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O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) quer firmar uma Parceria Público-Privada (PPP) para viabilizar a transferência da sede do governo de São Paulo para as proximidades da região da cracolândia, no centro da capital. Promessa de campanha, a mudança pode englobar também secretarias e envolver cerca de 18 mil funcionários.

Segundo um integrante do primeiro escalão, a autorização para o início dos estudos se dará no dia 14, durante reunião dos conselhos de Parcerias Público-Privadas (PPPs). Equipes técnicas do governo e também de universidades, como a USP, definirão o modelo, que se expandiu depois da posse. O projeto agora prevê que toda a estrutura pública se organize ao redor do Palácio dos Campos Elíseos, na Avenida Rio Branco, onde hoje funciona o Museu das Favelas e, no futuro, poderia servir como gabinete do governador. Uma das possibilidades de PPP seria, por exemplo, liberar repartições desocupadas para projetos habitacionais

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Para que secretarias e demais órgãos estaduais também passem a funcionar no centro, porém, interlocutores do governador estimam que será preciso construir uma espécie de polo administrativo ao longo da Rio Branco. Só depois é que 18 mil funcionários, hoje espalhados por 62 prédios, poderiam então trabalhar perto da nova sede.

O custo do projeto não foi divulgado. Segundo a gestão Tarcísio, o orçamento será definido com a conclusão dos estudos, mas, independentemente do valor, a intenção é viabilizá-lo a partir de parcerias com a iniciativa privada. Também não está definido onde será a nova residência do governador, hoje instalada, assim como seu gabinete, no Palácio dos Bandeirantes.

CPTM

Na mesma reunião do conselho das PPPs, Tarcísio encomendará um outro estudo para averiguar a viabilidade financeira de um projeto debatido há décadas em São Paulo: o enterramento do trilhos dos trens da CPTM que passam pela capital, especialmente o trecho entre a Lapa e o Brás.

A avaliação é que a medida complementaria o projeto de requalificação do centro previsto na proposta de mudança da sede. A intenção é abrir espaço para a construção de prédios públicos e de moradias populares a partir de intervenções em quatro linhas. Ao se tornarem subterrâneas, 2,3 mil hectares de terra seriam liberados - na campanha, Tarcísio prometeu construir 200 mil unidades habitacionais.

De acordo com auxiliares do governador, a proposta será desenvolvida em parceria com a Prefeitura. Uma das possibilidades é a de trabalhar a aprovação de legislações específicas para regiões dotadas de trilhos, como a Operação Urbana Lapa-Brás, aguardada há mais de dez anos.

Com ela, o Município definiria o projeto como prioritário e destinaria os recursos arrecadados com a venda de títulos imobiliários na região para a obra. Em troca, o Estado utilizaria os terrenos liberados para ampliar a oferta de habitação social e abrir uma avenida ligando a zona oeste ao centro.

A intenção vai de encontro a outro projeto, desta vez da Prefeitura: o de transformar o elevado João Goulart, o Minhocão, em parque. Em entrevista ao Estadão, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) afirmou que o fechamento da via elevada para carros só é possível com a construção de uma alternativa viária. Se o enterramento dos trilhos não sair, Nunes pretende construir um túnel sob o Minhocão por cerca de R$ 1 bilhão. (COLABOROU ADRIANA FERRAZ)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) vai se reunir pela terceira vez com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na próxima sexta-feira (27), em Brasília, em uma reunião convocada pelo chefe do Executivo junto com os governadores dos 27 Estados do País. Na ocasião, Tarcísio pedirá recursos para financiamento da saúde e mobilidade urbana de São Paulo.

De acordo com Tarcísio, filas para cirurgia ortopédica e queda na saúde financeira da rede filantrópica serão temas abordados no encontro. "O maior credor dos hospitais filantrópicos é a Caixa Econômica, então a gente tem que ou perdoar dívida pequena ou alongar prazo para pagamento de dívida, diminuir taxa de juro", afirmou o governador nesta manhã a jornalistas.

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Tarcísio abordará, ainda, a necessidade de revisão da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS). "É uma tabela congelada há muito tempo e ela que remunera os procedimentos", emendou. Ele também vai pedir apoio aos projetos de mobilidade urbana do Estado, como o trem intercidades, expansão das linhas de metrô para a Grande São Paulo e obras na Baixada Santista.

A privatização do Porto de Santos, prioridade na pauta de Tarcísio, não deve ser tratada no encontro. O governador deve se reunir ainda com o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), para avançar no tema. O ministro, no entanto, descarta a ideia de vender a autoridade portuária, mas ressalva que outros serviços possam ser privatizados.

No encontro bilateral com Lula, realizado no início do mês, Tarcísio defendeu a desestatização do Porto de Santos. De acordo com ele, o presidente não fechou as portas sobre o megaleilão, que foi desenhado ainda durante a gestão do governador como ministro da Infraestrutura de Jair Bolsonaro. "Não descartou, pelo contrário, abriu o diálogo", disse na época em exclusividade ao Estadão/Broadcast.

O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) nomeou o policial militar citado no processo do massacre do Carandiru Sérgio Souza Merlo para o cargo de Assessor Técnico de Gabinete na Secretaria de Administração Penitenciária.

Na peça original apresentada pelo Ministério Público de São Paulo, o então primeiro-tenente foi denunciado por lesão corporal. O processo contra Merlo, que hoje é coronel aposentado, foi considerado extinto em primeira instância.

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Merlo não fez parte do grupo acusado de matar 111 presos na Casa de Detenção de São Paulo em outubro de 1992, mas é citado por participar de uma varredura das celas em um segundo momento da operação, dedicada à triagem dos presos já rendidos. A investigação apontou que a ação culminou na agressão a detentos.

A nomeação de Merlo foi efetivada no Diário Oficial do Estado no último sábado, 14. Nesta terça-feira, 17, a publicação ainda registrou gratificações salariais concedidas a ele decorrentes da função que vai assumir - o prêmio de desempenho individual e o adicional de periculosidade.

Em nota, a Secretaria da Administração Penitenciária defendeu que "as nomeações da Pasta são realizadas exclusivamente com base em critérios técnicos" e ressaltou que Sérgio Merlo é bacharel em Direito pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco e "tem mais de trinta anos de experiência na Administração Pública".

Situação semelhante ocorreu no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, quando o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, indicou o coronel Nivaldo Restivo para assumir o comando da Secretaria Nacional de Políticas Penais. No caso do massacre do Carandiru, Restivo também é citado na operação de varredura e foi acusado de omissão. Ele desistiu de assumir o cargo após pressão do PT e de movimentos sociais.

Durante uma década, o processo do massacre do Carandiru ficou travado aguardando uma decisão definitiva sobre quem deveria julgar os policiais: a Justiça militar ou a Justiça comum. Eles só foram a júri popular entre 2013 e 2014. Os julgamentos precisaram ser fatiados por causa do número de réus.

Desde então, o caso tem sido marcado por reviravoltas judiciais. O Tribunal de Justiça de São Paulo chegou a anular as condenações e a determinar novos julgamentos por considerar que a acusação não conseguiu apontar exatamente qual a culpa de cada policial. Em um novo capítulo do processo, que soma mais de 100 mil páginas, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF) restabeleceram a decisão dos jurados. A discussão agora é sobre a dosimetria das penas, que a defesa considera excessivas. O processo está suspenso no Tribunal de Justiça de São Paulo por um pedido de vistas.

O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) publicou, nesta sexta-feira (13), uma alteração no decreto estadual que trata sobre nepotismo. A medida se dá um dia após o recuo na nomeação de Maurício Pozzobon Martins, cunhado de sua mulher, para o cargo de "Assessor Especial II". Tarcísio alegou não saber que concunhado fazia parte da súmula do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o tema. A mudança passa então a considerar concunhado como parente por afinidade.

A alteração também torna a "pesquisa" sobre eventual nepotismo mais detalhada. A partir de agora, além de declarar se tem ou não parentesco em linha reta (pais, avós, bisavós, filhos, netos e bisnetos), em linha colateral (irmãos, tios e sobrinhos) ou por afinidade (genros, noras, sogros, enteados, madrastas padrastos, cunhados e concunhados), os funcionários terão de indicar se são comissionados ou efetivos.

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De acordo com a medida, os casos de parentesco passarão a ser avaliados pelo governo paulista segundo a data de admissão, se antes ou depois da decisão do STF de classificar, por exemplo, concunhado como parente. O cargo para o qual Mauricio tinha sido nomeado tinha um salário líquido que chega a R$ 21,5 mil. Ele seria funcionário comissionado, ou seja, de confiança.

Maurício Pozzobon é Militar da Reserva e é dele a casa alugada por Tarcísio em São José dos Campos, no interior de São Paulo, usada pelo governador para justificar seu domicílio eleitoral no Estado no pleito que o elegeu em 2022. O chefe do Executivo estadual, nascido no Rio de Janeiro, morava em Brasília antes de ser indicado por Bolsonaro para concorrer em São Paulo.

Pozzobon também atuou na Infraero e chegou a ser contratado por Tarcísio para atuar na campanha eleitoral com serviços de administração financeira.

Em nota, a assessoria de imprensa do governo de São Paulo informou que a nomeação se tornou sem efeito "baseado em entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF)".

O novo assessor especial do governo de São Paulo, Diego Torres Dourado - irmão da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro - esteve no acampamento montado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro na porta do Quartel-General do Exército, em Brasília. Bolsonaristas passaram 70 dias no local, pedindo uma intervenção militar contra o resultado das eleições presidenciais. Lá, tramaram a tentativa de golpe que resultou na depredação das sedes dos Três Poderes no domingo, 8.

Uma foto de Diego Torres no acampamento foi compartilhada por dois amigos seus em 2 de novembro de 2022. Na imagem, o irmão de Michelle está de óculos e enrolado em uma bandeira do Brasil ao lado de três apoiadores do ex-presidente.

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Torres não divulga em suas redes imagens sobre a visita que fez ao acampamento, mas curtiu a foto publicada por Elizangela Castelo Branco. "Em Brasília, assim como em muitas outras cidades brasileiras, as manifestações foram lindas, pacíficas e cheias de patriotismo. Brasileiros de todas as idades, credos e cores se reuniram por um único motivo: lutar bravamente por nossa pátria", escreveu a amiga.

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Em São Paulo, o irmão de Michelle foi nomeado como assessor especial do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), a quem ajudou informalmente na corrida ao Palácio dos Bandeirantes. Torres não teve cargo e salário por sua atuação na campanha.

A função de "assessor especial do governador I" tem vencimentos de R$ 19.204,22, segundo o portal de Recursos Humano do Governo de São Paulo. Nesta quinta-feira, 12, Tarcísio exonerou seu cunhado, Maurício Pozzobon Martins, que havia sido nomeado "assessor especial do governador II", com salário de R$ 21.017,85.

Diego Torres já ocupou cargos em comissão anteriormente. O irmã de Michelle já foi assistente técnico na Aeronáutica e na chefia de Operações Conjuntas do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas e assistente parlamentar no Senado.

Golpe

O acampamento dos apoiadores de Bolsonaro foi desmontado na segunda-feira, 9, após a tentativa de golpe de radicais no domingo, 8. Extremistas invadiram o Palácio do Planalto, o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF), onde depredaram as estruturas dos prédios, picharam e destruíram obras de artes.

Em uma live realizada em 5 de janeiro, no acampamento, a extremista Ana Priscilla Azevedo deu o tom do plano. "Nós vamos colapsar o sistema, nós vamos sitiar Brasília, nós vamos tomar o poder de assalto, o poder que nos pertence", disse.

Como mostrou o Estadão, fotografias, vídeos e trocas de mensagens em grupos restritos comprovam que a invasão foi um ato premeditado e organizado em seus detalhes, e não uma ação espontânea. O material deixa claro que os manifestantes foram para Brasília dispostos, efetivamente, a tomar as sedes dos três Poderes. Cerca de 1.400 pessoas foram detidas após o quebra-quebra.

Em nota, o Governo de São Paulo afirmou que "o fato apontado pela reportagem foi registrado em novembro de 2022, momento em que manifestações democráticas eram realizadas em todo país, diferentes dos atos registrados em Brasília no último dia 8".

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quinta-feira (12), que está "disposto a conversar" com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL). "Ele veio aqui, tem interesse em algumas coisas e eu disse que vamos conversar", declarou o petista sobre o encontro. "Nunca deixei de conversar com um governador", emendou.

Como antecipou o Estadão/Broadcast, Tarcísio procurou Lula para tentar reverter a posição do governo federal contrária à privatização do Porto de Santos. Na quarta, o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), afirmou que "não há dogmas" sobre o tema.

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Lula, contudo, evitou dizer se está disposto a conversar sobre a privatização do local. "Vou fazer as parcerias que forem necessárias. Sempre foi assim e vai continuar sendo assim", declarou o presidente da República nesta quinta-feira, em encontro com jornalistas no Palácio do Planalto, sem citar o Porto de Santos especificamente.

Um dia após nomear seu concunhado, Maurício Pozzobon Martins, para cargo de "assessor especial II", o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), recuou da decisão e tornou o decreto sem efeito. A medida foi publicada no Diário Oficial do Estado desta quinta-feira (12).

Como mostrou na quarta-feira o Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, Tarcísio havia nomeado, além de Pozzobon, o cunhado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Diego Torres Dourado, para cargo de "assessor especial I". O salário líquido é em torno de R$ 21,5 mil.

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Pozzobon é Militar da Reserva e é dele a casa alugada por Tarcísio no município de São José dos Campos (SP), usada pelo governador para justificar seu domicílio eleitoral no Estado no pleito que o elegeu em 2022. O chefe do Executivo estadual, nascido no Rio de Janeiro, morava em Brasília antes de ser indicado por Bolsonaro para concorrer ao Executivo paulista.

Pozzobon também atuou na Infraero e chegou a ser contratado por Tarcísio para atuar na campanha eleitoral com serviços de administração financeira.

Já Diego Torres Dourado, que segue nomeado, é irmão da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Ele foi assistente parlamentar do Senado e, durante a campanha, ajudou Tarcísio a se aproximar da militância bolsonarista.

A reportagem questionou a assessoria de imprensa do governo de São Paulo o porquê do recuo na nomeação de Pozzobon, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.

Encerrando 28 anos de gestão tucana no Estado de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos) e seu vice, Felício Ramuth (PSD), tomaram posse do governo do Estado de São Paulo nesta manhã. Em seu primeiro discurso como governador do Estado, ele agradeceu o presidente Jair Bolsonaro, reafirmou promessa de realizar uma gestão técnica e pediu maior força política a São Paulo.

"Meus agradecimentos, como não poderia deixar de ser, ao presidente Jair Bolsonaro que enxergou o que ninguém havia enxergado naquele momento, quanta ousadia", disse.

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Tarcísio fez um discurso focado em políticas sociais e na diminuição da pobreza, alegou que o Estado precisa ampliar o próprio peso político para equiparar com o econômico e disse que vai promover um ambiente de diálogo na Alesp.

"Vamos trabalhar na construção de consensos e convencimento por meio de trabalho técnico. Vamos buscar maioria para realizar programas e manter profundo respeito pelos adversários", afirmou.

Tarcísio chegou às 9h na Assembleia Legislativa para participar da cerimônia. Em entrevista à TV Alesp, disse que quer estabelecer relação de diálogo com os parlamentares e cumprir os compromissos estabelecidos na campanha. "Os primeiros dias serão de muito trabalho, Pretendemos fazer as primeiras entregas e leilões importantes como o do Rodoanel", afirmou.

Ele recebeu das mãos do presidente da Casa, Carlão Pignatari (PSDB), uma réplica do Monumento às Bandeiras, do artista plástico Victor Brecheret.

Participaram da cerimônia o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o prefeito de São Paulo Ricardo Nunes (MDB), o presidente do PSD e futuro secretário de Governo e Relações Institucionais Gilberto Kassab, autoridades e deputados estaduais. Entre eles, acompanhou a cerimônia o deputado Douglas Garcia, que hostilizou a jornalista Vera Magalhães em debate na TV Cultura e foi criticado por Tarcísio. Também participou o presidente do Tribunal Regional Eleitoral Paulo Galizia, a quem Tarcísio elogiou pela condução do processo eleitoral.

