a viver isso em 2001. Talvez seja um sinal de que o Brasil não está dando um salto tecnológico. O grande apagão é de gente pouco qualificada."

Segundo Ulyssea, os dados do IBGE demonstram que há um aumento da oferta de trabalho para as categorias mais qualificadas. "O quantitativo dos trabalhadores qualificados vem aumentando acima dos não qualificados. Outro fator é a evolução da renda da mão de obra qualificada, que está em queda. Isso é coerente com o aumento da oferta de mão de obra. Essas duas características são incompatíveis com a ideia de escassez."

No Brasil, uma mulher morre a cada uma hora e meia por causas violentas. Por ano, o número é de 5.664 óbitos decorrentes de crimes que são geralmente cometidos por homens, principalmente parceiros ou ex-parceiros. Segundo uma análise feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que avaliou o impacto da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) sobre a mortalidade de mulheres por agressões, não houve redução das taxas anuais de mortalidade, comparando-se os períodos antes e depois da validade do regulamento.

Os principais fatores provêm de situações de abusos no domicílio, ameaças ou intimidação e violência sexual. No período de 2001-2006 (momento anterior à criação da lei), a taxa de mortalidade era de 5,28 por 100 mil mulheres. De 2007 até 2011, houve um pequeno decréscimo da taxa – que era de 5,22 -, logo após a instituição da norma, e nos últimos anos, os valores voltaram aos registrados no início da pesquisa.







##RECOMENDA##

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Estima-se que ocorreram 16.993 feminicídios - assassinato intencional de uma mulher - resultando em uma taxa de mortalidade anual de 5,82 óbitos por 100.000 mulheres. A região com o maior índice é o Nordeste, com 6,90, seguido pelo Centro-Oeste com 6,86; Norte com 6,42; Sudeste com 5,14 e Sul com 5,08. 

O estado com maior número de óbitos é o Espírito Santo, com 11,24 por 100 mil. Em segundo lugar ficou a Bahia, com 9,08, na sequencia do ranking está Alagoas (8,84), Roraima (8,51) e Pernambuco (7,81). As taxas mais baixas foram observadas nos estados do São Paulo (3,74), Santa Catarina (3,28) e Piauí (2,71). 

Visando reduzir os índices, o Governo do Estado de Pernambuco lançou o programa ‘Justiça para mulheres: Agora e Sempre’, que envolve a criação de casas-abrigo, delegacias, centros de referências especializados e varas de violência doméstica e familiar à mulher.

Os resultados apontaram também que 31% das mulheres estavam na faixa etária de 20 a 29 anos e 23% de 30 a 39 anos. Mais da metade dos óbitos (54%) foram de mulheres de 20 a 39 anos. Outro dado alarmante é de que 61% das mortes foram de mulheres negras, que foram as principais vítimas em todas as regiões, à exceção da Sul. As regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste tiveram 87%, 83% e 68% respectivamente.

50% dos feminicídios envolveram o uso de armas de fogo e 34%, de instrumento perfurante, cortante ou contundente. 6% dos óbitos decorreram de enforcamento ou sufocação. Maus tratos – incluindo agressão por meio de força corporal, força física, violência sexual, negligência, abandono e outras síndromes de maus tratos (abuso sexual, crueldade mental e tortura) – foram registrados em 3% dos óbitos. Quanto ao local dos crimes, 29% dos feminicídios ocorreram no domicílio, 31% em via pública e 25% em hospital ou outro estabelecimento de saúde.

Entretanto, o estudo realizado investigou apenas os óbitos. A Lei de violência contra a mulher compreende uma ampla gama de atos, desde a agressão verbal e outras formas de abuso emocional, até a violência física ou sexual. No Brasil, não existem estimativas nacionais sobre a proporção de mulheres que são assassinadas por parceiros.

A pesquisa considerou a totalidade dos óbitos de mulheres por agressões como indicador aproximado do número de feminicídios. Essas informações estão disponíveis no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. Contudo, o cálculo das taxas de mortalidade diretamente a partir dos dados do sistema é insuficiente. A cobertura do SIM para o Brasil foi estimada em 93%, ou seja, 7% do total dos óbitos ocorridos não estão registrados no sistema.

