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Nesta terça (31), a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) confirmou 10 novos casos da covid-19 em Pernambuco. Outra novidade é que uma mulher de 97 anos se curou da doença. Com a atualização, o estado chegou a 87 casos da covid-19, seis óbitos e 14 recuperações.

Até o momento, os casos estão distribuídos em 11 municípios: Recife, Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Camaragibe, São Lourenço da Mata, Palmares, Belo Jardim, Caruaru, Petrolina, Ipubi e Goiana), além do Arquipélago de Fernando de Noronha e da ocorrência de pacientes em outros Estados e países. Dentre as pessoas acometidas pela doença, 23 estão internadas, sendo 12 em UTI/ UCI e 11 em leitos de isolamento. Outros 44 estão em isolamento domiciliar.

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Dois casos em Noronha

Na última sexta (27), foi confirmado que um homem de 48 anos, que mora em Fernando de Noronha, está acometido pelo novo coronavírus. Com isso, o arquipélago registrou seu primeiro caso. Enquanto o paciente segue em isolamento domiciliar, todas as pessoas que tiveram contato com ele foram monitorados e seguem em quarentena, em quartos isolados e diferentes. Uma das pessoas do grupo testou positivo para a covid-19 e permanece em isolamento.

Cansaço extremo, falta de ar e dor nas pernas. No trajeto de pouco mais de trinta metros que separam sua casa da escola em que estuda, Davi Ryan Querino, de nove anos, precisa superar os rígidos limites de seu corpo para não interromper os estudos. O garoto, residente da zona rural do município do Exu, no sertão do Araripe pernambucano, percorre a pequena distância de bicicleta, parando, ofegante, diversas vezes no caminho. Com 128 kg, ele sofre de obesidade, diabetes e transtorno de ansiedade, contando com a solidariedade de conterrâneos, que aos poucos se articulam em campanha, para viabilizar seu tratamento médico.

“Essa noite não dormi, porque fiquei o tempo inteiro segurando David. Ele não consegue mais dormir deitado, por causa da dificuldade para respirar. Vocês não imaginam o sofrimento que passo com essa criança. Estou tomando remédio controlado para dormir, devido às preocupações que tenho”, conta a mãe de David, Francisca Maria Querino. Dona de casa, ela mora com o garoto e seus dois irmãos, contando apenas com a renda do bolsa família e uma ajuda financeira dada pelo pai das crianças. A falta de dinheiro torna ainda mais difícil o estabelecimento de uma rotina alimentar adequada à condição de David. “É complicado demais o controle da alimentação, esse menino chora me pedindo comida, como posso negar? Ainda tem a questão dos remédios. Se fosse comprar tudo que a nutricionista pediu, gastaria perto de mil reais, mas o benefício só me passa R$ 350”, lamenta Francisca.

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A situação chegou ao conhecimento de um grupo de comunicadores da cidade, que resolveu gravar um vídeo apresentando a situação do garoto. Através das imagens, é possível observar que o sobrepeso já compromete uma das pernas de Ryan, dificultando ainda mais sua mobilidade. “Quero que vocês me ajudem a emagrecer”, pede o garoto.

Diante do material, profissionais de saúde da cidade de Juazeiro do Norte (CE), a cerca de 83km do Exu, cederam consultas gratuitas para Ryan. “Um endocrinologista, um psicólogo e um nutricionista vão receber a gente. As pessoas me perguntam como podem ajudar, mas não recebo dinheiro vivo. Vou abrir uma conta com o nome dele para correr atrás de um tratamento mais profundo”, confessa Francisca. Quem tiver interesse em contribuir com Ryan e sua família pode obter mais informações através do telefone (87) 99638-7283.

Em 2017, Kazuyoshi Miura, nascido em 1967, já havia se tornado o jogador de futebol mais velho a disputar uma partida profissional de futebol. Agora, com 52 anos, o japonês acaba de renovar com o Yokohama por mais uma temporada - que será a 35ª consecutiva de sua carreira -, na qual disputará a primeira divisão de seu país, a J-League.

Conhecido no Brasil como Kazu, o atleta jogou no futebol nacional nos anos 1980, tendo vestido as camisas de Santos, Palmeiras, CRB e Coritiba. Nestes clubes, conquistou os títulos de campeão alagoano em 1987, e paranaense em 1989. O atleta também defendeu a seleção japonesa entre 1990 e 2000, com 55 gols marcados em 89 partidas.

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O Yokohama fará sua estreia no campeonato japonês no dia 23 de fevereiro, em partida com o Vissel Kobe. Três dias depois, Kazu completará 53 anos.

Após dividir a vida por 68 anos, um casal de idosos morreu com um dia de diferença, no fim do mês passado. Após completar dois anos de casados, eles foram morar em uma fazenda em Norseland, em Minnesota, nos Estados Unidos, e permaneceram no local até precisarem ser hospitalizados.

"Assim que a mamãe morreu, ele foi ladeira abaixo e morreu em um dia. Difícil imaginar que tenha sido coincidência", acredita o filho Bruce. Durante as seis décadas, o casal criou os sete filhos plantando milho, soja, trigo e alfafa.

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Há cerca de seis meses, Corinne Johnson, de 87 anos, foi diagnosticada com um problema cardíaco e faleceu no dia 24 de novembro. Um dia depois, o marido Robert morreu em decorrência de um câncer.

 

Após descobrir que 25 anos é a idade mínima prevista para fazer laqueadura, uma assistente administrativa decidiu passar pelo procedimento e realizar o 'sonho' de não ter filhos. No início do mês, Karoline Alves destacou o "alívio" com a cirurgia e relatou que antes usava métodos anticoncepcionais, mas ainda assim se preocupava com os atrasos da menstruação.

Hoje com 26 anos, a jovem relembra que apurou quais requisitos eram necessários para passar pelo procedimento. Após confirmar que o pedido poderia ser feito mesmo que a mulher não tenha dois filhos, imprimiu a lei e marcou uma consulta com uma especialista. "Era a primeira vez que eu ia nessa médica, do plano de saúde que tenho no trabalho. Demora, mas nenhum dos médicos que eu passei falou que eu não poderia fazer por causa da minha idade ou por não ter filhos", pontuou à BBC Brasil.

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Em uma publicação no Facebook, Karoline comemorou a realização do seu "sonho de princesa": "estou CASTRADAAAA", escreveu. No post, a jovem também conta como foi todo o processo, desde a documentação até a fase de recuperação. Cerca de 21 mil pessoas reagiram ao relato e 11 mil internautas compartilharam a história.

Confira

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Seis idosos foram presos após a polícia receber diversas queixas sobre atividades 'sexuais lascivas' em um parque público de Connecticut, nos Estados Unidos. Todos têm idade acima de 60 anos e um deles já é reincidente nesse tipo de violação.

A Unidade de Qualidade de Vida do Departamento de Polícia de Fairfield montou campana na Área de Conservação Grace Richardson para investigar as queixas. Em comunicado à imprensa, informou que "várias violações foram observadas". As autoridades apontaram que o local era divulgado na internet como uma área de encontro para sexo, apontou o Associated Press.

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Daniel Dobbins, de 67 anos; Otto Williams, de 62; Charles Ardito, de 75; John Linartz, de 62; Ricard Butler, de 82; e Joyce Butler, de 85; chegaram a ser autuados. Entretanto, foram libertados com a promessa de comparecer ao tribunal.

Daniel Dobbins e Linartz também foram acusados de indecência pública. Dobbins já havia sido preso por andar nu em um parque, segundo o The Connecticut Post.

A centenária Louise Signore atingiu a expressiva marca de 107 anos, nessa quarta-feira (31), e realizou uma festa de aniversário no bairro do Bronx, em Nova York, nos Estados Unidos. Em pleno vigor, ela não utiliza cadeira de rodas ou bengala, e revelou o seu segredo para a longevidade. 

O único medicamento ministrado serve para o controle da pressão alta. Louise continua comendo massa, porém não costuma ingerir doces ou refrigerantes. "Acho que o segredo de chegar aos 107 é nunca ter me casado. Minha irmã diz 'queria nunca ter me casado'", relatou a idosa nascida em 1912 à CBS. Durante a festa em um centro comunitário, que contou com 100 participantes, ela acrescentou que ter amigos também ajuda.

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Outro fato inusitado é que ela não é a única na família que superou os 100 anos. A irmã, que não pôde comparecer ao evento, tem 102 anos.

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Uma dos artistas de maior peso para o metal brasileiro, o ex-vocalista e fundador do Angra, Andre Matos, morreu neste sábado (8), aos 47 anos. A informação foi dada pelo baterista Ricardo Confessiori, que o acompanhou em alguns de seus projetos, mas a causa da morte ainda não foi divulgada.

“O destino nos uniu, nos separou, nos reuniu e agora pregou mais essa com a gente. É com profunda dor em nossos corações que nos despedimos do Andre mais uma vez, desta vez de forma definitiva. Além da ferida que jamais cicatrizará, e mesmo sabendo que passamos momentos gloriosos junto ao nosso companheiro e amigo, restará pra sempre o melhor dele em nossos corações”, lamentou Confessiori, em sua conta no Instagram.

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Pós-Angra

Após notabilizar-se como um dos grandes vocalistas do metal brasileiro, Andre Matos deixou o Angra, assim como Confessiori e o baixista Luis Mariutti, no ano 2000. Juntos, eles fundaram um novo grupo, chamado de Shaman, do qual Andre sairia em 2007, para iniciar sua carreira solo. O artista tinha shows marcados para os dias 12, 13 e 14 de julho, no Sana 2019, em Fortaleza, Ceará.

Índio Pankararu da cidade de Tacaratu, no sertão de Pernambuco, Cauan Lucas, de 15 anos, foi contratado para integrar as categorias de base do Vasco da Gama. O garoto estava há duas temporadas no Esporte Clube Primavera, de Indaiatuba, interior de São Paulo, e chamou a atenção dos cariocas pela inteligência de jogo, o bom domínio e batida de bola, qualidades essenciais para quem deseja se tornar um meia profissional. Cauan já treina com a camisa do Vasco e está hospedado no alojamento das categorias de base de São Januário.

De acordo com seu pai, Clécio Monteiro, Cauan joga futebol desde criança, fase em que dividia a bola com outros garotos da aldeia. “Aos 13 anos, ele conquistou a oportunidade de treinar no Primavera. Lá, disputou o sub 13, o sub 14 (2018) e, neste ano, competia pelo sub 15. O pessoal do Vasco foi a alguns jogos e demonstrou interesse em negociar”, conta Clécio, que conseguiu um emprego como porteiro no Primavera, com o objetivo de ficar mais perto do filho.

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Clécio e Cauan, que aprovou a estrutura do Vasco destinada às categorias de base. (Clécio Monteiro/cortesia)

Apesar disso, ele pontua os desafios de deixar a aldeia em busca do sonho de ver o filho se tornar um jogador profissional. “Minha esposa ficou na aldeia, eu em São Paulo e ele no Rio. Deixamos nossa cultura para trás, é uma situação que não é fácil, mas é preciso abrir mão de algumas coisas. Temos fé em Deus”, completa Clécio, para quem o garoto tem a seu favor a “raça e a força de vontade Pankararu”.

Representatividade

Dentre os craques de origem indígena que já vestiram a camisa da seleção brasileira estão nomes como Garrincha, de ascendência Fulni-Ô, e mais recentemente Paulinho, que é Xucuru. “Paulinho é um incentivo para nós como indígenas. Sinto muita falta da aldeia, mas é isso, minha conquista é muito trabalho e povo Pankararu vem me ajudando bastante a conseguir meus objetivos. Meu maior sonho é ser um jogador profissional e poder ajudar minha família”, comenta Cauan.

Fase musical final do artista foi predominante roqueira, com a banda jaboatonense "Má Companhia" ou outros amigos de Candeias. (Nemo Côrtes/cortesia)

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Uma casa colorida, repleta de amigos, música, quadros e de portas invariavelmente abertas. É assim que os frequentadores do “aparteliê” de Lula Côrtes em Candeias, no município de Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife, descrevem o local escolhido pelo multiartista recifense para viver seus últimos anos de vida. Àquela altura, o mundo inteiro já cabia na cabeça de um pirata que se recusava a deixar de vislumbrar o mar como possibilidade máxima de conexão com outros sons e povos. Dado à uma incorrigível informalidade, Luiz Augusto Martins Côrtes logo entraria para história da música como Lula Côrtes, parceiro de Zé Ramalho em Paêbiru (1975), que conduziu com sua cítara marroquina (apelidada de “tricórdio”) pelas veredas da música experimental nordestina, reencontrando as origens árabes das escalas e timbres locais. Caso estivesse vivo, Lula completaria 70 anos neste maio de 2019, e certamente ainda moraria em Candeias.

“A casa de Lula era assim: se eu chegasse lá oito horas da manhã, começava a fazer alguma coisa. Quando davam 10 horas, ele me chamava para fazer um peixe e eu ia ao mercado comprar um uísque ou uma cana, quando a gente estava nas vacas magras. Aí poderiam chegar pescadores, as amigas dele ou Zeca Baleiro”, brinca Igor Sales, amigo com quem Lula Côrtes dividiu uma de suas moradas em Candeias, além de seu “digitador oficial”, ocupação que derivou da recusa do artista de deixar a escrita à mão. Estudante de comunicação, Igor se aproximou do gênio pernambucano durante as farras em Candeias. Sempre bem frequentado, o apartamento de Lula no bairro, segundo Igor, chegou a ser visitado pelo falecido príncipe da Holanda Johan Friso e por um dos guitarristas dos Rolling Stones, Ronnie Wood, que também era afeito à pintura. “Ele chegou a pintar um quadro pequenininho em Candeias. Lula guardou esse objeto por um tempo, na parede. Depois que morreu não sei onde foi parar”, lamenta Igor.

Assista ao Minidocumentário "Além-mar: os últimos anos de Lula Côrtes em Candeias":

À época, Igor era um estudante de comunicação perdido, interessado em desenvolver seus conhecimentos em pintura, uma das muitas artes que o “mago de Candeias” dominava. “ fizemos um acordo: ele me ajudaria a pintar e eu digitaria no computador os manuscritos dele. Na época, eu tinha uma banda de rock, chamada ‘Transmissão Clandestina’, e ele gostava e tinha muito essa atitude rock n’roll. Era um cara que rasgava a camisa em cima do palco, tomava uma e descia para arengar com alguém no público”, diverte-se Igor.

Apesar disso, ele destaca que o período em que conheceu Lula foi de altos e baixos para o artista. “Ele descobriu um câncer, não sei se foi depois disso que passou a viver um dia de cada vez. Se ele pegasse uma grana agora, a gente ia almoçar num restaurante, depois ia tomar uma não sei onde e, caso chegassem outras pessoas, ele fazia tudo de novo. Agora também acontecia de a Celpe vir e cortar a luz, porque ele esquecia de pagar, ou de faltar comida. Muitas vezes, eu e outros amigos chegamos junto com marmitas”, lembra.

"Digitador oficial": Igor colocou no computador três livros inteiramente manuscritos por Lula. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

Paralelamente às oscilações financeiras, Lula parecia produzir como nunca, na música, na literatura e nas artes plásticas. Depois de domar a rebelde caligrafia do artista, por vezes vomitada por fluxo criativo contínuo em enormes folhas de papel A3, Igor calcula ter digitado e ter sido o primeiro a ler pelo menos três livros de Lula Côrtes, alguns deles ainda inéditos. “Ele tinha umas sacadas muito boas e obras interessantíssimas de ficção e poesia. Só que ainda mais interessante do que consumir a obra, era conviver com ele. Era um cara com quem eu aprendia o tempo todo”, completa.

O papa de Candeias

Blusão, sunga e uma rede de pesca. Era só o que Lula Côrtes costumava carregar no corpo em suas andanças diárias à beira do mar de Candeias. Entre os lugares onde era quase certo encontrá-lo estavam a antiga peixaria, o Bar do Rock e o Bar do Xexéu, onde costumeiramente tocavam amigos da cena local como Morcego, Beto Kaiser e Xandinho, membro da Má Companhia (última banda de Lula Côrtes) até hoje. “Abri o bar na orla e, como sou músico, outros artistas passaram a frequentar o espaço. Lula virou uma peça fundamental aqui no bairro, era um ícone da música. Para a gente era uma satisfação tê-lo conosco”, lembra o músico Carlos Roberto Xavier, conhecido como Xexéu.

