Tópicos | partidos

O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia, nesta sexta-feira (21), o julgamento de um pedido formulado por 17 partidos para derrubar uma regra sobre a prestação de contas das siglas. A avaliação do Tribunal vai começar com a leitura do voto do relator, Gilmar Mendes, e os demais ministros devem votar ao longo da próxima semana. De acordo com o movimento Transparência Partidária, que ingressou na ação como "amicus curiae" - ou seja, como alguém que participa para dar opinião -, se a ação vingar, a prestação de contas poderá ser adiada indefinidamente, levando à prescrição.

O pedido, que une direita e esquerda, foi apresentado em abril por DEM, MDB, PSB, PDT, PL, PP, PCdoB, PSD, PSDB, PT, Cidadania, PSOL, Solidariedade, PTB, PSL, Republicanos e Podemos. As legendas entraram com uma ação direta de inconstitucionalidade para tentar derrubar uma regra que vem sendo reproduzida pelas resoluções do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) desde 2015. Ela prevê que, se os partidos não apresentarem explicações sobre suas movimentações quando forem cobrados por juízes ou relatores, eles perdem o direito de manifestar esses mesmos argumentos ou explicações depois, no decorrer do julgamento da prestação de contas.

##RECOMENDA##

De acordo com as siglas, a regra viola os princípios previstos em lei da separação de Poderes, do devido processo legal, do contraditório e da ampla defesa. As agremiações também pediram a suspensão provisória da regra, até o julgamento da ação. No lugar disso, Gilmar Mendes pediu manifestações da Advocacia-Geral da União (AGU) e da Procuradoria-Geral da República (PGR) e mandou o tema direto para o plenário.

A maior parte, cerca de 90%, dos recursos movimentados pelos partidos para sustentar suas atividades têm origem no Fundo Especial de Assistência Financeira aos Partidos Políticos, conhecido como fundo partidário - uma verba pública. No caso de rejeição de contas partidárias, a Justiça pode determinar a aplicação de multas e, eventualmente, a suspensão de cotas do fundo partidário por um período de tempo.

Na ação, o TSE, a AGU, a PGR e o Transparência Partidária se posicionaram frontalmente contra a demanda dos partidos. "Se essa ADI for julgada procedente, corre-se o risco concreto de prescrição das prestações de contas dos partidos políticos, conforme alertou a própria presidência do TSE em sua manifestação", afirmou ao Estadão Marcelo Issa, fundador do movimento.

"Não há dispositivo constitucional explícita e expressamente dizendo que o tema de prestação de contas das agremiações partidárias deve ser disciplinado por lei", escreveu, nas considerações da PGR, Humberto Jacques de Medeiros, vice-procurador-geral.

"O contexto de crescente descrédito da população com a democracia representativa sugeriria o aprimoramento dos mecanismos de transparência, abertura e integridade dos partidos, mas o que se nota é uma verdadeira espiral de reformas legislativas, marcada por condescendência e privilégios, que não encontra paralelo com o tratamento dispensado a outros tipos de organizações da sociedade civil", diz a peça do Transparência Partidária.

Sem financiamento ou apoio partidário, iniciativas de candidatos negros ficam pelo caminho. A enfermeira Rita Manuela se lançou ao cargo de deputado federal pelo Patriota em 2018, mas, embora a sigla tenha dado aval para que seu nome fosse às urnas, a candidatura não foi contemplada na divisão do fundo eleitoral. "Entrei zerada e saí zerada." Do partido, ela recebeu apenas os serviços de assessoria e consultoria contábil, estimados em R$ 400.

Para Rita, o Patriota a colocou na disputa apenas para cumprir o número mínimo de mulheres, mas que, caso ela fosse uma candidata branca, a situação poderia ter sido diferente. "Mulheres negras recebem menos, têm menos participação e menor avaliação de viabilidade (eleitoral)", afirmou ela, que desistiu da eleição. Procurado, o Patriota não se manifestou até a conclusão desta edição.

##RECOMENDA##

A situação de Rita se repete em outros partidos. Candidato a deputado estadual no Rio pelo PDT em 2018, o cientista social Vitor Del Rey disse que desistiu da campanha "antes mesmo de começar" porque não recebeu apoio do seu partido. "Não tínhamos dinheiro para financiar, cheguei num momento em que eu tinha mais dívidas que dinheiro para arrecadar", relatou. Segundo o TSE, ele não recebeu recursos do partido para fazer campanha. "O fato de eu ser negro, somado ao de não ter padrinhos e histórico político, contribuiu para a falta de verba vinda do partido."

O PDT afirmou que a gestão da verba partidária é "uma deliberação interna do diretório regional, priorizando candidatos a presidente, governadores, senadores e deputados federais". Segundo a sigla, os critérios para a distribuição de verba "vão de tempo de filiação a efetiva participação na organização do partido". 

Há nove meses sem partido e ainda com dificuldades para tirar do papel o Aliança pelo Brasil, o presidente Jair Bolsonaro passou a ser cortejado por outras siglas com promessas que vão da fidelidade em votações no Congresso, controle de diretórios regionais a dinheiro para bancar sua campanha à reeleição, em 2022. O presidente admitiu o "assédio" de ao menos quatro legendas, mas disse que está conversando para decidir qual proposta aceitará.

O Progressistas, o PTB e o PSL, partido pelo qual o presidente foi eleito em 2018, confirmaram conversas com Bolsonaro. Neste último, a reconciliação depende ainda de um processo de pacificação interna na legenda, que inclui extinguir punições impostas a 19 deputados aliados ao governo, entre eles o filho do presidente, Eduardo Bolsonaro (SP).

##RECOMENDA##

"Diante da quase inviabilidade do Aliança, eles renunciariam ao pedido de criação do partido e ficariam no PSL definitivamente. Em troca, faríamos uma revisão antecipada das sanções", disse o presidente do PSL, Luciano Bivar, ao Estadão/Broadcast, afirmando que ainda não teve uma resposta de Bolsonaro, mas que aguarda a evolução das conversas.

Lançado em novembro do ano passado, após o rompimento de Bolsonaro e Bivar, o Aliança havia conseguido apenas 3% das 490 mil assinaturas necessárias para conseguir o registro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até o fim de julho. Segundo representantes da nova sigla, o processo ainda está em andamento e já há 200 mil apoiadores, a maioria ainda pendente do aval da Corte.

Foi o próprio presidente, no entanto, que colocou em dúvida a viabilidade do projeto anteontem, em transmissão ao vivo pela internet. "Não posso investir 100% no Aliança, em que pese o esforço de muita gente pelo Brasil. Eu tenho de olhar outros partidos. Tenho recebido convites. Em três partidos, me convidaram para conversar. Um foi o Roberto Jefferson. Tem mais dois partidos também. Já conversei com os presidentes desses dois outros partidos. Tem uma quarta hipótese aí, o PSL", afirmou.

Apesar das conversas com Bivar, parlamentares do PSL, como o senador Major Olimpio (SP) e o deputado federal Junior Bozzella (SP), se adiantaram em dizer que Bolsonaro não é bem-vindo.

Vantagem

O motivo do desentendimento, no ano passado, foi o controle da superpotência partidária que o PSL se tornou. Na onda do "bolsonarismo", a sigla pulou de quatro para 52 deputados eleitos na Câmara, atrás apenas do PT, que elegeu 54.