Ao chegar na Alesp, Tarcísio foi recebido com gritos de apoio por manifestantes que ocupam a porta do Comando Militar do Sudeste, vizinho à Assembleia. O grupo questiona o resultado das urnas e pede intervenção militar.

O novo governador inicia hoje sua gestão na administração paulista com o desafio de consolidar seu próprio grupo político. Eleito na esteira de seu padrinho, Jair Bolsonaro (PL), ele tem como principal articulador político o presidente do PSD, Gilberto Kassab. Como mostrou o Estadão, conciliar diversos grupos políticos com a proposta de um governo técnico foi o que norteou a formação do novo secretariado.

Tarcísio agora segue ao Palácio do Planalto, onde recebe do governador Rodrigo Garcia o Pavilhão do Governador e empossa seu secretariado.

O governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), anunciou nesta quarta-feira, 21, mais dois nomes ligados ao ministro da Economia, Paulo Guedes, para ocupar secretarias em São Paulo.

O ex-assessor especial do Ministério da Economia Jorge Luiz Lima foi escolhido para comandar a Secretaria de Desenvolvimento Econômico. Lima atuou na assessoria de Guedes entre 2021 e 2022. Antes, foi secretário nacional de Desenvolvimento da Indústria, Comércio, Serviços e Inovação e coordenou um projeto de redução do Custo Brasil.

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O coordenador do governo de transição, Guilherme Afif Domingos, vai comandar a pasta de projetos estratégicos. Ele foi assessor especial do ministro e coordenou o plano de governo de Tarcísio durante a campanha.

O governador eleito já anunciou outros nomes ligados a Guedes, como o presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade (Gestão e Governo Digital), o atual chefe da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia, Lucas Ferraz (Assuntos Internacionais), e o economista Samuel Kinoshita (Fazenda e Planejamento).

Aos gritos de "mito", o governador eleito de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi diplomado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP) nesta segunda-feira, 19.

A cerimônia, realizada na Sala São Paulo, também diplomou o vice-governador eleito, Felicio Ramuth (PSD) e o senador eleito Marcos Pontes (PL), além de 70 deputados federais do Estado e 94 estaduais.

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O evento foi marcado por vaias e aplausos a parlamentares bolsonaristas eleitos pelo PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, mas teve tom pacífico.

Já Tarcísio foi aplaudido em pé pelos deputados de partidos aliados, e ouviu alguns gritos de "mito" de um grupo que estava na plateia, em referência ao seu padrinho político, Bolsonaro.

No evento, a Justiça Eleitoral habilita os eleitos a assumirem seus mandatos em janeiro de 2023. Candidaturas com contas questionadas, por exemplo, ainda podem ser punidas se houver abertura posterior de ação de investigação pelo Ministério Público Eleitoral.

Na abertura da diplomação, o presidente do Tribunal Regional do Estado, Paulo Sérgio Galizia, defendeu o resultado das urnas, questionado em atos antidemocráticos.

"A Justiça Eleitoral não admite pressões ou ameaças, venham elas de onde vierem. (...) Só deve obediência à democracia da qual é sua incansável guardiã. A Justiça Eleitoral jamais presta contas aos poderosos, só presta contas à cidadania brasileira", disse.

O pronunciamento foi visto como um recado aos bolsonaristas. Entre os presentes no palco estavam os deputados federais eleitos Eduardo Bolsonaro (PL-SP), Ricardo Salles (PL-SP) e Mário Frias (PL-SP). Ao serem chamados a receber o diploma, os três ouviram fortes aplausos e vaias da plateia composta por convidados.

Além deles, parlamentares do União Brasil, como Kim Kataguiri e Rosângela Moro, também foram vaiados. Já a deputada federal Carla Zambelli (PL) não estava presente.

Devido possíveis irregularidades em informações apresentadas ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP), a Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo recomendou a rejeição das contas de campanha do governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicanos). As informações são do UOL.

Dessa forma, o procurador eleitoral Paulo Taubemblatt identificou doações irregulares, uso de recursos sem identificação de origens e divergências e omissões de informações. Vale lembrar que semanas atrás o próprio TRE-SP tinha divulgado relatório preliminar que citava possíveis irregularidades na prestação de contas de campanha de Tarcísio.

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Falhas

Sendo assim, os técnicos do tribunal apontaram falhas na prestação de contas relativas a gastos próximos de R$ 35,8 milhões, o que representa quase a totalidade das despesas de campanha declaradas. 

Além disso, também havia indícios de contratos sem assinatura, descrições genéricas de serviços prestados por terceirizados e notas fiscais não apresentadas.

Ex-assessor especial do Ministério da Economia, Samuel Kinoshita foi nomeado pelo governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicanos) nesta terça-feira, 13, como futuro secretário da Fazenda de São Paulo. O atual ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, também vai deixar o cargo no governo federal para assumir o órgão análogo no Estado. O futuro chefe do Executivo paulista anunciou ainda a nova cúpula das polícias do Estado, que passará por mudanças estruturais.

Em coletiva de imprensa, Tarcísio elogiou a atuação de Rosário na CGU, onde chegou como funcionário de carreira. "É uma pessoa que conhece muito do tema e vai ter a missão de estruturar a Controladoria-Geral do Estado, que vai reproduzir a CGU, com uma área dedicada ao controle interno, uma a informações estratégicas e uma ouvidoria", disse.

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Já a chegada de Kinoshita confirma a influência de nomes vinculados a Guedes no secretariado paulista. Além dele, o atual presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade, e o secretário de Comércio Exterior, Lucas Ferraz, também vão assumir secretarias no governo Tarcísio. A equipe de transição conta ainda com a coordenação de Guilherme Afif Domingos, outro que trabalhou com o ministro de Bolsonaro. Guedes era considerado o nome preferido de Tarcísio para assumir o posto, mas declinou o convite e deve atuar como conselheiro da gestão paulista.

Tarcísio também apresentou o atual delegado-geral da Polícia Civil de SP, Osvaldo Nico Gonçalves, como secretário-adjunto da pasta que será comandada pelo deputado bolsonarista Capitão Guilherme Derrite. A partir do ano que vem, a secretaria vai extinguir os cargos de secretários executivos da Polícia Militar e da Polícia Civil, criados pelo ex-governador João Doria. Com a mudança, Nico assume a função de "número 2? do novo titular da pasta.

O atual diretor do Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope), Artur José Dian, vai ocupar o atual cargo de Nico, de delegado-geral da Polícia Civil. Já o coronel Cássio Araújo de Freitas será o comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo.

Tarcísio anunciou ainda a recondução ao cargo do atual secretário-chefe da Casa Militar e coordenador da Defesa Civil do Estado, coronel Henguel Pereira.

Como adiantou o Estadão, Nico e Dian foram indicações pessoais de Derrite. Nico foi responsável pelo Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope) e assumiu o cargo de delegado-geral a convite do governador Rodrigo Garcia (PSDB). A promoção de Nico é considerada uma forma de contornar resistências, já que a vinculação de Derrite à Polícia Militar poderia gerar atritos com policiais civis.

Ao todo, doze secretarias já tiveram suas chefias confirmadas. Entre eles estão o deputado federal bolsonarista Guilherme Derrite (PL), confirmado na Segurança Pública, e o ex-prefeito e presidente do PSD, Gilberto Kassab, na Secretaria de Governo.

O governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou, em uma postagem neste domingo (11) que o presidente Jair Bolsonaro (PL) tem sua "eterna admiração e gratidão". A declaração ocorre depois de ele ter recebido críticas de aliados do presidente por dizer que não é um "bolsonarista raiz" e se aproximar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, um dos principais alvos das críticas de Bolsonaro.

Em postagem no Twitter, com uma foto ao lado de Bolsonaro, o governador eleito destacou a importância do presidente em sua trajetória. "Se estou hoje aqui, é porque Jair Bolsonaro confiou em mim e no trabalho de um técnico que em 2018 ninguém conhecia", afirmou.

