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Em 2030, a Copa do Mundo da FIFA unirá três continentes e seis países, convidando o mundo inteiro a participar da celebração os 100 anos da competição. O Conselho da FIFA concordou por unanimidade que a única candidatura será a candidatura combinada de Marrocos, Portugal e Espanha, que sediará o evento em 2030.

Porém, tendo em conta o contexto histórico da primeira Copa do Mundo – realizada em 1930 no Uruguai -  o Conselho da FIFA concordou, ainda por unanimidade, que Montevidéu sedie uma cerimônia de celebração do centenário e ainda uma partida da competição. Argentina e Paraguai também vão sediar um jogo cada.

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“A primeira dessas três partidas será, obviamente, disputada no estádio onde tudo começou, no mítico Estádio Centenário de Montevidéu, justamente para comemorar a edição centenária da Copa do Mundo FIFA”, disse Gianni Infantino, presidente da FIFA.

“O Conselho da FIFA também concordou por unanimidade que a única candidatura para acolher o Campeonato do Mundo FIFA 2030 será a candidatura conjunta de Marrocos, Portugal e Espanha”, acrescentou.

“Em 2030, teremos uma presença global única, três continentes – África, Europa e América do Sul – seis países – Argentina, Marrocos, Paraguai, Portugal, Espanha e Uruguai – acolhendo e unindo o mundo enquanto celebramos juntos o belo jogo, o centenário e a Copa do Mundo da FIFA”, concluiu o presidente da FIFA.

Com informações do site oficial da FIFA

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A primeira edição do Festival Itália Mia, nos dias 22, 23 e 24 de novembro, na Estação das Docas, em Belém, teve como tema o centenário do jornalista Romulo Maiorana, descendente de italianos, que morreu em 1986. O objetivo do festival é exaltar nomes de personalidades de origem italiana ou ligados ao país europeu e ao Estado do Pará.

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Empresário e jornalista, filho de imigrantes italianos, Romulo Maiorana nasceu em Recife, Pernambuco. Em Belém, para onde se mudou ainda jovem, atuou no comércio paraense e consagrou seu nome ao entrar na área da comunicação e criar o Grupo Liberal, afiliado à Rede Globo.

Rosângela Maiorana, vice-cônsul honorária do Consulado Italiano, comentou a proposta do festival de cultura e o fato de o homenageado ser seu pai, que sempre enalteceu o Pará: “Romulo Maiorana foi um empreendedor atuante, que deixou um legado para a comunicação paraense. Nossa família recebeu um nome consolidado e tem a missão de preservar a memória desse patrimônio".

O galpão três da Estação das Docas, espaço onde a programação foi realizada, recebeu diariamente um público estimado em duas mil pessoas, entre as quais estavam admiradores do jornalista, funcionários das empresas do grupo, ex-colaboradores, profissionais de diversas áreas e curiosos ou admiradores da cultura italiana.

Maria Oneyde Santos, 85 anos, aposentada, disse lembrar do jornalista quando ele ainda era comerciante. “Minha amiga trabalhava na Loja RM, ele sempre estava por lá, era muito simpático. Foi uma pessoa importante, fundou o jornal", assinalou.

Leonor Magno, 61 anos contadora, soube da programação por meio da imprensa, na internet, e decidiu prestigiá-la no dia do jogo de estreia da Seleção Brasileira. “Conheço a história do jornalista Romulo Maiorana em Belém e só descobri que ele não era paraense ao assistir ao documentário que está sendo exibido no estande dedicado especificamente ao trabalho dele, do qual sou fã”, disse. O local foi criado para que o público pudesse conhecer como era a sala onde o jornalista passou grande parte da vida dele. “Há também o anexo no qual as pessoas podem assistir ao vídeo que narra toda a história da vida do jornalista”, observou uma das responsáveis em apresentar o espaço.

A cultura italiana estava reproduzida em todo o cenário organizado para o evento. “Estamos revivendo a viagem que fizemos à Itália em 2013”, afirmaram Rita Fátima de Souza e Josélia Trindade Pinheiro.

Música, dança, cinema e a gastronomia típica do país foram atrações do festival. O empresário italiano Corrado d’Agostino Guarino declarou que não somente as vendas foram "incríveis", mas a experiência de divulgar o trabalho e conhecer os demais expositores.

Rosângela Maiorana acrescentou que tudo no primeiro Festival Itália Mia expressou as raízes italianas e o amor do jornalista Romulo Maiorana pelo Pará. “Ele era muito festivo, pura alegria. Os amigos diziam não conhecer alguém mais paraense que o Romulo Maiorana”, finalizou.

Por Rosângela Machado (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

 

Na semana em que se comemora o centenário da primeira transmissão de rádio no Brasil, é impossível relembrar a história desta mídia sem abordar o estilo de programa que arrebatava audiências na primeira metade do século XX: a radionovela. 

Elas tomaram conta da programação das rádios - então a mídia mais popular do país - a partir da década de 1940, quase sempre inspiradas em folhetins latino-americanos. O gênero foi responsável pela fama de diversos artistas da época, e mesmo grandes nomes que depois brilhariam na teledramaturgia brasileira e serviu de base para a telenovela. Conheça três das principais radionovelas da Rádio Nacional:

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Em Busca da Felicidade (1941) - Narrada por Aurélio Andrade e dirigida por Vitor Costa, a primeira radionovela brasileira contava a história do casal Alfredo e Anita Medina. Eles criavam a filha de uma relação extraconjugal de Alfredo, que teve um caso com a empregada e assim nasceu Alice Medina. A jovem Alice trabalhava como doméstica também, e acabou se apaixonando pelo filho de seu chefe, um amor quase impossível, devido às diferenças entre os dois. O elenco era composto por Rodolfo Mayer, Zezé Fonseca, Isis de Oliveira, Floriano Faissal, Yara Sales, Amaral Gurgel e Luiz Tito.

O direito de nascer (1951) - Escrita pelo cubano Félix Caignet e traduzida por Eurico Silva. Em “O direito de nascer”, Maria Helena do Juncal acaba se apaixonando e fica grávida de um homem casado. Seu pai, o oligarca Dom Rafael, não quer saber do neto. Então, para salvar a vida da criança, Maria Helena entrega a bebê para a empregada da família, Dolores, que criou o menino. Anos mais tarde, ele se tornou médico, o Dr. Alberto Limonta e, sem saber de sua verdadeira história, acaba atendendo o avô biológico e se apaixona por uma prima.

Na época, a radionovela atingiu cerca de 73% da audiência. Narrada por Nélio Pinheiro e Mário Lago, o elenco contava com Paulo Gracindo, Yara Salles, Isis de Oliveira, Paulo César e Saint-Clair Lopes (depois substituído por Castro Viana).

Jerônimo, o Herói do Sertão (1952) - Inspirada nas obras de faroeste norte-americano e escrita por Moysés Weltman, "Jerônimo, o Herói do Sertão” ficou no ar por 14 anos. Protagonizada por Milton Rangel, a radionovela narrava as aventuras de Jerônimo, um rapaz cujo pai foi assassinado devido a um conflito por terras. A mãe dele foi apelidada de “Maria-Homem”, após assumir a luta do falecido marido, lhe ensinou valiosas lições acerca do bem e do mal.

Assim, Jerônimo varava o sertão com seu cavalo Príncipe, acompanhado de sua noiva, Aninha e o amigo Moleque-Saci. Posteriormente, a história ganhou uma versão em quadrinhos, um filme e uma série. O elenco era composto por Tina Vita, Cauê Filho e Dulce Martins.

Palavras-chave: Radionovelas, Brasil, Centenário, Rádio, 100 anos de Rádio no Brasil

Relembre radionovelas que marcaram época

O gênero ficção foi um sucesso durante a Era de Ouro especialmente na Rádio Nacional 

Na semana em que se comemora o centenário da primeira transmissão de rádio no Brasil, é impossível relembrar a história desta mídia sem abordar o estilo de programa que arrebatava audiência na primeira metade do século XX: a radionovela. 

