Tópicos | Literatura

Nesta quinta-feira (2), tem início a última etapa da programação virtual que antecede a feira literária presencial da XIII Bienal Internacional do Livro de Pernambuco. O evento, com programação gratuita e transmissão disponível através da plataforma e-Bienal, começa às 19h, com um painel sobre a educação em meio à pandemia, com a carioca Simone Brantes, poeta vencedora do 59º Prêmio Jabuti, em 2017.

A atividade faz parte das homenagens prestadas pela XIII Bienal PE ao centenário do educador pernambucano Paulo Freire, uma das personalidades homenageadas (in memoriam) desta edição. A mediação do debate fica por conta do jornalista e crítico literário Schneider Carpeggiani, responsável também pela curadoria do evento.

##RECOMENDA##

No mesmo horário, às 19h, a e-Bienal transmite, na sala Plataforma de Lançamentos, o lançamento da coletânea Pandemia Crítica, que reúne, em dois volumes, quase 130 textos assinados por nomes expressivos no Brasil e no exterior que abordam as ideias que a pandemia da Covid-19 despertou em todos, seja na esfera social, política ou civilizacional.

Participam da conversa o organizador da coletânea, Peter Pál Pelbar, filósofo, ensaísta, professor e tradutor húngaro. Gisele Beiguelman, artista e professora da FAUUSP, e Ailton Krenak, ativista do movimento socioambiental e de defesa dos direitos indígenas, também estão confirmados.

Na sexta-feira e sábado, a programação virtual da XIII Bienal PE segue com outras 15 atividades gratuitas divididas em quatro salas. Na grade, mais debates, lançamentos literários, oficinas, apresentações artísticas, homenagens e muito mais. A programação completa está disponível no site do evento.

Mais Bienal

De 1º a 12 de outubro, a XIII Bienal PE acontece de forma presencial no pavilhão interno do Centro de Convenções de Pernambuco, localizado em Olinda. A feira literária marca a retomada das atividades econômicas do Cecon como o primeiro grande evento presencial sediado pelo espaço após um longo período de restrições devido à pandemia da Covid-19. Todos os protocolos de segurança serão aplicados para garantir o bem-estar de todos.

A Bienal Internacional do Livro de Pernambuco é uma realização da Vox Produções, Ideação e Cia de Eventos. Entre os parceiros da iniciativa estão o Instituto Ricardo Brennand, Sesc, União Brasileira de Escritores (UBE), Porto Digital e Instituto Luiz Mário Moutinho.

Este ano o projeto também recebe apoio institucional da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e Sebrae, além de patrocínio da Petrobrás para ações da Bienalzinha, uma iniciativa com programação voltada para crianças de zero a seis anos de idade. A produção é de Rogério Robalinho, Guilherme Robalinho e Sidney Nicéas.

*Da assessoria

A editora Companhia das Letras informou que deixará de publicar a obra do poeta Carlos Drummond de Andrade, o que faz desde 2011. "A editora informa, com tristeza, que, por não ver possibilidade de aceitar os termos de renovação do contrato, decidiu deixar de publicar a obra de Drummond", afirma a empresa, em um comunicado, sem entrar em detalhes sobre os empecilhos.

No período de dez anos, foram lançados 54 títulos, incluindo poesia, crônica, diários, antologias e livros infantis. "Nossa coleção contou com conselho consultivo, projeto gráfico especial, novo estabelecimento de texto e posfácios encomendados para as edições, assinados por críticos e escritores que jogavam luz sobre a relevância de um dos principais poetas de língua portuguesa", continua a editora, no comunicado, informando ainda que os livros ficarão disponíveis por seis meses.

##RECOMENDA##

Antes da Companhia das Letras, a obra de Drummond era editada pela Editora Record, com alguns títulos saindo ainda pela Cosac Naify.

A II Semana Municipal do Livro e do Autor Paraense, realizada pela Prefeitura de Belém, entre os dias 21 e 25 de junho, por meio do Sistema Municipal de Bibliotecas Escolares (Sismube), vinculada à Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Semec), trouxe como tema “Diálogos sobre a produção literária paraense” e proporcionou novamente a reflexão sobre a importância da leitura e da valorização dos autores do Pará.

Márcia Bittencourt, secretária municipal de Educação, afirma que a relevância da iniciativa está na necessidade de crianças, jovens, adultos e idosos entrarem em contato e conhecerem os autores do estado. Ela acrescenta que a produção literária em Belém é muito grande, possuindo riqueza e diversidade. “Essa semana é fundamental para difundir esse material, esse conhecimento, essa gama de produção que nós temos”, diz.

##RECOMENDA##

Segundo Márcia, a Semana Municipal do Livro e do Autor Paraense – criada pela Lei Nº 9371 de 03 de maio de 2018 – faz parte da linha prioritária de ações da Prefeitura, que tem o objetivo de educar e alfabetizar toda a população, superando o analfabetismo em Belém, que atualmente afeta 32 mil pessoas. “Essa ação dos autores paraenses também contribui com esse processo”, complementa.

De acordo com a secretária de Educação, o envolvimento dos alunos e professores ocorreu por meio das atividades realizadas durante as aulas – não presenciais – através do Sismube, articulando todo o evento, que finalizou com a exposição dos autores e das produções no Arraial Literário.

Sobre o evento, Márcia Bittencourt destaca a participação de artistas e autores que são históricos no processo de educação em Belém, como Heliana Barriga e Juraci Siqueira. “A gente está só começando, não é só uma semana que encerra nela. É um projeto que a gente realmente está trazendo para a nossa cidade e que vai ser implantando em todas as nossas escolas municipais”, afirma.

Antônio Juraci Siqueira, professor e autor paraense com mais de 80 títulos publicados, que passeiam por diversos gêneros, foi um dos convidados da programação. Ele afirma que a relevância da Semana Municipal do Livro e do Autor Paraense reside em dar visibilidade aos profissionais das letras e suas obras, tanto para o público escolar quanto para a comunidade em geral.

O autor comenta a realização do evento em formato virtual e diz que a pandemia os obrigou a lançar mão de outras ferramentas, mas garante que a participação dele foi proveitosa. “Se perdemos o contato direto com o público, alcançamos pessoas que não conseguiríamos nos encontros presenciais. Avalio minha participação satisfatória, quer nas lives, quanto nos vídeos especialmente preparados para a semana”, observa.

Para Juraci, o principal resultado do evento foi a divulgação de novas obras. “Conheci muitos livros recém lançados de amigas e amigos escritores, além de ouvir novos contadores de histórias e até crianças declamando poesia”, conta.

A autora paraense Heliana Barriga também marcou presença durante a programação. Ela afirma que a iniciativa colabora para a transformação de rumos a favor da leitura social democrática envolvendo os eixos dessa cadeia. “Vontade política, autores e autoras, a luta pela produção de livros accessíveis, a mediação de leitura, os leitores e leitoras, a divulgação e o exercício continuado de tudo”, diz.

Assim como Juraci, a autora também acredita que a participação dela na Semana Municipal do Livro foi boa, estimulando a reflexão que ela trouxe com leveza e criatividade. “Juntando os fios dessa teia de luta tão antiga com os mais antigos, como eu e Juraci. A vontade política desse governo nos estimula e cada um (a) de nós oferece a sua história de luta literária para a ampliação dessa luta conectada”, relata.

Heliana afirma que a semana foi organizada com maestria, com várias atividades amadurecidas dentro de cada um dos autores e autoras e com ações relacionadas ao tema. “Acho que tudo que foi feito conduz à ampliação e luta conjunta. Muitas frutas brotarão desta semana, e reuniremos tudo para a continuidade”, conclui.

Por Isabella Cordeiro

Produção: Valdenei Souza

[@#galeria#@]

A professora, pesquisadora e escritora Jeniffer Yara divulgou, na última sexta-feira (25), o lançamento do livro “Crônicas paraenses: novos olhares sobre cenas locais”, fruto de um projeto idealizado por ela e que foi contemplado pela Lei Aldir Blanc, pelo edital Juventude Ativa, do Movimento Emaús. A ideia inicial era trabalhar com crônicas paraenses, fazer a leitura e discutir sobre elas e as temáticas nelas abordadas.

##RECOMENDA##

Segundo a professora, o projeto teve uma oficina on-line, em que os participantes inscritos puderam fazer exercícios a partir de leituras e discussões. O trabalho final era escrever uma crônica para ser publicada no livro.

Jeniffer diz que a proposta do livro é proporcionar o protagonismo da autoria paraense, especificamente da juventude, e trazer à tona novos olhares e novos autores. Segundo ela, o livro apresenta diferentes estilos de escrita e perspectivas sobre a região do Pará. Além de Belém e Ananindeua, também foram abordados temas relacionados a cidades interioranas.

“Além disso, incentivar e valorizar a produção textual por meio dessa publicação. Geralmente, os alunos são pessoas muito jovens, que estão no ensino médio, que terminaram e passaram no vestibular agora, ou pessoas formadas, mas que não acreditam tanto na sua escrita ou acham que não podem ser publicadas, que seria impossível de acontecer. Esse projeto veio para tentar desmistificar isso”, aponta.

A crônica foi o gênero escolhido porque ela se relaciona muito ao contemporâneo e ao que está acontecendo ao nosso redor, observa Jeniffer. Ela destaca o dinamismo e a acessibilidade do gênero em relação à linguagem.

Segundo a pesquisadora, o edital não proporcionava tanto tempo para serem trabalhados outros gêneros. “Não que escrever crônica seja fácil, mas é um gênero mais acessível pela leitura, pelas discussões que teríamos sobre ela, e pela escrita também, pelo tempo de escrita e publicação. Além disso, ela dá essa liberdade do participante, do autor falar sobre si, falar sobre o que está ao seu redor, sobre o seu cotidiano, sua cultura, seus atos. A partir disso, o que eu pretendia era evidenciar tudo isso no contexto regional, no contexto paraense”, complementa.

A professora relata que a experiência de unir diversas produções em um só livro, com temáticas diferentes, foi interessante e surpreendente.  “A única questão que amarra muito as temáticas é a identidade. O que você pensa, o que você lê, o que você gosta, o que você ama, que é característico daqui ou que pertence a você enquanto autor, escritor paraense, que quer escrever, quer ser lido e se expressar por meio da escrita”, afirma.

A também escritora aborda a importância do incentivo à leitura de autores paraenses e destaca que a população tem o costume de ler o que vem de fora, livros estrangeiros e autores de outras regiões. “A gente conhece muito a literatura de fora, nem que seja por ouvir falar, mas falta essa leitura de autores paraenses”, observa.

As pesquisas da professora são dirigidas para autores regionais. Ao iniciar esse projeto literário, Jeniffer destaca que deparou com a diversidade da autoria paraense, das histórias, das narrativas e das publicações.

"Temos uma rica produção literária que é desconhecida por muitos, principalmente pelos jovens", assinala. Além disso, ela ressalta a ausência da literatura paraense como disciplina nas escolas. “Às vezes é preciso realmente fazer um trabalho de investigação para conhecer alguns autores, porque eles existem. Eles estão por aí, em várias cidades do Estado, e que precisam ser lidos”, reitera.

Jeniffer dá destaque para os autores que estão publicando obras nas plataformas digitais, mas que também não são lidas. “A gente precisa falar sobre eles porque é uma literatura rica, diversa e muito bem feita, muito bem escrita, que fala sobre nós, sobre a nossa história, sobre as nossas memórias e que também se relaciona aos temas universais. Então por que não levar a nossa literatura pra fora daqui também?”, questiona.

A professora acredita que esses novos autores vão continuar escrevendo com o desejo de serem publicados. “Outros autores podem se inspirar neles também e outros projetos podem surgir a partir desse projeto, do conhecimento dele, do que ele foi. Uma nova cadeia, uma nova circulação de ideias e textos podem ser feitas a partir disso. Acredito que é nisso que ele se relaciona, que contribui para essa importância, para esse incentivo à leitura de autores paraenses”, acrescenta.

Para apoiar esses novos escritores, Jeniffer afirma que é possível fazer isso por meio da leitura. Ela ressalta que existem diversos suportes em que os textos podem circular de maneira gratuita, para o autor e para o leitor.

Além da leitura, ela destaca outras formas de apoio para os que estão iniciando a jornada de escritores, como divulgá-los, valorizar e consumir o que é produzido por essas pessoas. “Quando eu falo em consumo, é no geral. Consumir lendo, consumir falando, consumir divulgando, compartilhando, e comprando também as obras porque os autores precisam sobreviver”, afirma.

Jeniffer ressalta ainda o suporte das editoras, dos professores e o papel deles nesse processo, por meio da publicação e do incentivo da escrita desses autores. “Eu acho que a sociedade pode fazer muito para apoiar esses autores iniciantes e também os autores que já estão no mercado, mas que perduram e que continuam tentando alcançar cada vez mais leitores”, conclui.

Serviço

Livro disponível no site: https://www.jenifferyara.com/projetos

Booktrailer – “Crônicas paraenses: novos olhares sobre cenas locais: 

https://www.youtube.com/watch?v=K9bJX4-wYyE&t=52s

Por Isabella Cordeiro.

 

 

O jornalista pernambucano Ed Wanderley lança o livro ‘Diário de um gordo (em dieta)’ na próxima quinta-feira (24), Dia de São João. A obra reúne 50 crônicas e fala de uma maneira bem-humorada e com doses de ironia sobre a briga com a balança e perrengues enfrentados pelo protagonista.

A data de lançamento não foi escolhida por acaso, pois os festejos juninos são conhecidos pela fartura gastronômica. Entretanto, engana-se quem pensa que o livro é uma defesa à obesidade.

##RECOMENDA##

“Em nenhum momento há uma defesa da obesidade enquanto bandeira; ela é uma doença, isso é claro. Mas há o posicionamento de encontrar alegria e aceitação da gente, achar beleza e modos de ser feliz; há condições que as pessoas repelem que não se pode mudar, o peso é possível mudar, mas o que está ali é que, não importa o seu desafio ou sua luta, que é possível buscar o resultado e lutar sem perder o senso de humor e sendo feliz enquanto se vive”, explica o escritor.

Diário de um gordo (em dieta) está disponível nas versões e-book e física à venda no site do autor.

A versão digital da Bienal Internacional do Livro de Pernambuco (BienalPE), chamada de e-Bienal, oferece programação de atividades gratuitas para esta sexta-feira (28) e sábado (29). O evento promove interações virtuais entre autores, leitores, editoras e o público em geral.

No ar desde 2020, por conta da pandemia do novo coronavírus, a e-Bienal traz a exposição permanente, além de atividades interativas como palestras, debates, oficinas, entre outras. As atividades iniciam às 15h e vão até às 21h, em ambientes virtuais, com a participação de mediadores e palestrantes.

##RECOMENDA##

No site do evento é possível acessar o cronograma de atividades, além de comprar os produtos da feira literária. Confira a programação para hoje e amanhã:

28/05/2021 - Sexta-feira

15h às 16h - Auditório Círculo de ideias

Um mundo sem livros e sem livrarias?

Palestrantes: Roger Chartier

Mediação: Hugo Coelho.

17h às 18h30 - Plataforma de lançamentos

Poesia: espora e delicadeza

Palestrantes: Pedro Américo de Farias e Socorro Nunes

Mediação: Wilberth Salgueiro

17h às 18h30 - Auditório Círculo de ideias

O futuro do livro e da Educação no Brasil

Palestrantes: Silvio Meira, Luciano Meira e Alex Sandro Gomes.

Mediação: Rossini Barreira

19h às 20h - Plataforma de lançamentos

Autores e suas obras

Palestrantes: Adelmo Camilo e Givaldo Calado de Freitas

Mediação: José Eugenio Sobrinho

19h às 21h - Auditório Círculo de ideias

Contextualização da vida e obra de Paulo Freire: gênese do pensamento freireano

Palestrantes: Letícia Rameh e Targélia Albuquerque

Mediação: Rose Kelly Alves

29/05/2021 - Sábado

15h às 16h - Sala Educação Aula Espetáculo

O Tempo não para

Palestrantes: Tomaz Pessoa, Rodrigo Mateus, Raoni Lima

Mediação: Tomaz Pessoa

17h às 17h30 - Plataforma de lançamentos

Galopinho, o Cavalinho que virou unicórnio

Palestrantes: Claudio Bastos e Antônia Flora

Mediação: Marcelo Cavalcante

17:30h às 18h30 - Além das letras

Arte divertida para a infância

Palestrantes: Chaps Melo e João Henrique Souza

Mediação: Fabio Lucas

19h às 20h - Plataforma de lançamentos

Autoras e suas obras

Palestrantes: Dilma França e Rosalva Santos

Mediação: Cilene Santos

19h às 21h - Auditório Círculo de ideias

Estesia - diálogo com Walter Benjamin a partir da interação com as mazelas de seus tempos e cidades

Palestrantes: Lourival Holanda e Philipe Ricardo Silva Araujo

Mediação: Ezter Liu

[@#galeria#@]

O projeto de pesquisa “Academia do Peixe Frito, Rebeldia e Negritude do Norte do Brasil” completa cinco anos em 2021. Ele foi criado em 2016 pelos professores Paulo Nunes, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Linguagens e Cultura/Universidade da Amazônia (UNAMA), e Vânia Torres Costa, atualmente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Cultura e Amazônia/Universidade Federal do Pará (UFPA).

##RECOMENDA##

O projeto está em fase de inauguração de uma nova etapa nos estudos das diversidades étnico-raciais e na literatura modernista da Amazônia Oriental. Para celebrar esses cinco anos, serão realizadas duas lives nos dias 26 e 27 de maio, às 19 horas, nas redes sociais da UNAMA.

Participam do encontro on-line dois convidados renomados nacionalmente por suas pesquisas sobre etnicidades e diásporas africanas. No dia 26, o evento terá a participação do Prof. Dr. Edmilson de Almeida Pereira, também poeta, pesquisador das negritudes em Minas Gerais e ex-vice-reitor da Universidade Federal de Juiz de Fora; e no dia 27, a Profª Drª Zélia Amador de Deus, ensaísta, militante do Centro de Defesa do Negro do Pará e ex-vice-reitora da UFPA.

O professor Paulo Nunes conta que esse projeto surgiu no âmbito do programa de Pós-Graduação em Comunicação Linguagens e Cultura da Unama, com o objetivo de investigar como a literatura e o jornalismo eram feitos na Belém dos anos de 1930, 40 e 50. “Ver de que modo eles interferiram na cultura do cotidiano”, explica.

Quando criado, o “Academia do Peixe Frito, Rebeldia e Negritude no Norte do Brasil” atuava inicialmente somente na UNAMA, no mestrado, e depois foi estendido para o doutorado. Após a transferência da professora Vânia Torres, aprovada em concurso para a UFPA, o projeto passou a ser uma parceria entre as duas universidades.

No último ano, com a supervisão técnica da professora Elaine Oliveira (UNAMA), o projeto passou a incluir os alunos de graduação em Letras também, promovendo encontros quinzenais de estudos. “Todos sentam e leem sobre a diversidade etnico-cultural, negritudes, teorias de estudos culturais que ajudem a embasar o conhecimento dos autores da Academia do Peixe Frito, que eram mais ou menos 15 intelectuais, negros, de periferia, liderados por Bruno de Menezes”, diz Elaine.

O professor Paulo Nunes acrescenta que a prática dos intelectuais da Academia do Peixe Frito foi decisiva para a defesa de habitantes da periferia da cidade, pretos, caboclos, índios, migrantes, em bairros como Jurunas, Umarizal, Vila da Barca, Telégrafo, Guamá, retratados por esses jornalistas e literatos da época. “Eles formaram uma base, creio eu, para o que hoje vemos nas ruas, nos subúrbios, na perifa: grupos de rap, hip hop, slams de moças poetas”, complementa.

Paulo Nunes explica que o projeto de pesquisa já proporcionou a produção de diversos conteúdos, mas que o produto mais celebrado é o documentário didático “Geração Peixe Frito”, realizado pela UNAMA e UFPA, e dirigido por ele e pela professora Vânia Torres.

Sobre as lives, o professor detstaca: “Queremos, na verdade, mostrar que a pesquisa universitária está colaborando com a sociedade a superar alguns de seus problemas graves, como o racismo e a discriminação”.

Link do documentário “Geração do Peixe Frito”:

https://www.youtube.com/watch?v=QWhV5xpegPU&feature=youtu.be

Redes sociais da UNAMA:

https://www.facebook.com/UnamaOficial

https://www.instagram.com/unamaoficial/

Por Isabella Cordeiro.

Promovido pelo Instituto de Estudos da Ásia (Ieasia) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o minicurso “História Japonesa através da literatura” recebe inscrições, que devem ser efetuadas por formulário eletrônico, até o dia 21 de maio. Gratuito, o minicurso começará em 7 de junho e os encontros serão realizados às segundas e quartas-feiras, às 19h, por meio do Google Meet e ficarão disponíveis no período de uma semana no Google Drive do minicurso.

“A literatura caminha lado a lado com a história nipônica, sendo uma fonte riquíssima a ponto de ser possível montar uma breve linha do tempo da história japonesa partindo de sua tradição literária. O ciclo de debates guiados pretende, ao longo de dez encontros, trabalhar aspectos históricos e culturais do Japão a partir de obras correspondentes a cada período”, contam os organizadores, segundo a UFPE.

##RECOMENDA##

Mais informações podem ser obtidas por meio do e-mail do minicurso: historiajapliteratura@gmail.com.

LeiaJá também

MEC admite não ter verba para Enem e bolsas

 

 

A Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), por meio da Diretoria de Memória, Educação,  Cultura e Arte (Dimeca), realizará a II Festa Digital do Livro. O evento será promovido nesta sexta-feira (23), das 9h às 19h. Com o tema As Muitas Vozes do Livro, em alusão à narrativa oral, mas também aos novos formatos, como o audiobook, o evento terá dez horas de duração e celebrará o Dia Mundial do Livro.

Dentre os destaques da programação estão: bate-papo sobre os 50 anos do Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-volta (1971), de Ariano Suassuna, os 200 anos do poeta francês Charles Baudelaire e uma exposição dedicada ao folclorista e escritor Mário Souto Maior (1920—2001). Nesta edição, além da programação disponível no YouTube, o público poderá conferir seis episódios de um podcast exclusivo no Spotify.

##RECOMENDA##

"Considero simbólico que iniciativas como estas sejam realizadas, sobretudo em um momento onde discutimos o futuro do livro e os desafios do mercado editorial. Nesta edição, vamos ainda mais fundo ao experimentar outros recursos e plataformas para discutir o livro, que permanecerá para sempre contemporâneo", celebra o presidente da Fundaj, Antônio Campos. "Reunimos o melhor nesta programação para ilustrar essas tantas vozes. São escritores, atores, professores e tantos profissionais cuja vida está inclinada a ler, escrever, aprender e ensinar", explica.

Dentre os convidados, está o ministro da Educação, Milton Ribeiro, que participa do episódio de podcast O mundo de livro e o livro do mundo. Outros temas abordados na série de podcasts são A contemporaneidade de Miguel de Cervantes em Dom Quixote, A obra de William Shakespeare, O Romance d'A Pedra do Reino, As Flores do Mal e Vinte poemas desesperados de amor e uma canção amorosa de esperança.

Já no YouTube, a websérie Livros & Leitores é outra novidade apresentada. "O tom é intimista e afetivo. Leitores apaixonados falam sobre os livros que marcaram sua vida, suas primeiras leituras, experiências e aventuras nas reinações das palavras", explica o diretor da Dimeca, Mario Helio Gomes. Ainda na programação, o público confere o lançamento da exposição Mário Souto Maior: o etnólogo, o folclorista, o escritor, o educador, montada pela Biblioteca Blanche Knopf, onde está preservado o acervo pessoal do pernambucano, composto por 105 publicações.

Virtual e em vídeo, a construção aborda uma linha do tempo do escritor, desde as produções até prêmios recebidos e sua participação na Fundação Joaquim Nabuco. Diversos registros do acervo do Centro de Estudo da História Brasileira (Cehibra) são utilizados, como fotografias da infância, no casamento, no primeiro cargo e recebendo premiações, capas de livros premiados.

Em vida, Souto Maior publicou mais de 70 obras. Na sua trajetória profissional, também foi diretor do extinto Centro de Estudos Folclóricos, da Fundaj. "Dentro da exposição, a gente incluiu dois áudios: um onde Doutor Souto fala sobre ele mesmo, e outro em que um poema de sua autoria é lido pelo radialista Renato Phaelante", adianta a diretora da Biblioteca Blanche Knopf, Nadja Tenório Pernambucano, que conviveu com o escritor. Algumas produções do autor podem ser acessadas no site Villa Digital.

Programação:

9h — Podcast Ep. 1: A contemporaneidade de Miguel de Cervantes em Dom Quixote, com Mario Helio, Andrea del Fuego, Felipe Lindoso e Paulo Scott

11h — Podcast Ep. 2: A obra de William Shakespeare, com João Cezar de Castro Rocha, Rui Couceiro e José Cláudio

13h — Podcast Ep. 3: 50 anos de O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, de Ariano Suassuna, com Sidney Rocha, Carlos Newton Jr e Jonatas Ferreira

14h — Lançamento da exposição Mário Souto Maior: o etnólogo, o folclorista, o escritor, o educador

15h — Podcast Ep. 4: As Flores do Mal, nos 200 anos de nascimento de Charles Baudelaire, com Gilles Jean Abes, Luciana Calados Deplagne, Samarone Lima, Manoel Constantino e Ignácio de Loyola Brandão

17h — Podcast Ep. 5: Vinte poemas desesperados de amor e uma canção amorosa de esperança, com Gheusa Sena Leal e Maria Valéria Rezende

19h — Podcast Ep. 6: O mundo do livro e o livro do mundo, com Milton Ribeiro, Alfredo Gomes e Plínio Martins Filho

*Da assessoria

O 'Sons da Aprovação', podcast do projeto Vai Cair No Enem, chega neste domingo (4) a mais uma edição. Um dos momentos mais importantes da literatura brasileira, a Semana de Arte Moderna é a pauta do programa, também considerado assunto relevante para o Exame Nacional do Ensino Médio. Confira:

[@#video#@]

##RECOMENDA##

A história é narrada pela professora de Linguagens Josicleida Guilhermino, com apresentação de Marcele Lima. A produção é de Elaine Guimarães e a edição fica por conta de James William.

O podcast é publicado todos os domingos, no Spotify e no Instagram @vaicairnoenem. O conteúdo também pode ser acompanhado no YouTube.

[@#galeria#@]

Desde o primeiro caso confirmado de covid-19 no Pará, em março de 2020, a pandemia do novo coronavírus mudou a vida das pessoas. Afetados pelo isolamento social, escritores paraenses analisam como a crise interferiu na produção de textos e esclarecem como o ato de escrever ajuda a suportar as dificuldades.

##RECOMENDA##

Para o escritor e poeta Alfredo Garcia, escrever durante a pandemia é uma forma de resistir. “Sem a produção de conteúdo literário, eu teria sucumbido durante esse isolamento. A arte foi o que me permitiu, até o momento, sobreviver nesse período pandêmico”, afirmou.

Alfredo também afirma que a covid-19 e o isolamento social influenciaram na produção de textos no último ano. “Houve uma inquietação criativa, e eu procurei dar vazão através da produção literária”, contou. Dessa inquietação surgiram o livro de poesias “Pandemia e Outros Poemas” e os romances “Fiapo” e “A Inquietante Gênese do Nada”. Além das novas obras, Alfredo relançou, junto com a editora Pará.grafo, “O Livro de Eros”, obra de 1998 considerada um clássico contemporâneo da literatura da Amazônia. 

No livro de poemas, diz Alfredo, o foco é a pandemia. "O distanciamento de pessoas que tinham uma troca de afeto. Essa produção dialoga com a minha existência”, explicou. Alfredo usou as redes sociais para publicar os poemas que agora virarão livro. “Os poemas foram divulgados no meu perfil no Facebook. Depois se tornaram e-book. E agora vai ser um livro impresso a partir do mês de abril”, detalhou.

O autor também escreve letras de músicas durante o isolamento. “Escrevo letras de canções de Música Popular Brasileira. Com parceiros tenho lançado singles. Estamos preparando EPs.  Tem um pronto para lançar em maio e outro na metade do ano”, declarou. Para Alfredo, o papel na pandemia, não só do escritor que produz literatura, mas do artista de forma geral, é muito importante. “Em nenhuma época da vida humana nós tivemos tanta necessidade de arte para que a alma pudesse respirar. Eu procuro fazer isso”, finalizou.

Para a escritora e poeta Telma Cunha, a pandemia trouxe certa dificuldade para escrever durante o isolamento. “Eu preciso de silêncio e a pandemia tem feito muito barulho em mim. Nesses dias cinzentos, muitas vezes, o poema flerta comigo, mas não vem”, afirma a poeta. Mesmo assim, a autora tenta escrever sempre que possível. “Rascunho poesia por todos os lugares: manuscritos, no computador, celular. Às vezes, escrevo até na palma da mão”, explica.

Telma conseguiu superar as dificuldades durante o isolamento e escrever um livro de aldravias – poemas de 6 versos e 6 palavras – intitulado “Pé ante pétalas”, sobre o cotidiano e as dores provocadas pela covid-19, e o conto infantil “A menina dos olhos de arco-íris”. A poeta faz uso da internet para divulgar as obras e manter contato com público. “As redes sociais e as lives me ajudam a não perder o elo com os leitores”, contou.

Assim como Alfredo Garcia, Telma acredita na capacidade do escritor de ajudar as pessoas a suportar o isolamento social. “Nessa ausência de liberdade, a minha poesia tem tocado as pessoas. Feito com que elas respirem aliviadas”, declarou. Uma amante de metáforas, a autora afirma que a palavra escrita representa, para ela, a coragem para suportar a pandemia. “Enquanto espero os primeiros raios iluminarem o Brasil para sermos felizes de novo. Livres desse vírus”, concluiu.

Mercado editorial

Os escritores não foram os únicos a sentirem os efeitos da pandemia do novo coronavírus. As editoras também tiveram vendas e publicações afetadas durante esse período, causadas pelo isolamento social dos consumidores.

A Pará.grafo Editora teve apenas seis títulos literários lançados no ano passado. Três foram produzidos por meio de financiamento coletivo, no site Catarse: “Ribanceira”, uma reedição do último romance do escritor Dalcídio Jurandir; o livro de crônicas “Panela de Barro”, de Jacques Flores; e “Antologia da Poesia Paraense”, uma coletânea que reúne 20 escritores da região.

Para o escritor e editor responsável pela Pará.grafo, Dênis Girotto, as empresas e os empreendedores tiveram uma grande necessidade de buscar novas formas de trabalhar durante o período pandêmico.

No caso da editora, ele explica que a saída encontrada foi buscar soluções para custeamento de "vaquinhas" virtuais e apostar em livros on-line. “Estamos tentando nos reinventar. Muitos leitores estão migrando para o e-book, que são mais baratos, ou os audiobooks, que são livros em que [a pessoa] ouve as histórias. São mais acessíveis e os leitores estão migrando para isso.”

A situação nas gráficas não é nada positiva. Dênis Girotto relata que, este ano, os insumos de produção para um livro aumentaram cerca de 20% em comparação com 2020. 

Apesar das dificuldades, Dênis diz querer abrir espaço para o livro e permitir o acesso à literatura pelo público, principalmente os jovens. Tornar o produto mais barato é a meta do editor, que acredita na leitura como transformação social no Brasil.

Por Amanda Martins e Felipe Pinheiro.

 

 

 

Concebido em 2019 pelo Núcleo Docente Estruturante (NDE) do curso de Letras da UNAMA - Universidade da Amazônia, o projeto Rio de Nós terá nova edição nesta quarta-feira (24). O encontro on-line será com a professora, escritora e pesquisadora Josebel Akel Fares, do Núcleo de Pesquisa Culturas e Memórias Amazônicas (CUMA), da Universidade do Estado do Pará (Uepa). Ela debaterá sobre suas experiências com literatura de expressão amazônica, oral e escrita. Também vai falar sobre os livros que lançou e suas pesquisas sobre vaqueiros do Marajó.

O projeto Rio de Nós foi idealizado pelos professores Elaine Oliveira, Welton Diego Lavareda, Raimundo Tocantins e Paulo Nunes, sob a coordenação da professora Terezinha Barbagelata. O professor Paulo Nunes informou que todo mês um profissional é convidado para dividir experiências com colegas e alunos. Este ano, o evento tem adesão do Programa de Pós-graduação em Comunicação, Linguagens Cultura – PPGCLC da UNAMA.

##RECOMENDA##

O primeiro encontro de 2021, em fevereiro, teve como convidado o escritor, poeta e professor João de Jesus Paes Loureiro. Ele falou sobre sua trajetória literária, o trabalho como gestor da Secretaria de Cultura do Pará na década de 1980, além de apresentar seu mais novo livro, informou a professora Elaine Oliveira, que também atua na coordenação do projeto.

O evento será na plataforma Google Meet e simultaneamente nas páginas do curso de Letras da UNAMA e no Facebook e Instagram, às 20 horas. Os participantes ganham diploma e têm direito a horas de atividade complementar. Os professores Paulo Nunes e Elaine Oliveira serão mediadores.

Por Valdenei Souza.

 

[@#galeria#@]

Segundo o dramaturgo Nelson Rodrigues, o brasileiro possui o “complexo do vira-lata”, ou seja, deprecia sua própria cultura e supervaloriza as culturas vindas do exterior. Esse conceito, apesar de ter sido desenvolvido em 1950, se aplica no cenário atual, principalmente em relação à literatura regional.

##RECOMENDA##

A produção literária paraense tem autores talentosos, mas sem a projeção que merecem no eixo Sul-Sudeste. Livros estrangeiros ou produzidos fora da região Norte tomam conta dos catálogos das livrarias. 

Para Filipe Larêdo, professor e escritor, filho do também escritor Salomão Larêdo, leituras globalizadas afastam os leitores das obras regionais. “O leitor, hoje, está cada vez mais direcionado para os grandes best-sellers, que são aqueles livros com comoção mundial (lançamentos de séries e filmes inspirados nesses livros). Então, a literatura vinda da Amazônia, fora dos grandes centros, faz com que se resuma a poucos autores”, afirma.

O premiado escritor e jornalista Edyr Augusto Proença conta sobre sua experiência com o público: ”Precisamos ser reconhecidos. Estou com o quinto livro na França e no entanto, aqui em Belém, ao chegar para falar para as pessoas, preciso sempre dizer ‘muito prazer, sou um escritor’”.

Além do desinteresse do público, a inserção dos livros paraenses no segmento jovem estudantil é ainda muito escassa. “É extremamente necessário que a literatura paraense, que não seja a folclorista, entre nas escolas, na formação dos alunos. Inserir, mostrar para a criança e para o adolescente, desde novos, que eles podem encontrar entretenimento na ficção feita no seu Estado é muito benéfico para a formação do leitor e do cidadão”, diz Filipe Larêdo.

Sem apoio estatal, as dificuldades aumentam. Edyr Proença considera essencial a literatura paraense para o desenvolvimento e integração do Estado. Além disso, o jornalista pontua a importância de projetar a região para o mundo. “Escolhi falar sempre da minha cidade, usar termos bem paraenses no texto, até nos títulos. É uma maneira de gritar para que saibam de onde eu sou. Internacionalmente também funciona. Estava em Saint Malo, Bretanha, me apresentando com dois outros escritores, eles do Rio e SP. Oitocentas pessoas na plateia de um teatro. Meus dois colegas falaram do Brasil deles. Na minha vez, comecei a contar de onde vinha, da perplexidade entre uma floresta de concreto fincada na maior floresta tropical do mundo”, conta.

Filipe conclui com um conselho: “É sempre importante que façamos nosso dever de casa. Se o povo paraense começar a consumir a literatura regional, naturalmente os de fora vão olhar para nós’’.

Por Haroldo Pimentel e Roberta Cartágenes.

 

Os livros sempre foram uma ótima rota de fuga para realidades não muito satisfatórias. No momento em que o planeta mergulhou em uma pandemia altamente mortífera, obrigando a população a se recolher em seus lares e evitar o máximo de contato humano possível, a leitura despontou como um verdadeiro bálsamo para tamanha batalha vivida nos quatro cantos do mundo. 

A  literatura foi o mecanismo encontrado por muitos quarentenados para lidar com o isolamento e demais problemas da pandemia e, contrariando o contexto de crise e de retrocesso que se abateu nos demais setores da arte e da cultura, o segmento conseguiu se organizar e até crescer em meio ao caos. Apesar dos problemas econômicos, sobretudo os enfrentados pelas redes de livrarias, grandes e pequenas, e editoras - com fechamento de lojas físicas e aumento nos valores de insumos -,  o consumo de livros cresceu no Brasil durante o primeiro ano da crise sanitária.

##RECOMENDA##

Segundo levantamento feito pela 11º Painel do Varejo de Livros no Brasil de 2020, divulgado pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) e pela Nielsen Bookscan Brasil, houve um crescimento de 25% em volume e 22% em valor dos livros vendidos comparado com o mesmo período em 2019. Até novembro do ano pandêmico, o setor livreiro havia movimentado R$ 1,39 bilhão com a venda de 32,81 milhões de livros. 

LeiaJá também

--> Pandemia completa um ano no Brasil e atinge seu auge

--> Como a pandemia impactou a cultura no último ano

Apesar do bom desempenho, editoras e escritores também voltaram suas atenções para o mundo virtual, seguindo a tendência mundial do momento. Promoções, lives, debates e lançamentos virtuais, oficinas e workshops à distância começaram a pipocar nas redes como forma de atrair os leitores. Outros nichos que cresceram com a chegada da pandemia foram os de e-books, e-readers e audio books. 

De acordo com a Bookwire, distribuidora de e-books para mais de 500 editoras brasileiras, só entre março e abril de 2020 a empresa distribuiu 9,5 milhões de exemplares digitais, um número 80% maior do que havia sido comercializado durante todo o ano anterior pela empresa.  Já segundo a Storytel, especializada em audiolivros, o aumento no consumo do formato foi de 23% em todo o mundo. 

Tamanho crescimento, no entanto, não se deu de forma gratuita. Distribuidoras e editoras, atentas à crise, lançaram mão de inúmeras estratégias para fisgar os consumidores. Uma delas, o Digital First, promove o lançamento dos títulos primeiramente no online, para só em seguida haver a impressão das unidades físicas. Obras de escritores como Augusto Cury, Fabrício Carpinejar e Luiz Felipe Pondé, por exemplo, embarcaram nessa.

LeiaJá também

--> Conteúdo digital avança na pandemia

--> Como a 'arte da crise' lidou com o primeiro ano de pandemia

Outra alternativa para chamar a atenção do público, foi a de disponibilizar títulos digitais de forma gratuita. A editora Rocco tem disponibilizado, mensalmente, cerca de 30 títulos totalmente sem custo para a clientela. A Sextante tem feito o mesmo e já passou da marca de um milhão de e-books gratuitos disponibilizados na internet. 

Processo criativo

Em meio a essa profusão de formatos e estratégias mirabolantes para atrair os leitores estão os escritores. Esses também precisaram adaptar-se aos novos tempos para continuarem criando e entregando produção de qualidade. Outros, por outro lado, resolveram aproveitar o ensejo para se jogar na literatura de uma vez. 

Foi o caso da pernambucana Lara Ximenes que decidiu lançar seu livro de estreia, Tática Operacional para Sobreviver so Cotidiano, em plena pandemia. O livro, resultado final de uma pós-graduação em escrita criativa, acabou funcionando como uma “salvação” para a autora que em meio a seus “pensamentos quarentenescos” e as inquietações provocadas por um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) acabou estreando no período  “Inusitado”. “Você em casa, só você e sua mente, você tem que lidar com muita coisa que você nem tem como fugir. E aí, meu TCC veio também como esse escape literário das minhas próprias vivências na pandemia. O que eu tava experienciando eu tava colocando no papel e o contexto me estimulou a lançar o livro nesse momento porque foi um meio de marcar algo positivo em meio a tantas coisas ruins”, disse em entrevista ao LeiaJá.

Lara Ximenes estreou como escritora durante a pandemia. Foto: Divulgação/Mariana Gallindo

Na obra, Lara traz várias listas que, de forma poética, elencam algumas das necessidades e dificuldades desses tempos atuais, além de servirem de registro histórico para ele. O formato, além de ser muito apreciado por ela, acabou surgindo durante discussões acadêmicas e, unindo-se às circunstâncias, acabou caindo como uma luva para sua primeira obra. “A gente escreve listas o tempo inteiro, são registros históricos. Quanta coisa cabe numa lista, não só literalmente mas metaforicamente falando. Eu percebi que eu usava listas de forma lúdica para me lembrar de coisas; era uma forma de misturar a praticidade do dia a dia com o lirismo da poesia e da escrita afetiva; eu sempre nutri uma afinidade com esse tipo de escrita”.

Na contramão das tendências digitais da atualidade, Lara optou por lançar a primeira tiragem do livro no formato físico, através da editora Chuvisco. A escolha não foi por acaso. Além de marcar materialmente sua estreia como escritora, ela também optou por esse modelo para fomentar outras reações à sua obra. “Existe uma magia em você receber um livro em casa. Você receber uma encomenda nesses tempos tão difíceis que a gente não consegue ver pessoas queridas, não consegue ir em lojas, tem uma afetividade. É uma forma de eu estar presente em vários lares. Eu me encantei com os relatos que recebei de familiares acessando esse material que talvez se estivesse só disponível no online, talvez eles não teriam como acessar. O resultado foi maravilhoso, ficou do jeito que eu sonhei. O sonho estava ali na minha mão”. 

Na próxima e última matéria da série, você vai ver como as artes plásticas sobreviveram ao primeiro ano pandêmico. 



 

Uma das mais brilhantes escritoras do Brasil, Clarice Lispector exaltou protagonistas mulheres em seus romances. Retratou a mulher pobre e sem estudo, a menina, a artista, a dona de casa, a mulher trabalhadora. Por isso, em homenagem às mulheres, no mês que marca a reflexão sobre suas lutas e conquistas, vida e obra de Clarice são temas de exposição em Belém.

Intitulada “Clarice 100 anos: mulher, vida e poesia”, a exposição fica aberta para visitação de 5 a 21 de março, na Praça Central do Castanheira Shopping. Apresenta fotografias, uma linha do tempo que pontua momentos importantes da vida da escritora e ainda capas de livros premiados, principalmente os que destacam as personagens femininas, como “A Hora da Estrela”; “A Maçã no Escuro”; “Laços de Família” e “Perto do Coração Selvagem”.

##RECOMENDA##

Há ainda a exibição de um documentário realizado pela TV Cultura do Pará, que fala da trajetória de Clarice, incluindo alguns trechos de entrevistas que ela concedeu. A exposição tem curadoria da professora e doutora Rosa Arraes, que fala com grande entusiasmo sobre a homenageada.

“Clarice tinha predileção por protagonistas mulheres em suas obras. Retratou mulheres que em outras literaturas eram apenas  personagens secundárias ou decorativas. Nas histórias de Clarice, elas ganham densidade, profundidade e importância suprema.” ressalta.

E é essa importância das mulheres em diversos contextos sociais que a exposição pretende mostrar ao público e despertar nele a reflexão sobre o papel feminino no mundo. “ Queremos despertar curiosidade e reflexões. Assim, a arte cumprirá o seu papel de mudar mentes e corações.”, destaca a curadora.

Por falar em curiosidade, a linha do tempo na exposição mostra documentos interessantes de Clarice, como a certidão de nascimento da escritora, que é de origem ucraniana, mas que veio para o Brasil com a família aos dois meses de idade e aqui recebeu o nome de Clarice. “Tivemos acesso à certidão através do Instituto Moreira Sales que cedeu a imagem para exposição.”, conta Rosa Arraes.

Outra curiosidade presente na exposição é a passagem de Clarice por Belém do Pará em 1944, acompanhando o marido, o diplomata Maury Gurgel Valente. Permaneceu por seis meses na cidade, instalada no Central Hotel, no mesmo período em que conseguiu publicar “Perto do Coração Selvagem”, seu romance de estreia.

“Dentro de seu quarto no hotel, ela passava horas observando a movimentação na deslumbrante Praça da República. Fez amizade com Benedito Nunes, que escreveu críticas literárias de vários livros dela. Na linha do tempo, colocamos imagens de Clarice passeando com o marido na Praça da Republica”, revela Rosa Arraes.

Com essas e muitas outras atrações, a exposição é uma grande oportunidade para que o público conheça com mais riqueza de detalhes a vida e obra de Clarice Lispector, e realize uma bela viagem pelo imaginário literário da grande autora. 

Serviço

Exposição “Clarice 100 anos: mulher, vida e poesia”, de 05 a 21/03 na Praça Central do Castanheira Shopping (BR-316 – Km 01- S/N). Visitação aberta ao público em horário comercial. Informações: (91) 4008-8100.

Da assessoria do shopping.

 

A UFRJ reconheceu, nesta quinta-feira (25), Carolina Maria de Jesus como doutora Honoris Causa, com a concessão do título pelo Conselho Universitário (Consuni). A aprovação da outorga da distinção foi unânime, e por aclamação. Conforme o parecer que fundamentou a concessão do título, nos últimos seis anos, sua obra foi tema de 58 teses e dissertações, segundo o portal de publicações acadêmicas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Carolina nasceu em 14 de março de 1914, em Sacramento, cidade próxima de Araxá e da região do Triângulo Mineiro. Aos 7 anos ingressou no Colégio Allan Kardec, de orientação espírita, onde ficou até o 2º ano do ensino fundamental. A jornada de escritora começou após os 30 anos, quando se mudou de Minas Gerais para São Paulo, após a morte da mãe. Em 1937, aos 33 anos e grávida, passou a viver na favela do Canindé, zona norte da capital paulista, e a se sustentar como catadora de papel. Aproveitava os cadernos usados que recolhia para registrar o cotidiano em que vivia. Assim, deixou uma obra literária que a colocou como peça fundamental na luta antirracista.

##RECOMENDA##

Com o apoio do jornalista Audálio Dantas, em 1958, Carolina publicou o primeiro e mais famoso livro, ‘Quarto de Despejo’, a partir de anotações em vinte cadernos. O sucesso da publicação lhe permitiu mudar para o bairro de classe média de Santana. Três anos depois, publicou o romance ‘Pedaços de Fome’ e o livro ‘Provérbios’. Carolina nunca quis se casar e teve três filhos, todos frutos de relacionamentos diferentes. Morreu em fevereiro de 1977, aos 62 anos, de insuficiência respiratória. Outras seis obras foram publicadas após sua morte, compiladas a partir dos cadernos e materiais deixados pela autora.

Do ponto de vista de Susana Castro, diretora do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (Ifcs/UFRJ) e responsável pela sugestão da honraria, a concessão tem vários aspectos importantes, entre eles o reconhecimento de Bitita no cenário intelectual, artístico e literário brasileiro. “É uma escritora cuja obra é de uma poesia ímpar, que por si só a faz ocupar lugar de destaque entre as escritoras nacionais. O tempo todo é perceptível nas obras o lirismo… Uma preocupação da autora em resguardar aspectos do ambiente em que vivia que, sob olhares, seriam considerados só inumanos devido à miséria e às condições sanitárias. Isso mostra uma grande veia poética, um domínio da capacidade de descrição pela linguagem”, atentou a professora.

A honraria Honoris Causa, que significa “por causa de honra”, é concedida independentemente da instrução educacional a quem se destacou por suas virtudes, méritos ou atitudes. No Brasil, cada instituição de ensino superior define pelo regimento interno quem receberá o título, tendo sido a UFRJ uma das primeiras instituições a concedê-lo, em 1921.

 

O curso de Letras da UNAMA - Universidade da Amazônia promove nesta quinta-feira (18), às 20 horas, por meio remoto, mais um encontro literário do programa Rio de Nós, série #LetrasUnamaConvida, que ocorre mensalmente, com o apoio do programa de Pós-Graduação em Comunicação, Linguagens e Cultura. O convidado é o poeta João de Jesus Paes Loureiro. O evento será na plataforma google meet (link disponibilizado nas mídias sociais do curso de Letras UNAMA).

João de Jesus Paes Loureiro possui graduação em Licenciatura Plena em Letras pela Universidade Federal do Pará (1976), graduação em Direito pela Universidade Federal do Pará (1964), mestrado em Teoria da Literatura pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1973) e doutorado em Sociologia da Cultura - Université de Paris IV (Paris-Sorbonne) (1994). Com ampla experiência nas disciplinas de Estética e Literatura na UFPA, professor do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPA, é professor e pesquisador renomado. Atualmente é professor voluntário da Universidade Federal do Pará. Tem experiência nas áreas de Artes, Comunicação e Letras, nas quais atua com os seguintes temas: Arte, Comunicação, Imaginário, Amazônia, Cultura, Cultura Amazônica, Magistério, Criação Literária, Poesia, Encantaria e Mito.

##RECOMENDA##

Poeta aclamado, publicado em diversos idiomas, francês, italiano, japonês, alemão, Paes loureiro escreve poesia e prosa. Em breve lançará seu segundo romance, "Andurá (onde tudo é e não é)", pela editora Valer, de Manaus, uma das mais renomadas editoras em se tratando de acervo amazônico.

A conversa com Paes Loureiro será mediada pelos professores Paulo Nunes e Elaine Oliveira.

Serviço

Link de acesso em https://www.facebook.com/letras.unama.5

 

O livro Os Sertões, de Euclides da Cunha, publicado, pela primeira vez em 1902, é considerado um marco também para o jornalismo brasileiro (e não apenas para a literatura). Um dos méritos, além da inovação dos caminhos narrativos para história de não-ficção, foi se contrapor a notícias falsas que eram publicadas em jornais da Região Sudeste sobre a Guerra de Canudos. Havia uma ideia que corria pelos veículos e pela opinião pública que a revolta dos sertanejos, na verdade, era uma tentativa de restabelecer a monarquia na década seguinte da proclamação da República.

A professora Walnice Galvão, docente emérita da USP, investigou os discursos dos jornais da época no livro No Calor da Hora. Estas versões, inclusive, trouxeram uma ideia equivocada para o próprio Euclides da Cunha. “Eu percebi, com clareza, como a mídia jornal influenciou o país. Convenceram a opinião pública brasileira que Canudos era uma conspiração restauradora da monarquia, e todo mundo acreditou. Essas notícias falsas estavam nos editoriais, reportagens e até nas caricaturas”, diz, lembrando que os jornais, em tempos sem rádio ou TV, faziam o serviço principal de comunicação.

##RECOMENDA##

O professor Leopoldo Bernucci, da Universidade da Califórnia, também chama a atenção sobre o avanço das fake news (notícias falsas) à época, mas reitera que Euclides da Cunha não conseguiria avançar nas pesquisas que lhe renderam o término de Os Sertões sem apoio dos jornais impressos. “Ele tinha também uma ligação muito forte com os jornais e lhe serviu de fontes de informação importantes. Percebi que há diferenças de datas e números em documentos. Uma nova pesquisa que pode ser feita é comparar os documentos para precisar dados sobre eventos históricos”.

Para o professor de direito Arnaldo Godoy, que também é pesquisador em literatura, os escritos de Euclides, bem como a própria trajetória trágica pessoal do escritor, são capazes de provocar estudos sobre notícias falsas. “Considero muito importante tentar compreender o papel da comunicação na construção ou na desconstrução de um criminoso”, afirmou.

Mistura de jornalismo e literatura

Para o professor de jornalismo Edvaldo Pereira Lima, um dos principais pesquisadores de jornalismo literário do país, a obra Os Sertões é marco inquestionável do gênero no país. Ele contextualiza que, em outras coberturas de conflitos bélicos de guerra civil nos Estados Unidos e na África (por parte de correspondentes europeus), existiam iniciativas pioneiras de se amadurecer essa escola narrativa que excedesse a ideia de uma notícia crua. “Isso tem relação com a dificuldade de transmitir a intensidade de um campo de batalha de uma forma fria ou preso apenas à informação”. 

No Brasil, o primeiro caso é na obra de Euclides. “Muito mais do que informar, Euclides procura trazer uma leitura completa de compreensão de realidade, trazendo as múltiplas causas e a atenção principal na figura humana. Os Sertões faz com que o leitor compreenda de forma integral aquele acontecimento, em suas diferentes dimensões”, afirma Pereira Lima.

O pesquisador explica que, no jornalismo literário,  as pessoas são tratadas em profundidade e que, na obra euclidiana, há uma leitura quase psicológica. “Jornalismo literário é literatura também. Entendo como literatura tanto a ficção como a não-ficção. Um estilo pautado pela literatura do real. O que caracteriza a literatura é a qualidade e a excelência do nível narrativo. E isso é marcante com Euclides por causa de sua sensibilidade ao trazer aspectos sutis da realidade”. 

Esses aspectos servem para denunciar, investigar e ser caminho inspirador para a transformação social e humana. “Ler a obra é uma experiência de sensibilização para 'ressignificar' a realidade. Uma grande experiência de transformação de consciência para os cidadãos brasileiros”, afirma.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando