Tópicos | presídios

Um sistema desenvolvido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vai reunir as informações processuais e pessoais de todos os presos sob custódia, permitindo que o cidadão saiba precisamente quantos presos o país tem, onde eles estão e por que motivo estão encarcerados.

É o Banco Nacional de Monitoramento de Prisões (BNMP), apresentado nessa segunda-feira (20) pela presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia.

##RECOMENDA##

O sistema já foi implantado em Roraima, onde 100% dos custodiados pelo Estado estão incluídos no cadastro.

De acordo com a ministra, a plataforma será estendida no dia 6 de dezembro aos estados de São Paulo e Santa Catarina e, até abril de 2018, às demais unidades federativas.

Carmém Lúcia anunciou ainda um termo de cooperação firmado entre o CNJ e o Ministério da Educação para a implantação de 40 bibliotecas em penitenciárias do país.

Segundo ela, a intenção é garantir os direitos humanos e a possibilidades de remissão de pena, pela leitura.

Detentos de ao menos 34 presídios estaduais e federais, em sete Estados do País, promovem rebeliões e protestos com greve de fome. Governos dos Estados de Mato Grosso, Acre e Pará associam os atos a ordens de facções criminosas - os detentos reivindicam melhores condições de instalação. No caso mais grave, em Cascavel, no Paraná, dois presidiários foram assassinados.

Informações preliminares apontam que a rebelião teria sido motivada por brigas de facções criminosas dentro da Penitenciária Estadual de Cascavel. A Polícia Militar paranaense avaliava, até a noite de ontem, as condições para uma invasão. Ocupando o telhado do prédio, os detentos estenderam uma faixa com a sigla do Primeiro Comando da Capital (PCC).

##RECOMENDA##

Nos demais Estados, os protestos dos presidiários não resultaram em mortes. Detentos do Pará, do Acre, do Rio, de Mato Grosso, de Mato Grosso do Sul e do Rio Grande do Norte fazem greve de fome. Em todos os Estados, os governos locais afirmam que a alimentação continua a ser fornecida à população carcerária.

Segundo o Ministério da Justiça, há registro de protesto nos quatro presídios federais: Catanduvas (PR), Campo Grande (MS) e Mossoró (RN). Ao todo, 112 presos dessas unidades se recusam a receber alimentação. Somados, os presídios têm 379 detentos. "Eles dizem que procedem deste modo por serem contra a ‘opressão do sistema penitenciário federal’. Cabe ressaltar que os presos que estão no sistema penitenciário federal não sofrem nenhum tipo de opressão", diz o ministério.

Em Mato Grosso, 26 presos explodiram um muro e fugiram da penitenciária Major Eldo Sá Corrêa, a 218 quilômetros de Cuiabá, que vinha registrando greve de fome entre os detentos desde o início da semana. Segundo eles, faltam medicamentos, dentista e médicos especialistas principalmente para o tratamento de tuberculose.

Comando Vermelho. No Rio, a greve de fome atinge 12 presídios do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, zona oeste. O protesto começou na quarta-feira. Os presos envolvidos no protesto ficam em espaços destinados a internos da facção Comando Vermelho (CV), maior facção criminosa fluminense.

O Acre tem uma unidade com detentos em greve de fome. É o Presídio Francisco D’Oliveira Conde, em Rio Branco. "A greve de fome está em consonância com a ordem que partiu de uma determinada organização criminosa que atua em todo País", diz o Instituto de Administração Penitenciária do Acre. Já o Pará tem 17 unidades, das 46 no Estado, em paralisação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma proposta que tramita na Câmara dos Deputados visa combater um problema comum e que revolta a sociedade: o uso de celulares entre os presidiários. O projeto de lei, caso seja aprovado, vai obrigar os presídios que sejam mantidos ou construídos com recursos do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) a instalarem bloqueador de celular. 

De acordo com o relator da matéria, o deputado federal Laerte Bessa (PR), há uma facilidade para comandar o crime dentro dos presídios e que é preciso inibir a comunicação indevida com pessoas que estão fora da cadeia. “A facilidade com que os facínoras comandam o crime de dentro dos presídios transformaram esses locais em bunkers vantajosos para os delinquentes, que dali atuam sem ameaças de concorrentes e sob a proteção do Estado”, declarou. 

##RECOMENDA##

O projeto, de autoria do deputado Daniel Vilela (PMDB), também visa garantir o direito de acesso contínuo e de qualidade aos serviços de telecomunicações pelas pessoas que morem ou trabalhem no entorno das penitenciárias. 

O texto foi aprovado pela Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado e será analisado ainda pelas comissões de Finanças e Tributação; de Constituição e Justiça e de Cidadania. Por último, será votado no plenário da Câmara dos Deputados.

Dois pombos foram capturados enquanto transportavam telefones celulares para presídios em São Paulo. As aves eram utilizadas para levar os aparelhos aos detentos da Penitenciária ASP Joaquim Fonseca Lopes, em Parelheiros, na zona sul da capital, e da Penitenciária I Mário Moura Albuquerque, em Franco da Rocha, na região metropolitana.

Esta não foi a primeira vez que pombos foram utilizados para o transporte de celulares neste ano. Em fevereiro, a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) noticiou que uma pomba foi capturada com um celular e uma bateria costurados ao corpo. Os agentes pegaram a ave no pavilhão da Penitenciária II Nilton Silva, também em Franco da Rocha.

##RECOMENDA##

A SAP não soube informar o que aconteceu com os pombos-correio depois da captura, feita pelos próprios agentes de escolta e vigilância das unidades. Até o fim da tarde desta terça-feira, 24, as penitenciárias também não haviam divulgado o destino das aves.

Penitenciárias

A Penitenciária I Mário Moura Albuquerque, em Franco da Rocha, foi inaugurada em 1998 e recebe presos em regime fechado e semiaberto. O local tem capacidade para 914 detentos, porém conta com 1.864, mais do que o dobro.

Já a Penitenciária ASP Joaquim Fonseca Lopes, no extremo sul da capital, recebe apenas presos em regime fechado. O local, inaugurado em 2009, tem capacidade para 938 pessoas e abriga 1.429 detentos, segundo dados fornecidos pela SAP.

O Plenário do Senado aprovou nesta terça-feira (24), em segundo turno, a criação das polícias penais federal, estaduais e distrital. De autoria do senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), a PEC acrescenta essas polícias ao rol dos órgãos do sistema de segurança pública, e determina como competência dessas novas instâncias a segurança dos estabelecimentos penais e a escolta de presos. A intenção é liberar as polícias civis e militares das atividades de guarda e escolta de presos.

A aprovação ocorreu de forma unânime, com 62 votos a favor. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 14/2016 já havia sido aprovada em primeiro turno, no mês passado, e agora segue para a análise da Câmara dos Deputados.

##RECOMENDA##

Cássio Cunha Lima destacou a presença de representantes de agentes penitenciários nas galerias do Plenário do Senado. Ele afirmou que os agentes penitenciários exercem a segunda profissão mais estressante do mundo, atrás apenas dos mineradores.

- O estado precisa retomar o controle dos presídios, que muitas vezes têm se tornado um quartel do crime organizado. A PEC é uma expressão de reforço em um tema tão importante hoje, que é a segurança pública – afirmou.

O texto foi aprovado com alterações feitas pelo relator na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), senador Hélio José (PROS-DF). Entre as mudanças, está a troca da expressão “polícia penitenciária” para “polícia penal”. Na avaliação do relator, a expressão anterior limitaria seu âmbito a uma das espécies de unidade prisional, as penitenciárias, e seria incompatível com a fiscalização do cumprimento da pena nos casos de liberdade condicional ou penas alternativas.

- A proposição é oportuna. A criação das polícias penais traz uma grande contribuição para a segurança pública – declarou o relator.

Elogios

A proposta foi alvo de elogios de vários senadores. Otto Alencar (PSD-BA) disse que o projeto faz justiça com a categoria dos agentes penitenciários. Ao manifestar apoio à PEC, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) elogiou a iniciativa do autor e o trabalho do relator da matéria. Lindbergh Farias (PT-RJ) destacou que a PEC pode ajudar a melhoras as condições de trabalho para uma categoria “tão vulnerável”.

Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), Waldemir Moka (PMDB-MS) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) também manifestaram apoio à proposta. Renan Calheiros (PMDB-AL) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) defenderam a política do desarmamento, mas disseram apoiar a iniciativa.  Na visão de José Agripino (DEM-RN), a proposta pode ajudar no “combate à guerra entre facções” dentro das penitenciárias.

- A partir dessa proposta, abre-se uma perspectiva de melhora para o sistema penitenciário brasileiro – disse.

Da Agência Senado

As polícias de Goiás acreditam que pelo menos 84 pessoas tenham sido assassinadas desde o início de 2017 no Estado em razão da disputa entre as facções Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV). Uma lista de 18 pessoas marcadas para morrer foi descoberta pela Secretaria de Segurança Pública goiana, cujas polícias prenderam 22 suspeitos de envolvimento com esses crimes nos últimos 20 dias.

No centro da disputa, dívidas e o controle pelo tráfico de drogas em áreas da Grande Goiânia, que teve 20% de alta no total de homicídios no último trimestre. Segundo as investigações, a maioria dos mortos tinha envolvimento, disputa ou dívidas com o tráfico e foi alvo de muitos tiros, como demonstração de força e vingança.

##RECOMENDA##

Dados da secretaria revelam que, de abril a agosto de 2017, foram 216 homicídios em Goiânia, 39 casos a mais do que no ano anterior, quando no mesmo período foram registrados 177 homicídios. O pico foi em abril, com 59 homicídios em Goiânia, contra 37 do mês de abril do ano passado.

No acumulado de 2017, foram registrados em Goiânia 323 homicídios ante 303 do mesmo período do ano passado. Segundo a Delegacia de Investigação de Homicídios, do total deste ano, 84 foram decorrentes da briga entre o CV, facção nascida no Rio e PCC, criada em presídios paulistas, "sendo que 95% foram ações do Comando em desfavor do PCC", informou.

As ordens de matar teriam partido de chefes do tráfico presos na Penitenciária Odenir Guimarães (POG), em Aparecida de Goiânia. Um dos mandantes, segundo o delegado Danilo Proto, adjunto da DIH, é o traficante Kaio César Pereira, que seria o chefe do braço goiano do Comando Vermelho. Ele cumpre pena por tráfico e homicídios no POG e o Estado espera a transferência dele para um presídio federal de segurança máxima. Com, isso, a estratégia é limitar seu poder de comando.

Execuções

As prisões da última semana aconteceram em Goiânia e nas cidades de Trindade, Heitoraí e Abadia de Goiás, todas na região metropolitana. O caso é apurado pela DIH, responsável pelas sete últimas prisões e pela apreensão de um menor, ocorridas na quarta e quinta-feira da semana passada.

Apenas esse grupo é suspeito de agir na execução de 28 pessoas na região sudoeste de Goiânia, foco dos ataques. O delegado Danilo Proto acredita que 60% dos homicídios ocorridos na região têm ligação com a guerra travada entre os integrantes das duas facções.

As prisões ocorreram durante as Operações Descarrilamento 1 e 2, que coincidiram ainda com ameaças de ataques às forças policiais. Nos dias 23 e 24 do mês passado houve alerta interno para os policiais se protegerem depois de descoberta uma combinação para ataques a tiros e bombas contra os agentes de segurança e distritos por ordem de traficantes presos, o que acabou sendo desarticulado.