Embora o nível de desemprego no País permaneça baixo, a maioria dos indicadores do mercado de trabalho no primeiro semestre, e também os dados de julho, aponta para o fim do quadro de redução sucessiva das taxas. A análise está no boletim Mercado de trabalho: conjuntura e análise, lançado nesta quarta-feira, 4, pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea).

No entanto, para o editor responsável do boletim, Carlos Henrique Corseuil, diretor adjunto de Estudos e Políticas Sociais do instituto, uma eventual recuperação da atividade econômica pode levar a um quadro melhor no segundo semestre.

##RECOMENDA##

"A impressão é que existe uma defasagem no mercado de trabalho em relação ao nível de atividade. O primeiro semestre deste ano refletiu a perda de dinamismo na atividade no segundo semestre de 2012. Se o retrato for esse mesmo, nos deixa esperançosos (para este segundo semestre), pois o PIB está se recuperando", disse Corseuil, no Rio.

Apesar disso, os dados de julho "deixam dúvidas quanto à continuidade dos movimentos" de melhora, diz o Instituto no boletim. Dessa forma, o crescimento econômico, "tão necessário para reaquecer o mercado de trabalho", terá de vir de outras fontes que não o consumo das famílias, na avaliação de pesquisadores do Ipea.

Segundo os dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o nível de ocupação está "virtualmente estagnado", fazendo os rendimentos médios do trabalhador pararem de crescer, ou até caírem, segundo análise do Ipea.

Comparando as taxas de desemprego, Corseuil nota que, a cada ano, elas apresentaram índices abaixo dos de anos anteriores. "Aquela tendência de queda no desemprego terminou", afirmou Corseuil. O pesquisador destacou, porém, que o nível de informalidade no emprego segue em processo de melhoria. No primeiro semestre de 2013, a taxa de informalidade ficou em 33,2%, queda de 0,9 ponto porcentual em relação a igual período de 2012.

Um estudo, coordenado por técnicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), revela que cerca de 30% dos catadores de lixo de todo o país estão na região Nordeste (116 mil pessoas), a maioria em áreas urbanas. A Bahia é o estado com maior número de pessoas nesta atividade (34.107).

Os dados, com base no Censo Demográfico de 2010, estão na publicação Situação social das catadoras e dos catadores de material reciclável e reutilizável. Realizada em parceria com a Secretária-Geral da Presidência da República e a Secretaria Nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), a pesquisa reúne indicadores sociais e econômicos desta parcela da sociedade.

##RECOMENDA##

O diagnóstico demonstra que a renda média mensal dos catadores da região, em 2010, era de R$ 459,34, 10% inferior ao salário mínimo nacional (R$ 510,00). A média de idade das pessoas que revelaram exercer a atividade ficou entre 30 e 49 anos - aproximadamente 4% ainda não haviam atingido a idade adulta e 15% encontravam-se entre 18 e 29 anos, faixa etária utilizada como referência nas políticas públicas para a juventude.

A participação de negras e negros entre os catadores no Nordeste chegou a 78,0%. A Bahia foi o estado com maior representatividade de negras e de negros entre esses trabalhadores, 84,2%. O Rio Grande do Norte apresentou o menor percentual, 71,2%.

Nesta quarta-feira (21), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lança o livro Território metropolitano, políticas municipais. Elaborado por técnicos do Instituto, em parceria com membros da academia, a publicação busca integrar temáticas usualmente separadas na literatura e na política. De maneira geral, os artigos que compõem a obra defendem a urgência de uma proposta de definição de política pública federal e regulação do financiamento para o conjunto das regiões metropolitanas brasileiras.

O evento terá como palestrantes Bernardo Alves Furtado, diretor-adjunto de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do Ipea, Jupira Mendonça, professora doutora da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e o deputado Zézeu Ribeiro, relator PL 3460/04 (Estatuto da Metrópole). O lançamento acontecerá às 14h30, na sede do Instituto, em Brasília e poderá ser acompanhado pelo site da organização.

##RECOMENDA##

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando