Tópicos | gastos

A Presidência da República gastou R$ 8 milhões em quase um ano do governo Jair Bolsonaro, apontam dados obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo via Lei de Acesso à Informação (LAI). As despesas englobam viagens do presidente e de servidores em apoio ao Planalto para dentro e fora do País. Somente a última viagem internacional ao Sudoeste Asiático e Oriente Médio gerou, sozinha, uma despesa de R$ 1 milhão aos cofres públicos.

A Secretaria de Administração, responsável pelas despesas do presidente e seus servidores no Planalto, não divulga as notas fiscais que detalhariam como e de que forma os valores foram gastos, impedindo o detalhamento das despesas. A justificativa é que tais gastos devem ficar em sigilo até o fim do mandato do atual presidente por questões de segurança. A praxe é a mesma dos governos anteriores.

##RECOMENDA##

A lista encaminhada ao jornal aponta apenas o valor gasto consolidado em cada viagem feita pela Presidência entre janeiro a novembro e as datas de ida e volta do presidente e/ou de sua comitiva. As despesas incluem pagamentos de passagens aéreas, hospedagem, transporte e alimentação.

Em alguns casos, Bolsonaro não participou da viagem, realizada por servidores que representavam o Planalto, conforme aponta sua agenda oficial. Em outros, o presidente participou da tour, mas permaneceu um período inferior em relação a outros servidores.

A última viagem internacional de Bolsonaro registrou sozinha a maior despesa deste ano: R$ 1 milhão em 19 dias, ou R$ 53 mil por dia. A lista de países visitados inclui Japão, China, Emirados Árabes Unidos, Catar e Arábia Saudita, e foi a viagem mais longa da Presidência desde a posse. Apesar de ter embarcado no dia 20 de outubro, as despesas já estavam sendo contabilizadas desde o dia 13 daquele mês.

Em observação, a Secretaria de Administração informou que essa viagem teve uma "particularidade": alguns servidores foram deslocados pelos países em voos comerciais, "pois o quantitativo não era suportado nas aeronaves oficiais".

Procurada, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República não repassou dados consolidados sobre o número de servidores que integraram a comitiva da viagem ao Sudoeste Asiático. A pasta informou apenas que os nomes constavam no Diário Oficial da União e pediu que fosse procurada a Secretaria-Geral da Presidência da República.

O Estado entrou em contato com a pasta na última quinta-feira (26) e aguarda manifestação.

Entre os integrantes do alto escalão da comitiva estavam os ministros Paulo Guedes (Economia), Onyx Lorenzoni (Casa Civil), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Tereza Cristina (Agricultura), Fernando Azevedo (Defesa), Bento Albuquerque (Minas e Energia) e Osmar Terra (Cidadania).

Os deputados Helio Lopes (PSL-RJ) e Marco Feliciano (Podemos-SP) também participaram da viagem, assim como assessor da Presidência Filipe Martins.

Brasil adentro

No País, o governo registrou despesa diária semelhante à viagem asiática: em julho, foram gastos R$ 52 mil por dia na ida de Bolsonaro a Manaus para a entrega das medalhas da Olimpíada Internacional de Matemática e reunião na Zona Franca de Manaus.

O presidente foi e voltou no mesmo dia, 25 de julho, ficando menos de cinco horas na capital amazonense. Apesar disso, as despesas estavam sendo contabilizadas desde o dia 22 daquele mês e somaram R$ 210 mil.

A maior parte das despesas da Presidência foram com viagens nacionais, devido à maior necessidade de deslocamento do presidente pelo País. Foram 37 destinos diferentes em 74 viagens, que totalizaram um gasto de R$ 5,7 milhões em onze meses.

Em um dos casos, uma viagem de apenas um dia para Goiânia custou R$ 33 mil aos cofres públicos. Na agenda do presidente para o dia em questão, 31 de maio, consta que a visita foi para um café da manhã com representantes do poder estadual do Goiás e participação na Convenção Nacional das Assembleias de Deus no Brasil, onde se questionou sobre a possibilidade de um ministro evangélico no Supremo Tribunal Federal. A comitiva contava com 77 pessoas.

São Paulo, por sua vez, foi o destino mais recorrente da Presidência. Ao todo, foram 18 idas em quase um ano para a capital paulista ao custo de R$ 1,7 milhão aos cofres públicos - pouco mais de 20% do total.

A lista inclui viagens cujas datas batem com encontro de Bolsonaro com empresários, o período em que operou para corrigir uma hérnia de disco, logo após o feriado de Sete de Setembro, e quando foi assistir ao jogo do Palmeiras, em julho.

No entanto, com as notas fiscais em sigilo, não é possível detalhar como e com o que e por quem cada gasto foi feito. Os documentos devem perder o segredo somente ao fim do mandato presidencial de Bolsonaro.

Passaporte na mão

No exterior, a Presidência gastou R$ 2,2 milhões nas dez viagens internacionais realizadas por Bolsonaro desde o começo do ano. Além do Sudoeste Asiático, responsável por metade das despesas, o presidente também visitou a Argentina, o Chile e três diferentes cidades nos Estados Unidos (Nova York, Washington e Dallas).

A ida a Osaka, no Japão, para o encontro de cúpula do G-20 foi a segunda maior despesa do ano, custando R$ 331 mil à Presidência em 16 dias. A viagem foi lembrada pela apreensão de 39 quilos de cocaína com um sargento da comitiva presidencial durante uma parada na Espanha e pelo acordo comercial firmado entre o Mercosul e a União Europeia. Apesar de ter sido fechado em Bruxelas, na Bélgica, o pacto teve repercussões no encontro internacional.

A primeira vez que Bolsonaro fez uso de passaporte na Presidência, a ida a Davos (Suíça) para o encontro do Fórum Econômico Mundial, gerou gastos de R$ 278 mil. A viagem foi marcada pelo discurso de apenas seis minutos e agenda com políticos nacionalistas.

Fim de ano é sinônimo de dinheiro a mais no bolso dos brasileiros. 13º salário e a liberação do saque imediato do FGTS impulsionaram ainda mais a roleta econômica do país - só o 13º deve injetar R$ 214 bilhões, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). No entanto, é preciso que as pessoas se organizem para não chegar em 2020 sem dinheiro e bastante endividados, tendo em vista que, com o novo ano, também chegam os boletos do IPVA, IPTU e o material escolar para o início do ano letivo dos filhos. 

O economista Écio Costa salienta que a organização financeira é essencial para que as famílias possam começar 2020 mais tranquilas. "Não dá para as pessoas saírem gastando no Natal pensando que não existe o amanhã", reforça Écio. Para o economista, o 13º é uma boa fonte para que as pessoas reservem uma parte para quitar as dívidas que chegarão. 

##RECOMENDA##

"É tudo uma questão de planejamento. Tem que botar na 'ponta do lápis' quanto se vai gastar com a virada do ano e se a pessoa tem dinheiro para isso porque, do contrário, não vai adiantar essa organização", aponta Écio Costa. Gerenciar as finanças pessoais não é uma tarefa fácil e exige, além do planejamento, dedicação e estratégia - sendo fundamental saber o somatório dos ganhos obtidos e o quanto deste valor é consumido por despesas durante o mês. 

A contadora Dora Ramos indica que, com dinheiro em mãos, a prioridade deve ser dada para a regularização das dívidas. "A expressão é antiga, mas é verdadeira: a vida é feita de escolhas e são elas que vão definir a sua saúde financeira. Se quer poupar, escolha o que deixará de comprar e, de preferência, livre-se do cartão de crédito que é o grande vilão das dívidas dos brasileiros devido a seus altos juros", aconselha Dora.

Na avaliação da economista-chefe do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), Marcela Kawauti, o cenário econômico pouco melhor do que em anos anteriores pode estimular uma disposição maior dos brasileiros em ir às compras com o 13º salário. “O país se recupera lentamente da crise e ainda sofre com os efeitos negativos da recessão, com o desemprego elevado e renda comprimida. Ainda assim, o período mais agudo das dificuldades já foi superado, o que de certa forma, pode estimular um otimismo maior dos brasileiros na hora ir de ao consumo”, afirma a economista.

De qualquer modo, mesmo com o relativo otimismo do brasileiro em gastar neste Natal, a recomendação da economista do SPC Brasil é que consumidores inadimplentes devem destinar esse dinheiro para quitar dívidas com o pagamento pendente e recuperar o crédito na praça. “A prioridade deve ser sempre sair do vermelho e evitar pagamento de juros que se acumulam. Se o consumidor tem apenas uma dívida em aberto, é mais fácil resolver o problema com a chegada desse dinheiro extra. Caso exista mais de uma, a regra geral é priorizar as dívidas que têm os juros mais altos como, por exemplo, cheque especial e cartão de crédito”, pontua Marcela.

O bom desempenho das vendas durante as promoções da Black Friday, no fim de novembro, não deve atrapalhar o faturamento do comércio no Natal, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Sob o impulso da liberação de saques do FGTS, o ímpeto de compra para o Natal avançou para 65,5 pontos este ano, maior patamar desde 2014, quando começou a recessão econômica. No Natal de 2018, o ímpeto de compra foi de 61,1 pontos.

##RECOMENDA##

O levantamento mostra que 18,2% dos entrevistados anteciparam as compras natalinas nas promoções da Black Friday. Há dois anos, esse porcentual alcançava 33,0% dos ouvidos.

"O resultado mostra que há uma melhora, mas ainda estamos abaixo da média. É um bom prognóstico que foi motivado pela liberação do FGTS, cujo efeito tende a ser passageiro. Os consumidores, principalmente de menor renda, ainda estão com nível de endividamento mais alto e cautelosos com relação aos próximos meses. Ainda é cedo para falar em melhora financeira para os consumidores em geral, mas há sinais positivos", ponderou Viviane Seda, coordenadora da Sondagem do Consumidor no Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), em nota. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os eventos de fim de ano já estão chegando e as lojas começam a lançar descontos e promoções surpreendentes que instigam os consumidores a comprar. A última sexta-feira de novembro, Black Friday, por exemplo, se tornou uma das datas mais importantes no Brasil e estimula o comércio a lançar descontos atraentes. Muitas pessoas se sentem tentadas a comprar por comportamentos compulsivos.

Aline Herculano sofre de compulsividade em comprar. Ela explica que, sempre que tem dinheiro, se sente tentada a comprar exageradamente, principalmente os produtos em promoçãos. Muitas vezes os produtos são abandonados após as compras.

##RECOMENDA##

"Esses eventos são oportunidades que a gente se acostumou a praticamente comprar sem pensar. Eu sei que todo mundo vai estar comprando e me sinto mal de não comprar também. Eu particularmente fico muito tentada a comprar no Black Friday, por causa dos descontos e promoções. Eu faço compras com uma frequência grande e são várias vezes por mês. Geralmente, nas minhas idas ao comércio, ao shopping, eu trago um produto de lá", disse.

Aline relata que precisa se controlar para não comprar algo de que não precisa. "Muitos objetos que eu compro são sem necessidade e repetidos, como blusas, calças e sapatos que já tenho demais, mas eu compro mesmo assim. Sinto uma ansiedade, uma espécie de vazio que precisa ser preenchido. E nas saídas para espairecer a mente, a gente se encontra com os produtos e preços que nos levam a comprar, pensando que vai trazer a felicidade, mas não é bem assim", relata.

A psicóloga Danielle Almeida explica que o comportamento compulsivo é amplo e muitas vezes tem origem em diversos fatores, como estresse, ansiedade e baixa autoestima. Ela ressalta que o indivíduo compra compulsivamente para maquiar e valorizar a autoestima e autoconfiança, mas sempre com exageros.

"As pessoas apresentam a compulsividade como forma de camuflar um estresse e fugir de uma ansiedade. A ansiedade se torna tão grande que as pessoas passam a comprar para se sentirem bem. Chega o final de ano e, com os descontos, muita gente pensa em comprar, por exempl,o a mesma blusa em diversas cores, porque estava superbaratinho e com o preço ótimo, e depois não utilizam. Abrem o guarda-roupa e as mesmas blusas de várias cores estão lá com a etiqueta que nunca usaram", observa.

Segundo a psicóloga, as pessoas acham que o objeto vai ter o poder de levantar a autoestima, mas na verdade isso não acontece. "Porque precisam trabalhar o amor próprio e a autoconfiança sem ter a necessidade do objeto. Somente a terapia para entender o que está acontecendo e refletir nos comportamentos referentes aos objetos externos", ressalta.

Os exageros nas compras podem levar as pessoas a inadimplência e problemas financeiros. "A consequência maior é entrar na inadimplência e ficar com o registro do CPF nos órgãos de proteção de crédito e, com isso, uma limitação de acesso ao crédito. Perde cheque especial, perde a questão de acesso a cartão de crédito e isso pode ser ruim para quem precisa comprar alguma coisa no supermercado e os produtos do dia a dia", explica o economista Nélio Bordalo.

Ele ainda ressalta para as pessoas terem o costume de fazer um planejamento financeiro durante o ano todo. "As pessoas devem se preocupar principalmente com a capacidade de pagamento dos seus compromissos. O planejamento financeiro vai indicar qual é a capacidade mensal que as pessoas têm de absorver esses compromissos assumidos com cartão de crédito, o cartão de lojas, com despesas de viagens, de férias, compras de Natal etc.", finaliza o economista.

A psicóloga Danielle Almeida dá dicas para as pessoas não se endividarem. "Uma dica: antes de você comprar, pergunte para você mesmo se precisa daquele objeto. Por exemplo, as roupas. Muitas vezes, a moda se recicla e sempre você tem em casa algo que pode estar inovando. Você mesmo vai saber se há necessidade de fazer aquele gasto ou não. Você precisa sempre fazer esse questionamento", finaliza.

O Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou um artigo de decreto militar de 1967, que previa sigilo dos gastos presidenciais. A ação foi apresentada em 2008, ano marcado pelo escândalo dos cartões corporativos no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, e questionava a falta de publicidade nas despesas do Palácio do Planalto, prática mantida até hoje.

A decisão que terá impacto sobre os cartões corporativos foi tomada pelo plenário virtual do Supremo, por seis votos a cinco. Votaram pela procedência da ação os ministros Luiz Fux, Celso de Mello, Marco Aurélio Mello, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, acompanhando a posição do relator, Edson Fachin. As manifestações contrárias foram do presidente da Corte, Dias Toffoli, e dos ministros Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso e Rosa Weber.

##RECOMENDA##

O processo foi movido pelo antigo Partido Popular Socialista (PPS), hoje Cidadania. "Caiu um dos últimos entulhos da ditadura", disse ao Estado o presidente do Cidadania, Roberto Freire. "Nós entramos no Supremo para dizer que aquela lei da ditadura - utilizada por Lula para decretar o sigilo dos cartões corporativos e mantida até hoje - não poderia ser recepcionada pela Constituição de 1988".

A ação movida pela sigla alegou que o sigilo violava a Constituição, que prevê a publicidade dos atos públicos do governo como regra. De acordo com o processo, em casos em que fosse necessário o sigilo constitucional, como questões que envolvem a segurança nacional, tal ação deveria ser fundamentada. O partido tratou a lei militar como "nítida ofensa ao princípio da publicidade".

Dados do Portal da Transparência indicam que a Secretaria de Administração da Presidência gastou R$ 4.649.787,28 desde o início da gestão do presidente Jair Bolsonaro. Trata-se da maior despesa para o período, desde 2014. Deste total, R$ 4,5 milhões (97%) estão sob sigilo e não há detalhamento dos gastos. Os valores estão corrigidos pela inflação.

Bolsonaro já acenou com a possibilidade de levantar o sigilo de suas despesas pessoais com o cartão. A equipe do presidente chegou a cogitar a extinção do cartão, mas desistiu.

Em 2008, quando a ação foi levada ao Supremo, o então presidente Lula estava às voltas com o escândalo dos cartões corporativos. O jornal O Estado de S. Paulo revelou, em janeiro daquele ano, que a União havia registrado aumento de 129% com essa modalidade de gastos, em 2007.

CPI

O caso impulsionou a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso para investigar possíveis irregularidades no uso do dinheiro público e levou à queda da então ministra de Igualdade Racial, Matilde Ribeiro.

O cartão corporativo é usado por servidores do governo, incluindo o próprio presidente, com a finalidade de facilitar o pagamento de pequenas despesas ou daquelas que devam ser pagas no ato da compra, como as realizadas durante viagens. Gastos do ocupante do Palácio do Planalto, no entanto, são postos em sigilo sob a justificativa de "segurança nacional".

A Advocacia-Geral da União (AGU) foi procurada, mas não havia se manifestado até o encerramento desta reportagem.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, repetiu, na manhã desta quarta-feira (6), que um dos pontos acatados nas negociações prévias para as medidas anunciadas na terça-feira (5) foi o de não desvincular as despesas de saúde e educação. O governo acabou optando por permitir que os limites constitucionais das duas áreas sejam cumpridos em conjunto.

"Blindamos Saúde e Educação, mas deixamos a decisão do gasto com prefeitos", completou, falando após reunião com cerca de 40 senadores na residência oficial do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).

##RECOMENDA##

Guedes afirmou que a decisão de fatiar as medidas anunciadas na terça em três propostas de emenda constitucional - a PEC Emergencial, a PEC do Pacto Federativo e a PEC dos fundos públicos - foi feita acatando sugestões dos líderes políticos.

A ordem de votação, segundo ele, será decidida pelos políticos. "O fatiamento das PECs está nas mãos dos especialistas", completou.

Segundo Guedes, os senadores fizeram questionamentos e sugestões na reunião da manhã desta quarta-feira, como o de unir fundos hoje existentes em benefício de áreas como a do Rio São Francisco. A proposta do governo é de extinguir mais de 240 dos 281 fundos existentes.

Ele voltou a dizer que a ideia das propostas é mudar a cultura fiscal do País. "Hoje não temos tolerância com inflação alta, mas falta cultura de estabilidade fiscal", afirmou Guedes.

Segundo o ministro, o governo quis criar mecanismos permanentes para a recuperação das contas públicas em casos de deterioração, por isso acabou enviando medidas mais amplas do que as previstas no projeto apresentado pelo deputado Pedro Paulo (DEM-RJ), que previam ações específicas para a União e em um prazo de dois anos.

Postura de negociação

Um dia depois do envio do pacote de medidas para "transformação do Estado", o ministro da Economia deixou claro que a postura do governo será de negociação com o Congresso Nacional. "Ministro que disser que determinado ponto é inegociável não está preparado para democracia. Seria arrogância tola falar que há ponto inegociável", afirmou.

Guedes citou ainda que o governo estuda como desonerar a folha de pagamentos "para gerar empregos". A expectativa é que, nos próximos dias, sejam lançadas medidas para estimular a abertura de postos de trabalho. Também afirmou que a proposta de reforma administrativa poderá andar mais rápido que a tributária - ambas ainda não foram enviadas pelo governo.

Na reunião com cerca de 40 senadores na residência oficial do presidente do Senado, apenas três deles eram da oposição. O presidente Davi Alcolumbre chegou atrasado à reunião em sua própria residência.

Alcolumbre se juntou ao grupo cerca de 40 minutos depois de Guedes, chegar ao local. De acordo com sua assessoria, Alcolumbre teve uma indisposição, motivo do atraso.

Após o encontro, Guedes disse que as propostas enviadas na terça foram construídas em conjunto com o Legislativo, o que deverá reduzir o espaço para mudanças. Guedes citou que, no caso da reforma da Previdência, foi diferente porque o governo mandou uma proposta pronta, antes da consulta aos parlamentares.

"A proposta da Previdência teve cortes compreensíveis na democracia. Dessa vez, nos entendemos com o Legislativo antes, fizemos uma proposta em conjunto", completou Guedes.

Um desejo antigo dos parlamentares é aumentar os recursos de todos os fundos destinados às atividades partidárias. As regras de uso das verbas já existentes, no entanto, apresentam brechas que permitem que o dinheiro público seja utilizado em pagamentos que vão além de despesas do dia a dia.

Em 2018, os diretórios das legendas compraram carros de luxo. Uma das aquisições mais caras foi feita pelo MDB de Santa Catarina, que usou o dinheiro do Fundo Partidário na compra de um Chevrolet Trailblazer no valor de R$ 150 mil.

##RECOMENDA##

A prática de comprar carros e imóveis não estava clara nas regras do fundo. No fim de setembro, o presidente Jair Bolsonaro sancionou projeto que regulamentou essas aquisições. Só no ano passado, os partidos gastaram um total de R$ 893 mil da verba na compra de veículos. Deste total, oito compras custaram mais que R$ 50 mil. A maioria dos veículos com esse valor é enquadrado em grupos de "luxo" ou "executivo" em sites de aluguel de carros, o que pode fazer com que as compras sejam questionadas pela Justiça, segundo especialistas. As siglas, por sua vez, alegam que as aquisições foram feitas dentro da lei e para uso restrito das legendas.

O Republicanos lidera o uso do fundo para compras de automóveis em 2018. No ano passado, os diretórios da sigla desembolsaram R$ 379,3 mil com carros. O diretório do Distrito Federal adquiriu uma maxivan, usada, JAC T8, também com sete lugares, ao custo de R$ 62 mil. O carro foi comprado de um ex-funcionário da liderança do partido na Assembleia Legislativa de São Paulo. Já a direção nacional comprou um modelo igual ao usado por Bolsonaro, um Ford Fusion, zero quilômetro, por R$ 140 mil, além de um Volkswagen Virtus por R$ 73,59 mil para usar na sua sede, em Brasília.

PT

A segunda legenda que mais aproveitou o Fundo Partidário para compra de carros em 2018 foi o PT. O partido gastou R$ 126 mil. Mais da metade deste valor foi consumido pelo diretório de Goiás na compra de um Renault Duster Dynamique, de R$ 68 mil. O terceiro na lista é o PL, que bancou R$ 116 mil.

Em 2017, os gastos dos partidos para comprar automóveis foram ainda maiores - chegaram a R$ 1,173 milhão. O carro mais caro naquele ano custou R$ 165 mil, comprado pelo PRP, partido que se fundiu ao Patriota.

Para o cientista político Marcelo Issa, diretor executivo da Transparência Partidária, a mudança na legislação pode reduzir a capacidade de fiscalização. "A Justiça Eleitoral deve sempre avaliar a economicidade da despesa e a compatibilidade do gasto com as finalidades do fundo partidário do ponto de vista substantivo", disse. "A nova redação é genérica e, portanto, mais permissiva, aumentando a discricionariedade dos partidos quando da aquisição desse tipo de bem", afirmou.

Eduardo Damian, presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB-RJ, afirma que é preciso "bom senso". "O automóvel não pode ser um carro de luxo, que preencha mais o interesse do dirigente partidário do que da própria sigla. Não dá para comprar um veículo importado e colocar cadeirinha de criança no banco de trás", disse.

O Fundo Partidário é uma espécie de "mesada" com dinheiro público para bancar despesas do dia a dia dos partidos, como aluguel de imóveis, passagens aéreas, eventos e salários de funcionários. Os 32 partidos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) devem receber, por este canal, R$ 959 milhões em 2020, conforme a proposta de Orçamento enviada pelo governo ao Congresso. As siglas ainda ganham dinheiro do fundo eleitoral, que tem como objetivo financiar as campanhas.

Além de deixar mais claro o aval para "compra ou locação de bens e imóveis" com dinheiro do fundo partidário, a lei sancionada por Bolsonaro permite que um político acusado de caixa 2 em campanha use a verba para bancar a própria defesa. O jornal O Estado de S. Paulo mostrou que pagamento de advogados por partidos cresceu 48% em 2018 em relação ao ano anterior - foi de R$ 34,43 milhões para R$ 50,92 milhões. A articulação para mudar a legislação eleitoral foi uma resposta da classe política a decisões da Corte Eleitoral, que vinha endurecendo posições sobre uso do recurso.

O advogado Bruno Rangel, ex-presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB/DF, no entanto, considera que a nova redação sobre uso do fundo eleitoral não aumenta brechas para caixa 2. "Se ocorrer, vai continuar sendo fiscalizado e punido por órgãos de controle", disse. Para Rangel, a própria competição entre os partidos já funciona como barreira. "Se o partido gastar mal, com a cláusula de barreira, fatalmente vai deixar de existir."

Bolsonaro vetou alguns trechos da minirreforma, como a retomada da propaganda partidária na TV e no rádio e a anistia a multas aplicadas pela Justiça Eleitoral. Os vetos ainda podem ser revistos pelo Congresso.

Defesas

Procurado, o Republicanos alegou que a venda do JAC T8 foi feita por um correligionário que trabalhou na sigla quatro anos antes do negócio ser fechado. "Não há nenhuma irregularidade na transação, que é pública", disse o partido. A sigla ainda afirma que comprou um veículo de grande porte no Pará para enfrentar estradas em condições precárias. Procurados pela reportagem, os demais diretórios e legendas não responderam.

O presidente da Coreia do Sul, Moon Jae-in, anunciou nesta terça-feira (22) no Parlamento um aumento dos gastos militares e fez um apelo para que a Coreia do Norte retorne à mesa de diálogo, o que pode irritar Pyongyang.

O diálogo entre os dois países está paralisado desde o fracasso da reunião de cúpula de Hanói, em fevereiro, entre o presidente americano Donald Trump e o dirigente norte-coreano Kim Jong Un.

Desde então, Pyongyang condenou os exercícios militares anuais organizados em conjunto pelas forças americanas e sul-coreanas, que considera um teste para uma invasão, assim com a compra por parte de Seul de caças americanos.

A situação atual é muito diferente do início de 2018, quando Moon Jae-in aproveitou os Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang para quebrar o gelo e se reuniu em três ocasiões com Kim Jong Un.

A Coreia do Sul aumentará o orçamento da defesa em 7%, a 37,66 bilhões de dólares, no próximo ano, anunciou Moon no Parlamento. O presidente destacou que "uma defesa forte é essencial para a autodeterminação".

"Reforçaremos o sistema de defesa com equipamentos como submarinos de próxima geração e satélites de vigilância", afirmou.

O anúncio acontece um mês depois da Coreia do Norte ter afirmado que lançou um míssil balístico a partir de um submarino, parte de uma "nova fase" de seus programas de armamento. Este foi o ato de provocação mais forte desde o início da distensão com os Estados Unidos em 2018.

Várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU proíbem Pyongyang de produzir mísseis balísticos.

No início de outubro, Pyongyang e Washington retomaram as conversações na Suécia, mas as negociações permaneceram estagnadas.

Atualmente, Pyongyang descarta qualquer retomada das discussões com Seul.

Moon, um fervoroso defensor do diálogo com o Norte, mantém a esperança, apesar dos múltiplos reveses. Ele afirma que as negociações paralisadas são o "último obstáculo" antes da desnuclearização.

Um "futuro radiante" para o Norte só é possível com base em uma "economia de paz" dirigida por projetos econômicos intercoreanos, destacou. "Apelo ao Norte para agir", concluiu.

Em meio à briga interna no PSL, o presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira (16) que não quer "tomar o partido de ninguém", mas cobrou a divulgação dos gastos da sigla. "Partido tem de fazer a coisa que tem de ser feita, normal. Não tem de esconder nada. Não quero tomar partido de ninguém, mas transparência faz parte. O dinheiro é público. São R$ 8 milhões por mês", afirmou.

Perguntado se deseja a saída do presidente do PSL, o deputado federal Luciano Bivar (PE), Bolsonaro disse que não defende "nada". Ainda afirmou não ter mágoas sobre ninguém. "Minha resposta é transparência para tudo", disse Bolsonaro.

##RECOMENDA##

"Então, vamos mostrar as contas. Não ficar, como a gente vê notícias por aí, de 'expulsa de lá, tira da comissão, vai retaliar'", completou o presidente.

No último dia 8, Bolsonaro externou a crise no partido ao pedir a um militante que "esquecesse o PSL" e dizer que Bivar estava "queimado para caramba". Desde então, a sigla está rachada em grupos pró-Bivar, que ameaça até expulsão de dissidentes, e pró-Bolsonaro, que avalia uma forma de deixar o partido sem abrir mão de mandato e dinheiro do fundo partidário.

"Eu não tenho falado nada do PSL. Zero. Zero. Zero. O tempo todo fofoca, que estou elegendo traidores para lá, para cá. O partido está com a oportunidade de se unir na transparência", declarou o presidente. "Devo ao partido, sim, minha eleição. Sei que tinha outros partidos à disposição, mas briga não é essa", emendou.

O subprocurador-geral junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Lucas Rocha Furtado, pediu à corte de contas que apure a legalidade e transparência dos gastos do poder público com viagens de autoridades para a cerimônia de canonização de Irmã Dulce, no Vaticano, que ocorre neste domingo, 13.

A comitiva oficial que representará o governo brasileiro no evento é capitaneada pelo vice-presidente Hamilton Mourão, e conta com os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli. Há ainda outras duas comitivas formadas por parlamentares da Câmara e do Senado.

##RECOMENDA##

Membro do Ministério Público que atua juntamente ao TCU, Furtado solicitou ainda que o órgão determine que os diversos órgãos federais envolvidos se abstenham de realizar despesas até que elas sejam "devidamente motivadas, justificadas e submetidas à devida transparência".

Na representação, o subprocurador afirma que o tipo de despesa em jogo, "caso exorbitante e fora da razoabilidade", afronta ao princípio da moralidade administrativa.

Na representação, Furtado cita uma frase atribuída à Irmã Dulce: "É preciso ter certeza de estar fazendo a coisa certa". "Guiado por esse ensinamento, deriva que de todos os administradores, sobretudo daqueles que ocupam os cargos mais altos na estrutura do Estado, deve-se exigir muito mais", afirma Furtado.

O subprocurador afirma também que a legalidade do custeio dessa viagem deve ser "detidamente apurada pelo TCU", "tendo em vista que o Estado é laico". "Ainda que se defenda haver amparo legal para o custeio de viagens oficiais para a cerimônia de canonização da Irmã Dulce - embora a questão da legalidade deva ser detidamente apurada pelo TCU no caso que se apresenta, tendo em vista que o Estado é laico -, entendo que o tipo de despesa que se pretende realizar, caso exorbitante e fora da razoabilidade, afronta ao princípio da moralidade", escreveu.

Gastos

Como mostrou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), integrantes da comitiva que viajam acompanhados de suas mulheres - caso de Mourão, Alcolumbre e Maia - informaram que as despesas serão pagas separadamente. Maia e Alcolumbre afirmaram que ficarão hospedados na Embaixada do Brasil em Roma. Alcolumbre disse ainda que não receberá as diárias a que tem direito, e a assessoria de Maia afirmou que o deputado representará a Casa "sem ônus para a Câmara". Segundo regras da Câmara e do Senado, a diária para deputados é de US$ 428 e para senadores, de US$ 416.

O ex-presidente da República José Sarney, o procurador-geral da República, Augusto Aras, o embaixador do Brasil junto à Santa Sé, Henrique da Silveira Sardinha Pinto, e o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), que também participam da cerimônia de canonização, disseram que vão pagar a viagem do próprio bolso.

Os brasileiros estão comendo mais fora de casa. As famílias gastaram, em média, R$ 658,23 mensais com alimentação, sendo 67,2% (R$ 442,27) com alimentos consumidos no domicílio e os demais 32,8% (R$ 215,96) com alimentação na rua, ou seja, em restaurantes, bares e lanchonetes País afora. Os dados são da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2017-2018, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Em uma década, cresceu a proporção de recursos destinados à alimentação fora do domicílio: passando de 31,1% do total destinado à alimentação na POF de 2008-2009 para 32,8% em 2017-2018.

##RECOMENDA##

Entre as famílias que moram em áreas urbanas, essa fatia destinada à alimentação fora de casa subiu de 33,1% para 33,9% no período. O salto foi maior entre as famílias de áreas rurais, de 17,5% para 24,0%.

"Pode ser que o desenvolvimento das áreas rurais tenha contribuído. Estão chegando mais estabelecimentos nessas áreas, mais lugares para as pessoas fazerem refeição fora do domicílio", justificou André Martins, gerente da POF no IBGE.

No entanto, o fenômeno também pode ter contribuição de mudanças no mercado de trabalho, com mais mulheres ocupadas fora de casa ou simplesmente mais pessoas da família trabalhando fora do domicílio, acrescentou Martins.

Entre a POF 2008-2009 e a POF 2017-2018, a única região com queda no porcentual de recursos destinados à alimentação fora do domicílio foi a Sudeste: de 37,2% para 34,2%.

As famílias com menor proporção de gasto com alimentação fora de casa foram as da região Norte (21,4%), enquanto os habitantes do Centro-Oeste registraram a maior fatia (38,0%). No Centro-Oeste, a despesa média mensal familiar com alimentação fora do domicílio foi de R$ 277,68, 133,8% a mais que o gasto na região Norte (R$ 118,79), o menor do País.

As mudanças nos hábitos de consumo das famílias brasileiras captadas pela POF servirão de parâmetro para recalcular o peso dos itens pesquisados pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial no País. O IBGE divulgará na próxima sexta-feira, dia 11, a nota técnica com as futuras mudanças no cálculo do IPCA. A inflação passará a ser calculada sob a nova metodologia apenas em janeiro do ano que vem, com divulgação prevista para o início de fevereiro.

Na comparação entre as faixas de renda, as famílias com rendimentos mais baixos, que recebiam até R$ 1.908,00 mensais, destinavam 20,6% de despesa com alimentação para refeições fora de casa e 79,4% para alimentos a serem consumidos no domicílio. Já entre as famílias mais ricas, com rendimentos acima de R$ 23.850,00, a fatia destinada à alimentação fora do domicílio foi de 50,3%, superando a proporção destinada à alimentação em casa, que recebeu 49,7% de todos os recursos destinados à compra de alimentos.

O valor despendido em alimentação pelas famílias mais ricas foi mais de seis vezes maior que o gasto das famílias mais pobres com alimentos.

A despesa dos mais ricos com alimentação no domicílio foi quase quatro vezes maior que o valor despendido pelos mais pobres. Quanto à alimentação fora do domicílio, as famílias rendimentos mais altos gastaram 15,3 vezes mais que o total despendido pelas famílias mais pobres.

Deputados aprovaram na noite desta terça-feira, 1, a urgência do projeto que limita gastos para as campanhas eleitorais municipais do ano que vem. Lideranças do Centrão e da oposição articularam o avanço da medida no início desta semana. A ideia, por enquanto, é que candidatos a prefeitos e vereadores trabalhem com um teto que seja igual ao de 2016, porém, corrigido pela inflação no período. O texto que será votado, no entanto, pode ainda sofrer alterações.

Assim como a minirreforma dos partidos aprovada no mês passado pelo Congresso e parcialmente vetada pelo presidente Jair Bolsonaro, esse projeto também foi liderado pelo presidente do Solidariedade, Paulinho da Força (SP).

##RECOMENDA##

O projeto colocado na pauta do plenário da Câmara nesta terça-feira é de autoria do deputado Otaci Nascimento (Solidariedade-RR). A medida deve ser alterada antes de ser aprovada. Ela pode ser juntada ao texto sobre o mesmo tema que ainda será votada pelo Senado, de autoria do senador Chico Rodrigues (DEM-RR). A matéria pode ainda sofrer outras modificações ao ser votada de fato pelos deputados.

A definição de um novo teto para as campanhas deve atingir, principalmente, candidatos e partidos com capacidade de autofinanciamento.

Os parlamentares têm pressa para aprovar um texto que precisa ser sancionado pelo presidente Bolsonaro um ano antes das próximas eleições.

A Câmara iniciou na tarde desta terça-feira, 1, sessão que deve ter como um dos focos o projeto de lei que regulamenta o teto de gastos das eleições municipais. Está na pauta a urgência e o mérito do projeto 4121/2019 que trata do tema, no entanto, deverá haver um texto substitutivo de plenário que irá prever que o teto seja o valor definido em 2016, corrigido pela inflação, segundo líderes.

Há ainda na pauta, o projeto de securitização das dívidas dos Estados e também medida que susta portaria do Ministério da Economia que permitia o aumento da cota de importação de etanol de 600 milhões de litros por ano para 750 milhões de litros anuais.

##RECOMENDA##

O plenário analisa agora a Medida Provisória 885/19, que agiliza o repasse, a Estados e ao Distrito Federal, de recursos decorrentes da venda de bens apreendidos relacionados ao tráfico de drogas, mudando também procedimentos para essa alienação.

Mais cedo, foi aprovado o Projeto de Lei 6754/13, que institui política nacional de prevenção do diabetes e de assistência integral à saúde da pessoa portadora de diabetes. A proposta irá à sanção presidencial.

Senado

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), também tenta votar nesta terça-feira um projeto de lei que define um teto de gastos para as campanhas da eleição municipal de 2020. A estratégia é aprovar um texto negociado com a Câmara nesta semana para que as regras sejam válidas para o pleito do ano que vem.

Os deputados também cogitam votar um projeto com o mesmo conteúdo. Neste caso, o Senado analisaria o texto em seguida. Pela proposta que está na pauta do Senado, de autoria do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), o limite de gastos para campanhas de candidatos a prefeito nos municípios com mais de 5 milhões de eleitores será de R$ 10 milhões em 2020.

Para cidades entre um milhão e 5 milhões de eleitores, o limite proposta é de R$ 5 milhões. No caso de municípios com 500 mil a um milhão de eleitores, os candidatos a prefeito poderiam gastar até R$ 3 milhões. O valor é escalonado até R$ 100 mil para municípios com até 20 mil eleitores.

O pagamento de advogados por partidos cresceu 48% em 2018 em relação ao ano anterior - foi de R$ 34,43 milhões para R$ 50,92 milhões. Este tipo de despesa foi uma das principais polêmicas do projeto aprovado recentemente pela Câmara e transformado em lei na sexta-feira, dia 27, pelo presidente Jair Bolsonaro. A medida permite que um político acusado de caixa 2 em campanha, por exemplo, tenha seu advogado pago com recursos públicos.

Na prática, a lei liberou os partidos a bancar a defesa de seus filiados, desde que o caso esteja vinculado às eleições. Na lista dos contratados no ano passado estão escritórios famosos por defender réus da Lava Jato, como o do criminalista Alberto Toron, o de José Eduardo Alckmin e o de José Roberto Figueiredo Santoro, que negam ter recebido das siglas para atuar nos processos relacionados à operação. O cálculo que mostra o crescimento das despesas com pagamento de advogados em 2018 não leva em conta gastos eleitorais.

##RECOMENDA##

A mudança na lei foi uma reação da classe política a decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que endureceu o entendimento neste ano sobre o uso de recursos do Fundo Partidário para pagar a defesa de filiados, como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo em maio. O fundo é uma espécie de "mesada" com dinheiro público que as siglas recebem para custear despesas do dia a dia, como aluguel de imóveis, passagens aéreas, eventos e contratação de pessoal.

As restrições à contratação de advogados foram discutidas pelo TSE no julgamento das prestações de contas do PSDB e do PP, referentes ao ano de 2014. No caso dos tucanos, as contas foram aprovadas com ressalvas pelo plenário, que determinou ao partido a devolução de R$ 1,1 milhão aos cofres públicos por uma série de irregularidades. Entre elas, a contratação de um escritório de advocacia por R$ 187,7 mil para defender o então governador Geraldo Alckmin (PSDB) em uma ação eleitoral.

No caso do PP, que teve as contas reprovadas, o partido usou dinheiro público na contratação de escritórios para defender o ex-deputado João Pizzolatti Júnior (SC), em ação de improbidade administrativa, além de outros integrantes da legenda investigados em inquéritos. "Percebe-se, portanto, o desvio na utilização dos recursos do Fundo Partidário, uma vez que voltados à defesa de particulares, por atos estranhos à vida partidária", disse o ministro Luís Roberto Barroso, relator do processo à época, no TSE.

O cerco da Corte eleitoral sobre a contratação de advogados tinha como objetivo impedir que verbas públicas fossem direcionadas para a defesa de políticos acusados de corrupção.

A primeira versão do projeto com regras mais brandas para partidos liberava a contratação de advogados com dinheiro público para qualquer tipo de ação. Após este trecho ser rejeitado pelo Senado, deputados retomaram a permissão, mas com a ressalva de que só valeria em caso de ação relacionada ao processo eleitoral.

O advogado Cristiano Vilela, que integra a Comissão Eleitoral da seccional de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), defendeu a liberdade de o partido definir como aplicar seus recursos, desde que não haja excessos. "O partido não pode pagar o caso de um deputado que tenha uma ação de despejo ou de divórcio, por exemplo, porque extrapola o interesse partidário", afirmou. "Agora, se você tem uma ação com desdobramento no âmbito partidário, que pode ser estratégica para evitar a inelegibilidade de alguém que se pretenda lançar candidato, não vejo problema. O partido não vai ter um valor a mais para isso e terá de encaixar no seu orçamento", disse Vilela.

Recursos

Na proposta de Orçamento para 2020 está previsto um valor de R$ 959 milhões para o Fundo Partidário, a ser dividido entre as 32 siglas registradas no TSE. Para o cientista político Marcelo Issa, diretor executivo da Transparência Partidária, os serviços de advocacia são mais sensíveis a eventuais práticas irregulares. "Os valores cobrados pela realização das mesmas atividades podem variar enormemente, a depender exclusivamente de características do profissional contratado", argumentou ele. Issa também criticou outras flexibilizações previstas na lei relacionadas à contratação de advogados, entre as quais a que permite a um candidato extrapolar o teto de gastos de campanha se a despesa for relacionada à sua defesa jurídica.

O PT foi o partido que mais teve despesas jurídicas no ano passado. Foram R$ 6,4 milhões - ante gasto de R$ 5,5 milhões em 2017. O valor não inclui despesas declaradas pelo partido como eleitorais, que engordaram numa proporção ainda maior pelo fato de 2018 ser um ano com disputa.

Mesmo assim, a principal contratação foi do escritório do ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão (R$ 1,8 milhão), responsável pela estratégia jurídica que manteve Lula como candidato à Presidência até próximo à data da eleição.

O partido alegou que os pagamentos a escritórios advocatícias cumpriram as exigências legais para aplicação de recursos do Fundo Partidário. De acordo com o PT, mesmo sem contar despesas eleitorais, o aumento entre 2017 e 2018 é "absolutamente compatível com a necessidade de serviços jurídicos num ano de eleições gerais, o que incluiu (...) o rigoroso cumprimento da nova lei sobre participação feminina nas chapas proporcionais".

O PSDB foi o segundo que mais gastou, com um crescimento de 22% da despesa. Do total, o partido pagou R$ 1,09 milhão para o escritório do ex-ministro do TSE José Eduardo Alckmin, que atuou, entre outros casos, na defesa do ex-presidente da sigla Geraldo Alckmin - seu primo - no processo em que o tucano é acusado de receber propina da Odebrecht. Também trabalhou para o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) no caso relacionado à delação da J&F.

Outros R$ 275 mil foram para o escritório do advogado José Roberto Santoro, que defende o ex-diretor da Dersa Paulo Vieira de Souza, apontado pela Lava Jato como operador de propinas do PSDB. O partido nega que tenha usado recursos do Fundo Partidário para pagar a defesa de Souza ou de qualquer filiado.

Consultados, Republicanos e MDB também atribuem a alta de despesas com advogados ao período eleitoral, mesmo que o cálculo da reportagem inclua apenas gastos declarados como "serviço jurídicos ordinários". Os demais não responderam até a conclusão desta edição. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Enquanto o Congresso Nacional não avança na aprovação de um novo plano de socorro aos Estados que não conseguem pagar funcionários e fornecedores, 10 dos 19 governos estaduais que alongaram suas dívidas com a União em 2016 correm o risco de terem que pagar R$ 30 bilhões a partir do próximo ano por não cumprirem os limites com gasto com pessoal e inflação no período.

A penalidade prevista nesses casos é a retomada do pagamento integral das parcelas das dívidas que foram postergadas nos últimos anos. "Eles perderiam o benefício do alongamento da dívida e precisariam pagar cerca de R$ 30 bilhões em um ano, o que seria impossível", avaliou o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida.

##RECOMENDA##

Conhecido como Plano Mansueto, o Plano de Promoção do Equilíbrio Fiscal (PEF) ajudaria os governadores, dando mais tempo para ajustem suas contas. "O PEF dá dois anos a mais para que esses Estados cumpram essa meta e estabelece apenas uma multa para quem descumprir. O ideal seria conseguirmos aprovar a lei do PEF ainda no segundo semestre deste ano, para evitar judicialização", completou.

Mesmo com a aprovação do PEF, Mansueto repetiu que os Estados não conseguirão fazer seus ajustes fiscais se não entrarem na reforma da Previdência - o texto aprovado pelos deputados não abrange novas regras para servidores estaduais. "Se os Estados não conseguirem realizar o ajuste fiscal, mais cedo ou mais tarde vão bater na porta do governo federal. Então a nossa situação não é confortável, ainda é extremamente frágil", afirmou.

Questionado sobre o pedido do Estado do Rio de Janeiro para uma revisão no Regime de Recuperação Fiscal (RRF) - voltado apenas para Estados em situação de calamidade financeira -, ele respondeu que irá se reunir na próxima semana com o conselho do regime para "entender" o que o governo fluminense está pedindo.

"Temos que ver quais são as dificuldades do Rio. Um dos casos a serem analisados é a dívida do Banerj, mas não sei ainda quais exatamente são as demandas do Rio", comentou.

Mansueto disse ainda que o Rio Grande do Sul já aprovou quase tudo que precisava na Assembleia Legislativa Estadual para aderir ao RRF, que exige contrapartidas, como a venda de estatais. Segundo ele, o governo gaúcho deve apresentar sua proposta básica de ajuste fiscal ao Tesouro na próxima semana, assim como o governo goiano. "Já o governo de Minas Gerais ainda está mais distante desse ponto", completou.

Rio de Janeiro

 

O governo fluminense pleiteia a renovação do plano de recuperação fiscal firmado em 2017, porque, segundo secretário de Fazenda do Rio, Luiz Claudio Rodrigues de Carvalho, é impossível reequilibrar as finanças no prazo inicial de três anos. Carvalho quer adiar o reinício do pagamento da dívida direta com a União ou garantida por ela.

O RRF em vigor instituiu um plano de recuperação de três anos, renováveis por mais três. Seu benefício para o Estado é suspender os pagamentos da dívida com a União durante esses prazos. Segundo Carvalho, pelo plano atual, o pagamento do serviço da dívida com a União deveria ser retomado em 2020. Se não houver revisão, em 2024, o pagamento do serviço da dívida chegará a 27,9% da receita corrente líquida do Estado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em meio a um surto de sarampo e com a previsão de alta nos casos de febre amarela no próximo verão, o Ministério da Saúde deverá reduzir em R$ 393,7 milhões as despesas com compra e distribuição de vacinas em 2020. A proposta de corte está no projeto de lei orçamentária enviado pelo governo federal ao Congresso no fim de agosto. O documento, que detalha como a União pretende utilizar os recursos disponíveis no ano que vem, ainda precisa ser aprovado pelo Legislativo.

De acordo com o projeto, o governo pretende gastar cerca de R$ 4,9 bilhões no ano que vem com "aquisição e distribuição de imunobiológicos para prevenção e controle de doenças". O valor é 7% menor do que o previsto para esse ano (R$ 5,3 bilhões). Do montante estimado para 2020, cerca de R$ 1,4 bilhão ainda terá liberação condicionada à aprovação legislativa extraordinária. O governo federal compra os imunizantes de laboratórios públicos e privados, a depender do tipo de vacina e da demanda.

##RECOMENDA##

Questionado sobre a proposta de redução no valor destinado à compra de imunizantes, o Ministério da Saúde assegurou "que não faltarão recursos para a aquisição de vacinas" e destacou que o orçamento total da pasta será de R$ 134,8 bilhões. Esse montante é R$ 5,2 bilhões superior à proposta de 2019, o que, segundo o ministério, "demonstra, dentro de um projeto de austeridade fiscal, a prioridade para a área da saúde".

O órgão declarou ainda estar "ampliando as aquisições e recompondo os estoques com preços mais baixos dos que inicialmente estavam previstos", o que justificaria um orçamento mais baixo para 2020.

A pasta citou o caso da vacina meningocócica ACWY, cujo valor total da compra, após negociação, caiu de R$ 123 milhões para R$ 87 milhões, com aumento de doses adquiridas de 3,6 milhões para 4,5 milhões. O ministério não divulgou outros casos de aquisições de vacinas nos quais o preço inicial foi reduzido.

No total, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) possui cerca de 30 tipos de vacinas ofertadas gratuitamente para a população por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Nos últimos anos, o Brasil registra uma queda nas taxas de cobertura vacinal, o que levou à ocorrência de um surto de sarampo com mais de 3 mil casos confirmados e levantou o alerta para o possível retorno de outras doenças controladas, como caxumba, difteria e coqueluche.

O surto de sarampo, que afeta sobretudo os municípios paulistas, já tem feito com que algumas prefeituras registrem falta do imunizante.

Estoques

De acordo com o ministério, o plano para 2020, mesmo com verba menor, é "repor os estoques estratégicos nacionais para dar maior sustentabilidade ao Programa Nacional de Imunização e regularidade a distribuição de vacinas para a rede pública, ao contrário do que vinha ocorrendo em gestões anteriores".

Também questionado sobre a redução das despesas para a compra de vacinas, o Ministério da Economia informou que "cabe ao Ministério da Economia informar aos órgãos setoriais o valor do orçamento previsto para o próximo ano, sendo o órgão setorial (neste caso, o Ministério da Saúde) autônomo e responsável pela distribuição interna desses recursos."

Nos primeiros oito meses do governo Bolsonaro, as ações de gestão da política ambiental do País praticamente pararam. Análise orçamentária do Ministério do Meio Ambiente (MMA) mostra que a administração direta reservou (empenhou), até o dia 6, R$ 1,17 milhão para as chamadas ações finalísticas - ou seja, os objetivos principais da pasta: planejamento de políticas e gerenciamento. No ano passado foram empenhados R$ 35,6 milhões.

Os dados obtidos pela reportagem são do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop), da Secretaria de Orçamento Federal. No início do ano, a pasta tinha um gasto autorizado para essas ações de R$ 25,2 milhões e sofreu contingenciamento de R$ 15,5 milhões, mas ainda havia quase R$ 10 milhões disponíveis. Nesse ritmo, caminha para ter o menor valor empenhado para essas ações dos últimos quatro anos.

##RECOMENDA##

Procurado, o MMA informou que houve uma redução do orçamento de R$ 25 milhões para R$ 8 milhões. "A diferença de 17 milhões se refere a emendas coletivas que não se confirmaram." Informou também que o "valor a ser empenhado até o final do ano está previsto nos editais que estarão concluídos e disponíveis em setembro e outubro" e a "execução neste exercício ficará próxima de 96%". Também afirmou que "parte das despesas previstas foi convertida em recursos para a estrutura do Núcleo de Conciliação Ambiental e despesas de atividades de fiscalização e controle do Ibama".

Dentro do valor autorizado para ações da pasta, estavam previstas 16 linhas de atuação, como políticas e estratégias de prevenção e controle do desmatamento; ações contra mudanças climáticas; e agenda ambiental urbana, entre outras. Apesar de a maior parte do orçamento do MMA ser alocada para suas autarquias - Ibama e ICMBio, que, juntos, têm quase R$ 400 milhões de verba autorizada neste ano para suas ações finalísticas -, é a administração direta que faz a formulação de políticas que esses órgãos vão executar.

"O MMA é o órgão central do sistema ambiental, a quem cabe planejar, coordenar, supervisionar e controlar a política nacional do meio ambiente. Problemas no início da gestão são esperados, mas não a baixíssima execução nas ações finais", diz Suely Araújo, que presidiu o Ibama durante o governo Temer.

Uma das ações previstas, as políticas e estratégias de prevenção e controle do desmate, recebeu até agora R$ 19,1 mil - estavam autorizados para esse fim R$ 253 mil neste ano. Em 2018, essas ações tiveram um empenho de quase R$ 176 mil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A decisão do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), de manter em sigilo as notas fiscais que justificam seus gastos com a chamada cota parlamentar passou a ser seguida na Casa por mais parlamentares. Pelo menos 12 senadores, incluindo Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, negaram pedidos feitos via Lei de Acesso à Informação com a mesma justificativa.

A recusa em abrir os detalhes dos gastos tem como base um parecer de 2016, produzido na gestão de Renan Calheiros (MDB-AL) na presidência da Casa. O documento afirma que qualquer senador pode se negar a apresentar uma nota fiscal, quando julgar necessário, por questões que envolvem a sua própria segurança.

##RECOMENDA##

A reportagem teve acesso a uma lista com 60 pedidos negados com base neste parecer, referentes a pelo menos 12 senadores. Além de Flávio e Alcolumbre, aparecem Telmário Mota (Pros-RR), Omar Aziz (PSD-AM), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Eduardo Braga (MDB-AM). Os demais nomes não foram identificados na lista que a reportagem obteve.

A cota parlamentar é o dinheiro usado para senadores pagarem despesas com passagens, serviços postais, manutenção de escritórios de apoio à atividade parlamentar, hospedagem, combustível, entre outras. O valor que cada um pode utilizar varia de acordo com o Estado de origem do senador - quanto mais longe de Brasília, maior.

Como revelou o jornal O Estado de S. Paulo, Alcolumbre briga na Justiça para que os senadores mantenham em sigilo as notas fiscais usadas para justificar o uso da cota. Uma ação popular ajuizada na Justiça Federal em Minas Gerais questiona a falta de transparência e pede a nulidade do parecer da gestão Renan.

Uma das justificativas dos três advogados do Senado escalados para fazer a defesa de Alcolumbre nesta ação é que, desde julho, a Casa passou a apresentar as cópias de notas fiscais de gastos de gabinete em seu site. A decisão, porém, não é retroativa. Ou seja, todas as notas de gastos feitos antes de julho permanecem em sigilo.

Procurada para explicar a recusa em divulgar as notas fiscais, a assessoria de Flávio Bolsonaro primeiro questionou se os documentos já não estavam no site do Senado. Informada de que não estavam, disse "que ia ver com a área responsável" o motivo. Desde que assumiu o mandato, Flávio gastou R$ 102,9 mil da cota parlamentar, segundo consta no site da Casa. Até a noite de ontem, no entanto, as notas referentes aos gastos de fevereiro a maio do senador não estavam disponíveis.

A assessoria do senador Eduardo Braga afirmou que o site do Senado já traz informações detalhadas sobre os gastos e, caso seja determinado pela presidência da Casa um detalhamento maior - como a divulgação das notas fiscais -,"ela será seguida sem problemas".

Também na lista dos que negaram acesso às suas notas fiscais via Lei de Acesso à Informação, Randolfe Rodrigues forneceu os documentos quando solicitado pela reportagem. Ele disse discordar da decisão do Senado sobre o sigilo.

Líderes

A assessoria de imprensa de Davi Alcolumbre confirmou que a orientação na Casa é dar transparência às notas apenas a partir de julho, e de deixar os documentos referentes a meses anteriores em sigilo.

Segundo a assessoria, essa decisão foi tomada em conjunto em reunião de líderes do Senado. O entendimento dos líderes foi o de que, ao divulgar os dados a partir de julho, a Lei de Acesso à Informação não seria desrespeitada, informou.

Desde quando o presidente do Senado o passou a negar acesso às notas fiscais, associações que atuam na área da transparência têm cobrado uma posição mais firme dos senadores quanto ao cumprimento da Lei de Acesso à Informação.

Fundador e secretário-geral da Associação Contas Abertas, Gil Castello Branco afirmou que não existe "meia transparência". "A transparência não pode ficar dependendo da boa ou má vontade de um ou outro senador. Todas as notas deveriam ser publicadas. Entendo que as notas devem ser publicadas retroativamente. Todos os senadores devem cumprir a Lei de Acesso à Informação."

A reportagem procurou os demais parlamentares que aparecem na lista, mas eles não responderam até a noite de sexta-feira, 30. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Está pronto para votação na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) projeto que inclui gastos veterinários na lista de despesas passíveis de dedução da base de cálculo do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF). Para o autor do PL 3.407/2019, senador Mecias de Jesus (PRB-RR), a medida permitirá que tutores busquem atendimento adequado aos animais domésticos, que demandam gastos elevados com médicos veterinários, exames e internações em clínicas.

“De modo análogo à saúde humana, cujas despesas podem ser abatidas da base de cálculo do IRPF, a legislação deve possibilitar a dedução dos pagamentos efetuados com vistas aos cuidados médicos necessários aos animais domésticos”, justifica o senador.

##RECOMENDA##

O projeto prevê ainda que o Executivo crie um cadastro nacional de tutores e respectivos animais domésticos. O registro oficial evitaria o uso indevido do benefício, avalia o autor.

Pela rejeição

Apesar dos argumentos de Mecias, o relator na CAE, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), recomenda a rejeição da proposta. O texto, segundo ele, não prevê estimativa de impacto sobre a arrecadação, nem medidas de compensação para as perdas acarretadas pela medida, o que não é permitido pela Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

Ainda de acordo com Bezerra “a dedução pretendida fere a razoabilidade quando se sabe que os recursos que seriam renunciados para que os contribuintes beneficiados pudessem cuidar dos seus animais de estimação são fonte essencial de custeio, nos três níveis da Federação, para o já precário atendimento de saúde da população, sobretudo a mais necessitada”.

Da Agência Senado

O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) inicia, nesta terça-feira (2), uma caravana em cidades do interior do Estado. O objetivo da investida é identificar a ‘Atenção Básica’ de saúde nos municípios, uma vez que a entidade apura os gastos per capita em saúde nas localidades pernambucanas.

De acordo com o Cremepe, serão alvos dos caravaneiros os municípios que apresentam os piores investimentos per capita no cidadão, considerando o período que vai de 2013 a 2017, bem como os que têm as maiores variações negativas associadas ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). A caravana, segundo o Conselho, também estará nas ruas na próxima quarta (3) e quinta-feira (4) para dar continuidade às apurações.

##RECOMENDA##

A entidade revelou as cidades que receberão a caravana: “O município de Bezerros investiu R$ 112,15 por habitante, com a variação de – 7,2% e na 5ª Geres; o município de Garanhuns investiu R$ 131,79 por munícipe. O grupo também irá também à cidade de São Bento do Una, que gastou R$ 123,87 por habitante, com a variação de – 42,6%. E o curso de atualização será em Sífilis, dia 2 em Caruaru (na Sociedade de Medicina) e dia 03 em Garanhuns (CDL)”.

O Cremepe alerta para a variação – em todo o País - no gasto médio per capita com saúde. O valor médio no Brasil é de R$ 1.271,65, mas, entre os 26 Estados, a quantia varia de R$ 703,67, no Pará, a R$ 1.771,13, em Roraima. “Esses montantes resultam da soma de recursos de impostos e transferências constitucionais da União a cada uma das unidades federativas e do que é dispensado também pelos Estados e Municípios, com recursos próprios para pagamento de despesas em Ações e Serviços Públicos de Saúde (ASPS). Essas despesas são voltadas para a promoção, proteção e recuperação da saúde que atendam, simultaneamente, a princípios da Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080/1990)”, destacou o Cremepe por meio da sua assessoria de comunicação.

Segundo o ranking de gastos, em 2017, ano do mais recente levantamento, em Pernambuco o gasto foi de R$ 908,68. “Sendo 343,66 por parte do federal, 320,37 do gasto estadual e 244,66 por parte do município (capital). No Estado, as cidades que mais investiram foram: Ipojuca (1399,25), Ingazeira (685,05), Itacuruba (756,87) e Itapissuma (514,95). Já os municípios que menos investiram foram: Água Preta (116,24), Bezerros (112,15) e Paulista (115,82)”, acrescentou o Cremepe.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando