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No último podcast cultural do ano você vai ouvir um bate-papo sobre combate à intolerância religiosa e violência contra a juventude negra e periférica. Os convidados do programa são Tata Kinamboji, professor, articulador e radialista, coordenador da REATA - Rede Amazônica de Tradições de Matriz Africana, e Paulo Zab, conselheiro de cultura do CNPC - Conselho Nacional de Políticas Culturais. No programa também foram debatidas as principais ações que marcaram o ano de 2017. 

O Podcast Cultural é um projeto desenvolvido pelos alunos do curso de Jornalismo da Universidade da Amazônia (Unama). O programa de hoje foi produzido e gravado pela aluna Lorenna Montenegro. Parte da entrevista também será disponibilizada no site da Radio Exu (http://radioexu.com/). Clique no ícone abaixo e ouça.

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O Projeto social 'Cobogó das Artes', idealizado pelo jornalista e diretor Adriano Portela e sua equipe, iniciou suas atividades neste sábado (5). A escola promove a difusão da arte na periferia do Recife, abarca diversas expressões artísticas como teatro, dança, cinema e artes plásticas, e está localizada no bairro de Areias.

“Essa localização nos permite alcançar o entorno dos outros bairros periféricos, como Barro, Jardim São Paulo e Estância, além das comunidades mais próximas como Chico Mendes, Caçote, Iraque”, diz Rafella Gomes, produtora do projeto. 

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O espaço pertecia ao avô de Adriano e foi tranformado pela equipe para receber crianças e adolescentes das comunidades vizinha e desenvolver a criatividade e a capacidade artística. "Nós arregaçamos as mangas, fizemos mutirão, limpamos e pintamos o espaço, e deixamos tudo muito lindo e bem alternativo. Maravilhoso estar nesse projeto”, completa Rafaela Jasset, também produtora do projeto.

Todas as oficinas oferecidas pelo projeto são gratuitas e a agenda artística está disponível no site da escola e nas redes sociais. “O site tem tudo sobre os cursos, dias, horários, formulários de inscrição. Ainda trazemos dicas sobre o mundo da arte”, ressalta Clayton Quintino, diretor de Arte da Portela Produções. 

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Serviço

Escola Social Cobogó das Artes

Rua Oiticica Lins, 134, Areias, Recife

(81) 995004094 (Adriano Portela)/ (81) 995590061 (Rafaela Jasset)

O governador do Pará, Simão Jatene, ordenou o reforço do contingente que atua no policiamento preventivo e ostensivo nas ruas de Belém. A partir de agora, o efetivo operacional terá o apoio de mais 260 policiais militares, que hoje desempenham funções administrativas, e dos grupos especiais: Batalhão de Choque, Ronda Tática Metropolitana (Rotam), Cavalaria e Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp).

A primeira operação já foi deflagrada na noite de quinta-feira (8). A ação "Polícia nas Ruas" intensificou o policiamento nas áreas dos bairros Condor, Guamá, Jurunas e Cremação.

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O início do trabalho foi anunciado durante coletiva de imprensa na sede da Secretaria de Segurança Pública do Estado (Segup), onde estiveram presentes o titular da pasta, general Jeannot Jansen; o comandante geral da PM do Pará, coronel Hilton Benigno, e o delegado geral da Polícia Civil do Pará, Rilmar Firmino.

“Lamentamos imensamente o ocorrido, tanto pela gravidade quanto pelo impacto causado na sociedade. Foi um ato fora do comum, inaceitável e que merece uma resposta imediata e à altura por parte do sistema de segurança pública, como a população espera e merece. Por isso, o governador nos convocou imediatamente para uma reunião e nos cobrou um planejamento de urgência para enfrentar essa situação”, detalhou Jeannot Jansen.

O comandante da PM, Hilton Benigno, reforçou o pedido. “Vamos diminuir a quantidade dos policiais na ‘atividade meio’ para colocá-los nas ruas, intensificando o policiamento ostensivo, a partir de amanhã. Além disso, determinamos que o Comando de Missões Especiais utilize todas as tropas nas ações de repressão qualificada que serão desenvolvidas nos bairros de maior incidência de homicídios já a partir de hoje e por tempo indeterminado. O governador autorizou também a locação de mais veículos para as rondas táticas, que estarão nas ruas da capital”.

Ainda de acordo com o coronel Hilton Benigno, uma operação realizada esta semana mostrou que a PM do Pará tem total condição de responder aos anseios da população. “A estratégia é feita de acordo com a mancha criminal, não trabalhamos com ‘achismos’. Nós concentramos os esforços onde há maior incidência de delitos. Entendemos que a população precisa se sentir mais segura, por isso aumentamos o efetivo. Na semana passada realizamos uma operação para coibir assaltos na área central de Belém, pois os números desses delitos haviam crescido muito, e conseguimos o nosso objetivo. Chegamos a zerar as ligações que davam conta dessa prática feitas ao Ciop”, detalhou.

Investigações - O delegadogeral da Polícia Civil, Rilmar Firmino, afirmou que é necessário ter muita cautela nas investigações das mortes ocorridas no bairro da Condor. “Foi uma ação bastante coordenada, muito rápida (não durou mais do que quatro minutos), com a utilização de três veículos. Além disso, observamos que não havia um alvo específico, tanto que o resultado foi de total terrorismo. A investigação é complexa e o tempo que pode durar nós não temos como prever, pois são muitos atores envolvidos - Polícia Civil, Ministério Público, Poder Judiciário, perícia, medidas cautelares - e não podemos errar. Temos que buscar a materialidade das provas para então termos um resultado concreto”, explicou.

O caso – Na última segunda-feira (5), cinco pessoas foram mortas na Rua Nova II, no bairro da Condor, em Belém, enquanto assistiam a um jogo de futebol em um bar. As vítimas foram atingidas por tiros disparados de três veículos.

Três homens morreram no local e uma quarta vítima veio a óbito depois de dar entrada em um Pronto-Socorro. Além disso, outras 14 pessoas ficaram feridas, dentre elas duas crianças que teriam sido baleadas no pé e na cabeça, segundo os familiares.

Por Heloá Canali, da Agência Pará.

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A discriminação faz parte do cotidiano da periferia do Recife. É o que indica um estudo do Instituto de Pesquisas UNINASSAU, realizado em parceria com o LeiaJá.com e o Jornal do Commercio. 

A pesquisa foi realizada de forma qualitativa, ou seja, não traz números, mas uma análise a partir dos discursos. Cerca de 40 pessoas das classes C e D dos subúrbios da capital pernambucana foram colocadas ao redor da mesa e instigadas a conversar sobre diversos temas, entre eles, a discriminação sofrida.

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Partindo do relato dos pesquisados, é possível perceber vidas que foram vítimas de situações preconceituosas e delas não se esqueceram jamais. É o caso, por exemplo, de Jaciene Mendes, do Córrego do Jenipapo, Zona Norte do Recife, que quando trabalhava num mercadinho ouviu de um suposto juiz que “essa menina é muito imbecil” enquanto ele passava as compras na esteira. Provavelmente, para o juiz, aquele acontecido não ficou mais do que um minuto em sua mente. Ela, que hoje é dona de casa, continua guardando a lembrança com frescor.

Para o músico Ridivaldo Procópio, crescido no Coque, área central do Recife, o mais comum é ser seguido em lojas. “Você é perseguido na loja. Você está sempre sendo vigiado. O que indica que você é um assaltante?”. 

O mesmo tipo de situação embaraçosa foi citado por outras pessoas na pesquisa qualitativa. Casos de gente pobre que chegou em uma loja de sapato ou de roupa e ninguém aparecia para atender ou encarava desconfiado. Ou a jovem que levou o filho numa clínica dermatológica e percebeu o olhar torto das pessoas no ambiente por não se trajar como as mesmas. “Pobre não pode ir ao dermatologista?”, ela indagava.

Responsável pela pesquisa, o cientista político Adriano Oliveira percebeu que os pesquisados de todas as idades se dizem vítimas de preconceito, mas que para os mais novos “você é o que tem”. “Os jovens relatam que em determinados bairros e locais, se você não estiver bem vestido, o outro lhe olhará com indiferença. Por isso, é necessário estar bem vestido para não ser discriminado. Portanto, a discriminação social, advinda do consumo, expressa conflito de classes”, ele analisa. 

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Gamão Souza Dias, de 32 anos, convive com alagamentos na porta de casa desde que se "entende por gente". Em 2013, chegou a ter cerca de 90% da casa levada pelas águas do Córrego Pirajuçara durante uma enchente "catastrófica" que arrasou o Jardim Maria Sampaio, comunidade na divisa do distrito do Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, com o município de Taboão da Serra, na região metropolitana. "O cheiro de lama durou dias", relembra.

Quase dois anos depois, em 2015, as consequências das fortes chuvas ainda eram evidentes na comunidade. Ciente disso, Gamão resolveu se mobilizar para "retomar a autoestima" do Jardim Maria Sampaio. Grafiteiro desde os 14 anos, ele entrou em contato com outros amigos e, à frente da RaxaKuka Produções, organizou a primeira edição do Graffitti Contra Enchente, evento anual que chegou à terceira edição com atividades de sexta-feira até ontem. "Foi a Virada do Grafite", brinca o organizador em referência à Virada Cultural, que ocorreu no mesmo fim de semana. "A comunidade abraçou o evento. Entendeu que ele não é para mim, nem para os grafiteiros, mas para todos."

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Segundo o organizador, as atividades conquistaram mais muros, portões e portas de galpões no decorrer dos anos, alcançando quase uma centena de pontos. "A gente faz um mapeamento dos lugares que vão participar, mas sempre acontece de alguém ver e pedir para ter seu muro pintado também", diz. O apego dos moradores aos grafites é tão grande que alguns chegam a hesitar que outro artista faça um novo desenho por cima do antigo - renovação comum, inclusive, no Beco do Batman.

Por meio de uma convocatória, o evento atraiu mais de 120 artistas, até mesmo de outros Estados e de fora do País. "O Graffitti é livre, cada um tem um estilo, então tem quem faça paisagem, letra, fotos. Isso acaba criando uma diversidade de ideias", comenta Gamão. A programação reuniu, ainda, uma exposição de carros antigos e apresentações musicais de estilos variados, do hip hop ao samba. "Os moradores reconhecem o Graffitti como patrimônio, semanas antes já falavam que não viam a hora de o evento chegar."

Entre os participantes, muitos são amigos de Gamão ou amigos de amigos. "O grafiteiro é meio andarilho, cria vínculos por tudo que é lugar e se une em rede. O evento traz pessoas para cá, e isso é muito importante", diz ele, que ajudou a acolher artistas de fora de São Paulo nas vésperas das atividades.

Energia

Um dos artistas que viajou especialmente para o Graffitti Contra Enchente é o carioca Pablo Carvalho, o Blopa, de 26 anos, que participou pelo segundo ano. Para ele, o que chamou mais atenção foi a receptividade e a valorização dos moradores. "Somos muito bem recebidos. Muitos olham a gente grafitando, fazem perguntas, tiram fotos. A energia é muito boa, e isso influencia."

A grafiteira Rebeca Lawinsky, de 35 anos, participou do evento em São Paulo pela primeira vez, mas já grafitou comunidades de Salvador, como o Mutirão Mete Mão, que, na última edição, ocorreu em cinco localidades distintas. "É um projeto muito bonito. Além de revitalizar a área, trazer cor, também é um trabalho estético. Mexe mais com a comunidade do que com a gente. Afinal, não é o grafiteiro que convive com o desenho: é o morador que vai acordar todo dia e vê-lo quando sair de casa." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma onda de crimes está assustando os moradores da Pedreira, devido a vários assassinatos ocorridos recentemente. O bairro já é marcado também por muitos casos de assalto, furtos e sequestros relâmpagos. Nos últimos 15 dias do mês de março foram registradas 127 ocorrências, segundo os dados da Seccional de Polícia Civil da Pedreira. Protestos e o clima de tensão são frequentes.

No útimo mês, foram dois assassinatos em menos de 24 horas, seguidos de um protesto com queima de materiais velhos e madeira para chamar a atenção das autoridades. Moradores se sentem mais inseguros a cada dia devido à falta de policiamento na região. Vários se recusaram a dar entrevista ou comentar sobre os recentes acontecimentos. Para preservar a imagem dos entrevistados, que temem represália dos criminosos, nenhum terá sua imagem divulgada nesta reportagem.

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Nelson Barradas, morador da travessa do Chaco, conta que assaltos acontecem constantemente na esquina da rua com a Pedro Miranda, sendo mais comuns os com bicicleta e motos justamente pela fácil mobilidade de tais veículos. “Ficamos com receio e com medo, geralmente saímos precavidos até o portão e olhando para os lados”, diz. A maioria das casas próximas à dele, informa, fica com cadeados sempre fechados. “Assalto aqui é intenso. A gente só se sente seguro dentro de casa”, afirma Mauro Silva, outro morador da Pedreira. Ele comenta que seus familiares telefonam um para o outro sempre que chegam em casa, para não andarem sozinhos. A filha de Mauro, de apenas 10 anos, já se preocupa com o horário em que eles retornam. Manuel Garcia revela que já foi assaltado às 8 horas e se queixa do fato de hoje em dia nem poder sentar na frente de sua casa. “Saímos sobressaltados, preocupados, nunca sabemos o que vai acontecer e sempre tentamos verificar se alguém não causa uma suspeita”, disse.

O bairro é marcado por todos os tipos de crimes, sendo influenciados pela falta de policiamento. De maneira geral, os moradores apontam o horário de 18 às 22 horas como sendo o mais perigoso, mas não é raro delitos em outros momentos durante o dia. Um outro grande problema é a ronda. “Tem a ronda somente depois que passa tudo, ronda intensa não existe aqui”, “A ronda passa justamente na hora que eles (os delinquentes) não estão” e “Só depois de duas ou três horas que aparece um carro após a denúncia, é como se não tivessem feito” foram declarações dos moradores.

De acordo com testemunhas, no canal que corta a avenida Pedro Miranda, uma das principais do bairro, vários criminosos moram embaixo de pontes e aproveitam quando as pessoas passam para abordá-las. Moradores evitam passar pelo local e quando passam tentam sempre andar em grupo.

Em resposta à população, Daniel Lobo, chefe de operações da Seccional da Pedreira, afirma que "as rondas são específicas para capturar foragidos e elementos com mandado de prisão logo após o crime”. Ele também destaca que a polícia enfrenta no bairro problemas como iluminação ruim e falta de acessibilidade. Lobo ainda acrescenta que o número de adolescentes envolvidos em crimes dificulta a ação da polícia a falta de informações faz com que não se consiga chegar até os culpados, em muitos casos.

A polícia recomenda que o cidadão sempre fique atento a pessoas suspeitas, e que tente desviar e ficar a uma distância de 20 metros de quem se aproxima quando se sentir em perigo. Caso seja abordado, o cidadão não deve reagir. O número da polícia é o 190 e deve ser chamado.

Por Bruna Helena e João Costa.

 

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Pesquisa qualitativa realizada pela Fundação Perseu Abramo, o braço acadêmico do PT, entre ex-eleitores do partido na periferia de São Paulo, mostra que para uma parcela deste segmento o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o apresentador Silvio Santos e o prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), têm perfis semelhantes.

Segundo a pesquisa "Percepções e Valores Políticos nas Periferias de São Paulo", o eleitor da periferia vê o Estado não como indutor de qualidade de vida e oportunidades, mas como "inimigo" responsável por se apropriar do dinheiro dos impostos e fornecer serviços de baixa qualidade. A única forma de ascensão social é o mérito pessoal. Neste sentido, os eleitores que abandonaram o PT veem tanto Lula quanto Silvio Santos e Doria como principais exemplos de homens que "saíram de baixo" e venceram na vida.

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"Há uma busca por identificação com histórias de superação e sucesso, é nessa medida que figuras tão díspares como Lula, Silvio Santos e Doria aparecem como exemplo. Em muitas circunstâncias, a figura de Lula é admirada menos pelas políticas que o governo dele implementou e mais porque ele próprio é um bom exemplo de ascensão social", conclui o estudo, cujo levantamento foi realizado entre 22 de novembro de 2016 e 10 de janeiro deste ano.

O levantamento, tema de editorial da edição desta segunda-feira, 3, do jornal O Estado de S. Paulo, causou polêmica nas redes sociais.

A pesquisa coloca em xeque o conceito de luta de classes, base de quase toda literatura política de esquerda. "No imaginário da população não há luta de classes; o 'inimigo' é, em grande medida, o próprio Estado ineficaz e incompetente, abre-se espaço para o 'liberalismo popular' com demanda de menos Estado", revela o levantamento.

Grande parte do eleitorado defende a adoção de métodos empresariais na gestão pública, uma das plataformas de Doria, e a grande maioria não soube nem sequer diferenciar esquerda de direita. "Direita é alguém direito, correto. Esquerda é quem vive reclamando. Eu acho que a direita é quem está no poder e a esquerda é a oposição!", disse um homem branco, de 30 anos, com renda entre dois e cinco salários mínimos.

É certo que a crise econômica decorrente do governo da ex-presidente Dilma Rousseff e os escândalos em série envolvendo petistas - e, posteriormente, políticos de outros partidos - tiveram forte efeito sobre o eleitorado histórico do PT.

A pesquisa, no entanto, vai além e mostra aspectos pouco estudados sobre o comportamento do eleitorado de periferia. Um deles é a visão da população de baixa renda em relação às cotas. "(Os entrevistados) Não negam a importância de políticas públicas e garantia de acesso a oportunidades, mas rejeitam aquelas que parecem 'duvidar' das capacidades individuais, como as cotas."

Diante dos resultados, os responsáveis pelo estudo concluíram que "o campo democrático-popular precisa produzir narrativas contra-hegemônicas mais consistentes e menos maniqueístas ou pejorativas sobre as noções de indivíduo, família, religião e segurança".

Estudioso da classe média e presidente do Instituto Locomotiva, o pesquisador Renato Meireles disse que encontra hoje na periferia muitas pessoas que se identificam como de direita, mas têm pensamento de esquerda. E vice-versa. "Essa discussão teórica não faz absolutamente nenhum sentido na vida do brasileiro médio. As pessoas não têm mais os patrões como inimigo, mas os políticos."

Ainda segundo Meireles, o ódio em relação aos políticos vira muitas vezes um descontentamento em relação ao Estado. "É preciso, porém, entender que isso não significa que tenham como valor liberal o Estado mínimo, mas que eles não veem contrapartida em relação aos impostos que pagam."

Sobre cisão histórica entre classe média e burguesia, Meireles diz que há tempos ela já não existe. "É impossível enxergar o pensamento social do século 21 com as lentes do século 20."

Debate

O presidente da Fundação Perseu Abramo, Marcio Pochmann, disse que pretende convidar pesquisadores com posições políticas diferentes, inclusive do Instituto Fernando Henrique Cardoso, para um debate aberto sobre a pesquisa Percepções e Valores Políticos nas Periferias de São Paulo.

"Há acúmulos sobre a temática da estratificação social, classes sociais, mas o debate até agora foi empobrecedor. Por isso há a sugestão de fazermos um convite. A ideia é chamar pessoas que estudam o tema, com posições políticas diversas das nossas, para um debate aberto", disse Pochmann.

Vice-presidente nacional do PSDB, o ex-governador Alberto Goldman disse que acha "positivo" um debate entre os institutos tucano e do PT.

"Vivemos um período de terra arrasada. Tudo que é passado, seja ruim ou bom, foi arrasado. Há uma destruição generalizada. Não seria uma conversa eleitoral ou de partido, mas de institutos. Temos de começar a pensar em criar alguma coisa saudável, caso contrário, vai ser isso que vemos por aí, de João Doria e Bolsonaro", disse.

Aproximação

Segundo Pochmann, o resultado não é totalmente surpreendente, pois já havia hipóteses de que o segmento pesquisado age de maneira diferente da classe trabalhadora tradicional.

"É um segmento que não tinha acesso ao trabalho assalariado até o início dos anos 2000. Alguns chamam de subproletariado, passou por uma mobilidade social. A contradição colocada no dia a dia deles é a da sobrevivência", afirmou.

Para Pochmann, que é professor da Unicamp, o segmento pesquisado demanda serviços do Estado, conhece a qualidade destes serviços e, por isso, se rebela. De acordo com ele, o desafio da esquerda é oferecer serviços novos e melhores inclusive do que os que foram criados nos governos do PT. "Aquilo ele já conhece", disse o presidente da fundação.

Segundo ele, o PT vai ter de se aproximar fisicamente para reconquistar estes eleitores." Estudando sobre de que forma as Igrejas neopentecostais ganharam relevância vimos que tem a ver com serviços e capacidade de ouvir. A descentralização (do PT) é uma saída", afirmou Pochmann. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Agência Mural de Jornalismo das Periferias iniciou um projeto de financiamento coletivo online, popularmente conhecido como “vaquinha”, para aumentar sua cobertura. A agência conta com 70 profissionais, espalhados por todas as áreas de São Paulo, que constituem uma organização sem fins lucrativos. De acordo com os idealizadores do projeto, a arrecadação tem por finalidade ajudar no amparo jurídico das pessoas que produzem conteúdo para a Mural, além de formalizar as atividades exercidas por eles.

Na apresentação do projeto de crowdfunding, os responsáveis destacam a importância que as pessoas envolvidas com a produção de matérias têm para o desenvolvimento pessoal e social dos locais onde vivem, e o quanto seria vantajoso se eles pudessem se dedicar exclusivamente a isso. Os conteúdos são distribuídos pela agência e nenhum dos participantes ou envolvidos são remunerados por seu trabalho.

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A Agência Mural nasceu em 2010, com a participação de 20 jornalistas, que têm como missão aprofundar assuntos ou preencher espaços deixados pelos grandes veículos de imprensa. A campanha vai até o dia 15 de maio e pretende chegar ao valor de R$ 36 mil. Para doar, basta entrar no Catarse e contribuir com valores que vão de RS 10 a R$ 5 mil. Com o valor, a agência irá entrar com o processo para tornar oficial a iniciativa de organização sem fins lucrativos.

Uma residência de dois andares desabou no bairro de Acilia, na periferia de Roma, nesta quarta-feira (28) e as autoridades buscam por desaparecidos entre os escombros.

As informações sobre o número de pessoas que estariam no local é incerta, mas vizinhos apontam que entre dois e quatro moradores podem estar ali. Até o momento, uma senhora foi retirada em estado grave e um homem foi levado ao hospital com ferimentos mais leves. Segundo testemunhas, é provável que um vazamento de gás tenha provocado a queda da casa.

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Com uma coroa de louros, os atletas sobem ao pódio para receber com incredulidade suas medalhas sob uma chuva de papel picado, ao som do Hino Nacional. Mas não estamos em um estádio olímpico, e sim na periferia do Rio, onde um homem transforma em realidade o sonho de muitas crianças de seu bairro.

Este homem se chama Jarbas Meneghini e tem 47 anos. Quando jovem quis ser jogador de futebol profissional, mas nunca conseguiu. Tornou-se mecânico, e dedicou sua vida a prestar homenagem ao esporte.

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Sua casa em Campo Grande, um gigantesco bairro popular do oeste do Rio de Janeiro, a 40 km do centro, é uma espécie de museu da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos.

A bandeira olímpica e as de vários países ondeiam ao vento. Os aros olímpicos brilham na porta da garagem. A vitrine construída no muro externo ostenta pequenos troféus de vários esportes e estatuetas coloridas do Cristo Redentor. Dentro, um quarto inteiro guarda dezenas de troféus e medalhas confeccionados por Jarbas, fotografias suas com lendas do futebol como Neymar, Pelé e Romário, e souvenires de campeonatos de todo tipo.

- Pequenos atletas -

Em todos os domingos há um mês, as crianças do bairro vão para lá correr na pista de atletismo improvisada construída no pátio, jogar na mesa de pingue-pongue bamba instalada na calçada, correr pela rua com tochas olímpicas produzidas em PVC pelo próprio Jarbas ou dançar com os aros olímpicos.

Também ouvem suas anedotas sobre a história dos Jogos, ou sobre como conseguiu entregar a mais de 50 jogadores da seleção brasileira uma réplica em tamanho real do troféu da Copa do Mundo feita por ele mesmo.

As atividades prosseguirão durante todos os Jogos Olímpicos e Paralímpicos.

"O esporte tem regras, e isso ajuda as crianças, ter regras na vida profissional. Há um horário para chegar, um horário para sair, o esporte educa", afirma à AFP este homem afável, que se emociona ao lembrar seus encontros com atletas famosos.

Quando soube que o Rio de Janeiro seria a sede dos primeiros Jogos Olímpicos da América do Sul, Jarbas mergulhou na tarefa de criar uma réplica da tocha olímpica, e as crianças foram pedindo mais e mais.

Terminou até construindo um bonito pódio com caixas de verduras, e após as atividades esportivas as crianças recebem réplicas das medalhas e agitam ramos de flores artificiais em uma cerimônia cuidadosamente orquestrada.

Os Jogos, caros e distantes

Para muitas destas crianças, que nunca pisaram na vida no calçadão das famosas praias de Copacabana ou Ipanema e cujos pais não têm recursos para comprar um ingresso para uma competição olímpica, isso é o mais perto que estarão em suas vidas dos Jogos Olímpicos.

"Fiz tudo praticamente sozinho, com muito prazer. Minha mãe me ajuda a costurar as bandeiras dos países, e minha esposa e minha filha me ajudam também. Não há apoio do governo à população carente da zona oeste como Campo Grande", conta Jarbas, que paga tudo do próprio bolso.

Na periferia do Rio "não haverá legado", lamenta.

"O governo se concentrou em fazer apenas estes centros esportivos olímpicos na Barra da Tijuca ou em Deodoro e se esqueceu da comunidade carente. É algo muito triste. A única coisa que resta é a força do povo, de pessoas apaixonadas como eu para educar as crianças através do esporte", explica.

Os Jogos ficaram distantes das centenas de favelas do Rio, onde vive quase um terço da população desta cidade de seis milhões de habitantes. Ali não há atividades organizadas pelas autoridades olímpicas, e muitos de seus habitantes se sentem excluídos da maior celebração esportiva mundial.

Num momento em que o Brasil atravessa sua pior recessão em quase um século e uma profunda crise política, não são poucos os cariocas que perguntam por que o dinheiro investido nos Jogos não foi gasto para melhorar a educação ou a saúde pública, de péssima qualidade.

Jarbas não assistirá ao vivo nenhuma competição olímpica, mas está acompanhando muitas disputas pela televisão. "Os ingressos são caros e é longe", explica.

O aumento de 8,7% nos casos de roubo na cidade de São Paulo, divulgado na semana passada pela Secretaria da Segurança Pública (SSP), tem divisão territorial. Todos os 15 distritos policiais responsáveis pelas maiores altas do crime são de bairros da periferia, enquanto as delegacias que tiveram recuo ficam em áreas mais nobres ou no centro expandido. Para especialistas, o comportamento está associado à má distribuição do efetivo policial. O governo do Estado alega não existir variação significativa por regiões.

Para o levantamento, a reportagem comparou o índice de roubo em junho de 2016 com o do mesmo mês do ano passado. Dos 12.873 roubos notificados na capital, 103 foram no 65º DP (Artur Alvim), na zona leste. A delegacia é campeã de aumento, com 194,2% casos a mais. Em 2015, o mesmo distrito havia registrado 35 ocorrências - quase três vezes menos. A lista segue com Jardim Mirna (180,3%), Parque São Jorge (124,1%), Vila Carrão (117,2%) e São Mateus (86,2%).

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Apesar do aumento no número total da cidade, individualmente 39 delegacias registraram queda nas notificações. A maior redução foi de 42,5%, no 27.º DP (Campo Belo), localizado em região nobre da zona sul. Entre as dez melhores colocadas aparecem ainda Alto da Mooca (42,4% de queda), Consolação (40,1%), Campo Grande (38%), Brás (36%), Itaim-Bibi (29,8%) e Vila Mariana (27,2%). Todos ficam em áreas de classe média e alta ou no centro expandido.

Especialista em segurança, o coronel José Vicente da Silva afirma que o resultado é reflexo da má distribuição de efetivo policial. Em junho, a reportagem revelou que bairros com mais violência têm menos policiais militares para cuidar de cada crime. "Os recursos devem ser correspondentes à demanda, mas não é o que acontece", diz. Segundo o especialista, também há falhas de planejamento, que deveria levar em conta ruas e horários em que os crimes acontecem. "Quando se percebe um aumento de 20%, já deve acender a luz amarela. Não pode deixar que os casos tripliquem."

Para Vicente, a crise econômica não justifica o aumento dos roubos. "A polícia foi criada para cuidar dos efeitos, e não das causas. Culpar a crise é inaceitável para a sociedade." Outro problema, segundo o especialista, é que a rotatividade de policiais em delegacias e batalhões de áreas distantes, em geral, é alta, dificultando um trabalho preventivo continuado.

A cientista social Camila Caldeira Nunes Dias, da Universidade Federal do ABC (UFABC), afirma que o aumento de roubos na periferia é resultado de uma "oferta diferencial de segurança". "Claramente, o Estado tem uma preocupação muito maior em manter a segurança em bairros de classe média e alta", diz. "A atuação em bairros periféricos é muito marcada pela repressão. Essa população não é vista como pessoas que devem ser protegidas."

Delegacias

Às 15 horas de anteontem, a vendedora Lia Fernandes, de 49 anos, saía do 65º DP (Artur Alvim), recordista de alta, com um boletim de ocorrência nas mãos. Ela foi mais uma vítima de roubo na região. "Tenho medo de sair na rua, mas preciso ir para o emprego."

Lia estava a caminho do trabalho quando teve o celular roubado por dois motoqueiros. Policiais da delegacia informaram que o objeto é o principal alvo dos criminosos, juntamente com documentos. Segundo eles, as ocorrências subiram na saída das Estações Artur Alvim e Itaquera, do Metrô, mas não há policiamento suficiente para inibir o crime nos locais. Os policiais, que não querem ser identificados, também dizem que aumentaram os registros de BO para retirar segunda via de documento sem precisar pagar.

Já no 27º DP (Campo Belo), a delegacia com o melhor resultado em junho, os policiais passaram a fazer ronda em ruas com maior número de registros de roubo, além de pontos de venda de drogas. Eles também abordam suspeitos com celular à mostra, o principal alvo do crime, para consultar se o objeto é roubado. "O segredo aqui é muito trabalho com ênfase nos crimes patrimoniais, que estão intimamente ligados às drogas", diz o delegado assistente Augusto César Bicego.

Estado

Procurada, a SSP afirmou em nota que a análise é "incorreta". "O levantamento feito pela Coordenadoria de Análise e Planejamento (CAP) mostra que houve aumento e redução de ocorrências destes indicadores criminais em distritos de todas as regiões da capital."

A secretaria também negou problemas na distribuição do patrulhamento. "O setor de inteligência da PM acompanha semanalmente os dados estatísticos para elaborar os planos de policiamento, que levam em consideração o tipo de crime, quantidade de ocorrências e modus operandi criminoso."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Desde outubro, o pastor Valter Eduardo Vaelatti, de 49 anos, teve três carros roubados em São Mateus, na zona leste. Todos os assaltos foram à mão armada e durante o dia. Cansado, resolveu usar uma nova estratégia: andar em uma minivan Zafira, ano 2002. "Eu comprava o carro para os outros pegarem. Agora, eu tenho um mais velhinho e ando tranquilo."

Na primeira ocorrência, estavam a mulher do pastor e a filha de 8 anos. Perseguido por um policial à paisana, o assaltante acabou batendo em um muro e foi preso. "Elas ficaram traumatizadas. Quando um ambulante bate no vidro, já gritam assustadas." Nos casos seguintes, em janeiro e março, estava parado em esquinas das Avenidas Sapopemba e Aricanduva. "Eu nunca havia sido assaltado antes."

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Os roubos de veículos cresceram 14,3% em junho, com 2.968 casos. Em nota, a SSP diz que organiza operações e só policiais da 8.ª Seccional (São Mateus) prenderam dez pessoas por receptação e apreenderam mais de 2 mil peças neste mês.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um grupo de 55 estudantes do ensino fundamental da escola estadual do Clube de Mães Nossa Senhora Aparecida, localizada em Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém, teve uma manhã de brincadeiras e exercícios no Parque dos Igarapés, espaço ecológico localizado no conjunto Satélite, periferia da capital paraense. A iniciativa faz parte de projeto desenvolvido por acadêmicos de Educação Física.

O projeto chamado “Atividades lúdicas dentro do parque” tem o objetivo de levar os alunos do terceiro ano do curso de Educação Física da faculdade Esamaz e aproximá-los da realidade na prática pedagógica. “Trouxemos os alunos do curso fundamental da escola pública localizada no município de Ananindeua para o Parque dos Igarapés por acreditarmos que o espaço é o mais organizado nesse segmento ambiental em Belém. Fomos muito bem recepcionados no espaço ecológico quando da apresentação do projeto. Estamos aqui para aproximar os alunos de escola pública da natureza e da educação física e ao mesmo tempo mostrar aos futuros professores de educação física o porquê de inserir o meio ambiente na pratica pedagógica e curricular das crianças”, disse a professora de educação física Rosa Rayol, responsável pela ação.

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“Transformar a floresta e o verde numa sala de aula foi um aprendizado e uma oportunidade única. Oferecemos a eles as trilhas ecológicas e esportes radicais nesse espaço como cenário para as aulas”, avaliou a aluna de educação física Raiane Cavalcante.

Os alunos da escola do Clube de Mães Nossa Senhora Aparecida caminharam pelas trilhas ecológicas, conheceram os igarapés do lugar e ainda praticaram atividades de futebol e caminhada. Também foi servido um lanche no Espaço Curumim.

“Conhecer o Parque dos Igarapés foi legal e eu queria vir mais vezes pra cá. Quero estar mais vezes aqui com os professores e com minha família, pois gostei de tudo o que eu vi aqui: os macacos, os passarinhos e digo ainda que voltaria aqui muitas vezes”, contou Luiz Guilherme, aluno que participou da programação.

Com informações de Cattete Fonseca.

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Um homem de 80 anos de convicções anticlericais e sua vizinha, recém-batizada, foram detidos na periferia de Paris, suspeitos de furtar várias igrejas nos últimos meses, informaram nesta segunda-feira fontes concordantes.

Mais de 3.000 objetos religiosos de todos os tipos - cruzes, estátuas, ícones, terços e velas - foram encontrados em suas casas em Bagneux, ao sul da capital, durante uma operação policial realizada na semana passada.

"Na casa do octogenário, os banheiros estavam lotados de crucifixos, não havia sequer um centímetro quadrado livre", disse à AFP um dos padres vítima do casal de saqueadores, Ludovic Serre, que oficia em Chaville, (oeste de Paris), e que conseguiu recuperar alguns dos objetos roubados.

O padre notou o desaparecimento regular de objetos de sua igreja de Nossa Senhora de Lourdes a partir de novembro. "Assim que eu colocava uma cruz no altar sob o confessionário, ela desaparecia", antes do roubo do presépio em dezembro: "Isso foi demais, eu disse a mim mesmo 'basta', e apresentei uma queixa".

A polícia indicou então que outros edifícios religiosos nas proximidades tinha sido alvos de crimes semelhantes por várias semanas, totalizando um prejuízo total estimada em 10.000 euros.

O padre de Chaville, graças a um sistema de vigilância, descobriu que os ladrões agiam em um ritual preciso, "a cada 4-5 semanas, no domingo, entre 16h00 e 16h300". "Eu disse à polícia que, de acordo com meus cálculos, eles deveriam voltar em 21 de fevereiro. E eles vieram! Meia hora mais cedo!", relatou Ludovic.

Os investigadores seguiram os dois suspeitos até suas casas, onde foram interrogados antes de serem colocados sob custódia.

"A polícia estava esperando um jovem... quando ele tem 80 anos, é um revolucionário, que acredita que a propriedade da igreja deve ser tomada! E ela, uma mulher de 60 anos, que acabara de ser batizada", descreveu o padre.

Dona Francisca Santana vive no bairro do Jurunas, na periferia de Belém, em uma casa pequena e toda feita de madeira. Com ela moram seus filhos, um casal de crianças e uma adolescente de 15 anos. Nos seus 78 anos, ela diz que foi a primeira moradora da rua Gaiapos quando tudo ali ainda era um matagal, o que ainda não parece uma realidade distante. Na parte de fora, alguns ratos passam correndo pela rua. “Lá no telhado molha tudo quando chove, e é muito calorento”, conta a aposentada. Sua filha Isabel, de 34 anos, está em busca de emprego para ajudar com as economias da família.

Por volta das 9 horas da manhã, um grupo de jovens é recebido na casa de Francisca e Isabel para fazer um levantamento, ou seja, medir o espaço e saber de suas necessidades, como quartos, salas e banheiros decentes. São estudantes de arquitetura que participam da iniciativa Mãos Na Massa.  

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A iniciativa Mãos Na Massa começou em 2014 atendendo a sete famílias em outros bairros. Esse ano, a equipe atende gratuitamente dez famílias no bairro do Jurunas e realiza levantamentos para a elaboração de projetos da estrutura das residências, a maioria em situação precária.

Segundo a coordenadora da segunda edição do programa, Bárbara Moraes de Carvalho, os moradores ganham cheque moradia, mas não têm acesso a projetos para elaborar suas casas do jeito que gostariam. “Existe uma lei de assistência técnica para pessoas que ganham até três salários mínimos. Elas têm direito a uma assistência técnica de arquitetos e engenheiros, e as prefeituras e governos deviam viabilizar isso. Mas isso não está acontecendo”, esclarece.

Para Bárbara, a arquitetura tem uma função social e isso deve ser apresentado aos alunos. “Eles têm que ter contato com a comunidade, com uma realidade diferente. Isso é ótimo para as famílias porque elas vão ter um projeto adequado às suas necessidades. Eles realmente vão conseguir ter a casa dos sonhos”, afirma.

Esperança - A visita da equipe de estudantes representa uma esperança de um futuro melhor para as famílias, muitas delas com crianças. Todos os moradores explicam como seria a casa dos sonhos: com garagem, uma sala para receber familiares, amigos, dois quartos e uma cozinha grande.

A dona de casa Nilzete David da Silva, de 64 anos, mora no Jurunas com dois netos. Com problemas na estrutura da casa, ela conta que gostaria de mudanças na parte da alvenaria. Emocionada, ela fala dos problemas com cupins e relata a vez que quase se machucou no próprio banheiro. “Uma parte da laje do teto caiu em cima de mim. Meu filho prometeu que iria reformar o banheiro, mas faltou dinheiro para isso”, conta.

Para os estudantes, a experiência muda o olhar sobre a profissão. “Nós temos uma visão de que médico precisa ser mais humano, assim como advogado, mas há uma visão muito elitista da arquitetura”, conta o estudante do quarto período Pedro Henrique Lima. Com 19 anos, ele participa pela segunda vez do projeto, assim como Jessyca Cunha. Durante a visita, Jessyca chamou atenção para o problema de acessibilidade nas casas. Cursando o sexto período, a estudante reconhece que a iniciativa é uma das melhores formas de aprendizado aos alunos que desejam se tornar verdadeiros arquitetos conscientes.

Como um dos grandes problemas é a falta de recursos financeiros para a elaboração dos projetos, os estudantes usam o Instagram @projetomaosnamassa para divulgar a arrecadação de doações em prol do sonho das famílias. Além disso, vão promover palestras para arrecadar dinheiro para a produção de cestas básicas.

 

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Um Agravo de Instrumento à liminar concedida em Ação de Reintegração de Posse cumprida na manhã desta terça-feira (10) pretende mudar o destino de aproximadamente três mil pessoas despejadas da área conhecida como comunidade Delmo Marinho, no quilômetro 7 da rodovia Arthur Bernardes, bairro Pratinha I, distrito de Icoaraci, periferia de Belém. A defensora Anelyse Freitas protocolou o recurso no plantão do Tribunal de Justiça do Estado. A decisão deve sair nas próximas horas. As informações são da Defensoria Pública do Estado do Pará.

A defensora, que coordena o Núcleo de Defesa de Direitos Humanos da Defensoria, argumenta que a liminar foi concedida há um ano e dois meses, em favor de Casa Porte e Apoio Consultoria Empresarial. Justifica ainda no Agravo que o terreno pertence à Superintendência do Patrimônio da União (SPU), tratando-se portanto de terra de marinha e não propriedade privada. A defensora entende que a liminar teria efeito em um prazo de um ano, no máximo. Com um ano e um dia, afirma, já configura "posse velha" e consolida a ocupação. “A partir de um ano e um dia não cabe liminar em ação de reintegração de posse”, observou.

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Anelyse Freitas conversou com o desembargador plantonista, Roberto Moura, que avaliará o recurso, para sensibilizá-lo sobre a situação das famílias e deixou claro que a suspensão da liminar não suspenderia o processo em curso. A defensora não entende por quais razões a liminar, mesmo tendo sido publicada, não foi cumprida. “Se o desembargador não suspender a liminar, vamos continuar fazendo a defesa dessas famílias, pois há perdas e danos e na área já havia muitas casas e até uma igreja”, comentou.

Com informações de Micheline Ferreira, da assessoria da Defensoria Pública.

A Polícia Militar deu início nesta terça-feira (10) ao cumprimento de ação de reintegração de posse do imóvel localizado no quilômetro 7 da rodovia Arthur Bernardes, no bairro da Pratinha, em Icoaraci, periferia de Belém. Os oficiais de justiça atendem a determinação da juíza Lailce Cardoso, titular da 9ª Vara Cível da Capital.

A reintegração de posse ocorre após um ano e oito meses de ocupação do terreno de 80 mil m². Na área particular, ocupada em março de 2014, estima-se que já foram construídas 800 casas de madeira e alvenaria. Cerca de três mil pessoas permanecem de forma irregular no espaço invadido.

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Para o cumprimento do mandado judicial, foram mobilizados 300 integrantes do Comando de Missões Especiais da Polícia Militar. Além da PM, estarão atuando também a Polícia Civil, Corpo de Bombeiros, Grupamentos Aéreo e Fluvial de Segurança Pública, Secretaria Executiva de Mobilidade Urbana (Semob) e órgãos como a Fundação Pro Paz e Companhia de Habitação do Pará (Cohab). Marinha e Aeronáutica estarão no apoio da operação. Duas ambulâncias estarão em locais estratégicos para possíveis atendimentos e primeiros-socorros. O objetivo da atuação da força-tarefa policial é de possibilitar segurança no cumprimento da diligência dos oficiais de justiça.

Trânsito – Para evitar transtornos aos moradores do entorno da área que será desocupada e daqueles que utilizam a rodovia Arthur Bernardes, a Semob, entre 5h30 e 7 horas, bloqueou aquela via no perímetro que compreende a rotatória (próxima ao aeroporto Internacional de Belém) até a rodovia do Tapanã (ou até a rua Haroldo Veloso).

Com informações da Agência Pará.

Neste sábado (17) a música independente paraense invade a periferia da capital, com o lançamento do Circuito “Rock Rio Guamá”, às 17 horas, no Tábuas de Maré, no bairro da Cidade Velha. O projeto é uma extensão do Festival Rock Rio Guamá, que desde 2010 acontece na Universidade Federal do Pará (UFPA) e que agora se apresenta na periferia de Belém e em outras cidades do interior do Estado. Não terá cobrança de ingresso e o público poderá escolher o quanto e se quiser pagar.

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O objetivo do circuito é promover uma programação musical e cultural variada, com artistas de Belém e de outros municípios, além de fortalecer identidade do Festival de propagar a música independente paraense. “A proposta é levar o festival pra além dos muros físicos da UFPA-Guamá. Possibilitar esse intercâmbio com os outros públicos e produtores de outros campi da UFPA, no interior do Estado. Nesse ano levamos as atividades pra Capanema e Bragança. E, também, levar as atividades do festival para os entornos da UFPA, em Belém, como o Guamá”, afirma Danillo Rosa, um dos produtores do evento.

O Festival surgiu como um projeto do Diretório Central dos Estudantes (DCE), da UFPA, na década de 80, sob a iniciativa de alunos, produtores e artistas locais com o objetivo de valorizar bandas e artistas paraenses.

A programação do circuito conta com as bandas: Zimba Groove, Cindy Tunner, Kid From Amazon, Cheese, A Coisa, e os Djs Ondas Tropicais Onça com K e Luancito. Além de exposição de fotográfica, exibição de filmes e oficinas.

 

 

Mesmo após sua proibição ter sido aprovada pela Câmara Municipal de São Paulo, a Uber expandiu a operação na cidade. Ela passou a oferecer, desde o começo desta semana, uma função em seu aplicativo exclusiva para atender a população do extremo sul. A função "UberSul" só aparece quando o programa identifica que o usuário está nos bairros da região e oferece motoristas com 15% de desconto em relação ao UberX, o serviço popular do sistema, nos horários de pico, das 6 horas às 10 horas e das 16 horas às 21 horas.

A função vale para bairros como Parelheiros, Capela do Socorro, Grajaú, e Campo Limpo. É uma versão beta (de testes) e ainda poderá ser estendida a outras regiões periféricas, segundo o diretor de comunicação da empresa, Fabio Sabba. "A ideia surgiu a partir de um motorista. Depois que passou a ponte, ele resolveu ligar o aplicativo para ver o que acontecia", diz. E surgiram pedidos.

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Sabba explica que a proposta é atrair gente que desceu do ônibus ou da estação de trem ou metrô para completar a viagem - o que os engenheiros de trânsito chamam de "last mile", o último trecho da viagem, que é hoje feito a pé ou em lotações. Assim, além da concorrência com os táxis - que já terminou até com um motorista da Uber agredido, há dois meses -, a UberSul oferece um serviço que, até hoje, era exclusivo dos perueiros da SPTrans. "A gente pensa só no usuário", desconversa Sabba, ao ser questionado sobre os concorrentes.

O motorista Nelson Bazolli, de 55 anos, que vem trabalhando pelo UberSul nesta semana conta que tem feito "umas 17" corridas por dia. "Além da pessoa que pede na estação, tem muita gente que pede também no supermercado", conta. O motorista diz que não passou por nenhuma situação de insegurança na periferia. Primeiro, porque o pagamento é eletrônico, sem dinheiro. Segundo, porque, de acordo com ele, "nem encontro taxistas", na periferia.

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