Bar do Xexéu era parada certa de Lula Cortês em Candeias. (Xexéu/cortesia e Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

Com diversos interesses em comum, Xexéu e Lula passaram a se encontrar quase todo dia. “A gente ia andando até o rio, para pescar tabocas. Às vezes, quando ele via que estavam batendo ondas, tirando o referencial pelo Pico dos Abreus, vinha me encontrar no mar. Sabia que eu estaria pescando lagosta e a gente cozinharia junto”, comenta Xexéu. Para o músico, a rotina mudou radicalmente em decorrência de efeitos ambientais negativos causados pela construção do Porto de Suape. Outras intervenções humanas intensificaram os efeitos do avanço do mar e algumas partes da orla do bairro perderam toda a faixa de areia. “Lula sentiu impacto disso tanto quanto nós, locais. Por um tempo, não pudemos mais andar na praia, porque fizeram aterros com areia do fundo do mar, com cascalhos, e até do rio, que algumas pessoas diziam ter micróbios e bactérias. O prédio dele chegou a ter o muro derrubado pelo mar, o que o deixou assustado”, relata Xexéu.

Cada vez mais engajado à cena musical de Candeias, Lula passou a sentir a necessidade de interferir de forma ainda mais profunda na vida do bairro. De acordo com a produtora, jornalista e amiga do artista, Ana Patrícia Vaz Manso, o músico chegou a fundar uma Organização Não Governamental (ONG) chamada Sociedade de Arte Lula Côrtes (SALC). O objetivo da iniciativa seria o de utilizar o espaço de uma das casas em que morou para oferecer oficinas culturais. “Só que a vida dele era de muitas fases e as doenças atrapalharam um pouco esses planos. Apesar disso, ele foi padrinho de várias bandas aqui em Candeias e um verdadeiro embaixador da arte e da cultura de Jaboatão dos Guararapes”, frisa.

Contrastes: o Lula "rocker" foi o mesmo Lula que conquistou o título de cidadão Jaboatonense e assumiu a gerência de cultura da cidade. (Nemo Côrtes/cortesia e Xexéu/cortesia)

O ativismo rendeu ao artista o Título de Cidadão Jaboatonense, concedido no dia 3 de dezembro de 2004, pela Câmara Municipal de Jaboatão dos Guararapes. Aos 55 anos, Lula recebeu a homenagem em estado de profunda emoção, segundo relatam amigos. “Para ele, isso daí foi tudo. Lula abraçou esse lugar como se fosse filho do litoral de Candeias”, completa Xexéu.

Retomada

A todo vapor entre seus últimos anos de vida, 2010 e 2011, Lula Côrtes conciliava o novo cargo de gestor de cultura de Jaboatão dos Guararapes com a conclusão dos livros “Aparição”, “Na Casa de Praia” e “Jardim do Éden”, montava novas exposições e pretendia lançar um álbum triplo intitulado “Tarja Preta Lula Córtex Mil Miligramas” com a “Má Companhia”. O trabalho teria nada menos do que 36 músicas, mas não foi concluído nem lançado. “Ele descobriu uma hepatite e a urgência de parar de beber e fumar, então parecia que ele sabia que ia partir e queria deixar muita coisa encaminhada. Após algumas tentativas se viu mal, não estava conseguindo encarar o caminho do cuidado. Foi muito importante para mim quando ele disse: ‘eu vou morrer de viver’”, lembra Nemo Côrtes, filho caçula do artista com a médica Alcione Móes.

Em sua casa, no bairro da Várzea, Zona Oeste do Recife, Nemo ainda guarda um violão antigo, quadros e vários manuscritos do pai". (Chico Peixoto/LeiaJá Imagens)

Diante do estado de saúde do pai, Nemo tomou, aos 21 anos, a decisão de se mudar para Candeias. “Eu e minha mãe morávamos no Janga e meu pai tinha tido um ‘bocadinho’ de ausência na minha criação, acho que por causa dessa vida de artista e da própria imagem do homem que reproduz essa alienação. Nosso contato acabou sendo de final de semana”, completa. Para Nemo, o processo de “reconexão” com o pai foi mais do que bem-sucedido. “Foi lindo. Era acordar de manhã, fazer um cafezinho, cuscuz e ovo, para dar aquela força e aí começava o dia. Talvez a pintura fosse o principal eixo de trabalho dele, desde as questões de subsistência à dedicação de horas por dia. Ele tem uma produção que alguns pesquisadores estimam ser de mais de mil obras”, comenta Nemo.

Dentre as temáticas do pai, que iam de coleções como o “Diário Político Poético”- que retratava o cotidiano de localidades como Candeias- a telas que retratavam o zodíaco, Nemo escolhe a dos “atípicos” como predileta. “Nos anos 1970, meu pai e Kátia Mesel, sua esposa na época, fizeram uma viagem por países como Marrocos, onde ele descobriu o tricórdio e a temática musical do nordeste oriental, Portugal e Espanha, inclusive passando por Girona, cidade em que Salvador Dalí morava. Meu pai bateu na porta dele e passou um tempo morando lá”, conta.

De fato, o mestre catalão do surrealismo costumava receber artistas de todo o mundo em sua excêntrica mansão. Talvez tenha sido ele uma das maiores influências do Lula Côrtes pintor. “Meu pai dizia que a coisa mais importante que aprendeu com Dalí foi a limpar os pincéis, que era essencial saber fazer isso. O tema dos atípicos vem desse encontro. É uma viagem com as plantas, os órgãos sexuais, umas coisas meio fálicas ou vulvas”, explica.

Versátil também na pintura, Lula ia do surrealismo a composições paisagísticas. (Betânia Gomes/cortesia)

Agora, Nemo inicia, com alguns parceiros, os trabalhos da Rede Lula Córtex, cujo objetivo é o de resgatar inéditos e divulgar a obra de seu pai. “Ele já tinha demonstrado interesse na criação de um instituto ou algo que perpetuasse o trabalho dele. O projeto leva o nome do trabalho inacabado com a Má Companhia. Na área de literatura já temos três romances revisados”, coloca. Além disso, o grupo se prepara para lançar o “Atípicos”, um mapeamento que objetiva fazer uma cartografia da produção de Lula nas artes plásticas. “Aproveito para pedir a quem tiver alguma obra dele para entrar em contato com a rede, porque vamos catalogar esse material e disponibilizar tudo em um acervo virtual”, apela Nemo.

Peixaria de Candeias

Uma semana antes de morrer em consequência de um câncer na garganta combinado à hepatite, em março de 2011, Lula participou, junto com o músico Zé da Flauta, do show “Vivo!”, de Alceu Valença, em São Paulo, com a proposta de relembrar a estética udigrudi pela qual os três militaram nos anos 1970, ao lado de nomes como Flaviola, Zé Ramalho e da banda Ave Sangria. Sua relevância inquestionável para a música brasileira e mundial (até hoje, seus discos são disputados às tapas por colecionadores estrangeiros) lhe rendeu uma estátua que eterniza sua postura contemplativa diante do mar. Acomodada em um dos batentes que circundam a atual peixaria de Candeias, a estrutura de 1,30m é assinada pelo artista plástico Junior Bola e foi inaugurada no dia 11 de março de 2017. Apesar disso, as partes do concreto que representavam o tricórdio e os braços do artista foram arrancadas por vândalos.

Estátua está em más condições e Peixaria sofre com falta de estrutura e insegurança. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

Em termos gerais, a destruição da estátua é só mais um signo do abandono enfrentado pelo tradicionalíssimo Mercado do Peixe, onde atualmente resistem seis peixeiros. Um deles, sem se identificar, disse à reportagem do LeiaJá que as condições de trabalho são atrapalhadas por fatores como a insegurança e a falta de banheiro químicos. No local, a reportagem do LeiaJá encontrou apenas um banheiro químico, que é compartilhado com os transeuntes. “Eles demoram muito para higienizar. Além disso, já fomos vítimas de dois arrombamentos e três assaltos. Por isso, tivemos que começar a fechar a peixaria mais cedo”, lamenta o trabalhador.

Há dez anos, durante a gestão do prefeito Newton Carneiro, os peixeiros foram transferidos para um box a alguns metros da estrutura original, para viabilizar a construção do calçadão de Candeias. Jaboatão, cujo nome vem de “Yapoatan” (do indígena, uma árvore comum na região, utilizada para construir barcos), viu um voraz processo de urbanização substituir as vilas de pescadores por arranha-céus à beira mar, alterando completamente a cadência de Candeias, dentre outros bairros. “Não existe mais a festa do Dia do Pescador, no dia 29 de junho, que era super tradicional na Peixaria. Era dia de sair uma procissão marítima que ia até a Igreja de Piedade e voltava com a imagem de São Pedro. Eu acredito que acabou por falta de incentivo e pelo fato de os pescadores estarem sendo cada vez mais segregados”, comenta o produtor Leonardo Batista, um dos membros do movimento Ocupe Peixaria, cuja pauta gira em torno da revitalização do espaço e sua utilização para finalidades culturais.