Para o adjunto da DIH, a interiorização das facções, que agiam antes primordialmente na Região Sudeste do País é uma realidade cada dia mais séria a ser enfrentada pelas autoridades de segurança.

Um dos assassinatos recentes é relembrado pelo delegado Proto: "Um pai segurava seu filho no colo e teve autorização para passar a criança aos braços da mãe antes de ser alvejado várias vezes pelos assassinos." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Compartilhar momentos de felicidade em família, relembrar experiências marcantes ao lado dos amigos e presenciar a chegada dos netos com a certeza de que novas gerações darão continuidade a uma bela história de vida. Saber que conquistou sonhos e proporcionou alegria entre pessoas amadas, além de acreditar que a boa idade e os fios de cabelos brancos não podem representar o fim da linha. No sentindo amplo da palavra longevidade, essas ou quaisquer outras conquistas intensificam a saúde física e o bem estar de idosos que entenderam essa fase da vida como um momento ainda sujeito a novas vivências e cheio de possibilidades para novas contribuições.

Compreender a longevidade dessa maneira, no entanto, nem sempre é comum entre alguns idosos. Circunstâncias pessoais e sociais podem causar nas pessoas da terceira idade um pensamento de declínio e até mesmo de inutilidade. Um recorte específico e que expõe esse pensamento é o de idosos reclusos da sociedade. Por erros cometidos, perderam o direito de liberdade e passaram a enfrentar o crítico cenário do sistema carcerário brasileiro. Na cadeia, pagam pelos crimes cometidos e, diante de adversidades como superlotação e violência, praticamente desacreditaram que a terceira idade pode sim ser um momento de recomeço. Dentre os questionamentos, seria possível envelhecer de forma saudável, na forma mais ampla da expressão, atrás das grades? Uma ação idealizada em Pernambuco busca mudar o quadro dos que desacreditaram na força da longevidade.

##RECOMENDA##

Um projeto realizado no Presídio de Igarassu (PIG), na Região Metropolitana do Recife, tenta amenizar os impactos da terceira idade diante das grades. Na prática, a ideia de longevidade passou a ser colocada em pauta com foco nos reeducandos idosos ou próximos de ingressar nessa faixa etária, com o objetivo de garantir saúde física e bem estar aos atendidos. Alguns deles estão próximos de retornar à sociedade e principalmente aos braços das famílias, mas outros foram esquecidos pelos entes queridos por diversos motivos e recebem uma atenção direcionada ao lado psicológico. Atividades físicas, consultas médicas, exames clínicos, terapia musical, futebol, aulas de artes marciais, trabalho, cursos profissionalizantes, entre outras ações passaram a integrar o dia a dia dos detentos.

"A partir do momento em que o Estado recolhe uma pessoa para o cárcere por ter quebrado os pactos sociais, o reeducando precisa pagar pelo crime que cometeu e o Estado precisa cuidar desse processo de ressocialização. Nosso objetivo é incentivar que ele volte à sociedade como um cidadão de bem, com os valores éticos resgatados. A gente tenta dar um pouco de dignidade a esses reeducandos. Tem idoso com 15 anos de detenção e por isso procuramos fazer um acompanhamento de saúde, nutrição e psicológico, para mostrar a ele que, apesar da idade avançada, existe uma vida e um futuro pela frente, porque a idade não está no corpo da pessoa e sim na mente", destaca a supervisora administrativa do Presídio de Igarassu, Maria das Graças Alves.

De acordo com a supervisora, dos mais de 3 mil detentos do PIG, quase 40 são considerados idosos.  Há quase cinco meses, a unidade realizou uma triagem e identificou os reeducandos da terceira idade para dar início ao projeto que fortalece o sentido da longevidade. "Antes eles ficavam tristes nas celas, principalmente os que foram abandonados pela família, sem querer fazer nada. Alguns guardavam rancor, não queriam saber de nenhuma atividade. Nós fazíamos o convite, mas eles demoravam a aceitar. Depois que passaram a fazer nossas atividades, melhoraram bastante e passaram a acreditar que a ressocialização é possível", comenta Maria das Graças.

São quase sete anos entre os muros e grades do presídio. Antônio, 65, sofreu por viver longe da família e pela saudade dos tempos de liberdade. Tem ciência dos erros cometidos e não questiona a punição na cadeia. Por outro lado, em tom baixo revela o quanto foi difícil enfrentar a condição de idoso recluso e incrédulo quanto à possibilidade de uma nova vida mesmo na terceira idade. Faltava incentivo, sobravam ociosidade, sedentarismo e problemas de saúde. 

"É difícil, quando você está na cadeia pensa um monte de coisa ruim", diz o reeducando. O projeto do PIG tornou-se o escape de Antônio, “momento de paz” que, segundo ele, o faz esquecer até da vida encarcerado. Para alguns, as atividades podem até parecer algo simples, mas Antônio as consideram como uma chance de recomeço. "Hoje estou bem melhor, até de saúde. Tenho saudade da minha família, quero voltar para rua e tocar os negócios que sempre tive. Ainda dá para fazer algo de bom, mesmo velho", relata. No vídeo a seguir, assista outros relatos de reeducandos beneficiados pelo projeto.  

[@#video#@]

Segundo a coordenadora de saúde da Secretaria Executiva de Ressocialização de Pernambuco (Seres), Gabriela Paixão, existe um planejamento estratégico que contribui para a manutenção da saúde dos reeducandos. "A unidade prisional conta com uma equipe multiprofissional composta por enfermeiros, médicos, odontólogos, assistência farmacêutica, fisioterapeuta, técnico de enfermagem, além de outros profissionais como psicólogos e assistentes sociais. Existe uma medicação específica para os hipertensos e diabéticos. Os idosos são acompanhados mensalmente e temos um olhar especial para quem precisa de uma alimentação adequada", explica a coordenadora. "A gente consegue fazer um atendimento de qualidade pelo trabalho em conjunto da equipe, passamos pelos pavilhões e identificamos os idosos que necessitam do atendimento", complementa.

Além dos benefícios para o estado físico dos reeducandos idosos, os profissionais envolvidos no projeto ainda destacam os ganhos psicológicos. Psicóloga do Presídio de Igarassu, Sandra Alaíde Souza explana que existe um "trauma" pela inserção no sistema carcerário e para diminuir esse impacto, as ações realizadas contribuem para o bem estar mental dos detentos.

"A gente tenta melhorar a qualidade de vida deles. A psicologia da saúde dá um apoio no sentido de poder escutar eles, entender a demanda emocional de cada um. Alguns, com o passar do tempo, se sentem esquecidos. Tentamos melhorar a parte cognitiva com instrumentos e dinâmicas de grupo, fazendo com que eles expressem o que sentem, principalmente neste momento de reclusão. O trauma acontece pelo indivíduo estar na cadeia e por isso tentamos resgatar o gosto pela expectativa de vida e pelo mundo lá fora", comenta a psicóloga. 

Um levantamento realizado pela Secretaria de Executiva de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco revelou um número pequeno de idosos nos presídios do Estado, em comparação com o quantitativo total de detentos: mais de 30 mil. Em entrevista ao LeiaJá, o secretário Eduardo Figueiredo informou que existem cerca de 380 idosos nas cadeias locais. Para o gestor, o projeto idealizado em Igarassu é considerado uma ação inicial para o atendimento da terceira idade no sistema carcerário e em breve haverá um anúncio concreto de ações que serão expandidas em outros presídios de Pernambuco.

"É importante haver uma política pública voltada à pessoa idosa. O cuidado é essencial em relação à saúde da mulher e do homem idoso, é preciso atentar para a prevenção de doenças. As atividades de ressocialização também são importantes, porque o idoso fica mais vulnerável pelo sentimento de estar fora do lar e da família. A família também é um ponto importante no processo de ressocialização e por isso fazemos um trabalho de assistência social para reforçar os vínculos com os familiares. O Presídio de Igarassu tem um trabalho experimental e que a gente precisa fortalecer. É um pontapé bem dado", diz o secretário.

"A nossa ideia é expandir essas atividades para outras unidades prisionais. Neste mês de setembro, haverá diálogo entre as instituições e a nossa intenção é que em outubro, quando completaremos mais um ano do Estatuto Idoso, a gente possa ter um plano de atendimento voltado para a pessoa idosa. Será um atendimento referenciado nos aspectos da assistência social, médicos e no despertar dos vínculos com os familiares. A visão da ressocialização precisa ser unificada com a proteção da pessoa idosa. Todo ambiente de privação de liberdade potencializa sentimentos e por isso esse ambiente precisa ter uma política especial, com o fortalecimento das áreas técnicas. Os profissionais da assistência social precisam ter um olhar que o reeducando idoso já carrega uma bagagem de sofrimento e nesta reta, a partir dos 60 anos, em que você está em confinamento, os sentimentos se potencializam", complementa o secretário Eduardo Figueiredo.   

A saúde do idoso e o contexto penal

Segundo o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Carlos André Uehara, algumas doenças são consideradas frequentes entre a polução idosa. "As doenças crônicas não transmissíveis são as mais comuns na população idosa, entre elas a hipertensão arterial, o diabete e doença pulmonar obstrutiva crônica. Na população idosa privada de liberdade também há uma maior prevalência de doenças infecciosas, como a tuberculose, portadores de HIV e doenças sexualmente transmissíveis. Os cuidados recomendados são os mesmos da população geral, como hábitos saudáveis, com ingesta de dieta balanceada (carboidrato, proteína e fibras), preferencialmente alimentos não industrializados e atividade física regular. Também orientamos a cessação do tabagismo, uso de preservativo e a correta tomada das medicações", detalha o vice-presidente.

Para Carlos André, existem meios que facilitam a manutenção da saúde física e emocional do idoso, cuja responsabilidade também é dos familiares. Dessa forma, a pessoa na terceira idade pode conviver sob os benefícios da longevidade. "Devemos estimular a manutenção de sua independência, muitas famílias com a intenção de evitar acidentes e complicações limitam as atividades do idoso, fazendo com que ele fique restrito e com poucas atividades. Por mais que o idoso apresente dificuldades, devemos respeitar seu ritmo e limitações e estimulá-lo a realizar suas atividades rotineiras. Se houver necessidade, o idoso e seu cuidador devem receber orientações profissionais e passar por um programa de reabilitação. Orientar a família e o idoso é muito importante, se todos estiverem bem informados, a aceitação e a adesão ao tratamento são facilitadas. Se mesmo após todas as intervenções e orientações não ocorrer um acordo, o desejo do idoso deve ser respeitado", orienta.

 

"De modo geral, a população idosa sofre os mesmos problemas do restante da sociedade, com o agravante que nossos serviços de saúde não estão preparados para a transição demográfica e epidemiológica que está acontecendo. Os planos de saúde privados são mais caros para os idosos, por este motivo muitos fazem seu acompanhamento no Sistema Único de Saúde (SUS). O avanço nos cuidados à saúde e a disponibilidade de tratamento para muitas doenças que matavam possibilitaram o envelhecimento populacional. Dessa maneira, essa nova geração de idosos está mais atenta e aderente aos tratamentos disponíveis", opina o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia.

Sobre o contexto penal nos presídios brasileiros dos reeducandos idosos, não existem ações específicas para esse público. “No entanto, a Coordenação-Geral de Promoção da Cidadania tem envidado esforços para elaboração da Política Nacional de Diversidades no Sistema Penal, que abarcará a população idosa no sistema prisional, considerando suas demandas específicas e as orientações quanto às ações e atuações diretas. A previsão para a conclusão do texto de proposta da política é o primeiro semestre de 2018”, diz a agente federal de execução penal Tatiana Leite.