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Tarcísio foi nomeado ministro da Infraestrutura por Bolsonaro logo no primeiro ano de mandato e manteve-se no cargo até março deste ano, quando lançou sua candidatura ao Palácio dos Bandeirantes como afilhado político do presidente.

Apesar de apresentar-se com um perfil técnico durante a campanha, ele buscou também atrair o eleitorado mais conservador e alinhado a Bolsonaro. Para isso, levantou bandeiras comuns a do presidente, como a critica à obrigatoriedade da vacinação contra covid-19 e ao uso de câmeras nos uniformes da Polícia Militar. Ele ainda acompanhou Bolsonaro em motociatas e na Marcha para Jesus em São Paulo.

No entanto, depois de eleito, já adiou a promessa de acabar com vacina obrigatória, nomeou apenas um bolsonarista para seu secretariado - o deputado capitão Guilherme Derrite (PL-SP) - e afirmou não ser um "bolsonarista raiz", defendendo diálogo com o STF e com o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

As críticas contra ele na base bolsonarista ficaram ainda mais intensas depois de Tarcísio ser fotografado conversando e rindo com o ministro do STF Alexandre de Moraes durante a posse dos ministros Messod Azulay Neto e Paulo Sérgio Domingues no Superior Tribunal de Justiça (STJ) na última terça-feira, 6. Bolsonaro esteve no evento, mas não discursou.

O grupo de transição do governo de São Paulo anunciou nesta terça-feira, 6, os nomes de três novos secretários e um dirigente que vão compor a nova administração paulista do governador eleito, Tarcísio de Freitas (Republicanos), dois deles ligados ao ministro da Economia Paulo Guedes. O presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade, vai deixar o atual cargo para assumir a pasta de Gestão e Governo Digital.

Hoje, a pasta incorpora também a estrutura de Orçamento, que deve passar a fazer parte de outra secretaria.

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Já o doutor em economia Lucas Pedreira do Couto Ferraz, foi confirmado na secretaria nomeada por ele de Assuntos Internacionais e Laís Vita, atual chefe da assessoria de imprensa de Tarcísio, na secretaria de Comunicação.

Atual secretário especial de desburocratização do Ministério da Economia, o Superintendente Regional do DNIT em São Paulo, Coronel Sérgio Codelo, vai assumir o Departamento de Estradas de Rodagem.

Até o momento, 11 secretários foram anunciados. Entre eles, o deputado federal bolsonarista Guilherme Derrite (PL), confirmado na Segurança Pública, e o ex-prefeito e presidente do PSD, Gilberto Kassab, na Secretaria de Governo.

Após sondar o ministro da Economia Paulo Guedes, para ser secretário da Fazenda em São Paulo, o governador eleito escolheu dois nomes ligado a ele para ser secretariado.

Caio Paes de Andrade foi secretário especial de desburocratização do Ministério da Economia. Ele tem formação em Comunicação Social pela Universidade Paulista em São Paulo, pós-graduação em Gestão pela Harvard University e Mestrado em Administração de Empresas pela Duke University.

Mestre em Engenharia Química pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, e doutor em Economia pela Escola de Pós-Graduação em Economia (EPGE) da Fundação Getúlio Vargas, Lucas Pedreira do Couto Ferraz é o atual secretário de Comércio Exterior do Ministério da Economia.

A chegada de Ferraz e Paes de Andrade confirma o domínio de nomes vinculados a Guedes no secretariado paulista. Além deles, o economista Samuel Kinoshita e o coordenador da transição Guilherme Afif, que foram assessores do ministro, também devem assumir cargos na gestão

Já Laís Vita coordenou a equipe de comunicação ao longo da campanha eleitoral e chefiou a Assessoria Especial de Comunicação do Ministério da Infraestrutura quando Tarcísio era ministro. é jornalista formada pela Universidade Federal da Bahia.

Veja os demais indicados para as pastas:

Educação: O escolhido para chefiar a pasta foi Renato Feder, paulistano que deixará o posto de secretário de Educação do Paraná para assumir a função no Estado natal. Feder é graduado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e mestre em Economia pela USP.

Saúde: O futuro secretário de Saúde de São Paulo será o médico Eleuses Paiva. Ele foi presidente da Associação Médica Brasileira por dois mandatos, de 1999 a 2005. Ex-vice-prefeito de São José do Rio Preto (SP), é um dos nomes indicados pelo grupo político de Gilberto Kassab (PSD). Paiva foi da ampliação do acesso à vacina anticovid ao longo da pandemia para controlar a disseminação do vírus.

Casa Civil: O novo chefe da Casa Civil será o advogado Arthur Lima, que compõe o quadro de secretários indicados pelo próprio governador eleito e é considerado um nome técnico, que não tem filiação partidária. Lima chegou a ocupar o cargo de diretor-presidente da Empresa de Planejamento e Logística (atual Infra S.A.) e foi diretor-executivo do Fundo de Saúde da Secretaria de Saúde do governo do Distrito Federal.

Infraestrutura, Meio Ambiente e Transportes: O nome escolhido por Tarcísio para chefia a secretaria análoga ao ministério que ele chefiou na gestão Bolsonaro é Natalia Resende. Ela vai comandar uma "supersecretaria", que incorpora a de Infraestrutura e Meio Ambiente com a de Logística e Transportes.

Governo: O novo secretário de Governo da nova gestão será o presidente do PSD Gilberto Kassab. O anúncio oficial ainda não foi feito pelo novo governo, mas Tarcísio de Freitas confirmou a informação ao ser questionado por jornalistas ao chegar a evento organizado pelo Esfera Brasil, em hotel no Guarujá.

Segurança Pública: Indicado pelo clã Bolsonaro, Guilherme Derrite é oficial da Reserva da Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP) e comandou a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) de 2010 a 2013. O deputado é afinado com a ala mais ideológica do bolsonarismo e já se manifestou contra o uso de câmeras nos uniformes dos policiais.

Turismo: Roberto Lucena, que é pastor evangélico e está no terceiro mandato como deputado federal, será o novo secretário do Turismo. Lucena chefiou a pasta em São Paulo em 2015 e 2016 no governo Geraldo Alckmin e vice-presidente da Comissão do Turismo da Câmara dos Deputados.

Um estudo ainda mantido em sigilo pela Polícia Militar de São Paulo coloca em xeque uma das mais polêmicas promessas do governador eleito, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O trabalho concluiu que o programa de câmeras instaladas nos policiais militares, que Tarcísio e os bolsonaristas querem rever, provocou um aumento de 24% do número de apreensões de armas e de 102% dos registros de casos de violência doméstica, além de crescimento de 78% dos casos de porte de drogas.

Ou seja, o equipamento aumentou a efetividade da PM no combate aos agressores de mulheres, além de tornar mais difícil a vida de outros criminosos. Ocorrências que costumavam ser subnotificadas passaram a ser registradas pela polícia. É como se a corporação tivesse adotado a política de tolerância zero contra o crime. Houve ainda queda do número de policiais mortos em serviço e de 57% dos casos de pessoas mortas em decorrência da ação policial.

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As conclusões do estudo potencialmente esvaziam o discurso adotado na campanha eleitoral pelo governador eleito e pelo seu futuro secretário da Segurança Pública, o deputado federal reeleito e capitão Guilherme Muraro Derrite (PL) - de que as câmeras inibiriam, diminuiriam e constrangeriam os policiais durante o trabalho. A revisão do programa enfrenta resistência na cúpula das forças de segurança do Estado.

O estudo foi encomendado pelo comando da PM ao Centro de Ciência Aplicada em Segurança Pública da Fundação Getulio Vargas (FGV). Ele acompanhou a evolução da criminalidade em áreas de companhias antes e depois da adoção das Câmeras Operacionais Portáteis (COP) e a comparou com os dados de unidades que nunca usaram o equipamento, entre junho de 2021 e julho de 2022.

"Além de violência doméstica, houve aumento no volume de notificações de ocorrências de baixo potencial ofensivo, como furtos, discussões, brigas, agressão e ameaça, mas não em ocorrências de roubos, homicídios, drogas e acidentes de trânsito", diz o estudo, concluído em outubro deste ano.

Segundo os dados dos boletins da PM, cada uma das 179 unidades policiais que trabalham com as câmeras registrou um aumento de 28 registros de crimes, em média, por companhia, por bimestre, o que equivale uma acréscimo de 12% de variação em comparação com a evolução do grupo sem câmera. Foi entre os PMs com as câmeras que se verificou o aumento dos boletins de violência doméstica - em média, 9 casos a mais feitos em cada companhia policial.

Esses foram os dados que convenceram o governador Rodrigo Garcia (PSDB) a manter o projeto como está. Ele chegou a levantar dúvidas sobre a medida até que visitou o quartel das Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (Rota) e conversou com coronéis que demonstraram como o programa estava tornando a PM mais eficiente no combate ao crime e fornecendo aos tribunais provas irrefutáveis da conduta policial.

Mortes

O estudo é assinado pelos professores Joana Monteiro (FGV), Leandro Piquet (USP), Eduardo Fagundes (FGV) e Julia Guerra (FGV). Ele usa a econometria e mostra que as companhias que tiveram câmeras instaladas tinham em média 0,42 mortes provocadas por policial a cada bimestre, e as sem câmera, 0,31 casos. Em média, o número de mortes decorrentes de intervenção policial foi reduzido em 57% em relação à média do período anterior às câmeras. "Isso significa que 104 mortes foram evitadas nos primeiros 14 meses de introdução das câmeras, considerando apenas a região metropolitana da capital", afirma o estudo.

O resultado para as lesões corporais provocadas em ações da polícia teve uma queda de 63% no total de casos. E isso não aconteceu porque a polícia deixou de agir. É o que sugere a pesquisa, pois os dados da criminalidade e da produtividade das Polícias Civil e Militar mostram que os números de prisões em flagrante em geral e de casos de tráfico de drogas permaneceram sem alteração relevante, ao contrário do que alegavam os bolsonaristas. De acordo com os autores do estudo, os resultados "não sugerem que a redução do uso da força possa ser explicada por redução do esforço policial".

Razões

Se não foi a Polícia Militar que parou de trabalhar, nem os totais de crimes graves, como o feminicídio ou estupro aumentaram e inexistem evidências de que o comportamento dos suspeitos com a polícia tenha melhorado com as câmeras, por que, então, caíram os casos de uso de força pela PM? Essa pergunta foi feita pelos pesquisadores da FGV.

Várias hipóteses foram testadas, e a resposta dos pesquisadores foi de que "a existência de mecanismos de supervisão e o aprimoramento de protocolos, pode estar por trás da redução expressiva do uso da força". Segundo contam os professores, "as imagens produzidas pelas câmeras nos uniformes podem ser analisadas pela cadeia de comando do policial, de modo que ele pode ser responsabilizado pelo não cumprimento dos protocolos".

As câmeras da PM não precisam ser acionadas manualmente e gravam todo o turno policial. "O uso das câmeras induziu os policiais a reportarem melhor o que ocorre durante as ocorrências", concluiu o estudo. Já no Rio, onde a PM testou um modelo em que a câmera precisa ser ligada pelo policial, menos de 10% dos agentes acionaram o equipamento em um mês de patrulhamento.

Além de reduzir o uso excessivo da força, a iniciativa paulista quis aperfeiçoar as provas coletadas em ocorrências e possibilitar o uso das imagens em treinamentos de técnicas policiais, além de aumentar a transparência e a legitimidade da PM. Em 2020, 585 câmeras foram distribuídas para 3 batalhões. Em 2021, a PM adquiriu 2,5 mil câmeras para 18 batalhões. Hoje, 66 batalhões usam as câmeras.

Ao todo, foram oito anos de pesquisas e de troca de experiências com polícias de Nova York, Los Angeles, Londres, Berlim e Bogotá. Pesquisa DataFolha mostrou que o apoio da população às câmeras é de 90%.

Durante a campanha eleitoral, a declaração de Derrite de que o programa existe para vigiar os policiais causou mal-estar no comando da PM. Ex-secretário Nacional de Segurança, o coronel José Vicente da Silva afirmou que só os maus policiais são contra o programa.

Para ele, as câmeras fazem parte do "amadurecimento da estratégia policial da prevenção, que se opõe ao conceito retrógrado da estratégia do confronto e da repressão como prioridade política". Esta, segundo ele, além de "privilegiar as forças especiais e operações sistemáticas, se opõe ao fortalecimento da polícia territorial, que opera com mais eficiência fatores e condições da maioria dos crimes e desordens".

Aliados do presidente Jair Bolsonaro pressionam o governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a escolher nomes da ala ideológica para postos considerados estratégicos. O grupo já fez do deputado federal Capitão Derrite (PL-SP) o preferido de Tarcísio para comandar a Secretaria da Segurança Pública e agora foca em áreas-chave para a pauta conservadora de costumes, como cultura, mulher, família e direitos humanos. A ideia é manter a militância ativa no "bolsonarismo raiz".

O ex-ministro decidiu blindar de indicações políticas os setores ligados à infraestrutura - sua área de origem -, como transporte, logística e habitação, além de saúde e educação. Nomes já foram anunciados para as pastas, e o homem-forte da próxima administração na articulação política será Gilberto Kassab, presidente do PSD e futuro secretário de Governo.

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Enquanto seleciona perfis técnicos para as principais secretarias, Tarcísio debate o desenho das estruturas associadas à chamada "pauta de costumes". Nesta terça-feira, 29, o governador eleito anunciou, por exemplo, a criação de uma pasta dedicada a políticas para mulheres - uma promessa de campanha. A deputada federal bolsonarista Rosana Valle (PL-SP) deve chefiar o órgão, mas ela poderá estar acompanhada nesta empreitada.

Segundo pessoas próximas do governador eleito ouvidas pelo Estadão, uma das possibilidades apresentadas a Tarcísio é incluir a estrutura de "Família" na mesma pasta que deverá ficar com Rosana. Na semana passada, ao tratar do organograma do governo, Tarcísio falava em missões. "O que vai ter é remanejamento de áreas ou até mudanças de nome. Quem define a estrutura é a missão", disse. "Você tem de remanejar e até ter secretarias, como foi prometido a Secretaria da Mulher, mas será outra, transformada."

Nesta semana, o assunto chegou a ser discutido em uma reunião com técnicos do Ministério da Família, da Mulher e dos Direitos Humanos, que atuam no "fortalecimento de vínculos" da família. O governador eleito disse em conversas reservadas que avalia replicar em São Paulo o modelo de organização da pasta, traçado em 2019 por Bolsonaro. A proposta é bem recebida por apoiadores do presidente e evangélicos aliados. Sob o comando da ex-ministra Damares Alves, o Ministério atuou na pauta antiaborto e em defesa do homeschooling.

Perfil moderado

Já para a Cultura, o governador eleito quer escolher um secretário com perfil moderado e com trânsito no setor. Tarcísio pretende se reunir com entidades e representantes da área antes de bater o martelo. O objetivo é encontrar um nome que não seja frontalmente rejeitado pela classe artística e ao mesmo tempo tenha respaldo dos bolsonaristas.

O ator Odilon Wagner, vice-presidente da Associação dos Produtores de Teatro Independentes (APTI), coordena a área na transição, mas há mais nomes na mesa para comandar a pasta, que em 2022 teve um orçamento de R$ 1,2 bilhão. O atual secretário especial de Cultura do governo federal, Hélio Ferraz, é o preferido do ex-secretário Mário Frias, que tem o respaldo do clã Bolsonaro. Advogado de formação, Ferraz foi produtor-executivo de um game-show do agora deputado eleito chamado A Melhor Viagem, anterior à entrada de ambos no governo.

Esse seria o pior cenário para a classe artística, e Tarcísio já está ciente. Por isso, o presidente do Instituto Brasileiro de Museus, vinculado ao Ministério do Turismo de Bolsonaro, Pedro Mastrobuono, ganhou força. Há, porém, setores bolsonaristas que já estão em campanha contra ele. Corre por fora a cineasta Paula Trabulsi com apoio do ex-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, que é próximo ao sócio dela, o ex-secretário de Cultura da capital André Sturm.

'Tragédia'

O secretário de Cultura do Estado, Sérgio Sá Leitão, já apresentou o primeiro relatório sobre a pasta para a equipe de transição. De acordo com ele, será uma "tragédia" se o sucessor for um bolsonarista radical. "O setor quer que essas forças destrutivas, que infelizmente produziram tantos danos no plano federal, permaneçam longe de São Paulo", disse ao Estadão.

Artistas e entidades ligadas ao setor temem que a escolha de um secretário alinhado ao presidente comprometa o perfil independente dos quatro programas de fomento da cultura paulista: Proac ICMS, Proac Editais, Cultura Viva e Difusão Cultural. Juntos, esses programas injetaram R$ 273 milhões em produções neste ano - a escolha dos beneficiários foi feita por comissões com a participação de entidades e servidores.

A comissão do Proac ICMS, que é a versão paulista da Lei Rouanet, alvo de ataques de bolsonaristas, tem mandato de dois anos e é constituída por 14 membros. São sete indicados por entidades, como a APTI e Sindicato da Indústria Audiovisual, e sete servidores da pasta. "São Paulo foi a antítese do governo federal na área de cultura nos últimos 4 anos. Lá os mecanismos de fomento foram reduzidos e as entidades degradadas e aparelhadas. Aqui foi o oposto", disse Sá Leitão.

A assessoria de imprensa do governador eleito afirmou, em nota, que ainda não há definição sobre o novo secretário de Cultura e sobre a estrutura da Secretaria da Mulher. "Discussões sobre escopo da Secretaria da Mulher estão em andamento e serão definidas tendo em vista a melhor forma de contemplar as necessidades das mulheres no Estado. Indicações para cargos no governo estão sendo recebidas e serão acatadas desde que cumpram os requisitos estabelecidos, que são reputação ilibada e capacidade técnica."

Como mostrou o Estadão, outra vitória do grupo que defende a "pauta de costumes" foi a indicação do deputado federal Roberto de Lucena (Republicanos) para a secretaria de Turismo de São Paulo. O parlamentar, que é pastor da Igreja o Brasil para Cristo, é o primeiro evangélico que ocupará alto escalão do governo e também a primeira indicação do Republicanos.

A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) aprovou nesta terça-feira, 29, por 56 votos a 6, reajuste que concede um aumento de 50% nos salários do governador, do vice-governador e dos secretários estaduais. O aumento tem efeito cascata em todo o funcionalismo que recebe o teto pago pelo Estado.

O projeto agora vai a sanção do governador Rodrigo Garcia (PSDB). Segundo o próprio chefe do Executivo paulista, a medida pode gerar um custo estimado de R$ 1,5 bilhão ao ano.

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O reajuste concedido foi o dobro da inflação do período, com base no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) - o último aumento havia sido concedido em março de 2019.

Com a mudança o salário, o salário do governador passa de R$ 23 mil para R$ 34,5 mil a partir de 2023 na gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos). Os rendimentos do vice-governador passam de R$ 21,9 mil para R$ 32,9 mil e dos secretários vão de R$ 20,7 mil para R$ 31,1 mil.

Ricardo Mellão (Novo), Janaína Paschoal (PRTB), Patrícia Gama (PSDB), Carlos Giannazi (PSOL), Mônica Seixas (PSOL) e Adriana Borgo (Agir) votaram contra.

"Estávamos tentando construir aqui um reajuste salarial digno para todos os servidores. O entendimento da bancada do PSOL é que o reajuste de 50% apenas para o servidores que ganham o teto tira a possiblidade orçamentária de reajuste futuro para servidores que ganham menos", afirma Mônica.

"Esse aumento que define o teto constitucional eleva o salário dos servidores que já ganham mais. Servidores públicos que ganham um salário mínimo não terão aumentam nenhum. Não é que as pessoas não mereçam. Mas tem que ter uma visão sistemática", diz Janaína Paschoal.

Para o presidente da Comissão de Orçamento da Alesp, Gilmaci Santos (Republicanos), o impacto do projeto já está previsto e não deve gerar problemas no Orçamento estadual. "Categorias de auditores, fiscais e policiais não tinham um aumento desde 2019", argumentou o deputado. "Poderia ser menos? Poderia. Mas isso dá argumento para outras categorias terem aumento no futuro."

O projeto foi apresentado pela Mesa Diretora da Alesp e teve o empenho do Delegado Olim (PP) na proposta, pressionada por delegados e auditores-fiscais. Garcia é favorável à medida. A aprovação vem em meio às discussões na Alesp para alterações na Lei Orçamentária de 2023 que será enviada pelo governador eleito à Casa.

O deputado Gilmaci prevê um impacto de R$ 4 bilhões nos investimentos no próximo ano, parte deste valor por conta do aumento do teto.

O governador eleito de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos) já definiu o nome de cinco secretários que vão chefiar pastas a partir de janeiro de 2023. O ex-ministro tenta equilibrar a pressão de bolsonaristas e de partidos que compuseram sua coligação por cargos, enquanto mantém a afirmação de que vai escolher apenas quadros técnicos para os cargos. Os anúncios acontecem a conta-gotas desde o início desta semana.

Segundo o coordenador do governo de transição Guilherme Afif, o número de secretarias deve se manter o mesmo, ainda que algumas possam passar por fusões ou desmembramento. Hoje São Paulo possui 23 secretarias, além de quatro extraordinárias e a Procuradoria Geral do Estado.

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Confira os secretários já anunciadas

 

Secretaria de Educação

O escolhido para chefiar a pasta foi Renato Feder, paulistano que deixará o posto de secretário de Educação do Paraná para assumir a função no Estado natal. Feder é graduado em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e mestre em Economia pela USP. Antes de atuar na administração pública paranaense foi assessor especial da Secretaria de Educação de São Paulo. Em 2017, ele abordou em um evento o então secretário José Renato Nalini, na gestão de Geraldo Alckmin, e pediu um emprego na secretaria.

Secretaria de Saúde

O futuro secretário de Saúde de São Paulo será o médico Eleuses Paiva. Ele foi presidente da Associação Médica Brasileira por dois mandatos, de 1999 a 2005. Ex-vice-prefeito de São José do Rio Preto (SP), é um dos nomes indicados pelo grupo político de Gilberto Kassab (PSD). Especializado em medicina nuclear pela USP, foi deputado federal em três legislaturas, duas delas assumindo como suplente.

Paiva foi da ampliação do acesso à vacina anticovid ao longo da pandemia para controlar a disseminação do vírus. Também defendeu o uso de máscaras, além de ser crítico à falta de diálogo do governo federal com Estados e municípios durante os surtos da doença. A postura de Paiva destoa de medidas propostas pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), que discordava, por exemplo, do distanciamento social para impedir o aumento de casos da doença. Durante a campanha, Paiva disse que um dos focos do novo governo será a integração da atenção primária com as prefeituras e o investimento na telemedicina.

Ao assumir como deputado suplente na Câmara dos Deputados neste ano, Eleuses foi favorável ao fim do rol taxativo da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que obriga planos de saúde a cobrir tratamentos que estão fora da lista obrigatória de procedimentos previstos.

Casa Civil

O novo chefe da Casa Civil será o advogado Arthur Lima, que compõe o quadro de secretários indicados pelo próprio governador eleito e é considerado um nome técnico, que não tem filiação partidária. Ele é advogado e bacharel em ciências militares pela Academia Militar das Agulhas Negras. Lima chegou a ocupar o cargo de diretor-presidente da Empresa de Planejamento e Logística (atual Infra S.A.) e foi diretor-executivo do Fundo de Saúde da Secretaria de Saúde do governo do Distrito Federal. Ele atuou como um auxiliar da confiança estrita de Tarcísio no Ministério da Infraestrutura de Jair Bolsonaro (PL) e agora é um dos coordenadores do grupo de transição.

Secretaria de Infraestrutura, Meio Ambiente e Transportes

O nome escolhido por Tarcísio para chefia a secretaria análoga ao ministério que ele chefiou na gestão Bolsonaro é Natalia Resende. Ela vai comandar uma "supersecretaria", que incorpora a de Infraestrutura e Meio Ambiente com a de Logística e Transportes.

Graduada em direito e engenharia civil, Natalia Resende é procuradora federal e foi consultora jurídica no ministério da Infraestrutura. Também atuou na coordenação da Câmara Nacional de Infraestrutura e Regulação (CNIR/CGU). Ela ainda esteve com Tarcísio na Secretaria Especial do Programa de Parcerias de Investimentos durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB). Segundo o governador eleito, Resende auxiliou na estruturação de "uma centena de leilões". É a primeira mulher anunciada para o secretariado.

Secretaria de Governo

O novo secretário de Governo da nova gestão será o presidente do PSD Gilberto Kassab. O anúncio oficial ainda não foi feito pelo novo governo, mas Tarcísio de Freitas confirmou a informação ao ser questionado por jornalistas ao chegar a evento organizado pelo Esfera Brasil, em hotel no Guarujá.

O cacique do PSD foi prefeito da capital paulista (2006-2012), ministro das Cidades (2015-2016) na gestão de Dilma Rousseff (PT) e ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (2016-2019) no governo de Michel Temer (MDB).

Ele chegou a ser anunciado para a Casa Civil em 2018, na véspera da gestão do ex-tucano João Doria, mas pediu licença do cargo antes mesmo de tomar posse, depois de se tornar alvo de uma operação de busca e apreensão da Polícia Federal relacionada a uma delação do grupo J&F. Após dois anos licenciado, deixou oficialmente o cargo para tratar da articulação nacional do PSD.

A partir de 1.º de janeiro, o futuro governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) vai passar para o outro lado na mesa de negociações se quiser tirar do papel projetos de interesse dos paulistas que se arrastam há anos - em alguns casos, por demora ou discordância do próprio Tarcísio quando ministro da Infraestrutura do governo Jair Bolsonaro. Na lista, estão as históricas promessas de se fazer uma ponte ou túnel para ligar Santos ao Guarujá, na Baixada Santista, e de conceder à iniciativa privada a Hidrovia Tietê-Paraná. Em ambas as propostas, o aval terá de vir agora do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva.

Durante a campanha, Tarcísio pouco detalhou suas intenções em cada uma das áreas do governo, mas firmou o compromisso de executar a ligação no litoral e incentivar o transporte hidroviário, assim como manter políticas em parceria com o governo federal na segurança pública, Justiça e habitação, principalmente. Parte das promessas foi atrelada à reeleição de Bolsonaro, como, por exemplo, trabalhar para reduzir a maioridade penal, colocar um fim às audiências de custódia e construir 200 mil unidades habitacionais a partir do programa federal Casa Verde e Amarela, o antigo Minha Casa, Minha Vida.

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Com a volta de Lula à Presidência, o ex-ministro terá de negociar em sua antiga pasta a liberação, pela Autoridade Portuária de Santos, de uma licença para executar uma ponte com o Guarujá, conforme projeto defendido pelo Estado, ou um túnel, modelo preferido por Tarcísio. O futuro governador só escapará dessa condição se a concessão da gestão do Porto de Santos sair até o final do ano, o que tem se tornado cada vez mais improvável.

Quando comandou o Ministério da Infraestrutura, Tarcísio não deu andamento à proposta paulista. De acordo com a gestão Rodrigo Garcia (PSDB), o projeto da ponte sofreu uma série de alterações a pedido do ex-ministro e segue à espera de resposta federal desde novembro de 2020. A obra é orçada em R$ 3,9 bilhões.

A assessoria do ex-ministro reforçou sua preferência pelo túnel, conforme previsto no projeto de desestatização do Porto de Santos, desenvolvido pela pasta durante sua gestão, e que, neste momento, é analisado pelo Tribunal de Contas da União (TCU). "Uma ponte comprometeria a área de manobra dos navios (que estão cada vez maiores), o que causaria possíveis acidentes e colisões. Além disso, seria necessária uma área maior de desapropriações dentro do próprio porto para a construção de alças suficientemente altas para não prejudicar o fluxo das embarcações", informou, por meio de nota.

Também em processo de transição, o futuro governo Lula não tem se manifestado sobre projetos pontuais, mas dado prioridade à aprovação do Auxílio Brasil em R$ 600 no ano que vem. A questão da desestatização do Porto de Santos, no entanto, foi tema de campanha em São Paulo e recebeu críticas do então candidato petista Fernando Haddad, que é contra repassar a gestão para a iniciativa privada.

Outra discordância clara entre os futuros governos diz respeito ao porte e posse de armas. Durante a campanha, Tarcísio defendeu que o paulista possa ter "liberdade" para buscar seu porte e posse de armas, medida que será dificultada pela terceira gestão Lula. Em um dos poucos anúncios até agora, a equipe de transição federal afirmou que vai propor um "revogaço" dos decretos editados por Bolsonaro para facilitar o acesso a armas no Brasil.

No plano de governo apresentado à Justiça Eleitoral, Tarcísio ainda propõe uma Cooperação SP-Brasília para enfrentar o crime organizado no Estado por meio de parcerias entre as polícias estaduais e federal, assim como trabalhar em sintonia com a União em programas de transferência de renda e combate à fome.

Hidrovia e trem

Se a promessa de uma ligação entre Santos e Guarujá segue sem prazo, a candidatura de Tarcísio fez andar a liberação de um outro convênio esperado pelo governo tucano para a ampliação do canal de Avanhandava, na Hidrovia Tietê-Paraná. Depois de permanecer parado por um ano e meio no Ministério da Infraestrutura, a pasta autorizou o projeto em março deste ano.

Com o repasse de R$ 340 milhões para realização da obra, o prazo de conclusão está previsto para o próximo dia 30. A ampliação permitirá a navegabilidade de cargas durante todo o ano, mesmo nos períodos de seca, abrindo caminho para uma eventual concessão da hidrovia, o que dependerá de novo aval federal. Também por nota, Tarcísio afirmou que a "concessão será estudada", visto que a hidrovia é prioritária para o Estado por sua importância para o equilíbrio e eficiência da matriz de transportes.

No caso do trem intercidades, projeto de ligação por trilhos entre São Paulo e Campinas, o futuro governo vai se beneficiar da assinatura de um termo de cooperação técnica assinado entre o Estado e o Ministério da Infraestrutura no último dia 4. O ato, que libera o uso de trilhos já existentes, mas sob gestão federal, foi celebrado pelo substituto de Tarcísio na pasta, o atual ministro Marcelo Sampaio Cunha Filho.

A demora federal em liberar os trilhos, no entanto, postergou a licitação, programada apenas para 2023. Durante a campanha eleitoral, a mesma promessa de executar o trem foi defendida por Haddad e já prometida pelo futuro vice-presidente Geraldo Alckmin.

Ao Estadão, Tarcísio afirmou que, enquanto esteve como ministro da Infraestrutura, prezou por manter diálogo aberto com representantes de todas as Federações do Brasil, sempre em busca da melhor solução para a população e para o setor de transportes do País.

Dutra e Rio-Santos

Ao virar governador, Tarcísio vai se deparar com ao menos outras duas demandas na área de mobilidade que poderiam ter sido resolvidas durante sua passagem pelo ministério. Uma delas diz respeito ao preço cobrado nos pedágios do trecho paulista da Via Dutra. Antes de desembarcar em São Paulo, o então ministro autorizou a concessão da rodovia com descontos maiores nas praças do Rio, em decisão que provocou reação dos prefeitos paulistas. A redução dos valores cobrados nas regiões de Arujá e de Guararema, por exemplo, foi de 3%, enquanto em Itatiaia chegou a 21%.

No mesmo negócio comandado pelo ex-ministro ficou estabelecido que a Rodovia Rio-Santos seria duplicada da capital fluminense até Angra dos Reis, deixando a parte paulista de fora. A solução adotada por Doria, à época, foi pedir que o trecho paulista passasse ao comando do Estado, que agora precisa de recursos para tocar a obra.

Em ambos os casos, Tarcísio indica que não deve propor mudanças. Segundo ele, a modelagem da concessão das rodovias Dutra e Rio-Santos foi baseada em critérios técnicos, que deram lugar a um dos contratos rodoviários mais modernos do País.

"Vale ressaltar que realizar uma nova concessão - e não uma renovação - possibilitou uma série de melhorias no contrato, incluindo um aporte total de quase R$ 15 bilhões em investimentos e uma redução tarifária importante na ligação entre São Paulo e Rio de Janeiro, além de outros mecanismos à disposição para o usuário que reduzem ainda mais o valor a ser pago e a isenção de pedágio para motociclistas."

Sobre a Rio-Santos, o novo governo considera que uma duplicação da rodovia no trecho paulista elevaria o valor da tarifa a ser cobrada e demandaria de um alto investimento por causa da complexidade da obra no trecho que abrange a Serra do Mar, além do severo impacto ambiental na região.

Confira as promessas que dependem de aval federal:

- Ligação Santos-Guarujá.

- Concessão da Hidrovia Tietê-Paraná.

- Trem intercidades.

- Fim das audiências de custódia.

- Redução da maioridade penal.

- Cooperação SP-Brasília para combate ao crime.

- Construção de 200 mil moradias.

O coordenador do governo de transição em São Paulo, Guilherme Afif Domingos, anunciou nesta terça-feira, 22, 106 nomes que vão compor a equipe responsável por representar o governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicanos) e preparar o terreno da nova gestão paulista. Entre os integrantes, Tarcísio abrigou bolsonaristas em eixos como o de Desenvolvimento Social, Mulheres e Direitos da pessoa com deficiência. Na Infraestrutura, Habitação e Meio Ambiente, escolheu nomes de sua confiança que passaram pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes.

Segundo Afif, a lista contém integrantes com potencial para assumir o secretariado a partir de janeiro, mas os novos representantes das pastas ainda não estão definidos e alguns devem começar a ser anunciados ainda esta semana. Coordenam o grupo o ex-diretor da EPL Arthur de Lima, a assessora de imprensa Lais Vita, a engenheira Priscilla Perdicaris e o economista Nelson Costa.

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Entre os integrantes Tarcísio premiou bolsonaristas como o deputado estadual Frederico d'Avila, que xingou o papa Francisco e o arcebispo de Aparecida de "vagabundos", "safados" em 2021; a deputada estadual Valeria Bolsonaro; a deputada federal Rosana Valle (PL); o presidente da Ceagesp Coronel Mello de Araújo, o deputado federal Guilherme Derrite (PL-SP), o empresário Filipe Sabará e a vereadora Sonaira Fernandes (Republicanos).

Afif informou que o número de secretarias deve se manter similar ao da estrutura atual - que contempla 28 pastas, sendo 4 especiais e a Procuradoria Geral do Estado. No entanto, Tarcísio planeja readequar algumas secretarias, seja desmembrando ou unificando cargos.

"O que vai ter é remanejamento de áreas ou até mudanças de nome. Quem define a estrutura é a missão. Por missões desse governo você tem que ter uma estrutura para fazer cumprir aquela missão. Você tem que remanejar e até ter secretarias, como foi prometido a secretaria da Mulher, mas será outra, transformada", disse.

O grupo está dividido em nove eixos que, segundo Afif, vão corresponder às atuais secretarias de governo. O governo de transição não vai trabalhar com nomeação antecipada, o que significa que não haverá nomeação no Diário Oficial do Estado e os integrantes não serão remunerados pelo governo, disse Afif.

Segundo o coordenador, partidos que compuseram a coligação de Tarcísio, como o PL de Jair Bolsonaro, poderão participar na indicação de nomes para o secretariado, desde que sigam "critério técnico estabelecido pelo governador eleito". Questionado sobre a manutenção de quadros tucanos na administração pública, Afif completou que "não há preconceito nenhum" de manter membros do governo. "Tem muita gente muito boa que merece ser aproveitada". Nomes que compuseram equipes de governo em gestões tucanas, como dos ex-governadores Geraldo Alckmin (hoje no PSB) e João Doria também estão na lista.

O atual secretário da Educação do Paraná, Renato Feder, foi o único nome anunciado e que vai compor a secretaria de Educação. Na transição, essa pasta está unificada com cultura e esportes. Afif informou que outros secretários serão anunciados ainda nesta semana.

De acordo com o coordenador, o ex-assessor especial do Ministério da Fazenda na gestão Paulo Guedes e coordenador econômico do programa de governo de Tarcísio, Samuel Kinoshita, foi destacado no eixo de desenvolvimento e finanças para dialogar com a área de orçamento do Estado. Como antecipou o Broadcast Político, Kinoshita é o favorito para ser o secretário da Fazenda.

Entre outros "secretariáveis" do futuro governador estão o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, e o deputado federal e candidato derrotado pelo Novo ao governo paulista, Vinícius Poit. Kassab não compõe a equipe de transição, enquanto Poit foi direcionado para o eixo de "gestão, desenvolvimento econômico, ciência e tecnologia e finanças".

Confira os eixos e nomes indicados:

 

1) COORDENAÇÃO DE TRANSIÇÃO

Guilherme Afif Domingos (Coordenação geral)

Arthur Luis Pinho de Lima

Priscilla Perdicaris

Nelson Hervey Costa

 

2) AGRICULTURA E ABASTECIMENTO

Coronel Mello de Araújo

Edivaldo Del Grande

Frederico d'Avila

Guilherme Piai

Guilherme Ribeiro

João Sampaio

Ricardo Amadeu Sassi

 

3) DESENVOLVIMENTO SOCIAL, MULHERES E DIREITOS PCD

Ana Maria Velloso

Cezinha de Madureira

Cid Torquato

Cristiane Freitas

Deise Duque-Estrada

Filipe Sabará

Gilberto Nascimento Júnior

Marcone Vinícius Moraes de Souza

Maria Rosa

Rita Passos

Rosana Valle

Simone Marquetto

Sonaira Fernandes

 

4) EDUCAÇÃO, CULTURA E ESPORTES

Aildo Rodrigues

André Simmonds

Filomena Siqueira

Gustavo Souza Garbosa

Jair Ribeiro

José Roberto Walker

Karen Cristina Garcia

Lana Romani

Marcelo Magalhães

Maurreen Maggi

Patrícia Bastos

Paula Trabulsi

Paulo Zuben

Pedro Machado Mastrobueno (saiu no globo esse nome)

Renato Feder

Talmo Oliveira

Thiago Peixoto

Valéria Bolsonaro

Vinícius Mendonça Neiva

 

5) GESTÃO, DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA E FINANÇAS

Anderson Correia

Bruno D'Abadia

Felício Ramuth

Jorge Lima

Lucas Ferraz

Ricardo Britto

Rodrigo de Losso

Rui Gomes

Samuel Kinoshita

Vinicius Poit

 

6) MEIO AMBIENTE, HABITAÇÃO E INFRAESTRUTURA

Bruno Serapião

Claudio Bernardes

Lair Krahenbuhl

Marcelo Branco

Marcelo Coluccini

Marco Aurelio Costa

Marta Lisli Giannichi

Miguel Bucalen

Natália Resende Andrade Ávila

Paulo Ferreira

Rafael Benini

Ricardo Pereira Leite

Sérgio Henrique Codelo Nascimento

 

7) SAÚDE

Chao Lung Wen

Edmundo Baracat

Edson Rogatti

Eleuses Paiva

Esper Kallas

Fabio Jatene

Francisco Assis Cury

Francisco Ballestrin

Giovanni Guido Cerri

Gustavo Pereira Fraga

Helencar Ignacio

Helio Paiva

João Lauro Viana Camargo

José Eduardo Lutaif Dolci

José Luiz Gomes do Amaral

José Osmar Medina Pestana

Olímpio Bittar

Paulo Manoel Pego Fernandes

Sérgio Okane

Tarcísio Eloy Pessoa Barros Filho

 

8) SEGURANÇA PÚBLICA E ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA

Antônio Ferreira Pinto

Artur José Dian

Cássio Araújo de Freitas

Guilherme Muraro Derrite

João Henrique Martins

Nelson Santini

Paulo Maculevicius

Raquel Kobashi Gallinati Lombardi

Rodrigo Garcia Vilardi

 

9) TURISMO

Alain Baldacci

Alessandra Abrão

Alessandro Guiche

Ana Biselli

Armando Arruda Pereira de Campos Mello

Fernando Guinatto

Roberto de Lucena

Sérgio Souza

Virgílio Nelson da Silva Carvalho

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