Elas tomaram conta da programação a partir da década de 1940, quase sempre inspiradas em folhetins latino-americanos. O gênero foi responsável pela fama de diversos artistas, Moysés Weltman e Isis de Oliveira. Veja três das principais radionovelas da Rádio Nacional:

Em Busca da Felicidade (1941)

Narrada por Aurélio Andrade e dirigida por Vitor Costa, a primeira radionovela brasileira contava a história do casal Alfredo e Anita Medina. Eles criavam a filha de uma relação extraconjugal de Alfredo, que teve um caso com a empregada e assim nasceu Alice Medina. A jovem Alice trabalhava como doméstica também, e acabou se apaixonando pelo filho de seu chefe, um amor quase impossível devido às diferenças entre os dois.

O elenco era composto por Rodolfo Mayer, Zezé Fonseca, Isis de Oliveira, Floriano Faissal, Yara Sales, Amaral Gurgel e Luiz Tito.

O direito de nascer (1951)

Escrita pelo cubano Félix Caignet e traduzida por Eurico Silva. Em “O direito de nascer”, Maria Helena do Juncal acaba se apaixonando e fica grávida de um homem casado. Seu pai, o oligarca Dom Rafael não quer saber do neto. Então, para salvar a vida da criança, Maria Helena entrega a bebê para a empregada da família, Dolores, que criou o menino. Anos mais tarde, ele se tornou médico, o Dr. Alberto Limonta; e sem saber de sua verdadeira história, acaba atendendo o avô biológico e se apaixona por sua prima.

Na época, a radionovela atingiu cerca de 73% da audiência. Narrada por Nélio Pinheiro e Mário Lago, o elenco contava com Paulo Gracindo, Yara Salles, Isis de Oliveira, Paulo César e Saint-Clair Lopes (depois substituído por Castro Viana).

Jerônimo, o Herói do Sertão (1952)

Inspirada nas obras de faroeste norte-americano e escrita por Moysés Weltman, "Jerônimo, o Herói do Sertão” ficou no ar por 14 anos. Protagonizada por Milton Rangel, a radionovela narrava as aventuras de Jerônimo, um rapaz cujo pai foi assassinado devido a um conflito por terras. A mãe dele foi apelidada de “Maria-Homem” após assumir a luta do falecido marido, lhe ensinou valiosas lições acerca do bem e do mal.

Assim, Jerônimo varava o sertão com seu cavalo Príncipe, acompanhado de sua noiva, Aninha e o amigo Moleque-Saci. Posteriormente, a história ganhou uma versão em quadrinhos, um filme e uma série

O elenco era composto por Tina Vita, Cauê Filho e Dulce Martins.

Ivone Lara, caso estivesse viva, completaria 100 anos hoje. Nascida em 13 de abril de 1922, antes de ser cantora e musicista, foi enfermeira durante 37 anos. Diversos biógrafos ressaltam a importância desta formação ao indicar que além de música, Ivone Lara preocupava-se com questões de humanidade em sua obra.

Ivone trabalhou na equipe da médica Nise da Silveira, que revolucionou o tratamento psicológico e psiquiátrico no Brasil. Com tanta inspiração e histórias de vida, o talento de Ivone só viria a desabrochar aos 57 anos, quando aconteceu sua estreia no mundo da música, quando viu seu sonho de ter suas composições nas vozes de grandes nomes da música ser realizado. A compositora tem mais de 200 músicas cantadas pelos principais nomes da MPB.

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Dona Ivone Lara, como ficou conhecida posteriormente, foi a primeira mulher a vencer um concurso de samba-enredo. Categoria essa que era disputada apenas por homens poucos anos antes de seu ingresso na disputa. Como resultado de sua luta, foi a primeira mulher aceita na ala de compositores de uma escola de samba, além de ser aclamada madrinha em 1968 pela escola Madureira.

A luta de Ivone Lara não se resume apenas ao samba. Sua biografia é repleta de adversidades e desafios superados. Como um dos principais nomes na luta antimanicomial, sua história foi brevemente registrada no filme Nise – O Coração da Loucura (2015), em que Ivone é interpretada pela atriz Roberta Rodrigues.

Por Matheus de Maio

Apontada como marco zero do modernismo no Brasil, a Semana de Arte Moderna comemora seu centenário este mês. Celebrada atualmente em exposições, livros, seminários, eventos e reportagens, a efeméride é também uma oportunidade para se rediscutir a importância histórica do evento – realizado no Theatro Municipal de São Paulo, entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922, por artistas e intelectuais da elite paulistana que defendiam estar rompendo com o conservadorismo das artes no Brasil.

“Nesse momento, em que a gente está, em 2022, o que está sendo mais bacana de olhar para a semana de 22 é justamente questionar o seu mito”, afirma Heloisa Espada, curadora do Instituto Moreira Salles.

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“É claro que foi um evento importante em São Paulo. Reuniu ali alguns artistas e literatos de várias áreas e que se tornaram muito importantes para a história do modernismo, como Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Anita Malfatti e Victor Brecheret. Tem nomes que são muito importantes para a nossa compreensão da arte moderna no Brasil. Mas hoje estamos em um momento de rever isso, de olhar para os outros estados, entender a temporalidade dos outros estados, o que estava acontecendo nos outros lugares e tentar ampliar a compreensão desta produção para além do Sudeste”, reforça Heloisa.

A ideia de que a semana foi um marco do modernismo brasileiro, na realidade, foi uma construção histórica, que só veio a surgir décadas depois, defendem historiadores e especialistas. 

“Acho que o que marca essa comemoração de 100 anos é entender como a Semana de Arte Moderna se tornou um marco. Isso é uma construção histórica. Mas eles fizeram de tudo para que realmente ela fosse polêmica e para se alinhar à ideia de vanguarda que estava sendo discutida e da qual eles tinham notícias que vinham de outros países, principalmente do Hemisfério Norte", disse Heloisa.

Um dos pontos que passa por revisão histórica é o regionalismo da iniciativa, afinal a semana não foi composta apenas por artistas e intelectuais paulistas. “Há pessoas de Pernambuco; alemães, como o [Wilhelm] Haarberg, por exemplo, que estava recém-emigrado e participa. Temos o arquiteto polonês [Georg] Przyrembel; o espanhol Antonio Garcia Moya, que fez desenhos de arquitetura e participou da semana. Temos mineiros”, destacou Luiz Armando Bagolin, professor do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da Universidade de São Paulo (USP).

Além disso, houve iniciativas modernas em outras partes do país, como as revistas ilustradas do Rio Grande do Sul; o trabalho do pintor Vicente do Rego Monteiro, em Pernambuco; e o samba, no Rio de Janeiro. 

“Tem uma coisa importante não só no Rio, mas em vários lugares também, que é a música, o surgimento do samba nesse momento, que é muito próprio do Brasil. Olhar as manifestações culturais brasileiras e tentar entender o que é próprio da nossa cultura, de cada lugar, de cada estado e entender o quanto aquilo desafiava, o quanto o samba desafiava convenções, acho que esse é um jeito de olhar e de pensar o modernismo”, disse.

Controvérsias

O modernismo brasileiro também viveu suas ambiguidades e controvérsias. A começar pelo fato de que o movimento, cuja efervescência ocorreu nas cidades, foi bancado pela elite cafeeira, que vivia no interior, em fazendas. “É a riqueza do campo que paga essa ideia da arte moderna”, explicou Heloisa.

“A ideia de modernidade era um peixe que o regime republicano queria vender. Essa ideia de modernidade, de abrir grandes avenidas e criar cidades mais modernas e que fossem mais salubres, destruiu um passado imperial e colonial ou colocou de lado todo um passado que era conveniente politicamente esquecer naquele momento”, destacou Heloisa.

“Para algumas pessoas, a modernidade seria um projeto de branqueamento do país no início do século. Modernidade também é isso, também tem um lado nefasto. Há quem diga que é mais nefasto que moderno.”

A especialista questiona o motivo de nomes como o do escritor e político Plínio Salgado, que fez parte da semana, terem sido “apagados” pela história. “Temos ali a participação do Menotti del Picchia [escritor] e do Plínio Salgado, figuras que depois se tornaram controversas politicamente, ligadas ao movimento do verde-amarelismo [que se opunha ao movimento pau-brasil de Oswald de Andrade e pregava um ufanismo exacerbado]. Depois o Plínio Salgado é expoente do Integralismo [que tinha grande afinidade com o fascismo italiano]”, disse Heloisa.

Nessa análise política, também é importante entender como o movimento modernista foi utilizado pelo Estado Novo, de Getulio Vargas. “O Gustavo Capanema [ministro forte do governo Getúlio Vargas] era o homem, digamos, por detrás dessa estratégia de assumir o modernismo como uma politica cultural estatal”, disse Bagolin, explicando que a busca por uma arte brasileira, com identidade nacional, “serviu como uma luva para o projeto do Estado Novo”.

“O Estado Novo buscava demonstrar que o povo brasileiro, apesar de ser composto por uma miscigenação de etnias e culturas, ele deveria se apresentar como um povo, no singular; como uma cultura, no singular; uma arte brasileira, no singular. Até hoje falamos isso. Não falamos ‘as artes brasileiras’, que seria o mais correto porque são diferentes e somos diferentes”, disse o professor da USP.

Quando a ideia do modernismo surge em território brasileiro, há a utopia, por parte dos artistas, de que essa arte nacional seria utilizada para modificar o país. Mas quando essa ideia passa a ser apropriada pelo Estado, Mário de Andrade se desencanta com o movimento.

“Para o Mário de Andrade e para outros, quando o Modernismo é cooptado, se transforma no establishment ou na arte estatal, na arte defendida pelo Estado - e por um Estado ainda muito conservador - o modernismo morre. Todas aquelas iniciativas, todas as suas experiências, tudo o que eles fizeram, foi em vão”, destacou o professor do IEB.

Problematização

O principal objetivo da Semana de Arte Moderna de 1922 foi repensar de maneira crítica o tradicionalismo cultural, muito associado às correntes literárias e artísticas europeias, ao parnasianismo e ao academicismo formal.

Esse movimento foi liderado e protagonizado pela elite paulistana, bancado pela cafeicultura e ocorrido apenas 34 anos após a abolição da escravatura.

Temas como o colonialismo, a escravidão, a opressão indígena e a violência não entraram na agenda dos modernistas brasileiros e essa é uma das principais problematizações acerca da Semana, sob o ponto de vista crítico do século 21.

“O Brasil  tinha acabado de sair da escravidão. O Brasil tinha acabado de sair da monarquia e era uma jovem república. E em 1922, o grande acontecimento daquele ano não foi a semana de arte moderna. Foi a comemoração do primeiro centenário da nossa independência”, disse Bagolin.

“Dizer que o negro e o indígena não estavam representados na semana é um anacronismo. A participação de indígenas ou de afrodescendentes, o lugar de fala das pessoas, as suas expressões próprias, essas questões são demandas da nossa época. Elas são justas e devem ser defendidas, devemos brigar por elas. Mas não eram questões que se apresentavam nos anos 20 do século passado”, explicou o professor do IEB, que também é curador da exposição Era Uma Vez o Moderno, que está em cartaz no Centro Cultural da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

O que os modernistas fizeram naquela época foi a apropriação de outras artes, como a indígena, com as quais tiveram contato por meio de viagens e expedições que fizeram pelo interior do Brasil.

“Numa perspectiva hoje de decolonialidade, essas iniciativas são vistas com reserva. Às vezes, mais do que vistas com reserva, elas são criticadas, censuradas, porque, de novo, é o branco europeu, explorador, que vem e se apropria de parte de uma cultura que não é dele. Depois a expõe, vende, revoluciona o campo da arte e da cultura moderna com uma coisa que foi apropriada de um povo, de um outro povo, que está sendo esquecido, vilipendiado, roubado, trucidado. Então, numa perspectiva de decolonialidade, acho que é muito pertinente essa crítica”, disse Bagolin.

Atualmente, intelectuais e artistas indígenas têm se pronunciado sobre o modernismo, olhando para essa tradição. “Antes tínhamos esses intelectuais, criados e formados nos centros urbanos, olhando para outras culturas brasileiras e para as culturais originais. Hoje temos a possibilidade de ouvir indígenas revisando Macunaíma [livro escrito por Mário de Andrade] e se posicionando sobre isso. Isso também é coisa do nosso tempo e acho que precisamos, nesse momento, ouvir muito. É a hora que temos para aprender muito sobre esse ponto de vista, que até agora não esteve no centro dos debates”, destacou Heloisa.

Modernismo além de 22

Cem anos depois, especialistas como Heloisa defendem a importância da Semana de Arte Moderna, mas também enfatizam que o movimento e a construção do modernismo no Brasil contaram com outros elementos.

“O grande aprendizado é esse: a gente tentar entender a potência e os limites do que foi a Semana de 22 porque acho que o que não dá mais hoje é, nas escolas, continuar falando da arte moderna e só da Semana de 22. Porque muita coisa aconteceu, muita coisa além. As experiências do modernismo no Brasil vão muito além da Semana de 22”, frisou Heloisa.

Na avaliação de Luiz Armando Bagolin, ser modeno hoje implica aprender com as diversidades brasileiras. “Eu acho que ser moderno hoje é encarar as diferenças. Nós somos diferentes. O Brasil é muito vasto, tem coisas que os brasileiros não conhecem. Não somos iguais e nós temos que nos entender nas diferenças. A gente não pode resolver essa história, formulando, a título de um projeto político ou ideológico, um Brasil no singular, um brasileiro no singular, todo mundo com a mesma nação”, destacou.

“Ser moderno hoje implica fazer a revisão de toda a norssa história e de toda a nossa cultura numa perspectiva decolonial, de decolonialidade. Isso é um dado recente. Aliás, é um conceito sociológico que data do final dos anos 90. Então é importante não perder esse instrumento sociológico porque ele nos formula muitos desafios”, acrescentou.

Aos 100 anos, Paulo Freire é atual. Com essa convicção, uma das maiores universidades do mundo, a Columbia, em Nova York, anuncia neste domingo (19), no centenário do educador brasileiro, uma série de eventos e incentivos para pesquisa sobre o seu trabalho. "Equidade, educação antirracista, gênero, a preocupação com diferentes camadas de opressão e exploração são temas com muita força na academia atualmente. E foram explorados há muitas décadas por Freire", diz o professor de Columbia Paulo Blikstein, que é brasileiro.

Ele é um dos idealizadores da Paulo Freire Iniciative, organizada pelo Teachers College, pelo Centro Lemann e pelo Institute of Latin American Studies (ILAS), todos de Columbia. No texto que apresenta a iniciativa, ao qual o Estadão teve acesso com exclusividade, a universidade americana lembra que Freire tem "um legado impressionante" que ajudou a promover "equidade e justiça social, missões alinhadas com as da Columbia".

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Freire nasceu em 19 de setembro de 1921, no Recife, e passou a vida defendendo uma educação que transformasse o mundo. Criou um método de alfabetização de adultos, que deu certo em Angicos, Rio Grande do Norte, mas logo foi perseguido pela ditadura militar e teve de deixar o País. No exílio, suas ideias se espalharam e começou a consagração internacional. Voltou ao Brasil em 1979 e foi secretário de Educação na Prefeitura de Luiza Erundina. Freire foi um dos pioneiros de uma pedagogia crítica, preocupada em formar cidadãos.

Seu livro Pedagogia do Oprimido, de Freire, é o terceiro mais citado de todos os tempos em pesquisas da área de ciências sociais. Mais até que A Interpretação dos Sonhos, de Sigmund Freud. Freire morreu em 1997, aos 75 anos.

Por ignorância ou desconhecimento, o mais célebre educador brasileiro foi associado em tempos de bolsonarismo ao comunismo ou a uma educação partidária. Tornou-se um dos principais alvos de ataques de grupos de apoio, ministros da Educação e do próprio presidente da República, Jair Bolsonaro.

A Columbia vai financiar estudantes que queiram pesquisar sua obra. Segundo Blikstein, a ideia é criar uma comunidade, que não precisa ser só de brasileiros. Haverá também um trabalho de advocacy em outras instituições do mundo para manter vivo o trabalho do brasileiro.

Os primeiros eventos serão em 3, 4, 10 e 11 de novembro com nomes da cultura e educação brasileiros e estrangeiros que vão discutir o legado de Freire em vários aspectos. Ele será online e aberto ao público em geral. E a partir de 2022 todo dia 19 de setembro terá uma palestra especial em homenagem ao educador na Columbia.

"Num momento no qual o País se encontra tão polarizado, precisamos contribuir para que setores da sociedade brasileira compreendam que Paulo Freire é um intelectual sofisticado, com propostas concretas para a educação de crianças, jovens e adultos", diz o aluno brasileiro de doutorado da Columbia, Danilo Fernandes Lima da Silva, de 34 anos, que também organiza a iniciativa.

Blikstein diz que a ideia dos eventos e pesquisas não é apenas repetir as ideias de Freire. "Ele sempre falava que ele não queria ser um fóssil, queria que o reinventassem, então é repensar, significar o que ele falou, mas antenado no mundo atual." A ideia dos organizadores é ampliar a iniciativa ao longo dos anos com mais seminários, publicações e bolsas de estudo.

Família. A neta de Paulo Freire, Sofia Freire, diz que está esperançosa por mudanças no País com a chegada do centenário do avô. Ela conta que, desde que voltou ao Brasil há três anos, depois de morar em Barcelona, convive com ataques a Freire. Sofia acaba de criar o coletivo independente Esperanzar (referência à palavra célebre do educador, que dizia que era preciso ter esperança e agir e, não, só esperar) para fomentar e assessorar ações transformadoras com movimentos sociais e atores culturais urbanos periféricos.

Uma das iniciativas é um mural imenso em um prédio na Avenida Pacaembu, na zona oeste, com uma foto de Freire e a frase: Esperançar: Amar é um ato de coragem. A expectativa é de que a obra, feita pelo artista Raul Zito, fique pronta hoje. "Escolhemos uma frase amorosa, não queremos partir para o conflito. Queremos gerar emoção e, se der para partir para a ação, melhor ainda", diz Sofia.

ENTREVISTA

Sérgio Haddad

biógrafo de Paulo Freire

O pesquisador Sérgio Haddad, biógrafo de Paulo Freire, acredita que os ataques que surgiram no governo de Jair Bolsonaro ajudaram a impulsionar a busca por conhecimento sobre o educador.

Há um entendimento equivocado de quem foi Paulo Freire?

Tem muita desinformação na crítica, por exemplo, ele nunca foi comunista. Era, sim, um pessoa de esquerda, estava do lado dos mais pobres, mas não se alinhava a nenhum governo autoritário, foi crítico com os comunistas. Mas há aqueles que não querem saber, criticam porque foi secretário do PT.

Onde é possível ver Freire nas escolas atuais?

Nas escolas mais participativas, que trazem o conhecimento dos alunos para a sala de aula. Freire fala que se um professor passa um ano dando a sua aula e no fim ele é o mesmo, algo está errado. Esse estímulo a refletir no processo educativo é freireano.

Os ataques o enfraqueceram?

Acho que a quantidade de eventos, de textos, que vem sendo feitos foi também muito impulsionada por essa conjuntura. Desde a campanha, com ministros da Educação atuais, foi surgindo um movimento em defesa do legado de Freire e de debate sobre seu pensamento e obra. Se ele estivesse vivo, seria uma voz muito forte para confrontar o que está ocorrendo. Ninguém é obrigado a gostar dele, mas respeitar seu reconhecimento internacional seria uma forma de respeito à ciência.

O que será que ele diria sobre Bolsonaro?

Ele estaria muito bravo, estaria verbalizando uma raiva, mas também o ‘esperançar’. A importância de saber que o futuro não é inexorável.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O centenário do educador pernambucano Paulo Freire, que em 19 de setembro de 2021 completaria 100 anos, será comemorado virtualmente com muita alegria e cultura popular. Uma dezena de instituições do movimento educacional brasileiro e internacional promovem, nos dias 19 e 20 de setembro, o 100º Aniversário de Paulo Freire em evento virtual. A live será composta de ato político, pedagógico e cultural, com a apresentação do cantor pernambucano Alceu Valença, às 18h do dia 19.

Dentre as instituições promotoras do evento virtual, estão a CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação), a UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), a IEAL (Internacional da Educação para a América Latina), a Red Estrado (Rede de Estudos Latino Americano sobre o Trabalho Docente), o CEAAL (Conselho de Educação Popular da América Latina e do Caribe) e as entidades que compõem o FNPE (Fórum Nacional Popular de Educação).

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Mas a programação é extensa e contará, também, com o cantor e compositor Silvério Pessoa, com o Cavouco Trio (Paula Bujes, Pedro Huff e Antônio Barreto - UFPE), o Bloco Flor da Lira de Olinda, a Quadrilha Junina Origem Nordestina, o Maracatu Estrela Brilhante do Recife e a cordelista Mariane Bigio. O evento será transmitido nos canais do Youtube da CNTE, da UFPE e da IEAL.

Além da programação cultural, o dia 19 de setembro, denominado "Ato Político, Cultural e Pedagógico Paulo Freire", contará com a presença de lideranças educacionais e sindicais do Brasil e do mundo. O ato político também transmitirá a inauguração da escultura de Paulo Freire em Buenos Aires, na Argentina. Também falarão por meio de vídeos gravados o ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva; o secretário Geral da Internacional da Educação, David Edwards e a professora Nita Freire, viúva do educador Paulo Freire.

Em outro bloco de breves intervenções, também darão seu recado os escritores Leonardo Boff, Mário Sérgio Cortella e a ex-prefeita de São Paulo e deputada federal Luiza Erundina. Em comum, todos conviveram e tiveram suas obras influenciadas por Paulo Freire, sendo que o educador foi Secretário de Educação na gestão de Erundina.

O evento será intercalado com as intervenções políticas e atrações culturais. Falarão, também, os ex-ministros da Educação Cristovam Buarque e Aloizio Mercadante.

Plenária Mundial Popular de Educação

No dia 20 de setembro, a celebração do Centenário de Paulo Freire se dedicará a ouvir as várias vozes do Continente Americano, Europa e África que estudam e praticam o pensamento freireano. A live do dia 20 terá, em sua abertura, a Aula Magna do semestre letivo da UFPE, proferida pelo reitor Alfredo Gomes e pelo vice-reitor Moacyr Araújo.

Logo após, entidades do movimento sindical e social coordenam um bloco audiovisual apresentando as contribuições de Paulo Freire para o movimento sindical da educação e pedagógico latinoamericano. Serão apresentadas as influências de Paulo Freire na pesquisa, na ação e nos saberes das juventudes, no ensino, na cultura e nas ciências.

A importância de Paulo Freire para os movimentos sociais no mundo também será tema de debates, com a presença de educadores e educadoras do Brasil, Argentina, Chile, Cuba, Estados Unidos, Portugal, Espanha, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique, Guiné Bissau, Cabo Verde, todos compartilhando experiências da educação freriana. Bem como, depoimentos de gestores públicos e parlamentares tratando das contribuições de Paulo Freire para as políticas educacionais.

Toda a programação será online nos canais do Youtube da CNTE, da IEAL e da UFPE.

Como uma das homenagens prestadas ao centenário de Paulo Freire, a Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco (SEE-PE) lançou um concurso voltado para alunos da Rede Estadual de Ensino. “100 anos em Con(texto)” traz como objetivo a vivência dos ensinamentos de Paulo Freire por meio de poemas, cartões, postais e vídeos produzidos pelos estudantes. As inscrições para participar da ação vão de 2 a 6 de agosto. Confira o processo completo de inscrição no edital de abertura.

Os alunos elegíveis para participar deverão está regularmente matriculados nas escolas públicas da rede estadual nos anos iniciais e finais do ensino fundamental, médio e na educação de jovens adultos. As categorias estão dividas em: Poema para o ensino fundamental (anos iniciais); Cartão Postal para ensino fundamental (anos finais), educação de jovens adultos (anos finais) e projeto travessia (ensino fundamental); Vídeo para ensino médio, educação de jovens e adultos (ensino médio) e projeto travessia (ensino médio).

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Para participar do concurso, os candidatos devem entregar à Comissão Escolar o formulário preenchido e a produção do estudante. A escola deve submeter os trabalhos aprovados pela comissão para etapa regional por meio do link enviado pela Gerência Regional.

Segundo Marcelo Barros, secretário estadual de educação e Esportes, o objetivo é a vivência proposta pelo concurso aos ensinamentos do patrono: “Ao longo de todo ano a nossa rede estadual vai abordar e vivenciar os ensinamentos do patrono da educação brasileira e pernambucana. Nossas escolas estão sendo orientadas a viver essas experiências que vão traduzir a essência de Paulo Freire, possibilitando que pessoas de classes menos favorecidas desenvolvam uma consciência crítica de sua situação e se coloque como protagonista de sua vida”, afirmou o secretário. “Cada uma dessas categorias possui um tema que representa uma citação de Paulo Freire. O estudante deve abordar este tema em seu projeto” completou, segundo informações da assessoria de imprensa.

O resultado final está previsto para ser divulgado 17 de setembro. Os contemplados no pódio ganharão tablet e kit literário, smartphone e kit literário e smartphone e kit literário, respectivamente. Confira o cronograma e mais informações sobre as etapas e pontuações dos trabalho no edital.

Promovida pelo Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), de 16 a 18 junho, a Semana Pedagógica 2021 irá homenagear o centenário de Paulo Freire. A iniciativa visa promover ações que discutam e reflitam sobre as dimensões da formação docente na perspectiva da formação humana. O parâmetro utilizado é o processo formativo amplo, articulado as dimensões de ensino-pesquisa-extensão.

Esta edição da Semana Pedagógica conta também com a abertura do Fórum das Licenciaturas que está previsto para ser realizado entre os dias 16 a 18 de junho, remotamente, por meio das plataformas YouTube e Google Meet. As atividades de mesas temáticas, oficinas, mostra científica, rodas de diálogos e mostra artística serão realizadas durante todo o dia.

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Os docentes, estudantes do 2º ano de curso de mestrado e doutorandos também estão convidados a participar como avaliadores dos trabalhos científicos, oficinais e propostas de rodas de diálogo que compõem o cronograma do evento. Os interessados devem escrever um e-mail para enviodepropostas.spce@gmail.com com o título 'Avaliadores'.

Nesta quarta-feira (12), Ruth de Souza foi lembrada através de homenagens na internet. Atores como Lázaro Ramos, Camila Pitanga, Cris Vianna, Olivia Araujo e Jéssica Ellen celebraram no Instagram o centenário de Ruth. Taís Araújo, que recentemente estava no ar em Amor de Mãe, escreveu: "Não há como mensurar o privilégio que foi presenciar e aprender com a imensidão de Ruth de Souza. Descanse em poder, seu legado jamais será esquecido".

Quem também fez questão de lembrar de Ruth foi Zezé Motta, dizendo aos seguidores que foi uma honra já ter trabalhado com a atriz. "Abriu caminho para os futuros artistas afro-brasileiros", disse Zezé. Ruth de Souza morreu em julho de 2019, aos 98 anos, devido complicações de um quadro de pneumonia.

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Colecionando ao longo dos seus 60 anos de carreira grandes personagens no cinema, teatro e na TV, Ruth de Souza foi a primeira atriz negra a se apresentar no palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, na década de 1940. Ela também foi a primeira protagonista negra de uma novela na Globo, A Cabana do Pai Tomás, em 1969.

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A empresa cinematográfica francesa MK2 Productions, em parceria com a distribuidora internacional Piece Of Magic, anunciou que vai restaurar obras de Charles Chaplin (1889-1977). A ação acontece como forma de comemorar alguns títulos do cineasta que completam 100 anos, como o longa-metragem "O Garoto" (1921).

A MK2 está responsável pela restauração 4K do filme, que será exibido em meados de setembro na França. "O Garoto" mostra o icônico personagem que Chaplin deu vida, o Carlitos, um homem pobre, que veste smoking e chapéu-coco, e que tenta proteger a todo custo um garoto que foi abandonado pela mãe quando ainda era um bebê.

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Já a Piece of Magic está responsável por trabalhar com uma rede de exibidores para lançar este e outros filmes em cerca de 50 países ao redor do mundo. Entre os filmes que serão restaurados, seja em 2K ou 4K, estão "Em Busca do Ouro" (1925), "O Circo" (1928), "Luzes da Cidade" (1931), "Tempos Modernos" (1936) e "O Grande Ditador" (1940).

Chaplin é considerado um dos pilares na história da sétima arte. Embora tenha dirigido e atuado em muitos filmes mudos, suas produções trazem mensagens atemporais sobre classes sociais, preconceito e cenários políticos. Em duas ocasiões, Chaplin recebeu o Oscar honorário. A primeira vez, em 1929, ano de estreia da premiação, que prestigiou o artista pela genialidade, e em 1972, quando a Academia reconheceu o trabalho dele como uma contribuição sem precedentes para o cinema.

Por Thaiza Mikaella

Maior ganhador da Copa do Brasil, com seis conquistas, bicampeão da Libertadores, único time de fora de São Paulo e do Rio a vencer o Brasileirão na era dos pontos corridos - e três vezes. O Cruzeiro completa cem anos de fundação neste sábado recheado de conquistas, feitos e craques históricos. Mas elas se contrapõem, nesse momento, aos maiores desafios e aos piores momentos da trajetória desse, agora, centenário clube.

Rebaixado à Série B em 2019, o Cruzeiro caiu na esteira de uma crise financeira, de gestão e ética, com graves acusações contra os antigos gestores, especialmente o presidente Wagner Pires de Sá e o vice Itair Machado. Veio 2020, mas não a redenção que costuma acompanhara participação dos grandes clubes que disputam a segunda divisão nacional.

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Com apenas 41 pontos somados em 32 rodadas e na 11.ª posição, o time tem chances remotas de acesso e deverá passar o ano do centenário na Série B. Com poucos recursos e muitas dívidas a pagar, contará com uma folha salarial mais modesta do que o da temporada 2020, como adianta o presidente do Cruzeiro, Sérgio Santos Rodrigues, ao Estadão, o que pode provocar a saída de alguns dos jogadores mais renomados. E ainda forçará a renegociação de contratos.

Santos Rodrigues, de apenas 38 anos, é o responsável por comandar o clube desde maio, inicialmente em um mandato-tampão e agora até dezembro de 2023. Com o time tendo sido dirigido por 4 técnicos em2020, reconhece que pode ter errado na direção do Cruzeiro nesse período, mas também ressalta as dificuldades de se gerir uma equipe endividada, valorizando o pagamento de R$ 32 milhões em dívidas na Fifa.

Veio, aliás, de uma decisão da Fifa uma das dores de cabeça do Cruzeiro em 2020, a perda de 6 pontos na Série B em função de um calote no Al-Wahda pela contratação do volante Denilson. Para Santos Rodrigues, que viu a punição ser imposta poucos dias antes da sua eleição, houve um erro de planejamento do conselho gestor que dirigia o clube na época, o que prejudicou diretamente o clube na luta pelo acesso.

Santos Rodrigues ainda pede tempo para recuperara credibilidade dos gestores cruzeirenses juntos aos torcedores, ansiosos por punições a dirigentes de um passado recente e aos conselheiros que eram remunerados na gestão de Wagner Pires. Além disso, minimiza a presença de nomes vinculados ao grupo político "Família União", que estava à frente do clube entre 2016 e 2019, na chapa do Conselho Deliberativo que será eleita neste sábado.

Com tantos desafios, ele espera, ao fim da sua gestão, em 2023, ser lembrado como "a pessoa que contribuiu para o Cruzeiro não acabar", embora afirme que o clube agora centenário "será sempre maior do que os seus problemas".

Confira a entrevista do presidente do Cruzeiro ao Estadão:

Qual é o tamanho da responsabilidade e do desafio de presidir o Cruzeiro em seu centenário?

É um orgulho grande, até maior do que a responsabilidade, qualquer torcedor gostaria de estar nessa posição. Infelizmente, a pandemia e a situação esportiva ofuscam um pouco, mas é o momento de celebrar a nossa história. O Cruzeiro é um gigante. Um ano ruim, onde o Cruzeiro foi jogado por outras pessoas, não apaga isso.

Além de ser o ano do centenário, 2021 também deverá ser o segundo consecutivo do Cruzeiro na Série B, algo inédito para os principais clubes do País. Como enxerga esse momento tão difícil?

Eu digo que é a primeira vez de muitas coisas no Cruzeiro: de uma pandemia, de uma renúncia e de uma eleição-tampão, do pagamento de dívidas de R$ 32 milhões para a Fifa. Precisei usar esses recursos para evitar uma punição maior, ao invés de aplicá-lo no time em um momento de receitas difíceis. Começar o torneio com menos seis pontos também foi a primeira vez. Não existe projeto de sucesso de curto prazo. O nosso é de médio e longo prazo e temos a convicção de que estamos fazendo o nosso melhor, não só no time, mas na organização. O Fábio falou muito bem, o Cruzeiro está colhendo os efeitos do mal planejamento.

O Cruzeiro já quitou algumas dívidas na Fifa, mas ainda tem outros casos pendentes. Como estão essas situações e o que o clube tem feito para evitar novas punições?

Temos em aberto o caso do Denílson, co mprevisão de resolução no fim do ano que vem, além das questões do Arrascaeta e do Riascos, para os quais ainda não há uma previsão de data. São casos complicados. O problema é que quando você não paga, isso se torna uma ação de execução. Enquanto ela não vem, buscamos negociar. Ficamos quase um mês sem poder contratar. A vantagem é que não podemos mais perder pontos como pena, com o caso do Al Wahda envolvendo risco de rebaixamento.

Você considerou que houve erro do conselho gestor do Cruzeiro ao não quitar a dívida com o Al-Wahda? E como a punição afetou o time dentro de campo na Série B?

Erro é muito pesado, prefiro falar em falta de planejamento. Minha eleição foi em uma quinta e a dívida caiu na segunda. Semanas antes, o Dalai (Rocha), o presidente da época, disse que o Cruzeiro iria pagar todas as dívidas na Fifa. Ninguém se preparou para nada. Aí, na segunda, me ligaram quando estourou, pedindo ajuda.

Se tivéssemos, os 6 pontos antes do jogo de terça (0 a 0 com o Cuiabá), estaríamos a 3 da zona de acesso. E aí é outro tipo de jogo. Os técnicos, os jogadores sentiram e não têm culpa disso. Não tenho dúvida que é um fator relevante, que atrapalhou o Cruzeiro na Série B.

Depois da sua eleição, o Pedro Lourenço (empresário dono do Supermercados BH, patrocinador do Cruzeiro), ajudou o Cruzeiro a quitar outra dívida na Fifa, com o Zorya, da Ucrânia, pelo William. O que mudou nesse caso e qual é a importância dele na sua gestão?

Ele é fundamental, tanto que os filhos também estão na chapa para o Conselho Deliberativo. Se questionou na época porque ele não pagou. Mas não é assim. Fizemos um projeto de antecipação de patrocínio, mostramos os ganhos que teria, como um parceiro, ao invés só de pedir dinheiro. Logo depois da minha posse, teria outra punição, essa do Zorya, e aí ele topou ajudar em cima do projeto. Ele não tinha necessidade de fazer, mas fez como um grande cruzeirense.

O Cruzeiro está em seu quarto técnico em 2020. Avalia que houve erros na condução do clube nesta temporada?

As pessoas pedem muito para falar que erramos, e é claro que nós cometemos erros. Mas é muito difícil fazer futebol sem dinheiro. Eu chego com o Enderson (Moreira) como técnico, achava que ia dar certo e ele era elogiado por todos. Não deu certo, então fiz a opção pelo Ney Franco. Em conversas, muitos diziam que precisávamos de um técnico de Série B. O Ney tinha acesso recente pelo Goiás, é cruzeirense, veio com salário compatível. Analisar pelo resultado é fácil. Depois, fomos pelo Felipão, um nome grande, um perfil que se encaixou. Sobrou para mim o pagamento das dívidas na Fifa. Com esses R$ 32 milhões, eu montaria um grande time. As receitas de TV, bilheteria e patrocínio foram diluídas.

Desde 2019, há uma cisão entre a torcida do Cruzeiro e os atores políticos do clube, com protestos, sendo os últimos pela presença de representantes da "Família União" na chapa do Conselho Deliberativo. Como recuperar a relação e a confiança dos cruzeirenses?

Mostrando o trabalho. A mentalidade precisa mudar, porque a torcida se baseia muito em resultados. Os dirigentes que roubaram o Cruzeiro em dois anos, foram aplaudidos enquanto ganhavam títulos. A torcida foi induzida a isso. Ela pode ser exigente, mas precisa acreditar no trabalho em um momento atípico.

Essa chapa tem 220 novos conselheiros. Aí muita gente reclama por ter gente que votou na outra chapa. O contexto é diferente. Talvez seja a melhor chapa do Cruzeiro em anos, com grandes empresários, parceiros do Cruzeiro, como os filhos do Pedrinho, a Emccamp, pessoas da política, advogados de grandes escritórios. Tem muita gente que pode ajudar. Precisamos de tempo para mostrar serviço. Às vezes só querem repercutir 10 nomes de 220.

Na torcida, existe uma avaliação de demora na punição aos dirigentes e conselheiros que eram remunerados no Cruzeiro. Concorda?

Do que a presidência pode fazer, ninguém pode reclamar, porque acionamos todos na Justiça, com bens sendo bloqueados. O julgamento dos conselheiros remunerados não depende da gente, é uma decisão do conselho, mas está andando. Não dá também para fazer tudo ao mesmo tempo. Não vou consertar em 6 meses os 8 amos de problemas de gestão.

Há críticas ao desempenho das divisões de base do Cruzeiro, com resultados ruins e pouco protagonismo dos jogadores que subiram aos profissionais. Você está satisfeito?

Não estou satisfeito, tanto que mudei tudo lá. O Cruzeiro tem a maior minutagem de aproveitamento de jogadores sub-21 na Série B. A gente herdou um time de jovens, mas a responsabilidade não pode recair sobre eles. O Cruzeiro estreou no Mineiro com um time com 6 jogadores que nunca tinham atuado entre os profissionais e acabou dando em eliminação precoce na Copa do Brasil e queda antes da semifinal do Mineiro. Tem jogadores que demoram mais a amadurecer. Começamos jogos com vários jovens.

Com a manutenção na Série B, o time do Cruzeiro em 2021 terá de ser mais barato do que o atual? E como tornar isso possível?

Com certeza absoluta. Renegociando contratos, contratando com salário menor, alguns jogadores vão sair. Teremos de ser assertivos, mas agora não entrarei na temporada com a coisa andando. Aparte técnica, a gente só vai falar quando o campeonato acabar. Mas já estamos trabalhando com o técnico no esqueleto do time que ele quer para a temporada que vem.

Como você quer ser lembrado pelo torcedor do Cruzeiro ao fim do seu mandato?

Como a pessoa que contribuiu para o Cruzeiro não acabar. O conselho gestor falava desse risco, em terra arrasada. Eu nunca gostei, porque o Cruzeiro sempre será maior do que os seus problemas. Precisávamos arregaçaras mangas para evitar um problema ainda maior. Se não pagasse a dívida (com oZorya), poderíamos ter começado a Série B com menos 12 pontos. Aí, a chance de queda seria grande, o que nos impediria de honrar compromissos. Quero ser visto como o cara que topou encarar o desafio e deu um choque de gestão, transformando o Cruzeiro em uma instituição sustentável.

A literatura brasileira - e também a mundial - celebra neste 2020 o talento de Clarice Lispector. A história de uma das maiores escritoras do século XX começa em 10 de dezembro de 1920, em Tchechelnyk, na Ucrânia. E continua no Brasil, onde Clarice conheceu a língua de sua grande expressão, na qual deixou o seu legado em palavras. O mês de dezembro também testemunhou a derradeira viagem de Clarice, no dia 9, em 1977, no Rio de Janeiro.

O Brasil de 1922 testemunhava os horrores da 1ª Guerra Mundial. Nesse cenário apocalíptico, a luz faria nascer “A hora da estrela”. Esse é o título da última publicação da ucraniana Haia Pinkashovna, que ao desembarcar em terras brasileiras, em 1922, torna-se Clarice Lispector.

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A família, de origem judia, instala-se, a princípio, na capital alagoana, até o instante em que o pai de Clarice leva a esposa e filhas para o Recife (PE). Nesta cidade, Clarice despede-se da mãe, Marieta, que morre em 1929, vitimada pelas sequelas dos atos sofridos na terra de origem.

Pedro Lispector decide, então, migrar para o Rio de Janeiro, na esperança de encontrar melhores chances de trabalho e viver mais tranquilamente em companhia de suas três filhas. Começava-se a escrever mais um capítulo na vida da futura jornalista e consagrada escritora.

Aos 23 anos, Clarice casa-se com o diplomata Maury Gurgel Valente, e dessa união nascem Pedro e Paulo, pelos quais a escritora sempre declarou profundo amor materno. Os filhos são também o motivo de Clarice adentrar no universo da literatura infantil e lançar “O mistério do coelho pensante”.

Clarice causara impacto logo ao lançar seu primeiro romance, "Perto do coração selvagem”, e seria um dos nomes a revolucionar o panorama literário dos anos quarenta. Incompreendida por uns, silenciando outros, seguiria a encantar o Brasil e o mundo.

Sua formação leitora recebeu as vozes de Tolstói, Kafka, Hesse, Flaubert, Machado de Assis, Shakespeare, entre outros expoentes da literatura universal. A romancista, além da língua materna, o iídiche, dominava as línguas francesa, italiana, inglesa e a língua portuguesa, em que escreveu diversos títulos: “A paixão segundo G.H.”, “Enigma”, “Ideal burguês”, “A quinta história”, contos, poesias, cartas e crônicas.

Clarice Lispector viajou o mundo ao acompanhar o esposo diplomata nas diversas missões exigidas pelo Itamaraty. Teve suas publicações traduzidas em diversos idiomas e editadas em mais de 30 países.

Em 1940, o Pará recebia Clarice, que durante seis meses permaneceu em Belém, onde conquistou a amizade do professor Francisco Paulo Mendes, com quem manteve diálogo constante e foi o articulador dos encontros literários nos quais a jovem romancista pôde conversar com o público local.

Também é paraense um dos mais renomados estudiosos de sua obra, o filósofo Benedito Nunes, que publicou “O drama da linguagem – uma leitura de Clarice”.

Clarice Lispector permanece eternizada em cada leitor, torna-se assunto de amplas discussões tanto entre especialistas quanto entre leigos. Recebe homenagens e os títulos de sua autoria convertem-se em filmes, musicais e inspiram outras obras.

O Brazil LAB, da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, criou a Biblioteca Sonora Clarice 100 Ears. No Brasil, o cineasta F. de Carvalho produziu o filme “A paixão segundo G.H".

A escritora também é tema dos publicados “Clarice, uma vida que se conta”, de Nádia Battella Gotlib, e “Clarice, uma biografia”, de Benjamin Moser.

Os artistas Moreno Veloso, Beatriz Azevedo, Jaques Morelenbaum e Marcelo Costa criaram o show "Agora Clarice", com a participação da cantora  Maria Betânia.

No último 10 de dezembro, exato dia de seu nascimento, foi transmitida pelo Instagram a live do projeto "Clarice Belém", para celebrar o centenário de Lispector.

Entrevistada pelo Portal LeiaJá, a professora Salier Castro, do Centro de Formação de Professores da Educação Básica do Estado do Pará (CEFOR), disse que ler Clarice é importante não somente para conhecer a obra da escritora, como também sua postura como jornalista, esposa e mãe: "(Clarice) nos convida a olhar para dentro de nós. Penso que estamos necessitados disso. Seus cem anos são um presente para o leitor.”

Estudante de Pedagogia, Adriano do Vale Pereira revela sua admiração pela escritora: “Minha professora de literatura e redação pediu uma pesquisa sobre  Clarice. Eu estava no Ensino Médio. Fiquei encantado em saber que ela morou em Belém e gostei muito de ler seus textos. Clarice permanece em minha memória”.

Clique no ícone abaixo e ouça a leitura de textos de Clarice Lispector na voz de Rosângela Machado.

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Mais informações: 

Instituto Moreira Salles (IMS)

Por Rebeca Costa, Rosângela Machado e Quezia Dias. 

 

O Recife perde mais uma casa noturna durante a pandemia do novo coronavírus. Na última sexta (13), o Armazém Centenário, localizado na rua Barão de Itamaracá, no bairro do Espinheiro, na Zona Norte do Recife, anunciou, em suas redes sociais, que fechará as portas em definitivo. O bar funcionou por cinco anos, ficando conhecido pelas noites de quinta-feira, sempre de casa cheia.

“As noites nunca mais serão as mesmas. O Centenário marcou a noite do Recife de uma forma incontestável. Tudo na base do beijo, na base do amor. Sem disse-me-disse. O tempo parado por conta da pandemia nos atingiu em cheio e não teremos pernas para voltar com o antigo formato o qual consideramos ideal para o nosso público”, diz a nota de despedida.

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De acordo com um dos sócios do Armazém Centenário, Mário Telles, o objetivo da gestão é o de repassar o ponto para outros empreendedores interessados em manter o estabelecimento funcionando. “A gente está dando prioridade a quem queira realmente continuar com um bar ou mesmo com o próprio Armazém Centenário. Já apareceram alguns interessados, com os quais ficamos de sentar para conversar na próxima semana”, frisa Telles.

O empresário informou que, apesar da autorização para reabertura, o bar “não tinha mais gás para se manter funcionando”, depois de cinco meses fechado e sem faturamento. “Ficaram algumas coisas atrasadas, como o aluguel, o espaço era relativamente pequeno e agora há uma limitação ao número de pessoas, sem previsão de retorno à normalidade. De toda forma, a gente também não concordaria com uma reabertura nesse momento da pandemia”, lamenta Telles.

Depois de ser marcado em uma publicação no Twitter, o Náutico resolveu presentear aquele que talvez seja seu torcedor mais antigo. José de Queiroz Barros, de 106 anos de idade, mantém a paixão pelo clube de coração e queria uma camisa de presente de aniversário.

"Sr Queiroz, a honra será nossa de presentear você com o manto alvirrubro. Obrigado pelo amor incondicional ao Náutico e parabéns pelos 106 anos de vida. São pessoas como o Sr Queiroz que fazem o Timba ser gigante e ter a torcida mais fiel do NE. Tem presente chegando amanhã!", prometeu o clube alvirrubro.

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A Polônia comemorou o centenário do nascimento do papa João Paulo II nesta segunda-feira (18), em meio a fortes tensões políticas. Conservadores nacionalistas do Partido da Justiça e da Justiça (PiS) estão atualmente enfrentando oposição sobre a eleição presidencial, complicada pela pandemia.

O PiS quer organizá-la rapidamente para favorecer a provável vitória do atual presidente Andrzej Duda, mas a oposição vê isso como um movimento para reduzir as chances de seus candidatos.

Em numerosas homenagens, missas, concertos e cerimônias, foi destacado o papel do papa polonês na queda dos regimes comunistas na Europa Oriental, inclusive pelo embaixador alemão na Polônia, Rolf Nikel, que apresentou ao museu João Paulo II um fragmento do muro de Berlim.

"Com este gesto, queremos agradecer à Polônia e a João Paulo II por sua contribuição à queda do Muro de Berlim", afirmou.

O primeiro-ministro polonês Mateusz Morawiecki destacou João Paulo II como um "compatriota magnífico" que "mudou o curso da história do mundo".

"Graças a ele, graças ao Solidariedade (federação sindical liderada por Lech Walesa), o comunismo caiu e podemos construir uma Polônia livre ano após ano", afirmou.

O líder do principal partido da oposição, a Plataforma Cívica (PO, centrista), Borys Budka, que visitou Wadowice, cidade natal de Karol Wojtyla, insistiu principalmente no apoio do papa à unidade da Europa.

"A João Paulo II, ao seu compromisso no processo de adesão da Polônia à União Europeia, deve-se ao sucesso do grande referendo, no qual uma clara maioria dos poloneses se pronunciou a favor da adesão à UE", disse.

A mídia polonesa noticiou a missa que o papa Francisco celebrou na tumba de São João Paulo II e as homenagens que lhe foram prestadas no exterior, especialmente na Hungria e na Lituânia.

Nascido em 18 de maio de 1920 e escolhido papa em 16 de outubro de 1978, Karol Wojtyla morreu no Vaticano em 2 de abril de 2005. Ele foi canonizado em 27 de abril de 2014 pelo Papa Francisco.

O centenário de seu nascimento coincide com o lançamento, no último sábado, de um documentário sobre atos pedófilos na Igreja polonesa.

O sul-africano Fredie Blom, que perdeu sua irmã devido à "gripe espanhola" há mais de cem anos, comemorou seu 116º aniversário na Cidade do Cabo nesta sexta-feira, em meio à pandemia de coronavírus.

"Vivi tanto tempo pela graça de Deus. Ele é rei, é quem nos dá tudo", disse ele à AFP.

Fredie Blom nasceu em Adelaide, na província de Eastern Cape, em 1904, como evidenciado por sua certidão de nascimento que ele ainda mantém.

Por esse documento, Blom pode ser considerado o homem mais velho do mundo. Em março, o Guinness Book of Records apontou o britânico Bob Weighton como o maior ancião da humanidade, mas ele tem 112 anos.

O centenário da África do Sul não está enfrentando sua primeira pandemia. Ele ainda se lembra da gripe espanhola que deixou 50 milhões de mortos.

"Lembro que foi em 1918. Perdi minha irmã", diz.

O idoso, confinado como os 57 milhões de habitantes da África do Sul, não parece preocupado com o coronavírus ou com o que está acontecendo no mundo.

Com um cigarro na mão, reclama da proibição de vender tabaco ditada pelo presidente Cyril Ramaphosa. "Ele não sabe o que está fazendo", diz, acrescentando que gostaria de ter tabaco como presente de aniversário.

Blom decidiu parar de ir ao médico há mais de dois anos, cansado de ser "perfurado". "Agora ele toma apenas duas aspirinas por dia, às vezes rouba minhas pílulas", diz sua esposa de 86 anos, Jeannette, com quem não teve filhos.

Ao longo da vida, Fredie Blom foi agricultor na Cidade do Cabo e agora passa a maior parte do tempo trabalhando no jardim ou assistindo televisão.

Em plena surto pandêmico, um veterano da Segunda Guerra Mundial comemorou nesta semana 107 anos. Além do conflito histórico, o ex-soldado também sobreviveu ao surto de gripe espanhola, ocorrida em 1918.

Longe da família em decorrência das restrições da Covid-19, Reg Lewis comemorou seu aniversário na casa de repouso Forder Lane House, localizada em Devon, na Inglaterra. Ele tem três filhos idosos: duas mulheres, Gil e Sylvia, de 75 e 70 anos, respectivamente; e Mike, que completou 72.

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Ao lado de amigos e cuidadores, a administração do abrigo fez uma festa surpresa para o centenário, com direito à velas e cartão de feliz aniversário. "Meu pai está muito feliz ali e sempre diz que está sendo muito bem cuidado", agradeceu Mike.

A cidade italiana de Rimini celebra nesta segunda-feira o centenário do nascimento de um dos gênios do cinema, Federico Fellini, cujo universo fantástico e surrealista marcou a história da sétima arte.

O diretor, que revolucionou o cinema com seu mundo onírico, sua melancolia e transbordante imaginação, graças a filmes inesquecíveis, como 'A estrada da vida' (1954), 'Noites de Cabíria' (1957), 'A Doce Vida' (1960), falecido em Roma em 1993, completaria 100 anos nesta segunda-feira.

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Um século depois de seu nascimento, sua cidade Rimini, sobre o mar Adriático, no centro da península, onde nasceu 20 de janeiro de 1920, lhe prepara um presente muito especial: um museu completamente dedicado ao mestre, com poesia e tecnologia.

A cidade que certamente inspirou uma de suas obras-primas, Amarcord (1973), um retrato da Itália profunda em pleno fascismo, quer que o museu será "uma praça de sonho", como a chamou o jornal Il Fatto Quotidiano, pela cenografia visionária e as instalações de seus filmes.

"O efeito onírico estará garantido", prometeu o prefeito Andrea Gnassi há um mês ao apresentar o projeto de Museu Internacional Federico Fellini, chamado também de museu sem muros, que será inaugurado em dezembro de 2020.

"Alguns filmes de Fellini, como Amarcord e a Doce Vida, se são vistos com atenção, é como ver um livro de história, se recorre à história da Itália, dos anos 30 até os 80", comentou à AFP Marco Leonetti, responsável pela Cinemateca de Rimini.

A homenagem a Fellini, que durará o ano todo, inclui também a exposição, no castelo medieval, 'Fellini 100. Gênio imortal", que contará com instalações e concertos.

A exposição em Rímini, que durará até março, será itinerante e depois de sua primeira parada em Roma, passará por Los Angeles, Moscou, Berlim, São Paulo, São Petersburgo, Toronto, Buenos Aires e Tirana.

Para a grande festa colectiva dedicada ao vencedor de cinco estatuetas do Oscar, assim como do Leão de Ouro de Veneza e a Palma de Ouro de Cannes, a Itália preparou uma mostra alegre, que inclui imagens de Fellini, filmes, recordações, música, documentos, fantasias, objetos, fotografias, algumas expostas pela primeira vez ao público.

A homenagem ao cineasta inclui também uma série de concertos com a Orquestra Sinfônica, com música de Nino Rota e as trilhas sonoras de seus filmes.

A editora Rocco está preparando uma série de novidades em razão do centenário da escritora Clarice Lispector, celebrado em 2020. Para festejar a autora, serão promovidos diversos lançamentos de sua obra reeditada. As primeiras novidades chegarão já neste mês de dezembro, antes da virada do ano. 

Abrindo as atividades do centenário, neste mês de dezembro serão lançados os três primeiros livros de Clarice, escritos na década de 1940. São eles, Perto do Coração Selvagem, O Lustre e A Cidade Sitiada. Eles virão com novo projeto gráfico, assinado pelo designer Victor Burton. As capas contarão com telas feitas pela autora, que pintou 22 quadros ao longo de sua vida. 

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Além disso, os livros ganham renovação no conteúdo editorial, com posfácios escritos por especialistas em literatura como Nádia Battella Gotlib, Clarisse Fukelman, Benjamin Moser, Aparecida Maria Nunes, Ricardo Iannace, Marina Colasanti, Eucanaã Ferraz, Teresa Montero, Arnaldo Franco Junior e próprio filho da autora, Paulo Gurgel Valente.


 

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