O sucesso nas urnas se refletiu nos cofres do partido, que passou a ter o segundo maior quinhão do dinheiro público que abastece as legendas e na propaganda eleitoral na TV e no rádio - os critérios para a divisão levam em conta a votação para a Câmara. Estes fatores podem pesar na escolha do presidente, que poderá usar estas vantagens na sua campanha à reeleição.

Correndo por fora, o presidente do Progressistas, senador Ciro Nogueira (PI), disse que já teve diversas conversas com Bolsonaro. A legenda passou a integrar oficialmente a base aliada do Congresso recentemente, como parte da estratégia do Palácio do Planalto de se aproximar do Centrão. Além cargos no Executivo, Bolsonaro entregou nesta semana a liderança na Câmara para o deputado Ricardo Barros (PR). "Toda vez fala em tom de brincadeira que está com saudade do partido e eu disse a ele que ninguém se perde no caminho de casa", disse Nogueira. Bolsonaro foi filiado à sigla entre 2005 e 2016.

Além do apoio no Congresso, Nogueira declarou "fidelidade" ao projeto de reeleição de Bolsonaro. "Ofereci a ele o partido, que é o maior do centro, tempo de televisão e fidelidade total ao projeto de reeleição", disse o senador, com a ressalva de que o apoio independe de Bolsonaro aceitar o convite.

Também na disputa pela filiação de Bolsonaro, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, prometeu dissolver todos os seus diretórios regionais e compor novas chapas ao lado do presidente. "Ele achou excelente e disse ‘Roberto, em você eu confio, você é um homem de palavra’", disse Jefferson.

Para o vice-presidente do Aliança, Luís Felipe Belmonte, o assédio a Bolsonaro ocorre na esteira da melhora da aprovação do governo, mas garante que a legenda estará pronta até 2022. "Agora todo mundo quer o presidente no partido, mas ele não disse que não vai fazer o Aliança. Falou apenas que está analisando outras situações", disse Belmonte. 

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) relatou, em transmissão ao vivo nas redes sociais, que recebeu convites para se filiar a três partidos diferentes, sendo um deles o PTB, presidido pelo ex-deputado federal Roberto Jefferson. Além dos convites que diz ter recebido, o presidente admitiu conversar também com o PSL, pela qual ele se elegeu em 2018.

Em novembro do ano passado, Bolsonaro assinou a desfiliação do PSL, e desde então vinha tentando conseguir assinaturas suficientes para protocolar a criação de uma nova legenda, chamada Aliança pelo Brasil, junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

##RECOMENDA##

Até o fim de julho, no entanto, seus apoiadores só haviam conseguido juntar 3% das assinaturas necessárias. "É difícil Aliança pelo Brasil ser criado ainda em 2020, mas não é impossível", comentou nessa quinta-feira (13).

Bolsonaro afirmou que alguns integrantes do PSL teriam feito sinalização por uma reconciliação. "Apesar de ter saído do PSL, tem 43 ou 44 parlamentares que conversam comigo", apontou.

Após quebrar a hegemonia de partidos de esquerda no comando de Olinda, na Região Metropolitana do Recife, o atual prefeito, Professor Lupércio (Solidariedade), foca em obras estruturais para alcançar os eleitores. Com os esforços voltados ao enfretamento da pandemia no município, o gestor optou em retardar o início da sua pré-campanha eleitoral de 2020. 

Envolvido em pautas sociais, Lupércio ingressou na carreira política como vereador de Olinda, em 2005, e depois alcançou o cargo de deputado estadual. Embora a expectativa seja de uma disputa acirrada nas urnas com o candidato da oposição, João Paulo (PCdoB), os impactos da crise sanitária fizeram com que o prefeito contivesse o teor eleitoral. "O momento não é de pensar em eleição", comunicou por meio da assessoria.

##RECOMENDA##

Embora admita que ainda não entrou de cabeça na corrida pela recondição à prefeitura, Lupércio usa as redes sociais para apresentar obras estruturais mantidas por sua gestão. Na estratégia da prática além do discurso, o objetivo é que os olindenses considerem o trabalho, que pretende recuperar a Avenida Presidente Kennedy e requalificar mais de 100 ruas do município.

Questionado sobre possíveis alianças para formar sua base de apoio, o prefeito adotou um discurso generalista e garantiu que sua gestão "é de diálogo com todos os partidos".

LeiaJá também

--> João Paulo: "Olinda merece ser governada com grandeza"

Com o projeto de criação de um partido próprio adiado para 2021, os seguidores do presidente Jair Bolsonaro vão tentar a sorte nas urnas este ano por siglas conservadoras de direita que aceitaram servir de abrigo provisório do bolsonarismo até que a Aliança pelo Brasil saia do papel.

O PRTB do vice-presidente Hamilton Mourão, o PTB de Roberto Jefferson, o Republicanos do prefeito do Rio, Marcelo Crivella, e o Patriotas foram os partidos que mais apostaram em bolsonaristas para as eleições municipais, segundo Luís Felipe Belmonte, vice-presidente do Aliança. Há também aliados do presidente disputando pelo DEM em algumas cidades.

##RECOMENDA##

Apontado pelo Ministério Público de São Paulo como operador de um esquema de fakenews no suposto gabinete do ódio da Assembleia Legislativa de São Paulo, o ativista Edson Salomão, chefe de gabinete do deputado estadual bolsonarista Douglas Garcia (sem partido) e presidente do Movimento Conservador vai disputar uma cadeira de vereador na capital paulista pelo PRTB.

Garcia, que foi expulso do PSL, teria permitido que Salomão utilizasse o equipamento público da Alesp para atacar ministros do Supremo Tribunal Federal e adversário políticos, entre eles a deputada Joice Hasselmann.

Assim como ele, a maioria dos líderes conservadores da ala mais radical dos movimentos pró-Bolsonaro decidiram ir às urnas em 2020 pela legenda, que aposta em integrantes de grupos como Avança Brasil, Movimento Conservador e Nas Ruas, além de youtubers, influenciadores digitais e políticos ligados a deputados do PSL que ficaram isolados na sigla após a saída do clã Bolsonaro.

Entre as apostas do PRTB em São Paulo está Ricardo Rocchi, manifestante do movimento "Tomataço" - que foi proibido pelo ministro do STF Alexandre de Moraes de chegar a menos de 200 metros de qualquer ministro da Corte. Além dele, Bruno Zambelli, irmão da deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP), o blogueiro Ricardo Santis, conhecido como "Conservador de Topete", e Juliana Kohan, do grupo Mulheres com Bolsonaro.

"Os bolsonaristas do PSL e os ativistas da Paulista vieram em massa para o PRTB. Temos candidatos do Avança Brasil, Nas Ruas e outros grupos", disse ao Estado Jairo Glikson, integrante do Revoltados Online e coordenador da chapa de vereadores do PRTB.

Nas contas do presidente do PRTB, Levy Fidelix, o partido terá 77 candidatos a vereador. "Destes, 30 são bolsonaristas, sendo alguns deles ligados ao Gil Diniz e ao Eduardo Bolsonaro. Sem o Aliança eles se agasalharam aqui", acrescentou.

Conhecido pelo bordão do Aerotrem, Fidelix vai disputar a Prefeitura paulistana e diz que será o único bolsonarista na campanha. "O bolsonarismo tem pelo menos 20% dos votos na capital. Eles não têm opção. Você acha que vão votar na Joice Hasselman? No Mamãe Falei? Não tem saída. Só eu sou Mourão e Bolsonaro",enfatizou o presidente do PRTB.

No interior

Uma das deputadas mais próximas de Bolsonaro, Carla Zambelli (PSL-SP) vai lançar pelo mesmo PRTB aliados em cidades do interior. A aliança estratégica dos bolsonaristas com esse partido também terá candidatos em outros Estados. Em Belo Horizonte, o deputado estadual Bruno Engler, que foi expulso do PSL e lidera o Avança Brasil de Minas, será o representante do bolsonarismo na disputa à prefeitura.

"O Bolsonaro teve 65% dos votos no segundo turno em Belo Horizonte. Vou fazer minha campanha em total alinhamento com ele", disse o parlamentar, que também lidera o movimento Direita Minas. Em Macapá, o candidato do PRTB, Cirilo Fernandes, vai enfrentar o irmão de David Alcolumbre, Josiel Alcolumbre, na disputa pela prefeitura.

Os candidatos do PRTB contarão com o apoio do vice-presidente Hamilton Mourão, que prometeu a Fidelix viajar o Brasil após as convenções para ajudar nas campanhas do partido. "Mourão é um atrativo fundamental na nossa legenda. Ele vai nos ajudar no Brasil todo", afirmou Fidelix.

Os nomes do PRTB, que hoje não tem nenhum deputado federal, vão, segundo Fidelix, se apresentar nas eleições como "os candidatos do Mourão e do Bolsonaro".

PTB

A aliança entre o presidente nacional do PTB, Roberto Jefferson, e o presidente Jair Bolsonaro abriu as portas do partido para candidatos bolsonaristas nas eleições municipais. Ele chegou a convidar o presidente para entrar no partido, mas ainda não obteve resposta.

"Muitos bolsonaristas do interior interessados na disputa vieram para o PTB. Na nossa chapa de vereadores na capital, 20% pelo menos são bolsonaristas", disse o deputado estadual Campos Machado, presidente estadual da legenda.

O PTB atraiu, entre outros, militares aposentados e da ativa e lideranças sindicais dos caminhoneiros paulistas. Além de Jefferson, Campos acredita que o discurso do partido, de forte oposição ao governador João Doria (PSDB), também colaborou para atrair os defensores do presidente.

No Rio de Janeiro, base eleitoral dos Bolsonaro, o partido escolhido para as eleições foi o Republicanos, do prefeito Marcelo Crivella, que vai tentar a reeleição. Vereador mais votado da história no Rio, com 106.657 votos em 2016, Carlos Bolsonaro tentará seu sexto mandato na Câmara Municipal pela sigla.

Além dele, o Republicanos também aposta na candidatura de mãe de Carlos, Rogéria Bolsonaro, e em lideranças comunitárias, militares e digitais bolsonaristas para eleger pelo menos dez vereadores na capital. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Brasil tem hoje 16.499.493 pessoas filiadas a partidos políticos no país, sendo 9.015.650 do sexo masculino, 7.476.783 do sexo feminino e 7.060 sem gênero informado. Das 33 legendas registradas no TSE, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) é o que tem mais filiados: 2.163.450 pessoas. Já o recém-criado Unidade Popular (UP) é a agremiação política brasileira com menos filiados, totalizando 1.116 membros.

Além do MDB, apenas outros seis partidos políticos registrados na Justiça Eleitoral contam com mais de 1 milhão de filiados: Partido dos Trabalhadores (PT), com 1.535.390; Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), que tem 1.379.564; Progressistas (PP), com 1.342.038; Partido Democrático Trabalhista (PDT), que conta com 1.162.475 filiados; Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), com 1.092.195; e Democratas (DEM), com 1.025.415 filiados.

##RECOMENDA##

O Estado de São Paulo é o reduto da maior parte dos filiados brasileiros, com 3.092.214; seguido do estado de Minas Gerais, com 1.724.890; e do Rio Grande do Sul, com 1.343.540.

Requisito

A filiação partidária é pré-requisito para o eleitor se candidatar a algum cargo eletivo. De acordo com a legislação, para postular uma vaga eletiva, o eleitor, entre outros requisitos, deve estar filiado ao partido no mínimo seis meses antes da data fixada para as eleições, sendo facultado à agremiação estabelecer, em seu estatuto, prazos de filiação partidária superiores.

A Justiça Eleitoral recebe as informações encaminhadas pelos partidos para os fins de arquivamento, publicação e verificação do cumprimento dos prazos de filiação para efeito de registro de candidaturas.

A legislação estabelece que os partidos devem apresentar a relação de filiados anualmente, sempre na segunda semana dos meses de abril e outubro.

*Do site do TSE

Cinco partidos apresentaram ação contra o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), para suspender decreto que prevê a reabertura total do comércio na região até o final deste mês. Segundo as legendas, o emedebista assinou ato "sem qualquer fundamento" e que contradiz decreto que prevê estado de calamidade pública no final de junho.

"Apesar de afirmar que decretação do estado de calamidade visa cumprir requisito formal para recebimento de recurso do Governo Federal, a verdade é que o governador Ibaneis Rocha sabe que o DF ainda não chegou ao pico de contágio da Covid-19", afirmaram os partidos.

##RECOMENDA##

São autores da ação: Rede Sustentabilidade, PDT, PSOL, PSB e UP, sigla de Unidade Popular - partido registrado em dezembro do ano passado.

As legendas afirmam ainda que o governador baixou o decreto de reabertura sem informar à população se há equipamentos, leitos, insumos e recursos humanos suficientes para atendimento de pacientes com Covid-19. A divulgação das informações foi exigida pela juíza Raquel Soares Chiarelli, da 21ª Vara do Distrito Federal, na semana passada em outra ação judicial contra o governador.

O governo distrital autorizou a abertura nesta semana de salões de beleza, esmalterias, barbearias, centros estéticos e academias de esporte. As escolas, universidades e faculdades da rede privada podem retomar as atividades presenciais em 27 de julho e as da rede pública, em 3 de agosto. Bares e restaurantes poderão receber a clientela a partir do dia 15 deste mês. Todos os estabelecimentos deverão seguir protocolos de segurança recomendados pelas autoridades sanitárias para evitar o contágio do novo coronavírus.

Em entrevista ao Estadão, Ibaneis afirmou que "restrições" já não servem para nada, pois se esgotou o "limite" da população. "(O coronavírus) Vai ser tratado como gripe, como isso deveria ter sido tratado desde o início", disse.

Defesa

A reportagem entrou em contato, por e-mail, com o governo do Distrito Federal e aguarda resposta. O espaço está aberto a manifestações.

Mesmo com um prazo maior neste ano, seis em cada dez diretórios de partidos políticos do País não informaram como usaram o dinheiro público que receberam em 2019. O limite para entregar as prestações de contas, inicialmente previsto para abril, acabou na terça-feira passada, dia 30 de junho. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que das mais de 100 mil unidades das legendas nos Estados e nos municípios, 59.634 estão inadimplentes - não enviaram qualquer dado ou fizeram apenas parcialmente.

Ao todo, o TSE distribuiu R$ 927 milhões às 33 siglas no ano passado via Fundo Partidário. O dinheiro é repassado em parcelas mensais para bancar custos como aluguel de sede, salário de funcionários e também as campanhas eleitorais - cabe ao comando nacional de cada uma definir a quantia que destinará aos seus diretórios.

##RECOMENDA##

O porcentual de inadimplência registrada neste ano é maior que o de anos anteriores. Como mostrou o Estadão no mês passado, 41,3% dos diretórios partidários não apresentaram os dados relativos a 2017. De 2018, o índice dos que deixaram de prestar contas foi de 50,7%.

Cúpulas partidárias alegam que orientam os responsáveis pelos diretórios locais a cumprir os prazos da Justiça Eleitoral, mas ressaltam que cada unidade tem independência. Além disso, destacam que a maior parte das unidades que não entregam as prestações é sem movimentação financeira - mesmo assim, precisam informar a Justiça Eleitoral que não receberam nada.

Advogado de partidos políticos de São Paulo, Ricardo Porto afirma que a nova modalidade de prestação de contas, exclusivamente por meio de um sistema eletrônico, tornou-se uma dificuldade extra a diretórios com pouca estrutura física e de pessoal.

"A maioria (dos que não prestam contas) é de órgãos municipais, e a imensa maioria sem movimentação financeira, sem movimentação do Fundo Partidário e sem recursos privados. Acreditamos que os partidos, muito embora não tenham observado o prazo, tendem a, nos próximos dias, ainda que com atraso, apresentar as prestações de contas", afirmou o advogado, que presta serviços a partidos como DEM, MDB, PL e PV.

Para a secretária-adjunta da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), Denise Goulart Schlickmann, a declaração de não movimentação financeira é tão importante quanto qualquer outro relatório contábil, uma vez que a Justiça Eleitoral apura a consistência da informação da mesma forma.

Pela regra em vigor, o diretório que não declara a sua movimentação financeira à Justiça Eleitoral fica impedido de receber novas parcelas do Fundo Partidário, mas o bloqueio pode ser revertido caso a prestação seja apresentada mesmo após o prazo.

Antes, os registros partidários também eram automaticamente suspensos, o que impedia o diretório até de lançar candidato. Em dezembro, porém, o Supremo Tribunal Federal (STF) suavizou as sanções ao determinar a necessidade de abertura de um processo específico contra partidos que não entregarem as contas e, só então, aplicar eventuais punições.

Na avaliação da especialista, a pandemia e as restrições no funcionamento de órgãos necessários à regularização dos partidos, como a Receita Federal, contribuem para a alta inadimplência. Por outro lado, ela também destaca que a legislação não reprime os atrasos.

"A própria legislação é condescendente, determina que quem não presta é intimado a prestar. Todos os partidos estão cientes de que haverá uma segunda oportunidade porque serão notificados a prestar contas para só então, caso não prestem efetivamente, terem uma consequência judicial", afirma.

Um dos partidos mais capilarizados pelo País, o PT reconhece dificuldades para que diretórios estabelecidos nos rincões brasileiros cumpram os prazos contábeis, mas garante que não trata a questão como secundária. Por isso, alega oferecer suporte jurídico e contábil.

"Temos o maior número de diretórios organizados no País. O PT sempre faz formação, seja política, jurídica ou contábil. A maioria dos diretórios estaduais dá assessoria jurídica aos municípios. Quanto menor o município, mais sofrido é para ele. Às vezes, não tem um vereador, mas tem que ter a documentação arrumada", afirmou Gleide Andrade, secretária nacional de Finanças e Planejamento do PT.

Ex-partido do presidente Jair Bolsonaro, o PSL vai ganhar R$ 5,7 milhões a mais do fundo eleitoral após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revisar a distribuição dos R$ 2 bilhões de recursos públicos destinados ao financiamento das campanhas deste ano. A legenda segue no posto de segunda com mais recursos do fundo, com um valor atualizado de R$ 199,4 milhões, atrás apenas do PT, que vai receber agora R$ 201,3 milhões. No caso dos petistas, o repasse aumentou apenas R$ 371 mil com os novos cálculos de repartição.

Por outro lado, o PSD - partido do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab e do novo ministro das Comunicações, Fábio Faria - foi a sigla que mais perdeu com a mudança nos cálculos, vendo sua fatia do fundo passar de R$ 157,1 milhões para R$ 138,8 milhões, um encolhimento de 18,3 milhões.

##RECOMENDA##

O ranking dos que tiveram "prejuízo" com o recálculo é seguido por Podemos, Pros e MDB, que deixarão de receber R$ 10,68 milhões, R$ 7,47 milhões e R$ 6,6 milhões, respectivamente. Agora, o repasse para esses três partidos será da ordem de R$ 77,96 milhões para o Podemos, R$ 37,18 milhões para o Pros e R$ 148,2 milhões no caso dos emedebistas.

Já a lista dos que saíram ganhando é liderado pelo PTB, que vai receber R$ 11,55 milhões a mais com a revisão dos repasses do Fundo Eleitoral, seguido por Rede (R$ 8 milhões), Patriota (R$ 7,6 milhões) e Democratas (R$ 6,2 milhões). Agora, o PTB vai ganhar R$ 46,6 milhões e a Rede, R$ 28,4 milhões. O repasse do fundo eleitoral para o Patriota e o DEM passa a ser de 35,1 milhões e R$ 120,8 milhões.

Criado pelo Congresso como alternativa à proibição do financiamento eleitoral por empresas, o fundo será utilizado para custear as campanhas políticas pela segunda vez.

Com a indefinição sobre o calendário eleitoral por causa da pandemia do novo coronavírus, o TSE chegou a ser questionado se o dinheiro poderia ser disponibilizado já às siglas, para que fosse aplicado financeiramente, até a definição das eleições. A provocação, feita por um assessor parlamentar por e-mail, ficou sem resposta até hoje.

Recálculo

Na última terça-feira, o TSE decidiu recalcular o fatiamento do fundo, após partidos questionarem a Corte Eleitoral sobre um dos critérios utilizados na divisão dos recursos - a bancada de senadores de cada sigla. Antes, o TSE havia dividido o fundo eleitoral considerando o número de senadores que cada partido mantinha atualmente.

O mandato de senador é de oito anos. Agora, no caso dos senadores que já estão na reta final do mandato, o TSE vai levar em conta em qual partido se encontravam no primeiro quadriênio de seus mandatos. Para aqueles que ainda estão no começo do mandato, o TSE vai considerar as legendas pelas quais os senadores foram eleitos em 2018.

A lei prevê que 15% dos recursos do fundo devem ser divididos entre os partidos na proporção do número de representantes no Senado. Na prática, cada senador representa cerca de R$ 3,7 milhões para os cofres de cada partido.

No caso do PSDB, por exemplo, o TSE havia considerado inicialmente sete senadores, mas, com o novo cálculo, levou em conta oito, incluindo a cadeira de Antonio Anastasia (MG). Anastasia se filiou neste ano ao PSD, mas como integrou o PSDB na primeira metade do mandato, o TSE vai considerar a sua vaga ao definir os recursos que serão destinados aos candidatos tucanos.

Ao menos quatro em cada dez diretórios de partidos políticos espalhados pelo País não explicaram à Justiça Eleitoral como gastaram o dinheiro público que receberam nos últimos anos. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que, em 2017, das mais de 100 mil unidades das legendas em cidades e nos Estados, 41,5 mil (41,3% do total) não apresentaram qualquer prestação de contas. O número foi ainda maior no ano seguinte, quando 50,5 mil (50,7%) órgãos partidários ignoraram a obrigação.

Os partidos políticos são financiados com recursos do Fundo Partidário, mesada paga com dinheiro público para gastos como aluguel de sede, salário de funcionários e também nas campanhas eleitorais. Neste ano, o fundo deverá distribuir um total de R$ 959 milhões às 33 legendas atualmente registradas no País - cabe ao comando nacional de cada uma definir a quantia que destinará aos seus diretórios.

##RECOMENDA##

Pela lei, as prestações de contas devem ser entregues no primeiro semestre do ano seguinte. Os recursos usados em 2019, por exemplo, devem ser justificados à Justiça Eleitoral até o dia 30 deste mês. Segundo o levantamento nos dados do TSE, feito pelo Movimento Transparência Partidária, quase 80% dos diretórios ainda não haviam apresentado suas declarações até a semana passada.

Na avaliação de especialistas, a falta de transparência dá margem a desvios de recursos públicos e evidencia um cenário de descontrole do sistema de representação partidária. "O financiamento público exige absoluta transparência e eficiência na fiscalização dos recursos recebidos pelos partidos. A ausência de prestação de contas pode, inclusive, acobertar o uso irregular de recursos públicos de forma até mais grave do que quando as contas são desaprovadas", afirmou o advogado e cientista político Marcelo Issa, fundador do Transparência Partidária.

Issa critica ainda a ausência de punição para quem descumpre a obrigação e não apresenta a prestação de contas no prazo. "É preciso garantir que não haja impunidade e que a sociedade possa acompanhar tanto as contas partidárias quanto seus processos de auditoria", disse o cientista político.

Legislação

Pela regra em vigor, o diretório que não declara a sua movimentação financeira à Justiça Eleitoral fica impedido de receber novas parcelas do Fundo Partidário, mas o bloqueio pode ser revertido caso a prestação seja apresentada mesmo após o prazo. Antes, os registros partidários eram automaticamente suspensos. Em dezembro, porém, o Supremo Tribunal Federal (STF) suavizou as sanções ao determinar a necessidade de abertura de um processo específico contra partidos que não entregarem as contas e, só então, analisar eventuais suspensões.

Ex-juiz do Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo, o advogado eleitoral Danilo Araújo Carneiro define como "absolutamente caótico" o quadro de prestação de contas dos diretórios locais. Para ele, como nos rincões brasileiros os diretórios recebem pouco dinheiro ou nem sequer recebem, não há que se supor desvios de antemão. Por outro lado, essas estruturas funcionam aos sabores de caciques regionais, que montam e desmontam as representações para reunir votos que os permitem permanecer no comando das siglas. Na avaliação do especialista, a situação é mais um ingrediente da "tragédia da vida partidária brasileira".

"Quando eu estava no tribunal, houve vários casos que não conseguimos intimar o diretório. Muitos só existem no papel. São criados para eleições internas. Nomeiam delegados para votar nos caciques nas eleições das executivas estaduais", afirmou.

Foi com dinheiro do Fundo Partidário que o PROS comprou, em 2015, um helicóptero para o comando da sigla sob o pretexto de aumentar a presença dos dirigentes no País. A aeronave custou aos cofres públicos quase R$ 2,5 milhões - conforme valor declarado pela sigla à Justiça Eleitoral. O partido, no entanto, é um dos que deixou de prestar informações nos últimos anos. O presidente do PROS em São Paulo, Vilson Leite, reconhece que a situação nos municípios ainda depende de regularização. Dos cerca de 200 diretórios da sigla, ao menos 50 ainda têm problemas com contas antigas a serem sanados. Com isso, uma nova despesa com dinheiro público será necessária para pagar a equipe que fará as regularizações.

"O PROS vinha bem abandonado. Assumimos no início de novembro. A maioria dos diretórios tinha problema de prestação de contas. Contratamos até um advogado para auxiliar com isso", afirmou Leite.

Além das 92 mil prestações que nem sequer foram iniciadas, referentes a 2017 e 2018, há outras 10,9 mil em que os partidos chegaram a enviar alguma informação à Justiça Eleitoral, mas não concluíram suas declarações. Nestes casos, a remessa parcial também é irregular, pois os prazos previstos em lei para as entregas venceram. O TSE não deixa disponível uma lista de partidos com envios atrasados. Só informa números absolutos.

Devolução

Além da falta de prestação de contas, o Tribunal Superior Eleitoral também tem detectado irregularidades nas declarações que foram entregues no prazo pelos partidos. Em julgamento na terça-feira passada, referente às contas de 2014, a Corte determinou a devolução de R$ 27 milhões aos cofres públicos.

Entre os problemas apontados estão desde falta de destinação de recursos para promover a participação feminina na política - cada partido é obrigado a reservar 5% do valor que recebe para este fim -, à falta de comprovação de gastos com empresas. Ao todo, 23 partidos terão que devolver dinheiro.

Além disso, a maioria ficará sem novos repasses do Fundo Partidário por um período. Os valores poderão ser devolvidos em parcelas, que varia de acordo com a legenda.

O advogado eleitoralista Acacio Miranda da Silva Filho aponta um gargalo na fiscalização dos partidos pela Justiça. "Temos um pluripartidarismo exagerado. Uma consequência é a pulverização dos partidos para todos os rincões. Isso reverbera num amadorismo bastante grande no cumprimento das formalidades", afirmou.

Ele lembra que as siglas, em geral, são totalmente dependentes de dinheiro público. Apesar do necessário rigor da fiscalização, a Justiça Eleitoral não consegue alcançar o todo. "Tanto na prestação de contas dos partidos como, de dois em dois anos, na dos candidatos, percebemos que fazem quase que por amostragem. Se tudo fosse analisado a fundo, o TSE e o TRE não teriam braços", disse. "Diria que temos milhares de irregularidades perpetradas com frequência e que acabamos não autuando". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Oito partidos apresentaram uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal (STF) pela derrubada da medida provisória que permite ao governo escolher de reitores temporários para universidades federais durante o período da pandemia da Covid-19 no País.

Assinam o documento PSB, PDT, PT, PSOL, PCdoB, Rede, Partido Verde e o Cidadania. No documento, as legendas afirmam que a medida viola o princípio da gestão democrática do ensino público, previsto na Constituição. "A MP retira das próprias instituições de ensino a autonomia para deliberar, de acordo com as circunstâncias locais específicas, sobre a adoção de meios alternativos de consulta da comunidade acadêmica", diz a representação.

##RECOMENDA##

A Adin pede a suspensão imediata dos efeitos da medida. A MP elimina a necessidade do processo de consulta pública ou lista tríplice para embasar a definição dos nomes. Na prática, o presidente da República Jair Bolsonaro poderá intervir diretamente no comando e restringir a autonomia das instituições.

Um grupo de 40 parlamentares de dez partidos irá convocar o general Augusto Heleno, Ministro de Estado Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, para prestar esclarecimentos na câmara dos deputados. Nesta sexta (22), Heleno publicou, em suas redes sociais, uma nota em defesa da não apreensão do celular do presidente Jair Bolsonaro, em tom ameaçador.

Na nota, o general escreveu que "tal atitude" (o pedido de apreensão) poderia ter "consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional". "Os deputados do PSOL, ao lado de 40 parlamentares de DEZ partidos, vão convocar o General Augusto Heleno, ministro do GSI de Bolsonaro, para dar explicações na Câmara sobre as suas ameaças à democracia. Este bando de fascistas precisa ser tirado de Brasília", publicou o Psol. 

##RECOMENDA##

 

Na tarde desta sexta (22), o general Augusto Heleno, Ministro de Estado Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República publicou, em suas redes sociais, uma nota em defesa da não apreensão do celular do presidente Jair Bolsonaro. Em tom ameaçador, Heleno disse que o pedido feito pelo Supremo Tribunal Federal (STF) é "inacreditável" e ainda acrescentou que "tal atitude" poderia ter "consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional"

Desde que deixou o governo, em 24 de abril, o ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, já foi procurado por ao menos dois partidos: Podemos e PSL. Embora seja visto como potencial candidato à Presidência em 2022, o ex-juiz da Lava Jato tem evitado o assunto.

Analistas e políticos avaliam que Moro pode quebrar a polarização entre o bolsonarismo e a esquerda que dominou as últimas eleições presidenciais, já que deve ser atacado pelos dois lados. Responsável por condenar o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva no caso do triplex do Guarujá, Moro acusou Bolsonaro de interferir politicamente na troca do comando da Polícia Federal (PF).

##RECOMENDA##

Ele já prestou depoimento neste processo, que corre na Procuradoria-Geral da República (PGR) e em que também é apurado se o ex-magistrado cometeu o crime de denunciação caluniosa - se essa hipótese se confirmar, os planos políticos podem ser atingidos.

Os defensores do ex-ministro lembram que, a seu favor, ele tem apoio de parlamentares, como integrantes da bancada Muda Senado, defensora do pacote anticrime e da prisão após condenação em segunda instância. Além disso, ele tem a simpatia de alguns movimentos que pediram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, como o Vem Pra Rua.

Aos partidos que o procuraram, Moro disse que qualquer movimentação política neste momento seria usada contra ele pelos bolsonaristas, que já o enxergam como potencial adversário em 2022. "Ele não quer conversar sobre isso (2022), até porque seria fornecer munição ao inimigo. Nesse momento de consciência cívica não estamos pensando em eleição. Mas depois de vencida esta etapa, se houver interesse dele o partido estará de braços abertos", afirmou o senador Alvaro Dias (Podemos-PR).

"A ligação dele é mais próxima com o Podemos, mas o PSL está com a ficha na fila. Sérgio Moro racha esse público bolsonarista que é anti-esquerda e combate à corrupção", disse o senador Major Olimpio (PSL-SP), líder do partido no Senado e ex-aliado de Bolsonaro. Procurado por meio de sua assessoria sobre o interesse de partidos em filiá-lo, Moro informou que não iria comentar.

Instituto

Chamou atenção do mundo político a criação do Instituto Rosângela Moro, um mês antes da saída do ex-juiz do governo. A mulher do ex-juiz descreve a instituição como "organização sem fins lucrativos, com objetivo de impulsionar projetos de impacto social".

A entidade tem feito ações como doação de equipamentos de proteção contra a covid-19, sem a participação de Moro.

No perfil do instituto no Instagram, há uma marcação de outra página, que torce pela candidatura do ex-ministro. O post, de uma semana atrás, contém uma foto de Moro e a legenda "Obrigado, #Até2022".

A reportagem entrou em contato com a entidade, mas não obteve resposta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O senador Major Olímpio (PSL-SP) usou o Twitter, nesta quinta-feira (23), para expor que 'duvida' que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) passe a adotar a política de 'toma lá, dá cá' para preencher os cargos do governo e conseguir adesão de alguns partidos no Congresso Nacional. Nesta semana, Bolsonaro travou debates com partidos do chamado Centrão e com o MDB e o DEM. 

"DUVIDO que Jair Bolsonaro vai aderir a este TOMA LÁ, DA CÁ noticiado pela imprensa e contra tudo que nós defendemos em campanha!", escreveu o senador. 

##RECOMENDA##

As indicações políticas para cargos públicos em troca de apoio legislativo foi um dos pontos mais criticados pelo presidente durante a campanha em 2018, apesar disso, ele já firmou 'acordos' com o Congresso em troca de aprovações, como o que aconteceu recentemente diante do orçamento para o combate ao novo coronavírus. 

Ao ser questionado se aceitará indicações políticas para o governo, após os encontros com os partidos, Jair Bolsonaro disse a apoiadores que não sabia. "Não sei, pô... Todo mundo que está em Brasília tem um passado político. Foi filiado, foi simpático ou já trabalhou em algum governo", afirmou, nessa quarta-feira (22). 

Além do Major Olímpio, quem também tratou das eventuais negociações no Twitter foi o senador Humberto Costa (PT-PE). Ao contrário de Olímpio, o petista está certo de que o presidente fez um acordo por cargos. "Sabe, sim, seu Jair. Tá fazendo acordão geral em troca de cargos. Já tá tudo dominado. Essa mentira só serve, talvez, para enganar o que lhe sobrou de apoiadores. E, mesmo assim, só não vê quem não quer", alfinetou.

O PSDB do governador João Doria ampliou sua base política em São Paulo e atraiu 50 novos prefeitos do Estado até o limite do prazo de transferência partidária, que se encerrou no último dia 4. A investida tucana reforça o projeto eleitoral de Doria, potencial candidato do partido à Presidência em 2022. Em 2016, o PSDB, que comandava o Palácio dos Bandeirantes com Geraldo Alckmin, contabilizou a filiação de 20 novos prefeitos.

Há praticamente 26 anos no poder em São Paulo, a sigla chefia hoje 220 das 645 prefeituras do Estado. Deste montante de prefeitos tucanos, 115 tentarão a reeleição no Executivo municipal, segundo levantamento feito pela legenda e ao qual a reportagem teve acesso. O presidente estadual do PSDB, Marco Vinholi, é também secretário de Desenvolvimento Regional e despacha com prefeitos no Palácio dos Bandeirantes.

##RECOMENDA##

Entre os chefes do Executivo municipal que entraram no PSDB estão prefeitos de grandes colégios eleitorais, como o ambientalista Clodoaldo Gazeta, (ex-PSD) de Bauru (com 374.272 habitantes), o promotor Nelson Bugalho (ex-PTB) de Presidente Prudente (227.072 habitantes) e Marcos Neves (ex-PV) de Carapicuíba (369.908 habitantes). Segundo Vinholi, o PSDB vai lançar 500 candidatos a prefeito no Estado e 1.300 a vereador.

O PSDB também buscou quadros no movimento de renovação política RenovaBR e vai lançar 20 candidatos ligados ao grupo. Em cidades governadas por outros partidos a estratégia é investir em nomes considerados de fora da política. Máquina. Esse crescimento do PSDB paulista - fora do período eleitoral, por meio de novas filiações de prefeitos efetuadas depois que Doria assumiu o governo - irritou vários dirigentes regionais de partidos. O que mais deixou clara sua insatisfação com o assunto foi o deputado estadual Campos Machado, secretário-geral da Executiva Nacional do PTB.

Ele entrou em fevereiro com uma representação no Ministério Público em São Paulo contra Doria e contra o presidente estadual do PSDB e secretário de Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo, Marco Vinholi, acusando-os de pressionar prefeitos a migrarem à sua sigla em troca de liberação de verba.

Campos Machado incluiu na representação uma gravação do prefeito de Chavantes (SP), Márcio de Jesus Rego, à época filiado ao MDB, em que ele supostamente admite à sua secretária que a filiação ao PSDB valeria R$ 2 milhões em obras de recapeamento de vias e duplicação da rodovia na região.

À reportagem, o tucano negou que a máquina tenha sido usada para formar esse exército no prefeitos. "O PSDB, que já era o partido mais estruturado, se renovou e sob a liderança de João Doria atingiu um patamar histórico. Esses prefeitos estão seguindo o Doria, que é um líder nacional, e não a máquina", disse Vinholi. O Palácio dos Bandeirantes também rebateu a acusação do parlamentar.

"O Palácio dos Bandeirantes lamenta a manifestação do deputado Campos Machado. E informa que o governo está preocupado e focado com a crise do Coronavírus e não com eleição. O Palácio recomenda que o deputado Campos Machado também priorize o seu tempo e mandato para ajudar nesta crise. E deixar eleição para depois."

Recém-filiado ao PSDB, o prefeito de Bauru, Clodoaldo Gazetta, está entre os tucanos que disputarão a reeleição em outubro (se o pleito não for adiado). "Meu namoro com o PSDB vem de longa data", afirmou. Seu partido até a março era o PSD, liderado pelo ex-prefeito Gilberto Kassab, que é aliado de Doria.

"Não vejo nada de imoral nesse contexto (o prefeito vislumbra o apoio do governo para ir para o PSDB). O governador para disputar a reeleição. Não é porque o governo manda recursos que o prefeito muda de legenda", disse Gazetta.

Em seu mandato, Bauru recebeu R$ 7 milhões do governo estadual para recapear avenidas. O projeto custou R$ 14 milhões e a prefeitura pagou metade da obra. Segundo o prefeito, outra obra, do Mercado Municipal, recebeu R$ 2 milhões do governo.

Para o deputado estadual Emídio Souza (PT), que faz oposição a Doria na Assembleia Legislativa, o "uso da máquina" é uma herança que o PSDB recebeu do MDB em São Paulo. "O instrumento são pequenas obras e muito asfalto."

Líder do PSDB na Assembleia, a deputada Carla Morando responde que os novos prefeitos vieram para o partido por meio de parlamentares e líderes locais da sigla. "Os partidos reclamam porque perderam espaço. Não tem fundamento falar em uso da máquina. Doria faz um governo municipalista. Ele investe nas cidades e conhece as deputada tucana.

Mário Covas foi o primeiro tucano a governar São Paulo e comandou o Palácio dos Bandeirantes de 1995 a 2001 - quando morreu vítima de um câncer e seu vice Geraldo Alckmin assumiu o posto. Ele foi reeleito. Em 2006 foi José Serra quem venceu a eleição no Estado, dando lugar novamente a Alckmin em 2010 e 2014. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Nove partidos, em sua maioria siglas de esquerda, emitiram uma nota conjunta criticando o passeio do presidente Jair Bolsonaro pelas ruas de Brasília neste domingo (29). Ele cumprimentou comerciantes e se posicionou contra o isolamento recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para conter a pandemia de coronavírus.

"Estamos estudando medidas judiciais cabíveis contra a atitude do Presidente da República, no intuito de salvaguardar vidas em nossa cidade, bem como mobilizando-nos em diversas ações de natureza política", diz a nota assinada por PT, PSOL, PCdoB, PDT, PSB, PCB, PV, Rede e Unidade Popular. Também assinam os grupos Consulta Popular e PRC.

##RECOMENDA##

Bolsonaro foi às ruas de Brasília um dia após o seu ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, pedir, em reunião tensa noticiada pela colunista do jornal O Estado de S. Paulo Eliane Cantanhêde, que o presidente não menosprezasse a gravidade da pandemia em suas manifestações públicas. A ida de Bolsonaro a comércios da capital causou aglomerações de pessoas que queriam tirar selfies com o presidente.

"O DF é, hoje, a terceira Unidade da Federação com o maior registro de casos. Assim, essa apologia ao descumprimento de orientações sanitárias pode fazer com que os números cresçam em nossa cidade e que cheguemos ao completo colapso do sistema de saúde", dizem os partidos. "O discurso criminoso e irresponsável do presidente custará vidas, principalmente dos mais pobres, vulneráveis e moradores das periferias.

Leia na íntegra da nota:

"Nós, partidos políticos que subscrevemos esta nota, vimos a público para repudiar a atitude do Presidente da República Jair Bolsonaro de ter feito visitas a feiras populares e comércios do Distrito Federal, incentivado a população a descumprir as medidas sanitárias decretadas localmente, orientadas pelo seu próprio Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O Presidente da República insiste em ir na contramão de todas as ações que têm sido tomadas por chefes de Estado de todo o mundo no enfrentamento à pandemia do COVID-19. O DF é, hoje, a terceira Unidade da Federação com o maior registro de casos. Assim, essa apologia ao descumprimento de orientações sanitárias pode fazer com que os números cresçam em nossa cidade e que cheguemos ao completo colapso do sistema de saúde. O discurso criminoso e irresponsável do presidente custará vidas, principalmente dos mais pobres, vulneráveis e moradores das periferias.

É preciso frisar que não há dicotomia entre saúde e economia. Os países que melhor enfrentaram até o momento a crise do COVID-19 adotaram medidas de isolamento social, aumento no número de UTIs e realização de testes massivos em sua população, e o Estado atuou de forma a garantir o emprego e a renda das pessoas.

Por isso, estamos estudando medidas judiciais cabíveis contra a atitude do Presidente da República, no intuito de salvaguardar vidas em nossa cidade, bem como mobilizando-nos em diversas ações de natureza política. Momentos como o que estamos vivendo no Brasil, e em especial no Distrito Federal, materializam e reforçam ainda mais os elos de união das forças progressistas na defesa da vida e de uma sociedade livre, justa e solidária", diz o texto.

Assinam a nota:

- Consulta Popular*

- PCB

- PCdoB

- PDT

- PRC*

- PSB

- PSOL

- PT

- PV

- Rede Sustentabilidade

- Unidade Popular

* Não são partidos com registro no TSE

O modelo de mandato coletivo, em que a cadeira parlamentar é assumida por um grupo em vez de um indivíduo, inaugurado em 2016, ganha adeptos para a corrida eleitoral de outubro. Novas regras levaram dirigentes partidários, do PSOL ao DEM, a abraçar a iniciativa, que ainda não tem previsão legal, mas já é debatida por políticos de diferentes posições interessados em se lançar no pleito.

A partir deste ano, os partidos não poderão mais se coligar na disputa por cargos proporcionais, como o de vereador. Isso impede que legendas peguem carona em "puxadores de voto" de outros partidos, uma vez que a votação de cada sigla será contabilizada individualmente.

##RECOMENDA##

A mudança abriu espaço para maneiras alternativas de viabilizar nomes nas urnas, como as candidaturas coletivas. Ao juntar na mesma chapa pessoas com bases de votação distintas, o modelo condensa capital eleitoral de candidatos de diferentes territórios e perfis sociais.

Para a cientista política da FGV-Brasília Graziella Testa, a prática traz alguns riscos. "Acho que o primeiro ponto é a questão de quem vai ser cabeça de chapa (candidato oficial), e o segundo ponto é o risco de isso ser uma maneira de burlar a quantidade de verba eleitoral que obrigatoriamente iria para mulheres. Se essas mulheres têm outros homens dentro de sua chapa, temos que pensar se o espírito da norma está sendo cumprido", afirmou.

A primeira experiência reconhecida no Brasil foi o mandato coletivo de Alto Paraíso de Goiás. O grupo de cinco covereadores, que se diz "ecofederalista" e antipartidário, foi eleito em 2016 pelo PTN, atual Podemos. O formato também foi utilizado nas eleições de 2018 para alçar ativistas a cadeiras do Legislativo estadual.

O movimento Bancada Ativista se elegeu para a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) e o movimento Juntas conquistou uma cadeira na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).

Agora, esses grupos têm recebido ligações de pessoas interessadas em replicar o modelo, sobretudo no interior. O Juntas está organizando uma cartilha para explicar como a estrutura funciona. "Essa coletividade se dá nos processos de tomada de decisão, na divisão de responsabilidades, na equivalência dos salários e na representação", diz a cartilha.

Informal

A prática, no entanto, ainda não é regulamentada pela Justiça Eleitoral. Embora na campanha seja anunciado um coletivo, na hora da votação só aparece a foto de uma pessoa nas urnas - o candidato oficial, que, se eleito, é quem pode votar em projetos, falar em plenário e ser remunerado pelo cargo. Além disso, nenhum dispositivo legal garante que o mandatário siga a estrutura coletiva prometida.

"Todo dia a gente acorda e reza para que a Monica não tenha mudado de ideia. O mandato é dela. Se ela quiser nos demitir a todos, ela pode", disse a codeputada Raquel Marques, da Bancada Ativista, em tom de brincadeira.

Na visão de Raquel, há dois grupos de candidaturas coletivas ganhando força. "Tem o de pessoas que se encontram na luta, na sociedade, e acham que entrar na política é uma boa. Tem também os organizados pelos partidos, com casamento arranjado entre pessoas de médio perfil para torná-los potentes nas eleições", afirmou ela.

Se na origem o modelo de mandato coletivo era prerrogativa da esquerda, agora a prática se espalha no espectro ideológico. No Recife, a candidatura de cinco líderes populares da comunidade de Coque será acolhida pelo DEM.

A iniciativa surgiu dos militantes. "Nos procuraram e nós abrigamos eles como filiados", afirmou o presidente do diretório do DEM de Pernambuco, Mendonça Filho. "Com o fim das coligações, a elegibilidade de um candidato se torna mais complexa. Precisa de mais votos e preencher o quociente eleitoral. Juntar forças torna mais factível atingir a meta", disse ele.

Em resolução da Executiva Nacional, o PT também incentiva a prática. "Disputaremos a eleição para vereadores e vereadoras sem a possibilidade de coligações proporcionais. Isso demandará maior esforço e criatividade do nosso partido, o que inclui debater os mandatos coletivos, rodízios com suplentes e outras formas alternativas para incentivar o maior número de candidaturas", diz o texto.

A legenda já conta com uma pré-candidatura coletiva de professores em Valinhos (SP) e com outra em Porto Alegre, organizada por cinco jovens. Cada um deles é de uma zona da cidade - são duas mulheres e três homens, entre os quais dois são negros e três são da periferia.

Mulheres

O PSOL também já abriga pré-candidaturas coletivas em São Paulo e em Manaus, e a Rede tem discutido o tema internamente. Em Maceió, a deputada estadual Jó Pereira (MDB) organiza a promoção do modelo para potencializar a presença de mulheres no pleito.

Filiada ao Novo, a médica Roberta Grabert está no processo seletivo da legenda para disputar a vereança. Ela diz que "amaria" lançar uma candidatura coletiva, mas sua sigla não encampa a ideia. O jornal O Estado de S. Paulo procurou todos os partidos com representação no Congresso para falar sobre o tema. Dos treze que retornaram, o Novo foi o único que se colocou contra o formato. "O Novo não terá (candidaturas coletivas) e não acredita neste modelo", afirmou a assessoria do partido. 

Um julgamento marcado para esta quarta-feira (4), no Supremo Tribunal Federal (STF) pode atingir os planos do presidente Jair Bolsonaro de tirar do papel o partido Aliança pelo Brasil, que ainda patina na coleta de assinaturas. O plenário vai decidir se uma pessoa filiada a um partido político pode ou não assinar a ficha de apoio de criação de uma nova sigla.

Não se trata de permitir a filiação a dois partidos simultaneamente, e sim de decidir se alguém pode apoiar a criação de uma nova sigla mesmo já sendo filiado a outra.

##RECOMENDA##

Para a advogada e tesoureira do Aliança, Karina Kufa, a proibição deve ser derrubada pelo Supremo. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), até esta segunda-feira, 5.499 assinaturas em favor da criação da nova sigla foram consideradas válidas, 51.765 estão em fase de impugnação (contestação), 2.827 ainda em análise por cartórios e outras 13.419 já foram descartadas por uma série de motivos, entre eles a questão da filiação e o fornecimento de informações incompletas.

Uma das barreiras identificadas por Kufa é justamente a proibição de que filiados a partidos apoiem a criação de novas siglas. Os dirigentes do Aliança receberam relatos de eleitores sobre dificuldades burocráticas para se desfiliar das atuais siglas e embarcar no novo projeto de Bolsonaro.

"Isso inviabiliza a criação de partidos e traz um transtorno enorme para o cidadão. O ato de apoiamento é do cidadão, não do partido. Não podemos cercear umas das formas de exercício direto da democracia", afirmou Kufa.

Para sair do papel, o Aliança precisa coletar até março as 491,9 mil assinaturas. O partido já jogou a toalha e dirigentes admitem não ser possível viabilizar seu registro na Justiça Eleitoral até o início de abril, prazo necessário para disputar as eleições municipais deste ano.

Liberdade de manifestação

A ação chegou ao Supremo em 2015, em uma ação movida pelos Pros, que contestou a restrição imposta por uma lei que proibiu a contabilização, no processo de criação de novos partidos, da assinatura de eleitores filiados a outras agremiações. Para a sigla, a barreira viola os princípios das liberdades de manifestação e convicção política, criando duas classes de cidadãos (uns com e outros sem filiação partidária).

Na época, pelo placar elástico de 10 a 1, o STF manteve em vigor a restrição, frustrando o Pros e defendendo o maior rigor previsto na legislação para o surgimento de mais siglas. O caso voltará a ser discutido em meio à ofensiva de Bolsonaro para viabilizar o Aliança pelo Brasil.

Integrantes do STF ouvidos reservadamente pelo jornal O Estado de S. Paulo, no entanto, acreditam ser difícil que o tribunal mude o entendimento, ao examinar desta vez o mérito da ação. O único ministro que não participou do primeiro julgamento foi Alexandre de Moraes, que chegou à Corte em 2017, após a morte de Teori Zavascki em um acidente aéreo.

Estreante na campanha presidencial de 2018, o partido Novo foi o que mais cresceu proporcionalmente desde então. Pulou de 19 mil filiados em abril daquele ano para 48 mil no mês passado, um aumento de 154%.

O partido, criado em 2011 por um grupo de empresários, elegeu oito deputados federais e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema. Na semana passada, o Novo criticou o reajuste de 41,47% nos vencimentos de bombeiros e policiais militares do Estado.

##RECOMENDA##

A meta da legenda é reunir 50 mil integrantes ainda neste ano. "Acreditamos que podemos ter um crescimento ainda maior que em 2018, já que nossos candidatos participarão dos debates e terão mais visibilidade", disse a direção do Novo, em nota.

Em 2018, o então candidato a presidente pela legenda, João Amoêdo, não foi chamado para os principais debates eleitorais na TV. Pela regra vigente, esse convite é obrigatório apenas para candidatos de partidos que tiverem ao menos cinco parlamentares no Congresso. Amoêdo teve 2.679.744 de votos na eleição presidencial, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Na contramão do Novo, as siglas que mais apresentaram desfiliações desde 2018 foram o PP, com queda de 12% - de 1,44 milhão para 1,27 milhão -, e o MDB, que perdeu 11% dos seus integrantes, mas segue no topo de ranking como o maior partido do Brasil, com 2,13 milhões de filiados.

O PT, segundo na lista dos maiores do País, também diminuiu. Tinha 1,59 milhão de filiados em abril de 2018 e passou para 1,47 milhão em janeiro deste ano. Procurados pela reportagem, os partidos não comentaram os números.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando