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O hospital de campanha construído às pressas em um dos grandes estádios de Rangum se tornou, em poucos meses, um dos centros mais bem equipados do país e um raio de esperança em Mianmar em sua luta contra a pandemia do coronavírus.

Construído em setembro no estádio de futebol Thuwana, o Ayeyarwady Center agora tem capacidade para mil leitos.

Com suas 125 unidades de terapia intensiva, uma sala de controlo com equipamentos e instalações modernas e áreas de descanso para os profissionais, o centro contrasta com a maioria das infra-estruturas sanitárias do país, cujo sistema de saúde é considerado um dos mais precários do mundo pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Até agora, menos de 200 pacientes morreram neste hospital por Covid-19 dos cerca de 10.000 pacientes admitidos. Trata-se de uma taxa de sobrevivência animadora em um país com quase 130.000 casos e mais de 2.700 óbitos.

Ayeyarwady e um hospital de campanha semelhante na cidade de Mandalay (norte) também servem para treinar o pessoal médico do país.

Usando traje de proteção, o dr. Htet Ko Ko, de 30 anos, acabou um plantão de 12 horas seguidas em Ayeyarwady, em meio a um calor sufocante.

"Talvez estejamos ganhando" a batalha, afirmou. "Mas estão aparecendo novas variantes em outros países e podem entrar em Mianmar a qualquer momento", alerta.

O centro também conta com voluntários para pequenas tarefas que facilitam a internação dos pacientes, como a distribuição de pacotes enviados pelos familiares.

"Tratamos os pacientes como se fossem nossa própria família, porque sabemos que estão muito sozinhos", explica Chit Oo, um voluntário.

O número de novos casos diários tende a diminuir em Mianmar, mas a chefe "de facto" do governo, Aung San Suu Kyi, advertiu que não se pode baixar a guarda.

O país assinou acordo com a Índia para receber um primeiro carregamento de vacinas. Uma remessa da China é esperada para os próximos dias.

"Eu não queria mentir". Myo Min Tun é candidato às eleições de 8 de novembro em Mianmar e decidiu não esconder sua homossexualidade em um país onde as relações entre pessoas do mesmo sexo ainda são ilegais, embora a mentalidade dos cidadãos esteja evoluindo a esse respeito.

O partido de Aung San Suu Kye, a Liga Nacional para a Democracia (LND), não fez praticamente nada pelos direitos da comunidade homossexual desde que chegou ao poder em 2015, de acordo com várias associações.

A lei herdada da era colonial britânica, que pune as relações homossexuais com até dez anos de prisão, não é mais estritamente aplicada, mas ainda está em vigor e é amparada por inúmeras atitudes de discriminação e de assédio, segundo seus críticos.

Myo Min Tun decidiu se lançar na vida política quando seus amigos transexuais lhe contaram sobre a "humilhação e violência da polícia" que estavam sofrendo.

"Percebi que não havia ninguém no Parlamento para falar sobre tudo isso", disse o candidato à AFP.

Em plena campanha eleitoral para renovar o Parlamento e as assembleias regionais, este florista de 39 anos, que aspira a um cargo de vereador em Mandalay (centro), decidiu então mostrar abertamente sua homossexualidade.

"Estou fazendo isso para abrir caminho, para que todas as pessoas LGBT saibam que podemos ser o que quisermos ser", diz o candidato, que também se dedica ao combate à aids em uma ONG.

No ano passado, o suicídio de um bibliotecário, suposta vítima de assédio homofóbico em seu local de trabalho, causou um profundo choque na comunidade homossexual.

A investigação livrou seus patrões de qualquer tipo de responsabilidade e acabou descrevendo o jovem como "fraco mentalmente", o que mostra os preconceitos neste país conservador.

No clero budista, por exemplo, ser gay é visto como punição pelos pecados cometidos em uma vida anterior.

- Fim progressivo dos tabus -

Mianmar está atrás de outros países asiáticos, como a Índia, por exemplo, onde a homossexualidade foi descriminalizada em 2018, embora o tabu esteja caindo lentamente na sociedade.

A Miss Mianmar Swe Zin Htet, representante do país no concurso Miss Universo 2019, teve a coragem de assumir publicamente sua homossexualidade no ano passado, poucos dias antes do concurso.

Em fevereiro, mais de 10.000 pessoas participaram de várias manifestações em Yangun para exigir que a homossexualidade não fosse mais considerada um crime.

Mas, para Myo Min Tun, é prematuro travar essa batalha, e é melhor se limitar - por enquanto - às discriminações sofridas no dia a dia.

O candidato soube que era gay aos 14 anos, quando se apaixonou por um colega de classe. Seu pai, já falecido, nunca aceitou a ideia.

"Sempre estive envolvido na minha comunidade", diz o candidato, que se recusou a ser candidato pelo LND, embora a formação política tenha muitas possibilidades de permanecer no poder após as eleições. A votação foi mantida, apesar do aumento de casos de coronavírus.

O candidato preferiu concorrer com o Partido dos Pioneiros do Povo (PPP), que se opõe à "discriminação e trabalha pela juventude", diz.

Criado há um ano, esse movimento ainda é cauteloso, porém, em todas as questões relacionadas à orientação sexual.

"Pode haver muitas reações negativas, se apostarmos na descriminalização da homossexualidade. Não é algo que preocupa as pessoas", disse a líder do partido, Thet Thet Khine.

Efetivamente, "temos um longo caminho a percorrer", reconhece Myo Min Tun.

Os 210.000 habitantes da cidade chinesa de Ruili, na província de Yunnan, na fronteira com Mianmar, foram confinados após a detecção de três casos de Covid-19, anunciou nesta terça-feira (15) a prefeitura.

Todos os habitantes devem permanecer em suas casas e serão submetidos a testes. Os estabelecimentos comerciais permanecerão fechados, com exceção dos supermercados, depósitos de alimentos e farmácias.

Os pacientes de Covid-19 chegaram à cidade procedentes de Mianmar, de acordo com a prefeitura, que prometeu uma punição severa para quem atravessar ilegalmente a fronteira.

Ruili está separada por um rio da localidade birmanesa de Muse, conhecida por seus cassinos e por ser um local de tráfico de armas e drogas.

Nos últimos meses, a China registrou vários focos de contágio, um deles em Pequim, que foram rapidamente controlados com medidas de confinamento, identificação dos casos e dos contatos, além de quarentenas individuais.

O ministério chinês da Saúde anunciou nesta terça-feira oito casos adicionais de Covid-19 no país, todos procedentes do exterior.

Em uma sociedade que exige que as mulheres "tratem o filho como seu chefe, e o marido, como seu deus", a monja budista Ketumala é um caso à parte.

A mulher, de 40 anos, afastou-se da imagem que tinha de si mesma quando era adolescente e se imaginava casada e com filhos. Em vez disso, passou mais de duas décadas defendendo a importância das mulheres na religião.

As túnicas vermelhas e as cabeças raspadas dos monges de Mianmar são conhecidos em todo mundo, mas pouco se fala do grande número de monjas no país, estimado em mais de 60.000.

Por conta do patriarcado enraizado - a crença de que as mulheres são inferiores é bastante comum, e a discriminação é diária -, as monjas são vítimas frequentes de abusos.

"Quando um homem se torna monge, as pessoas sempre aplaudem, dizendo que é bom para a religião e que a tornará melhor. Mas quando uma mulher se torna monja, as pessoas sempre pensam que isso se deve a um problema", explica Ketumala.

"Eles acreditam que é um lugar para mulheres pobres, velhas, doentes, divorciadas, ou que precisam de ajuda", acrescenta.

Ketumala, de caráter rebelde e sem papas na língua, provavelmente é a monja mais conhecida de Mianmar. Ela criou a Fundação Dhamma School, que administra mais de 4.800 centros de educação budista para crianças no país.

Ela adverte, porém, que muitos desses estabelecimentos continuam sendo tratados com desprezo. Os conventos de monjas funcionam mediante doações, mas não contam com o mesmo respeito dos mosteiros e enfrentam dificuldades para encontrar fundos.

- Superstição e discriminação -

A batalha de Ketumala para que o budismo respeite e reconheça as monjas evolui em paralelo ao desafio mais amplo enfrentado pelas mulheres da moderna Mianmar.

A vencedora do Nobel da Paz Aung San Suu Kyi talvez seja o rosto da nação, mas seu papel no topo do governo civil esconde, na verdade, a falta de mulheres nos cargos de poder do país.

Apenas 10,5% dos deputados são mulheres, embora esse índice possa melhorar após as eleições de novembro, segundo as pesquisas.

As leis geralmente são feitas pelos homens e para os homens. Os ativistas pelos direitos civis alertaram que a violência contra as mulheres está tão disseminada que a sociedade a vê como algo normal.

Além disso, o que também é muito propagado é a superstição em torno das mulheres: lavar a roupa das mulheres junto com a dos homens é malvisto, inclusive dentro de uma mesma família, por medo de que os homens percam sua masculinidade.

No âmbito religioso, em alguns templos, as mulheres são proibidas de entrar e nunca devem sentar acima dos homens.

Ketumala reconhece que ela tem pouco poder para realizar todas as mudanças que gostaria.

"As decisões sobre todos os assuntos que dizem respeito às monjas vêm dos monges", explica.

- Aliados -

Ketumala admite que não tem muita esperança de que as monjas alcancem o mesmo status que os homens.

Ainda assim, está decidida a fazer a diferença para as dezenas de milhares de religiosas do país, para que possam "fazer um melhor uso de suas capacidades".

Em 2016, ela lançou um programa de empoderamento para monjas jovens e planeja criar uma organização que ensine assuntos como a arte da liderança e a gestão de equipes.

Para Ketumala, a melhor maneira de conseguir uma mudança é encontrar aliados e amigos em toda sociedade, incluindo os monges, em vez de criar "inimigos".

As autoridades birmanesas ampliaram nesta quarta-feira (26) o confinamento no estado de Rakhine (oeste), que agora afeta um milhão de pessoas, para frear a propagação do novo coronavírus nesta região, cenário de tensões étnicas e religiosas.

Nas últimas 24 horas foram registrados 100 novos casos de coronavírus, em sua maioria nesta região. O país acumula até o momento 574 casos.

Depois de Sittwe, a capital do estado de Rakhine, o governo ordenou nesta quarta-feira a ampliação do confinamento para outros municípios.

"Os habitantes devem permanecer em suas casas e poucos veículos estão autorizados a circular", anunciaram as autoridades.

O objetivo é impedir uma propagação da epidemia, principalmente nos campos superpopulosos de rohingyas, onde vivem 130.000 pessoas desta minoria muçulmana perseguida.

Na semana passada, as autoridades visitaram o campo de Thae Chaung para enfatizar a necessidade de respeitar o distanciamento físico - algo impossível já que em média 10 famílias moram em apenas uma casa - e distribuir desinfetante para as mãos e máscaras.

O estado de Rakhine é cenário há muito tempo de conflitos étnicos e regionais.

Os rohingyas são controlados na região e têm acesso limitado aos serviços de saúde, educação e habitação.

Quase 750.000 membros desta minoria se refugiaram em Bangladesh em 2017, depois que fugiram da repressão militar que a ONU chamou de "genocídio".

As autoridades de Mianmar atualizaram nesta sexta-feira (3) para 162 o número de vítimas do deslizamento de terra que atingiu uma mina de jade em Hpakant, no norte do país.

As buscas iniciadas logo após o desastre na quinta-feira (2) foram suspensas por algumas horas por conta do risco de um novo deslocamento de terra, já que as chuvas ainda caem com força na área. Apesar das chances serem remotas, os socorristas procuram por possíveis sobreviventes.

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Segundo informações das autoridades, as fortes chuvas que vinham atingindo a região há vários dias provocaram o deslocamento de parte da terra que cobria a montanha, que desmoronou rapidamente. O deslizamento atingiu um lago criado para tratar a água da mina, o que provocou uma grande onda de lama e rejeitos, que rapidamente atingiu todos que estavam no local.

O estado de Kachin possui muitos recursos naturais preciosos e é palco de constantes tragédias do tipo, além de conflitos militares entre membros da etnia local e membros das Forças Armadas do país.

Da Ansa

Ao menos 126 mineiros morreram em um deslizamento de terra em minas de jade na região norte de Mianmar, perto da fronteira com a China, em uma das piores catástrofes do tipo nos últimos anos no país.

"Os mineiros foram arrastados por uma torrente de lama provocada pelas fortes chuvas", afirma um comunicado divulgado pelos bombeiros em sua página do Facebook. "O balanço total até o momento é de 126 mortos", completa a nota.

"As operações de resgate continuam", afirmaram fontes do corpo de bombeiros, depois que um comandante de polícia da região indicou que as tarefas de busca haviam sido interrompidas devido às fortes chuvas.

A tragédia aconteceu perto da fronteira com a China, em um vale do cantão de Hpakant que ficou completamente submerso na lama, de acordo com imagens divulgadas pelas equipes de emergência nas redes sociais.

As vítimas trabalhavam na área das minas, apesar das advertências das autoridades para que não seguissem até o local por causa das tempestades, informou à AFP a polícia. "Poderíamos ter ainda mais mortes sem a advertência", disse uma fonte das forças de segurança.

- Bilhões de dólares -

Dezenas de mineiros morrem a cada ano em Mianmar durante o trabalho na lucrativa, mas pouco regulamentada, indústria de jade, que emprega migrantes mal remunerados para extrair esta pedra semipreciosa com alta demanda na China.

De acordo com a ONG Global Witness, o negócio alcança bilhões de dólares e muitos trabalhadores não estão sequer registrados.

A catástrofe desta quinta-feira era "evitável", lamentou à AFP Hann Hindstrom, que trabalha para a ONG. Ele afirma que o acidente evidencia a "necessidade urgente" de regulamentar esta indústria.

As minas de jade a céu aberto de Hpakant transformaram a região de difícil acesso em um terreno que parece uma paisagem lunar.

Deslizamentos de terra mortais são frequentes na região. Em 2015, mais de 100 pessoas faleceram em deslizamentos de terra. Em 2019, uma tragédia similar deixou 50 vítimas fatais.

As vítimas são muitas vezes membros de comunidades étnicas desfavorecidas que trabalham de maneira quase clandestina em minas abandonadas.

Os abundantes recursos naturais do norte de Mianmar - incluindo jade, ouro e âmbar - ajudam a financiar os dois lados de uma guerra civil protagonizada há várias décadas por insurgentes da etnia kachin e os militares birmaneses.

De sopa de peixe às pernas de rã picantes: os vídeos de uma menina de oito anos de pijama e chapéu de chef são a novidade do momento entre os internautas birmaneses, ainda confinados pela pandemia do novo coronavírus.

Tudo começou no final de abril, quando a mãe de Moe Myint May Thu postou um primeiro vídeo on-line de sua filha preparando um prato de camarão.

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Rapidamente, o vídeo circulou nas redes sociais e a garota ganhou o apelido de "pequena chef".

"Adoro cozinhar", diz ela à AFP.

"Gostamos de cozinhar juntas durante o confinamento", explica a menina, junto com a mãe, Honey Cho, na cozinha de sua casa em Rangun.

Em seu vídeo mais famoso, com mais de 200.000 visualizações, essa "chef" incomum veste uma camiseta com um unicórnio e explica como preparar o prato nacional birmanês, Mohingya, uma sopa à base de macarrão de arroz e peixe-gato.

Moe Myint May Thu já tem sua própria conta no Facebook, que acumulou mais de 8.000 seguidores em apenas quatro dias.

"Ela é tão encantadora que não consigo me concentrar em mais nada. Assisto aos seus vídeos sem parar", comenta um internauta.

Após esse sucesso, a "pequena chef" começou a oferecer pratos sob encomenda, em torno de 7 euros (US$ 7,7), que ela mesma entrega no fim do dia.

Até agora, Mianmar registrou 228 casos de infecção por COVID-19 e seis mortes.

Em Rangun, a atividade econômica vai-se normalizando aos poucos, embora o lema continue sendo "fique em casa", exceto por razões essenciais.

Mianmar começou a libertar mais de um quarto de seus presos, anunciou a Presidência nesta sexta-feira (17), após decisão motivada pelos pedidos para aliviar as prisões superlotadas devido ao medo da propagação do novo coronavírus.

O país do Sudeste Asiático concede uma anistia anual a milhares de prisioneiros por ocasião do feriado de Ano Novo em abril. A deste ano é a maior entre as últimas.

E acontece num momento em que governos de todo o mundo - incluindo Estados Unidos, países da Europa e América Latina - enfrentam prisões superlotadas e o medo de uma espiral de surtos atrás das grades.

"Para comemorar o Ano Novo em Mianmar, respeitando o terreno humanitário e a paz das pessoas, a presidente perdoa 24.896 prisioneiros de várias prisões", disse o gabinete presidencial em comunicado nesta sexta-feira.

À medida que a notícia se espalhou, multidões desafiaram a proibição de aglomerações do lado de fora da famosa prisão Insein, de Yangon, na esperança de ver seus parentes libertados.

Usando uma máscara, Ei Nge disse à AFP que foi para a prisão assim que ouviu a notícia. "Eu nem penso no coronavírus. Só quero ver meu filho", disse.

Mianmar confirmou oficialmente 85 casos de COVID-19, incluindo quatro mortos, mas especialistas temem que o número real seja muito maior.

O país instituiu o confinamento nacional e tem havido crescente pressão para libertar presos das prisões, descritas pela organização Human Rights Watch (HRW) como "terrivelmente superlotadas e insalubres".

O balanço de mortes nos deslizamentos de terras causados por chuvas torrenciais de monção no leste de Mianmar aumentou para 34, informaram as autoridades neste sábado, enquanto os socorristas ainda buscam por dezenas de pessoas desaparecidas.

Autoridades acreditam que ainda há mais de 80 pessoas desaparecidas.

Equipes de emergência trabalharam a noite toda para tentar encontrar sobreviventes.

Cerca de 47 feridos foram resgatados, segundo as autoridades.

Imagens aéreas mostraram telhados destruídos outras partes das casas que foram afetadas pelo deslizamento de terra.

Um templo na encosta de uma colina estava coberto de terra.

Cerca de 89 mil pessoas tiveram que ser evacuadas por causa das inundações nas últimas semanas, embora a maioria tenha retornado às suas casas, segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários.

Milhares de pessoas foram às ruas da capital de Mianmar, Naipidau, neste sábado (6), pedir a investigação urgente do estupro de uma menina de dois anos, após uma campanha nas redes sociais que abalou a sociedade birmanesa.

O crime aconteceu em maio, na capital, mas a campanha de protesto se intensificou na semana passada, quando o pai da menor recorreu à imprensa para expressar sua irritação com os poucos avanços da investigação.

Sua filha - contou ele - voltou do Jardim de Infância com ferimentos causados por um estupro, segundo os médicos.

Neste sábado, os manifestantes marcharam em Naipidau, a maior cidade do país, tendo a sede da Polícia como destino final. Muitos estavam vestidos de branco, cor de luto nesse país, exigindo "justiça" para a menina e também mais segurança para os menores.

Um homem foi detido na quarta-feira, graças a imagens de câmeras de segurança, de acordo com a polícia. Ele foi acusado pelo estupro da menina, mas a opinião pública se mostrou cética quanto à sua responsabilidade.

O estabelecimento onde a vítima estava matriculada e outros seis, privados, foram fechados.

Segundo a ONG Terra dos Homens, com sede em Lausanne (Suíça) e com forte atividade em Mianmar, o estupro é "muito comum" nesse país asiático. São pelo menos dois casos por semana, apenas em Naipidau, afirma a organização. A maioria sequer vem à tona.

Um Embraer-190 da companhia aérea Myanmar Airlines conseguiu pousar neste domingo (12), apesar de um problema no trem de pouso dianteiro, uma proeza do piloto elogiada por especialistas, anunciou a Aviação Civil birmanesa.

O voo UB-103 da Myanmar Airlines pousou em Mandalay e as 89 pessoas a bordo do avião fabricado no Brasil passam bem, segundo a fonte.

O piloto tentou várias vezes ativar o trem de pouso dianteiro, primeiro usando o computador de voo e depois manualmente. Sem sucesso, decidiu pousar sem as rodas dianteiras, disse Ye Htut Aung, vice-diretor da Aviação Civil.

"Eles tiveram que pousar com as rodas traseiras, o piloto foi capaz de fazê-lo com talento e não houve vítimas", acrescentou.

Dois jornalistas da Reuters condenados a sete anos de prisão em Miamnar após uma investigação sobre um massacre de muçulmanos rohingyas foram libertados nesta terça-feira (7) após uma campanha mundial.

Wa Lone e Kyaw Soe Oo foram cercados por jornalistas quando deixaram a prisão de Yangon em que passaram mais de 500 dias detidos.

"Sou jornalista e vou continuar com meu trabalho", declarou Wa Lone, 33 anos. "Obrigado a todos os que me ajudaram e apoiaram, aqui e no exterior, durante estes dias em que ficamos na prisão", completou.

"Estamos extremamente contentes de que Mianmar tenha libertado nossos valentes repórteres", afirmou a Reuters em um comunicado.

"Desde sua detenção, há 511 dias, se tornaram símbolos da importância da liberdade de imprensa em todo o mundo. Celebramos seu retorno".

A ONU celebrou a libertação, que aconteceu no âmbito de um indultou, e a considerou um "passo para uma liberdade de imprensa maior e uma demonstração do compromisso do governo em favor da transição democrática em Mianmar".

A organização Anistia Internacional considerou a libertação uma "importante vitória para a liberdade de imprensa". A Human Rights Watch destacou que a "crise não acabou".

Durante o ano e meio que permaneceram detidos, os dois repórteres perderam importantes acontecimentos familiares, como o nascimento da filha de Wa Lone.

"Estamos muito felizes", afirmou Chit Su Win, esposa de Kyaw Soe Oo, 29 anos, à AFP.

A Suprema Corte havia rejeitado há algumas semanas o recurso dos jornalistas da Reuters. A condenação da dupla gerou uma onda de indignação internacional.

A investigação dos profissionais da Reuters venceu o prêmio Pulitzer, um dos principais do jornalismo. Eles também foram reconhecidos pela Unesco e designados, ao lado de vários companheiros de profissão, personalidades do ano de 2018 pela revista Time.

Wa Lone e Kyaw Soe Oo foram condenados por infração à lei sobre segredos de Estado, que data da época colonial.

O caso virou um exemplo da guerra contra a liberdade de imprensa e motivou uma campanha internacional que atraiu a atenção da advogada especializada em direitos humanos Amal Clooney, que nesta terça-feira declarou ter sido uma "honra representar" seus clientes.

Os dois eram acusados de acessar documentos secretos relativos às operações das forças birmanesas de segurança no estado de Rakhine, no noroeste de Mianmar, palco de abusos contra a minoria muçulmana rohingya.

No momento de sua prisão, em dezembro de 2017, investigavam um massacre de rohingyas em Inn Din, uma localidade do norte do estado de Rakhine.

Desde então, o exército reconheceu que ocorreram excessos e sete militares foram condenados a 10 anos de prisão

Os dois jornalistas sempre alegaram que foram enganados.

Um dos policiais que depôs sobre o caso disse que a entrega dos documentos secretos foi uma "armadilha" para impedir que os jornalistas prosseguissem com seu trabalho.

Vários ativistas dos direitos humanos pediram à vencedora do Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, líder de fato do governo birmanês, que utilizasse sua influência para que os jornalistas recebessem um indulto presidencial.

Mas até o momento ela se negou a intervir, alegando a independência da justiça.

Suu Kyi, muito criticada por seu silêncio sobre o drama dos rohingyas, chegou a justificar a prisão dos dois, "não porque são jornalistas, e sim porque infringiram a lei".

Sete estudantes birmaneses foram condenados a três meses de prisão com trabalhos forçados depois que queimaram fotos de vários ministros. A informação foi confirmada por Ei Mon Khin, dirigente do movimento estudantil.

No dia 28 de dezembro, dezenas de estudantes protestaram para exigir mais segurança na Universidade de Mandalay, após o assassinato de um aluno nas proximidades do centro de ensino. Alguns participantes da manifestação queimaram caixões de papel, assim como fotos de ministros e do reitor da universidade.

Sete alunos foram detidos e colocados em prisão provisórias. As condenações ilustram a repressão das autoridades birmanesas, apesar da chegada ao poder em 2016 do governo civil de Aung San Suu Kyi.

Na terça-feira, 10 pessoas foram feridas por balas de borracha da polícia em um protesto da minoria karen, que criticava a instalação de uma estátua do general Aung San, pai de Suu Kyi, vencedora do Nobel da Paz.

Aung San, artífice da independência do país em 1948, pertencia à etnia majoritária bamar. Ele é considerado por muitas minorias o símbolo do domínio desta etnia sobre as outras comunidades do país.

Um francês foi preso por ter feito um drone voar perto do Parlamento birmanês, informou a embaixada da França nesta segunda-feira (11). "Um francês, de viagem a Mianmar, foi preso na quinta-feira, 7 de fevereiro, por ter feito voar um drone sobre o Parlamento, em Naypydaw, algo que é proibido", explicou um responsável da embaixada.

A legação francesa detalhou que estava em contato com as autoridades para tentar libertá-lo, mas nesta segunda continuava detido em Naypydaw, capital administrativa do país. As autoridades birmanesas não deram detalhes do caso, enquanto a mídia local publicou fotos do homem.

No fim de 2017, dois jornalistas, de Malásia e Singapura, funcionários de uma emissora turca, foram condenados a dois meses de prisão em Mianmar por terem feito um drone voar sobre o Parlamento.

Várias ONGs se uniram nesta sexta-feira para denunciar um plano de "repatriação" para Mianmar, anunciado para a próxima semana, de muçulmanos rohingyas que fugiram do que a ONU denunciou como "genocídio".

Os membros dessa minoria alegam estar aterrorizados com a perspectiva de volta. No primeiro grupo, mais de 2.260 pessoas deslocadas devem ser repatriadas a partir de 15 de novembro, anunciou o jornal oficial The Global New Light, de Mianmar.

Um acordo foi alcançado com Bangladesh, onde mais de 720.000 Rohingyas vivem desde agosto de 2017 devido à violência em sua região.

O plano de repatriação foi confirmado por Mying Khaing, um alto funcionário regional no estado de Rakain, região de Miamar Ocidental, onde violentos tumultos aconteceram.

Mas as 42 ONGs que assinaram a carta aberta publicada nesta sexta-feira expressaram sua preocupação, julgando que as condições de segurança não são adequadas e que o retorno das rohingyas será "perigoso", em um país marcado por um violento nacionalismo budista.

"Eles fugiram para Bangladesh em busca de segurança ... Eles estão aterrorizados com a ideia do que acontecerá a eles se voltarem agora a Mianmar", afirmaram as as ONGs, incluindo a Oxfam e a Save The Children.

Os refugiados temem especialmente que serão forçados a ir para campos em que mais de 120.000 rohingyas viveram no estado de Rakain por anos.

Em junho, a Agência de Refugiados da ONU (Acnur) e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) assinaram um acordo com as autoridades birmanesas para criar condições para um retorno voluntário e seguro dos rohingya para Mianmar.

O rompimento de uma represa em Mianmar, devido às intensas chuvas de monções, deixou quatro mortos e três desaparecidos - aponta o primeiro balanço divulgado pelas autoridades nesta sexta-feira (31), dois dias depois da tragédia.

"Quatro pessoas morreram, e três estão desaparecidas após as inundações", declarou à AFP Phyu Lei Lei Tun, do Ministério de Assuntos Sociais.

Os socorristas birmaneses seguiam, nesta sexta, no atendimento às últimas pessoas presas em suas casas, ainda cercadas pelas águas.

De acordo com as autoridades locais, a causa do rompimento de uma ampla seção da represa Swar Chaung na manhã de quarta-feira foi o fato de o sistema de evacuação ter sido danificado pelas chuvas. Isso provocou inundações em amplos setores da região central de Bago.

"Mais de 36.000 pessoas já estão distribuídas em 68 acampamentos", relatou o Ministério de Assuntos Sociais.

No total, mais de 65.000 pessoas se viram afetadas pelo desastre, mas muitas delas encontraram soluções de alojamento alternativas, principalmente em mosteiros budistas.

Há apenas uma semana, as inundações provocadas pelas chuvas de monções forçaram 150.000 pessoas a fugirem de suas casas em Mianmar.

No Sudeste Asiático, a temporada anual de monção vai, em geral, de junho a novembro.

A ruptura nesta quarta-feira (29) de uma represa em Mianmar obrigou milhares de pessoas a fugirem de suas casas, inundadas, e bloqueou a principal estrada do país - informaram as autoridades.

"A água chegou a localidades com mais de 50.000 habitantes", anunciou à AFP Phyu Lae Lae Tun, alto funcionário do Ministério birmanês para Assuntos Sociais.

No total, 14.000 casas de quase 100 vilarejos da região de Bago, 70 km ao norte de Yangun, foram afetadas. As autoridades não divulgaram informações sobre mortos, ou feridos.

A represa de Swar Chaung rompeu, devido à pressão das chuvas torrenciais, causando um fluxo súbito e abundante de água, que inundou as planícies rurais da região.

"Há mais de 14 mil casas e cerca de 63 mil pessoas afetadas pelas enchentes", indicou Phyu Lae Tun.

Até o momento, não foram notificadas mortes, mas 12.600 pessoas buscaram refúgio nos 30 abrigos temporários preparados para receber os deslocados, segundo o governo.

Os habitantes, alguns com água chegando à altura do peito, esforçaram-se ao máximo para alcançar áreas mais elevadas e se refugiar, de acordo com jornalistas da AFP presentes na aldeia de Kayin.

Muitos outros ficaram presos em suas casas parcialmente submersas, esperando pelo resgate dos socorristas que tentavam evacuar as zonas afetadas enquanto a noite caia.

As águas também causaram o colapso de boa parte de uma ponte localizada na estrada Yangun-Mandalay, as duas maiores cidades de Mianmar.

Além disso, o vice-ministro da Construção, Kyaw Linn, disse a repórteres que os pilares da ponte estavam afundando.

"Vamos enviar mergulhadores para verificar quando o nível da água cair", explicou ele.

Atualmente com uma imagem deteriorada no cenário internacional por causa das acusações da ONU de "limpeza étnica" infligida contra a minoria muçulmana rohingya, o comandante-em-chefe do Exército, Min Aung Hlaing, rapidamente se dirigiu à região afetada nesta quarta-feira.

A ruptura da represa ocorreu semanas após as fortes chuvas de monções terem forçado 150 mil birmaneses a fugirem de suas casas.

No Sudeste Asiático, a temporada anual das monções geralmente se estende de junho a novembro.

Laos, país vizinho de Mianmar, também sofreu com as fortes chuvas no mês passado, que também causaram a ruptura de uma barragem, deixando pelo menos 35 mortos, muitas pessoas declaradas desaparecidas e milhares de refugiados em abrigos temporários.

O Facebook baniu várias contas de alto perfil em Mianmar que, segundo a rede social, ajudaram a inflamar as tensões étnicas e religiosas no país do sudeste asiático. Em um relatório divulgado pela ONU, investigadores acusaram as forças armadas de orquestrar atos como assassinatos em massa, estupros de gangues e a destruição de aldeias inteiras.

O Facebook citou as descobertas da ONU em seu post de blog. A empresa descreveu a violência étnica no país como verdadeiramente horrível e disse que queria impedir o uso indevido do Facebook em Mianmar. Para este fim baniu 18 contas e 52 páginas seguidas por quase 12 milhões de pessoas.

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Especialistas alertaram sobre o papel do Facebook no fomento da violência étnica em Mianmar desde pelo menos 2014, observando como o site foi usado para espalhar fraudes, memes e desinformação sobre a população Rohingya.

Embora a empresa tenha aumentado o número de moderadores locais de conteúdo que falam birmanês (a língua oficial de Mianmar), ela ainda não tem presença oficial ou funcionários no país.

Ativistas de direitos humanos dizem que a situação em Mianmar é extremamente desafiadora, e que pode ser realmente difícil diferenciar entre usuários do Facebook que simplesmente compartilham informações e aqueles que tentam inflamar o ódio racial.

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O veredito do processo contra dois jornalistas da agência Reuters acusados de "violação de segredo de Estado" em Mianmar, previsto para esta segunda-feira (27), foi adiado para 3 de setembro, anunciou a Justiça birmanesa, que citou o estado de saúde do juiz responsável pelo caso.

"O juiz Ye Lwin está doente e hospitalizado desde 24 de agosto. Por isto, o veredito será anunciado em 3 de setembro", afirmou o magistrado Khin Maung Maung em uma audiência.

Wa Lone, 32 anos, e Kyaw Soe Oo, 28, em prisão preventiva desde dezembro de 2017, podem ser condenados a penas de 14 anos de prisão.

"Pouco importa o que decidam a nosso respeito. Não temos medo", afirmou Wa Lone após o anúncio do adiamento.

"A verdade está ao nosso lado e nós não fizemos nada de errado", completou.

As autoridades birmanesas acusam os dois de posse de documentos confidenciais relacionados às operações das forças de segurança no estado de Rakhine, noroeste do país, cenário da crise dos rohingyas.

Os repórteres birmaneses investigavam o massacre de 10 rohingyas na localidade de Inn Dinn. Poucos dias depois de sua detenção, o exército reconheceu que soldados e membros budistas mataram a sangue frio pessoas desta comunidade em 2 de setembro. Sete militares foram condenados a 10 anos de prisão.

Os dois jornalistas afirmam que a polícia criou uma armadilha, ao ordenar o envio de um documento comprometedor. Em uma das audiências preliminares, um policial confirmou a tese.

O processo foi marcado por vários apelos da comunidade internacional a favor da libertação de ambos e pela defesa da liberdade de imprensa, muito ameaçada em um país no qual os militares continuam com muita influência, apesar da chegada ao poder poder, em 2016, do governo civil da vencedora do Nobel da Paz Aung San Suu Kyi.

A ONU acusou o exército e as milícias budistas de limpeza étnica da minoria rohingya.

As operações do exército em 2017 forçaram mais de 700 mil pessoas da minoria rohingya, a quem o governo de Mianmar nega a cidadania birmanesa, a fugir para Bangladesh.

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