Produção do Ocupe Peixaria em reunião de planejamento para organização de evento no espaço. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

Amigo e músico parceiro de Lula Côrtes, Allen Jerônimo é um dos moradores de Candeias que está elaborando um projeto de revitalização para a estátua e a Peixaria. “Isso aqui passou muitos anos abandonado, então criamos um grupo chamado 'Somar'. No apanhado que estamos construindo, constam todas as ocupações culturais que estamos promovendo para chamar atenção da prefeitura para o espaço. É nossa forma de mostrar que é viável e que o local pode ser frequentado”, explica Allen.

O sonho de transformar a Peixaria em um espaço cultural que conviva com os peixeiros parece ter sido herdada pela juventude do bairro de seu mais prodigioso mestre. “Lula conversava muito comigo sobre o sonho de criar um palco aberto para os artistas de Candeias. Ele adoraria isso aqui”, conclui Xexéu.

A Operação Lava Jato completa cinco anos neste domingo (17). Conforme divulgado pelo Ministério Público Federal no Paraná, os 1.825 dias de trabalho de investigação, acusação e julgamentos resultaram em 242 condenações contra 155 pessoas, em 50 processos sentenciados por lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, fraude à licitação, organização criminosa, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, tráfico internacional de drogas, crime contra a ordem econômica, embaraço à investigação de organização criminosa e falsidade ideológica.

Nesse período, R$ 2,5 bilhões retornaram à Petrobras, a principal estatal lesada pelo esquema, conforme determinação da Justiça – o que corresponde a uma média de R$ 1,37 milhão por dia devolvido aos cofres públicos desde 2014. Há ainda 11,5 bilhões a serem devolvidos para o erário, inclusive à petrolífera, conforme já acordado com a Justiça Federal.

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No total de 13 acordos de leniência com empresas envolvidas, está previsto o ressarcimento de R$ 13 bilhões, valor superior à previsão de gastos da Justiça Federal (R$ 12,8 bi) ou do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (11,9 bi) descritos no Orçamento Anual de 2019 (anexo II). O MPF tem expectativa de que o valor apurado possa chegar a R$ 40 bilhões.

Método

Em 17 de março de 2014, a operação foi a campo, ganhou nome de sua “1ª fase”, inaugurou o método de trabalho e surgiu para a opinião pública que passou a acompanhar as investigações. A Justiça Federal determinou então 19 conduções coercitivas para depoimento na Polícia Federal, expediu 81 mandados de busca e apreensão e ordenou a prisão de 28 pessoas sob investigação – entre eles, o doleiro paranaense Alberto Youssef.

Três dias depois, a Lava Jato voltou ao destaque no noticiário ao prender o engenheiro Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras (2004-2012), apontando relação ilícita entre ele e o doleiro Youssef. O ex-engenheiro foi solto em maio, após recurso no Supremo Tribunal Federal (STF). Cerca de 20 dias depois, Costa voltou à prisão, após a Justiça reconhecer risco de fuga por causa de US$ 23 milhões encontrados na conta dele em um banco na Suíça. Em agosto, dois meses após o segundo encarceramento, o ex-diretor da Petrobras assinou acordo de delação premiada. No mês seguinte, foi a vez do doleiro Youssef. Ambos passaram a ser peças fundamentais nas investigações do escândalo.

Fases

Passados cinco anos e desencadeadas 60 fases, a Lava Jato fez 91 acusações contra 426 pessoas físicas, nem todas processadas. Entre essas 63 pessoas foram acusadas de improbidade administrativa, junto com “18 empresas e três partidos políticos (PP, MDB e PSB)”, conforme o MPF. Mais de 180 pessoas denunciadas fizeram acordo de delação premiada e passaram a colaborar com as investigações.

A operação é resultado do trabalho da força tarefa que atua ainda hoje na operação com procuradores do MPF, policiais federais, auditores da Receita Federal, técnicos do Banco Central e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

O principal juiz responsável pelas condenações na 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba, Sergio Moro, foi nomeado ministro da Justiça e da Segurança Pública do atual governo.

Revezes

Na última semana, a Operação Lava Jato sofreu dois revezes. Contrariando as expectativas de procuradores da Lava Jato, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu na quinta-feira (14) que a Justiça Eleitoral tem competência para investigar casos de corrupção quando envolverem simultaneamente caixa 2 de campanha e outros crimes comuns, como lavagem de dinheiro, que são investigados na Operação. No dia seguinte (15), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes decidiu suspender o acordo feito entre a força-tarefa e os Estados Unidos.

"Eu era gay, não podia ser trans", lembra a transformista Sharlene Esse. (Julio Gomes/LeiaJá Imagens)

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Rua Imperatriz, Centro do Recife, início dos anos 1980. Era debaixo das escadas de uma pensão antiga que um pequeno grupo de homens gays transgredia, em tons de purpurina e irreverência, o muro acinzentado do fim da ditadura militar. Cabia a Sharlene Esse a missão de entregar uma contrapartida financeira à dona do estabelecimento pelo “favor”. Caso circulassem pelas ruas “montados”, os transformistas corriam o risco de topar com figuras como “Aracati”, um policial bastante temido pela comunidade LGBT da época.

“A gente estava andando na rua à noite e as outras gritavam: ‘lá vem o Aracati!’, eu saia correndo, porque ele virou até lenda, atirou em muitas. Na época, só existia travesti e transformista. Eu era um gay, não podia ser ‘trans’, se não você era apedrejada”, explica Sharlene. Transformista, ela fez parte de uma cena que abalou as estruturas do teatro e da sociedade pernambucana, trazendo o artista LGBT para o centro da ribalta, muito antes de o debate ganhar a força que agora possui.

O pesquisador e professor do curso de teatro da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Rodrigo Dourado frisa que o termo transformismo possui uma conotação essencialmente artística. “O transformismo remonta aos rituais primitivos, em que, para fins ritualísticos ou performáticos, uma pessoa se transforma em outra de outro gênero, assumindo vestes, voz e comportamentos típicos dele. Na Grécia antiga, por exemplo, não existiam mulheres em cena, sendo elas interpretadas pelos homens”, explica.

No Brasil, o primeiro gênero teatral a acolher artistas com identidade de gênero não-normativa foi o teatro de revista, que marcou o começo do século vinte. Nele, travestis protagonizavam espetáculos musicais ao lado das famosas vedetes. “Nos anos 1940, o teatro de revista vai ficando bastante marginal, um gênero desprezado pela elite e tido como vulgar. No Rio de Janeiro, o Teatro Rival torna-se uma referência para as transformistas. Lá, foi apresentado, na década de 1970, o espetáculo ‘Les Girls’, que estabelecia a cultura do teatro de revista no Brasil”, comenta.

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Nos anos 1980, o Recife receberia a influência carioca por intermédio do ator e diretor Barreto Júnior, reconhecido pela crítica por sua irreverência e seus papéis cômicos. Ambas, aliás, características centrais do grupo teatral Vivencial Diversiones, por cuja sede Sharlene costumava passar todas as manhãs ao ir para o colégio. Esse itinerário mudaria sua vida completamente. “Nasci em Bom Conselho em 1961 e vim para o Recife em 1975, com o objetivo de estudar. Na escola pública Renato Fonseca, fui aluna de teatro de Paulo de Castro. Passava pelo vivencial e ficava assustada, porque ele era conhecido como o ‘teatro dos frangos’. Eram as pessoas que mais incomodavam na cena cultural de Pernambuco: Perna Longa, Américo Barreto, Henrique Celibi, Guilherme Coelho e companhia”, completa. 

Aos 17 anos, como gosta de dizer, Sharlene começou a dar seus primeiros “pinotes” pela badalada noite do Recife. Misty, Mangueirão, Vogue e Stock eram algumas das numerosas boates ‘friendly’ da época, que empunham uma cartografia diferente à cultura cidade, ainda mais concentrada em uma região central movimentada e efervescente. “Sabe um endeusar? É você ver os sapatos, o batom, a boca, a peruca...Meu primeiro contato contato com o transformismo aconteceu num show que vi em uma das boates da cidade. Logo depois, fiz um teste na Misty, que ainda ficava na Rua do Riachuelo, e passei interpretando Donna Summer”, lembra Sharlene. As casas noturnas costumavam fechar um elenco fixo, no qual a transformista passou 11 anos, arrematando premiações locais, apresentações memoráveis e um dos primeiros Documentos de Registro Técnico (DRT) na categoria artística de Pernambuco.

Sharlene (dir) montada de Gal Costa ao lado de Jeison Wallace, interprete de Cindela. (Shalene Esse/arquivo pessoal)

Para atender melhor à demanda do público, Sharlene passou a estudar as performances de outras divas da cultura pop, como Mireille Mathieu, Liza Minnelli, Whitney Houston até chegar à personagem que lhe rendeu maior reconhecimento: Gal Costa. Em uma arte onde a fidelidade do figurino é quase tão importante quanto captar os movimentos típicos da cantora que se dubla, a transformista se inspirou primeiramente na capa do clássico disco “Gal Tropical” (1979) para montar-se com flores na cabeça e vestido vermelho. Em uma das apresentações, Sharlene foi ao banheiro acompanhada pela colega Vivi Bensasson e acabou esbarrando com um espectador ilustre. “A gente pegou Tim Maia fazendo xixi (risos). A gente nem sabia que ele estava na casa. Depois desse episódio, passamos um bom tempo conhecidas na noite como ‘as menininhas de Tim Maia’”, brinca. Era comum que artistas famosos e pessoas de fora do meio LGBT frequentassem os shows das transformistas.

Parceiro de Sharlene desde os tempos áureos, Odimir Felix Lins, artisticamente conhecido como Odilex, era a outra ‘doce Bárbara’ mais badalada do Recife. “O convite para interpretar Maria Bethânia partiu da Misty, durante o processo seletivo que fiz para poder entrar na casa. Claudete Bardot sugeriu que eu ouvisse o disco dela. Eu já tinha formação em balé”, lembra Odilex. Somados ao estudo da perfomance, o nariz avantajado, a magreza e longos cabelos crespos e negros, transformaram rapidamente o artista em um cover bastante fiel da baiana. Em uma noite de gala na Misty, Caetano Veloso, irmão de Bethânia, foi ao camarim para elogiar a interpretação. “Você tem o brilho do olhar de Bethânia”, resumiu o compositor, para a completa emoção de Odilex.

Odilex foi confundido com Maria Bethânia...Por ela mesma. (Chico Peixoto/LeiaJá Imagens)

A própria Maria Bethânia chegou a se confundir com Odilex ao se deparar com alguns retratos do transformista em cena. “Sou amigo de Irene Veloso, que é outra irmã de Bethânia; mostrou os registros para ela, que comentou: ‘não me lembro desse show’. Aí Irene explicou, ‘não Bethânia, esse é um rapaz que faz você no Recife’ (risos). Para mim, foi muito gratificante saber disso”, comemora Odilex. Nem só de artistas, intelectuais e LGBT’s, contudo, vivia a noite transformista. “Os grandes governadores do Estado viram nossas apresentações. E a gente fazia piada com político na cara deles, era comum. Também estavam na plateia famílias comuns, os teatros eram lotados. Era um glamour, posso dizer que sou uma diva do transformismo”, orgulha-se Odilex. 

O artista frisa que não é transexual, mas um homem gay. “O transformismo pressupõe que, ao final da performance, do ritual, o indivíduo retorna à sua expressão de gênero do cotidiano. Pode ser algo reversível, diferente da transformismo é algo reversível, diferente da identidade trans”, explica o pesquisador Rodrigo Dourado. Apesar disso, a exemplo do caso de Sharlene Esse, para algumas artistas, o transformismo foi um meio de se aproximar de uma identidade mais confortável, em tempos rígidos. “Acabou sendo uma porta de entrada para uma transição definitiva”, completa Dourado.

Glamour fora do país

Durante 30 anos, Márcia Vogue fez carreira de sucesso no exterior. (Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens)

Embora Sharlene Esse e Odilex tenham realizado turnês internacionais, suas carreiras eram baseadas no Recife. Era comum, contudo, que transformistas assinassem contratos com produtores europeus para temporadas inteiras no exterior. Após vencer um concurso de beleza aos 16 anos de idade, Márcia Vogue foi contratada por uma agência de artistas da Suíça. “Muitas pessoas tentaram chegar na Europa pela arte da transformação, mas eram homens gays e, ao chegarem lá, era mandados de volta pelo empresário. Eu já tomava hormônio desde os 14 anos de idade. O patrão queria a pessoa pronta, que só precisasse se maquiar e pentear o cabelo, não quem ainda precisasse se montar ou raspar uma barba”, lembra.

Com contrato assinado e passaporte em mãos, Márcia Vogue logo se especializou em dança do ventre, através da qual foi levada a países como Alemanha, Bélgica, Luxemburgo, Holanda, França, Espanha, Emirados Árabes Unidos, Tailândia e Irlanda. Estrela em sua arte, a transformista passou trinta anos fora do Brasil, hospedando-se em cabarés e conhecendo as mais diversas culturas. “No ano passado, decidi brincar de vestibular. Fiz a prova para o curso de serviço social da UNINABUCO, passei e voltei a morar no Recife”, conta.

Ao contrário das colegas, Márcia acredita que as estrelas do antigo transformismo foram esquecidas. “Todos os sonhos que quis, já realizei. Se morrer amanhã, morro feliz. Hoje em dia, com essa coisa de redes sociais, todo mundo é diva, porque você não vai pintar sua própria figura de maneira pejorativa. Na minha época, quem dizia que você era boa no palco era a mídia, não o Facebook”, afirma. Márcia também se sente incomoda com a abordagem dos atuais programas de TV sobre o transformismo. “Eu tenho muitas matérias guardadas: Silvio Santos, Globo e jornais impressos, a mídia tinha interesse, não tem mais. Você liga a TV ao meio dia, vê uma transformista chamando os outros de ”bicha”, “viado”, acho horrível, uma falta de respeito. Tem gente que aceita tudo pra aparecer”, lamenta.

Rumos no século XXI

Entre os anos 1986 e 2000, Odilex e Sharlene integraram o elenco do espetáculo “Salve-se quem puder”, uma colagem teatral satírica dos costumes da sociedade brasileira, que contava com grande elenco. “Mais de 25 pessoas em cena, incluindo vedetes e bailarinos. Começamos no Teatro Apollo, que só tinha capacidade para cerca de 300 pessoas e ficou pequeno, o que fez a gente se mudar para o Teatro Santa Isabel. O mais importante foi essa coisa de desmistificar que o gay era a escória, mostrar que éramos artistas levando entretenimento”, ressalta Odilex. De acordo com o transformista, uma das razões do fim das apresentações do projeto foi o encarecimento da pauta nos grandes teatros. “O Santa Isabel foi praticamente privatizado e também já não temos os patrocínios de antes”, completa Odilex.

As doces bárbaras: Odilex e Sharlene Esse contracenando com as personagens Maria Bethânia e Gal Costa. (Reprodução da internet)

Paralelamente às dificuldades financeiras dos nababescos espetáculos transformistas, se solidificava no Brasil a cultura Drag Queen, uma tendência norte-americana que invadira as boates paulistanas no início dos anos 1990. “Transformismo é um guarda-chuva maior, eu diria que a drag queen é uma transformista, no entanto, percebo nelas uma grande influência da cultura punk, no sentido de não buscarem se parecerem com mulheres, é quase uma cultura monstro. Sempre observei que, no Recife, as drags são as estranhas, americanizadas”, coloca o pesquisador Rodrigo Dourado.

Famosa por performar Vanusa e Elba Ramalho nos anos 1980, a transformista Raquel Simpson acredita que, depois dos anos 1990, com exceção a Cinderela, o público da cultura transformista tradicional caiu. “Os donos das casas noturnas foram fechando os espaços, como aconteceu com a MKB recentemente”, afirma. O caminho que Raquel encontrou para seguir na carreira artística foi focar sua atuação no ramo infantil. “Agora trabalho muito pouco como transformista, em saunas. Trabalho em espetáculos como Lelê & Linguiça, que estamos trazendo para as crianças”, acrescenta. Simpson, que ganhou até um documentário sobre sua trajetória artística (“Garota, Bem Garota”, de Marlom Meirelles), agora sonha em deixar o meio, mas garante que não se arrepende do caminho que percorreu. “Foi aquilo que a vida propôs para mim. Quando você vem ao mundo traz um carma, o meu está sendo cumprido, tenho fé em Deus”, resume.

Raquel Simpson ficou famosa por interpretar cantoras como Elba Ramalho e Vanusa. (Julio Gomes/LeiaJáImagens)

Para Odilex, o ocaso de algumas transformistas, contudo, não tem a ver com a ascensão das drags. “Quem é bom não perde espaço, estou há 40 anos na noite. Outros faleceram, não cabem mais dentro do vestido, porque engordaram ou foram procurar outras áreas. E essa invasão dos modismos, de bater cabelo-até hoje não sei como elas aguentam rodar tanto a cabeça...Perderam a essência do artista, de estudar para criar o personagem”, opina. Já Sharlene, que agora vive do trabalho de bartender em eventos particulares, atuando ocasionalmente como transformista, acredita que a vertiginosa queda do número de casas noturnas diminuiu suas possibilidades artísticas. “Hoje em dia é muito fácil você sair de casa montada. Aqui no Recife estava acontecendo um falatório entre as pessoas que estão querendo fazer a noite que as ‘véias’ não tinham mais nada que apresentar. Velhas somos nós, que fizemos a história e elas estão pegando carona”, critica Sharlene.

Se as transformistas pernambucanas já encarnavam divas estrangeiras, as drag queens passaram a trabalhar quase que integralmente com elas. Rodrigo Dourado acredita que, de fato, parte da comunidade drag queen local ignora completamente a história das primeiras transformistas. “Acho que existem duas culturas drag queen no Recife, uma mais periférica, que ainda possui conexão com as transformistas mais velhas, e outra de classe média, a Geração Ru Paul (reality show norte-americano), fluente em inglês e com recursos para se montar. Esses não querem nem saber das transformistas antigas, as referências são pessoas de fora do país. É um movimento colonizado”, explica.

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Diante desse cenário, quem continuou na noite com o transformismo acabou encontrando palco em espaços de socialização de homens gays (geralmente com mais de 40 anos), sobretudo nas saunas locais, algumas delas com estrutura para receber até 300 pessoas. “Quando se fala em sauna, tem que gente que acha que é um lugar para se fazer sexo. Tem quem queira, mas é um ambiente onde os amigos se encontram para confraternizar, ‘tomar uma’ e dar uma relaxada. A maioria das pessoas que estão nas saunas não curte o ambiente da boate”, comenta Odilex.

Institutos federais são 38, estando presentes em todos os estados brasileiros. (Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens)

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Uma Coreia do Sul dentro do ensino público brasileiro. Segundo os resultados mais recentes do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), de 2015, se a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica fosse um país, ele estaria na 11.ª colocação, nas áreas analisadas - matemática, leitura e ciências- e à frente de países como Estados Unidos, Alemanha e do próprio Brasil. Em 2018, a Rede comemora os dez anos dos Institutos Federais (IF’s) com a consolidação de um amplo projeto de expansão que inclui, entre os anos de 2003 e 2016, a entrega de 500 novas unidades, totalizando 644 campi em funcionamento. A estrutura está inserida em 38 IF’s presentes em todos os estados, dispondo de cursos de qualificação, ensino médio integrado, cursos superiores de tecnologia e licenciaturas.

Para o presidente do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif), Roberto Gil Rodrigues de Almeida, o desempenho dos Institutos nos indicadores internacionais mostra que seus dez anos de funcionamento devem ser celebrados. “Considerando que nossas instituições promovem a inclusão, isso comprova que pessoas anteriormente privadas de um ensino de qualidade agora têm acesso a um modelo de educação profissional e tecnológica socialmente referenciado”, declara. Instância de discussão, proposição e promoção de políticas de desenvolvimento da formação profissional e tecnológica, pesquisa e inovação, o Conif se consolidou a partir da extinção do Conselho de Dirigentes dos Centros Federais de Educação Tecnológica (Concefet), criado em 1999, em substituição ao Conselho de Diretores das Escolas Técnicas Federais (Conditec).

O presidente Nilo Peçanha, pioneiro ao criar uma rede de ensino técnico no Brasil, em 1909 / Foto: Domínio público 

A história do Conselho da Rede está intimamente ligada à dos IF’s, que começa exatamente no dia de 29 de dezembro de 2008, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva sanciona a n 11.892, responsável por instituir a Rede Federal e transformar em um só organismo as estruturas de 31 centros federais de educação tecnológica (Cefets); 75 unidades descentralizadas de ensino (Uneds); 39 escolas agrotécnicas; sete escolas técnicas federais; oito escolas vinculadas a universidades. As raízes do ensino técnico profissional, contudo, já estavam bem fincadas há muito mais tempo.

Conforme lembra Anália Ribeiro, reitora do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE), a Rede Federal existe desde 1909, ano em que o presidente Nilo Peçanha ergueu, em apenas três meses, as primeiras 19 escolas de Aprendizes e Artífices, que revolucionariam a educação de um país de herança escravista, no qual o trabalho manual e o conhecimento técnico eram desprezados em detrimento da supervalorização do diploma universitário. “As escolas são a origem dos Centros Federais de Educação Profissional e Tecnológica (Cefets). A perspectiva do governo Nilo Peçanha era a de inserir pessoas dos estratos mais pobres da sociedade no mercado de trabalho. A inclusão está na genética da educação profissional no Brasil”, afirma Anália.

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De acordo com a reitora, o surgimento dos Institutos Federais também é produto de uma mudança de mentalidade em relação à formação no ensino técnico, oriunda de debates intensificados a partir do ano de 2003. “Ganhou força a perspectiva de que a qualificação técnica deve vir acompanhada de outros tipos de qualificação e formação. O que importa para nós, além de formar um técnico para o mercado, é formar um ser humano”, explica. Assim, os IF’s constituíram-se a partir de novos princípios, a exemplo da verticalização, isto é, a visão de que é necessário incentivar o estudante a buscar formação continuada. “Já há casos, em alguns IF’s, em que o estudante começou no ensino médio integrado, depois fez graduação, mestrado e doutorado. Alguns cursos no IFPE já oferecem mestrado”, completa. 

Para Anália, a formação continuada auxilia os estudantes a se adaptarem, por exemplo, a um mercado cada vez mais automatizado. “Nosso aluno apropria-se simultaneamente da técnica e do fundamento científico, estando apto a continuar mantendo-se atualizado. Além disso, temos vários cursos voltados para a questão da automação, oferecendo a iniciação científica para que sejam desenvolvidos produtos aliando as tecnologias da informação e da comunicação com a mecânica, por exemplo”, completa.

Nesse sentido, os números da extensão e da pesquisa são expressivos. Em 2008, o IFPE possuía apenas 12 estudantes de iniciação científica, enquanto o número atual é de 352 alunos. Já o número de projetos de extensão cresceu de 31 projetos com 52 bolsistas, em 2010, para 191 projetos com 315 bolsistas. “A força do nosso programa de iniciação deriva do forte investimento que fazemos em formação de professores, que contam com grande facilidade de liberação para mestrado e doutorado, posteriormente orientando estudantes de nível médio. No mais, como atendemos o substrato mais pobre da sociedade, sabemos da importância das bolsas”, conclui Anália.

Arte: João de Lima/LeiaJáImagens

No caso do IFPE, a maior parte dos cerca de 24 mil alunos matriculados é oriunda de famílias cuja renda não ultrapassa um salário e meio per capita. “Isso significa uma mudança social significativa, porque a partir da educação nossos alunos não só conseguem mudar suas vidas, como a de suas famílias”, completa Anália. Pernambuco, aliás, entre os IF’s, é o que estado do país que possui o maior número de estudantes indígenas. “Só no campus Pesqueira, nós temos mais cem alunos do povo Xucuru. Também atuamos junto a outros grupos vulneráveis, como campesinos, quilombolas e assentados, além de termos um convênio com a Funase (Fundação de Atendimento Socioeducativo), a partir do qual trabalhamos com cursos de formação continuada para menores em processo de ressocialização”, conclui a reitora.

Conexão com os diferentes mercados 

Ao longo de seus dez anos de atuação, os IF’s intensificaram suas relações com os arranjos produtivos das localidades onde cada campus está inserido. Em Pernambuco, por exemplo, é claro o direcionamento da estrutura em Olinda para a economia criativa e as artes, propulsores do desenvolvimento local. Durante a chamada “expansão dois”, mais três campi foram construídos na perspectiva da interiorização (Afogados, Caruaru e Garanhuns), cada um deles desenvolvido com foco em uma área diferente.

Já na “expansão três” foram criados sete novos campi, um em Palmares e os outros seis na Região Metropolitana do Recife (RMR), que buscavam atender à grande demanda do mercado por mão de obra técnica após um “boom” de investimentos feitos no estado. “Assim como, devido à proximidade com Goiana, os campi Igarassu e Paulista se voltam para os negócios, administração, controle de qualidade, logística e tecnologias da informação e comunicação”, conclui a reitora do IFPE.

Reitora do IFPE destaca a expansão dos Institutos / Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Como política de estado, os IF’s compõem a Lei Orçamentária Anual da União (LOA), além de possuírem marcos (um acordo de metas estabelecidas pelo Ministério da Educação (MEC), que vale por determinado período) que norteiam sua atuação. Apesar de se tratarem de uma política pública, os IF’s não possuem exatamente um orçamento fixo. “O MEC distribui para a rede um determinado orçamento, mas não é segredo que, atravessando isso, existe a emenda constitucional do teto dos gastos públicos, que congela os investimentos do país em educação. É algo que precisamos considerar no atual cenário, até porque o número de alunos vem crescendo significativamente”, alerta Anália.

Só no IFPE, são seis novos campi em construção, dois deles com previsão de inauguração para este ano, tendo finalmente a perspectiva de funcionarem com a sua total capacidade. Apesar disso, a reitora lembra que novas expansões demandam determinadas condições, como a contratação de docentes e corpo técnico administrativo compatível com a estrutura física. No segundo semestre de 2019, também devem ser entregues as sedes definitivas de Jaboatão dos Guararapes e Paulista. “Mas não é só o prédio. Eu também preciso comprar laboratórios, equipamentos de sala de aula, dentre outros. É de extrema importância que o orçamento seja ampliado. São desafios que o país precisa enfrentar”, defende.

Reportagem integra a série “Além da técnica: a função social dos Institutos Federais”, que conta história dos dez anos dos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, traçando um paralelo entre a contribuição dos projetos de extensão das instituições e o respaldo na sociedade, seja na forma de inclusão de classes mais baixas na educação, como também no benefício direto da população pelas pesquisas realizadas nos institutos. A seguir, confira as demais matérias da série:

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Trinta de agosto de 1998. Nessa data, um total de 115 mil estudantes voluntários era submetido ao inédito Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), uma proposta de caráter transdisciplinar, com ênfase na avaliação de cinco competências e 21 habilidades do cidadão ao término da educação básica.

Ao longo de seus 20 anos, o Enem passou de ferramenta alternativa ou complementar aos tradicionais vestibulares do país à prova obrigatória na grande maioria das universidades públicas do país. Neste percurso, quase 100 milhões de brasileiros já se inscreveram no Exame, com o objetivo de mudar de vida através da educação. 

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De filosofia inclusiva, o Enem garantiu, ao longo de sua história, que a maioria dos inscritos tenha tido direito a isenção da taxa de inscrição, prática que permanece até os dias atuais. Nem tudo, no entanto, permaneceu igual. De acordo com nota oficial do MEC, “a experiência na produção de itens e provas, e na logística de aplicação, e mesmo a transformação da sociedade foram conduzindo mudanças ao longo de duas décadas”.

Em novembro deste ano, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) organizará uma série de atividades para resgatar a memória do exame. A edição 2018 será realizada nos dias 4 e 11 de novembro.

Relembre 20 marcos do Enem:

1999

- Instituições de ensino superior passam a utilizar o Enem como critério de acesso aos cursos de graduação. A PUC-RJ e a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) foram as primeiras. 

 2000

- Exame se operacionaliza para atender pessoas com necessidades especiais, passando a oferecer prova em braile, prova ampliada, auxílio para leitura e transcrição e tradutor/intérprete em Libras. 

 2001

- Começa a política de inscrição gratuita para concluintes do ensino médio no ano da edição.

 2004 

- Resultado individual do Enem passa a ser critério de participação dos candidatos a bolsas de estudo integral ou parcial em cursos de graduação de instituições privadas por meio do Programa Universidade para Todos (ProUni), lançado naquele ano, por Medida Provisória, e transformado em Lei em 2005.

 2009

- Com a criação do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que utiliza as notas do Enem na seleção de alunos para os seus cursos de graduação das instituições federais de ensino superior, a Teoria de Resposta ao Item (TRI) passa a ser adotada para a correção das provas. Além de estimar as dificuldades dos itens e a proficiência dos participantes, a metodologia permite que os itens de diferentes edições do exame sejam posicionados em uma mesma escala.

 - Matriz de Referência passa a ter quatro grandes áreas: Ciência Humanas e suas Tecnologias; Ciências da Natureza e suas Tecnologias; Matemática e suas Tecnologias; Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. 

- Exame passa a ter 180 questões objetivas, além da redação. A aplicação que antes era em um domingo passa a ocupar o sábado e o domingo.

 - Exame passa a ser usado também para certificação de conclusão do Ensino Médio, com o mínimo de 400 pontos em cada área e 500 pontos na redação.

 2010

- Exame começa a ser aplicado para pessoas privadas de liberdade (Enem PPL).

 2012

- Integrantes de família de baixa renda que tem Número de Identificação Social (NIS) e renda familiar por pessoa de até meio salário mínimo ou renda familiar mensal de até três salários mínimos (Decreto 6135/2007) passam a ter direito à isenção da taxa de inscrição.

 2013

- Pela primeira vez, todas as instituições federais de ensino superior passaram a utilizar o Enem como critério de seleção para novos alunos. 

- Nota do Enem passa a ser utilizada na concessão de bolsas de estudos do programa Ciência sem Fronteiras.

 2014

- Assinado o primeiro acordo interinstitucional com uma Instituição de Educação Superior Portuguesa, a Universidade de Coimbra, para uso das notas do Enem no acesso a vagas.

 2015 

- Começa a política de atendimento por nome social. Já no primeiro ano 286 travestis e transexuais usaram o benefício. 

 2016

- Estreia a coleta de dado biométrico e o uso de detectores de metal na entrada e saída dos banheiros. 

 2017

- Após Consulta Pública, Exame passa a ser aplicado em dois domingos consecutivos, evitando o “confinamento” de participantes que “guardam o sábado” por motivos religiosos.

- Enem deixa de certificar o Ensino Médio, função que retorna ao Exame Nacional de Certificação de Jovens e Adultos (Encceja), criado com esse objetivo, e de divulgar as notas de escolas, o chamado “Enem por Escolas”.

 - Estreia a prova personalizada com o nome do participante e outros recursos de segurança, como o detector de ponto eletrônico. 

- Participantes surdos e deficientes auditivos passam a ter novo auxílio de acessibilidade, a videoprova em Libras.

2018

- Concluindo uma série de mudanças iniciadas em 2016 para conter o desperdício do dinheiro público, e após estudo que revelou prejuízo de R$ 1 bilhão com participantes isentos faltantes, é implantada etapa de justificativa de ausência e solicitação de isenção em período anterior à inscrição. 

O cantor sul-coreano Kim Jong-hyun, principal vocalista do grupo de k-pop Shinee, nesta segunda-feira (18), morreu aos 27 anos, informou a imprensa local. A causa da morte ainda não foi oficialmente divulgada.

Jonghyun, como também era conhecido, foi encontrado inconsciente em um apartamento em sua cidade natal, Seul, na Coreia do Sul, informou a agência de notícia Yonhap.

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O canal de notícias YTN relatou que o cantor havia dado entrada em uma residência alugada por duas noites e que foi encontrado inconsciente pela polícia.

A produtora S.M. Entertainment, responsável por agenciar a Shinee e grupos como Super Junior, reproduziu uma nota lamentando a perda de Jonghyun. O portal Koreaboo, que cobre notícias sobre a Coreia do Sul, que liberou a nota.

Leia, abaixo, a nota da SM Entertainment sobre a morte de Jonghyun:

"Esta é a SM Entertainment

Nós lamentamos por sermos portadores de notícias tão trágicas e desoladoras.

No dia 18 de dezembro, Jonghyun, do SHINee, nos deixou muito repentinamente.

Ele foi encontrado inconsciente em uma residência em Chungdam-Don, Seul, e foi levado rapdamente a um hospital próximo, mas foi declarado morto.

Nossa tristeza não se compara à dor da família, que teve de dizer adeus a um filho e um irmão. Mas nós passamos muito tempo com ele, e os membros do SHINee e da equipe da SM Entertainment estão todos em choeque e luto profundo.

Jonghyun amava música mais do que qualquer outra pessoa, e ele foi um artista que fez o máximo para mostrar o seu melhor no palco.

Quebra nosso coração ter de daressa notícia aos fãs que amavam tanto Jonghyun.

Por favor, abstenha-se de relatar rumores e suposições, para que a família do falecido possa honrá-lo em paz.

Por desejo da família, o funeral será fechado a parentes e colegas da produtora.

Mais uma vez, mostramos nossas mais profundas condolências a Jonghyun em sua última jornada.

— SM Entertainment".

O Museu Afro Brasil, localizado em São Paulo, irá celebrar seus 13 anos de existência dando a entrada gratuita para os visitantes até o dia 20 de novembro.

O museu conserva um acervo com mais de 6 mil obras, entre pinturas, esculturas, gravuras, fotografias, documentos e peças etnológicas, de autores brasileiros e estrangeiros, produzidos entre o século XVIII e os dias de hoje.

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As obras conta com diversos aspectos dos universos culturais africanos e afro-brasileiros, abordando temas como a religião, o trabalho, a arte, a escravidão, entre outros temas ao registrar a trajetória histórica e as influências africanas na construção da sociedade brasileira.

O museu é localizado na Avenida Pedro Álvares Cabral, Portão 10, s/n – Parque Ibirapuera e funciona de terça a domingo, das 10h às 17h.

Para mais informações, acesse: www.museuafrobrasil.org.br

O Programa Poupatempo está com uma exposição de fotos para celebrar o aniversário de 20 anos de atendimento no Estado de São Paulo. A mostra “Poupatempo 20 anos – Excelência no atendimento e novas tecnologias a serviço do cidadão” foi montada no corredor principal da unidade da Sé.

A exposição foi criada em formato de banners para ser reproduzida simultaneamente em todas as 71 unidades fixas do Poupatempo espalhadas pelo estado.

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As imagens mostram diferentes unidades, desde o início do programa até os dias atuais, mostrando inovações adotadas ao longo dos anos até as mais recentes, como a coleta biométrica de fotos e impressões digitais e o atendente virtual Poupinha, que dá informações e faz agendamento pelo Portal do Poupatempo e pelo Messenger, no Facebook.

O Poupatempo Sé fica na Praça do Carmo, sem número. Para mais informações, acesse: https://www.poupatempo.sp.gov.br/

O britânico George Michael, morto aos 53 anos, foi um astro mundial da icônica década de 1980, um cantor e compositor cujas melodias românticas escondiam uma vida pessoal tumultuada, permeada por problemas com drogas e separações.

Tanto na dupla Wham! como em sua carreira solo, compôs alguns dos maiores sucessos dos anos oitenta como "Careless Whisper" e "Faith", vendendo mais de 100 milhões de álbuns ao longo de quase quatro décadas.

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Nos últimos anos, no entanto, fez poucas aparições públicas, e a imprensa falava mais de seus incidentes relacionados com as drogas do que sobre sua música.

George Michael, que revelou publicamente sua homossexualidade em 1998, após sua prisão por atentado ao pudor em um banheiro público em Los Angeles, assumia sua vida particular complicada.

"As pessoas querem me ver como um personagem trágico, com sexo em banheiros públicos e uso de drogas, mas eu sequer considero isso como fraquezas. É apenas quem eu sou", disse ao jornal britânico The Guardian em 2009.

- Rei do mundo -

Georgios Kyriacos Panayiotou - seu verdadeiro nome - nasceu em East Finchley, em Londres, em 25 de junho de 1963, filho de um cipriota grego e uma inglesa.

Com Andrew Ridgeley criou Wham! em 1981. Com sua aparência bem cuidada, seu bronzeado permanente, penteado volumoso e imagem hedonista, soube encarnar o espírito da época e logo se tornou uma das maiores bandas britânicas, com sucessos como "Club Tropicana" e "Wake Me Up Before You Go-Go".

O sucesso foi tal que, em 1985, a dupla foi o primeiro grupo ocidental a tocar na China.

Depois de emplacar quatro singles no topo das paradas britânicas, Wham! se separou em 1986 e George Michael embarcou em uma carreira solo, com a intenção de cantar para um público mais adulto.

Seu primeiro álbum, "Faith" (1987), mostrou uma mudança de estilo. O cantor aparecia na capa do disco vestido de couro, com uma barba de três dias e brincos.

O álbum, cujo primeiro single foi "I Want Your Sex", provou ser um sucesso comercial e de crítica com milhões de cópias vendidas.

Esgotado pela sua promoção, George Michael levou três anos para lançar seu segundo álbum solo, "Listen Without Prejudice Vol. 1".

Anos depois, a morte de seu namorado brasileiro, Anselmo Feleppa, foi um duro golpe para o astro.

O cantor revelou sua homossexualidade em 1998, um ano após a morte de sua mãe. Mais tarde explicou que não queria revelar sua opção sexual enquanto sua mãe era viva.

Seguiu colhendo sucessos nos anos 90 e início dos anos 2000, causando polêmica em 2004 com "Shoot The Dog", contra a guerra no Iraque.

'Não acreditem nessas besteiras'

Em 2009, David Furnish, o marido do cantor Elton John, que cantou em com George Michael em "Don't Let The Sun Down On Me", disse que seus amigos estavam muito preocupados com a saúde do cantor.

Em 2010, foi condenado a oito semanas de cárcere por ter invadido uma loja com seu carro, sob os efeitos de maconha e de medicamentos.

No ano seguinte, anunciou que se separava de Kenny Goss após vários anos de relacionamento, e passou semanas em um hospital de Viena para tratar uma pneumonia que esteve preste a matá-lo.

Na cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, cantou "White Light", uma canção que fala de sua hospitalização.

Em 2014, precisou ser levado de helicóptero a um hospital após cair do carro numa estrada.

Um ano depois, negou no Twitter as declarações feitas pela esposa de seu primo, segundo às quais o cantor consumia crack e maconha, e estava em um programa de desintoxicação.

"Queridos, não acreditem nas besteira (que leem) nos jornais. Elas vem de alguém que já não conheço e que não me vê há 18 anos", escreveu.

Imagine estudar os dois primeiros anos do ensino médio da forma como ele é hoje e no terceiro ano optar em aprender assuntos apenas de uma área do conhecimento, como as áreas humanística, tecnológica e biomédica. Isso pode sim virar realidade. Tramita na Câmara dos Deputados um projeto de lei com esse objetivo, de autoria do deputado Izalci Ferreira (PSDB-DF), modificando a Lei de Diretrizes e Base da Educação (9.394/96).

Segundo a Agência Câmara de Notícias, o autor da proposta entende que o currículo programático do ensino médio deve ser revisto para oferecer oportunidades de ênfases distintas ao estudante, conforme seus interesses vocacionais. Izalci também propõe que o ensino técnico tenha currículo independente, mas, que possa equivaler ao ensino médio. “A Lei de Diretrizes e Bases defronta-se com uma pedagogia conservadora que, por exemplo, resolve determinar a obrigatoriedade de conclusão do ensino médio para a obtenção da Habilitação Profissional de Nível Técnico”, diz o deputado, conforme informações da Agência.

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O projeto de lei diz que a educação técnica vai se estender aos alunos que finalizarem o ensino fundamental e com duração mínima de 1.200 horas. A proposta ainda define que cabe o Conselho Nacional de Educação decidir as novas diretrizes curriculares do ensino médio e que os de cursos de educação técnica, quando registrados, terão validade nacional.

De acordo com a Agência Câmara de Notícias, a proposta de lei já está em caráter conclusivo. Ela ainda receberá análise das comissões de Educação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Com informações da Agência Câmara de Notícias

O MIMO comemora dez anos e ganha uma exposição que ilustra toda a história deste que é um dos maiores festivais de música instrumental do Brasil. Intitulada MIMO - 10 Anos, a mostra conta com fotografias de Beto Figueroa e começa nesta quinta (18) em Paraty, no Rio de Janeiro. Ao todo são vinte e oito fotografias coloridas em diversos tamanhos. 

Além dos trabalhos de Figueroa, cliques de Tom Cabral, Tiago Calazans, Marcelo Lyra, André Sampaio e Renato Spencer também estarão presentes. Realizado sempre no interior de igrejas ou de outros espaços públicos, o MIMO leva concertos musicais para os mais diversos públicos. O MIMO acontece em Paraty/RJ de 23 a 25 de agosto, Ouro Preto/MG de 29de agosto a 1º de setembro e Olinda/PE entre 02 e 08 de setembro.

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