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Muitas pessoas sentem vontade de iniciar uma jornada pela escrita e contar histórias que alcancem outras vidas. Para isso, é necessário ter criatividade, determinação e capacidade para lidar com os desafios. 

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A Semana da Criação Literária, evento on-line e gratuito que irá ocorrer entre os dias 25 e 31 de janeiro, foi idealizada com o propósito de auxiliar pessoas que pensam em descobrir e melhorar habilidades, bem como seguir profissionalmente a carreira de escritor ou escritora.

Tiago Novaes, escritor, tradutor e doutor em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP), ministrará aulas que pretendem mostrar, entre outras coisas, obstáculos que impedem o desenvolvimento da escrita. Falta de confiança, dificuldade para encontrar inspirações, medo e até mesmo falta de tempo são os fantasmas que assombram os jovens escritores. 

Tiago Novaes desenvolveu o gosto pela escrita na infância, com a leitura. “Minha tia contava histórias à beira da cama antes de dormirmos, meu irmão e eu. Eram histórias fantásticas, com terras distantes, dragões, florestas encantadas. Aí vieram os livros. E um livro puxa outro. Na adolescência, Clarice, Graciliano, Guimarães, Saramago. A poesia. Eu era um aluno bastante medíocre na escola, e a exceção sempre foram as redações, onde sinto que eu destilava estas leituras”, revelou.

O escritor destacou que, inicialmente, há um prazer simples e inocente diante do papel, uma inspiração, um entusiasmo. Depois vem um um desejo de alçar voo maior, de contar uma história melhor, desenvolver os personagens. “Aos poucos a gente passa a querer transmitir a ambiguidade da vida nos próprios escritos. E é um desafio que vai sendo trabalhado continuamente, identifica-se com a experiência de vida, com as perguntas que fazemos e que nunca alcançam resposta”, explicou.

A Semana da Criação Literária surgiu com a intenção de ajudar as pessoas a se apropriarem da própria língua e da própria voz, informou Tiago. Segundo ele, desde as oficinas presenciais que ministrou a partir da publicação do seu primeiro romance, surgiu um senso de “missão literária”. “Acredito que ainda somos jovens, como país e cultura em termos de narrativas escritas. Quantas histórias por escrever! Romances psicológicos, históricos, ficções científicas. Ainda precisamos mapear na ficção a nossa cultura, que se diversificou e tem revelado a sua complexidade”, disse.

Para incentivar aqueles que querem escrever mas que são impedidos pelas inseguranças, Tiago afirma que o primeiro passo é retirar o lugar do "Grande Escritor" de um pedestal inalcançável e mostrar que a escrita é um ofício como qualquer outro, com suas complexidades. Para Tiago, o grande segredo da criação literária é que não existe segredo e sim que existe trabalho, insistência, paixão revigorada, comunidade.

“A escrita criativa entra neste movimento. É uma disciplina tão jovem quanto a psicanálise e foi fundada por um reitor na Universidade de Iowa, um sujeito chamado Carl Seashore. Nos EUA existem centenas de programas de graduação e pós em escrita. No Brasil este movimento ainda é emergente. Parte do meu trabalho é de difusão deste conhecimento”, assinalou o escritor.

Tiago Novaes entende que a questão da criatividade está em aceitar que é sempre necessário buscar objetos em um lugar diferente, enxergá-los de uma nova perspectiva. “Os livros fazem isso. As viagens. A análise ou autoanálise. O debate intelectual e literário. O sujeito criativo é um sujeito curioso, desassossegado. Precisamos abandonar as questões narcísicas, como 'Isso é para mim?', 'Eu sou bom o suficiente?', e passar a fazer perguntas de dentro da prática, que são bem menos autocentradas”, acrescentou.

O escritor comenta que vive de atividades ligadas à escrita e conhece muitas pessoas que fazem o mesmo. Durante a Semana da Criação Literária, Tiago vai mostrar como o autor pode enveredar por esse caminho. Também terá a discussão sobre a estruturação de uma obra a partir do romance "Torto Arado", de um dos antigos participantes de suas oficinas on-line, Itamar Vieira Jr. “Por fim, vamos oferecer orientações práticas para aprimorar a escrita e algumas reflexões que o escritor deve realizar de saída para que possa superar as questões extrínsecas à obra: o medo da falta de talento, a dificuldade em lidar com o tempo da escrita, dentre outras”, complementou.

Experiências válidas

O escritor e jornalista Tiago Júlio Martins contou que conhece e recomenda a participação nas aulas de Tiago Novaes, pois ele possui experiências válidas para quem deseja seguir a carreira de escritor. “Acho um trabalho muito incrível porque ele ensina técnicas muito legais para quem está começando, até para pessoas mais experientes têm teorias muito eficazes na construção de enredos. Já assisti alguns vídeos dele e eu recomendo participar do evento, porque tudo que vem a somar e agregar para a nossa escrita, nossa bagagem cultural, nossa bagagem técnica eu acho superválido”, disse.

Ele também relata que o seu hábito pela leitura surgiu na infância. “Comecei a ler com as revistinhas da Turma da Mônica, principalmente. Depois minha tia me dava livros infantis, então eu lia Ziraldo, li outras coisas também.”

Tiago explicou que a escrita é algo natural desde os seus 17 anos e que aperfeiçoou com a profissão de repórter. "Exercitei bastante a minha aptidão como escritor, jornalista, redator e sempre foi uma forma de me encontrar comigo mesmo”, afirmou.

Como escritor, publicou dois livros, “Cabeça Bipolar” e “Outubro”, cada um com as suas particularidades de construção. “O 'Cabeça Bipolar' escrevi praticamente em fluxo de consciência. Foi um processo muito orgânico, não me preocupei tanto com o enredo, forma. Já no 'Outubro' eu precisei me preocupar mais com a estrutura, com o desenvolvimento do enredo em si”, explicou.

Tiago Júlio contou que os autores que mais lhe inspiram são Manuel de Barros, Ferreira Gullar, José Saramago, Clarice Lispector, Cecília Meirelles, Hilda Hilst, Caio Fernando Abreu e Paulo Leminski. “São escritores que têm uma obra muito rica. Se um dia eu conseguir chegar no dedinho do pé de algum deles, em sentido de qualidade literária, eu já vou ficar muito feliz”, completou.

O escritor também relatou que já sofreu com bloqueio criativo. “A forma que eu encontrei para lidar com isso foi buscando outras fontes de arte para me inspirar, na música, no cinema, nas artes visuais, na dança, e procurei me inspirar a partir do trabalho de outros artistas, acho que é uma boa ferramenta que pode ajudar bastante”, contou.

Para as pessoas que desejam se tornar escritoras, Tiago Júlio conta que o mais importante é escrever sem a preocupação de estar produzindo um texto grandioso e que há formas de autopublicação gratuita na internet, facilitando a intensificação da prática da escrita. “A nossa escrita é a troca que a gente tem com o leitor”, finalizou.

Vivências literárias

A jovem escritora Giovanna Maués, estudante de Odontologia e amante de livros, apesar de não ter um livro publicado ainda, compartilhou um pouco sobre sua vivência ao escrever histórias. Ela diz que seu gênero preferido é o romance e todas as variações dele (romance de época, romance de fantasia, romance contemporâneo, etc.) e que se inspira muito em autoras como Sarah J Maas, Angie Thomas e Julia Quinn.

“Eu gosto muito de literatura, mas percebi que um dos meus gêneros preferidos tem pouca representatividade. Comecei a escrever como uma tentativa de reverter esse cenário. Queria que mais pessoas se sentissem representadas em um gênero que eu gosto tanto”, destacou.

Giovanna também falou de alguns entraves no momento de transcrever o que ela deseja para história no texto. “Uma das maiores dificuldades é achar as palavras certas para encaixar no texto, que transmitam o que eu tô pensando.”

A jovem escritora comentou também sobre o que a ajuda mudar essa situação. “O que me ajuda muito é ler livros do mesmo gênero que eu estou escrevendo.”

Emanuelle Estumano, de 20 anos, escreve desde quando era criança. Poemas ou textinhos, mas nada sério, até os seus 12 anos, quando começou a ter crises de ansiedade e encontrou na escrita uma forma de refúgio.

“Quando eu tinha 12 anos comecei a ter crises de ansiedade e isso me impulsionou a escrever músicas. Fiz muitas durante a adolescência, pois eram como desabafos do que eu sentia ou mensagens positivas que eu queria ouvir quando me sentia assim. Depois fui adentrando no mundo das narrativas e comecei a criar histórias ficcionais que eu escrevia para não esquecer. Com o tempo foi virando hobby e hoje acho que já é mais do que isso”, afirmou.

Segundo Emanuelle, a escrita é resultado de vivências relacionadas a sua fé ou no âmbito social. Cada música de sua autoria, esclareceu, tem um pouco de experiências espirituais, emocionais e sociais vividas por ela. 

“Escrevo sobre o que vejo, o que ouço, o que leio. Então, algo que eu vi na parada de ônibus pode render uma boa ideia. Gosto bastante de traços da vida real misturados com a ficção. Quando se lê, é difícil saber o que é verdade e o que não é”, comentou Emanuelle.

Emanuelle falou sobre os desafios de publicar seus escritos. “Acho que o maior desafio é o que vem depois que o trabalho está pronto. Criar não é difícil em si; entretanto, tornar uma obra pública, reconhecida e vendável é. Acredito que grande parte dos escritores crie algo pensando em quem lerá aquilo, e não idealizando que a obra fique apenas engavetada. Há todo um processo, passando pelo registro de direitos autorais, publicação on-line ou a partir de alguma editora e a circulação para os leitores, isso sem uma garantia de que o trabalho será aprovado e agradará parte do público.”

“A internet tem ajudado bastante com várias plataformas disponíveis para escritores amadores divulgarem suas obras; contudo, nem sempre é fácil ganhar visibilidade e “fazer seu nome”. Eu me encontro um pouco estagnada nesse processo, pensando em como publicar minhas criações de maneira segura, ampla e benéfica, tanto para mim quanto para quem vai ler.”, comentou sobre as facilidades que temos hoje em dia com o uso da internet.

Incrições para a Semana de Criação Literária aqui.

Canal Escrita Criativa no Youtube.

Por Isabella Cordeiro, Sabrina Avelar, Yasmin Seraphico e Rita Araújo.

 

 

Nascido no município de Cametá, Pará, no dia 23 de abril, Salomão Larêdo é escritor e um dos nomes mais influentes da cultura amazônica contemporânea. Dono de várias facetas - é advogado, jornalista, mestre em Teoria Literária, pela Universidade Federal do Pará (UFPA), poeta, contista e romancista -, é na literatura que deixa marcas.

Tem mais de 40 obras publicadas, que narram sobre a cultura, as histórias e o imaginário paraense. Em entrevista ao LeiaJá, às vésperas de lançar o novo livro, intitulado “Pedral, Canal do Inferno”, Larêdo fala da vida, da carreira e da inspiração para esse romance ficcional.

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Com o lançamento previsto para começo de 2021, “Pedral, Canal do Inferno” é um romance que se passa no Pedral do Lourenço, formação rochosa no meio do rio Tocantins, sudeste do Pará, que impede a navegação durante a estiagem e inviabiliza a hidrovia do Araguaia-Tocantins. “A ideia para este romance eu tive lendo o livro de ‘Belém a S. João do Araguaia’, escrito pelo engenheiro cametaense Ignácio Moura", disse. A narrativa, segundo Larêdo, se desenvolve em torno do Pedral do Lourenço, revela o escritor.

Salomão Larêdo relata que, por ter nascido na vila do Carmo cametaense, à beira do rio Tocantins, a cultura e o imaginário amazônico influenciam totalmente sua literatura. “Ela é a personagem principal das personagens do meu labor literário. Eu procuro me valer das mitologias pessoais, da mitologia grega e das mitologias amazônicas para fazer esse entendimento ser cada vez melhor na literatura que eu faço”, explica.

Paixão de longa data, o escritor acredita que o amor pela literatura surgiu desde pequeno, com as histórias contadas pelos familiares sobre o lendário e as encantarias da Amazônia, e se recorda do pai. “[Meu pai] me ensinava, lia muito para mim, contava histórias, comprava livros – tanto quanto eram possíveis, porque as condições eram difíceis. Eu acho que fui me apaixonando”, diz.

O escritor conta que cedo teve contato com a literatura de Machado de Assis e passou a ser influenciado por ela. Depois começou a ler obras de Dalcídio Jurandir, Ildefonso Guimarães e outros autores locais. Em nível nacional, Larêdo diz que teve influência de Jorge Amado. Internacionalmente, de James Joyce. 

“Costumo ler Joyce como aprendiz, como quem está procurando o entendimento, o aprender, o exercitar, ver de que modo eu posso melhorar cada dia mais o meu texto e esse texto ser uma coisa gostosa, prazerosa. As influências são muitas, de todas as áreas, em diversos campos”, revela. “Eu sou apaixonado pela literatura universal e que se desenvolve em toda parte”, acrescenta.

Salomão Larêdo diz que a literatura regional brasileira, apesar de ser densa, de ter valores importantes e boa elaboração, ainda não é valorizada. “Por não conhecermos, nós não valorizamos. Então outras pessoas lá fora estudam mais, pesquisam mais, sabem do que nós estamos fazendo aqui e valorizam mais”, explica o escritor. Ele cobra incentivo e estímulo.

Novos leitores

O escritor também acredita que a formação do leitor deve ser trabalho de todo cidadão, não somente do escritor e do artista. “Todas as pessoas devem se preocupar em formar leitor crítico. Se quisermos ter uma sociedade mais justa, mais fraterna, mais feliz, mais equânime, mais afetuosa, nós devemos investir em educação e cultura, o que passa pelo livro e pela leitura, pela formação do leitor”, afirma. 

Para Salomão Larêdo, democratização da leitura é colocar o livro à disposição do público. “Livrarias nós temos quase que nenhuma em Belém, com dificuldade elas se mantêm. Bibliotecas temos pouquíssimas. Espaços de leitura nas escolas, quase nenhum. Como formar leitores, como democratizar a leitura sem espaço de leitura, sem aquisição de obra do autor local, nacional e internacional?” questiona. “Nós precisamos ter um programa, um processo, políticas públicas de leitura, de aquisição de livros, de formação de leitor para que a democratização do livro (processo) se dê”, complementa Larêdo. 

O escritor ressalta a importância da leitura e da pesquisa para aqueles que pensam em se tornar escritores. “Como ser escritor? O primeiro escritor é leitor. Acho que tem que ler muito, estudar, pesquisar e exercitar muito o texto. Qualquer gênero que você opte por escrever, tem que estudar bastante, mas ler é o principal.”

Salomão enfatizou também a validação de participar de concursos literários, não só pelo reconhecimento e para vencer, mas também pela experiência que se ganha. “Depois é entrar em concursos literários, locais, regionais e nacionais. Há muito concurso importante, concursos sérios, que se deve mandar os trabalhos e não se chatear se o trabalho não foi premiado”, afirmou o escritor.

Carreira literária

Salomão revelou que não imaginava que iria escrever tantos livros, ainda mais com as dificuldades da época. "Há 10, 15, 20, 30 anos a gente não tinha as facilidades que se tem hoje no sentido de a pesquisa mais rápida, pesquisar no Google, de serviços de edição gráfica um trabalho mais aprimorado.”

O jornalista lembra que, especialmente em Belém, a dificuldade estava na ausência de recursos e incentivos à cultura. “Pra quem não tinha condições, e aqui não havia incentivos nesse sentido, as coisas foram pouco a pouco também aparecendo e me meti em concursos literários, realmente eu batalhei bastante para descobrir, fazer pesquisa, estudar, saber como se davam as coisas e queria fazer uma carreira. Depois disso, tomei consciência que era este o dom que eu tinha, de escrever e que deveria desenvolver.”

O autor fala sobre sua literatura ser uma arma a qual usa como para defender a região Amazônica, a cultura, o povo e a sua voz. “A minha literatura é a arma que eu uso pra defender a região, pra falar do meu povo, pra falar da nossa cultura, para defender que nós estamos presentes, pra ir em frente rompendo as dificuldades, pra ver se a nossa voz é ouvida, porque nós precisamos falar da Amazônia, dizer o que somos, como estamos, retratar o sofrimento do povo, as coisas que precisam ser melhoradas, defender a região, o meio ambiente e a natureza humana”, afirmou o escritor.

Leia mais sobre o escritor aqui.

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Por Carolina Albuquerque, Isabella Cordeiro e Rita Araújo.

 

A literatura brasileira - e também a mundial - celebra neste 2020 o talento de Clarice Lispector. A história de uma das maiores escritoras do século XX começa em 10 de dezembro de 1920, em Tchechelnyk, na Ucrânia. E continua no Brasil, onde Clarice conheceu a língua de sua grande expressão, na qual deixou o seu legado em palavras. O mês de dezembro também testemunhou a derradeira viagem de Clarice, no dia 9, em 1977, no Rio de Janeiro.

O Brasil de 1922 testemunhava os horrores da 1ª Guerra Mundial. Nesse cenário apocalíptico, a luz faria nascer “A hora da estrela”. Esse é o título da última publicação da ucraniana Haia Pinkashovna, que ao desembarcar em terras brasileiras, em 1922, torna-se Clarice Lispector.

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A família, de origem judia, instala-se, a princípio, na capital alagoana, até o instante em que o pai de Clarice leva a esposa e filhas para o Recife (PE). Nesta cidade, Clarice despede-se da mãe, Marieta, que morre em 1929, vitimada pelas sequelas dos atos sofridos na terra de origem.

Pedro Lispector decide, então, migrar para o Rio de Janeiro, na esperança de encontrar melhores chances de trabalho e viver mais tranquilamente em companhia de suas três filhas. Começava-se a escrever mais um capítulo na vida da futura jornalista e consagrada escritora.

Aos 23 anos, Clarice casa-se com o diplomata Maury Gurgel Valente, e dessa união nascem Pedro e Paulo, pelos quais a escritora sempre declarou profundo amor materno. Os filhos são também o motivo de Clarice adentrar no universo da literatura infantil e lançar “O mistério do coelho pensante”.

Clarice causara impacto logo ao lançar seu primeiro romance, "Perto do coração selvagem”, e seria um dos nomes a revolucionar o panorama literário dos anos quarenta. Incompreendida por uns, silenciando outros, seguiria a encantar o Brasil e o mundo.

Sua formação leitora recebeu as vozes de Tolstói, Kafka, Hesse, Flaubert, Machado de Assis, Shakespeare, entre outros expoentes da literatura universal. A romancista, além da língua materna, o iídiche, dominava as línguas francesa, italiana, inglesa e a língua portuguesa, em que escreveu diversos títulos: “A paixão segundo G.H.”, “Enigma”, “Ideal burguês”, “A quinta história”, contos, poesias, cartas e crônicas.

Clarice Lispector viajou o mundo ao acompanhar o esposo diplomata nas diversas missões exigidas pelo Itamaraty. Teve suas publicações traduzidas em diversos idiomas e editadas em mais de 30 países.

Em 1940, o Pará recebia Clarice, que durante seis meses permaneceu em Belém, onde conquistou a amizade do professor Francisco Paulo Mendes, com quem manteve diálogo constante e foi o articulador dos encontros literários nos quais a jovem romancista pôde conversar com o público local.

Também é paraense um dos mais renomados estudiosos de sua obra, o filósofo Benedito Nunes, que publicou “O drama da linguagem – uma leitura de Clarice”.

Clarice Lispector permanece eternizada em cada leitor, torna-se assunto de amplas discussões tanto entre especialistas quanto entre leigos. Recebe homenagens e os títulos de sua autoria convertem-se em filmes, musicais e inspiram outras obras.

O Brazil LAB, da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, criou a Biblioteca Sonora Clarice 100 Ears. No Brasil, o cineasta F. de Carvalho produziu o filme “A paixão segundo G.H".

A escritora também é tema dos publicados “Clarice, uma vida que se conta”, de Nádia Battella Gotlib, e “Clarice, uma biografia”, de Benjamin Moser.

Os artistas Moreno Veloso, Beatriz Azevedo, Jaques Morelenbaum e Marcelo Costa criaram o show "Agora Clarice", com a participação da cantora  Maria Betânia.

No último 10 de dezembro, exato dia de seu nascimento, foi transmitida pelo Instagram a live do projeto "Clarice Belém", para celebrar o centenário de Lispector.

Entrevistada pelo Portal LeiaJá, a professora Salier Castro, do Centro de Formação de Professores da Educação Básica do Estado do Pará (CEFOR), disse que ler Clarice é importante não somente para conhecer a obra da escritora, como também sua postura como jornalista, esposa e mãe: "(Clarice) nos convida a olhar para dentro de nós. Penso que estamos necessitados disso. Seus cem anos são um presente para o leitor.”

Estudante de Pedagogia, Adriano do Vale Pereira revela sua admiração pela escritora: “Minha professora de literatura e redação pediu uma pesquisa sobre  Clarice. Eu estava no Ensino Médio. Fiquei encantado em saber que ela morou em Belém e gostei muito de ler seus textos. Clarice permanece em minha memória”.

Clique no ícone abaixo e ouça a leitura de textos de Clarice Lispector na voz de Rosângela Machado.

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Mais informações: 

Instituto Moreira Salles (IMS)

Por Rebeca Costa, Rosângela Machado e Quezia Dias. 

 

O programa Plurarte desta semana tem como convidado o escritor e artista plástico Rey Vinas, com apresentação da cantora Sandra Duailibe. O Plurarte estará no ar sempre às sextas-feiras, na Rádio Unama FM (105.5), às 13h20, com reapresentação aos sábados, às 10 horas. Também será exibido no Espaço Universitário da TV Unama, na TV RBA, no sábado de manhã, e no portal LeiaJá. 

Acesse o Plurarte no Youtube aqui.

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O programa Plurarte desta semana presta homenagem ao professor, escritor e jornalista João Carlos Pereira, imortal da Academia Paraense de Letras (APL), que morreu no útimo dia 10. Veja entrevista concedida à cantora Sandra Duailibe

O Plurarte está no ar sempre às sextas-feiras, na Rádio Unama FM (105.5), às 13h20, com reapresentação aos sábados, às 10 horas. Também será exibido no Espaço Universitário da TV Unama, na TV RBA, no sábado de manhã, e no portal LeiaJá. 

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Acesso o programa no Youtube aqui.

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Programa Plurarte estreia com a cantora Leila Pinheiro 

Plurarte conversa com o cantor Guto Risuenho

Epaminondas Gustavo participa do programa Plurarte

 

Uma das referências nacionais na preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e vestibulares, a professora de redação Fernanda Pessoa é um dos destaques do próximo aulão do projeto Vai Cair No Enem. Promovido em parceria com o LeiaJá, o evento será realizado no sábado (24), a partir das 14h, por meio do YouTube e via Instagram.

A prova de redação é um dos momentos mais importantes do Enem. Para ajudar os candidatos na preparação do processo seletivo, Fernanda Pessoa escolheu uma abordagem que, segundo ela, pode ser aplicada nas produções textuais: “Escrevendo o Brasil: dos livros para a redação”.

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"Quando eu pensei em escolher um tema, a minha ideia foi escolher algo que os alunos estudam, que eles usam, para ensinar como colocar na redação, um repertório sociocultural que de fato seja legitimado, pertinente e produtivo”, explicou a professora.

A partir da temática, a aula promete mostrar como a literatura pode ser destrinchada nas redações. “Nada melhor do que literatura, já que é algo que os estudantes veem durante toda a trajetória escolar, e muitas vezes veem somente a parte de regra, de decoreba. A ideia é uma aula super descontraída, em que eles vão aprender a fazer uso de maneira completamente produtiva, interessante, de tudo o que eles veem em literatura, desde o primeiro até o terceiro ano. Será uma viagem muito legal e tenho certeza de que eles não vão se arrepender de participar", comentou Fernanda Pessoa.

Além de redação, o aulão contará com dicas exclusivas do professor de química Josinaldo Lins e do educador de história Pedro Botelho. As inscrições podem ser feitas por meio do site do projeto Enem 360; nesse endereço virtual, os candidatos ainda terão acesso a fichas dos conteúdos que serão trabalhados no aulão, tudo de forma gratuita.

A Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) de São Paulo registrou um aumento na procura de livros no sistema carcerário do estado. De acordo com a pasta, no período de março a setembro, unidades prisionais como a Penitenciária Feminina Sant’Ana (PFS) emprestaram cinco vezes mais obras literárias às reeducandas do que antes da pandemia do coronavírus. No Centro de Progressão Penitenciária do Butantan a alta no empréstimo foi de 40%

Além de propiciar o desenvolvimento intelectual de quem cumpre pena nos presídios, a leitura pode reduzir o tempo em que a população carcerária se mantém na cadeia. Segundo a legislação, cada síntese de obra literária entregue pelo preso à Justiça pode reduzir até quatro dias de prisão. Ainda de acordo com a SAP, há um protocolo de saúde para o empréstimo dos livros e cada exemplar só é repassado a um novo leitor 72 horas depois da devolução.

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Na Penitenciária I José Parada Neto e no Centro de Detenção Provisória (CDP) II, ambos na cidade de Guarulhos, por exemplo, os títulos mais procurados são "O Código Da Vinci" (2003), de Dan Brown, "Juízo Final" (1991), de autoria Sidney Sheldon, "Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios" (2005), do escritor Marçal Aquino e "O Processo”"(1925), do autor Franz Kafka.

Segundo a SAP, a procura pelos exemplares literários cresceu após algumas atividades comuns nos presídios, como as visitas, serem interrompidas em meio à pandemia. A medida incomum foi tomada para que os riscos de contágio dos presos pela Covid-19 fossem reduzidos.

De acordo com a Coordenadoria de Unidades Prisionais da Região Metropolitana de São Paulo (Coremetro), a população carcerária da Grande São Paulo tem acesso a mais de 120 mil livros nas penitenciárias.

Como forma de celebrar o centenário da escritora, tradutora e jornalista Clarice Lispector, a professora de redação e pós-graduanda em educação Josicleide Guilhermino promoverá um minicurso – totalmente gratuito - que abordará, entre vários assuntos, elementos da vida, obra, além da importância da autora na literatura nacional e no contexto histórico brasileiro. As inscrições devem ser realizadas de 12 a 16 de outubro, pelo e-mail: josicleide28@gmail.com.

As aulas serão disponibilizadas às segundas, quartas e sextas-feiras, sempre às 10h, pelo canal do YouTube da professora Josicleide Guilhermino durante o período em que o minicurso será realizado e os materiais de apoio serão disponibilizados em um grupo no Telegram, em que o interessado receberá o link para acesso ao grupo após ter a sua inscrição confirmada via e-mail.

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Os conteúdos começarão a ser disponibilizados a partir do dia 19 de outubro. Além de Josicleide, o minicurso contará com a participação de outros profissionais: o graduando em letras pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Anderson Araújo; o historiador e estudante de museologia, Fabiano Bezerra; a estudante de letras da Universidade de Pernambuco (UPE), Jammylly Ferreira; a pedagoga com especialização em educação e psicopedagogia institucional, Joseane Nascimento; e a escritora e fotógrafa Mylena Vitoria.

Além do conteúdo essencial, a exemplo de como Clarice pode ser abordada no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e quais citações da autora podem ser usadas em temas de redação, o minicurso é uma convite à arte, à literatura, ao prazer estético e, principalmente, à leitura. Pensando nisso, o minicurso receberá a presença da enfermeira obstetra Juliana Lima e da leitora mirim Sophya Gabrielle, que têm em comum o interesse pela literatura clariceana.

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O lançamento do livro "O Caso 33", do autor paraense Fábio de Andrade, marca seu primeiro lançamento físico. O livro foi pensado há três anos, e conta a história de uma Belém de 1966, batizada de Santa Acácia. O autor tem duas outras obras em formato digital, “Sob os Olhos do Delírio” e “Um Estudo em Violeta”.

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A história se passa na recém-fundada cidade de Santa Acácia, que vive seus piores momentos quando um assassino em série começa a matar várias pessoas ao longo dos dias. E em todos os assassinatos há algo em comum: os corpos são encontrados cortados e faltando uma parte do corpo, e com o número "33" marcado na pele.

Segundo o autor, diferentemente de outros livros de investigação, "O Caso 33" tem investigadores não tão comuns, como um açougueiro e uma carteira. “Trabalhando em equipe com a investigadora Joana e o delegado Joaquim, os quatro correm contra o tempo para descobrir e impedir que o assassino derrame mais sangue pelas ruas”, explicou.

Para o autor, que está na área literária há seis anos, "O Caso 33" se diferencia de outros romances policiais porque se passa em Belém e retrata os personagens da cidade. O escritor explica que desenvolveu interesse em escrever principalmente pela sua paixão como leitor. "Além de ser uma paixão estar escrevendo literatura policial, 'O Caso 33' foi o livro que me fez evoluir e mudar como pessoa”, disse.

Além disso, Fábio diz sentir-se sortudo por ter uma proximidade com seus leitores, que ao longo do tempo se tornaram seus amigos íntimos. “Eu espero que eles tenham uma ótima leitura. É isso que eu prezo fazer. Dar uma ótima experiência para a pessoa.”

O escritor acredita que para quem gosta de livros com uma narrativa eletrizante, rápida, envolvente e cheia de reviravoltas, "O Caso 33" é o livro certo. “Eu sempre me propus a trazer uma experiência muito boa, principalmente relacionada à fluidez, para não trazer um livro difícil de se ler”, ressaltou.

A pré-venda de "O Caso 33" vai até o final do mês de setembro. O livro está sendo vendido com 2 kits: o 1º kit é o livro com frete grátis e um conto exclusivo, e o 2º kit é o livro com frete grátis, um caderno de detetive feito à mão e o conto. Também é possível encontrar as obras do autor em qualquer plataforma digital.

Por Quezia Dias e Thalia Araújo.

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Na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), há questões acerca de literatura, que são cobradas na área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Diversos são os autores e as obras que fazem parte do cronograma de conteúdos recomendados para estudo dos candidatos. Pensando em auxiliar quem planeja fazer o Enem, o LeiaJá entrevistou quatro professores que indicaram possíveis livros a serem pedidos.

Vidas Secas

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Segundo o professor Felipe Rodrigues, a obra Vidas Secas, do autor Graciliano Ramos, da Segunda Geração do Modernismo, deve cair na prova de Linguagens do Enem. “Então, questões que denotam o modernismo brasileiro são muito batidas dentro da proposta de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Por esse motivo, tal qual outros autores, Graciliano traz um retrato bem árido sobre a realidade da seca, inclusive essa aridez é retratada pela desnecessidade de adjetivos, de um livro mais seco, de um livro mais objetivo, que é uma característica dessa obra, inclusive que traz a essência da região, a essência desse clima, dessa sociedade que vive à mercê das condições edafoclimáticas", explica Rodrigues.

"Então, ele tem 13 capítulos e aí seus primeiros e últimos capítulos eles têm títulos bem emblemáticos, mas que narram realidades da seca. O primeiro tem a questão da mudança e fala um pouco sobre essa questão da adaptação à seca. Já a fuga fala sobre o êxodo rural, que é outra readaptação quando não se tem mais o que fazer. Tem-se personagens bem célebres, como, por exemplo, o Fabiano, um homem tipicamente nordestino, tipo vaqueiro; tem a esposa de Fabiano, sinhá Vitória, que é uma mulher religiosa, trabalhadora, cuida dos filhos, ajuda também o marido nesse trabalho e aí eles falam um pouco sobre sonhos, sobre realidades”, conta, ainda, o docente.

De acordo com o professor, alguns escarnecimentos são colocados em foco na obra. “Por exemplo, enquanto um filho quer aprender a ler alguma coisa e não se sabe, é aquele dilema da falta de oportunidade, falta de crescimento que é dada a algumas pessoas, a alguns grupos populacionais, é colocado em xeque o descaso que essas pessoas têm e os próprios rumos que elas têm que tomar sem auxílio de outrens. A cachorra Baleia, eu vou já entregar algo, que é sacrificada por conta desse decorrer anterior à fuga do andamento do livro, é colocada em xeque como uma figura, assim, como membro da família, que pensa, que sonha, como se fosse gente mesmo, fosse pessoa, como se fosse a ideia de muitas vezes de personificação dessa cachorra, mas que no final ela também é colocada em xeque à sorte e morre por conta dos problemas inerentes à vida desses seus donos, que, no final, tentam fazer de novo seu futuro, deixando tudo para trás”, finaliza o professor.

A Hora da Estrela

A professora de literatura e redação Josicleide Gulhermino selecionou o livro A Hora da Estrela, da escritora ucraniana naturalizada brasileira Clarice Lispector. “Considerada uma das maiores escritoras da literatura nacional, Clarice escreveu romances, crônicas, contos e afins. Oficialmente está vinculada à terceira fase do Movimento Modernista e sua literatura concentra-se nas profundezas do "ser", explicou a docente.

O ano de 2020 é do centenário de nascimento da autora de A Hora da Estrela, seu último romance e talvez o mais significativo, por ser o único em que se identifica a temática social mais evidente. Na obra, Clarice presenteia os leitores com Macabea, uma jovem alagoana que, como muitos nordestinos (durante muito tempo), fugindo à miserabilidade, vai tentar a sorte na cidade grande. No caso da personagem, o Rio de Janeiro.

"Macabéa tem pouca instrução, aparência ruim, cheiro desagradável e em um dado momento da narrativa precisa mastigar pedacinhos de papel para enganar a fome; teve pouco ou nenhum momento de felicidade e, como se não bastasse, seu namorado a troca por sua amiga. Todavia, a esperança renasce quando ela visita uma cartomante que faz excelentes previsões. O fim da narrativa, contudo, contraria o que foi dito”, explica Josicleide.

A professora conta que pelo fato de o Enem focar em questões da atualidade e o livro permitir a reflexão sobre muitas mazelas sociais atuais, a leitura da obra é importante para o exame deste ano. “Pelo fato de o Enem ser uma prova que atua na perspectiva da atualidade e a obra citada possibilita a reflexão sobre vários problemas sociais vigentes, como desigualdade, fome e afins; além do centenário de um dos grandes nomes da literatura brasileira, A Hora da Estrela’ se converte em uma leitura necessária para o exame deste ano”, diz Josicleide Guilhermino.

Memórias Póstumas de Brás Cubas

O professor de redação Diogo Xavier optou pelo livro Memórias Póstumas de Brás Cubas, do autor Machado de Assis. “Memórias Póstumas de Brás Cubas é uma obra icônica de Machado de Assis, frequentemente abordada na prova do Enem, por ser fonte infindável de análises, tanto nos aspectos literários e composicionais quanto para a interpretação. Diante disso, é importante que o fera leia o livro ou, pelo menos, conheça bem o enredo e os detalhes do romance”, aconselha.

Xavier discorre, ainda, sobre a história da obra citada, a qual ele julga importante para o exame. “Publicada em 1881, é a obra inaugural da fase realista de Machado de Assis e do próprio Realismo no Brasil. Representa uma revolução tanto de ideias e de formas. De ideias, porque aprofunda o desprezo pelas idealizações românticas, fazendo emergir a consciência nua do indivíduo, fraco e incoerente; de formas, pela ruptura com a linearidade da narrativa e do estilo "enxuto". Importante ressaltar que a mulher, de idealizada no Romantismo, passa a ser, nas mãos de Machado e de outros autores realistas, a causa dos pecados dos homens, a serpente, a causadora da discórdia, da loucura.

"Machado apresenta uma história lenta, cheia de digressões e narrada de maneira irônica por um “defunto autor”, conceito explicado pelo protagonista logo no início da obra. Livre e descompromissado com a sociedade, Brás Cubas, à medida que narra sua vida, revela e analisa não só os motivos sórdidos de seu próprio comportamento, como também desnuda todas as hipocrisias e vaidades das pessoas com quem conviveu. As reflexões do narrador intruso pontuam todo o texto, impregnando-o de um pessimismo radical, que vê os homens como seres corruptos, hipócritas e egoístas, como ele mesmo o era", diz o Diogo Xavier.

"Nada resiste a essa análise impiedosa do comportamento humano, e suas últimas palavras resumem bem essa visão amarga da existência: 'Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria'. O aspecto fantástico do romance (afinal, um defunto conta suas memórias) e o tom irônico e zombeteiro do narrador fazem de Memórias Póstumas de Brás Cubas uma obra ímpar na literatura brasileira, e explorada não só na prova do Enem, mas em inúmeros outros concursos e vestibulares”, conta o professor.

O Quinze

Talles Ribeiro, professor de literatura, escolheu o livro O Quinze, da escritora Rachel de Queiroz, como um livro que deve cair no Enem. “Uma leitura que não pode faltar para quem se prepara para o Enem deste ano é O Quinze, de Rachel de Queiroz", garante o docente.

"É notório que o Enem tem sua abordagem influenciada por temáticas políticas. Durante os governos progressistas era comum que o exame abordasse temáticas mais sociais como por exemplo: questões ligadas a Negritude, Desigualdade Social, Preconceito às Minorias.... Pois essas eram bandeiras levantadas por aquele campo político. Hoje, o Governo Federal levanta outras bandeiras, estas como: Patriotismo, Família, Valores Cristãos...", explica Talles.

"Desta maneira, dentro do caderno de Linguagens, as escolas literárias que abordam esta temática, tais como o Romantismo que inicia um processo de valorização nacionalista na literatura e o Modernismo que edifica esse projeto, não podem passar desapercebidas pelos feras", completa o professor.

""Nesse contexto trago uma obra importante da Segunda Geração do Modernismo, geração essa conhecida como regionalista, justamente por abordar as temáticas acerca do Brasil in loco (regionalmente), que devido ao contexto histórico focou sua análise nas mazelas sociais que caiam sobre o povo brasileiro principalmente a população do Nordeste”, diz o professor.

“O Quinze foi o primeiro romance escrito por Raquel de Queiroz. Publicado originalmente em 1930, este romance trata dos eventos de uma seca terrível que abateu o sertão nordestino em 1915. O Romance é contado focando-se em dois núcleos. A priori, os enredos dos núcleos aparentam não se relacionar, mas a uma altura da narrativa é possível perceber encruzilhadas nos caminhos deles", conta Talles.

O primeiro núcleo é composto por Conceição, uma professora solteira de 22 anos de férias na fazenda da família e Vicente, um vaqueiro filho de um proprietário de terras. O casal flerta durante a narrativa. Enquanto a seca castiga é bonito perceber que o amor floresce nos corações sertanejos, mesmo em meio a tanta miséria e desespero.

O outro núcleo é composto por Chico Bento, Cordulina e seus três filhos. Eles moravam em uma fazenda em Quixadá de propriedade da dona Maroca. Com o agravamento da seca a proprietária decide soltar o gado a sua própria sorte encerrando assim os serviços da família de Chico Bento na Fazenda. Desolado e desempregado, Chico Bento inicia uma dolorosa retirada com a sua família para Fortaleza a pé, já que não tinham o dinheiro da passagem. 

"A narrativa é de uma crueza espetacular, emocionando o leitor a cada desdobramento do enredo. A dor de Chico Bento e família é sentido na pele e a reflexão sobre a vida dura e sofrida do sertanejo é uma constante durante todo o romance”, finaliza Talles.

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A quarta edição do Flipop, festival de literatura pop focado em jovens leitores, será online por conta da pandemia de Covid-19. O evento acontece de 9 e 12 de julho pelo YouTube com a transmissão de bate-papo com autores nacionais e internacionais que vão discutir mercado editorial, gêneros literários, representatividade e leitura na adolescência. A programação completa pode ser acompanhada no flipop.mystrikingly.com/programacao.

Este ano, o festival terá a autora internacionais Casey McQuiston, do livro "Vermelho, Branco e Sangue azul" (2019), e Ibi Zoboi, escritora da obra "Orgulho" (2019). Ambas abordaram o preconceito e como serviu de inspiração para suas histórias.

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Outra convidada é a autora Kiersten White, do livro "Filha das Trevas e A Farsa de Guinevere" (2020), e também Rainbow Rowell, escritora do romance "Eleanor & Park, Fangirl" (2020). As duas falarão sobre a escrita do gênero fantasia.

A Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (BBM), da Universidade de São Paulo (USP), promoverá um encontro literário on-line que explicará a inclusão de três novas obras literárias obrigatórias para o Vestibular 2021, da própria USP, realizado pela Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest). O evento será transmitido através do YouTube, no próximo dia 25 de junho, às 14h30.

A live contará com especialistas em literatura e tem o objetivo de ajudar no entendimento da obra 'Romanceiro da Inconfidência', de Cecília Meireles. O último encontro está agendado para 30 de julho, também pela internet.

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O projeto “O Sopro na Palavra”, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), vai promover um minicurso on-line intitulado “Aventuras, prodígios e maravilhas: os percursos formais da novela de cavalaria arturiana da Idade Média ao século XVI”. Interessados já podem se inscrever através de formulário eletrônico.

O minicurso proposto por Letícia Santos, doutoranda em Teoria da Literatura pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da UFPE, será promovido de 24 a 26 de junho para os estudantes que tiveram suas atividades acadêmicas suspensas devido à pandemia do novo coronavírus.

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Os encontros serão realizados nas plataformas Google Sala de Aula, na qual serão disponibilizados os textos teóricos e literários e atividades, e Google Meet. O minicurso terá duração total de seis horas e serão concedidos certificados de participação. Mais informações podem ser obtidas por meio do endereço eletrônico osopronapalavraufpe@gmail.com.

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Música, cotidiano e naturalidade. Essas foram algumas das inspirações que fizeram o jovem escritor Gabriel Fernandes, de 18 anos, se tornar o vencedor do concurso Novos Talentos da Literatura. Realizada em âmbito nacional, a competição foi promovida pela Editora Santa Agnes, da Bahia. Gabriel é ex-aluno da Escola Estadual Pedro Amazonas Pedroso, de Belém, onde terminou os estudos em 2019.

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Com o romance "Atormentada", ambientado na Inglaterra vitoriana, o escritor ganhou destaque na categoria prosa. Além do concurso Novos Talentos, que teve o objetivo de promover a literatura nacional, Gabriel também participou de outros concursos de escrita em plataformas on-line.

Gabriel diz que desde criança sonhava em escrever histórias e livros, mas foi na escola que encontrou apoio e incentivo de professores e colegas que, segundo ele, até hoje ajudam a divulgar o seu trabalho.

"A escola me impulsionou a escrever, porque eu sempre tive professores muito bem qualificados para me incentivar a tudo que eu tivesse disposto", comenta. Segundo Gabriel, essas ações foram importantes e o impulsionaram a continuar no caminho da escrita.

Gabriel afirma que a competição foi muito importante para que ele acreditasse no próprio trabalho. Agora, com a conquista, vai publicar o primeiro livro em formato e-book. "O sentimento é de gratidão e felicidade pelo que conquistei e ainda venho conquistando. Meu sonho desde muito novo foi fazer isso, e hoje eu sou muito grato por ele estar sendo realizado", destaca.

O ex-estudante da rede estadual e agora um jovem e promissor escritor pretende continuar participando de concursos, publicar a continuidade do seu primeiro livro e dos demais projetos que desenvolve. "Quem sabe poder publicá-los e levar às pessoas uma escrita leve e repleta de naturalidade", conclui.

Nas redes sociais, a editora informa que Gabriel "ganhou com todos os méritos" a competição.

Da Agência Pará.

A data 13 de maio ficou marcada no calendário histórico do Brasil por ter sido neste dia que a Princesa Isabel, em 1888, assinou a Lei Áurea, documento que aboliu oficialmente a escravidão no país. No entanto, os desdobramentos desse momento tão esperado não se deram a contento e, apesar de ‘libertos,’ os  ex-escravos não encontraram qualquer medida de compensação ou apoio para serem integrados como deveriam à sociedade.

A repercussão dos quase três séculos de escravidão no país, e de uma abolição apenas formal, pode ser sentida até os dias de hoje, através das desigualdades e exclusão descaradamente encontradas na sociedade que, apesar de ter 19,2 milhões de pessoas autodeclaradas pretas, de acordo com o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizado em 2018, ainda carece de políticas afirmativas e de valorização a essa população. 

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Sendo assim, o 13 de Maio foi tomado pelo movimento negro não como uma data a ser comemorada mas sim como um dia de luta contra o racismo. A arte é um dos veículos que podem ajudar nesse combate, sendo ferramenta de educação e conscientização sobre as  questões raciais. O LeiaJá separou algumas dicas de livros, filmes e músicas que tocam nesse tema e que podem te ajudar a entender melhor sobre ele. Confira. 

CINEMA

Branco sai, preto fica

Após um tiroteio em um baile black na periferia de Brasília, dois homens ficam feridos. Um terceiro homem vem do futuro para provar que a culpa pelo ocorrido é da sociedade repressiva. Disponível na Netflix. 

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Cidade de Deus

O filme retrata a vida em uma das favelas consideradas a mais violenta do Rio de Janeiro. 

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LITERATURA

O quarto do despejo – diário de uma favelada - Carolina de Jesus

Escrito em 1960, o livro é o diário autobiográfico de Carolina, uma catadora de papéis, semi-analfabeta, negra, pobre e favelada. O diário registra fatos importantes da vida social e política do Brasil com impressões pessoais de Carolina sobre a vida na favela.

Na minha Pele - Lázaro Ramos

Mais conhecido como ator, Lázaro também se dedica à literatura. Em Na minha pele, ele fala sobre temas como ações afirmativas, gênero, família, empoderamento, afetividade e discriminação.

MÚSICA

Suspeito Tradicional - Gregory

O rapper Gregory canta sobre como a cor da pele pode tornar alguém “suspeito” e até condenado pela a polícia, ou até mesmo outras pessoas na rua, no Brasil.  

O canto das três raças - Clara Nunes

Uma música que lembra as dores e a revolta do povo negro, além dos indígenas, na poderosa voz da sambista Clara Nunes. 

Negro drama - Racionais Mc’s

O Racionais tem uma vasta lista de músicas que falam sobre a realidade do povo preto no país. Negro Drama é apenas uma delas, vale a pena conhecer. 

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Desde 2017 a Pará.grafo Editora realiza campanhas de financiamento coletivo para arrecadar fundos e reeditar os livros do escritor paraense Dalcídio Jurandir. Com cinco livros editados, o projeto tem como objetivo resgatar clássicos amazônicos que hoje se tornaram raros por nunca terem sido reeditados ou estarem sem edições há décadas. 

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A editora segue para a quarta campanha, que ficará no ar até o dia 13 de maio, pela reedição o livro "Ribanceira", o último escrito por Dalcídio Jurandir e que teve uma edição, em 1978. A campanha atual também inclui um livro de outro autor paraense, Jaques Flores, com "Panela de Barro". Para apoiar e ajudar no financiamento basta acessar o site da Catarse.

Segundo o editor da Pará.grafo Editora Dênis Girotto, no Estado ela é a única que trabalha com reedições que buscam resgatar obras raras da literatura clássica paraense. “Iniciamos o projeto de resgate de livros de autores paraenses do século XIX e XX esgotados há muito tempo. Eles acabam se tornando inacessíveis aos leitores”, explica Dênis.

Os dois livros são de autores paraenses nascidos no Marajó. Em “Panela de Barro”, do escritor e jornalista Jaques Flores, há uma reunião de crônicas que tratam da cultura paraense, da gastronomia, do açaí e do pato no tucupi, de personagens icônicos da capital paraense do início do século XX e da sociedade de forma geral.

Em "Ribanceira", o último livro do chamado Ciclo do Extremo-Norte, do escritor considerado o mais importante romancista da Amazônia, Dalcídio Jurandir, o autor aborda o personagem Alfredo, um menino marajoara que tenta buscar concluir os estudos na cidade grande, Belém. Dalcídio Jurandir trabalha em sua obra com a atmosfera da vida cabocla e ribeirinha paraense, expressões linguísticas e a percepção do personagem a partir de situações geopolíticas e sociopolíticas.

Compõem também o Ciclo do Extremo-Norte os livros: "Chove nos Campos de Cachoeira" (1941); "Marajó" (1947); "Três Casas e um Rio" (1958); "Belém do Grão Pará" (1960); "Passagem dos Inocentes" (1963); "Primeira Manhã" (1967); "Ponte do Galo" (1971); 'Os Habitantes" (1976) e "Chão dos Lobos" (1976).

Para Dênis Girotto, Jaque Flores e Dalcídio Jurandir são dois escritores que trazem consigo a memória e literatura do século passado. Resgatar essas obras é resgatar a cultura, a vivência cabocla e ribeirinha e mergulhar em um universo paraense. “'Panela de Barro' e 'Ribanceira' fazem parte da nossa história e da história da Amazônia. Um pouco de cada paraense está registrado nesses dois livros e não se pode deixar que caiam no esquecimento e deixem de ser lidos pela sociedade”, afirma.

A campanha atual começou no dia 28 de fevereiro, e até agora já foram atingidos 61% da meta estipulada para reeditar os dois livros dos escritores paraenses. De acordo com o editor da Pará.grafo, por causa da pandemia, a participação dos leitores na campanha foi afetada e eles enfrentaram uma certa dificuldade, mas os leitores sempre abraçaram a causa. “É justificável, pois as pessoas estão no clima de tensão social, amigos e familiares estão adoecendo”, afirma Dênis. “É um projeto que a gente quer que se realize, por ser muito importante para a literatura paraense, mas também compreendemos o que estamos vivendo”, complementa.

A editora já teve três campanhas bem-sucedidas. Em 2017, com a reedição do livro "Ponte do Galo", de Dalcídio Jurandir. Em 2018, quando foram reeditados mais dois livros, "Três casas e um Rio" e "Os habitantes", também de Dalcídio Jurandir. Em 2019, mais dois livros do escritor paraense foram reeditados, "Chove nos Campos de Cachoeira" e "Chão dos Lobos".

Para apoiar a campanha e ajudar na concretização do projeto basta acessar o site da Catarse e escolher uma das várias opções de apoio. São diversos kits disponíveis que estão desde R$ 10,00 até valores mais altos. O leitor pode adquirir só o e-book do livro, na versão impressa de um dos dois autores, ou até garantir os dois livros.

Por Amanda Martins.

A pandemia do novo coronavírus trouxe, nos últimos dias, uma nova forma de ver a vida. Isoladas em casa e visando combater a proliferação acelerada da doença, diversas pessoas estão colocando em prática hábitos que não eram considerados como prioridade. Entre inúmeras atividades domésticas exploradas está a leitura.

Os livros que estavam no canto da estante passaram recentemente a fazer parte do cotidiano de quem se viu confinado do dia para a noite. Em tempos de quarentena, o LeiaJá reuniu artistas pernambucanos que sugeriram obras de renomados escritores para os internautas se aventurarem em seus lares.

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Confira:

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Durante a quarentena, inúmeras plataformas de streaming, catálogos de filmes online, museus e bibliotecas estão disponibilizando seus serviços e produtos de graça. Não é diferente com a Livraria Lello, de Portugal, que está disponibilizando alguns livros online. O destaque da lista é "Contos Escolhidos" (2018), que reúne seis histórias do escritor estadunidense Edgar Allan Poe (1809-1849).

A obra do pai da ficção policial reúne os mais famosos contos da carreira de Poe, como "Os Assassinos da Rua Morgue" (1841) e "O Homem da Multidão (1940). Também estão disponíveis os livros "Os Lusíadas" (1572), de Luís de Camões (1524-1580), "Dom Quixote" (1605), de Miguel de Cervantes (1547-1616), "Orgulho e Preconceito" (1813), de Jane Austen (1775-1817), "Moby Dick" (1851), de Herman Melville (1819-1891), "O Livro da Selva" (1894), de Rudyard Kipling (1865-1936) e "As Aventuras de Tom Sawyer" (1876), de Mark Twain (1835-1910), entre outros.

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Ao todo, a livraria disponibiliza 12 livros divididos em três categorias: "Para ler em 3 dias", "Para ler em um mês" e "Para ler com os mais novos". Para ter acesso, basta acessar o www.livrarialello.pt.

O confinamento doméstico imposto pela pandemia do novo coronavírus é uma excelente oportunidade para aproximar pais e filhos em torno da leitura. Esta é visão de especialistas ouvidos pela Agência Brasil pela passagem do Dia Nacional do Livro Infantil, comemorado neste sábado (18).

A data lembra o nascimento dos escritores Hans Christian Andersen e de Monteiro Lobato, respectivamente. Estórias e personagens do escritor dinamarquês e do escritor brasileiro permitiram a diversas gerações de crianças abrir as portas da imaginação, conhecer o mundo, partilhar experiências, estimular o senso crítico e até superar adversidades, como a de ter de ficar em casa, em distanciamento social, para evitar a propagação uma doença que pode ser fatal.

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“Quem lê amplia o olhar, torna-se mais tolerante ao perceber na visão do outro formas de alargar a sua própria visão das coisas. Quem lê, escreve melhor, consegue ter uma percepção mais crítica de tudo”, diz a escritora Alessandra Roscoe, que também desenvolve em Brasília o Projeto Uniduniler para incentivo à leitura, de mulheres grávidas a idosos.

O livro pode ser uma ótima distração para os dias de Covid-19, recomenda Sandra Araújo, poetisa e doutora em literaturas de língua portuguesa. “A atividade de leitura pode ser enriquecedora inclusive para preenchimento do tempo, que pode ficar ocioso. Quando contamos estórias, conversando, todo mundo fica encantado”, afirma Sandra.

Para Dianne Melo, fonoaudióloga e especialista em linguagem, o encantamento das letras pode ser uma terapia muito oportuna contra o estresse do presente. “Em um momento como este, em que somos bombardeados com notícias sobre a pandemia, [é bom] ter acesso a livros que nos permitem entrar em contato com outras realidades, fantasias, personagens, elaborar algumas situações e até mesmo nos conectar com outras formas de ver o mundo.”

Livro e afeto

Dianne Melo é coordenadora de Engajamento Social e Leitura do Itaú Social, que desenvolve com voluntários projetos de leitura para crianças de até 6 anos em pré-escolas de redes públicas. “É maravilhoso ler para as crianças. A carinha delas prestando atenção às histórias não tem preço”, conta Catarina Tomiko Yamaguchi, leitora voluntária em escolas nos bairros do Braz, Mooca e Bom Retiro (na região da Luz, em São Paulo).

“É interessante como as crianças se identificam com as histórias que você vai lá contar”, complementa José Fernandes Alves Santos, que é voluntário no mesmo projeto e periodicamente visita escolas no Jabaquara. Catarina e José Fernandes  sentem-se emocionalmente recompensados pela atividade de ler livros para pequenos nas escolas.

A leitura cativa e provoca afeição entre quem conta  e quem ouve estórias. “Quando o adulto lê em casa, geralmente pega a criança no colo, fica bem perto, lê para a criança dormir. Ele fica muito perto da criança e com a atenção voltada para ela. Isso é o que a criança mais deseja: a atenção dos pais para ela”,ressalta Norma Lúcia Neris de Queiroz, professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília.

A fonoaudióloga Dianne Melo destaca também a oportunidade dos pais de usufruir desse momento, conhecendo melhor a criança, identificando seus gostos, medos e aflições.

“Ler com as crianças é um ato de afeto. A leitura abre as portas da imaginação, estmula a linguagem e a expressão próprias da criança e, no caso da leitura partilhada, em família, é também uma forma de se estabelecer um vínculo”, testemunha Alessandra Roscoe, mãe de três filhos com diferentes idades.

“Aqui em casa, até jogos são criados a partir das leituras. Inventamos personagens e enredos que um começa e outro termina”, diz.

Leitura e internet

A escritora assinala que é possível cultivar o gosto pela leitura aproveitando as possibilidades abertas pela tecnologia da informação. “Muita gente resolveu ler para crianças e adultos em vídeos e intervenções ao vivo pelas redes sociais. Alguns autores, mais talentosos com os novos meios, estão animando os próprios poemas e livros”, comenta a autora.

Para a poetisa Sandra Araújo, há interface entre livros e jogos eletrônicos na internet ou em dispositivos sem conexão. “Nos jogos tem narrativas contadas ali. O encadeamento das ideias, como o jogo é organizado, desperta o interesse das crianças e desenvolve habilidades. Há um universo de estórias que dialogam e se relacionam com jogos. Há livros que falam dos personagens dos jogos, e isso, de alguma forma, pode estimular a leitura das crianças.”

A disponibilidade dos recursos trazidos pela internet e dos aparelhos eletrônicos reforça a necessidade de as famílias lerem precocemente para suas crianças, opina a pedagoga Norma Lúcia. “As famílias têm de começar bem cedo com o livro. As crianças maiores têm lido também nos tablets, computadores e outros. Quando  já desenvolveram o gosto [pela leitura], as crianças leem em todos os ambientes, inclusive os livros indicados pela escola.”

Além de ler desde tenra idade, os pais precisam dar exemplo. “A criança tende a imitar o comportamento dos pais. Se os pais ficarem o dia todo no celular, certamente esse dispositivo terá maior apelo para a criança”, pondera Dianne Melo, que recomenda manter sempre por perto um livro para que as crianças tenham acesso.

“Podemos e devemos usufruir dessas ferramentas, ainda mais em tempos de isolamento, mas tudo deve ser dosado, como qualquer outra atividade. O importante é que o livro físico também tenha espaço nessa rotina. Que todos possam ter um tempo para manusear.”

A dosagem das atividades também é prescrita por Sandra Araújo, que recomenda a negociação com os filhos para que tenham disciplina e “não leiam por hábito, e sim por vício. Vício é aquilo que toma conta da gente, que não conseguimos dominar”, finaliza citando o escritor carioca Alberto Mussa.

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Neste sábado (18) é comemorado o Dia Nacional do Livro Infantil. A data também é uma homenagem ao autor brasileiro Monteiro Lobato (1882-1948). Por isso, o LeiaJá fez uma lista com obras infantis que atravessam gerações.

"Esses livros são utilizadas na educação e alfabetização há tempos. As histórias, das quais muitas se tornaram cultura folclórica brasileira, me foram introduzidas no meu processo de aprendizado e eu, em conjunto com os colegas de trabalho, utilizamos até hoje para ensinar as crianças", comenta a pedagoga Suely Batista Rios.

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Confira a lista:

"O Saci", de Monteiro Lobato (1921)

Traduzindo a cultura brasileira da forma mais singela possível, o livro conta a história de uma criatura da natureza que além de amigo da fauna e da flora, aplica inúmeras pegadinhas nos seres humanos. A obra já ganhou inúmeras adaptações literárias e segue reconhecido pelo território nacional.

"O Marques de Rabicó", de Monteiro Lobato (1922)

O personagem foi apresentado ao público em 1922 por meio do livro homônimo e, apenas em  1932, passou a fazer parte das histórias do "Sítio do Pica-Pau Amarelo". Na obra, o público descobre como o porco escapou de ser assado para se tornar o animal de estimação de Narizinho.

"Reinações de Narizinho", de Monteiro Lobato (1931)

É um livro de fantasia e infantil que serve de introdução às histórias de "Sítio do Picapau Amarelo". Reúne aventuras independentes e também apresenta alguns dos personagens que vivem no sítio.

"Os Três Porquinhos", de Joseph Jacobs (1933)

O conto pertencia ao folclore inglês e fora transmitido oralmente até ganhar a famosa versão escrita. Conta a história dos porquinhos e como eles tentaram se proteger do perigo. O livro ensina o valor do trabalho e da perseverança.

"O Patinho Feio", de Hans Christian Andersen (1843)

Mais antigo da lista, a obra se espalhou pelo mundo todo e ganhou inúmeras adaptações, por tratar de uma narrativa que faz com que o leitor descubra sua real beleza.

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