Irritado com reportagem do Estadão, com o enfoque de que estaria preparando a sua sucessão analisando nomes circunscritos ao seu clã familiar e político, o governador negou, ontem, que tenha dado o start do processo da escolha do candidato. Mas não é verdade. Eduardo há muito está debruçado sobre o complicado xadrez político.
Já tratou de sucessão, primeiro, com o presidente estadual do PSDB, Sérgio Guerra, depois com o senador Jarbas Vasconcelos. Sexta-feira passada conversou das 19 à meia noite e trinta em sua residência de Casa Forte com o vice-governador João Lyra Neto.
E soube, ontem, que passa pela sua cabeça anunciar o candidato no próximo sábado, numa coletiva à Imprensa. O nó é justamente é o nome. Por ele, o candidato seria o secretário da Casa Civil, Tadeu Alencar.
Embora técnico, Tadeu é o auxiliar que cuida da miudeza política do dia-a-dia. Com Tadeu, ele assinou e festejou em Gravatá a criação de um fundo estadual para atender os 184 municípios do Estado em quatro parcelas. É Tadeu que conhece todos os prefeitos, um a um, e faz a interlocução política com a Assembleia.
O secretário, entretanto, tem problemas que fogem às questões paroquiais e de natureza política e que já o inviabilizaram. Para se contrapor ao nome de Tadeu, setores do PSB que não engolem o chefe da Casa Civil jogaram o secretário da Fazenda, Paulo Câmara, na fogueira.
Mas este entrou na história apenas para cumprir uma tarefa dos insatisfeitos, pois é neófito no ramo da engenharia política e eleitoral, além de muito verde. O vice-governador João Lyra talvez fosse à solução mais pragmática: vai assumir por nove meses e, eleito, só ficaria quatro anos no poder, porque já estaria reeleito.
Lyra, porém, não tem o perfil do novo que as supostas pesquisas indicam e que servirão de parâmetro para definição do candidato. O ex-ministro Fernando Bezerra Coelho, que deixou a pasta da Integração para entrar no jogo e é o mais conhecido de todos os nomes, não entra no script do critério confiabilidade.
Por isso, nunca sequer teve seu nome cogitado. Restaram o secretário de Cidades, Danilo Cabral, e o ex-deputado Maurício Rands. Entre os dois, o governador preferiu investir em Rands. E passou a tomar a temperatura a partir da orientação de conceder uma entrevista de página inteira ao JC, maior jornal do Estado.
A reação da entrevista foi positiva e Rands foi mais além. Remanescente do PT, onde militou a vida inteira, está em campo para trazer o seu grupo, o que na prática tira votos do senador Armando Monteiro Neto, candidato do PTB com chances de ser apoiado pelo PT.
Rands, por enquanto, está no jogo, mas tem problemas também que podem inviabilizá-lo, entre os quais a renúncia à vida pública quando foi rifado pelo PT da eleição para prefeito do Recife.
Rochinha, um dos porta-vozes do lulismo no Nordeste, tem dito a aliados que aguarda apenas o nome de Rands ser anunciado para vazar para a Imprensa um pesado dossiê contra ele. Se não sobreviver, só restará, por exclusão, Danilo Cabral.
OLHO NO OLHO– São muitas as versões que correm sobre o encontro de Eduardo com João Lyra, sexta-feira passada. Procurado, Lyra não deu um pio sobre o encontro, certamente para não perder a confiança do chefe. O que se sabe, no entanto, é que foi uma conversa dura. Lyra com a caneta na mão vai ser fácil para Eduardo convencê-lo de que pode governar por nove meses, mas está descredenciado para disputar a eleição.
Usando o nome de Marina– Até os próprios filiados ao PV em Pernambuco admitem, em reserva, que o secretário estadual de Meio Ambiente, Sérgio Xavier, o papagaio de pirata-mor, está usando o nome de Marina Silva, sem que ela saiba, para tentar figurar na chapa majoritária montada por Eduardo.
Evitando exposição– A ausência do governador no carnaval dos cinquentões, sábado passado na Arcádia do Paço Alfândega, também tirou de cena todos os pré-candidatos a governador. Nem o festeiro Maurício Rands, que os mais próximos ao governador já o consideram escolhido para a disputa, deu o ar da sua graça. Para não se expor, diz a elementar regra do jogo.
Aposta em Tadeu- Prefeito de Santa Cruz do Capibaribe, o tucano Edson Vieira diz que ainda tem forte esperança de que o candidato a ser anunciado pelo governador será o chefe da Casa Civil, Tadeu Alencar. “Entre os prefeitos, Tadeu é imbatível. Eu mesmo não só torço como o acho o mais competitivo”, disse Vieira.
Na disputa- Organizador do baile dos cinquentões, que comemorou sábado passado a sua 20ª edição com um tremendo sucesso, o ex-deputado Edgar Moury Fernandes, hoje militando no PSB, reafirma que sai candidato a federal. Na eleição passada, Moury só não emplacou a reeleição porque foi traído na dobradinha com o estadual Clodoaldo Magalhães.
CURTAS
FATIA DO PR– O deputado Inocêncio Oliveira, presidente estadual do PR, tem encontro agendado, hoje, com o governador. Olho no olho, vai cobrar espaço para a sua legenda na chapa majoritária. Um aliado do parlamentar diz que ele não vai aceitar ser suplente de senador.
TROPA RANDISTA– Mesmo estando fora do PT, Maurício Rands mantém o seu grupo interno no PT. Na Câmara dos Vereadores, são “randistas” Jurandir Liberal e Luís Eustáquio. Na Assembleia Legislativa, o novo líder da oposição, Sérgio Leite. Ex-chefe de gabinete de Rands na Câmara, Lauro Gusmão recebeu a missão de reordenar a tropa.
Perguntar não ofende: O que dirá o PT local e nacional quando Rands for oficializado candidato do PSB a governador?