Segundo Tatiana, o código penal brasileiro possui um direcionamento para a tomada de algumas decisões. “São reduzidos pela metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 anos, ou, na data da sentença, maior de 70 anos. A execução da pena privativa de liberdade, não superior a quatro anos, poderá ser suspensa, por quatro a seis anos, desde que o condenado seja maior de 70 anos de idade, ou razões de saúde justifiquem a suspensão”, explica a agente. 

As pessoas privadas de liberdade e os jovens que cumprem medida socioeducativa poderão fazer o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) nos dias 24 e 25 de outubro. As provas serão aplicadas nas unidades prisionais e socioeducativas indicadas pelos órgãos competentes. O edital do Encceja PPL 2017 foi publicado hoje (15) no Diário Oficial da União pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

O exame é direcionado a jovens e adultos que não tiveram a oportunidade de concluir estudos em idade própria. É necessário ter, no mínimo, 15 anos de idade para quem busca a certificação do ensino fundamental e 18 anos para a do ensino médio.

##RECOMENDA##

As unidades interessadas em aplicar o Encceja deverão ser indicadas pelos órgãos de administração prisional e socioeducativa e firmar termo de adesão com o Inep entre 22 de agosto e 1º de setembro. As inscrições dos participantes deverão ser feitas pelos responsáveis pedagógicos indicados em cada unidade prisional e socioeducativa, entre 28 de agosto e 8 de setembro. O exame será dividido em quatro provas objetivas, com 30 questões de múltipla escolha por nível de ensino e uma redação.

LeiaJá também 

--> Jovens infratores produzem curtas e se veem no São Luiz

--> Detentos disputam concurso de redação

Nesta quarta-feira (19) a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), através do Patronato Penitenciário, lançou um programa de qualificação profissional para reeducandos de Pernambuco. Serão realizados nove cursos, com um total de 2.025 vagas para reeducandos do regime aberto e livramento condicional. 

“Vamos trabalhar para fazer uma ponte entre vocês, que estão se preparando profissionalmente, e as empresas conveniadas com o Patronato para que haja a contratação do maior número de participantes possível, com a maior celeridade possível também”, pontuou o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico.

##RECOMENDA##

Os cursos são de Mecânica de Moto, Pedreiro Geral, Pedreiro Revestidor, Doces e Salgados, Encanador, Eletricista Geral, Eletricista Predial, Pintura Predial e Gesseiro. A ação é uma parceria da SJDH com a Associação Brasileira de Desenvolvimento Econômico e Social dos Municípios (ABDESM). 

A ocasião também contou com uma aula inaugural do primeiro curso, o de Mecânica de Moto, para 100 reeducandos presentes. “Quando saímos do cárcere não temos muito apoio e o Patronato Penitenciário me deu a atenção e a oportunidade de retornar ao mercado de trabalho. O setor psicossocial também foi muito importante. Começar é difícil, mas recomeçar é mais ainda”, ressaltou uma das alunas que a identidade será preservada. 

De acordo com a Lei de Execução Penal, a assistência educacional do Estado visa proporcionar a instrução escolar e a formação profissional do reeducando. O ensino profissional deverá ser ministrado em nível de iniciação ou de aperfeiçoamento técnico. O Setor Educacional do Patronato Penitenciário ficará responsável pelo cadastramento, organização, acompanhamento e avaliação dos cursos.  

A inspeção da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministra Cármen Lúcia, ao Complexo Prisional do Curado, no Recife, nesta quarta-feira (19), durou apenas 30 minutos. A magistrada chegou ao local as 10h20 e as 10h50 já deixava a unidade, sem conversar com a imprensa.

De acordo com o secretário estadual de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, a ministra esteve apenas no pavilhão galpão e não chegou a falar com nenhum preso. "Ela entrou onde quis. Pediu para ver um pavilhão de superlotação e foi levada ao pavilhão galpão", informou. 

##RECOMENDA##

Eurico disse também que Cármen Lúcia fez apenas um questionamento direto sobre a aplicação dos recursos do Fundo Penitenciário Nacional liberados desde dezembro e até o momento não utilizados. "Esclarecemos que o Ministério da Justiça ainda não avaliou os projetos, mas agora vamos aplicar os recursos independentes da autorização. Imediatamente", esclareceu. Ainda em 2016, antes da rebelião no Complexo do Curado em junho, por exemplo, a gestão estadual já tinha R$ 44 milhões para investir no sistema prisional, contudo, até hoje o valor está parado nos cofres públicos.  

A intenção, segundo o secretário, é de concluir Itaquitinga I, que deve ser inaugurado em 1º de outubro deste ano, e o II, que está com a licitação em aberto e deve ter as obras iniciadas em 30 dias, além de construir uma nova unidade prisional em Palmares, na Mata Sul. Os dois últimos ativariam cerca de 2.570 novas vagas. Pedro Eurico também detalhou que o montante será usado ainda para reformas de segurança em Tacaimbó que tem 700 vagas, mas só estão sendo utilizadas menos de 200. 

"São R$ 32 milhões destinados para a construção e reformas e os outros R$ 12 milhões estão previstos para equipagem, com gastos com bloqueadores de celular, scaners e tornozeleiras eletrônicas", destrinchou o auxiliar do governo estadual. Pedro Eurico defendeu, ainda, que novos recursos sejam destinados aos Estados para a melhoria do sistema. “O sistema prisional brasileiro está em crise aguda. É preciso termos uma política nacional para o sistema prisional. Esses recursos que chegaram serão rigorosamente aplicados, mas ainda é pouco”, argumentou. 

Após a vistoria, ela seguiu para o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) onde se reuniria com o presidente Leopoldo Raposo e juízes para tratar da situação dos presídios estaduais e audiências de custódia.  

LeiaJá também

--> Pedro Eurico: "Complexo do Curado jamais será desativado"

--> PE: Secretário anuncia projeto para aumentar nº de agentes

--> Cármen Lúcia vistoria Complexo do Curado

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça, ministra Cármen Lúcia, faz uma vistoria, na manhã desta quarta-feira (19), no Complexo Prisional do Curado, no Recife. Ela chegou por volta das 10h20 acompanhada do presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), Leopoldo de Arruda Raposo. Desde que assumiu o comando dos dois órgãos ela vem realizando visitas para inspecionar as unidades prisionais do país e fazendo recomendações diante dos cenários que encontra. 

Acompanham a ministra na visita, além do presidente do TJPE, o secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico; e o promotor da Vara de Execuções Penais Marcellus Ugiette. De acordo com Pedro Eurico, durante a passagem dela pelas dependências do presídio será apresentado um relatório com ações desde 2015 e as principais necessidades do complexo. 

##RECOMENDA##

Informações veiculadas na imprensa dão conta de que as penitenciárias passaram por uma reorganização para receber a ministra, mas o secretário negou qualquer tipo de intervenção atípica especial.

Apesar de ter capacidade para 1.820 detentos, o Complexo atende mais de 6.200. A superlotação já foi alvo de críticas da CNJ em 2015. 

Cármen Lúcia já visitou unidades do Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Amazonas e Espírito Santo.

As unidades penitenciárias do Piauí estão sofrendo com um surto de escabiose, patologia conhecida popularmente como sarna. Em um dos presídios mais atingidos, Esperantina, até o diretor da unidade contraiu a doença. A superlotação das unidades e a falta de higiene são as principal suspeitas de impulsionar o número de casos. 

Segundo números oficiais, 1620 presos contraíram a sarna, um total de 39% da população carcerária piauiense, composta de 4100 presos – o Estado possui apenas 2230 vagas. O Sindicato dos Agentes Penitenciários do Piauí (Sinpoljuspi) contabiliza 98% da população carcerária infectada. “A secretaria [de Justiça] se baseia apenas naqueles em que foi detectada a sarna de forma externa, só que quando o detento está infectado ele passa para todos os outros com quem ele tem contato, então todos os presos que estão na carceragem foram atingidos sim”, argumenta o presidente do sindicato, José Roberto.

##RECOMENDA##

O presidente do sindicato conta que os primeiros casos datam de novembro de 2016, mas só em abril houve a explosão de casos. “Já cobramos o tratamento desses presos no ano passado. A Secretaria de Justiça até tentou fazer sua parte, encaminhou um ofício, mas dependia dos medicamentos da Secretaria de Saúde. Apenas após a gente fazer denúncias, procurar os direitos humanos, a Secretaria de Saúde começou a liberar os medicamentos a conta-gotas”, critica. 

A Secretaria de Justiça informou que já está realizando o tratamento dos detentos. De acordo com a pasta, foram adquiridos e distribuídos mil frascos de benzoato e dois mil comprimidos de ivermectina. Mais mil frascos de benzoato foram solicitados para dar continuidade ao tratamento e prevenção.

As penitenciárias que registraram casos de escabiose foram Casa de Custódia, Casas de Detenção de Altos e São Raimundo Nonato, Colônia Agrícola Major César, Irmão Guido e Esperantina – com maior incidência nas duas últimas citadas. Como parte do tratamento, a Secretaria de Justiça afirma que os presídios também estão sendo higienizados e que estão avançando na implementação da Política de Saúde Prisional. Com o fim do período chuvoso, os casos estariam diminuindo.

O Sinpoljuspi não sabe precisar quantos agentes também foram atingidos. “Os detentos querem externar o problema. O agente evita dizer que está com problema por causa do orgulho. Mas em Esperantina, que tem 30 agentes, um terço contraiu a doença, sendo um deles o próprio diretor da unidade”, destaca José Roberto. 

Além de manchas vermelhas, a sarna causa bastante coceira. “A coceira é tão grande que o cara não consegue tirar um minuto de cochilo. No período noturno é que é pior, que é o período de reprodução do ácaro. Os presos estão passando por uma vida de cão. Eles não vão sair melhor do que entraram”, conclui o presidente do sindicato. 

Noventa e um presos fugiram, na madrugada desta quinta-feira, 25, da Penitenciária Estadual de Parnamirim (PEP), na região metropolitana de Natal. De acordo com dados da Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania (Sejuc/RN), esta é a maior fuga da história do sistema penitenciário potiguar. Nove detentos foram recapturados enquanto rastejavam pelo matagal.

Em janeiro, após a rebelião que destruiu as Penitenciárias Estaduais de Alcaçuz e Rogério Coutinho Madruga, 56 homens conseguiram fugir pulando os muros da unidade e também através de túneis.

##RECOMENDA##

Na fuga desta madrugada, os detentos utilizaram um túnel cavado a partir do Pavilhão 2. Eles saíram nas proximidades do matagal que cerca a unidade prisional e não tiveram dificuldade em se camuflar em meio à mata.

De acordo com a Polícia Militar, dois carros foram utilizados para dar apoio aos foragidos. A escuridão do entorno do presídio dificultou a ação dos policiais militares que fazem a guarda prisional nas guaritas.

Transferência

No início deste ano, pelo menos 100 presos foram transferidos de Alcaçuz e Rogério Coutinho Madruga para Parnamirim, após as rebeliões que culminaram na morte de 26 detentos nos presídios potiguares.

Os detentos transferidos em janeiro eram ligados à facção Sindicato do Crime (SDC), grupo rival do Primeiro Comando da Capital (PCC). De acordo com relatos de agentes penitenciários e policiais militares que atuam na unidade de Parnamirim, os presos que escaparam nesta quinta-feira também são do SDC.

