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O aumento no volume de despesas herdadas de anos anteriores, inscritas nos chamados restos a pagar, vai elevar a pressão sobre o Orçamento em 2021. O estoque de compromissos soma R$ 227,8 bilhões, resultado da combinação de gastos com Covid-19, maior volume de emendas parlamentares e autorização do Tribunal de Contas da União (TCU) para rolar despesas com obras que sequer haviam começado.

Uma parte dessa pressão deve se dissipar logo em janeiro, com o cancelamento de ao menos R$ 10 bilhões de restos a pagar que foram inscritos para garantir espaço para transferências a Estados e municípios e outras despesas no início de 2021, mas acabaram não se concretizando.

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Uma sobra bilionária de emendas parlamentares, porém, vai disputar espaço dentro do teto de gastos com despesas previstas no Orçamento de 2021, obrigando ministérios a eleger qual delas terá prioridade. Foram inscritos R$ 28,7 bilhões em emendas dos congressistas, quase o dobro do ano passado. A maior parte dessas emendas (R$ 11,1 bilhões) está concentrada no Ministério do Desenvolvimento Regional.

Como mostrou o Estadão/Broadcast, o MDR foi um dos principais artífices do pedido feito ao TCU para usar o Orçamento de 2020 para bancar gastos executados apenas neste ano, o que foi atendido. Algumas dessas obras não tinham sequer contrato firmado, mas foram inscritas nos chamados restos a pagar e, agora, vão disputar espaço dentro do limite financeiro do MDR.

O subsecretário de Planejamento e Estatísticas Fiscais do Tesouro Nacional, Pedro Jucá, lembra que esses gastos, embora autorizados pelo TCU, têm uma regra mais restrita e precisam necessariamente ser concluídos ainda em 2021, sob pena de serem cancelados, enquanto as demais inscrições têm prazos de até três anos para serem concluídas. Além disso, as despesas concorrem com outros gastos dentro do teto.

Há também as despesas com a Covid-19: R$ 37,7 bilhões que ficaram para serem executados em 2021, dinheiro que inclui a verba para compra de vacinas contra a doença. Essa parcela fica fora do teto, mas é contabilizada para efeito da meta de resultado primário.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O início do ano costuma ser o período em que muitos brasileiros refletem sobre o planejamento financeiro. É também o momento de pagar dívidas, já que os gastos de fim de ano pesam no orçamento, além dos impostos e da volta às aulas, entre outros.

Planejar as finanças em 2021 é uma meta para o estudante de Tecnologia da Informação e streamer Bruno Henrique, 32 anos, de São Paulo, que não quer fazer dívidas que vão além de seus ganhos e deseja continuar a manter o cartão de crédito em dia. Ele precisou investir em um microfone de R$ 1.159 para realizar as lives em seu canal no YouTube, e se prepara para uma nova despesa. "A maior dívida de 2021 será alugar e mobiliar uma casa", conta.

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Para iniciar um planejamento financeiro, é necessário ter anotado em papel, planilhas ou aplicativos, os gastos fixos, que são aqueles presentes todos os meses, como luz, água, internet e telefone. Ao fazer isso, o consultor financeiro, especialista em investimentos e finanças pessoais Guilherme Prado explica que os custos poderão ser subtraídos da receita mensal. "O segundo passo é estipular um valor que você pode gastar com custos extras, como roupas, acessórios, restaurantes, entre outros gastos que não são periódicos. Primeiro as obrigações previsíveis e periódicas e, depois, o resto", recomenda.

No Brasil, o começo do ano é marcado por despesas como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e o Imposto sobre Propriedades de Veículos Automotores (IPVA). Além disso, existem os gastos escolares para aqueles que têm filhos. O consultor financeiro aconselha buscar promoções de materiais escolares, tentar honrar os compromissos de moradia, água, luz, impostos e, sempre que possível, se prevenir para o próximo ano. "Digamos que seu IPVA para 2022 é de R$ 800. Que tal guardar R$ 67 por mês durante 2021 para quitar à vista. Você pode fazer isso com qualquer despesa previsível e sazonal", orienta Prado.

O cartão de crédito pode ser uma ferramenta benéfica na gestão financeira, mas pode ser prejudicial ao ser utilizado de maneira indevida. Muitos possuem limites de crédito igual ou maior que suas rendas mensais, e alguns optam por gastar tanto o salário, como o limite do cartão de crédito. "A forma mais simples de lidar com isso é escolher. Ou você usa tudo no débito ou tudo no crédito, para evitar dores de cabeça no futuro", explica Prado.

O consultor financeiro destaca que negociar dívidas ou solicitar descontos deve ser um hábito para aqueles que estão endividados ou desejam reduzir os gastos. "Se você busca negociar, isso demonstra uma responsabilidade da sua parte e, na maioria dos casos, você terá êxito na negociação", finaliza.

A Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado calculou, em relatório divulgado nesta segunda-feira (18) que os gastos com a Covid-19 em 2021 somam R$ 36,1 bilhões até o momento. Esse valor está relacionado às despesas transferidas de 2020 para 2021, chamadas no jargão orçamentário de restos a pagar - de R$ 16,1 bilhões, mais o crédito de R$ 20 bilhões para implementação da vacinação.

Segundo a IFI, dos R$ 16,1 bilhões em restos a pagar, R$ 2,3 bilhões são relativos ao auxílio emergencial a vulneráveis e trabalhadores informais e R$ 8 bilhões tem a ver com o benefício a trabalhadores formais.

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"O espaço para gastos novos não existe. Precisaria cortar ainda mais as discricionárias (gastos que não são obrigatórios e envolvem os investimentos). Aumentando o risco de shutdown (paralisia na máquina pública)", afirma o diretor executivo da IFI, Felipe Salto. Na sua avaliação, os gastos com auxílio emergencial carregados para 2021 são pequenos. "Resta ver o que o Congresso fará. Isto é, se haverá ou não outros programas para atendimento da população que está desguarnecida." Ele destaca que a criação de um programa de renda básica permanente, que chegou a ser anunciada mais de uma vez pelo governo em 2020, não avançou e parece cada vez mais distante.

Em dezembro, o gasto com o auxílio emergencial foi de R$ 17,4 bilhões, de acordo com os cálculos da IFI. É bem inferior ao observado na primeira versão do benefício. Entre junho e agosto, o auxílio chegou a consumir cerca de R$ 45,9 bilhões por mês.

O relatório mostra que o tamanho dos restos a pagar em 2021 acabou ficando maior do que o valor indicado pelo governo na Lei de Diretrizes Orçamentárias, em dezembro, de R$ 31,6 bilhões. "Esses valores não necessariamente serão integralmente gastos, mas é importante observar que contemplam uma espécie de limite máximo de gastos que poderiam ser feitos sem afetar o teto de gastos, por se tratar de orçamento de créditos da covid trazidos de 2020", explica.

Para minimizar o risco de rompimento do teto de gastos (regra que limita o crescimento das despesas acima da inflação), a IFI prevê que o governo tenha de cortar ainda mais a despesa discricionária, que já está bastante comprimida, aumentando o risco de uma paralisação da máquina pública ou de um conjunto de políticas públicas essenciais. A projeção da IFI para o déficit das contas do governo de 2021 é de R$ 218,2 bilhões, ou 2,9% do PIB. A meta do governo é de déficit de R$ 247,1 bilhões.

Orçamento

O Orçamento de 2021 não deve ser aprovado antes de abril, prevê também a IFI. O cálculo da instituição que acompanha as contas públicas é que não deve ocorrer com o projeto do Orçamento o que foi feito com a LDO. O projeto da LDO foi votado em dezembro diretamente pelo plenário do Congresso, sem passar pelo rito constitucional ordinário.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Como parte do início de ano, a chegada das tradicionais dívidas tira o sono de muitos contribuintes, que geralmente não se planejam e se desdobram de última hora para arcar com as despesas. Para evitar a dor de cabeça, o LeiaJá conversou com um especialista em finanças, que deu dicas para controlar os gastos e, por que não, dar início a uma vida como investidor.

“O início de ano demanda muitos custos. Eu tenho matrículas escolares de duas filhas, material escolar, emplacamento e IPVA de dois veículos, entre outras”, relata o corretor imobiliário Bruno Morais. Ele conta que até costuma reservar parte do salário para possíveis emergências, mas neste ano "o material e livro escolar está pesando muito neste início e o IPVA está muito caro”.

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O corretor Bruno Morais, acompanhado da esposa Silvana e das filhas Clara e Lara/ Arquivo Pessoal

Em um ano desafiador, Bruno comenta que o setor de imóveis gerou bons negócios e, por isso, não precisou do auxílio emergencial. “Temos uma renda informal, né? E cabe a nós buscar o resultado”, acrescenta o corretor, que repassou sua própria estratégia de saúde financeira. “Minha dica é nunca gastar mais do que você ganhar e sempre reservar, no mínimo, 10% da sua receita mensal. Este é meu segredo”, concluiu.

Procurado pelo LeiaJá, o economista Tiago Monteiro também destacou a importância do controle de gastos. “Para isso, uma planilha de Excel, um aplicativo e até o velho e bom lápis e papel podem auxiliar a identificar supérfluos e o que pode ser ajustado para garantir uma vida sem riscos, mas também com alguns prazeres", indicou ao ressaltar, "equilíbrio é a base de tudo”.

Com o 13º em mãos, o especialista recomenda realizar a anamnese financeira para verificar os reajustes necessários e onde dá para poupar. Para isso, basta mapear as despesas e dividi-las em obrigatórias - como água, luz, escola, telefone, internet - e supérfluos – como Netflix, planos de jogos, e etc, que seriam contas desnecessárias. Depois, analisar todos os recebíveis como salários, possíveis bônus para que sua realidade econômica venha à tona.

A projeção de gastos e receitas futuras são fundamentais para evitar cair na tentação dos cartões de crédito, cheques especiais e empréstimos, e assim fugir de possíveis novas dívidas. Com o planejamento bem estruturado e o reajuste de gastos definido com o corte dos supérfluos, Tiago garante que sempre sobra um dinheirinho no fim do mês.

Após se livrar de contas atrasadas e conseguir acumular recursos, ele sugere o início de uma vida de investimentos, sempre apoiada por um profissional para evitar grandes perdas. Dessa forma, o dinheiro pode "trabalhar" em seu benefício, afirma.

Após três reduções seguidas, o número de brasileiros com dívidas voltou a subir no último mês de 2020, informou nesta quarta-feira (6) a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) de dezembro apontou que 66,3% dos consumidores estão endividados, uma alta de 0,3 ponto percentual com relação a novembro. No comparativo anual, o indicador registrou aumento de 0,7 ponto percentual.

Para o presidente da CNC, José Roberto Tadros, o crédito deve ganhar destaque na retomada da economia em 2021. “É importante não somente seguir ampliando o acesso aos recursos com custos mais baixos, mas também alongar os prazos de pagamento das dívidas para mitigar o risco da inadimplência no sistema financeiro”, disse, em nota, Tadros, ressaltando que grande parte do crédito ofertado durante a pandemia de Covid-19 foi concedido com carência nos pagamentos e deve começar a vencer no início deste ano.

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Em relação à renda, as trajetórias do endividamento passaram a apresentar tendências semelhantes em dezembro. Entre as famílias que recebem até dez salários mínimos, o percentual subiu para 67,7% do total, após três reduções consecutivas. Para as famílias com renda acima de dez salários, o indicador aumentou para 60%.

Segundo a economista da CNC responsável pela pesquisa, Izis Ferreira, com o fim do auxílio emergencial, em janeiro as famílias de menor renda que recebiam o benefício precisam adotar maior rigor na organização dos orçamentos domésticos. “O crédito pode voltar a funcionar como ferramenta de recomposição da renda, ainda no contexto de incertezas sobre a evolução do mercado de trabalho”, afirmou Izis.

Inadimplência em queda

Apesar da alta do endividamento, os consumidores continuam conseguindo quitar débitos e compromissos financeiros. O total de famílias com dívidas ou contas em atraso apresentou a quarta redução consecutiva, caindo de 25,7%, em novembro, para 25,2%, em dezembro. Em comparação com igual mês de 2019, a proporção cresceu 0,7 ponto percentual.

Segundo a CNC, a parcela das famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso e que, portanto, permanecerão inadimplentes teve nova retração, passando de 11,5% para 11,2%. Em dezembro de 2019, o indicador havia alcançado 10%.

Com relação aos tipos de dívida, a proporção de brasileiros que utilizam o cartão de crédito voltou a crescer, alcançando 79,4% das famílias – a maior taxa desde janeiro de 2020 – mantendo-se como a principal modalidade de endividamento. Além do cartão de crédito, o cheque especial também aumentou a sua participação entre as famílias endividadas. “Ambas são modalidades associadas ao consumo imediato e de curto e médio prazos”, disse Izis.

De acordo com o levantamento da consultoria de mercado Sensor Tower, as lojas de aplicativos App Store (Apple) e Play Store (Google) arrecadaram mais de US$ 100 bilhões (aproximadamente R$ 521 bilhões) em 2020. O recorde foi alcançado no mês de novembro.

Ainda segundo o relatório, a receita somada de ambas as lojas foi de US$ 407,6 milhões durante o feriado de Natal, o que representa um aumento de 34,5% quando comparado ao mesmo período de 2019. A pesquisa também indica que de 1º a 27 de dezembro, os gastos com celulares representaram 4,5% de toda a receita do mês, o que equivale a cerca de US$ 9 bilhões.

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Os jogos mobile representam a maior parcela das compras do período natalino e arrecadaram US$ 295,6 milhões, 27% a mais do valor alcançado na mesma época em 2019. Os Estados Unidos gastaram cerca de US$ 87,2 milhões em jogos, e é apontado como o país que mais investiu na categoria. O game "Honor of Kings" (Tencent Games) foi o mais vendido e arrecadou US$ 10,7 milhões. Outra categoria que também registrou lucros foi a de entretenimento. Durante as festividades natalinas, o aplicativo de rede social TikTok liderou com US$ 4,7 milhões.

Embora a Play Store conte com um catálogo extenso, a pesquisa destaca que a App Store tem 68,4% de participação do mercado, enquanto a loja da Google tem 35,2%. A consultoria Sensor Tower lembra que esses números são apenas estimativas, e uma pesquisa completa de 2020 deve ser divulgada ainda este mês.

O presidente Jair Bolsonaro vetou um dispositivo que blindava de cortes e bloqueios as despesas relacionadas ao combate à covid-19 ou vinculadas à produção ou aquisição de vacinas contra a doença. O trecho havia sido incluído pelo Congresso Nacional na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021.

Os gastos estavam entre 58 ações listadas por parlamentares como livres de qualquer contingenciamento em caso de frustração de receitas. O veto ainda será apreciado pelo Congresso, que pode derrubá-lo.

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O governo precisa cumprir a meta fiscal de déficit de R$ 247,1 bilhões em 2021. As projeções consideram um crescimento da economia de 3,2% neste ano. Em caso de alguma frustração, com impacto na arrecadação, a equipe econômica precisa bloquear despesas para evitar descumprir a meta estipulada.

A margem para contingenciamento já é bastante apertada: a LDO prevê R$ 83,9 bilhões para as chamadas despesas discricionárias, que incluem custeio e investimentos e são as únicas passíveis de bloqueio. O valor é muito próximo do necessário para manter a máquina pública funcionando.

Durante a votação do texto, os parlamentares decidiram proteger algumas áreas de cortes. Entre elas, estão "despesas relacionadas com o combate à pandemia da covid-19 e o combate à pobreza" e "despesas com ações vinculadas à produção e disponibilização de vacinas contra o coronavírus (covid-19) e a imunização da população brasileira".

No fim de 2020, o presidente editou uma Medida Provisória destinando R$ 20 bilhões para a compra de imunizantes contra a covid-19, dinheiro que foi "transferido" para ser gasto em 2021. Embora fique livre do teto de gastos, que limita o avanço das despesas à inflação, esse valor é contabilizado para o cumprimento da meta fiscal, que resulta da diferença entre despesas e receitas.

O veto foi proposto pelo Ministério da Economia, sob o argumento de que a blindagem reduz o espaço fiscal das despesas discricionárias e restringe a eficiência alocativa do Poder Executivo na implementação de políticas públicas. Técnicos da área econômica são contra esse tipo de medida, para qualquer área, porque acaba dificultando a tarefa de fazer bloqueios, quando necessário, ampliando o risco de descumprimento da meta.

"Ressalta-se que o não cumprimento dessas regras fiscais, ou mesmo a mera existência de risco de não cumprimento, poderia provocar insegurança jurídica e impactos econômicos adversos para o País, como a elevação de taxas de juros, a inibição de investimentos externos e a elevação do endividamento", alertou a pasta. "Entende-se que ressalvar as despesas relacionadas da limitação de empenho contraria o interesse público."

O governo discute a cada dois meses, a partir de março de cada ano, a necessidade ou não de bloquear despesas para cumprir a meta fiscal. Definido o valor do corte, quem decide quais órgãos serão afetados é a Junta de Execução Orçamentária (JEO), formada pelos ministros da Casa Civil, Walter Braga Netto, e da Economia, Paulo Guedes.

Técnicos do governo assessoram a decisão, que no fim das contas acaba sendo também política: a JEO pode escolher preservar determinadas áreas, ainda que a blindagem não esteja assegurada na lei.

De forma geral, em uma situação de risco de descumprimento da meta, o governo também pode decidir encaminhar medidas para recompor receitas e evitar um aperto de cintos mais drástico, ou ainda pode propor ao Congresso Nacional a mudança da meta.

A pandemia do novo coronavírus atingiu em cheio o mundo do futebol em 2020, provocando dificuldades financeiras para clubes e federações, deixando estádios vazios e forçando mudanças nas regras e no calendário, já que diversas competições foram canceladas ou adiadas em decorrência da emergência.

Desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a pandemia do Sars-CoV-2, em 11 de março, quase todas as ligas de futebol foram adiadas ou até canceladas. A Premier League, principal campeonato nacional do planeta, parou no dia 13 do mesmo mês e só retornou em 17 de junho, enquanto a Ligue 1 decidiu não voltar a campo e concedeu o título ao Paris Saint-Germain (PSG).

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O novo coronavírus também adiou a Eurocopa, a Copa América e a Copa Africana de Nações, todas reagendadas para 2021. A Liga dos Campeões e a Liga Europa foram paralisadas, mas conseguiram chegar ao fim sem público nos estádios e com um formato modificado para minimizar o risco de contágios.

Apesar da retomada das partidas no segundo semestre, os clubes e federações sentiram os reflexos negativos da pandemia em suas finanças. A Fifa, entidade máxima do futebol, calculou que a crise sanitária pode causar prejuízos de até US$ 14 bilhões e disponibilizou US$ 1,5 bilhão para ajudar federações.

Apenas o futebol europeu pode perder até 4 bilhões de euros (cerca de US$ 4,9 bilhões) nos próximos dois anos, segundo estimativa do presidente da Associação Europeia de Clubes (ECA), Andrea Agnelli.

O Wigan, da rica Inglaterra, já entrou em processo de falência em decorrência da pandemia. O Tottenham, que convive com um estádio novo em folha e sem torcedores, fez um empréstimo de 175 milhões de libras (por volta de US$ 236 milhões) para enfrentar os efeitos da pandemia.

"Houve uma urgência na redução de custos como forma de acompanhar a forte queda nas receitas. Com perda de receitas comerciais e bilheteria, os clubes tiveram de recorrer a fortes ajustes de custos para diminuir os prejuízos. Ainda assim, a capacidade de ajuste é limitada, porque os contratos com os atletas, que representam a maior parte dos custos, são de longo prazo", explica o economista Cesar Grafietti, em entrevista à ANSA.

Por conta da crise, os clubes das cinco principais ligas da Europa desembolsaram 2,2 bilhões de euros a menos em novas contratações na última janela de transferências de meio de ano em relação ao recorde de 5,5 bilhões de euros registrado em 2019, segundo o site Transfermarkt.

Já pensando no pós-pandemia, o CEO da Inter de Milão, Alessandro Antonello, declarou recentemente que será "fundamental" a introdução de um teto salarial para jogadores para garantir a "sobrevivência" e a "continuidade" do sistema.

Fora da elite

Se clubes poderosos como Inter e Tottenham já sentiram os impactos da crise, times de divisões inferiores têm de se desdobrar para seguir de pé.

Massimiliano Calzolari, diretor esportivo do Mezzolara, clube da Série D da Itália, diz que a gestão tem sido "muito complicada" nos últimos meses, principalmente por causa dos jogos sem público, e que é difícil enxergar um futuro promissor no horizonte.

"Tenho dificuldades em ver um futuro próspero em curto prazo para o futebol amador, pois os recursos são cada vez menores e não vemos ajudas de instituições federais ou governamentais no horizonte. Esperamos que, pelo menos do ponto de vista da saúde, em breve tenhamos uma vacina para todos para o futebol recomeçar com mais confiança e segurança", afirma Calzolari.

Os jogadores e membros de comissões técnicas também sentiram de perto as mudanças causadas pela Covid-19. Além de precisar atuar em estádios vazios, os atletas passam por diversas baterias de exames, enquanto treinadores muitas vezes enfrentam dificuldades para escalar os times durante surtos do novo coronavírus.

Na Itália, mais de 120 jogadores da elite já testaram positivo, e somente um clube da Série A, a Udinese não registrou nenhum caso.

O goleiro brasileiro Gabriel, do Lecce, que disputa a segunda divisão, afirma que o futuro da categoria é "incerto" e admite sentir falta do público nos estádios.

"Mudaram várias coisas, como a falta dos torcedores, porque a atmosfera do estádio ficou diferente. O futuro é incerto, porque os times podem estar inseguros em investir e gastar por não saber como vai ser o amanhã. Mas acredito que, assim que as coisas voltarem ao normal, a tendência é que volte tudo a ser como antes", conclui.

Da Ansa

Um estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), apresentado no último fim de semana, aponta que as contas estão mais altas com as famílias trabalhando em casa. Segundo a instituição, a chamada "Cesta Home Office", composta por itens essenciais para realização das obrigações profissionais diárias e o funcionamento das demais atividades do lar, como água, luz, gás, internet e alimentação, pode ser responsável por até 25% do aumento das despesas.

Segundo o levantamento da FGV, despesas com contas de consumo e alimentação correspondem a cerca de 35% do gasto mensal da família que trabalha em casa. Já outro levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostra o perfil dos trabalhadores em home office. De acordo com o órgão, o Brasil tem 9,6% de pessoas empregadas executando serviços que antes eram presenciais direto das respectivas casas. Segundo o Ipea, 56,9% deste público é composto por mulheres.

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Embora tenha registrado alta para o orçamento familiar, o Ministério da Economia comemora a redução nos gastos a partir da migração temporária ou definitiva de parte do funcionalismo público para o esquema home office. A pasta afirma que o modelo foi responsável por economizar mais de R$ 1 bilhão nos cofres da União.

 

O ano de 2020 foi marcado pela pandemia do coronavírus (Covid-19) e, diante da nova realidade, muitas famílias pretendem economizar ao máximo nas comemorações natalinas, além de adotar medidas de segurança.

A família da cantora e jurada do programa "Canta Comigo Teen" (Record TV), Tatiana Pinheiro, 46 anos, de Petrópolis (RJ), celebrará o Natal em casa, com o marido, filho e animais de estimação. Por já terem aproveitado as promoções da Black Friday, não será feita trocas de presentes. "Nos reuniremos num jantar gostoso e vamos assistir a algum filme natalino na Netflix", adianta.

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A cantora também deseja se reunir de maneira virtual com outros parentes. "Será para desejar Feliz Natal e matar a saudade. Nada que dure mais do que 30 minutos, com sogra, irmãos, sobrinhos e cunhados", comenta.

A cantora Tatiana Pinheiro com o marido e o filho | Foto: Arquivo Pessoal

Já a família da digital influencer Talita Bazilio, 22 anos, de Barra da Tijuca (RJ), pretende fazer uma noite de Natal especial. Ela celebrará ao lado do marido e dos dois filhos. "Será o primeiro Natal do meu filho Huriel, de 8 meses. E também será na nossa casa nova. Decidimos comemorar em família, com amigo oculto e ceia", relata.

Por medidas de segurança, Talita reduziu o números de convidados da ceia e se comunicará com parentes distantes por meio de aplicativos e por telefone. Os presentes também serão enviados aos que não comparecerem ao jantar.

A digital influencer Talita Bazilio com o marido e os filhos | Foto: Arquivo Pessoal

Para um Natal econômico

A crise sanitária abalou a economia de muitas famílias. Para ter uma festa natalina sem prejudicar o bolso, é preciso realizar um planejamento financeiro e decidir um teto de gastos realista. "Leve em consideração todas as pessoas que você gostaria de presentear e também quais outros itens você planeja comprar, como itens de decoração e até alimentos específicos para essa data festiva", recomenda o contabilista e sócio diretor do Grupo Quality, Roberto Galvão. Ele lembra que também devem ser considerados os gastos futuros, como aqueles que vem na virada do ano: IPVA, IPTU e matrícula escolar.

Para não fugir do orçamento disponível, é preciso avaliar os gastos das compras de presentes. "Você pode começar a avaliar as pessoas que são mais especiais para você ou aquelas que você quer dar um presente mais caro. Com base nisso, fica fácil verificar, a partir do planejamento, qual o valor disponível para presentear cada pessoa", indica Galvão, que também aconselha a realizar pagamentos à vista sempre que possível. Dessa maneira, não serão acumuladas parcelas para os próximos meses.

O contabilista também aconselha a evitar compras não seguras, em sites que não oferecem telefone, endereço e CNPJ. Outra dica, é fugir de gastos com artefatos natalinos, já que, devido o aumento da demanda, os preços ficam elevados quando comparados a outras épocas do ano. Além disso, alguns enfeites luminosos causam muitos gastos extras com energia elétrica, e alguns itens mais baratos consomem muito mais. "Para muitas famílias, esse é um gasto a mais que acaba passando despercebido, mas que faz bastante diferença no final do mês", alerta.

Também é importante evitar alimentos de procedências desconhecidas. Devido a alta demanda, muitos produtos típicos do Natal são fabricados em grandes quantidades, e isso pode gerar quedas em fatores de qualidade, higiene e refrigeramento. "Verifique sempre a origem dos alimentos que você deseja comprar para evitar gastar dinheiro com itens estragados", finaliza Galvão.

A Câmara Municipal do Recife enviou uma nota à imprensa sobre os questionamentos diante do pregão que contratará serviços para a posse dos vereadores eleitos, marcada para fevereiro de 2021. No texto, a Casa José Mariano explica que apesar do valor máximo do certame ser de R$ 132 mil, após a disputa, o menor valor ofertado foi de R$ 70 mil.

Além disso, o texto também esclarece que a Câmara pagará apenas pelos serviços que forem contratados e ponderou a falta de certeza das contratações, uma vez que ainda estão sendo estudadas as possibilidade para a cerimônia.

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O pregão, que registrou a concorrência nessa quarta-feira (2), foi alvo de um requerimento por parte da vereadora eleita Liana Cirne (PT). No documento, a petista pedia que as contratações e os gastos fossem revistos, uma vez que a proposta lista itens de luxo e a cidade vive, assim como todo o país, uma necessidade de ampliação de recursos voltados para a saúde, mais específicamente contra a pandemia do novo coronavírus.

Veja a nota na íntegra:

Nota de esclarecimento 

A Câmara Municipal do Recife vem a público esclarecer sobre informações que estão sendo divulgadas a respeito da posse dos vereadores eleitos. Diante da pandemia causada pela Covid-19, a Primeira-Secretaria da Casa  tem  analisado  as possibilidades para realização da solenidade no próximo dia primeiro de janeiro de 2021. Foram enumerados  todos os itens necessários para o evento no pátio externo da Câmara ou em outros espaços. O documento contempla 22 itens para locação, necessários à cerimônia. São listados, por exemplo,  uma unidade móvel de transmissão ao vivo, onde constam equipamentos como câmeras, switcher de vídeo, gerador de caracteres,  ilha de edição, servidor para streaming, gerador, serviço de transmissão de sinal, entre outros. Também fazem parte, a  locação de coberta, cadeiras, mesas, tapumes, sistema de iluminação e de sonorização, além de intérpretes de Libras e decoração.

 Os itens relacionados podem ser usados ou não pela Câmara, dependendo do local e da forma como será possível ser feita a solenidade de posse. Nesta quarta-feira (02), ocorreu um pregão eletrônico para registro de preço, na modalidade menor preço, conforme publicado no Diário Oficial do Município  do dia 19 de novembro. Foram oito empresas participantes que enviaram orçamentos e têm conhecimento  de que o órgão pagará apenas pelos itens que forem utilizados, de acordo com o tipo de solenidade.

O valor  máximo admitido para o certame era de R$ 132.023,33 e foi obtido através de cotações prévias de preço junto às empresas. Finalizada a disputa, o menor valor ofertado foi de R$ 70.000,00 -  o que representa uma redução de 47% do preço máximo admitido pelo órgão. A forma de contratação prevista, via registro de preços, deriva do fato da incerteza de um local para o evento, em virtude da pandemia e da necessidade de se proporcionar aos parlamentares e convidados.

Vale destacar, ainda, que o  registro de preços não obriga a sua contratação, mas garante os preços para aqueles itens em caso de necessidade.  A contratação, da forma como foi disposta, poderá ser efetuada apenas e exclusivamente para os itens e quantidades necessários, a depender do local do evento, o que poderá acarretar ainda a mais redução do valor final proposto.

A disparada dos preços dos alimentos impulsionou a inflação oficial no País a 0,64% em setembro, maior resultado para o mês desde 2003, segundo os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgados ontem pelo IBGE.

Carnes, arroz e óleo de soja pesaram no bolso das famílias, assim como a gasolina, que pode voltar a pressionar em outubro, devido ao novo reajuste divulgado pela Petrobrás nas refinarias. Também esboçam reação alguns itens ligados ao turismo, como passagens aéreas, locação de veículos e pacotes turísticos.

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O IPCA veio acima do previsto até pelos economistas mais pessimistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, que estimavam um avanço mediano de 0,54%. O resultado motivou uma série de revisões para cima nas estimativas do mercado financeiro para a inflação no encerramento de 2020. No entanto, as apostas permanecem abaixo da meta de 4% perseguida pelo Banco Central. Em setembro, a taxa do IPCA acumulada em 12 meses alcançou 3,14%.

"É uma inflação (de setembro) preocupante, mas não tem nenhum risco para este ano, quando é provável que o IPCA fique em 2,5%. A questão mesmo está em 2021, quando devemos ter câmbio pressionado, commodities pressionadas e a China com um crescimento forte", previu o economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale.

O economista João Fernandes, da Quantitas, não acredita que a inflação mais elevada de setembro ameace a condução da política monetária pelo Banco Central. Ele argumenta que o IPCA foi impulsionado por fatores pontuais, enquanto que o risco para o quadro de juros baixos no País permanece sendo fiscal.

"Não tem comparação da importância desse IPCA com a incerteza fiscal de curto prazo. A inflação mais alta reduz a chance de um novo corte da Selic (taxa básica de juros), mas é um efeito limitado. O que poderia suscitar uma alta de juros agora seria o governo romper o compromisso com o teto, não uma reação a essa inflação", opinou Fernandes.

Ajuste fiscal

O cenário atual de incertezas sobre o ajuste fiscal tem ajudado a desvalorizar o real ante o dólar, o que encarece commodities e insumos no atacado e acaba chegando também ao varejo, lembra André Braz, coordenador dos Índices de Preços do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

"Nossas coletas preliminares (do Índice de Preços ao Consumidor da FGV) indicam que outubro já está bem salgado, inflação mais alta que setembro. Eu diria que ficará perto de 0,8%. A inflação de serviços vem um pouco maior, puxada por passagem aérea, que está subindo mais de 40% em outubro, um choque. Essa alta pode ser confirmada pelo IPCA-15", relatou Braz.

Em setembro, as famílias gastaram 2,28% a mais com alimentação. Segundo Pedro Kislanov, gerente do Sistema Nacional de Índices de Preços do IBGE, houve uma disseminação maior de produtos alimentícios com aumentos de preços, o que levou a uma inflação de alimentos também mais elevada que o habitual para meses de setembro.

"Tem dois componentes influenciando preços. Tem a questão do auxílio emergencial, uma vez que os recursos são direcionados pelas famílias mais pobres para a compra de alimentos, e tem a questão do câmbio, que torna mais atraente a exportação e acaba restringindo a oferta desses produtos no mercado doméstico", justificou Kislanov.

O óleo de soja aumentou 27,54%, enquanto o arroz ficou 17,98% mais caro. No ano, o óleo de soja já acumula uma alta de 51,30%, e o arroz subiu 40,69%. As famílias também pagaram mais em setembro pelo tomate, leite longa vida e carnes.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Nos últimos 10 anos, a Prefeitura de São Paulo gastou pelo menos R$ 1,2 bilhão, em valores corrigidos, com ações que foram indicadas pelos vereadores da cidade por meio de emendas parlamentares. O valor é equivalente a duas vezes o preço do corredor de ônibus da Radial Leste, uma obra planejada desde 2011, mas ainda não executada.

As emendas são determinações para gastos que os vereadores incluem no projeto de lei do orçamento do ano seguinte. Na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa paulista, as emendas são "impositivas", o que significa que os governos federal e estadual são obrigados a cumpri-las. No caso da capital, não: a Prefeitura decide se vai ou não atender as indicações dos vereadores.

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Nesta legislatura, o acordo entre a Câmara e a gestão Bruno Covas (PSDB) foi que cada vereador, independentemente do partido, teria direito a uma cota de R$ 4 milhões por ano para gastar com emendas. Como a casa tem 55 vereadores, essas ações somam R$ 220 milhões por ano, uma verba similar ao orçamento anual destinado, por exemplo, à Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (R$ 255 milhões), que cuida de todos os parques da cidade.

O professor e pesquisador Marco Antonio Carvalho Teixeira, do Centro de Estudos de Administração Pública e Governo da Fundação Getúlio Vargas, destaca que a prática traz problemas para o funcionamento ideal da democracia, e critica a distribuição das emendas.

"Tem uma questão que é crucial: eles estão decidindo como gastar o dinheiro público. Do ponto de vista republicano, isso é altamente questionável. Porque o filtro e o critério estão nas mãos deles. O que os vereadores vão fazer? Vão alocar dinheiro público tendo como filtro o interesse deles. Vereador foi eleito para isso?", questionou. "Outro dado é também de cunho eleitoral. Esses vereadores já têm recursos do fundo eleitoral, fundos são geralmente grandes, e eles ainda têm esse fator de desigualdade que é manuseio de dinheiro público, que os coloca em uma posição de competição, por ter mandato, extremamente desigual com quem não tem esses recursos."

Neste ano, a grande maioria dos atuais vereadores deverá tentar a reeleição.

A gestão Covas publicou em seu site as planilhas com as emendas liberadas nos últimos 10 anos. O material foi retirado do ar no período eleitoral. Os dados anteriores a 2013 eram apenas parciais. Havia ainda obras cujos recursos constavam como liberados mas que, no fim, não foram gastos, como a reportagem constatou em um campo de futebol de várzea da zona leste, que deveria ter ganhado vestiário.

Eventos

Os gastos com os eventos - que são os principais destinos das emendas - foram crescendo ano a ano neste mandato. Em 2017, eles somaram R$ 33,4 milhões. No ano passado, foi de R$ 70,5 milhões.

Vereadores de partidos distintos destinaram R$ 55 milhões com campeonatos e apresentações de esportes. Essas ações passaram a ser alvo do Ministério Público após uma auditoria interna da Prefeitura indicar irregularidades.

As apurações apontaram que 23 eventos esportivos realizados a partir das emendas, entre novembro de 2017 e junho de 2018, tiveram indícios de superfaturamento, com "prejuízo potencial de R$ 856.095,46". Além disso, os auditores apontaram "existência de vínculo pessoal entre entidades e fornecedores por elas contratados, e possível participação de empresa de fachada na cotação/execução dos Termos de Colaboração (os contratos com a Prefeitura)".

A apuração da CGM não aponta nenhuma responsabilidade dos vereadores nas irregularidades, citando falhas de procedimentos na Secretaria Municipal de Esportes como motivo para o prejuízo ocorrer. Além dos preços cobrados pelas entidades acima dos da média do mercado, a auditoria apontou que melhoria nas práticas da pasta poderiam ter resultado em uma economia extra de outros R$ 312 mil.

A secretaria de Esportes disse, por nota, que as investigações da CGM levaram à abertura de 14 processos administrativos contra as entidades, com base na Lei Anticorrupção, em junho deste ano. Segundo a secretaria, após a auditoria, passou-se a exigir das entidades contratadas mais documentos, como a Certidão de Idoneidade do Tribunal de Contas da União.

Para o cientista político Rodrigo Prando, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, eventos podem ser usados para conquistar apoio político pelos vereadores com mais facilidade do que outras ações. "Eles têm, obviamente, uma característica político-eleitoral muito forte por dois motivos: pela quantidade de pessoas que participam e visualizam o evento, e a questão temporal - porque aquilo imediatamente pode ser visualizado pelo cidadão e eleitor." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Poder Judiciário custou R$ 100,2 bilhões no ano passado, um crescimento de 2,6% em relação a 2018, segundo o relatório Justiça em Números, divulgado nesta terça-feira, 25, pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Gastos com salários, auxílios, benefícios e aposentadorias consumiram 90,6% deste total, média similar a de anos anteriores. As pensões somaram cerca de R$ 18 bilhões, de acordo com o documento.

O relatório cita a série histórica de gastos da Justiça por habitante, com dados corrigidos pelo IPCA (data-base 31 de dezembro de 2019). O número passou de R$ 351,52, em 2009, primeiro ano em que o estudo foi divulgado, para R$ 479,16 no ano passado. O Justiça em números de 2018 relatava um gasto total de R$ 93,7 bilhões com o Judiciário - aplicando a correção da inflação seriam R$ 97,9 bilhões em valores atuais.

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"Esse crescimento foi ocasionado, especialmente, em razão da variação na rubrica das despesas com recursos humanos, que cresceram em 2,2%, e das outras despesas correntes, que cresceram em 7,4%", diz o relatório. O documento também afirma que, apesar do aumento no gasto, a produtividade da Justiça cresceu e o volume de processos baixados (aqueles que não tem mais movimentação) cresceu, em média, 4,7% ao ano entre 2011 e 2019.

Além disso, decisões judiciais garantiram o maior valor de arrecadação do Poder Executivo desde 2009. O número saltou de R$ 61,2 bilhões, em 2018, para R$ 76,4 bilhões, em 2019. Na conta entram, por exemplo, cobranças judiciais de impostos.

Os tribunais brasileiros terminaram o ano de 2019 com 77,1 milhões de processos em tramitação, ou seja, aguardando julgamento ou solução de recursos. O acervo tem cerca de 1,5 milhão de processos a menos do que no fim de 2018, segundo o CNJ, a maior queda da série histórica. O número de ações em tramitação registrou crescimento de 2009 a 2017. Em 2018, havia acontecido a primeira redução da década: o acervo chegou ao fim do ano com um milhão de processos a menos.

No ano passado, em todas as esferas do Poder Judiciário, ingressaram 30,2 milhões de novos processos. O número pode ter duplicidade, já que, um mesmo caso pode ser iniciado, no mesmo ano, em instâncias diferentes, como, por exemplo, se houver um recurso na instância superior. Sem contar os recursos, foram R$ 20,2 milhões de novas ações.

"Os resultados positivos mostram reflexo das políticas que vêm sendo adotadas pelo CNJ, como Metas Nacionais e Prêmio CNJ de Qualidade, como ferramentas de gestão, de controle e incentivo ao aprimoramento da prestação jurisdicional. Em 2019 o acervo retornou ao patamar do ano de 2015, quando, na época, a tendência era unicamente pelo crescimento", avalia o Conselho Nacional de Justiça, no documento.

