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Em sua reta final, as primeiras prévias nacionais da história do PSDB para a escolha do seu candidato ao Palácio do Planalto cumpriram a missão de dar visibilidade ao partido no debate sobre a construção de uma terceira via na disputa presidencial em 2022, mas o processo interno ajudou também a esgarçar o ambiente já bastante tensionado da sigla. No radar de importantes líderes tucanos está o temor de que o partido saia fraturado da votação marcada para o próximo domingo, 21.

Um projeto presidencial encabeçado pelo PSDB não conta com ampla concordância na sigla. Em parte por causa de profundas rixas internas e em parte por uma disputa por recursos para as futuras campanhas eleitorais.

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Durante a última semana antes da votação, os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS) se esforçaram para transparecer um clima de entendimento. Tomaram chimarrão no Palácio Piratini, em Porto Alegre, e foram mais cordiais durante o debate realizado pela CNN Brasil. Ontem, porém, Leite jogou farpas no correligionário paulista em uma entrevista convocada para negar que tenha pedido a Doria o adiamento do início da campanha da vacinação, em janeiro.

Os governadores paulista e gaúcho concorrem de fato à vaga de presidenciável tucano - Arthur Virgílio (AM), o outro nome na disputa, não tem chances. O vencedor das prévias terá de se deparar com uma questão central: a possibilidade de uma debandada de parlamentares tucanos, o que pode encolher a bancada federal do partido. Em conversas reservadas, quadros do PSDB calculam que até 15 dos 34 deputados federais podem deixar a legenda na janela de transferência partidária do ano que vem, período em que é permitido mudar de agremiação sem perder o mandato.

Esse processo é motivado por uma mistura de cálculos e predileções eleitorais locais, briga por recursos e ressentimentos políticos. Em Estados onde o bolsonarismo tem mais força, como Acre, Rondônia e Mato do Grosso do Sul, os tucanos locais teriam dificuldade em se eleger no campo da oposição. Mas há também o caso do grupo liderado pelos deputados mineiros Aécio Neves e Paulo Abi Ackel. Ambos são desafetos declarados de Doria e dificilmente ficarão no PSDB no caso de vitória do governador paulista.

"Eu não convoquei uma confraria, mas uma eleição. E eleição é disputa e passionalidade. Isso deixa marcas que levam tempo e exigem maturidade para que se reconfigure um processo de unidade plena. Vai depender da absoluta capacidade do líder escolhido no domingo de construir pontes. Não precisa ser do dia para a noite e nem numa semana. Há tempo", disse ao Estadão o presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo (mais informações nesta página).

Questionado sobre uma possível debandada, Abi Ackel foi enigmático. "Ninguém sabe qual será o resultado das prévias e como o vencedor vai se posicionar. As prévias devem ser instrumento de inclusão e não de exclusão. Não faz sentido o partido sair menor desse processo."

ENCONTRO

Os dois lados da disputa interna estão cientes dos possíveis efeitos. Na última terça feira, o coordenador da pré-campanha de Doria, Wilson Pedroso, viajou a Porto Alegre para organizar a visita do governador paulista ao Rio Grande do Sul e aproveitou para tomar um café com o deputado federal Lucas Redecker (RS), que comanda a campanha de Eduardo Leite.

Na conversa, eles concordaram que é preciso fazer um gesto para unificar o partido depois das prévias. Combinaram um encontro de aproximação com a bancada com a presença dos dois governadores, independente de quem for o vencedor do pleito interno. A leitura de ambos é que será preciso recuperar o eleitor tucano que migrou para o bolsonarismo após as eleições de 2018, quando o PSDB registrou o pior resultado de sua história em uma eleição presidencial. "Apesar das caneladas, a gente criou relações com as prévias. Em São Paulo tivemos caneladas nas prévias (em 2016 e 2018), mas todo mundo saiu unido", disse Pedroso.

O senador José Aníbal, que integra a comissão organizadora do processo, recorre uma frase do ex-vice presidente da República Marco Maciel ao falar sobre a possibilidade de um racha pós- prévias: "As consequências vêm depois", disse. "Seria um anticlímax se não houvesse unidade no dia seguinte."

Contra o anticlímax, Virgílio aposta no fair play dos caciques tucanos. Para o ex-prefeito de Manaus, a maior parte da bancada federal começou a votar com o governo de Jair Bolsonaro porque não tinha perspectiva em relação ao próprio partido. "Espero que não tenha debandada. Tem que ser um compromisso de honra apoiar o perdedor", afirmou.

APLICATIVO

Com apenas 44,7 mil tucanos aptos a votar no domingo em um universo de 1,3 milhão de filiados, o PSDB montou uma operação para sanar eventuais problemas com o aplicativo criado para a votação nas prévias. A executiva nacional montou um call center no diretório em Brasília com mais de 20 atendentes disponíveis para ajudar os tucanos que tiverem dificuldades com o aparato, que exige, entre outras coisas, uma dupla identificação facial.

O sistema, que é inédito no Brasil, foi motivo de polêmica e suspeitas nos bastidores da campanha. Há o temor de que o processo possa ser prejudicado pelo eventual mal funcionamento do aplicativo que foi criado pelo PSDB para que os filiados votem remotamente.

Após passar por diversas etapas de aperfeiçoamento, segundo a comissão de prévias, e até mesmo de uma simulação do processo de votação ontem, o app ainda desperta desconfiança em relação ao seu funcionamento e segurança. Diretórios mais organizados do partido tanto ligados a Leite quanto a Doria também vão oferecer suporte técnico.

O sistema é de difícil manuseio, o que, de acordo com a região do País, ainda pode ser intensificado pelo baixo sinal de internet. Na capital paulista, base de Doria, o diretório municipal montou 40 postos avançados onde os filiados terão acesso a tablets e internet 5G.

A tecnologia não poderá resolver o atual ponto nevrálgico do PSDB. O partido que ganhou a fama de se acomodar no equilíbrio do muro acumulou ao longo dos anos significativas divisões internas. Qual será o papel das primárias num processo de conciliação ou ruptura é o que se verá nos próximos dias.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os bombeiros conseguiram controlar um incêndio florestal na Catalunha, no nordeste da Espanha, mas a persistência de altas temperaturas mantém a maior parte do país sob risco de incêndios.

Cerca de 100 bombeiros trabalharam durante a noite para controlar o incêndio na província de Tarragona, que obrigou a evacuação de cerca de 30 pessoas de um "camping" na quinta-feira (12) e destruiu pelo menos 75 hectares de floresta protegida, anunciaram bombeiros catalães no Twitter.

Onze caminhões-tanque, um helicóptero e dois aviões lançadores de água permanecem no local, nesta sexta (13), para tentar extinguir totalmente as chamas, acrescentaram.

No outro extremo da Espanha, dezenas de bombeiros combatiam um incêndio florestal deflagrado na noite de quinta-feira em Rubiá, na Galícia (noroeste), uma região que escapou da onda de calor iniciada ontem e que segue até segunda-feira (16).

Até o momento, este incêndio destruiu em torno de 200 hectares de terreno, tuitou o governo regional da Galícia.

A Agência Estatal de Meteorologia (AEMET) informou que quase todo país enfrenta, nesta sexta, um risco "alto", "muito alto", ou "extremo", de ocorrência de incêndios florestais, devido às altas temperaturas.

Apenas uma faixa da costa norte e partes da região de Valência (leste), na costa mediterrânea, têm risco "baixo", ou "moderado".

De acordo com a agência meteorológica, 15 das 17 comunidades autônomas espanholas se encontram em em alerta pelas altas temperaturas. Hoje, a previsão é que os termômetros atinjam máximas de 36ºC a 40ºC em grande parte do país.

As temperaturas podem chegar a 46ºC nas províncias de Sevilha, Córdoba e Jaén, no sudoeste da Andaluzia.

Em frente à UBS Vila Barbosa, no bairro do Limão, zona norte, o eletricista Luiz Carlos Marquezzi, 52 anos, estacionou sua moto e perguntou: "Vocês sabem me dizer onde estão aplicando a vacina da Janssen?". Ele saiu de Barueri com o objetivo de rodar a cidade atrás do imunizante de uma única dose.

No posto de saúde, Marquezzi foi informado que a vacina que estava disponível e sendo aplicada naquele momento era a Astrazeneca. Depois de ouvir de algumas pessoas que escolher o imunizante era impossível e, mais do que isso, uma atitude prejudicial no combate à pandemia, ele até pareceu disposto a rever seus conceitos. Mas...

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Morador de Barueri, Marquezzi não pode se vacinar em uma UBS da capital. Se tivesse encontrado algum documento que provasse trabalhar em São Paulo, ele teria sido vacinado. Como não conseguiu provar o vínculo empregatício na cidade, acabou sem nada. Marquezzi, então, pegou sua moto e prometeu continuar procurando... a Janssen.

A tentativa de escolher vacinas por parte da população é um fenômeno bastante visível em diversos postos de saúde. Enfermeiras confirmaram à reportagem que tem sido recorrente flagrar pessoas saindo da fila ao descobrirem não se tratar de uma vacina da Pfizer ou, mais recentemente, da Janssen. Os postos de vacinação não divulgam qual vacina estão aplicando até o momento da própria vacinação ou quando os funcionários das unidades são perguntados sobre o assunto.

A aposentada Neizinha Magalhães, de 73 anos, por exemplo, chegou no portão do posto de saúde e questionou sobre qual vacina estaria sendo aplicada naquele instante. Ao saber se tratar da Astrazeneca virou as costas e foi embora.

"Só vou vacinar com Pfizer, meu filho. Por segurança. Tenho um enfisema e não quero arriscar. Veja o que aconteceu com o Agnaldo Timóteo (cantor e político morto em abril, vítima da covid). Ele tomou duas doses de uma vacina e aconteceu o que aconteceu", falou Neizinha, que aos 73 anos já poderia ter se vacinado há muito tempo. Os profissionais ouvidos nas unidades são unânimes em dizer que aqueles que escolhem vacina estão se colocando em risco e, pior, colocando em risco todo o cronograma de vacinação determinado.

Mas engana-se quem acha que essa procura pela vacina certa está restrita apenas a quem deseja tomar as doses da Pfizer ou da Janssen. Um posto de saúde do Pari teve um sábado de tranquilidade. Enquanto a reportagem esteve por lá, apenas três pessoas apareceram para se vacinar. A enfermeira Ana Caroline Venâncio, 29 anos, explicou que a unidade costuma receber muitas pessoas quando a vacina que está sendo aplicada é a Coronavac.

"Na região, moram e trabalham muitos chineses. O que a gente nota por aqui é que eles, em sua maioria, só querem tomar Coronavac. Aparentemente, eles se sentem mais seguros e confiantes com uma vacina que tem essa ligação com uma empresa chinesa", comentou Ana. Como é impossível saber com antecedência se as doses da Coronavac estarão disponíveis naquele ponto, a enfermeira contou que o mais comum é a pessoa ir embora tão logo descubra não se tratar da "vacina chinesa".

Apesar de um sábado sem filas e com vacina, muita gente perdia a chance de se imunizar. Foi o caso do advogado José Antônio Pedreira, 53 anos, que foi até a UBS, mas preferiu não se vacinar. "Eu já consumi álcool hoje. Então, achei perigoso e deselegante", disse. Pessoas com 53 anos já podem se vacinar há algum tempo.

Já o motorista de aplicativo Andrés Félix, 49 anos, saiu bravo de um posto de vacinação. "Moro em Itanhaém, mas minha vida é no carro, dirigindo. Estou sempre em São Paulo. Acho um absurdo não conseguir vacinar aqui porque não tenho comprovante de residência", reclamou.

Também foi muito comum encontrar pessoas de 45 e 46 anos que estavam confusas em relação ao calendário. "Eu estava acompanhando o calendário. Achei que no final de semana já era possível vacinar com 46 anos", afirmou o lojista José de Oliveira.

Mesmo quem procurou se inscrever na xepa acabou com alguma decepção. "Eu fui informado que são 7 mil pessoas na fila da xepa só aqui no posto de Santa Cecília. Desisti. Vou esperar mais algumas semanas", disse o professor Jackson Girão, 39 anos.

Apesar de tudo isso, não faltou quem entregasse o braço para a vacina disponível e se emocionasse com a conquista. "Eu nem dormi. Não dormi de tanta ansiedade. Mas valeu a pena", disse a diarista Glaucia Moraes de Araújo. Ela se vacinou em um posto do Carrão, na zona leste.

Mesmo para quem ainda estava mais tranquila, como Rejane Alves de Macedo, 59 anos, que ainda não tinha se vacinado antes por pura preguiça, o momento foi considerado muito importante. "Trouxe minha netinha para fazer as fotos da vacinação. Ela está adorando", contou - enquanto era clicada pela neta Karolina, 8 anos.

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A obesidade pode ser um fator complicador para pessoas que contraem a covid-19. Essa tem sido a avaliação de médicos que acompanham as sequelas da infecção provocada pelo novo coronavírus.

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A endocrinologista Carlliane Lins afirma que obesos, hipertensos e diabéticos não contraem o vírus com mais facilidade. Segundo ela, qualquer pessoa está suscetível à doença. A diferença, observa, está na evolução. "Os obesos, diabéticos e hipertensos podem ter uma resposta inflamatória mais intensa. Os primeiros sintomas são semelhantes, mas após alguns dias a doença avança, chega nos pulmões com a ocorrência de alterações tromboinflamatórias. Nesse momento, o paciente começa a complicar e a oxigenação no sangue pode cair. Pessoas saudáveis, sem essas comorbidades, tendem a evoluir com menos gravidade", diz a médica.

Izabel Chaves, jornalista que teve a covid-19, fala que hábitos de vida saudáveis, com alimentação sem excesso de açúcar, massas e gordura e com atividade física regular (pelo menos quatro vezes por semana), são fundamentais para uma boa saúde. Segundo ela, investir no consumo de vegetais, grãos e cereais integrais, oleaginosas, proteínas magras, não fumar e evitar o álcool também fazem parte de um estilo de vida saudável.

"Nunca é tarde pra investir na saúde e corrigir velhos hábitos", afirma Izabel. "A fórmula é simples: comer bem e se exercitar. A dificuldade está na inércia, em dar o primeiro passo. Uma vez iniciada a mudança de estilo de vida, é o alicerce para a boa saúde."

A jornalista reforça a importância de suplementação com vitaminas para melhorar a imunidade. "Gosto também de indicar o própolis. Dormir bem e práticas de relaxamento também auxiliam numa boa saúde global", observa.

Com a pandemia, Izabel passou a cuidar melhor da saúde, com orientação de uma nutricionista. "É possível, sim, melhorar a saúde, a partir do momento em que a pessoa passa a se amar. Só o fato de estar no grupo de risco já é motivo pra pensar em mudança", destaca.

 Desde que contraiu a covid-19, Izabela diz que começou a mudar. "Quando paramos um pouco e começamos a perceber que a vida vai mais além, chegamos à conclusão que primeiro tem que vir a saúde para depois saber viver. Contraí a Covid e minha recuperação foi lenta, mas também consciente da importância em manter a saúde e isso começa com a nossa alimentação", afirma a jornalista.

Da Redação do LeiaJá (com apuração de Álvaro Davi e Cássio Kennedy).

 

Depois de o Conselho Federal de Medicina estabelecer como "procedimento experimental" a administração de hidroxicloroquina e cloroquina por meio de inalação, médicos alertam para os perigos da prática. Pneumologistas ouvidos pelo Estadão dizem que a nebulização com comprimidos pode inflamar o pulmão e piorar a condição de pacientes com Covid-19.

"O comprimido foi desenvolvido para ser absorvido pelo trato intestinal e não para nebulização", fala André Nathan Costa, pneumologista do Hospital Sírio Libanês. Ele explica que a superfície do pulmão é muito delicada e pode ser inflamada pela inalação do medicamento.

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"Isso é o mesmo que jogar gasolina para tentar apagar a fogueira porque você vai inflamar ainda mais um pulmão que já está inflamado. Pode causar insuficiência respiratória", diz. Não há nenhum estudo apontando benefícios da nebulização com hidroxicloroquina.

Existem medicamentos que são inalatórios, como alguns tratamentos para bronquite, mas esses remédios foram desenhados para isso. "São remédios que foram testados pela indústria farmacêutica com essa finalidade, foram desenvolvidos para serem bem tolerados pelo pulmão", diz Costa. Não é o caso de comprimidos macerados.

O presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT), Frederico Fernandes, reforça o alerta. "Isso é algo criminoso. É uma ideia de quem desconhece fisiopatologia e o método científico. Não recomendo a inalação de comprimidos a ninguém", diz.

Fernandes fala que os comprimidos possuem silicato, uma substância similar a um talco. O pulmão entende o silicato como um corpo estranho e se "fecha", aumentando a dificuldade de respirar. Essa reação, junto com a inflamação do órgão, tende a piorar o quadro do paciente.

O presidente da SPPT lembra que não há nenhuma comprovação científica de que a hidroxicloroquina e a cloroquina tragam benefícios na prevenção à covid ou em qualquer fase do tratamento da doença. "Existe toda uma narrativa em cima desses remédios para diminuir a percepção do impacto da pandemia", fala.

Pelo menos cinco pessoas morreram no Brasil depois de serem submetidas à nebulização com cloroquina. Quatro casos aconteceram no Rio Grande do Sul e um no Amazonas. O presidente Jair Bolsonaro apoiou publicamente o experimento.

Para Fernandes, as mortes têm ligação com a inalação do remédio. "Não tem como saber se essas pessoas não morreriam, mas com certeza o quadro clínico foi agravado pela nebulização", diz. Ele fala que tanto o paciente quanto a família têm direito de recusar a nebulização de cloroquina se ela for oferecida como terapia contra a covid.

"Causa uma ansiedade não ter o que oferecer ao paciente e alguns médicos inventam tratamentos achando que é melhor fazer alguma coisa do que não fazer nada. Mas isso é uma falácia porque pode prejudicar mais do que ajudar."

Fernandes diz ainda que, mesmo se o paciente ou seus familiares concordarem com a prática, o médico não estará isento de culpa caso o quadro piore em razão da inalação.

Segundo a Apsen, farmacêutica que é a principal fabricante da hidroxicloroquina no Brasil, a utilização do medicamento é recomendada apenas nas indicações previstas em bula, as quais são aprovadas pela Anvisa.

"Não há estudos dos efeitos do Reuquinol administrado por vias não recomendadas. Portanto, por segurança e para garantir a eficácia desse medicamento, a administração deve ser feita somente por via oral, conforme indicado em bula. Reforçando que não há aprovação de nenhum órgão regulador da saúde, nem da OMS, para sua utilização no tratamento da covid-19", diz.

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Apesar do crescente número de casos da covid-19 no Brasil, a quantidade de pessoas que aparenta ignorar essa realidade também é alarmante. No Pará, até então, são confirmados 475.744 casos da doença e 13.204 é o número de óbitos. Entretanto, essas informações ainda não são o suficiente para impedir aglomerações em estabelecimentos e as festas clandestinas que têm sido denunciadas nas últimas semanas.

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Após a retomada das atividades em bares e nos demais estabelecimentos, mesmo que esses obedeçam às medidas de segurança, o risco de contaminação pelo novo coronavírus nesses locais ainda existe e preocupa.

Isso se explica pelo fato de que ambientes como bares e restaurantes mantêm os usuários por um período de tempo considerável dentro de suas instalações. Ao sentarem à mesa, as pessoas retiram as máscaras para consumo e permanecem assim até saírem do estabelecimento, como esclarece Andrei Siqueira, biomédico e doutor em Genética e Biologia Molecular pela Universidade Federal do Pará (UFPA).

Andrei acrescenta que, em um cenário de pandemia de um vírus respiratório, locais fechados se tornam um grande fator de risco para a transmissão da doença. “No caso de boates temos ainda um agravante. Mesmo durante as medidas mais restritivas, pessoas organizaram eventos de forma clandestina para realizar reuniões e festas. O senso de responsabilidade nessa situação se torna mais afetado ainda com o consumo do álcool”, diz.

Segundo o biomédico, comparando-se esses estabelecimentos com outros ambientes como supermercados e instituições de ensino, é possível notar a existência de algumas diferenças. O uso constante da máscara, por exemplo, é capaz de reduzir significativamente as possibilidades de contágio se todas as medidas de segurança forem respeitadas.

“Nesses dois locais a distribuição de álcool e a aferição da temperatura também auxiliam para redução da transmissão. Por não representarem locais de lazer e entretenimento, ao fim das atividades, as pessoas deixam o local (supermercados e escolas) e por isso podemos inferir que de forma geral são locais mais seguros que bares, boates e restaurantes”, complementa.

Andrei destaca ainda que dentre os locais com o funcionamento liberado, além de ambientes como farmácias, clínicas, hospitais e laboratórios, o risco de transmissão do vírus aumenta nas academias, bancos e lotéricas devido ao fluxo de pessoas e ao tempo de permanência médio.

O biomédico diz que, apesar de o Brasil seguir com o calendário de vacinação, é grande a quantidade de óbitos da pandemia e alerta que vivemos um momento que ainda necessita de muita cautela. Além disso, ele afirma que tomar a vacina e respeitar as medidas de prevenção são as melhores opções.

Andrei ainda cita outras medidas que devem ser tomadas. “Buscar formas de lazer e relaxamento que não envolvam reuniões. Na necessidade de trabalhar e realizar as atividades essenciais fora de casa, respeitar sempre os cuidados com a sua saúde e a das pessoas em sua volta. Dessa forma conseguiremos alcançar o exemplo de outros países que já voltaram com suas atividades de forma mais segura”, complementa.

Juliana Colino, de 20 anos, estudante do curso de Psicologia na Universidade Federal do Pará (UFPA), conta que a sua rotina ficou bastante diferente por causa da pandemia e que durante boa parte do tempo sem ter aulas da faculdade.

A estudante relata que adaptar-se a todas essas mudanças é difícil e estressante, principalmente por não ter um momento de lazer para se distrair. “Faz muita falta poder sair com a família e amigos, ir ao cinema, ir passear no shopping, porém é preciso ter consciência de que uma saída poderia contaminar alguém”, diz.

A estudante acredita que as aglomerações devem ser evitadas ao máximo e tenta evitar saídas desnecessárias. “Saio apenas para o balé, que é como se fosse meu trabalho, porém sempre sigo todos os cuidados, como manter o distanciamento, utilizar álcool em gel, e ficar sempre de máscara”, acrescenta.

A estudante diz que costuma sempre alertar tanto as pessoas da família quanto os amigos em relação ao distanciamento social. Sobre as aglomerações, Juliana finaliza: “Acredito que deveria ter uma fiscalização maior do governo, já que tentar conscientizar as pessoas não acho que adiantaria”.

Iuri Fernandes, sócio-proprietário de um pub localizado em Belém, diz que o estabelecimento ficou fechado por sete meses em 2020. Na época, todo o staff foi demitido. Após conseguirem um empréstimo do Governo do Estado, contando também com aporte dos sócios e empréstimos pessoais, Iuri reabriu o pub em outubro do ano passado, enxugando custos e com modelo para se adequar a uma operação de restaurante e não mais de bar. 

“Nosso horário de abertura sempre foi às 18 horas, e quando saiu o decreto fechando bares e restaurantes às 18 horas, mudamos novamente, abrindo às 12 e fechando às 18 horas. Iniciamos o atendimento via delivery. Ou seja, estamos dançando conforme a música. Financeiramente falando, no final de 2020 conseguimos lucrar e pagar boa parte dos atrasados com fornecedores. Esse ano tivemos que tomar mais empréstimo e estamos no zero a zero”, acrescenta.

Para a segurança dos consumidores, Iuri afirma que usa o protocolo padrão no estabelecimento. “Limite de pessoas reduzido, distanciamento das mesas, máscara obrigatória para clientes e staff, álcool em gel nas mesas, desinfecção de 15 em 15 dias do ambiente por uma empresa especializada”, destaca.

Quanto ao ritmo de funcionamento do local e o número de pessoas que costumam frequentá-lo, ele esclarece que tem picos de até 50 pessoas durante o fim de semana (sexta e sábado, à noite). Já durante a semana, segundo Iuri, a quantidade varia dependendo de vários fatores, como dia do mês e chuvas.

Iuri comenta que vê estabelecimentos buscando se reinventar e quem não se reinventou, fechou. Ele afirma que possui uma opinião muito pragmática a respeito disso. “Não posso julgar os outros, pois não sei onde aperta o sapato deles. Posso falar pelos meus bares, onde seguimos rigorosamente todas as normas estabelecidas. Acho que os consumidores têm um papel fundamental quanto às aglomerações, pois nenhum dono de estabelecimento obriga alguém a entrar na sua empresa. É um assunto delicado. Logo, não julgo quem não tem seguido as normas. Tenho minha opinião pessoal, como consumidor: eu não vou pra lugar lotado”, finaliza.

Por Isabella Cordeiro.

Estudos em diversos países já indicaram riscos de proliferação do novo coronavírus especificamente em missas e cultos presenciais. Segundo cientistas, esses eventos reúnem fatores que favorecem a transmissão da covid-19, como reunir muitas pessoas em espaços fechados ou promover atividades que aumentam a chance de espalhamento do vírus, como cantar.

Por isso, as cerimônias podem estar ligadas ao surgimento de surtos. Uma pesquisa da Universidade de Stanford (EUA), por exemplo, coloca igrejas na frente de mercados e consultórios médicos como ambientes de maior risco, contrariando o argumento usado pelo vice-presidente Hamilton Mourão, ontem, para defender a decisão judicial que suspendeu a proibição de cultos presenciais.

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Para Mourão, "há condições" para realizar cultos e missas, pois as pessoas que vão às igrejas são "mais disciplinadas" do que quem frequenta "balada".

"Não vou colocar no mesmo nível isso, são duas atividades totalmente distintas, uma é espiritual e a outra é corporal", disse, em apoio ao ministro do Supremo Tribunal Federal Kassio Nunes Marques, que acatou pedido da Associação Nacional de Juristas Evangélicos e liberou a promoção de eventos presenciais limitados a 25% da lotação dos templos.

"Em um momento menos intenso poderíamos ser mais flexíveis. Não precisa esperar acabar tudo, mas estamos no momento de transmissão mais intensa", disse o médico Marcio Sommer Bittencourt, do centro de pesquisa clínica e epidemiológica do Hospital Universitário da USP.

Pesquisa de Stanford publicada na revista Nature, em novembro, indica que poucos pontos de aglomeração foram responsáveis por oito a cada dez novos casos de covid nos Estados Unidos no início da pandemia. O estudo usou dados de movimentação de 98 milhões de pessoas em dez áreas metropolitanas e desenvolveu um modelo matemático para avaliar o quanto cada local contribuiu para a proliferação da doença.

Pela projeção, igrejas e templos aparecem em 6º lugar em grau de risco, à frente de consultórios médicos (7º) e mercados (8º) e atrás de restaurantes (1º), academias (2º), hotéis e motéis (3º), bares e cafés (4º) e lanchonetes (5º). Para os cientistas, o controle do vírus seria mais eficiente se restrições fossem direcionadas a tais locais.

Cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, e do Massachusetts Institute of Technology, dos EUA, desenvolveram uma tabela que confirma a tese de que locais com mais pessoas e menor circulação de ar representam maior chance de infecção. O estudo alerta que o tipo de atividade realizada também é uma variável importante, uma vez que isso interfere na velocidade com que as gotículas, que carregam o vírus, são emitidas no ar. Quando as pessoas cantam ou falam alto, como em celebrações religiosas, há mais risco de propagação.

Vitor Mori, físico, pesquisador da Universidade de Vermont (EUA) e membro do Observatório Covid-19 BR, diz que igrejas e templos religiosos não apenas têm "risco muito alto" de transmissão do vírus, como também são eventos de "superespalhamento": "A força motriz por trás da pandemia é ligada a esses eventos, onde muitas pessoas se infectam ao mesmo tempo".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A pandemia restringiu a circulação de crianças e adolescentes nas ruas, mas eles continuam “caminhando” em ruelas virtuais nem sempre tão seguras e bem sinalizadas. Para ajudar adultos e crianças a se orientarem melhor nos meandros da internet, entidades ligadas à educação e proteção online promovem anualmente o Dia da Internet Segura, com a promoção de debates, divulgação de estatísticas e de cartilhas instrutivas. Em 2021, o evento ocorre nesta terça-feira (9), de forma remota, e se estende ao longo da semana.

Criado internacionalmente pela Rede Insafe na Europa, o Safer Internet Day (nome em inglês) ocorre em mais de 140 países e estimula usuários e instituições a terem um uso livre e seguro da rede. A Safernet coordena o comitê organizador do Dia Mundial da Internet Segura no Brasil desde 2009 e conta ainda com a correalização do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e o Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).

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 “A rede é um ambiente de interação de muitas pessoas, conhecidas, desconhecidas, boas e más. Quando nossos filhos saem na rua, ou a gente os acompanha, ou os instrui para que possam ter noções de riscos e perigos. O mesmo ocorre na internet”, compara Kelli Angelini, gerente da Assessoria Jurídica do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), entidade vinculada ao Comitê Gestor da Internet (CGI.br). 

No Brasil, 41% dos usuários de internet maiores de 16 anos residem com crianças e adolescentes. Os dados são do Painel Covid-19, em levantamento realizado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br). Já os dados da pesquisa TIC Kids Online Brasil 2019 revelam que 89% da população entre 9 e 17 anos já usavam a internet antes mesmo da necessidade de isolamento social, o equivalente a mais de 24 milhões de pessoas. Com a pandemia do novo coronavírus, boa parte da vida dos pequenos migrou para o ambiente virtual, com participação desde em aulas online a videochamadas para garantir a interação social, com impacto na rotina da famílias.

O diretor de Educação da organização não governamental SaferNet Brasil, Rodrigo Nejm, chama a atenção para a intensificação dos desafios que a "hiperconexão forçada” produz. Segundo Nejm, de um lado, os pais tentam encontrar limites de negociação para o tempo que filhos gastam em jogos e redes sociais. Do outro, as famílias e educadores buscam meios de fazer com que as crianças e adolescentes adotem posturas mais críticas e cuidadosas nas suas experiências digitais e durante o consumo de diferentes conteúdos. 

Em vez de simplesmente restringir o acesso às plataformas digitais, Rodrigo Nejm sugere que os pais negociem limites com os filhos. “Por mais que os pais não se sintam tão aptos tecnicamente, é necessário fazer conexão de princípios, valores e maturidade para ter um olhar crítico sobre a experiência digital". Ele propõe como caminho do meio uma espécie de "dieta digital".

Consequências do uso inseguro

Além dos riscos de contatos com estranhos, a divulgação de conteúdo sem consentimento entre crianças e adolescentes também pode causar consequências desastrosas. É o caso da exposição de memes (montagens) de fotos de colegas ou de conteúdos íntimos, conhecidos como nudes. “Esse tipo de atitude fere o ordenamento jurídico brasileiro e, no caso de um adolescente, ele pode vir a responder por ato infracional”, pontua Angelini.

Angelini é autora do Guia Internet com Responsa  criado pelo Nic.br. A organização também disponibiliza cursos online gratuitos para pais e educadores. Entre eles, a gestora destaca o curso Filhos Conectados, que aborda temas como cyberbullying, desafios violentos, influenciadores digitais irresponsáveis, exposição na internet, entre outros.

Um dos braços de atuação do Safernet Brasil são os canais de denúncia de crimes e violações contra os direitos humanos cometidos na internet - o www.denuncie.org.br - e também a plataforma de ajuda a pessoas afetadas por condutas deste tipo (www.canaldeajuda.org.br). Os dados consolidados ao longo do ano de 2020 serão divulgados no evento da semana.

A França suspenderá a partir da meia-noite e por 48 horas todos os deslocamentos de pessoas procedentes do Reino Unido, "inclusive as relacionadas ao transporte de mercadorias, por estrada, via aérea, marítima ou ferroviária", informou o governo neste domingo.

"Apenas o transporte de carga desacompanhada será autorizado. Os fluxos de pessoas ou transportes na direção do Reino Unido não serão afetados", disse o governo após um Conselho de Defesa da Saúde realizado por videoconferência presidido pelo presidente Emmanuel Macron, que está em quarentena após ter testado positivo para o coronavírus.

A decisão francesa é anunciada após medidas semelhantes serem tomadas pela Bélgica, Holanda, Itália, Alemanha e Irlanda, devido a uma variante do vírus SARS-CoV-2 detectada no Reino Unido.

"Essa variante genética não parece causar, até onde se sabe, aumento da gravidade ou resistência à vacina" e "não está claro, por enquanto, que a já mencionada 'rápida' disseminação dessa mutação no Reino Unido está ligada a uma propriedade intrínseca deste vírus", explicou o governo, segundo o qual "não foi comprovado até ao momento o fato de esta cepa ser mais contagiosa".

Mas, continuam os serviços do primeiro-ministro francês Jean Castex, "no contexto da aceleração da epidemia há alguns dias no Reino Unido, as autoridades sanitárias britânicas notificaram a Organização Mundial de Saúde que esta mutação poderia, possivelmente, ser mais contagiosa do que as outras variantes do SARS-CoV-2".

O prazo de 48 horas "dará tempo para a coordenação entre os Estados-Membros da União Europeia para definir uma doutrina comum sobre a regulamentação e controle das chegadas do Reino Unido" e "preparar operacionalmente para uma reabertura segura das chegadas do Reino Unido a partir de 22 de dezembro, e que contará com um dispositivo de teste obrigatório na partida" , disse o governo.

O presidente Jair Bolsonaro disse nessa terça-feira (15) que não vai tomar a vacina contra a Covid-19. Ele já foi diagnosticado e se curou da doença em julho, mas ainda não há evidências científicas robustas sobre o alcance da imunidade após a infecção. Bolsonaro ainda defendeu, outra vez, não obrigar a vacinação de todos.

Cientistas veem nas falas desestímulos à vacinação em massa, essencial para conter o vírus, e dizem que não é hora de debater a obrigatoriedade da vacina. Desde o início de março, Bolsonaro nega a gravidade da pandemia, critica o isolamento social e nem sempre usa máscara em eventos públicos.

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"Como cidadão é uma coisa e como presidente é outra. Mas como nunca fugi da verdade, digo: não vou tomar a vacina. Se alguém acha que minha vida está em risco, o problema é meu e ponto final", declarou Bolsonaro ao apresentador José Luiz Datena, da TV Band.

A postura é diferente de outros líderes estrangeiros, que têm falado em tomar a vacina para incentivar a sociedade. Para a virologista Giliane de Souza Trindade, da UFMG, o governo parece trabalhar contra a vacina. "Se ele estivesse preocupado em zelar pela saúde, deveria ser o primeiro a dar exemplo. Isso faz muito mal e tem repercussões lá fora." Já o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, disse que essa e outras posturas do presidente são lamentáveis e afirmou ter "fé" de que Bolsonaro compreenda o papel que a sociedade reservou a ele".

À TV, Bolsonaro ainda prosseguiu. "E outra coisa, Datena, você tomando a vacina, daqui a dois, três ou quatro anos vai ter de tomar de novo, caso contrário pode ser infectado". Cientistas não sabem a duração da imunidade pela vacina. "Temos de respeitar quem não queira tomar. Não pode ser obrigatória", continuou Bolsonaro na TV.

O Supremo Tribunal Federal deve discutir esta semana duas ações sobre vacinação compulsória. Uma delas, do PDT, pede que seja reconhecida a competência de Estados e municípios para determinar a vacinação compulsória. Já outra, do PTB, requer a inconstitucionalidade dessa previsão. Em outubro, o governador João Doria (PSDB) disse que a vacinação seria obrigatória em São Paulo, o que motivou protestos. Sobre a necessidade de obrigar a vacinação, especialistas apontam que o desafio inicial será outro: lidar com a limitação de doses diante da demanda da população mais vulnerável do País - só os grupos de idosos, indígenas e pessoas com comorbidades somam 42 milhões de pessoas, estima o próprio Ministério da Saúde.

Segundo o plano de imunização entregue pelo governo ao STF semana passada, "a interrupção da circulação da covid-19 no território nacional depende de uma vacina altamente eficaz sendo administrada em parcela expressiva da população (>70%)". Nos últimos dias, o presidente ainda tem incentivado obrigar que seja assinado um termo de consentimento por quem se vacinar contra a covid, por causa de possíveis efeitos colaterais. A ideia foi criticada por especialistas.

Bolsonaro ainda disse ontem que dará "sinal verde" para qualquer imunizante com registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Ele prevê medida provisória que libera R$ 20 bilhões para comprar imunizantes. "Qual vacina? Aquela que passar pelo crivo da Anvisa. Passou, a gente compra, sem problema nenhum."

A postura do governo federal mudou. Em outubro, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, prometeu a governadores comprar 46 milhões de doses da Coronavac, desenvolvida pelo laboratório Sinovac e pelo Instituto Butantã, ligado ao governo paulista, de João Doria (PSDB). Pazuello foi desautorizado no dia seguinte por Bolsonaro, que alegou falta de credibilidade do produto, por ser chinês. E também celebrou nas redes socais, em novembro, a interrupção nos testes da Coronavac, após a morte de um voluntário.

Responsabilização

Para especialistas, é cabível responsabilização por essas posturas. "Existe uma intencionalidade, que é claríssima do governo federal, de disseminar a doença. Porque é a crença na ideia de que, se ela se disseminar rápido, terminará rápido também", afirma Deisy Ventura, professora de Ética da Faculdade de Saúde Pública da USP. "Há desrespeito às leis, às normas jurídicas adotadas, com atos de obstrução do trabalho dos governadores e prefeitos e, principalmente, a disseminação de informações falsas, como a de que existe tratamento precoce da covid."

"Um dos requisitos para crime de responsabilidade, impeachment, é violar direito social. Uma atitude como a dele é a de violar o direito à saúde da população, porque está atrapalhando as medidas que deveriam ser tomadas para garantir o direito a saúde", diz o médico e advogado sanitarista Daniel Dourado.(Colaboraram Marco Antônio Carvalho e Renato Vieira)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta segunda-feira, 23, que a "aposta mais segura" para algumas famílias será não realizar reuniões familiares neste Natal e ano-novo para impedir a disseminação do coronavírus. Festas de Ano Novo, com aglomeração, também não são recomendadas.

Na semana passada, o Brasil chegou a mais de 6 milhões de casos de infecção por coronavírus e países da Europa vivem uma segunda onda. O anúncio foi feito no mesmo dia em que a OMS saudou os esforços da Universidade de Oxford e do laboratório AstraZeneca "para tornar a vacina acessível e fácil de armazenar".

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Em uma reunião virtual em Genebra, a líder técnica da OMS, Maria Van Kerkhove, para a covid-19 disse que "em algumas situações, a difícil decisão de não ter uma reunião familiar é a aposta mais segura". Mais cedo, a cientista-chefe da organização Soumya Swaminathan afirmou que as notícias sobre os resultados da vacina para covid-19 da Universidade de Oxford e do laboratório britânico AstraZeneca são "encorajadoras e esperamos ver os dados, como fazemos com outros resultados promissores das últimas semanas".

A AstraZeneca informou nesta segunda-feira que sua vacina para covid-19 pode ser cerca de 90% eficaz, dando à luta mundial contra a pandemia global uma nova arma, mais barata de produzir, mais fácil de distribuir e mais rápida de expandir do que suas rivais.

Um relatório produzido em abril de 2019 por uma equipe de engenheiros, a pedido do Ministério da Saúde, constatou diversos problemas na estrutura de combate a incêndios do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), na zona norte do Rio. Um ano e meio depois, nada foi feito e nesta terça-feira, 27, o hospital pegou fogo, matando pelo menos três pacientes.

Questionado nesta terça sobre a falta de providências para sanar o risco de incêndio no hospital, o Ministério da Saúde não se manifestou - limitou-se a lamentar o incêndio e a morte de uma paciente, em nota. Em setembro de 2019, de posse desse relatório, a Defensoria Pública da União cobrou providências da direção do HFB para ajustar o hospital às normas de segurança e solicitou ao Corpo de Bombeiros que fizesse uma vistoria na unidade de saúde.

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"Depois disso, a Defensoria fez seu papel de reforçar reiteradamente a necessidade de providência urgente aos órgãos competentes", informou, em nota, a Defensoria. "Sobre as razões de as demandas não terem sido atendidas, não temos como responder. Sugerimos que as perguntas sejam encaminhadas aos responsáveis pela gestão do HFB"

Terceira vítima

O Ministério da Saúde confirmou, na noite dessa terça-feira, 27, a morte da terceira vítima do incêndio do Hospital Federal de Bonsucesso, na zona norte do Rio de Janeiro. A pasta não forneceu informações sobre o paciente morto.

"O Ministério da Saúde comunica com profundo pesar a morte do terceiro paciente após o incêndio no Hospital Federal de Bonsucesso", informou o Ministério. "A pasta se solidariza com as famílias e não vai medir esforços para garantir a segurança e saúde dos pacientes, profissionais de saúde e funcionários da instituição", conclui a nota.

As duas primeiras vítimas foram mulheres de 42 e 83 anos, ambas internadas com Covid-19.

Com o isolamento social causado pela pandemia de covid-19, as pessoas se mantiveram conectadas nas redes sociais por mais tempo. Isso resultou em problemas como aumento de ansiedade e também gerou novos hábitos de consumo e relacionamentos.

O estudante André Maia disse que está entre as pessoas que ficaram a maior parte do tempo no celular. Ele contou que teve problemas de ansiedade por tentar imaginar o dia em que o isolamento social iria acabar.

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“Eu passava basicamente o dia inteiro no celular, da hora que eu acordava até a hora de ir dormir. Não era a única opção, mas era a mais viável para ficar próximo das pessoas que faziam parte da minha rotina, porque via como um tipo de tratamento, como uma fuga do que estava acontecendo no mundo”, relatou.

Durante a pandemia houve um aumento exponencial no número de usuários e horas gastas nas redes sociais. Segundo dados da consultoria Kantar, a pandemia influenciou um aumento de 76% no número de usuários do WhatsApp, e de 40% do Facebook e Instagram, apenas no período da pesquisa. A pesquisa mostra, também, que entre março e abril houve um aumento de 33% do uso da rede social TikTok no mundo.

André disse que está utilizando bastante as redes sociais para lidar com os dias de isolamento, já que o sentimento de angústia tomou conta de sua vida. Além disso, informou, as atividades remotas causaram uma estranheza a ele por não ter aquele contato físico com as pessoas.

"Ficava pensando 'Quando vão aprovar uma vacina?', 'Quando eu vou poder encontrar as pessoas de novo?'. Isso era muito angustiante. Na faculdade, a gente aprendeu a estar todos os dias numa sala de aula com professor, com as pessoas ao nosso redor. E aí do nada tem que passar a assistir aula diariamente on-line, não é a mesma coisa, mas era a única opção. E o Home Office, onde a gente, apesar de tudo, tem que se manter produtivo, e isso nem todo dia é possível, porque ninguém é de ferro", afirmou.

André confirmou os dados da pesquisa: abusou das redes sociais. "Eu uso muito Instagram e o Twitter, porque na falta de interação de contato pessoal, a gente busca essas redes sociais para se conectar com amigos, família etc. E também uso a Netflix, assisto uma série ou um filme para esquecer o que está acontecendo, e evitar notícias ruins", conta o estudante.

De acordo com a psicóloga Danielle Almeida, as pessoas ficaram muito mais tempo reclusas, e isso permitiu que passassem mais tempo nas redes sociais, em aplicativos de séries e filmes. Um tempo maior na utilização da internet e dos aparelhos eletrônicos implica alguns malefícios pelo uso excessivo, como problemas de visão, por causa do tempo diante da tela do aparelho.

"Em virtude da pandemia, nós passamos um tempo maior utilizando a internet e os aparelhos eletrônicos. Com isso, nós temos alguns malefícios, problemas com relação à visão, em virtude do excesso do uso dos aparelhos, e também ao aspecto físico da coluna. A gente começa a perceber essas dificuldades, por passar a maior parte do tempo sentado e deitado. Com isso, o corpo em algum momento acaba reclamando", assinalou a psicóloga.

Segundo Danielle, no aspecto psicológico, há o problema da reclusão. "As pessoas passam a ficar em casa, criando uma zona de conflito e não uma zona de conforto. Então, você começa a perceber que os comportamentos são outros, a ausência do abraço, do beijo e do aperto de mão, por isso a pessoa desenvolve uma depressão, uma ansiedade, e até manias de limpeza", explicou.

Compras pela internet

As compras on-line aumentaram até 40% com o impacto do novo coronavírus. A Associação Brasileira de Comércio Eletrônico informa que as lojas virtuais registraram alta de mais de 180% em transações nas categorias de alimentos e saúde.

Já a pesquisa Impactos da Pandemia no Comportamento do Consumo do Brasileiro, realizada pelo Instituto Locomotiva, revela que uma média de 40% dos entrevistados que frequentam lojas físicas de livrarias, perfumarias, lojas de departamentos, entre outros, pretendem não fazer mais compras nesses espaços, optando por compras pela internet.

O economista Nélio Bordalo analisa que isso foi um efeito da pandemia, refletindo as limitações impostas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelos governos à população.

"Por causa do lockdown, no Brasil e no resto do mundo, as pessoas optaram por compras on-line. As lojas que atuavam no e-commerce tiveram um faturamento além da média, principalmente porque o comércio tradicional não estava podendo funcionar. A projeção para 2020 é que a receita e o faturamento do comércio eletrônico no Brasil girem em torno de R$ 11 bilhões. Em comparação com o ano passado, nós tivemos ao todo, R$ 75 milhões", informou.

Segundo Nélio, as empresas começaram a praticar as vendas por comércio eletrônico como uma questão de sobrevivência. Ele acredita que, após a pandemia, as empresas que atendiam somente fisicamente deverão começar a ofertar as duas modalidades.

"Eu vejo com bons olhos essa mudança do varejo para as vendas no e-commerce, porque o mundo todo está utilizando esse artifício. Sim, isso altera um pouquinho a estrutura, a logística. Essa comercialização exige uma redução no custo operacional das lojas físicas, e as empresas deixam de pagar aluguel, pois não têm muito custo com energia, nem com empregados. O comércio eletrônico tem uma estrutura mais enxuta. É uma tendência que o Brasil certamente vai acompanhar", disse.

Como tudo na internet exige cautela, o economista alerta para o aumento de novos golpes também. "O consumidor tem que ficar atento a essa situação. Tem que ter cuidado com relação aos pagamentos dos fornecedores através do comércio eletrônico para também evitar qualquer tipo de golpe", alertou.

A estudante Erika Castro é uma das pessoas que não compravam pela internet, mas que agora está aproveitando a pandemia e comprando bastante em lojas virtuais. "Eu não costumava fazer compras on-line, mas eu comecei a partir da quarentena. Como eu não podia sair e eu precisava comprar, então eu comecei a comprar sapatos, fazer compras no mercado, frutas e verduras, enfim eu comecei a comprar muita coisa. Eu gosto muito de comprar pessoalmente, de tocar naquilo que eu vou comprar, mas os benefícios do comodismo, de estar em casa e poder receber as coisas é um ponto positivo", comentou.

Por Ana Caroline Barboza, com o apoio de Cristian Corrêa.

 

A fumaça das queimadas no Pantanal que chegou a São Paulo na quinta-feira, 17, pode ter um impacto grave na saúde da população paulistana. Junto com o ar seco e ao tempo frio, a fuligem presente no ar se torna um risco especialmente preocupante para idosos, fumantes e pessoas com doenças respiratórias crônicas.

"Isso coincide com um período que é complicado. Sempre que a gente tem o ar frio, seco e poluído é a pior condição para quem tem doenças de via respiratória. E essa fumaça que vem é um problema ambiental mundial, mas que está chegando a São Paulo agora, que já é uma cidade com alto índice de poluição", explica Silvio Cardenuto, médico assistente do pronto socorro da Santa Casa.

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Essa tríade de más condições no ar (seco, frio e poluído) atinge principalmente os grupos de risco citados acima e pode agravar quadros de bronquite e rinite crônicas, asma, idosos com "pulmão senil", gestantes, pessoas imunossuficientes e com outras doenças respiratórias. Para se prevenir, Cardenuto recomenda o uso de máscaras, que diminui a inalação de partículas, boa hidratação e a umidificação dos ambientes internos, com baldes de água e toalhas molhadas.

Outra recomendação que Cardenuto indica é a de evitar aglomerações, uma medida que já deveria ser cumprida em função do novo coronavírus. Caso haja o agravamento de qualquer sintoma, como aumento de tosse, falta de ar, mudança na expectoração, cansaço anormal ou sangramento nasal, é preciso procurar atendimento médico.

"Existe uma conjunção de fatores que minimizou esse risco e a população já vinha se cuidando com o uso de máscara por causa da pandemia. Então, o impacto só não é maior por causa disso", afirma. Mesmo a chuva negra que pode chegar à capital neste fim de semana pode ser benéfica neste caso, já que ela aumenta a umidade do ar. "Ela pode minimizar um pouco a parte das vias respiratórias, mas o problema ambiental permanece, claro."

Com o crescimento da importância e visibilidade da inteligência artificial (IA) estão aumentando também as preocupações com as consequências negativas da utilização dessas tecnologias. Diante dos riscos e efeitos prejudiciais, governos, pesquisadores, associações civis e até mesmo empresas vêm discutindo os cuidados e medidas necessários para mitigar esses resultados prejudiciais.

O arco de riscos e perigos é diverso. Para além do tema mais notório do futuro do trabalho, possíveis complicações vão da discriminação de determinados segmentos até a própria mudança da noção de humanidade e da prevalência desta sobre as máquinas, passando por ameaças à privacidade e danos na organização de mercados e abusos no emprego de armas.

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A inteligência artificial envolve processamento complexo que demanda uma grande quantidade de dados para sua eficácia. Por isso, o funcionamento adequado destes sistemas, e eventuais ganhos advindos, pressiona por uma coleta crescente de informações. Tais soluções podem amplificar a já forte preocupação com a proteção de dados pessoais.

Em agosto do ano passado, foi tornado público que o Google trabalhava em um projeto (Project Nightingale) pelo qual coletava dados de milhões de pacientes dos Estados Unidos por meio de acordos com empresas sem que essas pessoas soubessem. O Google é uma das empresas de ponta nesse campo, utilizando inteligência artificial em diversos produtos, do mecanismo de busca ao tradutor, entre outros.

O Facebook, outro conglomerado importante no emprego de aplicações com inteligência artificial, também vem historicamente aprofundando formas de coleta de informações de usuários. Em depoimento ao Congresso dos Estados Unidos em abril de 2018, o diretor-executivo, Mark Zuckerberg, admitiu que a empresa coleta dados inclusive de quem não é seu usuário.

Pesquisa do Pew Research Center divulgada em 2019 com cidadãos norte-americanos apontou que cerca de 80% dos ouvidos estavam preocupados com sua privacidade e sentiam-se sem controle de suas informações pessoais frente a empresas e aos governos. Já outro estudo, da Unysis, colocou o Brasil como sexto país em que os cidadãos estão mais receosos em relação ao acesso às suas informações online.

Essas preocupações vêm ensejando a aprovação de leis em diversos países, como o regulamento geral da União Europeia, cuja vigência iniciou em 2018, e a Lei Geral de Proteção de Dados ( lei brasileira Nº 13.709), que entrará em vigor em agosto deste ano. Mais de 100 países já possuem legislações deste tipo, um mapa global pode ser visto no levantamento da consultoria DLA Piper.

Discriminação

Uma vez que os sistemas de inteligência artificial vem ganhando espaço em análises e decisões diversas, essas opções passam a afetar diretamente as vidas das pessoas, inclusive discriminando determinados grupos em processos diversos, como em contratações de empregados, concessão de empréstimos, acesso a direitos e benefícios e policiamento. Uma das aplicações mais polêmicas são os mecanismos de reconhecimento facial, que podem determinar se uma pessoa pode receber um auxílio, fazer check in ou até mesmo ir para a cadeia.

Na China, uma ferramenta chamada SenseVideo passou a ser vendida no ano passado com funcionalidades de reconhecimento de faces e de objetos. Mas a iniciativa mais polêmica tem sido o uso de câmeras para monitorar atos e movimentações de cidadãos com o intuito de estabelecer notas sociais para cada pessoa, que podem ser usadas para finalidades diversas, inclusive diferenciar acesso a serviços ou até mesmo gerar sanções.

No Brasil, soluções deste tipo vêm sendo utilizadas tanto para empresas como o Sistema de Proteção ao Crédito (SPC) como para monitoramento de segurança por câmeras, como nos estados do Ceará, Bahia e Rio de Janeiro. Neste último, no segundo dia de funcionamento, uma mulher foi presa por engano, confundida com uma fugitiva.

Em fevereiro de 2018, dois pesquisadores do renomado Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, sigla em inglês) e da Universidade de Stanford, Joy Buolamwini e Timnit Gebru, testaram sistemas e constataram que as margens de erro eram bastante diferentes de acordo com a cor da pele: 0,8% no caso de homens brancos e de 20% a 34% no caso de mulheres negras. Estudo do governo dos Estados Unidos, publicado no ano passado, avaliou 189 ferramentas deste tipo, descobrindo que as taxas de falsos positivos eram entre 10 e 100 vezes maior para negros e asiáticos do que para brancos.

Os questionamentos levaram estados e cidades a banir a tecnologia, inclusive São Francisco, a sede das maiores corporações de tecnologia do mundo; e Cambridge, onde fica o Instituto de Tecnologia de Massachusetts. A Comissão Europeia anunciou, no início do ano, a possibilidade de banir o reconhecimento facial, tema que está em debate no bloco. No Brasil, ao contrário, há dois projetos de lei obrigando o reconhecimento facial em determinadas situações, como em presídios.

Projetos de inteligência artificial podem promover a discriminação também em políticas públicas. Na província de Saltas, na Argentina, a administração local lançou uma plataforma tecnológica de intervenção social em parceria com a Microsoft com o intuito de identificar meninas com potencial de gravidez precoce a partir da análise de dados pessoas, como nome e endereço.

“Além dos métodos estatísticos serem malfeitos, a iniciativa tem presunções sexistas, racistas e classistas sobre determinado bairro ou segmento da população. O trabalho é focado em meninas, somente, presumindo que os garotos não precisam aprender sobre direitos sexuais e reprodutivos. Temos que tomar cuidado para que segmentos já segregados não sejam mais discriminados sob uma máscara de opções neutras da tecnologia”, observa a diretora da organização Coding Rights e pesquisadora do Berkman Klein Center da Universidade de Harvard, Joana Varón, que elaborou um artigo sobre a experiência.

A analista de políticas para América Latina da organização internacional Eletronic Frontier Foundation, Veridiana Alimonti, ressalta questões a serem observadas nas decisões automatizadas. Os parâmetros dos modelos são construídos por um humano, que tem concepções e objetivos determinados. E seu emprego em larga escala traz riscos ao devido processo em decisões que afetam a vida das pessoas a partir de sistemas que muitas vezes não possuem transparência tanto no seu desenvolvimento quanto na sua aplicação.

“É preciso que haja resposta a medida em relação a esse tipo de decisão. É preciso ter dimensão do impacto que isso tem e salvaguardas de direitos que precisam ser protegidos, seja antes na escolha da ferramenta ou para ter pessoa específica que possa ter condição de revisão e que seja efetiva, e não que simplesmente se crie um processo em que essa reclamação leve a uma nova análise pelo sistema”, argumenta.

Concentração

A capacidade de influência a partir dessa gama variada de decisões é ainda maior quando um determinado agente possui poder de mercado. Na área de tecnologia, grandes conglomerados dominam seus nichos de mercado e lideram a adoção de inteligência artificial, como Microsoft, Amazon, Google, Apple e Facebook nos Estados Unidos; e Tencent e Alibaba na China.

O Google possui mais de 90% do mercado de buscas e mais de 70% do mercado de navegadores, bem como controla a maior plataforma audiovisual do mundo, o Youtube. O Facebook alcançou 2,5 bilhões de usuários e controla os três principais aplicativos do mundo: Facebook, FB Messenger e Whatsapp, além do Instagram.

Quanto mais participação de mercado e mais usuários, mais dados são coletados. E se essas informações pessoais são consideradas por entidades internacionais como a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e o Fórum Econômico Mundial (FEM) um ativo econômico chave, quem controla amplas bases passa a deter uma vantagem competitiva chave, podendo reforçar seu domínio e prejudicar concorrentes.

“Essa nova economia parece muito mais tendente à concentração e centralização. É muito mais difícil vencer barreiras monopolistas neste setor do que em outro. Essa monopolização dos dados significa uma monopolização da capacidade de monetizá-los e gerar novos avanços tecnológicos com base neles. A disputa pelos dados é uma disputa central e parte considerável destes serviços está fazendo pelo mundo todo”, analisa o professor de sociologia econômica da Universidade Federal do Ceará Edemilson Paraná.

Armas autônomas

Um dos riscos objeto de atenção mais forte tem sido o crescimento de armas inteligentes, como drones e tanques autônomos, descritas como a terceira revolução das guerras após a pólvora e as armas nucleares. Entre 2000 e 2017, eles subiram de 2 para mais de 50 em todo o mundo. Os países que mais desenvolvem essas máquinas são Estados Unidos, Israel, Rússia, França e China. Tais aparelhos elevam os riscos das decisões autônomas, uma vez que essas passam a envolver a decisão sobre vida e morte de indivíduos.

Em 2015, mais de mil pesquisadores da área de inteligência artificial e especialistas como o falecido físico Stephen Hawking, o co-fundador da Apple Steve Wozniak e o cérebro por trás da Tesla e da SpaceX Elon Musk assinaram uma carta aberta cobrando que as Nações Unidas banissem o uso de armas autônomas como drones. Uma campanha foi criada para essa finalidade, chamada Parem os Robôs Assassinos, advogando pela proibição da produção e do uso de armas totalmente automatizadas. Em fóruns internacionais e nas Nações Unidas, governos discutem a regulação ou o veto ao emprego dessas tecnologias, ainda sem conclusão.

Esse conjunto de riscos, contudo, vem provocando uma atenção relativa das empresas que lidam com inteligência artificial. Levantamento da McKinsey de novembro de 2019 apontou também que 40% das companhias ouvidas identificam e priorizam os riscos relacionados a essa tecnologia. Os impactos negativos que mobilizam maior atenção das empresas ouvidas foram a cibersegurança (62%), cumprimento da lei (50%), privacidade (45%), explicabilidade (39%), reposição de força de trabalho (35%), reputação organizacional (34%) e tratamento justo (26%). Na comparação entre utilizadores intensos de inteligência artificial e demais setores, a preocupação com parâmetros no uso de dados ocorre em 76% dos primeiros e 18% dos segundos. A garantia de mecanismos de explicação foi relatada por 54% dos primeiros, contra 17% do segundos.

Princípios éticos

Esse amplo conjunto de riscos e polêmicas ensejou a ampliação do debate sobre os cuidados e medidas a serem tomadas para mitigar tais ameaças e potencializar o uso de máquinas inteligentes para finalidades adequadas. Centenas de pesquisadores subscreveram um documento chamado Princípios de Asilomar, em referência ao local onde uma conferência foi realizada sobre o tema, na Califórnia em 2017.

O texto afirma princípios como segurança, responsabilidade, privacidade e benefício da sociedade. Pontua também cuidados como explicação e capacidade de auditoria em caso de decisões, falhas e desvios (inclusive no campo jurídico), respeito aos valores e direitos humanos, compartilhamento dos benefícios e ganhos econômicos promovidos por máquinas inteligentes, controle humano e não-subversão das dinâmicas humanas.

Nos últimos anos, empresas de tecnologia também apresentaram suas balizas. A Microsoft, por exemplo, lançou seus princípios: imparcialidade, confiabilidade, transparência, privacidade e segurança, inclusão e responsabilidade. O Google também anunciou valores e diretrizes para o desenvolvimento dessas tecnologias: benefício social, mitigação do reforço de vieses, segurança, transparência, incorporação de princípios de segurança no seu desenho técnico, expressar parâmetros científicos de ponta e ser disponibilizada para usos de acordo com esses princípios.

O principal relatório sobre inteligência artificial no mundo (AI Index, elaborado pela Universidade de Stanford) registrou em sua edição de 2019 que 19% das empresas ouvidas pelo levantamento relataram alguma medida para promover a explicabilidade dos seus algoritmos. Outras 13% informaram atuar para lidar com problemas como vieses e discriminação, buscando formas de amplificar a equidade e o tratamento justo de seus sistemas.

Governos e organismos internacionais também entraram na discussão. Em abril do ano passado, a Comissão Europeia divulgou diretrizes para uma inteligência artificial centrada nas pessoas. Elas reforçam a relevância da participação e o controle dos seres humanos, com objetos técnicos que promovam o papel e os direitos das pessoas, e não prejudiquem estes.

Uma orientação complementar é a garantia de que os sistemas considerem a diversidade de segmentos e representações humanas (incluindo gênero, raça e etnia, orientação sexual e classe social, entre outros) evitando atuações que gerem discriminação.

Segundo o documento, os sistemas de inteligência artificial devem ser robustos e seguros, de modo a evitar erros ou a terem condição de lidar com estes, corrigindo eventuais inconsistências.

Ao mesmo tempo, o texto destaca a necessidade de assegurar a transparência dos sistemas, bem como a garantia de sua rastreabilidade e explicabilidade, para que não haja dificuldades na compreensão de sua atuação. Essas soluções técnicas devem assegurar a privacidade e o controle dos cidadãos sobre seus dados. As informações coletadas sobre um indivíduo não podem ser utilizadas para prejudicá-lo, como em decisões automatizadas que o discriminam em relação a alguém.

Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) defende que a inteligência artificial deve beneficiar as pessoas e o planeta ao promover crescimento inclusivo, desenvolvimento sustentável e bem-estar. O desenvolvimento deve respeitar as legislações e os direitos humanos, valores democráticos e a diversidade, com salvaguardas como permitir a intervenção humana quando necessário.

A OCDE reforça a importância da transparência e da explicabilidade de modo que pessoas possam entender o funcionamento e as decisões tomadas e questioná-las se desejarem. Tais tecnologias devem ser seguras e não oferecer riscos para as pessoas; e os indivíduos, as empresas e as organizações por trás deles devem ser responsabilizados se for o caso.

Joana Varon, da Coding Rights, contudo, pondera que muitas empresas pautam uma agenda de ética e inteligência artificial de modo que tais diretrizes não atrapalhem seus negócios.

“Este debate de ética e inteligência artificial acaba levando a uma interpretação de que a simples autorregulação das empresas seria suficiente. Devemos falar é de direitos humanos e nas relações de poder existentes na sociedade”, advoga.

Uma abordagem mais forte emerge também nas discussões sobre políticas públicas e regulação do tema, objeto de outra reportagem desta série.

A volta às aulas pode representar um perigo a mais para cerca de 9,3 milhões de brasileiros (4,4% da população total) que são idosos ou adultos (com 18 anos ou mais) com problemas crônicos de saúde e que pertencem a grupos de risco de Covid-19. Isso porque eles vivem na mesma casa que crianças e adolescentes em idade escolar (entre 3 e 17 anos). A quantidade de pessoas que pode passar a se expor ao novo coronavírus foi calculada por análise da Fiocruz feita com base na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS 2013), que foi realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Laboratório de Informação em Saúde (LIS) da Fiocruz.

São Paulo é o estado com maior número absoluto de pessoas nessa situação, cerca de 2,1 milhões de adultos e idosos em grupos de risco com crianças em casa, seguido por Minas Gerais (1 milhão), Rio de Janeiro (600 mil) e Bahia (570 mil). O Rio Grande do Norte é o que possui a maior percentagem da população nesses grupos: 6,1% do total.

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Pesquisadores do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz) analisaram dados da PNS 2013 sobre dois grupos populacionais que se encontram nos chamados grupos de risco da Covid-19: os adultos com idade entre 18 e 59 anos que têm diabetes, doença do coração ou doença do pulmão, e os idosos (com 60 ou mais anos). Em seguida, cruzou os dados para verificar quantos desses dois grupos residem em domicílio com pelo menos um menor entre 3 e 17 anos – ou seja, em idade escolar. 

O resultado do estudo trouxe números preocupantes. Quase 3,9 milhões (1,8% da população do país) de adultos com idade entre 18 e 59 anos que têm diabetes, doença do coração ou doença do pulmão residem em domicílio com pelo menos um menor em idade escolar (entre 3 e 17 anos). Já a população idosa (60 anos e mais) que convive em seu domicílio com pelo menos um menor em idade escolar chega a quase 5,4 milhões de pessoas (2,6% da população). 

De acordo com o estudo, o retorno da atividade escolar, que vem sendo anunciado de forma gradativa por vários estados e municípios, coloca os estudantes em potenciais situações de contágio. Mesmo que escolas, colégios e universidades adotem as medidas de segurança (e elas sejam cumpridas à risca), o transporte público e a falta de controle sobre o comportamento de adolescentes e crianças que andam sozinhos fora de casa representam potenciais situações de contaminação por Covid-19 para esses estudantes. O problema é que, se forem contaminados, esses jovens poderão levar o vírus Sars-CoV-2 para dentro de casa e infectar parentes de todas as idades que tenham doenças crônicas e outras condições de vulnerabilidade à Covid-19, representando uma brecha perigosa no isolamento social que essas pessoas mantinham até agora.

Divulgado através da nota técnica 'Populações em risco e a volta as aulas: Fim do isolamento social', da plataforma MonitoraCovid-19, o estudo alerta para o fato de que “a discussão sobre a retomada do ano letivo no país não segue um momento em que é clara a diminuição dos casos e óbitos e ainda apresenta um agravante, que é a desmobilização de recursos de saúde e o desmonte de alguns hospitais de campanha”. 

Epidemiologista do Icict/Fiocruz, Diego Xavier, que participou do estudo, destaca que, até agora, a maioria desses milhões de brasileiros em grupos de risco e que têm algum estudante dentro de casa vinha se mantendo em isolamento social. “Mas a volta às aulas pode representar uma perigosa brecha nesse isolamento. Nós estimamos, no estudo, que se apenas 10% dessa população de adultos com fatores de risco e idosos que vivem com crianças em idade escolar vierem a precisar de cuidados intensivos, isso representará cerca de 900 mil pessoas na fila das UTIs. Além disso, se aplicarmos a taxa de letalidade brasileira nesse cenário, estaremos falando de algo como 35 mil novos óbitos, somente entre esses grupos de risco”, analisa Xavier. 

Christovam Barcellos, sanitarista e vice-diretor do Icict/Fiocruz, acha que seria recomendável que estados e municípios oferecessem aos pais informações necessárias para os cuidados que devem passar a adotar dentro de suas casas. “Se isso não for feito, muitos pais se sentirão inseguros frente à decisão de retomar os estudos presenciais dos seus filhos. Com a expansão da população exposta à infecção pelo vírus, deveriam também ser ampliadas as atividades de vigilância epidemiológica desses grupos vulneráveis por meio de testagens e acompanhamento clínico permanente”, afirma.

Da assessoria da Fiocruz

A América do Sul não é mais considerada uma "área livre" de conflitos. É o que diz a nova Política Nacional de Defesa (PND), que será encaminhada ao Congresso na próxima semana. Numa atualização da diretriz preparada em 2016, o texto ao qual o Estadão teve acesso destaca a possibilidade de "tensões e crises" no continente, que podem levar o Brasil a mobilizar esforços na garantia de interesses nacionais na Amazônia ou mesmo ajudar na solução de problemas regionais.

Sem citar nominalmente a Venezuela, o trecho sobre política externa do documento avalia "possíveis desdobramentos" das crises nos países vizinhos. A reportagem apurou que o principal foco de tensão se refere a ações do regime chavista de Nicolás Maduro.

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Em 21 páginas, a Política Nacional de Defesa traça cenários internacionais para o ambiente regional e assinala que é papel do País "aprofundar laços" no continente. Uma das novidades da nova versão do documento do Ministério da Defesa, porém, é justamente o alerta para as possibilidades de conflitos. "Não se pode desconsiderar tensões e crises no entorno estratégico, com possíveis desdobramentos para o Brasil, de modo que poderá ver-se motivado a contribuir para a solução de eventuais controvérsias ou mesmo para defender seus interesses", diz o texto.

O documento pede, ainda, atenção especial ao Atlântico Sul, onde se concentram as reservas do pré-sal - entre o Brasil e a África Ocidental. Nesta região também houve, recentemente, derramamento de óleo por navio desconhecido que causou danos ambientais ao litoral brasileiro.

A chamada Amazônia Azul enfrenta impactos de ilícitos transnacionais, inclusive suspeitas de espionagem por navios estrangeiros, como divulgou o Estadão, em fevereiro, ao noticiar que a Marinha brasileira monitorou durante uma semana um navio russo de pesquisa e inteligência, acusado de espionagem por países da Europa e pelos Estados Unidos.

Além do Atlântico Sul, a política de Defesa mantém como prioridades regiões onde se concentram os poderes político e econômico - Brasília, Rio e São Paulo -, a faixa de fronteira com os vizinhos sul-americanos e a Amazônia.

Pela primeira vez, os tratados que compõem a Política Nacional de Defesa incluem no radar do governo desdobramentos das mudanças climáticas e de pandemias. O texto da proposta destaca que estes fenômenos poderão "acarretar consequências ambientais, sociais, econômicas e políticas pedindo pronta resposta do Estado".

A pandemia do coronavírus, que atinge o País e o mundo desde março, tem exigido mobilização nacional de todos os segmentos, inclusive do Ministério da Defesa que, segundo a pasta, emprega diariamente 34 mil militares no combate à doença. O efetivo é maior que o da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Segunda Guerra Mundial, quando foram mobilizados 25.800 homens.

A soberania e o desenvolvimento de ações de preservação da floresta amazônica estão entre as prioridades dos documentos que compõem a nova versão da PND. "A Amazônia, assim como o Atlântico Sul, é uma área de interesse geoestratégico para o Brasil. A proteção da biodiversidade, dos recursos minerais, hídricos, além do potencial energético, no território brasileiro é prioridade para o País", constata o documento, que também apresenta uma "resposta" aos "interesses estrangeiros" na Amazônia.

O texto recomenda, ainda, que a Marinha instale um complexo naval de uso múltiplo nas proximidades do delta do rio Amazonas, na região da Ilha do Marajó, no Pará, por ser uma área que merece "atenção especial". O Pará é onde ocorrem, atualmente, as maiores queimadas no País e o governo enfrenta pressões de parceiros econômicos internacionais por causa da destruição da floresta.

A Lei 136 de 2010, sobre a organização das Forças Armadas, estabelece que a cada quatro anos sejam atualizados: o Livro Branco da Defesa, com informações públicas sobre como a estrutura militar do País é organizada; a Política Nacional de Defesa, com os oito objetivos do País para a área; e a Estratégia Nacional de Defesa, com as 18 diretrizes para alcance das metas.

Os documentos serão oficialmente apresentados ao Conselho de Defesa, em reunião no Palácio do Planalto, com a presença dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e, em seguida, enviados ao Congresso, no próximo dia 22.

Continuidade

A versão final foi submetida ao presidente Jair Bolsonaro, mas a participação do chefe do Executivo na redação é secundária. Por se tratar de políticas de Estado, a palavra de ordem nos comandos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica é promover apenas alterações pontuais nas versões anteriores, de modo a representar continuidade. "Parece que estamos emitindo uma política e uma estratégia nova. Não é verdade. É uma atualização, com pequenas coisas. A essência é completamente a mesma. Independe do governo", afirmou o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva. "(O presidente) tem plena confiança no nosso trabalho e até agora não pediu para incluir nem tirar nada. Ele sabe que são políticas de Estado".

A preocupação com delitos nas chamadas Zonas de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (Zopacas) está expressa no capítulo referente à Marinha, com trechos incluídos inclusive por causa do desastre do derramamento de óleo no litoral brasileiro, que teve início em novembro de 2019.

"O poder naval deve dispor de meios capazes de detectar, identificar e neutralizar ações que representem ameaça nas águas jurisdicionais brasileiras", afirma o texto. "A intensificação das ocorrências de atos ilícitos no mar (como exemplo a pirataria, tráfico de drogas e de pessoas, pesca ilegal, crimes ambientais, dentre outros) demanda a presença estatal nos termos do direito internacional com os quais o Brasil tenha se comprometido." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Banco Santander está com 1500 vagas de emprego, em busca de profissionais para atuar nos setores de risco, jurídico, tecnologia, dados e de finanças da empresa. O objetivo do banco com as contratações é reforçar o serviço de atendimento digital e trabalho remoto. 

Para se candidatar às vagas, os profissionais interessados devem enviar seus currículos para o site “Trabalhe Conosco” do Santander ou, no caso dos interessados nas vagas do setor de riscos, para o site específicos para essas oportunidades de emprego

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O banco conta ainda com um banco de talentos específico para a área de tecnologia, que tem foco em diversidade. Residentes na capital, região metropolitana e na cidade de São Carlos podem se inscrever para vagas em setores como infraestrutura, inteligência de dados e ainda desenvolvimento Java, Front End e Mobile através da internet.

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Com a recomendação das autoridades de saúde em manter o distanciamento social, grande parte da população idosa passou a viver isolada. A pandemia causada pelo novo coronavírus afastou até mesmo quem recebia visitas regulares da família. Entretanto, a preocupação de quem tem mais de 60 anos vai além de pertencer ao chamado grupo de risco em relação ao contágio por Covid-19: dados do Ministério da Saúde em 2017 mostram que 70% das quedas registradas entre idosos acontece dentro de casa.

De acordo com a fisioterapeuta Reyna Lohmann, do Núcleo Silvestre de Saúde e Prevenção, a população acima dos 60 anos precisa estar atenta a alguns movimentos corriqueiros, pois boa parte dos casos pode acontecer em ações comuns do cotidiano. "A maioria ocorre quando as pessoas estão se levantando ou sentando na cama, em uma cadeira ou no vaso sanitário", aponta a especialista. A análise do histórico de quedas é outro ponto importante a ser observado. "Se o idoso já apresentou quedas anteriores, o risco de apresentar outras é maior. O caso pode ser apenas um acidente, entretanto também pode indicar problemas relacionados à saúde, como um sinal de alerta", complementa.

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Como é necessário evitar a ida a hospitais em tempos de pandemia, a prevenção para os casos de acidentes domésticos pode estar dentro do próprio lar. "Ter uma casa adaptada ao idoso é primordial na promoção de mais bem-estar e segurança", destaca. Além disso, a fisioterapeuta recomenda atitudes que podem ser pontuais e impedir que os idosos sofram com os tombos. "Adotar cuidados com a própria saúde, como a prática de atividade física para fortalecimento muscular e equilíbrio, junto ao acompanhamento regular da saúde integral para identificar problemas associados", observa.

Confira algumas recomendações da especialista:

- Evite a colocação de tapetes. Caso opte pela decoração, aplique antiderrapante sob o item e não passe cera no chão;

- Escadas e corredores devem ter corrimão nos dois lados; degraus precisam ser marcados com fita antiderrapante;

- Use calçados fixos nos pés e evite o uso de meias em casa; atente para itens como mesas de centro, desníveis e outros objetos do lar;

- Adapte barras de segurança no banheiro, tapete antiderrapante no box, e se for preciso, um banco seguro para a hora do banho;

-Eleve o assento sanitário;

- Use lanterna ou sensor de iluminação para quando precisar se levantar à noite.

Uma pesquisa realizada pelo Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (Elsi-Brasil) aponta que entre 4.174 entrevistados, 25% já sofreram acidentes domésticos.

O Tribunal de Contas da União (TCU) divulgou, na segunda-feira (4), o resultado do terceiro acompanhamento anual do Plano Nacional de Educação (PNE) 2014-2024. Além de analisar o desenvolvimento e o alcance de resultados do plano, o TCU ainda avaliou a atuação do Ministério da Educação (MEC) como coordenador da implantação das políticas educacionais para o atingimento das metas do PNE.

Conforme o relatório do TCU, a principal conclusão da análise é que as ações colaborativas desenvolvidas na área educacional são incipientes, com baixo nível de governança do Ministério da Educação. Os trabalhos apontaram que a fragilidade do regime de colaboração entre os entes federados é devida à ausência de implementação efetiva das instâncias permanentes de negociação entre os entes federados e à insuficiência das ações desenvolvidas pelo MEC para estimular práticas de fortalecimento do regime de colaboração entre os entes federativos.

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O TCU diz ainda que essa falta de planejamento estratégico acarreta prejuízo à eficiência e à efetividade das ações adotadas, desalinhado entre as metas estabelecidas para as secretarias finalísticas do MEC e para o PNE 2014-2024, além de dispersão das ações adotadas pelas diversas unidades do ministério.

Segundo o portal de notícias UOL, o relatório finalizado em 9 de abril consta que manter as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, em novembro, pode prejudicar uma parcela dos estudantes devido a suspensão das aulas por conta do isolamento social recomendado pelas autoridades sanitárias para combater o novo coronavírus.

"Há o risco de que a manutenção das datas previstas para o Enem 2020 coloque os alunos do Ensino Médio das mais diversas regiões do país em situação de desigualdade provocada pelo período de suspensão das aulas durante a pandemia da Covid-19", diz o documento.

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