Desde março de 2015, quando rebeliões simultâneas destruíram 16 das 32 unidades prisionais do Rio Grande do Norte, incluindo a Penitenciária Estadual de Parnamirim, os cerca de 600 presos que cumprem pena na unidade ficam livres nos pavilhões. As celas foram destruídas e as grades jamais repostas.

"Não dá pra realizar nenhum procedimento nestas condições, com os detentos soltos", declarou o titular da Sejuc, Luiz Mauro Albuquerque de Araújo. De acordo com ele, o túnel usado para a fuga tem entre 30 e 40 metros de comprimento. A secretaria ainda não divulgou a lista com a identificação dos foragidos.

Trinta detentos fugiram do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís, e dois morreram em troca de tiros com agentes penitenciários na noite deste domingo (21). Até o início da manhã desta segunda-feira (22) seis presos haviam sido recapturados.

De acordo com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) do Maranhão, a fuga aconteceu depois da explosão de parte do muro da Unidade Prisional de Ressocialização de São Luís 6 (UPSL 6) por pessoas do lado de fora do presídio, ainda não identificadas.

##RECOMENDA##

Ainda de acordo com a Seap, detentos de duas celas do Pavilhão Gama serraram as grades e fugiram pelo buraco no muro causado pela explosão.

Os agentes penitenciários do Grupo Especial de Operações Penitenciárias (Geop) que estavam de plantão agiram para tentar evitar a fuga e trocaram tiros com presos. Dois detentos morreram, um no local e outro no hospital. A secretaria não informou se, além das duas mortes, houve feridos.

Policiais civis e militares foram acionados para auxiliar nas buscas pelos detentos que escaparam. O caso é investigado pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), por meio do Departamento de Combate ao Crime Organizado (DCCO) da Superintendência de Estado de Investigações Criminais (Seic), que terá 30 dias para a conclusão do inquérito.

Em nota, a gestão prisional afirmou que, "por estar separada do Complexo Penitenciário de São Luís, a UPSL 6 é a única unidade prisional masculina que ainda não dispõe de portaria unificada e inspeção por BodyScan, a exemplo das demais que compõem o complexo carcerário".

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) determinou a retirada imediata de microcelulares da plataforma de comércio eletrônico Mercado Livre. Caso a empresa não atenda a determinação, pode ser multada pelo órgão regulador. Muitos destes aparelhos são utilizados irregularmente em presídios por conta do tamanho e do material de fabricação.

A Anatel informou que a área técnica da agência não registrou nenhuma solicitação do site para a certificação ou a homologação de microcelulares no Brasil. A documentação do produto é necessária para a comercialização de celulares no país e garante ao usuário a qualidade e a segurança do aparelho.

##RECOMENDA##

Segundo a Anatel, os microcelulares à venda no Mercado Livre apresentaram selos de homologação falsos ou irregulares. O site de comércio eletrônico disse, em comunicado, que já identificou os anúncios denunciados e está providenciando sua remoção.

"Os anúncios não estão de acordo com os termos e condições do site, que determinam que qualquer produto deve cumprir os requisitos legais aplicáveis, no caso a homologação pela agência reguladora, para ser colocado à venda", diz a nota enviada ao LeiaJá.

Os chamados microcelulares são pequenos aparelhos de plástico, alguns com apenas 6 centímetros, que realizam ligações e recebem SMS. O material de fabricação dá a estes dispositivos imunidade aos detectores de metal. Os modelos, contrabandeados da China, não são encontrados em lojas comuns.

LeiaJá também

--> Assistências técnicas comemoram fragilidade do Galaxy S8

Peritos do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, da Secretaria de Direitos Humanos, constataram que o governo do Estado do Rio Grande do Norte não conhece o paradeiro de 71 detentos que cumpriam pena na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, em Nísia Floresta, durante a rebelião no mês de janeiro.

Na prática, a administração estadual não soube informar se os detentos fugiram, foram transferidos ou morreram no local. Oficialmente, 26 presidiários morreram durante os 14 dias de motim no local. Agora, há a suspeita de que o número de vítimas pode ser maior.

##RECOMENDA##

As informações constam em um relatório produzido pelo Mecanismo durante visita à unidade situada na Grande Natal entre os dias 6 e 10 de março. Dados oficiais publicados pela Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania (Sejuc) relativos à chacina nas unidades prisionais em janeiro passado, contabilizaram 26 mortos. Os peritos do MNPCT destacam, porém, que existem pelo menos 71 detentos que supostamente cumpriam pena ou aguardavam sentença nas dependências das carceragens rebeladas e desapareceram após os atos de vandalismo e morticínio.

Em decorrência dos descumprimentos às leis que garantem o tratamento humanitário ao preso, o Estado do Rio Grande do Norte foi denunciado à Organização dos Estados Americanos (OEA) e à Organização das Nações Unidas (ONU).

"Foram identificados 71 processos judiciais de pessoas que estariam presas em todos os pavilhões de Alcaçuz, mas que não estão lá", revela trecho do documento. Os peritos afirmaram que os presos podem ter sido transferidos, fugido, recapturados e não registrados, soltos em alvará ou mortos durante o maior massacre da história do Sistema Prisional do Rio Grande do Norte.

O número levantado pelos profissionais do Mecanismo Nacional se aproxima dos relatados por agentes penitenciários, presos e familiares desses à época das rebeliões em janeiro passado. O Governo do Estado, porém, nega a informação.

Em nota, o Instituto Técnico de Perícia (Itep/RN), afirmou que "o trabalho de identificação e de contagem de corpos foi feito de acordo com o que os peritos (estaduais) encontraram dentro da Penitenciária durante as perícias que foram realizadas na unidade. Em relação ao número de mortes, o órgão reafirma que realizou os exames de acordo com os fundamentos técnicos-científicos que regem a atividade pericial e que apenas trabalha com números embasados no que foi observado, recolhido e analisado."

Até hoje, o Itep/RN não identificou quatro dos 26 corpos recolhidos após as rebeliões, por não dispor de laboratório de exame de DNA em sua sede, na capital potiguar. Outros quatro corpos foram liberados para sepultamento incompletos. Eles estavam sem as respectivas cabeças.

“As prisões hoje em dia são superlotadas. Cada cela é feita para doze pessoas, porém colocam de 30 a 40”. Assim o pedreiro Cristiano Marcelino, de 38 anos, define a situação carcerária atual. Ele cumpriu pena por sete anos na penitenciária José Parada Neto, que tem capacidade para 838 presos mas atualmente abriga 2.120. A situação se repete nos outros presídios de Guarulhos. Segundo dados da Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) do estado de São Paulo, as quatro unidades prisionais do município estão operando acima de sua capacidade, para abrigar uma população carcerária de mais de 6 mil pessoas.

O agente penitenciário Edmilson Alves, que trabalha no Centro de Detenção Provisória 2 de Guarulhos, vê de perto a situação. “A população normal seria 768 presos, mas tem em média 1,8 mil a 2 mil presos”, conta.

##RECOMENDA##

O Artigo 5º da Declaração Universal dos Direitos Humanos prevê que ninguém será submetido a tortura nem a punição ou tratamento cruéis, desumanos ou degradantes. No entanto, quem já passou pelo sistema carcerário sabe que a situação está longe do ideal. “Em uma cela com quatro camas havia cinco menores. Tínhamos que revezar, cada dia um dormia sobre uma mesa que havia no centro da cela”, conta Leonardo da Silva Ribeiro, de 18 anos.  Aos 17 anos de idade, Leonardo foi apreendido e passou 45 dias na Fundação Casa, no bairro Aracília.

Não são apenas os presidiários que sofrem. Mães e esposas também enfrentam situações difíceis ao visitar seus filhos e maridos. Leonardo afirma que não queria que sua mãe fosse visitá-lo enquanto esteve internado. “Eu sabia que minha mãe não merecia passar por aquela situação de se despir e se agachar na revista para me visitar. Eu não queria que ela fosse, mas ela foi mesmo sem meu consentimento”, explica.

“O sofrimento e a preocupação já começavam em casa, quando começava a preparação dos alimentos, e aumentava quando chegava na fila para a revista. Uma espera de quatro horas numa fila enorme, para uma revista que considero uma humilhação”, relata Débora Aparecida Jesus Marcelino, 35 anos, esposa de Cristiano Marcelino.

No ano de 2015, o Ministério da Justiça divulgou dados mostrando que o Brasil tem a quarta maior população carcerária do mundo. Os casos de rebelião em presídios que explodiram no início do ano em oito estados do país trouxeram à tona a grave crise do sistema penitenciário brasileiro.  

 “Na minha opinião, as penitenciárias deveriam ser estruturadas com bons cursos de capacitação para que o preso pudesse se sentir valorizado e assim se tornar uma pessoa melhor”, diz o agente Edmilson Alves. 

 

Por Caroline Maria Novais de Jesus e Celso Gomes de Farias Junior

 

 

Mais quatro coletivos e três delegacias foram atacados nesta quinta-feira, 20, na Grande Fortaleza. Ao todo, já são 21 veículos do transporte público incendiados. Um cobrador, um motorista e um suspeito estão internados com queimaduras.

Cinco carros que prestam serviço a empresas de distribuição de água e energia elétrica também foram alvos da ação de bandidos. Até o início desta tarde, oito pessoas foram presas, suspeitas de participação nas ações criminosas.

##RECOMENDA##

Apesar dos crimes, o secretário de Segurança do Ceará, André Costa, não cogita pedir ajuda da Força Nacional de Segurança. Segundo ele, o policiamento nas ruas de Fortaleza está sendo reforçado com agentes que desempenhavam funções administrativas e por policiais que estariam de folga neste início de feriado de Tiradentes.

As ações coordenadas foram uma retaliação pela transferência de detentos de presídios. Em carta deixada em um dos coletivos, os bandidos ameaçaram explodir prédios públicos e praticar atentados se o governo seguir "mexendo com unidades prisionais".

Depois de um dia de incêndios criminosos em ônibus e carros, seis pessoas foram presas em Fortaleza e região metropolitana por suspeita de participação nos ataques. Conforme a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (SSPDS), 16 coletivos e uma viatura do Departamento Municipal de Trânsito (Demutran) foram queimados durante a quarta-feira, 19, na capital e em cidades próximas.

O sistema de ônibus voltou a operar normalmente desde a noite de quarta, com reforço da segurança garantido pelo titular da secretaria, André Costa. Um motorista sofreu queimaduras e foi internado, mas não corre risco de morte. Não há registros de outros feridos nos ataques.

##RECOMENDA##

As ações coordenadas foram uma retaliação pela transferência de detentos de presídios. Em carta deixada em um dos ônibus, os bandidos ameaçaram explodir prédios públicos e praticar atentados se o governo seguir "mexendo com as unidades prisionais."

Um dos envolvidos presos, de 18 anos, já responde por tráfico de drogas, roubo e porte ilegal de arma de fogo. Ele foi autuado em flagrante por porte de arma, ameaça e organização criminosa.

Outros suspeitos já foram identificados, segundo a secretaria, que trabalha em conjunto com vários órgãos do governo para conter os ataques. As investigações estão a cargo da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) da Polícia Civil.

O Ministério da Justiça autorizou nesta segunda-feira (10) a permanência de agentes da Força Nacional de Segurança no Espírito Santo por mais 30 dias. A medida atende a pedido do governo do Estado, que alegou necessidade de reforço em ações de segurança pública e auxílio na recuperação da ordem pública. As tropas encontram-se no Estado desde 6 de fevereiro, por causa do motim da Polícia Militar. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando