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Após 74 dias, chegou ao fim nesta terça-feira a ocupação da faculdade de Direito da Universidade do Chile por centenas de estudantes, em protesto contra a discriminação e o assédio sexual sofrido por universitárias.

A frente da faculdade de Direito da Universidade do Chile, um emblemático edifício de Santiago, se viu totalmente bloqueada por mais de dois meses por cadeiras, mesas e cartazes colocados por um grupo de universitárias que denunciaram ter sofrido uma educação machista. Depois de 74 dias, elas concluem a ação que classificam como "um sucesso".

"Foi sem dúvida um sucesso porque coloca um tema em discussão: a educação pública não sexista. Conseguimos tensionar e pressionar nossas autoridades", declarou Emilia Schneider, porta-voz da ocupação feminista, à imprensa local.

O professor e ex-presidente do Tribunal Constitucional do Chile, Carlos Carmona, foi denunciado por assédio sexual por uma estudante, e apesar das universitárias e mais de trinta acadêmicas da Universidade do Chile exigirem sua renúncia, Carmona se mantém como docente.

"Esperamos que (Carmona) se sinta interpelado e que entenda que o melhor para a comunidade universitária é que ele renuncie", assegurou Schneider.

As manifestantes, entretanto, conseguiram modificações nos protocolos para enfrentar acusações de abusos sexuais futuros, e expressaram a necessidade de equiparar o número de professoras e professores, além da implementação de políticas de formação que evitem uma educação machista.

Durante participação no 'Conversa com Bial', da última quinta-feira (21), Deborah Secco, que está no ar como Karola em Segundo Sol, da Rede Globo, falou machismo e relacionamento.

Na entrevista, a atriz comentou sobre os julgamentos que sofreu por declarar, em 2017, que já havia traído seus namorados. "Eu fui traída todas as vezes por todos os homens com quem me relacionei. É um quadro que reflete muito a formação da nossa sociedade. Não teria sofrido a mesma coisa se fosse um homem confessando uma traição", desabafou.

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Aproveitando a colocação da global, Pedro Bial questionou sobre feminismo ser uma 'obrigação' e Deborah foi categórica: "Acabo achando que é obrigatório sim, temos que fazer esse movimento. É uma luta por nós. E também tem como o machismo oprime o homem. Para o homem é proibido beijar, abraçar, chorar, ser carinhoso com um amigo", ressaltou a atriz.

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Com palavras de ordem e relembrando as vítimas de feminicídio em Pernambuco e em outros Estados do Brasil, mulheres ocuparam a área central do Recife, neste sábado (9), durante a Marcha das Vadias. Com o tema "Por Maria Aparecida, Remís, Marielle Franco e por todas as outras", o ato teve concentração na Praça do Derby e foi iniciado com a uma leitura da carta-manifesto e uma batucada feminista.

Patrícia Naia, uma das organizadoras da 'Coletiva das Vadias', conta que principal pauta da marcha é chamar atenção aos casos de violência conta a mulher. “Nossa principal pauta na Marcha 2018 é o aumento das estatísticas de feminicídio”, explicou. Além disso, o ato também pediu pela legalização do aborto, desencarceramento das mulheres, defesa da identidade de gênero e contra o racismo.

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Alta Azevedo, de 35 anos, estava acompanhada das irmãs e sobrinha, de 5 anos. Ela comenta que estar presente nesse tipo de ato é importante para a reflexão e discussão sobre os problemas enfrentados pelas mulheres. "Desde muito nova você enfrenta os problemas na sociedade por ser Mulher. Tragos elas desde cedo para verem que tem outras mulheres que estão discutindo e querendo mudar", comentou.

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Carmem Silva, representante do Fórum de Mulheres de Pernambuco, contou que o Coletiva das Vadias é um grupo de jovens mulheres militantes que organizam reuniões, debates e que a marcha é sobre expor nas ruas o movimento feminista contra a violência.

A mobilização tomou conta da Avenida Conde da Boa Vista, centro da capital pernambucana, e será finalizada na Praça do Diário, onde segue com o debate sobre questão de gênero e machismo.

*Com informações Cecília Santos

As eleições deste ano carregam consigo uma expectativa forte de mudança da conjuntura do país, mas não apenas isso. Uma parcela da sociedade nutre também a esperança de ampliar a participação de mulheres na política para, desta forma, reforçar a pauta feminista no Congresso Nacional. Feminismo este que, em síntese, defende a ampliação do papel e dos direitos das mulheres na sociedade e virou uma das palavras do momento no país. 

Nessa perspectiva vem surgindo movimentos e iniciativas que pretendem endossar candidaturas que hasteiam a bandeira, mas esbarram nas dificuldades dentro dos partidos - principalmente de direita e centro. Um grupo que vem trabalhando para reverter o quadro é o  PartidA, movimento nacional que, inclusive, encabeça uma campanha chamada “Meu voto será feminista”. 

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Para a militante da organização, Daiane Dutra, a subrepresentação das mulheres em espaços políticos tem gerado um cenário caótico para o gênero no Brasil e a ideia do PartidA é garantir que  as pautas feministas passem a ser contempladas de forma mais significativa no setor que rege a sociedade com leis predominantemente criadas por “homens conservadores”.

“Queremos garantir que mais mulheres sejam eleitas em 2018 e as pautas feministas estejam contempladas nas plataformas políticas, agora isso não significa que não façamos intervenções em mandatos liderados por homens, por exemplo. Acreditamos que alguns homens são aliados a luta feminista e isso é importante”, observou. 

“A prioridade total, contudo, é que possamos garantir que as mulheres sejam candidatas, mulheres feministas principalmente. Não é porque ela é mulher que defende nossas pautas”, completou, lembrando da atuação da vereadora do Recife, Michele Collins (PP), que é contra a legalização do aborto considerada uma das pautas mais importantes para o feminismo.

Liderando uma chapa feminista que disputa o Governo de Pernambuco, a pré-candidata do PSOL a governadora e advogada, Daniele Portela, acredita que as eleições deste ano podem abrir espaço para as mulheres que, na ótica dela, são a base da sociedade.  

“As mulheres estão reivindicando o seu lugar depois de um apagamento quase total ao longo da nossa história. Ainda é muita pequena nossa participação nos espaços políticos, mesmo com a cota de 30% de candidaturas femininas por partido. Essas posições são tradicionalmente ocupadas por homens, héteros, cis e na sua maioria brancos. Neste sentido, acredito que a pauta feminista traga um novo olhar para os problemas postos nos estados e no país. Um olhar que, a partir do recorte de gênero, consiga trazer soluções para problemas históricos como o desemprego de mulheres”, salientou. 

Na avaliação de Danielle, a maioria da população “tem mostrado profundo descontentamento com a classe política” e, uma parte dela, por conta disso, “tende a se aliar com pautas e candidatos que apresentem discursos mais conservadores”. Para reagir a tal tendência, a psolista disse que defender a participação feminista no pleito “é questão de princípios”.

“É preciso delimitar os espaços e saber onde nos colocamos. Defender um recorte feminista nessa eleição é uma questão de princípios. E por isso creio que, quem se coloca como postulante defendendo essa pauta, necessariamente será uma candidatura forte”, reforçou a pré-candidata a governadora.  

A quebra de estereótipos e identificação de candidatura feminista

A palavra feminismo tem sido cada vez mais utilizada no país e passou a pautar até o mercado, mas na política ela ainda é carregada de estereótipos dosados pelo preconceito, o que dificulta a vida dos movimentos e de quem defende a iniciativa. Questionada sobre como fazer para quebrar paradigmas negativos diante das defesas feministas e, principalmente neste período eleitoral, Daiane Dutra disse que a primeira ação deve ser de conscientização entre as próprias mulheres. 

“Vivenciamos um movimento bem interessante em relação a palavra feminista que o próprio movimento traz com uma carga muito forte de conquistas de direitos. O próprio capitalismo está trazendo como algo que precisamos inserir na sociedade, mas a grande questão é como que esse termo está sendo passado para as pessoas e, sobretudo, para as mulheres? Não basta ser da moda”, argumentou a militante do PartidA. 

Para ela, outra questão salutar, é o fato do feminismo pautar candidaturas de partidos de esquerda. “Nos partidos de direita e centro-direita o mote de mulheres no poder está bem presente, mas não basta que sejam mulheres. Mulheres de direita não necessariamente vão defender o direito das mulheres negras, periféricas e da população LGBT”, destacou.

Um exemplo do reforço de candidaturas feministas serem predominantes em partidos de esquerda são as iniciativas do PSOL e do PT neste viés. Em Pernambuco, além da chapa majoritária feminista, a legenda psolista também está construindo projetos como o “Juntas” que apresentará candidaturas de cinco mulheres para a Assembleia Legislativa e a Câmara dos Deputados com a mesma linha de defesa, pautando temas como o feminismo e a luta LGBT. 

Já no PT, foi criada a iniciativa “Elas por Elas” que pretende “impulsionar, formar e dar condições materiais e políticas para que mulheres feministas ocupem cargos políticos, dentro e fora do partido”.  

Feminismo: da sociedade para a política

A conscientização das próprias mulheres sobre a abrangência do feminismo também baseou um panorama feito pela cientista política Priscila Lapa. Sob a ótica da estudiosa, nas últimas eleições “não foi possível ver uma evolução das candidaturas” do gênero e a pauta feminista não tem ganhado uma abrangência no debate eleitoral. 

Para que isso cresça, segundo ela, é necessário a quebra dos tabus que permeiam a pauta feminista e isso acontecerá somente a partir de uma mudança na sociedade.  

“A medida que a mentalidade das pessoas muda sobre isso vai se refletindo na política. A gente caminha positivamente no debate público, quando se traz para as escolas, por exemplo. É possível enfrentar esse tema com menos tabus, como o que fala que feminismo é algo restrito ou ultrapassado. Dentro da esfera política, porém, ainda precisa percorrer um longo caminho. É uma esfera muito machista. A classe política não dá a devida importância ao tema”, disse a estudiosa.

Na classe política, Lapa disse que a pauta feminista é atendida apenas diante de apelos e comoções a partir de tragédias que abalem a sociedade, como foi o caso da morte da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco (PSOL). 

A decisão pelo voto feminista

Apesar da falta de candidaturas competitivas e dos meses que ainda faltam para o início da campanha eleitoral, há quem já tenha definido que votará apenas em mulheres no pleito deste ano. Como é o caso da estudante de enfermagem da Universidade Federal de Pernambuco, Mirella Santana, 20 anos. A universitária acredita que, em sua maioria, os deputados e senadores não servem ao povo e, por isso, decidiu guiar a posição político-eleitoral a partir do que chamou de “um voto integralmente representativo”.

“Não cabe mais votar em quem não representa essas ideias, em partidos afundados em escândalos de corrupção. Não cabe mais votar naqueles que se dizem ‘neutros’, pois neutralidade já é um posicionamento”, salientou a eleitora.

“Esse ano eu decidi votar só em mulheres. Uma decisão que considero óbvia pra mim, que luto por uma democracia verdadeiramente representativa. Ao contrário do que vemos hoje: um estado majoritariamente composto por homens brancos, cis, héteros, de alta classe social e herdeiros de uma trajetória política familiar. E não basta ser mulher, tem que levantar as minhas bandeiras e me representar de verdade”, completou, pontuando ter se descoberto, diante do cenário político do país, uma pessoa “feminista, social democrata e progressista”.

A postura de Mirella Santana e tantas outras mulheres que já definiram o voto dão aos movimentos a esperança de que os dados atuais de candidaturas e de eleitas podem mudar com a eleição deste ano. Para se ter uma ideia, atualmente elas estão representadas em 10% dos mandatos nas casas legislativas, o que deixa o Brasil no ranking atrás de países como Arábia Saudita, Síria, Iraque e Emirados Árabes. Em 2014, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 29,73% dos quase 25 mil candidatos eram mulheres. 

 

 

Milhares de mulheres saíram mais uma vez, nesta quarta-feira, às ruas em várias cidades no Chile para reivindicar uma educação não sexista e igualdade de gênero, no âmbito de uma revolução cultural que parece ter vindo para ficar.

Com o lema "Precarização vivemos todas: às ruas estudantes, migrantes, mães e trabalhadoras", o movimento pretende abarcar metade da sociedade que se sente vítima do machismo e da desigualdade e não só se limitar às salas de aula dos centros educativos.

Com slogans como "Necessita-se de forma urgente uma educação feminista e dissidente" e "Não nasci mulher para morrer por isso", a marcha transcorreu em um ambiente festivo na principal artéria da cidade, a Avenida Libertador O'Higgins, sob o olhar de dezenas de policiais.

"Recebemos o apoio de grande parte da sociedade, das mulheres (...). O feminismo sempre vai incomodar os homens porque lhes questiona", diz Amanda Mitrovic, dirigente da Coordenadoria Feminista Universitária (Confeu).

A centelha feminista se propagou no Chile em consequência da condenação pela justiça espanhola, no fim de abril, a nove anos de prisão por abuso sexual a cinco homens acusados de estuprar uma jovem na Espanha, no caso conhecido como "La Manada".

Desde então mais de 20 universidades foram ocupadas por estudantes que reivindicam uma educação não sexista e o fim dos estereótipos culturais que depreciam a mulher.

"Esta mobilização explodiu na cara de todos, porque havia muito ressentimento, muita história por trás acumulada", diz à AFP Araceli Farías, vice-presidente da Federação de Estudantes da Universidade Católica.

Segundo a Prefeitura de Santiago, cerca de 15.000 pessoas compareceram à marcha.

O governo do conservador Sebastián Piñera anunciou no fim de maio uma Agenda Mulher com 12 pontos para tentar reduzir a brecha entre homens e mulheres, entre eles uma reforma da Constituição para garantir "a plena igualdade de direitos".

Mas a maioria das jovens que lideram este movimento feminista sentem que a medida é insuficiente porque o presidente não recebeu as representantes das confederações estudantis para dialogar, e em suas intervenções públicas não se referiu à educação não sexista nem falou da mudança social e cultural.

"A educação não sexista é a primeira mudança que devemos fazer para uma mudança social e cultural!", exclama Mitrovic, que afirma que a mudança deve acontecer "desde as bases".

"É um problema sistêmico. Acreditamos que os professores devem ser educados para que tenham uma perspectiva de gênero", acrescenta.

As famosas têm usado as redes sociais para engrossar o coro pela sororidade. Recentemente, a atriz Alice Wegman falou sobre a rivalidade que o público alimenta no meio artístico, entre as atrizes. Neste sábado (2), foi a vez da, agora cantora, e também atriz, Cleo Pires, rebater um comentário de uma seguidora pedindo mais apoio entre a classe feminina.

Em uma postagem em que Cleo falava sobre o seu direito (ou não) de mostrar os seios, a segudiora marcou a cantora e disse: "Alguém desliga a Cleo que já tá chata". Automaticamente, Cleo respondeu: "Fico triste quando mulheres me ofendem só por eu ser uma também, mulher lutando da minha forma pra me libertar de opressões culturais que viraram normas sociais e me impedem de viver pequenas liberdades proporcionadas à todos que não tenham nascido mulher".

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O tema tem sido assunto recorrente nas redes sociais da 'Jungle Kid', e ela continuou o discurso parecendo explicar o por quê disso: "Porque na minha cabeça era para estarmos juntas, apoiando umas às outras independente da escolha de cada uma. Porque não podemos escolher formas diferentes de nos definir, além do que foi imposto pela sociedade? Uma mulher de verdade é recatada ou não, é mãe, ou não, é sofisticada, ou não, é culta, ou não." 

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O público da atriz e cantora Cleo já está acostumado com o jeito provocativo da artista. Mas, nesta segunda (28), ao que parece, ela preferiu prepará-los para a próxima 'polêmica' e acabou iniciando uma discussão sobre machismo no Twitter. 

No microblog, Cleo explicou aos seguidores que queria publicar em outra rede social, o Instagram, um vídeo no qual seus seios aparecem, mas sua equipe desaprovou o conteúdo. "Meus seios não são orgãos sexuais. Antes são órgãos feitos pra alimentar um bebê. É machismo eu não poder expor meus seios da forma que eu quero." A cantora também colocou alguns questionamentos: "Eu tenho que manter eles presos porque um homem pode se sentir atraído? Então como eu me visto deve ser de acordo a o que um homem pensa? Eu também me sinto atraída por homens por diversas razões mas não saio por aí desrespeitando eles ou usando isso como desculpa para reprimi-los".

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Um dos internautas chegou a perguntar por que Cleo estaria "revoltada" e, prontamente, a artista rebateu: "É bem assim que machistas veem uma mulher que quer se posicionar, que pensa e crê que tem o mesmo direito de verbalizar suas questões quanto um homem". As seguidoras a apoiaram comentando: "As pessoas acham que porque a mulher mostra os peitos e a bunda, não pode mostrar o cérebro. Dá licença, Cléo passando pra pisar no machismo".

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Promovendo a música 'Indecente' no México, Anitta foi a entrevistada do canal de música RMS. Na ocasião, além de promover o hit, a cantora foi questionada sobre as dificuldades de ser mulher no meio artístico. "Eu achava que não, que nada tinha a ver como isso, mas como a mulher parece que tem seguir uma fórmula certa de ser mulher, se você não segue, se dá mal", relatou.

Declarada feminista, a funkeira comentou as interpretações erradas das suas declarações sobre o tema à imprensa. "Algumas vezes, alguém interpreta errado. Eu sou feminista, sim. Mas o feminismo é o feminismo, que é toda a igualdade entre homens e mulheres. Para exaltar a mulher não precisa rebaixar os homens. Podemos ser todos incríveis", falou.

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Na ocasião, ela também comentou sobre as intervenções cirúrgicas que já fez. "Já mudei muito. Minha cara não era assim. Eu tinha um nariz gigante, mudei, tirei aquele nariz fora, mudei toda cara", afirmou. Além disso, ela relembrou a repercussão do clipe ‘Vai Malandra’, dirigido por Terry Richardson, que é acusado de abuso. “Quando o escolhi para trabalharmos juntos eu não sabia da história. Depois que descobri já era tarde para cancelar o trabalho”, explicou.

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A moda tem sido usada como meio de comunicação, demonstração de poder, questionamento e quebra de limites e limitações desde que o ser humano começou a cobrir o corpo com vestimentas. Os assuntos que fazem parte da agenda da sociedade também pautam a moda. Não é novidade ver o feminismo como mote para as passarelas e, sobretudo, para as ruas.

O tema vem sendo trabalhado por estilistas há um bom tempo e, recentemente, parece ter ganho maior vulto sobrepondo o ‘simples’ ato de vestir-se. A busca pelo empoderamento vem modificando o que as mulheres vestem e, para algumas, esta é uma maneira de tornar o feminismo mais inteligível para muita gente.

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No início do século 20, Coco Chanel revolucionou a moda colocando no guarda roupa das mulheres calças - até então exclusividade para homens - e bolsas a tiracolo, para que as mãos delas ficassem livres. Muito além disso, Chanel criou sua própria marca, inaugurou lojas e trouxe ao estilo de se vestir uma atitude de independência e altivez.

Décadas mais tarde, em 2016, a recém-contratada diretora criativa da Dior, Maria Grazia Chiuri - a primeira mulher a ocupar a posição -, surpreendeu ao levar para a passarela, na Semana de Moda de Paris, uma camisa branca com a frase "We should all be feminists" (Todos devemos ser feministas).

Um caminho sem volta 

No ano seguinte, Chiuri voltou ao tema, no mesmo evento, com uma coleção inspirada nas cores da artista feminista Saint Phalle; já em 2018, a estilista relembrou as manifestações feministas da década de 1960, nas passarelas. O designer Prabal Gurung também lançou mão das frases de efeito, na Semana de Moda de Nova York (2017), e desfilou camisetas estampadas com as máximas: “O futuro é feminino” e “É assim que uma feminista parece”, inspiradas na Marcha das Mulheres contra Trump, realizada naquele ano.

Também inspirada nas mulheres que marcharam contra o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que a designer Karina Gallon, de Curitiba, criou uma camiseta para ir para a Marcha das Mulheres, em sua cidade, no dia 8 de março de 2017. Da motivação pessoal da paranaense surgiu a Peita, uma marca que, segundo ela, expressa valores e que serve como gatilho para a discussão de certos temas. "Peita é fazer camisetas que sejam ferramentas de enfrentamento e expressão para peitar a sociedade no cotidiano", explica.

As frases 'Lute como uma garota', 'Depois do não tudo é assédio', 'Meu corpo é político' e 'Mulher, solta a tua voz', estão estampadas não só em camisetas, mas em bolsas e até bodies para bebês. "Vendemos roupas que todos possam usar, com frases em português, que todo alfabetizado possa ler e com letras grandes para que as pessoas leiam a mensagem de longe. Nossas peças são camisetas normais, em cores neutras, justamente para não ter gênero, onde a frase é a 'diva do rolê', o protagonismo na peça é todo dela."

Mas, apesar da estética simples, as peças são carregadas de significados que acabam sendo usados nos mais diversos contextos: "Nosso discurso não é vazio, a mulher e o empoderamento feminino são sempre a frente das nossas criações e nossas ações. As nossas camisetas falam tanto com ativista, como com simpatizantes e com quem não faz ideia do que é o feminismo, mas que de alguma forma concorda com o que tá ali. É a nossa luta diária e não é de hoje."

A resposta desta "luta" Karina tem recebido através das pessoas que usam as camisetas. "O maravilhoso disso tudo é pensar alguns cenários para as frases e depois, no feedback das pessoas, ver elas representando e significando em um contexto que eu não havia pensado ou que jamais pensaria. Aliada às experiências de quem veste a peita, a frase ganha força, ganha vida e o movimento ganha espaço", reflete.

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Esse retorno também é sentido pela estilista Thaissa Becho, do Rio de Janeiro. Ela faz moda praia em lycra, com o colorido néon e os cortes super cavados da década de 1980, e é para
todas as mulheres. "Desde a minha primeira coleção, em outubro de 2016, foi muito importante a troca das pessoas em relação ao meu material, muita gente agradeceu, muitas mulheres vieram me dizer o quanto se sentiram representadas e felizes vendo pessoas diferentes naquelas fotos". As fotos a que Thaissa se refere são as de seu portfólio, que traz mulheres com os mais diversos tipos de corpos, cor de pele, pêlos ou a ausência deles, tudo de modo a mostrar que qualquer uma pode caber naquelas peças. 

A ideia para este trabalho surgiu depois de Thaissa atuar por cerca de seis anos em uma indústria de moda repleta de padrões: "Me incomodava ter só mulheres altas, brancas e loiras no material gráfico da empresa e na conversa. Pensei em abrir esse leque de muitas possibilidades que temos na vida e fazer todas as pessoas se sentirem um pouco representadas em cima daquela estética", explica.

E a estilista queria mais que representação: "Eu queria que mulheres de todos os corpos pudessem ser abraçadas pela minha comunicação, pelo meu produto. Isso sempre fez parte do meu discurso, faz parte de quem eu sou". Dois anos após a estreia de sua marca homônima, Thaissa comemora o sucesso através da satisfação de quem usa suas peças: "Tenho uma troca muito visceral com os meus clientes, as maravilhosas que vestem minhas peças, todo mundo que veste de modo geral se sente ótimo com as cavas, se sente ótimo de ver que é possível aquilo ficar muito lindo no seu corpo".

Também embasadas no empoderamento e no feminismo estão as criações da Ada, marca de Porto Alegre. "O feminismo é objeto de estudo de uma das sócias desde 2010. Desde então o fato da indústria da moda se utilizar da fragilidade feminina para lucrar era algo que lhe trazia desconforto, o que acabou por gerar uma vontade de fazer diferente", explica Melina Amaro Knolow, uma das responsáveis pela marca que está no mercado desde 2016.

Para dar luz à luta das mulheres, geralmente negligenciadas pela história, e inspirar quem "lê" as roupas, a ADA batiza suas peças com nomes de figuras femininas - o próprio nome da marca homenageia a inventora do primeiro algoritmo a ser processado por uma máquina, Ada Augusta Byron King. Além disso, a empresa emprega diretamente apenas mulheres: "Acreditamos que pequenas ações podem desencadear grandes movimentos", diz Melina.

“Feminismo não é moda”

Muito embora o diálogo entre o feminismo e o que se veste, esteja cada vez mais fluente, as estilistas ouvidas pelo LeiaJá concordam que esta continua sendo uma causa, não uma tendência. "Moda simboliza um monte de padrão, 'o que está na moda', 'o que não está na moda'. É uma palavra que já feriu bastante gente, então prefiro dizer que minha marca é de vestuário. Ela reflete o que eu sou: eu sou feminista, quero uma vida mais inclusiva para todas as mulheres, que elas se sintam cada vez mais confortáveis. Acredito nisso. para mim, moda feminista não existe", diz Thaíssa.

A criadora da Peita, Karina, endossa: "Esse é um termo capitalista que trata toda a opressão que milhares de mulheres sofreram durante toda a história como moda passageira, só uma fase. O capitalismo é uma ferramenta do patriarcado para manipular. Nesse caso, tenta reduzir as mulheres a roupas e acessórios. Eles monetizam o movimento e o tratam como algo passageiro e fashion". Melina, da ADA, reforça o coro: "Não acreditamos que uma roupa pode empoderar as mulheres. O feminismo é um dos pilares da marca porque acreditamos na libertação das tendências da moda."

*Fotos: Reprodução/Facebook

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Em 1968, Martha Maria Cordeiro Vasconcellos, estava de casamento marcado e se considerava apenas uma moça comum. Uma quase "antimiss". Acontece que estava em seu destino, não apenas levar o título de mulher mais bonita do seu Estado, mas também, duas semanas depois, ser coroada a mais bela no concurso nacional e, em seguida, no Miss Universo daquele ano. A baiana foi a última brasileira a conquistar o título que, em 2018, completa 50 anos. Martha esteve no Recife nesta sexta (23) para participar do júri do Miss Pernambuco deste ano e conversou com o LeiaJá sobre sua militância feminista.

Aos 69 anos, Martha ostenta cabelos brancos, muito bem cuidados, e uma beleza surpreendente, a mesma que a fez ser eleita a mulher mais bela do planeta meio século atrás, porém, com um belíssimo toque de maturidade. Após o título, que veio como uma baita surpresa, Martha formou-se em psicologia e hoje é mestre em saúde mental. Enquanto miss, ela se dedicou à militância feminista e, nos Estados Unidos, onde morou por muito tempo, dedicou-se à defesa de mulheres vítimas de violência doméstica.

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A miss se dedicou a um programa que ajudava vítimas de violência desde o seu começo. “Comecei como ‘peão’ e acabei como supervisora, com três funcionárias empregadas”. Ela relembra a dificuldade do trabalho mas se orgulha de ter feito parte do projeto: “É uma luta muito árdua, é difícil as pessoas prestarem queixa. Mas foi lindo”. Atualmente, Martha participa de conferências sobre o tema sempre que é chamada. Ela diz sentir falta de ir “à campo”, mas tem se dedicado mais às questões burocráticas. “Não podemos ficar paradas”.

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A banda punk feminista Pussy Riot repudiou a quarta reeleição à presidência russa de Vladimir Putin e levantou a voz contra a onda de feminicídios no México, onde realizou um show.

O grupo russo se apresentou no Festival Vive Latino, onde rejeitou o novo triunfo eleitoral de Putin, acusado pela oposição de irregularidades.

"Vladimir Putin acaba de vencer as eleições pela quarta vez. Nós criamos esse grupo porque não o queríamos como presidente, mas então se tornou um movimento internacional, e de fato, qualquer uma pode ser uma Pussy Riot", declarou em inglês a líder da formação, Nadya Tolokónnikova.

Em fevereiro de 2012, duas semanas antes de Putin ser eleito para um terceiro mandato, quatro integrantes da banda entraram na Catedral de Cristo Salvador de Moscou e entoaram sua "oração punk". Três foram presas.

No domingo, elas denunciaram ainda um "Estado feminicida", referindo-se à situação no México, e repudiando toda a violência contra as mulheres no país latino-americano, onde segundo a ONU uma média de 7,5 mulheres são mortas diariamente.

A cultura machista que permeia a sociedade brasileira nos “ensina” desde muito cedo que no mundo há coisas que se destinam apenas a homens ou a mulheres, começando pela cor do quartinho do bebê, passando por dar carrinhos aos meninos e boneca às meninas e culminando, muitas vezes, na escolha da área de estudos e atuação no mercado de trabalho. 

Profissões que envolvem altos riscos ou exigem habilidades como força, afinidade com ciências exatas e condicionamento físico muitas vezes são vistas como masculinas, o que reduz o número de mulheres que se interessam por esse tipo de trabalho e decidem exercê-lo. O trabalho com forças de segurança como exército e polícia, por exemplo, ainda é visto como algo a ser desempenhado por homens, havendo assim uma diferença de gênero notável quando se observa quantas mulheres atuam nos efetivos dessas instituições.

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Neste Dia Internacional da Mulher, data marcada pela luta feminina pela igualdade de direitos, LeiaJá fez uma entrevista com Manoela Correia de Carvalho, que é 2º Sargento da Polícia Militar de Pernambuco (PM-PE) para entender como é o dia a dia de mulheres policiais e quais são os desafios enfrentados pelas policiais em uma sociedade machista. 

Incentivo do pai, medo da mãe

Manoela tem dois filhos e 34 anos, dos quais 13 foram dedicados à PM. Por incentivo de seu pai, que também é militar e via na filha habilidades que poderiam ser interessantes na carreira policial, Manoela foi estimulada a fazer o concurso da polícia ainda bem cedo, aos 18 anos, ingressando na corporação como Soldado. 

“Fiz concurso público com 18 anos, logo que eu terminei o Ensino Médio. Eu estava estudando para o vestibular, então não tive dificuldades com a parte intelectual, na de saúde também não, e como eu já praticava esportes, não tive dificuldades de ser aprovada nos testes físicos”, contou ela, que praticava vôlei e também já fez treinos de natação, mas nem pensava em si mesma como policial.

Foi já depois de ser aprovada no concurso público, durante o curso de formação de oficiais, que Manoela começou a entender exatamente como seria o trabalho na Polícia Militar e, segundo ela, a primeira reação foi de estranheza. “Senti a mudança de ambiente, do mundo civil para o mundo militar. É uma cultura totalmente diferente, mas com o tempo você vai criando um carinho pela profissão. Tudo termina recaindo sobre a polícia, a gente consegue ajudar as também com dificuldades sociais, e isso me causou uma afinidade pela profissão”, explicou a Sargento.

No que diz respeito ao restante da família, Manoela explicou que por sempre ter tido uma personalidade tranquila e divertida, o restante da família estranhou um pouco a sua escolha por não ver nela o perfil do que se imagina de uma pessoa que trabalha na polícia. A mãe de Manoela, por sua vez, sempre demonstrou preocupação e muito medo com a segurança de sua filha durante missões operacionais de patrulhamento. De acordo com ela, sempre que conta que vai para uma atividade operacional, ouve de sua mãe frases como “Ai, meu Deus, tenha cuidado”, especialmente depois de ter tido filhos. 

Pioneirismo nas Unidades Especializadas

Ao longo de sua carreira, Manoela já passou por vários setores da polícia, entre unidades administrativas e operacionais, tendo feito parte, por exemplo, da Cavalaria, do Colégio Polícia, da Rádio Patrulha e, atualmente, do setor de comunicação, além de ter integrado o efetivo das Forças Armadas durante a missão das Olimpíadas Rio 2016 em Brasília e no Rio de Janeiro. 

A Sargento explica que a PM tem 193 anos, mas que só 35 anos atrás começou a aceitar mulheres, que a princípio só atuavam em tarefas administrativas ou nos batalhões de trânsito. Atualmente, de acordo com Manoela, apenas cerca de 20% do efetivo da Polícia Militar de Pernambuco é composto de policiais femininas, apesar de os editais de concurso público não separarem as vagas ofertadas por sexo.

Para ela, o que faz com que o número de mulheres policiais continue sendo menor, mesmo que esteja em crescimento, é o machismo presente na sociedade brasileira que faz com que muitas mulheres nem considerem trabalhar em profissões que exijam força e apresentem certos riscos, por não achar que podem. "Com certeza isso afasta o interesse, uma vez que não há barreiras, mas ao longo dos concursos a gente está vendo que vem aumentando o número de mulheres entrando na corporação à medida em que vai se tentando desmistificar essa questão, mas que isso atrapalha, atrapalha sim", disse Manoela. 

A Cavalaria foi a primeira unidade em que Manoela atuou, e também a primeira unidade de polícia especializada a aceitar mulheres. “A minha turma foi a primeira com policiais femininas na Cavalaria, as unidades especializadas não tinham mulheres, hoje a maioria está tendo. Uma das meninas foi selecionada para lá por engano, acharam que o nome dela era masculino e quando ela se apresentou o comandante disse ‘Ah, foi um engano, você é mulher e está aqui, vamos mandar você de volta’ mas o subcomandante sugeriu tentar, ela disse que tinha interesse e ele disse que chamaria mais seis mulheres para formar um pelotão feminino e eu fui uma dessas. O batalhão teve que ser reformado para ter instalações femininas, isso deu um pontapé inicial”, contou ela, que atualmente atua no setor de comunicação durante a semana e reforça o efetivo em finais de semana, feriados e grandes eventos. 

A presença de mulheres nos efetivos policiais, para Manoela, além de benéfica é também necessária, uma vez que a habilidade de resolução de conflitos com a razão e com estratégia antes do uso da força traz muitos ganhos ao serviço. Além disso, ela explica que unidades que têm mulheres estão mais preparadas para atender a diferentes tipos de ocorrências, e usou um exemplo da época em que ela atuava na Cavalaria. Confira: 

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“É preciso estar mais preparada que os homens”

Manoela explica que quando vai sair para alguma missão operacional, é preciso chegar mais cedo para colocar o fardamento, se armar, colocar os equipamentos de proteção individual mais adequados à missão do dia, se preparar fisicamente, conferir sua escala para sair e então oferecer o serviço de segurança. A escala, a depender da ocasião, pode enviar os policiais a vários lugares da Região Metropolitana do Recife (RMR) ou até mesmo para o interior do Estado, em épocas como o período de festas juninas, semana santa e eleições, por exemplo.  

Manoela explica que na rua o exercício do trabalho policial não tem diferenças para os homens e para as mulheres, mas que é preciso que as policiais femininas estejam sempre mais atentas durante as missões, pois o machismo faz com que muitas vezes os suspeitos se sintam mais à vontade para reagir contra elas. 

“Uma vez fizemos um cordão de isolamento, tinha homens passando e um deles quando viu um elo formado por duas mulheres, tentou passar por ali pelo fato de serem mulheres, aí o capitão ouviu e interviu. Acontece de tentarem reagir contra nós por ver a mulher como mais fraca, mas como temos o mesmo treinamento, a gente se impõe dentro da autoridade legal que exercemos. Quando estou dando aula em curso de formação, sempre digo às alunas que elas têm que estar sempre mais preparadas que os homens porque às vezes o criminoso pensa duas vezes em reagir a um comando de um policial homem, mas quando vê uma mulher pensa em reagir enxergando uma suposta facilidade. Tem que estar preparada e ligada porque se vier uma reação, com certeza vai vir para nós”, explicou a policial. 

Cuidados Institucionais

A 2º Sargento Manoela explica que há algumas peculiaridades a respeito do trabalho das policiais femininas que precisam ser observadas pela instituição para garantir o bem estar tanto das trabalhadoras como também de suas famílias em certos casos. 

Ela explica que é necessário que haja uma sensibilidade para “Adequar o local da escala para um local onde tenha banheiro e onde na missão não passe muitas horas em pé para policiais menstruadas ou que sofrem com TPM. Uma gestante não pode estar em atividade operacional porque é um serviço perigoso, uma lactante não pode ser empenhada para missões longe do bebê, etc. Tem que ter esse tipo de sensibilidade e tentamos regulamentar tudo por meio de portarias”, explicou ela. 

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No último domingo, a cerimônia do Oscar virou uma noite de empoderamento feminino. Ao receber o prêmio de melhor atriz pelo filme “Três Anúncios para um Crime”, Frances McDormand promoveu um levante com todas as mulheres indicadas neste edição, contra o machismo na indústria do cinema.

Ainda há muito coisa para ser conquistada e muita barreiras a serem quebradas, mas essas dificuldades não impediram algumas diretoras de realizarem obras que ficarão para sempre na história de Hollywood. Nesse Dia Internacional da Mulher, o LeiaJá destaca 10 longas de diretoras que são essenciais para todo fã de cinema. Confira a lista:

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Guerra ao Terror (2008) Direção: Kathryn Bigelow

Já que começamos falando de Oscar, a primeira indicação é o vencedor de 2010 de Melhor Filme e de outras cinco categorias, incluindo Direção para Kathryn Bigelow. Em Guerra ao Terror, acompanhamos a rotina de uma integrante do esquadrão antibomba do exército americano durante os conflitos no Iraque. Tenso até dizer chega.

 

 

Quero Ser Grande (1988) Direção: Penny Marshall

Provavelmente você conhece a clássica cena em que Tom Hanks e Robert Loggia dançam em cima das teclas de um piano gigante. Com Penny Marshall na cadeira de diretora, Quero Ser Grande se tornou uma comédia atemporal. Completa três décadas esse ano.

 

O Piano (1993) Direção: Jane Campion

Jane Campion escreveu e dirigiu um dos maiores clássicos dos anos 90. No Oscar daquele ano, ela levou o prêmio de Melhor Roteiro Original e seu filme ainda ficou com as estatuetas de Melhor Atriz (Holly Hunter) e Atriz Coadjuvante (Anna Paquin). Lacrou.  

 

 

Encontros e Desencontros (2003) Direção: Sofia Coppola

Sofia Coppola divide opiniões e nem todos os seus filmes são bem recebidos, mas Encontros e Desencontros talvez seja uma unanimidade. Ficou com o Oscar de Melhor Roteiro Original daquele ano.

 

 

O Babadook (2014) Direção: Jennifer Kent

A australiana Jennifer Kent escreveu e dirigiu um dos melhores longas de terror psicológico da década. A história da sinistra figura de cartola que assombra um garoto e sua mãe ganhou nada menos do que 55 prêmios em festivais do gênero. 

 

 

Mulher-Maravilha (2017) Direção: Patty Jenkins

O tão criticado Universo DC nos cinemas, finalmente, ganhou um exemplar que agradou quase todo mundo. A Mulher-Maravilha de Patty Jenkins foi um dos melhores filmes de super herói do ano passado e sua continuação tem tudo para bombar de novo.

 

 

Cemitério Maldito (1989) Direção: Mary Lambert

Clássico do cine trash, Cemitério Maldito é umas das adaptações da obra de Stephen King de maior sucesso nos cinemas. Mary Lambert, que na época era mais conhecida por dirigir videoclipes, foi a responsável por cenas clássicas envolvendo um gato zumbi, bisturis e um fantasma. Uma fofa.

 

Primeiro, Mataram o Meu Pai (2017) Direção: Angelina Jolie

Após brilhar em vários e vários filmes, Angelina Jolie foi para detrás das câmeras contar a história de ativista de direitos humanos Loung Ung, que sofreu os horrores do regime do Khmer Vermelho no Camboja.

 

Que Horas Ela Volta? (2015) Direção: Anna Muylaert

Representante nacional na lista, Anna Muylaert emocionou o Brasil inteiro com a complicada relação entre Val (Regina Casé) e Jéssica (Camila Márdila), mãe e filha separadas pela distância entre Pernambuco e São Paulo e pelas diferenças culturais. Ganhou 28 prêmios ao redor do mundo. 

 

 

Quanto Mais Idiota Melhor (1992) Direção: Penelope Spheeris

Mike Myers escreveu um dos roteiros mais malucos do cinema e deu à Penelope Spheeris a missão de transformar Wayne's World em um sucesso. E ela conseguiu. A comédia faturou 180 milhões de dólares ao redor do mundo. 

 

A americana Naomi Parker Fraley, que na época da Segunda Guerra Mundial inspirou o icônico pôster "Rosie the Riveter" (Rosie, a operária), posteriormente transformado em um símbolo feminista, faleceu aos 96 anos.

O pôster de propaganda da época da guerra, feito em cores primárias, mostra uma mulher jovem vestindo macacão azul e bandana de bolinhas vermelhas e brancas, e com a manga puxada para trás, mostrando o bíceps, sob o slogan "We can do it!" (Nós damos conta!).

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A imagem que promovia o trabalho das mulheres durante a Segunda Guerra Mundial foi brevemente colocada em fábricas americanas em 1943 para combater o absenteísmo e desencorajar convocações para greve.

Posteriormente, nos anos 1980, foi reintroduzida dos arquivos americanos e logo se tornou emblemática pelo papel que as mulheres tiveram nas fábricas ao substituírem os homens durante a guerra.

A imagem foi copiada, imitada e parodiada inúmeras vezes, e regularmente aparece em manifestações feministas.

No ano passado, a revista The New Yorker publicou o pôster reeditado, no qual uma mulher negra aparece fazendo a mesma pose, sendo que a bandana foi substituída por um "pussy hat" cor-de-rosa, usado durante a Marcha da Mulheres no dia da posse de Donald Trump.

Fraley teve a morte, em 20 de janeiro, confirmada pela nora, Marnie Blankenship, ao New York Times na segunda-feira.

Durante décadas, ela não foi reconhecida como a modelo do cartaz. Outra operária, Geraldine Hoff Doyle, foi erradamente identificada como a mulher da ilustração.

Em 2016, o acadêmico James Kimble, da Universidade Seton Hall, de Nova Jersey, publicou um relatório, apoiando a reivindicação de Fraley, que dizia ter sido a inspiração para o cartaz.

Ele descobriu uma fotografia em preto e branco de 1942 que mostra Fraley, então com 20 anos, usando a bandana de bolinhas, que segurava o seu cabelo enquanto ela operava uma máquina na fábrica de equipamentos militares de Alameda, na Califórnia, onde trabalhava.

"Naqueles tempos, as mulheres deste país precisavam de alguns ícones", disse Fraley à revista People em 2016. "Se acham que eu sou um, fico feliz".

A artista sensação do momento no Brasil, Anitta, disse à AFP que se considera feminista e que tenta combater o machismo através de seu trabalho, em meio à polêmica envolvendo seu último videoclipe, 'Vai Malandra', dirigido pelo americano Terry Richardson.

A cantora, de 24 anos, foi tanto elogiada como criticada por este clipe viral, gravado na comunidade do Vidigal, no Rio de Janeiro, em que exibe suas celulites, rebola na frente de rappers hipnotizados e aparece tomando sol em uma laje com várias meninas de biquíni de fita isolante.

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Para algumas feministas, a hipersexualização exibida no clipe contribui para a objetificação das mulheres, em especial as periféricas, enquanto outras a consideraram um instrumento de empoderamento feminino.

E Anitta, se considera feminista?

"Sim. Eu como mulher tento fazer a minha parte. Falta muito ainda para que todas nós tenhamos direitos iguais" aos dos homens, respondeu nesta terça-feira Anitta em uma breve entrevista por e-mail à AFP.

"O machismo no Brasil é muito grande. Mas acredito na mudança. Juntas somos mais fortes", acrescentou.

Um dos pontos mais criticados de 'Vai Malandra' foi a contratação, como diretor, do fotógrafo de moda Terry Richardson, vetado recentemente de revistas renomadas como a Vogue por denúncias de assédio sexual.

Quando estourou a polêmica, Anitta disse que quando soube das acusações contra Richardson, após a gravação do clipe, estudou o que poderia ser feito juridicamente, e que, apesar de repudiar qualquer tipo de assédio, decidiu prosseguir com o lançamento do clipe, em respeito às pessoas que tinham trabalhado nele.

- De um 2017 histórico... à Copa da Rússia 2018? -

Com milhões de seguidores em suas redes sociais, Anitta, que acaba de se apresentar no Réveillon da praia de Copacabana para 2,4 milhões de pessoas, se consagrou no ano passado como a rainha do pop no Brasil.

Depois de um 2017 repleto de parcerias internacionais e de lançamentos de singles em inglês, como "Is that for me", e em espanhol, como "Paradinha" e "Downtown", com J Balvin, seu nome começa a ganhar força fora do país.

O ano de 2017 "foi muito importante na minha carreira. (...) Considero que marcou minha história para sempre", disse a cantora, citando o 'Check Mate', projeto audacioso em que lançou um clipe por mês de setembro a dezembro, que acaba de concluir com "Vai Malandra".

O sucesso de "Vai Malandra", aliás, é significativo: já acumula 90 milhões de visualizações com pouco mais de 15 dias no YouTube.

E é graças a este hit - que chegou a estar no top 20 global do Spotify e que a levou a entrar no top 10 de um ranking da Billboard - que alguns já se aventuram a compará-la com divas como Shakira, Rihanna e inclusive Beyoncé.

Anitta se orgulha, além disso, de ajudar a dar cara nova à riqueza musical do Brasil no exterior, mundialmente associada ao samba ou à bossa nova.

"Acho que o fato de estarmos com um funk lá fora mostra ainda mais nossa diversidade musical. [É] Importante pra tanta gente que trabalha com música e com o funk", afirmou.

"Tenho algumas músicas já prontas para 2018. Muita coisa legal está por vir", disse a artista, misteriosa, sobre os próximos passos da carreira.

Perguntada sobre os rumores de que poderia ter alguma participação na Copa do Mundo de 2018, na Rússia, a cantora a princípio negou, mas demonstrou interesse: "Não houve convite. Eu adoraria, claro!".

Após a reportagem do LeiaJa.com que traz casos de mulheres vítimas de algum tipo de violência que ao chegarem à delegacia para realizar a denúncia foram destratadas, a Polícia Civil enviou um posicionamento através de nota. “O atendimento de excelência, humano e sem julgamento, nas Delegacias da Mulher - e também nas demais delegacias do Estado - é uma constante preocupação da PCPE”, diz o texto. 

De acordo com a Polícia Civil, de janeiro até o mês de novembro deste ano, 30.182 mulheres prestaram queixas contra agressões físicas, verbais, psicológicas e sexuais em Pernambuco. Desse número, três foram vítimas de feminicídio. 

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Foram solicitadas pelas onze Delegacias Especializadas da Mulher do Estado, 5.176 Medidas Protetivas até novembro deste ano. “Todas encaminhadas ao Poder Judiciário em menos de 48 horas, como determina a lei. Importante ressaltar que cabe ao Judiciário decidir sobre a expedição das Medidas Protetivas, assim como a notificação delas à vítima e ao agressor”, explica a nota da instituição. Mais de 40% dessas medidas foram realizadas na Delegacia da Mulher de Santo Amaro, local em que três das mulheres citadas na reportagem alegaram ter sido maltratadas. 

Sobre essa questão do atendimento, a nota diz que todos os servidores das Delegacias da Mulher são preparados para lidar com estado de pressão e vulnerabilidade das vítimas. “As capacitações são continuadas e constantes. Os novos policiais, que estão em formação na academia, já receberam treinamento específico para lidar com vítimas de violência”. Vale destacar que uma das mulheres ouvida pela reportagem disse ter sido vítima de psicologia reversa por uma delegada da Delegacia da Mulher de Santo Amaro.

Por fim, a corporação diz que mais de cinco mil pessoas, entre policiais civis, militares, alunos de escola pública, associação de bairros, sindicatos, igrejas e canteiras de obra, receberam orientações sobre os direitos da mulher vítima de violência doméstica, oferecido pelos profissionais do Departamento da Mulher. Em caso de atendimento inadequado, a recomendação é procurar a ouvidoria da Secretaria da Mulher, no número 0800.281.8187. “Todas as denúncias serão apuradas e caso comprovado, as medidas cabíveis - que vão desde novas capacitações, remoção do serviço de atendimento à mulher até o processo administrativo – serão tomadas”.

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A estudante de Pedagogia Remís Carla Costa, de 24 anos, antes de ser assassinada pelo companheiro já vinha sendo vítima de violências do mesmo. Quando decidiu denunciar Paulo César Oliveira da Silva por agressões, a experiência na delegacia foi como uma extensão da violência que Remís pretendia relatar. Ao invés de oferecer acolhimento adequado a uma pessoa fragilizada, a polícia entregou um atendimento grosseiro, lento, intimidador e desdenhoso.

A história daquele 23 de novembro de 2017 está em um forte relato escrito por Jéssika Alves, amiga próxima de Remís. O LeiaJa.com traz este e mais alguns casos de mulheres que decidiram não se silenciar e procurar apoio das instituições de segurança, mas que acabaram vivendo uma experiência muito ruim por causa de policiais despreparados.

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Remís Carla Costa, 24 anos - Na Delegacia da Mulher de Santo Amaro, no centro do Recife, a estudante foi constantemente incentivada a desistir da denúncia de lesão corporal, crime de dano, injúria, ameaça e cárcere privado. "Tem certeza que você quer fazer isso? É muito burocrático, você vai ter que ir em muitos lugares" e "Por que você não largou esse homem?" foram algumas das frases que Remís precisou ouvir, segundo relato da sua amiga.

O procedimento era lento. Remís e Jéssika foram informadas que precisariam se deslocar sozinhas ao Instituto de Medicina Legal (IML) para exame de corpo de delito. Lá, a vítima entra só em uma sala. "O perito perguntou porque foi que eu não vim ontem, que foi o dia da agressão, esfregou minha roncha e perguntou se eu não tinha pintado de caneta", teria dito a jovem ao sair da sala.

Elas voltaram à delegacia para solicitar a medida protetiva. Foram horas de uma espera angustiante em um ambiente nada convidativo. O pedido de proteção seria encaminhado para um juiz fazer a liberação e demoraria cerca de dez dias, apesar da Lei Maria da Penha informar que o delegado deve remeter o pedido ao juiz para que este aprecie em até 48 horas.

Remís foi assassinada pelo companheiro no dia 17 de dezembro na residência dele, no bairro da Várzea, Zona Oeste do Recife. A Polícia Civil disse que Paulo César não foi notificado da medida protetiva porque não foi localizado pela Justiça. Confira o relato completo de Jéssika Alves:

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F.N., 35 anos - Moradora de uma comunidade pobre de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, a doméstica F.N. era vítima de violência psicológica constante praticada pelo companheiro. Mãe de duas crianças e grávida do terceiro filho, ela era verbalmente agredida na frente de todos.

"Ele tratava a mulher como se fosse uma serviçal", conta a amiga que levou F.N. até a polícia. Com o passar do tempo, a situação ficou mais crítica. O marido chamava a companheira de 'burra', dava empurrões e a puxava pelo cabelo.

Um dia, F.N. teve uma trombose. No celular da amiga, havia dez chamadas telefônicas não atendidas. Era a doméstica pedindo socorro. Do quarto, o marido gritou "é frescura".

Na 2ª Delegacia de Polícia da Mulher, na Estrada da Batalha, em Jaboatão, a doméstica foi recebida por um policial. "Você não percebeu essa situação antes? Por que demorou esse tempo todinho?", ela ouviu.

As perguntas eram feitas logo na recepção, na frente de outras pessoas. "O senhor vai fazer a ouvida aqui mesmo? Não tem sala adequada?", a amiga cobrou.

F.N. foi levada para uma sala para dar mais detalhes pessoais. Foi nesse momento que o policial que a atendeu deu em cima dela. "Ela saiu dizendo 'cheguei lá, o policial ficou se insinuando para mim, disse que qualquer coisa eu podia ligar para ele, anotou o número no papelzinho, ficou dando em cima de mim. Eu já estava numa situação difícil, suando frio, que absurdo'", lembra a amiga.

T.C., 29 anos – Em outubro, a mulher, que tem o costume de dormir despida, acordou com um pedreiro na janela, lhe encarando. O condomínio onde mora, em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, passava por obras, mas em local distante, o que faz T.C. pensar que o homem possa ter premeditado aquilo.

Ela procurou a Delegacia de Boa Viagem no dia seguinte, quando estava um pouco mais calma. A vítima foi recebida por dois agentes. “Eles se comportaram como se fosse algo comum, disseram que não era motivo de fazer boletim de ocorrência”, ela conta. Para os agentes, não havia provas e o pedreiro poderia argumentar que estava apenas trabalhando.

T.C. diz ter ficado em choque e cobrado pelo menos um boletim para ser colocado na portaria do prédio. O agente disse que iria fazer apenas por ela estar pedindo, porque não daria em nada e não havia motivo para o homem ser chamado. “Por isso tantas desgraças acontecem”, disse T.C. aos policiais. Os agentes resolveram chamar o delegado de plantão. “Ele veio, disse ‘isso aí nem...’ e foi embora. Hoje continuo com medo. Não sei o que pode acontecer amanhã ou depois. Foi chocante, você já está chocada e ter que escutar isso tudo. Eu me senti humilhada, indefesa, desprotegida e arrependida de ter ido”.

L.C., 34 anos - Em outubro deste ano, L.C. sofreu quase uma hora de espancamento do marido em seu apartamento em Boa Viagem, Zona Sul do Recife. A agressão só parou porque ela conseguiu fugir até a portaria do prédio. Lá, pediu ao porteiro que acionasse sua família e a polícia.

Quando os policiais chegaram, questionaram se ela tinha certeza que queria que subissem até o apartamento, pois acarretaria na prisão do companheiro. "Daí eles, os policiais, disseram que estavam largando e foram embora", lembra a fisioterapeuta. 

Na delegacia, L.C. passava mal e vomitava. "Quando [a delegada] perguntou pelo agressor aos meus pais e soube que os policiais não subiram por eu não permitir, pois essa foi a versão dos policiais para justificar que não entraram, ela começou a dizer que eu não permiti porque fiquei com peninha dele e da mãe dele e se fiz isso era porque iria voltar para ele", lembra a vítima. 

"Depois com o escrivão, tive que ouvir de outro agente o seguinte: 'menino, o cabra tava com raiva mesmo, que estrago que ele fez', mas isso com um tom de deboche misturado com a rotina", diz a mulher. 

Na delegacia, ela foi informada para ligar dentro de oito dias para saber onde buscar a medida protetiva. "Ser vítima vai além da dor física, dos traumas. A gente tem que lutar e gritar para que todos entendam que isso não pode ficar assim".

O LeiaJa.com procurou a Polícia Civil para conversar com alguma representante do Departamento de Polícia da Mulher. O órgão informou que irá se posicionar através de nota. 

 

Entrevista com Wânia Pasinato, socióloga, representante da ONU Mulheres no Brasil e consultora independente em pesquisas aplicadas sobre Gênero, Violência e Políticas de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres para projetos do governo e de ONGs

LeiaJa.com (LJ) - Por que há tantos casos de mulheres que são destratadas nas delegacias e têm suas denúncias minimizadas?

Wânia Pasinato (WP) - Infelizmente nós ainda precisamos investir mais nesse atendimento, na capacitação dos policiais. Esse primeiro atendimento é fundamental para que a mulher tome coragem de fazer a denúncia, para que se sinta respeitada, e para que o caso tenha o encaminhamento correto na rapidez que é necessária. Precisamos investir em procedimentos novos, protocolos para atendimento.

LJ - Este é um problema nacional ou você acha que é uma situação exclusiva de certas regiões?

WP - Do que eu conheço de Brasil, é um problema nacional. Talvez pudéssemos apontar raríssimas exceções, que são casos pessoais, homens ou mulheres que já tenham uma formação anterior. No quadro geral, é uma falha histórica na constituição das delegacias da mulher. Entendemos que é preciso um serviço especializado para atender mulheres vítimas de violência. A delegacia da mulher não pode ser limitada à existência de uma placa na porta, equipe formada só por mulheres ou predominantemente de mulheres. Tem que ser um local orientado para dar uma resposta adequada às violências cotidianas, física, psicológica, ameaças, para que a gente possa de forma mais concreta não só aplicar a Lei Maria da Penha, mas evitar mortes como a da estudante, que teve um alcance nacional.

LJ - O que é preciso para que a construção de um atendimento mais adequado às mulheres nas delegacias seja feita com maior celeridade?

WP - A Secretaria de Segurança Pública precisa responder pela morte dessas mulheres. O inquérito tem que ser mais ágil. Há uma parcela de culpa do judiciário, que não aprecia as medidas protetivas no tempo previsto da lei, de 48 horas. E quando a medida for aprovada, que seja logo entregue ao autor da violência. Essa é a mensagem do Estado de que está de olho no comportamento dele. Só isso não vai inibir o comportamento criminoso, mas nos ajuda a ter alguma garantia que o Estado está se mobilizando para aplicar a Lei Maria da Penha. Temos que investir na formação dos policiais, dos oficiais de Justiça, dos próprios juízes e ministério público e desenvolver mais protocolos. É preciso que delegacias estejam equipadas. Tudo já está previsto na legislação e nenhum governo deu cumprimento de uma maneira integral. Precisamos que nossos governos cumpram aquilo que já temos nos nossos instrumentos legais. Não é preciso mais lei nem punição mais severa.

LJ - Queria voltar à primeira pergunta. Tudo bem que é preciso investir em capacitação, mas, novamente, por que há tantos casos de mulheres destratadas nas delegacias? O tratamento adequado não deveria ser o básico?

WP - Sim, atendimento digno é óbvio, é o básico, já devíamos ter condição de parar de cobrar isso. Falam que o policial precisa ser sensível para o atendimento. Ele não precisa ser sensível, é um funcionário público, tem que atender com respeito qualquer cidadão. Infelizmente, embora tanto se fale na gravidade da violência contra a mulher, isso ainda é visto como problema de menor importância, é um problema cultural. Ainda temos na nossa sociedade como se isso fosse um problema da mulher, privado, que ela tem que resolver porque provavelmente ela provocou, pelo seu comportamento, pela forma de tratar seu companheiro. Há uma minimização da gravidade da violência e de ver isso como um problema estrutural, que precisa ser resolvido com políticas públicas. Falamos muito mais do que falávamos 11 anos atrás, temos certo alerta quando se trata desses casos, mas ainda há um longo caminho.

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2017 foi mais um ano para as mulheres mostrarem, através da sororidade, o quão forte e unidas estão. O LeiaJa.com montou uma lista com algumas das diversas iniciativas de mulheres para mulheres iniciadas ou existentes ainda neste ano.

#MexeucomUmaMexeucomTodas

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Movimento na internet após a denúncia de assédio sexual feito pela figurinista Su Tonani contra o ator José Mayer. Funcionárias da emissora tiveram participação importante na mobilização.

#MeToo

A partir da denúncia de assédio contra o produtor Harvey Weinstein, surgiu a hashtag #MeToo, ou #EuTambém no Brasil, em que mulheres envolvidas com a indústria em todos os níveis passaram a relatar histórias de abuso sexual.

The Women's March 

Foi um protesto realizado em várias partes do globo no dia 21 de janeiro deste ano. A manifestação lutava pelo direito das mulheres, reforma na política de imigração, reforma do sistema de saúde, direitos reprodutivos, direitos LGBT, igualdade de raça, liberdade religiosa, entre outras demandas. Nos Estados Unidos, o principal alvo foi o presidente Donald Trump, por causa de suas opiniões consideradas misóginas. 

Um Emprego pra Rebeca 

Campanha para ajudar Rebeca Mendes Silva Leite, de 30 anos, a conseguir um emprego. Movimentos feministas também lutaram para que a mulher conseguisse autorização para abortar no Brasil. Ela teve a solicitação negada no Supremo Tribunal Federal (STF) e no Tribunal de Justiça de São Paulo. A estudante conseguiu realizar a interrupção na Colômbia. Com um trabalho temporário prestes a encerrar, ela teme não conseguir outro emprego por conta da decisão que tomou.

União de Mães de Anjos (UMA) 

Organização pernambucana criada ainda em 2015 por mães de crianças com microcefalia. Atualmente, o grupo atende mais de 300 famílias lutando por assistência adequada para seus filhos.

Beta, a robô feminista

Betânia, ou beta, é uma robô programada para dar orientações sobre o direito das mulheres através de mensagens do Facebook. O dispositivo ajuda a mobilizar pessoas contra projetos de lei, por exemplo. De forma automática, Beta responde sobre o que é feminismo e machismo e atualiza sobre ações políticas que envolvem direitos das mulheres.

Laudelina 

Aplicativo desenvolvido pela ONG Themis direcionado para empregadas domésticas. O app informa sobre salários, direitos, rescisão contratual, telefones úteis, além de oferecer espaço para denunciar abusos.

Networking das Minas 

Grupo no Facebook para divulgar oportunidades de empregos a mulheres. O público utiliza o espaço para descrever um pouco das suas aptidões em busca de empregadores. O grupo de Pernambuco possui mais de 4 mil membros. 

Leia Mulheres 

Criado ainda em 2014, o projeto incentiva a leitura de escritoras. Encontros acontecem em cidades como Recife, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, entre outras. 

Pegue um, caso precise. Deixe um, se tiver sobrando 

Projeto surgido em 2016 na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Consistia em um posto improvisado de doações de absorventes. Os pontos se multiplicaram na instituição, também surgindo em outras universidades, como a Católica. Segundo os estudantes, a iniciativa não está mais vigente neste final de ano. 

A cantora Marília Mendonça é uma das representantes de um novo movimento musical criado no Brasil, o feminejo. Cantando as agruras dos amores mal resolvidos e a necessidade de superar a 'sofrência' causada por eles, com cachaça ou outros subterfúgios, ela alcançou o topo das paradas e conquistou inúmeros fãs. Mulher, ela garante ser o próprio feminismo em si.

Em entrevista para a TV Folha, a cantora falou sobre sua posição enquanto mulher. "Meu feminismo não é feito de teoria", disse. Ela contou como rejeitou mudar de visual aderindo a dietas malucas e treinos pesados, sugeridos pelo seu empresário, no início da carreira e garantiu se amar do jeito que é. "A minha vida representa o feminismo, eu sou o feminismo", disse categoricamente.

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Ela também falou sobre sua relação com os fãs. Marília revelou ser procurada por muito deles para aconselhamentos amorosos, como se fosse uma amiga deles. Um destes conselhos, ela revelou qual é - o segredo para se curar da 'sofrência': "Você tem que tomar atitude, primeiramente, e saber que você não precisa de nada nocivo na sua vida".  

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O grupo norte-americano de ativismo feminista Guerrillas Girls está com uma mostra em cartaz no Museu de Artes de São Paulo (Masp) que chama a atenção do público e da classe artística para a desigualdade de gêneros dentro deste universo. O grupo milita há 30 anos pela causa e todas mantém o anonimato, usando a identidade de importante personagens feministas históricas.

Elas também trouxeram 100 impressos que fizeram parte de uma exposição no Museu de Arte Moderna (MAM). De acordo com um dos manifestos do grupo, “existem mais mulheres nuas expostas em museus do que artistas que assinam as peças”. As Guerrillas Girls ressaltam o fato de que uma das mais renomadas instituições de arte do mundo, o Metropolitan de Nova Iorque, possui apenas 4% de material assinado por mulheres.

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As ativistas começaram seu trabalho nos anos 80 colando cartazes pelas ruas da cidade e, com a repercussão e a fama, passaram a usar máscaras de gorila para manter a identidade protegida. O gorila foi escolhido por conta da sonoridade da palavra ser próxima de “guerrilha”.

GUERILLAS GIRLS

Data: 29/09/17 a 14/02/18

Local: MASP - Av. Paulista, 1578

São Paulo-São Paulo

Entrada: R$ 15 na bilheteria do MASP ou pelo site https://www.ingressorapido.com.br/venda/?id=1035#!/tickets

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