O Justiça em Números destaca que a produtividade média dos magistrados também foi a maior dos últimos 11 anos. O relatório aponta que o número de processos baixados por magistrado subiu 13% em relação à 2018 - a taxa chegou a 2.107.

O porcentual de processos eletrônicos também subiu, o que pode ter contribuído para o aumento da produtividade nos tribunais. Se em 2013, pouco menos de um terço dos casos eram digitalizados no País (30,4%), no ano passado o índice era de 90%.

O tempo médio entre a apresentação da denúncia e a sentença teve pouca alteração nos últimos dois anos. Na Justiça estadual, os juízes levaram, em média, dois anos e cinco meses para dar a decisão em 2019 - no ano anterior, foram dois anos e quatro meses. Já nas varas federais a média foi de um ano e sete meses, em 2019, e um ano e dez meses, em 2018. Segundo o estudo, é como se cada juiz solucionasse 8,4 casos por dia.

Em texto de apresentação do relatório, o ministro Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do CNJ, assinala que a "litigiosidade no Brasil permanece alta e a cultura da conciliação (...) ainda apresenta lenta evolução". Em 2019, 12,5% dos processos foram solucionados via conciliação. De 2015 para cá, o crescimento foi de 30,1%, passando de 2.987.623 de sentenças de acordo para 3.887.226.

De janeiro a junho deste ano, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) já pagou R$ 13,5 milhões apenas em benefícios pessoais aos seus 359 desembargadores. O valor inclui vantagens decorrentes de sentença judicial ou extensão administrativa, adicional por tempo de serviço, abonos de permanência e porcentuais de remunerações anteriores - os chamados quintos e décimos.

Somados a outras categorias de benefícios, que vão de auxílio-natalidade à antecipação de férias, a elite do Judiciário estadual já recebeu um total de R$ 41,3 milhões em benefícios no primeiro semestre de 2020. Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo na quarta-feira, o tribunal propôs ao governo estadual um aumento de 55% em seu orçamento para 2021, em comparação com o valor reservado para este ano.

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O total dos benefícios equivale a mais de 50% do que os desembargadores recebem como salário-base neste ano. O TJ-SP gastou com os salários de todos os desembargadores no período, sem considerar descontos, R$ 117,4 milhões.

Desse montante, indenizações como auxílio-alimentação, auxílio-transporte, auxílio-pré-escolar, auxílio-saúde, auxílio-moradia, e ajuda de custo somaram pouco mais de R$ 2 milhões em seis meses. Gratificações, nas quais estão incluídos adicionais por cargos de direção na cúpula do TJ-SP e antecipação de parcela do 13.º, concedida aos magistrados no mês de aniversário, somam R$ 3,9 milhões.

Alesp

A proposta de aumentar a verba reservada ao Judiciário paulista no próximo ano foi recebida com ceticismo por integrantes da Comissão de Finanças e Orçamento da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Deputados lembraram que a tendência é de cortar gastos, diante da previsão de déficit de R$ 10,4 bilhões para o próximo ano.

"A chance de um aumento desproporcional como esse do TJ ser chancelado por todos os deputados estaduais, e prejudicando Saúde, Educação e Segurança, é quase impossível", avaliou o presidente da comissão, deputado Wellington Moura (Republicanos). "O próprio governo, antes do envio da proposta orçamentária, com certeza vai cortar boa parte deste aumento. E a Alesp também pode fazer ajustes se necessário."

Moura disse acreditar que a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2021 pode apresentar valor total inferior ao patamar de R$ 240 bilhões, aprovado para este ano, dos quais R$ 12,3 bilhões foram separados para o Tribunal de Justiça. Antes da proposta orçamentária, que deve ser entregue até o fim do mês, o governo João Doria (PSDB) deve enviar um pacote de ajuste fiscal com a intenção de economizar R$ 8,8 bilhões.

Já o deputado estadual Alex de Madureira (PSD), relator da última LOA e da recém-aprovada Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2021, considerou que a proposta do Judiciário só deve ser analisada após o governo enviar o projeto de lei. Diante da previsão de queda na arrecadação, no entanto, ele prevê cortes no investimento em toda a esfera pública.

"Não adiantar cortar coisas que vão atrapalhar o andamento do Estado, que vão acarretar falta de atendimento à população", disse Madureira. "Investimentos que podem esperar, porque sabemos que vamos passar um ano difícil, seriam os primeiros a se repensar. (Cortar) salário é difícil, porque é o que mantém as famílias, a vida das pessoas", afirmou.

Lei

O TJ-SP afirmou, em nota, que todos os pagamentos da Corte são realizados "dentro da mais estrita legalidade". Segundo o tribunal, "valores que ultrapassem a quantia correspondente a 90,25% da remuneração dos ministros do Supremo se referem a verbas indenizatórias, previstas em lei, e ao abono de permanência, que se agregam ao total da remuneração nos demonstrativos de pagamento emitidos e que, por sua natureza, não estão submetidos ao teto constitucional".

Sobre o orçamento do tribunal, o presidente do TJ, desembargador Geraldo Francisco Pinheiro Franco, publicou nota na quarta no site da Corte na qual considera "não haver perplexidade sugerida no fato de que a peça orçamentária proposta atinge esse ou aquele patamar". "O orçamento de 2021 será definido conjuntamente entre os Poderes do Estado. É assim que as coisas são, porque a lei estabelece." 

A forma de distribuição de R$ 13,8 bilhões em recursos da União para Estados e municípios combaterem o coronavírus tem sido alvo de questionamentos de órgãos como o Tribunal de Contas da União (TCU) e organizações como a Frente Nacional dos Prefeitos (FNP). Os critérios de distribuição e a destinação dos recursos são apontados como principais pontos de controvérsia. Juristas ouvidos pelo Estadão divergem quanto à clareza da Portaria 1.666, assinada pelo presidente Jair Bolsonaro no início do mês.

A distribuição é questionada por prefeitos. "Os recursos disponibilizados pela União são insuficientes", disse o secretário executivo da FNP, Gilberto Perre. "Os critérios utilizados para distribuição não estão claros e os prefeitos pediram esclarecimentos a respeito da partilha. Chama a atenção o fato de que as cidades que mais concentram casos e respondem pelos atendimentos mais onerosos tenham recebido valores per capita bastante inferiores à média nacional, na Portaria 1.666. Por exemplo, as cidades acima de 1 milhão receberam R$ 34,61 per capita e as cidades até 10 mil receberam R$ 89,94."

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O TCU deu 15 dias para que a Saúde mostre a "lógica de financiamento" dos fundos estaduais e municipais, e como definiu a estratégia de compras durante a pandemia, apresentando documentos sobre logística e distribuição de insumos.

A Portaria 1.666 prevê que os recursos serão destinados ao "custeio das ações e serviços de saúde para o enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente da Covid-19, podendo abranger a atenção primária e especializada, a vigilância em saúde, a assistência farmacêutica, a aquisição de suprimentos, insumos e produtos hospitalares, o custeio do procedimento de tratamento de infecção pelo novo coronavírus".

"Tais gastos podem ser confundidos ou misturados por conveniência às demais verbas orçamentárias previstas em orçamento público (Lei Orçamentária Anual)", disse a advogada constitucionalista Vera Chemin, mestre em Direito Público Administrativo pela FGV. "As expressões 'atenção primária' e 'atenção especializada' têm uma abrangência aberta e vaga. Tudo pode acontecer no dia a dia sem um efetivo controle da execução dos gastos, podendo, sem sombra de dúvida, serem direcionados para outras rubricas de caráter supérfluo e com pretensões eleitoreiras, uma vez que estamos próximos de uma eleição municipal."

Já para a ex-juíza federal Cecilia Mello e para o especialista em Direito Administrativo Marcus Vinicius Macedo Pessanha, a portaria é clara. "Embora possa aparentar certa generalidade, que em tese daria margem a eventual uso indevido desses valores por entes da Federação, há uma finalidade expressa e específica para o uso desses valores, o enfrentamento da pandemia", afirmou Cecília.

Segundo Pessanha, "não há qualquer brecha para destinação dos recursos a quaisquer outras atividades que não sejam as de combate à pandemia". "Todas a contratações que venham a ser realizadas com estes recursos e não estejam vinculadas ao combate ao novo coronavírus, na verdade, configuram utilização irregular e gestão temerária do erário, ensejando aplicação de sanções aos gestores públicos responsáveis."

Ao Estadão, o senador Major Olimpio (PSL-SP) acusou o governo de propor a parlamentares que indicassem onde parte do dinheiro da Portaria 1.666 seria alocada. "O parlamentar distribuiu o dinheiro para as bases dele. Ele não combinou com o vírus. Onde era necessário pôr o recurso? Onde está morrendo gente. Se era o dinheiro para o enfrentamento da Covid-19 não seriam os infectologistas, os médicos que deveriam definir onde o dinheiro é mais necessário? Em vez disso, é a planilha do senador que vale."

Ele afirmou que o dinheiro foi distribuído pelo governo federal para pelo menos 50 senadores e 200 deputados a fim de garantir a construção de uma base de apoio. "Me ofereceram R$ 30 milhões. Dinheiro da Covid-19." Segundo Olimpio, a oferta foi feita por um representante do governo e cada colega recebeu R$ 30 milhões em emendas.

Estratégia

Em relatório emitido na semana passada, o TCU diz que o Ministério da Saúde gastou só cerca de 30% do dinheiro prometido para enfrentar a Covid-19 de março a junho. A equipe técnica do órgão não conseguiu identificar a estratégia de compras, logística, distribuição de insumos, além de desconhecer "critérios para transferência de recursos" da pasta.

O Ministério da Saúde afirmou que, entre os critérios para a distribuição dos R$ 13,8 bilhões liberados para municípios, estão o tamanho da população (priorizando municípios com menos habitantes) e a média de recursos transferidos para atenção hospitalar e atenção básica em 2019. Para os Estados, segundo a pasta, também foi considerado o número de leitos de UTI, a taxa de incidência de Covid-19 por 100 mil habitantes e a infraestrutura e capacidade logística para recebimento de ventiladores.

Além do TCU, o Ministério Público Federal (MPF) instaurou inquérito civil para apurar "possíveis insuficiência e lentidão da execução orçamentária" e "omissão no socorro financeiro aos Estados e municípios" pelo Ministério da Saúde.

O governo Bolsonaro gastou cerca de 30% do dinheiro prometido para enfrentar a covid-19 desde março, mostra auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU). De R$ 38,97 bilhões reservados ao Ministério da Saúde em ação do Orçamento sobre pandemia, foram pagos R$ 11,48 bilhões até 25 de junho.

A equipe técnica do TCU afirma que não conseguiu identificar a estratégia de compras, logística, distribuição de insumos, além de desconhecer "critérios para transferência de recursos" do ministério. As respostas da Saúde ao tribunal teriam sido insuficientes, afirma o relatório.

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A auditoria mostra que o ministério gastou cerca de 12% do reservado para as próprias aplicações, como compras de insumos, cerca de 40% do prometido para transferir a Estados e ao Distrito Federal e, aos municípios, 33%.

Além do TCU, o Ministério Público Federal (MPF) instaurou inquérito civil para apurar "possíveis insuficiência e lentidão da execução orçamentária" e "omissão no socorro financeiro aos estados e municípios" pela Saúde.

O ministro do TCU Benjamin Zymler, relator de processo sobre resposta da Saúde à covid-19, disse chamar a atenção que o Pará e o Rio de Janeiro, respectivamente, tiveram a segunda e a terceira maior taxa de mortalidade por covid-19, segundo dados do fim do maio, mas apareciam entre as três unidades da federação que menos receberam recursos por pessoa na pandemia.

A partir deste levantamento, o TCU determinou nesta quarta-feira, 22, que o Ministério da Saúde, em 15 dias, mostre a "lógica de financiamento" dos fundos estaduais e municipais, mostre como definiu a estratégia de compras contra para a pandemia, e apresente documentos sobre planos de logística e distribuição de insumos.

O tribunal também determinou que, no mesmo prazo, o Ministério da Saúde reestruture comitês e gabinetes de crise. Segundo a auditoria, o esvaziamento destes órgãos, "aliado à troca de dois Ministros da Saúde durante a pandemia e à alteração de grande parte da equipe técnica, constituiu uma fragilidade na governança" na pasta.

Procurado, o Ministério da Saúde disse que já respondeu ao TCU, mas não entrou em detalhes. "O ministério entende que faz parte do processo todo e qualquer questionamento. A transparência das ações e informações é fundamental para a administração pública em qualquer situação", disse a pasta em nota.

Nesta sexta-feira (10), o Superior Tribunal de Justiça (STJ) suspendeu o depoimento do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, investigado por possíveis irregularidades nos gastos para combater a Covid-19. 

Quem atendeu o pedido foi o ministro João Otávio de Noronha, presidente do STJ. A defesa do governador alegou que não teve acesso a todas as informações da investigação. Segundo o G1, os advogados argumentaram que fizeram vários pedidos para que a Procuradoria Geral da República (PGR) juntasse ao processo todos os dados, e isso não teria sido atendido até essa quinta-feira (9).

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Na decisão favorável para Witzel, o ministro do STJ alegou que "não há muito o que fazer a essa altura", porque se for ouvir o Ministério Público Federal sobre o que está sendo alegado pela defesa do governador do Rio de Janeiro, Wilson teria que comparecer à Polícia Federal. Além disso, Noronha aponta que se o pedido da defesa fosse negado e, por um acaso, a falta de dados apontada fosse comprovada, poderia provocar vícios às investigações.

Benevolência 

Nessa quinta-feira, foi o próprio Noronha quem atendeu o pedido que concedeu que Fabrício Queiroz e sua esposa, que está foragida da polícia, possam cumprir a prisão em casa. O casal é investigado pelo esquema de "rachadinhas" atribuídas pelos investigadores ao gabinete do então deputado Flávio Bolsonaro.

Com o número de vítimas do novo coronavírus no País se multiplicando em ritmo acelerado, a necessidade de recursos para prevenção e combate à pandemia parece ilimitada. Mas só uma parcela da verba disponível tem sido usada pelo Ministério da Saúde para enfrentar a doença.

Segundo o Painel do Orçamento Federal, elaborado com base nos dados mais recentes do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop), de 22 de junho, o ministério só gastou até agora R$ 11,5 bilhões dos R$ 39,3 bilhões liberados pelo governo - 29,3% do total. Outros R$ 2,1 bilhões (5,3%) já estão comprometidos com o pagamento de contas, mas ainda não saíram do caixa.

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É certo que a execução do orçamento é um problema crônico do setor público brasileiro, nos três níveis de governo - federal, estadual e municipal. É comum os gestores chegarem no final do ano com sobras de caixa, porque não conseguem fazer o dinheiro chegar na ponta, seja pela burocracia intransponível da "máquina", seja pela incapacidade de gestão e pela dificuldade de transformar planos em realidade.

"O Estado brasileiro é paquidérmico", afirma o economista Felipe Salto, diretor executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI), ligada ao Senado, e colaborador do Estadão. "Da mesma forma como é difícil fazer um ajuste fiscal, não é fácil gastar rápido."

Mesmo em comparação com outros órgãos que receberam recursos para enfrentar a pandemia, o desempenho do Ministério da Saúde deixa a desejar. Ainda de acordo com dados do Painel do Orçamento, do total de R$ 404 bilhões liberados pelo governo em verbas adicionais para combate à pandemia, incluindo recursos para aliviar seu impacto econômico e social, R$ 177,4 bilhões (43,9%) foram gastos de fato pela União.

Além disso, R$ 121,6 bilhões (30,1%) foram empenhados para pagar contas pendentes. Não é nenhuma maravilha em termos de capacidade de execução, mas pelo menos traduz um desempenho mais efetivo.

"Alguns programas são mais fáceis de agilizar o pagamento. Quando você tem de fazer uma transferência de renda para uma pessoa, é claro que tem toda a questão operacional, de como viabilizar isso, se vai ser pela Caixa, se será por meio de uma transferência bancária ou por meio de um cartão concedido a cada beneficiário. Mas, tirando isso, é uma coisa relativamente rápida", afirma Salto.

"Agora, quando a gente está falando de saúde, é mais complicado, porque pode envolver contratos, compras, processos burocráticos. Por isso, o Congresso aprovou aquela PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do Orçamento de Guerra, que acabou sendo promulgada, prevendo a possibilidade de dispensar as licitações para acelerar os processos de compras."

Ainda assim, de acordo com ele, "está faltando gestão" na Saúde. "É claro que a gente vai saber melhor o que está acontecendo depois, quando o TCU (Tribunal de Contas da União) fizer uma apuração dessa letargia", diz. "Mas o que dá para dizer desde já é que o Estado brasileiro não está preparado para fazer gastos com eficiência. Infelizmente, a gente está vendo isso da pior forma possível."

Falta de continuidade

Uma parte considerável do problema se deve, em sua avaliação, à interferência do presidente Jair Bolsonaro na pasta, às divergências sobre o que fazer e à falta de continuidade administrativa, em decorrência da troca constante de ministros e da saída de técnicos envolvidos desde o princípio com a gestão da crise.

A indicação de um militar para o ministério, o general Eduardo Pazuello, sem experiência na área, para comandá-la em meio a uma pandemia, não ajuda. Salto lembra, porém, que, no governo Fernando Henrique Cardoso, quando o senador José Serra (PSDB-SP) foi nomeado ministro da Saúde, ele também não era do ramo, mas conseguiu fazer o processo andar, ao colocar gente respeitada do setor embaixo dele para auxiliá-lo.

"Você precisa de um ministro da Saúde de peso, que tenha capacidade administrativa para fazer as coisas funcionarem. Se isso já vale nos períodos normais, imagine numa crise como essa", diz. "Agora se você fica trocando de ministro como quem troca de roupa e não tem uma referência clara no comando, fica difícil. O Pazuello pode ter as qualidades dele, mas não tem retrospecto nisso aí."

Antes de Pazuello, o ministério foi comandado durante a pandemia pelos médicos Luiz Henrique Mandetta, que deixou o governo em abril, e Nelson Teich, que saiu em maio.

Procurado pelo Estadão para comentar a baixa aplicação do dinheiro recebido durante a crise, o Ministério da Saúde avalizou os números publicados acima, mas preferiu se manifestar sobre o assunto por escrito, por meio de nota oficial.

"Parte considerável das despesas não executadas é relativa a aquisições diretas, do próprio Ministério da Saúde, especialmente de EPIs (equipamentos de proteção individual) e respiradores, cujos pagamentos são efetuados após o recebimento", diz a nota. "Acrescente-se também que os repasses e pagamentos mensais são realizados em parcelas e não de forma única, a exemplo da contratação de profissionais pelo programa 'Mais Médicos' e pela estratégia 'O Brasil Conta Comigo'."

Verba 'empoçada'

Conforme a nota do ministério, do total de gastos já efetuados, R$ 9,5 bilhões foram repasses já feitos aos entes subnacionais, para reforçar a estrutura hospitalar. O ministério lista também uma série de ações que empreendeu, para mostrar que não está parado e justificar os gastos realizados no enfrentamento da pandemia.

Fazem parte da lista a habilitação de 8.674 leitos de UTI exclusivos para pacientes do novo coronavírus, ao custo de R$ 1,24 bilhão transferido de uma só vez a Estados e municípios e a compra e a distribuição de 115,2 milhões de EPIs para profissionais de saúde, como máscaras, luvas, aventais e álcool em gel, e de mais 240 milhões de máscaras da China, que estão chegando ao País com apoio logístico do Ministério da Infraestrutura.

A lista inclui, ainda, a compra e a distribuição de 11,3 milhões de medicamentos (2,9 milhões de comprimidos de cloroquina e 8,4 milhões de cápsulas de oseltamivir), de cerca de 10 milhões de testes e de 3.854 ventiladores pulmonares, além da contratação de mais de seis mil profissionais de saúde, para reforçar o atendimento à população.

A questão é que tudo isso tem a ver com a verba gasta e não com a que está "empoçada" no ministério. Se o órgão estivesse conseguindo usar mais os recursos já liberados pelo governo, sem perder tanto tempo com discussões políticas, talvez o Brasil não estivesse ocupando o segundo lugar na lista dos países com o maior número de mortos e de contaminados pelo novo coronavírus. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um estudo realizado pela consultoria legislativa da Câmara dos Deputados, a pedido da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, mostra que apenas R$ 5,6 milhões de um total de R$ 126,4 milhões previstos na Lei Orçamentária de 2020 foram efetivamente gastos com as políticas públicas para mulheres. O que significa 4,43% da previsão orçamentária.

Dados divulgados pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos no dia 29 de maio revelam que, desde o início da pandemia de Covid-19, as denúncias de violência contra as mulheres ao Ligue 180 cresceram. Em abril, foram quase 10 mil queixas de violência doméstica feitas à Central de Atendimento à Mulher. Ao comparar abril deste ano com o mesmo período de 2019, as denúncias cresceram mais de 35%.

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O balanço divulgado pelo ministério informa ainda que, entre 2018 e 2019, o total de tentativas de feminicídio denunciadas por meio do Ligue 180 aumentou 74,6%, saltando de 2.075 para 3.624 notificações.

Segundo o estudo da consultoria da Câmara, quando se compara o total de recursos autorizados nas leis orçamentárias (LOA) de 2019 e 2020, verifica-se um crescimento de R$ 51,7 milhões para R$ 126,4 milhões, ou seja, 144%. Porém, “essa expansão foi inteiramente proporcionada pela atuação da Câmara dos Deputados e do Senado Federal durante o processo de emendamento da lei orçamentária, uma vez na proposta do Poder Executivo houve, em realidade, um decréscimo de R$ 2,1 milhões”, aponta o documento.

Quanto à execução orçamentária, em 2020, o ministério reservou, até 5 de junho, o montante de R$ 22,3 milhões, mas gastou efetivamente apenas R$ 5,6 milhões. Não estão computados os pagamentos de anos anteriores - os chamados restos a pagar. Os recursos foram utilizados no Ligue 180 e no Disque 100, que recebe denúncias de violação de direitos humanos.

Casa da Mulher Brasileira

Na LOA 2020, foram autorizados R$ 20,1 milhões para atividades relativas à Casa da Mulher Brasileira em todo o País, e a totalidade das verbas já foi reservada para os serviços, mas nenhum valor efetivamente pago ainda. “De acordo com o Ministério da Mulher, os contratos foram assinados apenas no final de 2019, e os recursos começarão a serem pagos em 2020”, afirma o estudo assinado pela consultora de Orçamento e Fiscalização Financeira Júlia Marinho Rodrigues.

A Casa da Mulher Brasileira agrega uma série de serviços especializados para atendimento da mulher em situação de violência, como delegacia, juizado, promotoria e abrigamento de curta duração.

Estudo do Inesc

O levantamento da consultoria foi feito para “subsidiar resposta da Comissão de Direitos Humanos à relatoria especial das Nações Unidas sobre a violência contra a mulher, suas causas e consequências”. A comissão solicitou aos consultores legislativos a confirmação de dados divulgados pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) sobre a destinação e execução orçamentária para a prevenção e o combate à violência contra a mulher, além de informações adicionais.

A consultoria da Câmara confirmou informação divulgada pelo Inesc de que o novo Plano Plurianual (PPA) 2020-2023 excluiu o “Programa 2016: Políticas para as Mulheres: Promoção da Igualdade e Enfrentamento a Violência”, que era destinado somente às mulheres, e criou o “Programa 5034: Proteção à Vida, Fortalecimento da Família, Promoção e Defesa dos Direitos Humanos para Todos”, que é um guarda-chuva para execução de políticas do ministério destinadas às mulheres, aos idosos e a pessoas com deficiência.

“Ocorreu a fusão dos programas, o que pode dificultar o acompanhamento dessas políticas públicas e levar a uma redução da transparência”, diz o estudo da consultoria.

O PPA é uma lei elaborada a cada quatro anos e, de acordo com a Constituição Federal de 1988, estabelece, de forma regionalizada, diretrizes, objetivos e metas da administração pública federal para as despesas relativas aos programas de duração continuada.​

*Da Agência Câmara de Notícias

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