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Às vésperas da data de assinatura da Lei Áurea, que libertou os negros no Brasil em 13 de maio 1888, a deputada federal Benedita da Silva (PT), sem dúvidas é um ícone em relação à representatividade preta e feminina na Política. Em entrevista à Universa, a pioneira em ocupar cargos no Executivo prefere não comemorar a data e avaliou o que entende como "retrocesso inigualável" nas políticas voltadas à população negra.

Aos 78 anos, Benedita é fruto do amor de uma lavadeira e um pedreiro. Natural da favela carioca, seu pioneirismo político emergiu em 1982, quando foi a primeira negra a alçar uma cadeira na Câmara dos Vereadores do Rio. Anos depois, chegou a integrar cargos no Senado e no governo do Estado, antes de assumir a candidatura no Congresso.

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A deputada explica que o 13 de maio não é um dia de comemoração, e sim de reflexão, pois "o extermínio da população negra continua até hoje". "A escravidão apenas mudou do chicote para a caneta. Da caneta para a exclusão. É nesse sentido que o 13 de Maio não se festeja", entende.

Seu dia-a-dia no Congresso Nacional é divido ao lado dos demais políticos escolhidos para reger o país. Sua "intimidade" com a classe, a faz cravar que ainda "há essa coisa escravocrata na cabeça de governantes e executivos que querem que a gente morra."

Para Benedita, desde a entrada do ex-presidente Michel Temer (MDB), o Brasil sofre com um "retrocesso inigualável" em relação à luta contra o racismo. A redução das medidas voltadas para promover oportunidades e acesso ao ensino superior é uma de suas principais queixas.

Em relação à gestão Bolsonaro (sem partido), frisou o avanço de gestos antidemocráticos e na escolha de Sergio Camargo para comandar a Fundação Cultural Palmares. Ela relembrou o entendimento distorcido de Camargo, que defende que "a escravidão foi ótima para os negros". "Como entender que a Casa Grande ainda usa negros para bater em negros, como capitão do mato? Chegamos a um 13 de Maio nunca visto antes", compara.

Benedita também garantiu que não sente-se representada pela ministra Damares Alves, responsável pela pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. "Com esse governo não tem diálogo [...] tudo que seu mestre mandar, faremos todos", no ‘toma lá, dá cá’. Eles falam que não pode ter ideologia, mas eles têm e é perversa", aponta.    

A deputada reforça que o antirracismo deve ser uma luta de todos e “quando você cuida da mulher negra, está cuidando da maioria da população brasileira". A petista também criticou o cenário político, resultante da polarização polarização: "se faz diferente é comunista e não tem fé em Deus", comentou.

Embora evangélica, a congressista enxerga uma contradição entre fé e Política no atual Governo. "Quem ama não mata, nem discrimina, abandona ou julga. E há muita contradição em religiosos que estou vendo ali", afirma.

Katherine Johnson, matemática pioneira da NASA cuja vida foi retratada no filme "Estrelas Além do Tempo" faleceu nesta segunda-feira (24) aos 101, segundo comunicado da agência espacial.

Os cálculos de Johnson ajudaram a levar o primeiro homem à Lua em 1969, embora ela fosse pouco conhecida até o longa indicado ao Oscar em 2017 contar a sua história e de outras duas cientistas negras que trabalhavam para a NASA.

"Ela era uma heroína americana e o seu principal legado nunca será esquecido", disse Jim Bridenstine, gerente-geral da agência espacial, elogiando "sua coragem e o marco que não teríamos conseguido chegar sem ela".

Johnson e uma colega foram as primeiras a calcular os parâmetros do voo suborbital, em 1961, do astronauta Alan Shepard, o primeiro americano a chegar ao espaço.

Os seus talentos matemáticos foram essenciais para determinar a trajetória do voo Apollo 11, que levou Neil Armstrong e Buzz Aldrin à lua em 1969.

Em 2015, o ex-presidente americano Barack Obama entregou a Johnson a Medalha Presidencial da Liberdade, o prêmio da maior honraria civil nos EUA.

Dois anos depois, Johnson - aos 98 anos - participou da cerimônia do Oscar, em 2017, quando o longa foi indicado ao prêmio, e ao subir ao palco foi enormemente aplaudida.

Depois que a empresária, identificada como Lorena Vieira, denunciar um episódio de racismo sofrido em uma agência do Banco Itaú, no Rio de Janeiro. O ator José de Abreu publicou em seu perfil no Twitter que está encerrando a sua conta no banco por conta do episódio que caracteriza como 'inaceitável'.

“Acabo de enviar para a gerente de minha conta no Itaú Personnalité: ‘Em função da postura racista do Banco, quero encerrar minha conta. Estou baixando todas as minhas aplicações e não sei como faço com a previdência que não posso mexer. Pode me ajudar?”, publicou o ator. 

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Até o início da noite desta sexta-feira (31), a #ItauRacista ficou entre os assuntos mais comentados do Twitter, com o engajamento de vários artistas e anônimos que pedem para “cancelar” o banco por conta do caso denunciado pela empresária. 

A deputada federal Talíria Petrone (PSOL) postou, também em sua conta do Twitter, que "Lorena foi mais um vítima do racismo institucional, dessa vez pelo Itaú. Aqui na Câmara, a bancada negra progressista apresentou o projeto de lei 5885/19, para coibir essas e outras práticas. Esperamos que seja aprovado e inspire o fim do racismo em qualquer serviço".

O Itaú se posicionou sobre o episódio

O Itaú Unibanco lamenta profundamente os transtornos causados a Lorenna Vieira. O banco esclarece que a verificação de documentos é obrigatória nos casos em que o cliente não tenha em mãos o cartão do banco ou não faça uso de biometria para realizar saques. O objetivo do procedimento é garantir a segurança dos próprios clientes, e não tem qualquer relação com questões de raça ou gênero. 

Infelizmente, pessoas tentam aplicar diariamente golpes usando documentos falsos em agências do banco. Em razão desse procedimento, o Itaú Unibanco conseguiu evitar inúmeras fraudes dessa natureza contra seus clientes. O banco reitera o pedido de desculpas a Lorenna pelo incômodo que a abordagem causou a ela e segue à disposição para mais esclarecimentos

O governo argentino escolheu a diplomata Maria Fernanda Silva como a nova embaixadora do país na Santa Sé. Com a nomeação, ela se torna a primeira mulher negra a ocupar o cargo, informou o jornal Página 12 nesta quinta-feira (30).

Segundo a publicação, a decisão foi tomada pelo presidente da Argentina, Alberto Fernández, pouco tempo antes de desembarcar em Roma para encontrar o papa Francisco. A expectativa é de que o nome da argentina seja apresentado nas próximas horas na Nunciatura Apostólica.

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O objetivo da Casa Rosada era anunciar o nome do representante durante ou após a visita de Fernández ao país europeu, mas sua escolha vazou e foi revelada pela imprensa. Ao longo de seus 30 anos de carreira, a diplomata acompanhou a embaixadora política Alicia Castro em Caracas, durante os governos Kirchner (2003-2015), além de ter representado a Argentina nas embaixadas de Quito e na União de Nações Sul-americanas (Unasul).

Se o Vaticano aprovar a escolha, Maria Fernanda terá sua primeira experiência fora do país, já que nunca ocupou a função de embaixadora no exterior. "Silva está muito comprometida em defender o catolicismo e o direito dos migrantes, uma das bandeiras do papa Francisco desde que era sacerdote", afirmou o jornal.

A viagem de Fernández ao Vaticano será a segunda internacional desde que foi empossado presidente da Argentina, em 10 de dezembro. A primeira foi a Israel.

Da Ansa

 

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Lar dos Inválidos, Campinas, 1973. Em uma cama, no canto do quarto de um pavilhão no térreo, há um homem negro de cabelos e barbas brancas. Ele amou três mulheres, três cidades, publicou quatro livros, fundou companhias teatrais e movimentos sociais, excursionou pela Europa e ainda assim está deitado na cama de um asilo, a menos de um ano do momento em que morrerá ou, em suas palavras, tornar-se-á “cantiga determinadamente” e nunca terá “tempo para morrer”. Francisco Solano Trindade deixou sua trajetória de sucesso como os personagens de seus escritos: à margem do mercado, em luta permanente. Escritor, pintor, ator, dramaturgo e folclorista, Solano- em todas as linguagens- abordou a luta do povo negro pela igualdade, a partir de uma estética acessível à compreensão popular e, nesse sentido, tornou-se um pioneiro na arte brasileira. No Dia da Consciência Negra, o LeiaJá relembra a vida do homem que se imortalizou como o primeiro poeta brasileiro “assumidamente” negro.

Em seus escritos autobiográficos, Solano Trindade descreve suas memórias de garoto. Filho do sapateiro Manuel Abílio Trindade e da quituteira Emerenciana, o poeta nasceu no Recife, no dia 24 de julho de 1908, em cujo centro urbano recebeu suas primeiras aulas de poesia. Morador do Pátio do Terço, um dos lugares de resistência mais emblemáticos para a memória afro-brasileira em Pernambuco, Solano conviveu desde cedo com a Igreja de Nossa Senhora do Terço, o Bloco de Samba Turma do Saberé e o terreiro da famosa ialorixá Maria de Lourdes da Silva, conhecida como Badia, uma das figuras centrais do xangô pernambucano. Do burburinho do cotidiano urbano, o artista tirou suas primeiras lições de poesia. “É doce, é doce/o abacaxi/ é doce, é doce/ e é barato [...] Eram os pregões que ele ouvia no bairro de São José”, lembra Raquel Trindade, a falecida filha do poeta e espécie de herdeira artística, no documentário “Solano Trindade, 100 Anos", dirigido por Alessandro Guedes e Helder Vieira.

Militante desde os anos 1960, Inaldete Andrade frisa que Solano era uma de suas poucas referências negras no período. (Júlio Gomes/LeiaJáImagens)

“Raquel nasceu no Recife, saiu e voltou, mas não soube identificar a casa em que ele nasceu. Também fomos visitar, Badia, que não tinha maiores informações, mas penso que aquele bairro não é o mesmo em que Solano nasceu, em termos de arquitetura, pois ele veio ao mundo em uma casa muito pobre”, comenta a escritora Inaldete Andrade. Ativista do movimento negro em Pernambuco desde 1969, Inaldete encantou-se pela obra de Solano ainda em sua primeira reunião na militância, por intermédio de um colega, João Batista Ferreira. “Ele chegou dizendo que recitaria uma poesia de uma poeta negro pernambucano que conheceu em São Paulo, Solano Trindade. O Ferreira, como o chamávamos, explicou que Solano havia saído do Recife porque não obteve muita aceitação no Estado. Ele nunca escreveu isso, essas eram nossas deduções”, frisa.

As memórias de Inaldete com o movimento remontam a um período de poucas referências negras no mundo da cultura e das artes. “Essa divulgação dos artistas negros é recente. Inicialmente, éramos considerados ‘racistas ao contrário’, a imprensa pernambucana também não nos recebeu bem, mas pouco a pouco fomos encontrando espaços. Solano dava essa contribuição enquanto poeta, porque a gente tinha a necessidade de divulgar um nome nosso onde íamos”, afirma.

Filha de criação de Badia, Maria Lúcia indica que Solano morou na casa de número 152 da Rua Vidal de Negreiros, atualmente uma loja, no Centro do Recife. (Chico Peixoto/LeiaJáImagens)

A reportagem do LeiaJá foi à casa de Badia, oficialmente conhecida como Casa das Tias, na Rua Vidal de Negreiros, Pátio do Terço. Falecida em julho de 1991, a ialorixá deixou o imóvel aos cuidados de sua prima e filha de criação, Maria Lúcia Soares dos Santos. “Não tenho muito o que falar sobre Solano, só sei que eles foram vizinhos e que ele era frequentador daqui, Badia sempre comentava que ele tinha morado nessa casa da frente, mas teve que ir embora. Os dois tinham relação de amizade, mas ela morreu sem revê-lo”, lembra Maria Lúcia. Na casa em que teria morado Solano Trindade, agora funciona uma loja de variedades, sem placas ou quaisquer outras referências ao escritor. Curiosamente, foi o Pátio de São Pedro o local escolhido pela Prefeitura do Recife para receber uma estátua em homenagem a Solano.

No interior de casa, Maria Lúcia, contudo, ainda conserva um boneco gigante de Solano e outro de Badia, entregues pela Prefeitura. “Há três anos eles podem ser vistos desfilando na Noite dos Tambores Silenciosos”, acrescenta.

O ano era 1937 quando cinco rapazes até então desconhecidos fundaram a Frente Negra Pernambucana, co-irmã da Frente Negra Pelotense. Gerson Monteiro de Lima, José Melo de Albuquerque, José Vicente Rodrigues Lima, Miguel Barros Mulato e Solano Trindade, que reunira estatísticas da época, verificando a quase completa ausência de negros nos cursos superiores. “Na década de 1930, o racismo era velado. Os brasileiros nunca admitiram que eram racistas, escravocratas e que ainda são. Depois da abolição, que não foi bem aceita por muita gente, as primeiras frentes negras surgiram para reivindicar inclusão para essa população, que segue sem muitas oportunidades”, explica a professora do departamento de história da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Giselda Brito.

Seduzido pelo ideal de igualdade que permeava sua luta no movimento negro, Solano também aderiu ao comunismo, justamente em uma conjuntura de avanço das teorias fascistas em todo o mundo. “Depois da Revolução Russa, em 1917, o mundo capitalista passou a temer a expansão desse processo. No Brasil, o integralismo ficou conhecido como fascismo brasileiro, embora os membros desse movimento preferissem ser chamados de nacionalistas, devido ao aparecimento dos crimes de guerra de Hitler. Como diria (Eric) Hobsbawm, o século XX é o século do fascismo”, completa Brito. Geralmente homens brancos e de alto poder aquisitivo, os integralistas estavam aglutinados por uma forte orientação anticomunista. “Vestiam um fardamento verde, tinham milícia e um movimento de massa”, descreve a professora.

Aos 29 anos, Solano Trindade participou da fundação da Frente Negra Pernambucana. (Arquivo Nacional/Acervo)

Em nota publicada pelo Diario de Pernambuco no dia 10 de maio de 1944, a respeito da retirada dos clubes e associações de negros do triângulo paulista devido a uma suposta solicitação do Sindicato dos Lojistas da região, Solano reagiu: “Isso é um atentado contra a melhor conquista da civilização brasileira”, acrescentando, segundo o jornal, acreditar que se estava usando “a técnica fascista para dividir os brasileiros”. Na ocasião Solano discursava como presidente do Centro de Cultura Afro-brasileiro, por ele criado.

Trindade já havia morado em Belo Horizonte (MG) e Pelotas (RS), no ano de 1940, e lançado seus dois primeiros livros, Poemas Negros (1936) e Poemas de uma vida simples (1944), quando foi preso pelo Estado Novo, em função de suas crenças comunistas. “Minha mãe procurou por ele em diversas detenções, por dias, e sempre ouvia que ele não estava naquele local. Em um deles, ela insistiu e um militar confirmou a presença dele”, conta Godiva Trindade, filha de Solano. No poema confessional “Rio”, o poeta dá a pista de onde foi encontrado: Rua da Relação, na capital fluminense. “Apreenderam muitos livros dele, mas ele não sofreu maus tratos”, continua Godiva.

Bem relacionado, o pernambucano chegou a ser acobertado pela amiga e atriz Ruth de Souza, primeira dama negra do teatro brasileiro, que o escondeu em sua própria casa. O suplício, segundo Godiva, não se compararia, no entanto, ao trauma familiar sofrido em 1964, durante o governo de Castelo Branco, na ditadura militar. “Ele perdeu um filho e eu meu irmão: Francisco Solano Trindade Filho. À epoca, ele servia ao exército e foi chamado a se apresentar ao exército, ao qual servia, através de uma ligação feita para nossa casa às cinco horas da manhã”, lembra Godiva. Aos 18 anos, Solano Filho se despedia pela última vez de sua família. “O que voltou foi o corpo dele, morto. O exército alegou que ele foi vítima de um acidente”, lamenta.

Corporação Warner-Elektra-Atlantic insistiu pela liberação do poema "Trem Sujo de Leopoldina". (Arquivo Nacional/Acervo)

Abatido, o poeta ainda voltaria a sentir o amargor da censura. Em 1973, seus poemas “Mulher Barriguda” e “Trem sujo da Leopoldina” foram musicados por João Ricardo, um dos membros da banda Secos & Molhados, que contava ainda com o cantor Ney Matogrosso e o músico Gérson Conrad. Ao contrário da primeira, a segunda música teve sua divulgação impedida pela Divisão de Censura e Diversões Públicas (DCDP) e não pôde integrar o disco Secos & Molhados, um dos mais icônicos da música popular brasileira. Em 1979, a corporação Warner-Elektra-Atlantic voltou a requerer a liberação da letra, conforme consta em documento atualmente armazenado pelo Arquivo Nacional. Desta vez, a música foi liberada e então lançada pelos Secos & Molhados em conjunto com seu videoclipe oficial, com exclusividade no programa Fantástico, da Rede Globo.

O professor da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Muniz Sodré, uma das maiores referências nacionais em sua área, é um entusiasta da obra de Solano. “‘Trem sujo da Leopoldina’ é uma poesia de ritmo, movimento, que você pode cantar e até dançar. Poesia não é significado, é sentido, porque ela desestabiliza e escandaliza a linguagem. Você não vai confiar na poesia para um mensagem de ordem prática, mas o grande poeta é o que faz da linguagem uma festa, onde ele dança e orquestra”, coloca. Pela junção desta característica a seu engajamento político, Solano é associado por Sodré a Vladimir Maiakovski. “Um grande poeta da revolução russa, ao mesmo tempo propagandista dela. A propaganda visa objetivos de convencimento e persuasão, mexer com a consciência, o coração do outro, então as palavras têm que ser mais diretas”, prossegue. Assim, a poesia, na visão de Sodré, não se faz apenas com a subversão das palavras. “Mas pelo encantamento das aliterações, pela movimentação forte das palavras e pelas inflexões de espírito. Solano era isso. Maiakóvski era isso”, conclui.

Sem a sofisticação de Ferreira Gullar ou Manuel Bandeira, Solano ginga com as palavras para conquistar seu leitor. “A poesia dele é ritmo, aliteração, assonância e impacto, para trazer o que era o coração dele. Um propósito de libertação do homem negro. Ele sabia que a abolição não tinha realmente abolido a forma social onde a escravidão estava instalada, então queria libertar o negro”, acrescenta Sodré.

Solano atuando em cena do filme "A hora e a vez de Augusto Matraga" (1965), do diretor Roberto Santos. (A hora e a vez de Augusto Matraga/Reprodução)

Durante sua estadia no Rio de Janeiro, Solano fundou o Teatro Popular Brasileiro, em parceria com a companheira Margarida Trindade e o sociólogo Edison Carneiro. Em um artigo do Diario de Pernambuco de 1952, o escritor é lembrado como figura cativa do Café Vermelhinho, reduto da intelectualidade carioca da época. “Surge Solano Trindade, sempre de talão de cobrança em punho, lutando com unhas e dentes para pagar a sala do serviço nacional do teatro, onde seu ‘Teatro Folclórico" ensaia números de candomble, xango, ‘pontos’ e ‘macumbas’. Esse negrinho humilde e incansável nunca se humilha quando se trata de ‘implorar quase’ para manter seu teatro de pé, pagar as despesas, deixar tudo em ordem. Por isso não se espantem quando o virem de talão em punho, perguntando com aquela sua voz analasada: ‘você pode pagar hoje?”’, descreve o cronista.

Composto por operários e estudantes, o elenco do Teatro Popular, contudo, adotou uma postura bem diferente da resignada atitude atribuída a Solano pelo jornal. Com muito esforço, o projeto circulou pela Europa, divulgando expressões populares como o côco de umbigada, o jongo, o maracatu e as festas de xangô. “Na verdade, o Teatro Popular Brasileiro era uma ideia. Quando meu avô morreu, o nome mudou para Teatro Popular Solano Trindade. Nos anos 1980, Raquel Trindade conseguiu construir, em Embu das Artes (SP), um espaço para 400 pessoas, com palco de mais de 40m², dois andares de plateia, dois banheiros, dois camarins e uma sala de aula especial”, relata o músico e neto de Solano, Vitor Trindade, atual presidente do Teatro Solano Trindade.

O Teatro Solano Trindade é uma das muitas heranças deixadas por Solano ao município de Embu das Artes, na região metropolitana de São Paulo. “O Sakai do Embu, mestre da terracota, falou para o Assis, que era negro, que tinha conhecido o Solano na capital e que ele era uma grande entendedor de cultura afro-brasileira. Dessa forma, o Solano foi convidado a vir ao Embu e se encantou pelo lugar, passando a morar aqui”, conta a artista plástica Tônia do Embu, discípula de Sakai. Para Tônia, a presença de Trindade transformaria para sempre a cidade. “Nossa cultura era muito jesuítica e indígena, não tínhamos conhecimento das danças, cores e comidas negras. Quando o Solano veio para cá, o Embu virou uma cidade festiva, graças aos eventos que ele organizava no Largo da Matriz. Isso atraía muitos visitantes paulistanos”, conta.

No Embu, Solano mergulhou em uma antiga paixão. Aproveitando o bom fluxo de turistas na cidade, passou a exercitar sua pintura, classificada por alguns artistas como naïf, isto é, a arte produzida por autodidatas, com traços originais. “Em outros momentos, dava a impressão de ser expressionista ou ainda abstrato. Aqui no Embu há um nicho de arte popular enorme e o Solano não escapou disso. Suas temáticas sempre traziam cenas de bumba-meu-boi, maracatu e candomblé”, comenta Tônia. Segundo a escultura, as dificuldades financeiras enfrentadas pelos artistas na cidade, àquela época, eram enormes. “A gente dependia dos turistas, porque a cidade era muito pobre e pequena, mas o Solano sempre foi muito cercado de amor, carinho, as pessoas ajudavam. Além disso, com assinatura dele, seus quadros vendiam muito. No Museu Afro-brasileiro, em São Paulo, há um quadro dele exposto”, afirma.

Após a morte de seu pai, Raquel Trindade inaugurou o Teatro Solano Trindade, no Embu das Artes. (Prefeitura de Embu das Artes/divulgação)

Com bisnetos, netos e filhos vivendo na cidade, o escritor segue sendo bastante declamado no município. “O Teatro Solano Trindade tem muitos problemas na relação com a construção física, mas mantemos as atividades, oferecendo aulas de dança, percussão e capoeira”, informa Vitor Trindade. Com o terreno em comodato e sob administração da família Trindade, o teatro aguarda verbas para reforma. “Temos um projeto de R$ 20 mil para conserto do telhado, com um dinheiro que viria da prefeitura. Vamos ver se isso se torna realidade”, finaliza.

“Pesquisar na fonte de origem e devolver ao povo em forma de arte”. A mais célebre frase de Solano Trindade, tomada como lema pelo Teatro Popular Brasileiro, denota a essência de seu trabalho: mergulhar fundo na história dos afro-brasileiros para transmitir-lhes uma mensagem clara e acessível, capaz de propagandear uma causa comum. Por isso, nada de termos rebuscados ou construções complexas. Com seus versos diretos, rimados e ritmados, Solano talvez tenha sido o primeiro rapper da poesia brasileira. “Ele já usava termos como ‘mano’ e ‘salve’, para ser acessível. Não buscava uma linguagem acadêmica, porque o acesso à literatura sempre foi restrito à elite. Além disso, lançar e comprar livros era muito caro”, opina o bisneto de Solano, Zinho Trindade, que gosta de se definir como “artista multimídia”, trabalhando, dentre outras linguagens, com o rap.

Zinho recita o bisavô, Solano, diante de sua estátua, no Pátio de São Pedro, Centro do Recife. (Marília Parente/LeiaJá Imagens)

Zinho lembra que seu pai, Vitor Trindade, gravou um disco inteiro, o “Ossé” (2015), com poemas de Solano musicados. “São textos vivos até hoje, fáceis de musicar, em diversos ritmos. Não sei se isso foi proposital, mas ele era um cara que pensava muito à frente de seu tempo”, completa.

Com apenas 16 anos, a poeta Bione acaba de iniciar sua carreira no rap, através de sua mixtape “Sai da Frente”, apresentada em novembro deste ano. “Comecei a escrever poesia marginal aos 13 anos de idade, porque comecei a reparar em problemas sociais como o racismo, o machismo e a LGBTfobia. Só escrevia porque queria desabafar”, lembra. Em 2018, a jovem representou Pernambuco no Slam das Minas Brasil, um dos principais eventos de poesia do país. “A luta de Solano valeu a pena, é um estímulo para a gente. Se tinha gente resistindo naquela época, posso fazer o mesmo hoje; se ele perdeu um filho na ditadura, muitas mães pretas perdem os seus o tempo inteiro para a polícia militar. Então é importante que a gente esteja aqui para reproduzir o que ele fazia, mas de uma maneira mais atualizada, porque o fascismo também está se atualizando. É importante ser essa semente de Solano”, finaliza.

A atriz Agrinez Melo se prepara para apresentar o solo “Histórias Bordadas em Mim” no espaço “O Poste”, no Centro do Recife, nos dias 26 e 27 abril, sempre a partir das 20h. Produzido de forma completamente independente, o espetáculo existe desde 2016 e foi talhado a partir das vivências da artista como mãe e mulher negra. Os ingressos custam R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia) e podem ser adquiridos na hora ou antecipadamente, através da plataforma Sympla.

A partir de um chá, a atriz costura as próprias histórias com acompanhamento musical de Talles Ribeiro. “Desde a estreia, viabilizo formas de escoar minha produção. Nunca tive incentivo governamental e, por ser um empreendimento individual, muitas vezes sinto sua invisibilidade na cidade, mas continuo resistindo”, comenta Agrinez.

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Para montar o roteiro, a atriz recorreu a pesquisas sobre o povo griot, de origem africana e que tinha como grande característica o hábito de transmitir sua história através da oralidade. “A encenação caminha para o questionamento/reflexão social e filosófica em relação a valorização do ser humano através de pequenas coisas, do resgate de sua ancestralidade, e do posicionamento feminino no momento atual, relacionando com o povo sagrado africano e ancestral”, completa Agrinez.

Serviço//Histórias Sobre Mim

Datas: 26 e 27 de abril

Local: Espaço O Poste (Rua da Aurora, 529, Boa Vista, Recife)

Hora: 20h

Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia)

Em um fato histórico, Chicago elegeu sua primeira prefeita negra e gay, para enfrentar os difíceis problemas de desigualdade econômica e violência na terceira maior cidade dos Estados Unidos.

Lori Lightfoot, uma ex-promotora federal e advogada de 56 anos, que jamais ocupou um cargo eletivo, venceu Toni Preckwinkle, também afro-americana, por 74% contra 26% dos votos, segundo resultados preliminares.

Lightfoot se tornará a primeira prefeita abertamente homossexual de Chicago e a primeira mulher afro-americana a ocupar o cargo. Desde 1837, os eleitores desta cidade elegeram apenas um prefeito negro e uma prefeita mulher.

"Enfrentamos interesses poderosos", disse Lightfoot em seu discurso da vitória, acompanhada por sua esposa e filha. "Hoje vocês conseguiram mais do que fazer história, criaram um movimento para a mudança".

Preckwinkle é a encarregada do condado de Cook, onde está Chicago, o que segundo os analistas prejudicou sua campanha.

Os eleitores optaram pela mudança, cansados de uma violência armada que mata mais ali do que em qualquer outra grande cidade americana e de anos de corrupção política neste tradicional reduto democrata.

Nesta metrópole de 2,7 milhões de habitantes, diversos grupos se queixam há anos das disparidades nas condições de vida entre as comunidades da extensa cidade, onde a violência armada, intensificada por gangues e pelo narcotráfico, afeta diretamente os bairros mais pobres do sul e do oeste, a maioria deles de população negra.

O distrito financeiro, as áreas do norte e as zonas às margens do lago Michigan viveram boom econômico, ao mesmo tempo em que mais de 500 pessoas foram assassinadas no ano passado.

Reformar o departamento de polícia, que detém um sórdido histórico de práticas abusivas, e a prefeitura, atualmente na mira por uma investigação federal por corrupção de um de seus membros, são outras das prioridades.

Os eleitores "estão cansados de corrupção, de investigações federais de funcionários da cidade, da má conduta da Polícia e de uma crise orçamentária", destacou Evan McKenzie, professor de ciência política da universidade do Illinois.

Lightfoot substituirá Rahm Emanuel, que em dado momento foi um astro do

Partido Democrata e o primeiro chefe de gabinete da administração Obama na Casa Branca.

Emanuel sofreu alguns arranhões políticos pela gestão do caso Laquan McDonald e decidiu não se apresentar para um terceiro mandato.

Em 2014, um policial branco disparou dezesseis vezes contra Laquan McDonald, um adolescente negro de 17 anos, que segurava uma faca, embora estivesse bem afastado do agente.

A divulgação tardia, em 2015, de um vídeo mostrando a morte do adolescente despertou a ira da população e desencadeou meses de manifestações.

Emanuel enfrentou, então, acusações de tentativa de acobertamento. Expulsou o chefe da polícia e embarcou em uma reforma que instituiu algumas mudanças, trabalhou para recuperar a confiança pública e reduzir a violência armada.

O policial, Jason Van Dyke, foi condenado em janeiro a cerca de sete anos de prisão pela morte do jovem.

Uma criança de 8 anos foi impedida de ser matriculada em uma escola pública do município de São José do Ribamar, Região Metropolitana de São Luís, no Maranhão, por causa do cabelo. Em entrevista ao portal UOL, os pais do menino afirmaram que a diretora da instituição exigiu como critério para a criança estudar no local, que eles cortassem o cabelo do filho, pois de acordo com ela, não se enquadraria nos padrões do colégio. Foi registrada um boletim de ocorrência e a Polícia de São Luis vai investigar a gestora por racismo.

O garoto se chama Felipe e gosta de manter os cabelos crespos no estilo black power e não pretende cortá-los. A diretora da escola chegou a tocar nos cabelos do menino e disse à mãe dele que a criança deveria fazer um corte social, caso contrário não matricularia ele, gerando desconforto e revolta nos pais. No boletim registrado na delegacia Fábio Lima, pai de Felipe, deixa claro que o filho foi vítima de racismo e ainda preconceito por ter autismo.

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Na próxima segunda-feira (18), os pais, Fábio e Joselma Lima, vão participar de uma reunião na comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, que entrou no caso para tentar encontrar uma solução para o menino Felipe e garantir que seu direito à educação seja cumprido. A criança ainda não está frequentando as aulas e os responsáveis não têm mais interesse que o filho faça parte do corpo discente da Escola Municipal Professora Augusta Maria Costa Melo, de onde a vaga foi negada.

Por meio de nota enviada à imprensa, a Secretaria de Educação de São José do Ribamar afirma que abriu processo administrativo para apurar os fatos e tomar as providências e ainda que não será tolerada qualquer atitude racista na escola, que a criança tem vaga garantida e que aguarda os pais para efetivar a matrícula do menino.

No final do mês de janeiro deste ano, a TV Brasil estreou mais uma animação infantil e, desta vez, uma produção pernambucana ganhou espaço e está sendo exibida para todo o Brasil. ‘Bia Desenha’ conta com 13 episódios de 7 minutos e tem roteiro de Karol Pacheco e Neco Tabosa. O desenho se passa na periferia da capital pernambucana e conta a história de uma família não convencional que vive em um quintal, onde Bia, de 6 anos e, Raul, de 5 anos, são criados por pais solos.

Com o mote ‘desobediência poética’, a dupla de roteiristas conseguiu levar representatividade à TV brasileira, através de protagonistas negros e periféricos. Segundo Karol, que assina alguns de seus trabalhos como 'Kalor', ainda houve a preocupação de saber quais profissionais, dos que trabalhariam na produção, se encaixavam nesse perfil.

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“Não adianta estar na cara aquilo tudo lá (representatividade), quando na realidade os recursos estão indo para os mesmos bolsos. Isso é muito importante de se pensar, porque ter política que não é pública, é muito preocupante”, enfatizou.

Foto: Divulgação

Com arte de Raul Souza e direção de Neco Tabosa, o projeto foi financiado pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Audiovisual (Prodav), do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA), promovido pela Agência Nacional de Cinema (Ancine) e conta com a produção da Carnaval Filmes e REC Produtores Associados.

Questionada sobre novas temporadas da animação, Pacheco revelou que não sabe qual será os próximos passos da série. “Apesar de ‘Bia Desenha’ trazer à tona essa realidade tão próxima de tantos brasileiros e brasileiras, não sabemos como o mercado receberá, e se de fato será incentivada a continuar. Bia Desenha combina um modo quilombo de se viver, em comunidade, em face a um Estado que deixa seus cidadãos muitas vezes na mão", aponta.

O cenário da animação foi inspirado no quintal da casa de Kalor, localizada em Camaragibe, a 16 km do Recife. Cercado por ruas íngremes e descalçadas, o quintal da casa da comunicadora é um prato cheio para crianças brincarem. Com um espaço amplo, tem pé de manga, acerola e canela e foi com base em suas vivências nesse lugar que a história de Bia ganhou vida. Assim como a protagonista da animação, ela também foi criada por mãe solo, pois seu pai foi assassinado quando ela tinha 3 anos.

Kalor, que é autora e membro de projetos destinados a desopressão artística das classes periféricas e abraça iniciativas que põem a mulher negra no centro das discussões, faz parte de uma estatística que abrange muitos brasileiros. De acordo com últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geográfica e Estatística (IBGE), em 2015 o Brasil tinha mais de 11,6 milhões de famílias comandadas sem a existência de uma figura masculina. Desse percentual, 59,9 % vivem abaixo da linha da pobreza e o número se intensifica para 66,4 % quando se fala de mulheres negras.

Mesmo com os obstáculos impostos pelas condições financeiras e raciais, a artista conseguiu furar bloqueios e ingressou no ensino de nível superior. Cursando jornalismo na UNINASSAU, com uma bolsa do Programa Universidade para Todos (Prouni), estagiou em alguns veículos de comunicação, incluindo o LeiaJá, e teve uma importante participação em diferentes edições da revista Outros Críticos, sobre arte e cultura.

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#tecnologiaserviçodaorgia

Escolhida em 2016 para integrar um grupo de 10 artistas participantes de uma iniciativa realizada pelo Museu do Sexo da Putas, interversão artística concebida na capital mineira com foco em desnudar o dia a dia de prostitutas, Kalor apostou na performance e criou o projeto #tecnologiaserviçodaorgia.

Foto: Mayara Menezes/Divulgação

A ação proposta pela Associação das Prostitutas de Minas Gerais, e contemplada pelo Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais, hospedou os artistas, durante um mês, em um hotel na rua Guaicurus, considerado um dos maiores centros de prostituição do Brasil, onde eles conviveram com as profissionais do sexo e puderam, através de diferentes linguagens, dar voz a essas mulheres que vivem à margem da sociedade.

Apresentando um trabalho com quatro partes, Kalor concluiu duas durante a residência: ‘Eu Tive que Engolir or Engolir Porra Nem1a’ e ‘Modos de fazer sabão’. O primeiro fala sobre os assédios machistas que as mulheres são ‘obrigadas’ a engolir diariamente e usou o leite como metáfora       Foto: Mayara Menezes/Divulgação 



para esses ataques, já o segundo foca na higienização exacerbada imposta pela sociedade ao órgão sexual feminino.

Outra parte do projeto foi concluída em Pernambuco. Intitulada ‘Certidão de aborto’, a performance foi baseada numa experiência vivenciada pela artista na Maternidade Barros Lima, localizada em Casa Amarela, Zona Norte do Recife. “Eu fui vítima de um aborto espontâneo. Na verdade eu estava num processo de sangramento em outras maternidades, onde o atendimento demorou. Eu já fui pra o Barros Lima para fazer a curetagem e era um ambiente muito hostil: violência obstétrica, pessoas que estão dando à luz junto com pessoas que estão perdendo no mesmo ambiente, ausência de forrar a cama, ausência de luz no banheiro”, relata.

As performances feitas por Kalor no #tecnologiaaserviçodaorgia foram apresentadas no II FINCAR – Festival Internacional de Cinema de Realizadoras, exibido no Cinema São Luiz, no 27º Festival de Inverno de Garanhuns e na Performances negras e caboclas pela DesCÚlonização Social na Udesc, entre outros.

Diante de um contraste gritante entre performances sexuais e animação infantil, Kalor diz que após um pouco mais de dois anos da criação de #tecnologiaaserviçodaorgia, ela vê o projeto com um novo olhar.

Políticas públicas

Em 2017, Pacheco era diretora de Comunicação e Igualdade Racial na Fundação de Cultura de Camaragibe e foi eleita presidente do Conselho de Cultura. Ela foi uma das responsáveis pelo restabelecimento e fortalecimento da Fundação de Cultura do município. Enxergando o órgão como ferramenta aliada da população, Kalor diz que encontrou um gerenciamento da esfera cultural desigual, em que determinados grupos e festas eram mais beneficiados do que outros. “Em vez de me preocupar de colocar na capa determinado político, eu me preocupava em deixar o cidadão informado, em saber sobre  Sistema de Cultura, o que é Fundo, o que é Plano e assim a gente encontrou uma Camaragibe que na cultura estava muito vinculada as festas, aos ciclos”, ressaltou.

No período em que integrou a gestão da instituição, esforços foram investidos, tanto pela administração da organização como pela classe artística de Camaragibe, rica em teatro, música e audiovisual, para que a 'Cultura’ se reerguesse. Foram abertos espaços para que linguagens e grupos excluídos fossem contemplados pelas políticas públicas do município. “A gente sabe que a música está em detrimento de outras linguagens, muito dinheiro, muita visibilidade pra música. Por exemplo no edital de Carnaval, de São João, mas não tem edital de audiovisual. Então, a gente percebeu que tinha muita gente de audiovisual e grafite aqui em Camaragibe e começamos a dar espaço pra esse pessoal’, contou.

Para Kalor, suas realizações são resultados de um contato mínimo de conhecimento adquirido através da faculdade, onde ela pode se entender como cidadã e teve possibilidade de acessar os serviços públicos destinados à Cultura. “Existe um grupo muito restrito de pessoas que acessam esses recursos, que são de impostos pagos por toda população e ano após ano, vemos a aprovação no Funcultura dos mesmos nomes,” revela.

Reconhecendo a cultura como espaço de luta social, a comunicadora e performista ainda falou sobre privilégios dados a pessoas de classes sociais elevadas, que não enfrentam os mesmos obstáculos vivenciados por periféricos e negros. Pacheco também defende a inclusão de cotas nos editais de projetos culturais, em que mulheres, índios e negros têm espaço garantido. “Assim nós vamos tendo uma reparação”, ressalta. O sistema de cotas em editais de Cultura foram aderidos após estudo realizado pela Comissão de Gênero e Diversidade da Agência Nacional do Cinema, que apontou que 75,4% dos filmes produzidos em 2016 pelo órgão foram dirigidos por homens brancos.

A UNAMA – Universidade da Amazônia realizou na terça-feira (20), no auditório David Mufarrej no campus Alcindo Cacela, em Belém, a palestra "Mulheres negras, saberes, resistência e ancestralidade na Amazônia". O evento faz parte do calendário de responsabilidade social da instituição.

O coordenador do curso de História, Diego Pereira, destacou que o objetivo da palestra é registrar, para a comunidade acadêmica, o Dia da Consciência Negra. "Esse tema não se remete apenas ao dia 20, por isso o nome 'Mulheres negras, saberes, resistência e ancestralidade na Amazônia”, expressou Diego

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A ativista Maria de Nazaré falou que a historiografia oficial não conta essa história da participação do negro na sociedade brasileira. “A gente vem provocando esse debate, atuando fortemente com a aplicação da lei, nas palestras, nos organizando e reivindicando nossas demandas e cada vez mais lutando para que a gente possa ter mais oportunidades. Nessa luta houve muitas mulheres negras, dentre elas Dandara, Aqualtune, Acotirene. Nada mais justo que mostrar que ao longo dessa história as mulheres negras se fizeram presentes”, disse Maria.

 A ativista também comentou sobre a participação de negros nas universidades. “Nós achamos necessário criar um NEAB (Núcleo de Estudantes Afro-Brasileiros), para que negros e negras entrem nesse espaço, para que eles possam pesquisar e falar sobre isso dentro das universidades. A gente ainda está numa discussão embrionária. Nós não somos iguais, nós somos diferentes e queremos ter direitos iguais e oportunidades iguais, tanto do poder público como da sociedade geral. As universidades privadas também precisam ter esse olhar diferenciado. Não basta falar sobre essas pessoas, essas pessoas precisam ser sujeitos de sua própria história, precisam falar de si, precisam estar também representadas no espaço de docência que eu considero de extrema importância”, declarou.

A professora Joana Carmen do Nascimento ministrou palestra e apresentou sua tese de doutorado sobre o tema “Mulheres do território amazônico". "Vai das mulheres urbanas a mulheres do campo, as quilombolas, as quebradoras de coco, as ribeirinhas, com toda a sua história de ocupação desses territórios tradicionais que é onde a gente reside. A nossa pesquisa sobre a ancestralidade localiza as mulheres negras. Nós não sabemos quem nós somos, de onde nós viemos; nós sabemos que contaram para nós o lugar da mulher negra”, reiterou Joana.

Joana também falou sobre a população negra na amazônia. “O Estado do Pará é o maior no número de população negra no Brasil, mas a gente acha que não tem negro na Amazônia, não tem negro no Pará. A importância desse debate é prioritariamente reconhecer, conhecer o que a historiografia não nos ensinou na escola e debater. Agora só precisa fazer uma nova forma de educar, um novo currículo educacional pra que a gente consiga se ver na formação, na formação do professor de História. Que História nós estamos aprendendo e que História nós estamos contando? Aproveita o mote da consciência negra e traz para o debate o espaço que nos trouxeram até aqui”, finalizou.

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Uma estudante negra de 19 anos denunciou à polícia ter sido vítima de injúria racial, nesta quinta-feira, 1º, após encontrar bananas sobre a carteira e dentro de sua bolsa, na escola pública em que cursa a 3ª série do ensino médio, em Araçatuba, interior de São Paulo. Ela relatou à Polícia Civil que estava comendo uma banana no intervalo entre as aulas, quando alguns alunos começaram a fazer deboche. Um deles pegou a banana que ele próprio levava e jogou perto da estudante.

Ao retornar para a sala de aula, a aluna encontrou três bananas sobre sua carteira. Ela se dirigiu à diretoria para fazer uma reclamação e, quando retornou, alguém havia colocado duas dessas frutas em sua mochila. Incentivada por alguns colegas, a estudante decidiu procurar a polícia. Um representante da Escola Estadual Professor Abranche José, localizada no bairro Ipanema, também foi à polícia e informou que o estabelecimento já adotou providências internas.

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Conforme a Diretoria Regional de Ensino, os autores da conduta foram identificados e receberam punição preliminar de dois dias de suspensão. Como são menores de idade, os pais foram comunicados e um relatório sobre o caso foi encaminhado ao Conselho Tutelar e à Promotoria da Infância e da Juventude. A jovem, que teve a identidade preservada, foi procurada e não deu retorno.

Mulheres negras que participavam de um concurso de moda foram alvos de ofensas racistas em um grupo de WhatsApp no último sábado (13) no Distrito Federal. As mensagens, escritas por três homens, ganharam repercussão nas redes sociais.

evento, chamado Top Cufa, foi realizado em um espaço aberto em um shopping e contou com 180 modelos de 16 a 25 anos. O concurso é dedicado a mulheres que vivem nas periferias do Brasil.

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Na conversa de WhatsApp que circula na internet, uma pessoa chamada Alex diz: "Tá tendo um desfile só de preta aqui no JK. Coisa horrorosa". Outra pessoa chamada Muniz complementa: "O alex tirou até uma foto do desfile". Em seguida, ele envia uma imagem de escravos.

A Polícia Civil investiga o caso, que foi registrado como discriminação racial. A suspeita é que os autores sejam menores de idade. Até o momento eles não foram identificados.

Por meio de nota, o Top Cufa Brasília lamentou o ocorrido. "A organização preocupa-se ainda com o crescimento de casos de racismo relatados em todo o nosso país. Uma das características do concurso é o recorte territorial, no qual apenas mulheres da periferia podem concorrer", diz a nota de repúdio.

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Após audiência em que a advogada Valéria Lucia dos Santos, 48 anos, foi algemada durante exercício da função ter sido anulada, uma nova audiência foi remarcada para esta última terça-feira (18), no Fórum de Duque de Caxias, na região metropolitana do Rio de Janeiro. Dessa vez, a advogada venceu a ação relativa à cobrança indevida imposta por uma empresa telefônica contra a sua cliente.

Em primeira sessão, que foi anulada, não houve conciliação entre as partes e a advogada pediu, no dia do fato, para ter acesso à contestação da empresa ao processo, o que foi negado pela juíza leiga Ethel de Vasconcelos; o que motivou a saída da advogada Valéria para buscar o delegado da Ordem dos Advogados do Brasil, que faz a mediação de situação de conflito nestes casos. Na retomada da advogada, a juíza já havia dado a audiência como encerrada e mandou Valéria esperar do lado de fora.

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 Na recusa da advogada, Ethel, que também é advogada, chamou os policiais e mandou que eles algemassem a advogada que estava em pleno exercício da função. Após repercussão do caso, a audiência foi anulada e uma nova foi remarcada para esta última terça (18). Segundo o site da Folha de São Paulo, foi julgado apenas o caso da cobrança indevida e o incidente com a juíza leiga será paralelamente apurado.

O site confirmou que o resultado desta última sessão, que durou 15 minutos, foi favorável para a cliente da doutora Valéria. Mas a advogada ainda vai recorrer da decisão do juiz, que determinou uma indenização favorável à cliente no valor de R$ 1.600, já que a autora não concordou com o valor proposto.

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Uma ação de violência contra uma advogada viralizou na internet, trazendo à tona a discussão dos preconceitos de gênero e raça. Nos dois vídeos, que já somam juntos mais de 330 mil visualização no Facebook, é possível ver a advogada Valeria dos Santos, mulher e negra, tentando defender a sua cliente durante audiência realizada em Duque de Caxias, Rio de Janeiro. Minutos depois da discussão com os policiais, Valeria foi algemada e colocada para fora da sala de forma truculenta.

No primeiro vídeo, a advogada pede que a lei seja cumprida e que ela possa ler as contestações, para que pudesse impugnar os pontos da contestação do réu. "Isso está na lei. Não estou falando nada de absurdo aqui", declara Valeria. Em resposta a advogada, um policial fala: "A única coisa que eu vou confirmar aqui é se a senhora vai sair ou não". Valeria dos Santos continua a sua discussão e diz que não irá sair. "Estou trabalhando e no meu direito. Não estou roubando", pontuou.

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No segundo vídeo a advogada já é filmada algemada, no chão, com vários policiais em cima, forçando para que ela saísse da sala. "Eu estou trabalhando. É meu direito como mulher, como negra", reforçou Valéria.

Laura Astrolabio dos Santos, responsável pelo compartilhamento no Facebook, declarou em sua conta que "ser uma mulher preta e ousar querer ser advogada num país racista é viver isso e muito mais", ponderou. Laura, que também é preta, indagou: "Quantos advogados, homens brancos, vocês já viram passar por isso? Quantos vídeos vocês já assistiram", retrucou.

Outras dezenas de pessoas comentaram no compartilhamento em solidariedade com a advogada Valeria. "Meu Deus, que absurdo", exclamou Thaa Rodrigues. Já Luana Santos escreveu: "gente, eu estou gelada aqui. Que ódio", descreveu.

Tamanha repercussão do caso que a Presidente da Comissão Nacional da Mulher Advogada do Conselho Federal da OAB, Eduarda Mourão, lançou uma nota pela entidade repudiando a ação que considerou inadmissível e ilegal.

"No Estado Democrático de Direito não  se pode conceber condutas desarrazoadas dessa natureza, das mais graves e vis aos direitos humanos das Mulheres, atentatórias à dignidade, liberdade, à raça, violando ainda, os direitos e prerrogativas da advogada de exercer o sagrado múnus público reconhecido no artigo 133 da Constituição Federal, como indispensável à administração da justiça, sendo a mesma inviolável por seus atos e manifestações no exercício da advocacia", Escreveu a presidente.

A comissão aponta, principalmente, que "tal ato arbitrário representa também grave discriminação de gênero que deve igualmente ser rechaçada", diz a nota. Segundo informado pela assessoria da OAB nacional, A Comissão Nacional da Mulher se reunirá para definir se será instaurado um processo contra os policiais, que "agiram de forma arbitrária" contra a advogada que estava em pleno exercício da função.

"Ao tempo em que solidariza com a Advogada Valeria dos Santos, repudia as condutas abusivas atentatórias aos direitos humanos, discriminação de gênero e grave violação as prerrogativas da Advocacia que não deverão ser toleradas, mas apuradas e os responsáveis exemplarmente punidos na forma da lei", finaliza Eduarda Mourão.

Confira os Vídeos:

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Na quinta-feira (7), a Associação Nossa Biblioteca, do bairro do Guamá, periferia de Belém, realizou um círculo de leitura de poemas de mulheres negras. O evento contou com a presença de mediadores, pais e crianças frequentadores do local e teve como propósito estimular a leitura de poesia e homenagear as mulheres negras.

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Joelma Marques, de 32 anos, mãe de quatro filhos, todos eles frequentadores da biblioteca, disse que as reuniões ajudam a melhorar a convivência familiar. Em muitos casos, afirmou, tem mãe que não consegue se relacionar em casa com os filhos e as rodas de leitura permitem maior aproximação entre adultos e crianças. Joelma diz que leva livros para as crianças em casa e garante que eles aprovam. Com isso, incentiva os amigos dos filhos a lerem também.

Para Marta Lima, mediadora, um livro sobre avós permitiu que as mães se soltassem um pouco mais. “No ciclo de leitura dos pais, nós fazemos o mesmo trabalho com as crianças, e hoje eu peguei só livros que falavam de vó, e foi o que fez elas se expressarem”, disse Marta.

 Joana Chagas, contadora de história, falou da importância do trabalho da Nossa Biblioteca na vida das mães. ”Esse trabalho com as mães faz com que essas senhoras relembrem suas memórias num bairro que é violento todos os dias. É essencial que o nosso trabalho flua. Alcançar a criança é facil, mas quando conseguimos alcançar a família dessa criança significa que o trabalho reverbera”, observou. 

 A Associação Nossa Biblioteca existe há 41 anos e desenvolve trabalhos culturais, artísticos e de leitura. O espaço funciona na travessa 25 de Junho, 214, no Guamá, de segunda a sexta-feira, de 8 às 18 horas.

Da assessoria do evento.

 

 

 

A norte-americana Stacey Abrams venceu nesta terça-feira (22) as primárias democratas e foi escolhida candidata ao Governo do estado da Geórgia, o que pode levá-la a se tornar a primeira governadora negra dos Estados Unidos.

Com 68% das urnas apuradas, a democrata, apoiada por Hillary Clinton, obteve 75,4% dos votos, contra 24,6% de sua rival Stacey Evans.

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Em uma publicação nas redes sociais, a candidata, de 44 anos, se declarou vencedora e agradeceu seus eleitores. "Esta noite é apenas o início. O caminho para [a votação de] novembro vai ser duro e longo, mas o próximo passo é um que tomamos juntos", escreveu.

O rival republicano de Abrams, por sua vez, ainda não foi conhecido. O atual vice-governador, Casey Cagle, está liderando a apuração com 38,6% dos votos, enquanto que o secretário estadual de Estado, Brian Kemp, aparece com 26,3%. Mesmo assim, os dois ainda devem se enfrentar em um segundo turno já que nenhum alcançou 50% dos votos.

Se eleita no estado considerado conservador, Abrams se tornaria a primeira mulher de uma minoria étnica a liderar a região, que nos últimos anos tem sido comandada por republicanos.

Atualmente, o estado conta com 32% de população negra. A candidata é considerada uma estrela em ascensão na ala progressista do Partido Democrata, tendo ganhado destaque na Convenção Nacional em 2016, durante a campanha nas eleições presidenciais, que Donald Trump saiu vencedor. 

Da Ansa

A senegalesa Fatima Sy foi demitida da casa de repouso onde trabalhava, na Itália, "por ser negra". A denúncia foi apresentada pela própria vítima, nesta quinta-feira (3).

"Eles me disseram que o contrato não poderia ser feito não por questões de trabalho, mas pela cor da minha pele, que incomodava alguns idosos", relatou a mulher de 40 anos.

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Sy realizava um treinamento na Fundação Opera Pia Mastai Ferretti, em Senigallia. Ela alega que nenhum comentário de cunho racista foi feito na sua presença. Pelo contrário, os idosos até já a chamavam pelo nome.

A senegalesa mora há 15 anos em Senigallia e tem dois filhos, que residem em seu país de origem. Ao não ser aceita na Fundação Opera Pia Mastai Ferretti, ela recebeu proposta de trabalho do empreendedor Massimo Mattei, ex-assessor de Matteo Renzi.

"Se você quiser vir para Florença, ficarei feliz em recebê-la e de lhe oferecer um trabalho. Agora mesmo contatarei a província de Ancona para lhe dar uma oportunidade. Ao racismo, devemos dizer 'não'. Sempre", declarou.

O prefeito de Senigallia também interveio e negou o episódio de racismo. "Nenhuma discriminação ocorreu. Somente um erro lamentável. Eu conheço a fundação muito bem, assim como seus valores e as grandiosas qualidades do presidente [da entidade] Mario Vichi", salientou.

Já Vichi disse que a discriminação "não faz parte do espírito da Opera Pia". "Trabalhamos com pessoas de oito nacionalidades diferentes e temos mais de 15 funcionários 'de cor'", falou.

Para ele, a polêmica foi causada pela falta de comunicação. "Mas devemos respeitar os hóspedes da casa de repouso, pois alguns são muito idosos ou doentes e não podemos repreendê-los pelo que dizem", concluiu.

Da Ansa

Maurício de Sousa apresentou esta semana a mais nova integrante da Turma da Mônica. Milena é uma menina negra e de cabelo crespo que acaba de se mudar para o bairro do Limoeiro, área fictícia criada para a história em quadrinhos.

Nas redes sociais, o cartunista falou sobre a criação e adiantou um pouco da história. "Milena, minha nova personagem na Turma da Mônica, em breve viverá suas aventuras nas nossas revistas de linha juntamente com a família Sustenido - pais e irmãos - em um ambiente ligado à música e futebol. Aguardem", comentou.

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A novidade caiu no gosto dos internautas, que encheram o perfil do artista de elogios e comentários positivos sobre Milena. "Agora posso ser representada por uma personagem do desenho que mais amo", escreveu uma seguidora. "Amei! Obrigada por criar uma personagem que me representa", comentou outra. A atriz Samara Felippo, mãe de Lara e Alícia, de 8 e 4 anos, aprovou a novidade e elogiou a criação da personagem. "Coisa linda de se ver", escreveu.

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Nos Estados Unidos, uma estudante da Universidade de Hartford foi expulsa da instituição após ser acusada por crime de ódio. O caso aconteceu depois de Briana Brochu, de 18 anos, contaminar a escova de dente e loções faciais de sua colega de quarto, negra, que era chama por ela de "Barbie jamaicana". 

A decisão foi tomada por um tribunal nessa quarta-feira (1°). "Depois de um mês e meio cuspindo no óleo de coco dela, colocando molusco mofado em suas loções, esfregando tampões usados em sua mochila, colocando a escova de dentes dela em locais onde o sol não alcança, e muito mais, finalmente posso dizer adeus para a Barbie jamaicana", escreveu Briana Brochu em seu Instagran, antes da conta ser tirada do ar.

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A jovem negra Chennel Rowe sofreu com tudo isso porque sua colega de quarto não a queria por perto e tentava fazer com que ela saísse de lá. Chennel contou, numa transmissão ao vivo no seu perfil do Facebook, na segunda-feira (30), que, ao ler a publicação, entendeu por que se sentiu mal diversas vezes, com muita dor de garganta, por exemplo. "Eu me mudei porque senti que não era querida em meu próprio quarto", disse.

Briana foi expulsa da universidade, que tem 15% de seus alunos da graduação negros. Agora ex-aluna, ela pode responder a um processo criminal devido a suas maldades.

De acordo com o tenente Michael Perruccio, do departamento de polícia de West Hartford, em entrevista ao The New York Times, o caso começou a ser investigado no dia 18 de outubro. No entanto, foi somente no último sábado que Brianna se entregou. Ela já tinha antecedentes.

A jovem modelo negra que estrelou a propaganda da marca de cosméticos Dove considerada racista defendeu, nesta quarta-feira (11), o anúncio, afirmando que o objetivo do mesmo era mostrar que "todas as peles precisam de cuidados".

"Minha experiência com a equipe da Dove foi positiva", declarou Lola Ogunyemi em uma coluna publicada no jornal britânico The Guardian.

"Todas as mulheres que participaram do projeto entenderam o conceito e o objetivo principal: utilizar nossas diferenças para ilustrar o fato de que todas as peles precisam de cuidados", ressaltou.

Na propaganda em questão, um anúncio de três segundos para um sabão líquido, a mulher negra tira uma camiseta marrom para revelar uma mulher branca, que remove sua camiseta e revela uma terceira mulher branca.

O vídeo, originalmente transmitido na página Facebook da Dove Estados Unidos e pouco depois suprimido, foi amplamente denunciado pelos internautas em todo o mundo.

"Vejo como o material que circulou na rede pode ser mal interpretado, considerando que a Dove já foi atacada pelo mesmo assunto no passado" e que "há uma falta de confiança". Mas essas acusações trazem "muitas omissões" e não permitem que o público construa uma "opinião clara", continuou a modelo.

Para ela, a Dove, que se desculpou publicamente, "também poderia ter defendido sua visão criativa" e "o fato de que me incluíam como um dos rostos de sua campanha", insistiu.

Em 2011, a Dove (grupo Unilever) foi acusada de racismo por outro anúncio estrelado por três mulheres, uma negra, uma morena e uma branca. A mulher negra aparecia em frente ao cartaz "Antes", com pele seca, e a mulher branca carregava o cartaz "Depois", apresentando uma pele hidratada. A morena aparecia entre as duas.

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