Tópicos | Polônia

O avião do presidente da Polônia, Andrzej Duda, teve de fazer um pouso de emergência em Varsóvia nesta sexta-feira (25).

O mandatário voava para Rzeszów, cidade perto da fronteira com a Ucrânia onde ele se encontraria com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, mas a aeronave teve de voltar à capital polonesa devido a um problema ainda não especificado.

##RECOMENDA##

No entanto, o chefe de gabinete de Duda, Pawel Szrot, disse à agência Reuters que o líder polonês não correu nenhum perigo. A Polônia é o país que mais recebeu refugiados da guerra na Ucrânia, com 2,2 milhões, segundo a ONU, de um total de mais de 3,7 milhões.

Da Ansa

As forças da Rússia bombardearam nesta sexta-feira (18) os arredores do aeroporto civil de Lviv, cidade da parte ocidental da Ucrânia para onde fugiram dezenas de milhares de pessoas desde o início da guerra.

As sirenes antiaéreas começaram a soar por volta de 6h (horário local), acompanhadas de avisos em alto-falantes para as pessoas se refugiarem em abrigos. Pouco depois, foram ouvidas pelo menos três fortes explosões nos arredores do aeroporto, que fica a seis quilômetros do centro.

##RECOMENDA##

"Mas o objetivo do ataque não era o aeroporto", disse o prefeito de Lviv, Andriy Sadovy, segundo a imprensa local. O alvo do bombardeio seria uma fábrica de aviões situada na região. Esse é o primeiro ataque da Rússia contra Lviv, cidade de pouco mais de 700 mil habitantes considerada a capital cultural da Ucrânia.

Localizada a menos de 80 quilômetros da fronteira com a Polônia, que é integrante da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Lviv se tornou destino de dezenas de milhares de ucranianos de outras partes do país e passou a abrigar embaixadas estrangeiras após o início da guerra, em 24 de fevereiro.

Já na capital Kiev, as forças russas atacaram uma zona residencial no distrito de Podolsk, atingindo casas, uma creche e uma escola, segundo as autoridades locais. Pelo menos uma pessoa morreu e 19 ficaram feridas, incluindo quatro crianças.

Em Mariupol, cidade na costa do Mar de Azov sitiada pela Rússia há quase três semanas, foram registrados combates na região central. "As unidades da República Popular de Donetsk, com o apoio das Forças Armadas russas, combatem contra nacionalistas no centro da cidade", disse o Ministério da Defesa da Rússia.

Corredores humanitários

Em seu canal no Telegram, a vice-premiê ucraniana, Iryna Vereshchuk, disse que nove corredores para evacuação de civis ficarão abertos nesta sexta-feira, incluindo um entre Mariupol e Zaporizhzhia.

Até o momento, a guerra já gerou cerca de 3,3 milhões de refugiados, sendo que mais de 2 milhões cruzaram a fronteira com a Polônia, que prepara uma proposta para uma missão de paz da ONU na Ucrânia.

"Ela seria instalada em lugares que não estão atualmente ocupados pela Rússia para enviar um claro sinal de que não concordamos com crimes de guerra", afirmou um porta-voz do governo polonês, Piotr Muller.

Nos últimos dias, tanto Kiev quanto Moscou relataram pequenos progressos nas negociações, mas ambos os lados reconhecem que estão longe de um acordo. A Rússia quer a desmilitarização da Ucrânia, o compromisso de não entrar para a Otan e o reconhecimento da soberania do Donbass e da anexação da Crimeia.

Já a Ucrânia admite que não poderá integrar a aliança atlântica, mas pede garantias de segurança por parte das potências mundiais contra eventuais futuros ataques e não aceita as perdas territoriais.

Da Ansa

O avião KC-390 Millennium da Força Aérea Brasileira (FAB) chegou nesta quarta-feira (9) à Varsóvia, na Polônia. A aeronave levou doações para a Ucrânia e vai repatriar brasileiros que fogem do conflito. O voo deve chegar de volta para Brasília na quinta-feira (10).

O KC-390 saiu de Brasília na última segunda-feira (7) e fez 3 escalas técnicas: uma em Recife, outra na Ilha do Sal (Cabo Verde) e a última em Lisboa (Portugal).

##RECOMENDA##

Além de repatriar 40 brasileiros que moram na Ucrânia, o governo vai resgatar 23 ucranianos e um polonês, que já conseguiram visto humanitário para desembarcar em solo brasileiro. Também serão trazidos seis cachorros, pertencentes às famílias - os donos foram dispensados pelo governo brasileiro de apresentarem o Certificado Veterinário Internacional.

No voo de ida foram transportadas 11,6 toneladas de doação para a Ucrânia, que incluem cerca de 9 toneladas de alimentos desidratados de alto teor nutritivo, o equivalente a cerca de 360 mil refeições; 50 purificadores de água, com capacidade por volta de 300 mil litros de água por dia; e meia tonelada de insumos essenciais e itens médicos.

Segundo o Ministério da Saúde, entre os materiais enviados, estão medicamentos para assistência farmacêutica básica para pessoas com doenças como hipertensão e diabetes, antibióticos, antitérmicos, antialérgicos, sais de reidratação e insumos para situações de emergência, máscaras de proteção e testes para detecção da Covid-19. No total, são cerca de 20 mil itens médicos para assistência às vítimas.

A missão conta, ainda, com um médico especialista para execução de protocolo sanitário, no contexto da Covid-19, e assistência a qualquer viajante em caso de intercorrências durante a missão.

O KC-390 é o maior avião militar desenvolvido e fabricado no hemisfério sul e um dos projetos estratégicos da Defesa. A aeronave já foi empregada em outras missões especiais de ajuda humanitária, como no Líbano (2020) e no Haiti (2021).

A Operação Repatriação é uma ação interministerial, entre as pastas da Justiça e Segurança Pública (MJSP), da Defesa (MD), das Relações Exteriores (MRE) e da Saúde (MS).

Visto

Uma portaria dos ministérios das Relações Exteriores e da Justiça e Segurança Pública, publicada no último dia 3, dispõe sobre a concessão do visto temporário (6 meses) e da autorização de residência para fins de acolhida humanitária (2 anos) para os nacionais ucranianos e aos apátridas que tenham sido afetados ou deslocados pela situação de conflito armado na Ucrânia.

A Fifa oficializou a classificação da Polônia na próxima fase da repescagem nas Eliminatórias Europeias para a Copa do Mundo do Catar, marcada para novembro e dezembro deste ano. A seleção liderada pelo atacante Robert Lewandowski enfrentaria a Rússia, mas passou automaticamente após o adversário ser excluído da disputa por conta da guerra na Ucrânia.

A formalização da classificação polonesa pela Fifa surge horas após a Federação de Futebol da Rússia (RFU, sigla em russo) entrar com um pedido na Corte Arbitral do Esporte (CAS) para suspender a sanção e reintegrar a seleção à disputa. Apesar do recurso, a entidade máxima do futebol ignorou a apelação e manteve a sua posição.

##RECOMENDA##

Com a decisão, a Polônia aguarda o vencedor do confronto entre Suécia e República Checa, em 29 de março, para conhecer o próximo adversário no playoff. Anteriormente, uma eventual disputa entre poloneses, checos e suecos fora prontamente descartada pela Fifa. A Federação Sueca de Futebol criticou a resolução.

"A coisa desportiva mais razoável e justa teria sido a Polônia ter um novo rival nas semifinais. Entendemos que é um novo quebra-cabeça difícil para a Fifa resolver, mas deve ser aplicado o princípio de jogar nas mesmas condições, ou seja, jogar e vencer duas partidas competitivas para chegar à fase final da Copa do Mundo", afirmou Hakan Sjöstrand, presidente da entidade.

O técnico da Suécia, Janne Andersson, afirma que a decisão da Fifa é "completamente inútil do ponto de vista esportivo", embora tenha apoiado a exclusão da Rússia devido à invasão da Ucrânia. "Estamos totalmente focados na preparação para a partida contra a República Checa. Queremos ir para a Copa do Mundo e faremos tudo para estar lá", disse Andersson.

Do outro lado do confronto do leste europeu, a Ucrânia deve ter o seu jogo contra a Escócia na repescagem adiado em virtude do ataque militar russo. A Federação Ucraniana de Futebol solicitou uma nova data para o confronto marcado para o dia 24 de março, em Glasgow. Quem passar enfrentará o vencedor de País de Gales x Áustria, para o duelo que define o classificado ao Mundial do Catar.

A Polônia disse nesta terça-feira (8) que está pronta para colocar "sem demora" os seus aviões Mig-29 à disposição dos Estados Unidos, indicou o Ministério das Relações Exteriores polonês, abrindo caminho para a possível transferência dessas aeronaves à Ucrânia.

O governo dos Estados Unidos, por sua vez, se disse "surpreso" com essa iniciativa.

##RECOMENDA##

"Que eu saiba, não fomos consultados antes", declarou a subsecretária de Estado para Assuntos Políticos, Victoria Nuland, durante uma audiência no Senado americano. "Acredito que é um anúncio surpresa dos poloneses", acrescentou a funcionária.

A Polônia "está pronta para entregar sem demora e gratuitamente todos os seus aviões Mig-29 na base [alemã] de Ramstein ao governo dos Estados Unidos", indicou o ministério em comunicado.

Além disso, o governo polonês pediu que outros membros da Otan que possuem aeronaves Mig-29 seguissem o seu exemplo.

O documento detalha que a proposta foi feita em resposta a declarações recentes do secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken.

Blinken e outros dirigentes ocidentais haviam negado na semana passada a possibilidade de um país da Otan fornecer aviões de guerra para a Ucrânia. Contudo, no domingo, o chefe da diplomacia americana reconheceu que essa opção estava sobre a mesa.

"Analisamos agora ativamente o tema do envio de aviões por parte da Polônia à Ucrânia e como poderíamos compensar isso", declarou o funcionário americano durante visita à Moldávia.

Durante sua declaração ao Senado nesta terça, Victoria Nuland informou ter participado antes da audiência de uma reunião na qual teria "ouvido falar" desta decisão se tivesse sido coordenada com Varsóvia.

"Mas, como sabem, levamos alguns dias em consultas com eles sobre esta solicitação dos ucranianos para receber seus aviões", lembrou.

Pressionada por vários senadores para que dissesse se os Estados Unidos facilitariam a transferência destas aeronaves a Kiev, a diplomata evitou se comprometer.

"Continuarei informando a posição amplamente compartilhada neste comitê de que estes aviões devem ir para a Ucrânia", mas "há vários fatores a considerar a respeito e há opiniões divergentes entre nossos aliados e inclusive no governo", disse.

Os Mig-29 são antigos aviões de fabricação soviética e poderiam ser utilizados por pilotos ucranianos sem necessidade de treinamento.

A Força Aérea ucraniana é composta exclusivamente por caças soviéticos Mig-29 e Sukhoi-27 (defesa antiaérea e apoio em terra) e caças-bombardeiros Sukhoi-25, segundo o "balanço militar" do Instituto Internacional para Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês).

A Polônia possui cerca de 30 aviões Mig, mas apenas 23 estariam em condições de operar. Segundo a imprensa dos Estados Unidos, Washington substituiria os Mig poloneses por seus modernos caças F-16.

Diante da chegada em poucos dias de mais de um milhão de refugiados que fugiram da ofensiva russa na Ucrânia, muitos poloneses como Nicolas Kusiak, um administrador de 27 anos, se mobilizam para oferecer ajuda.

Voluntários, autoridades, organizações humanitárias, profissionais e empresas, além da grande população ucraniana radicada na Polônia, oferecem o essencial: um lugar para descansar em suas casas.

E especialmente calor humano para as crianças e mulheres, que precisaram deixar a Ucrânia sem os pais e maridos, mobilizados para defender o país.

"Aqui temos médicos de Israel e da França, eu os ajudo, atuo como tradutor porque entendo um pouco de ucraniano", afirmou Kusiak, de 27 anos, que está há quatro dias na área da passagem de fronteira de Medyka.

Polonês nascido na França, Kusiak é um gerente de eventos que fala quatro idiomas e decidiu trabalhar como tradutor para evitar mal-entendidos com os estrangeiros, depois de assistir na internet vídeos xenofóbicos que alertavam contra a entrada de árabes e africanos.

Também forneceu barracas, geradores, aquecedores e alimentos, depois procurou organizar a coordenação entre a polícia, médicos, os bombeiros que organizam o transporte e os voluntários que distribuem a sopa quente.

A mobilização pelos refugiados é geral, como demonstram as cenas na estação central de Cracóvia, por onde passam centenas de refugiados.

"Nosso ponto de recepção está cheio e temos muitas pessoas o tempo todo", conta à AFP a voluntária Anna Lach.

"Temos um local no subsolo que está sempre lotado e é por isso que outras pessoas aguardam aqui para ver se podem ficar e passar a noite", explica.

Outra voluntária, Maja Mazur, afirmou: "Temos mais locais na cidade onde podem ficar. Eles podem permanecer um ou dois dias antes da transferência. Nós oferecemos alguma bebida, algo quente, algo para comer e um local onde podem dormir".

Alguns refugiados desejam prosseguir a viagem rumo ao oeste da Europa, em meio ao sofrimento pela separação da família.

"Eu vim de Kharkiv com minha família, com meus dois filhos e meus pais", afirma a arquiteta Anna Gimpelson.

"Meu marido ficou em Lviv porque ainda pode servir no exército e não pode sair do país. Nossa cidade vive momentos realmente terríveis. Temos bombas por todos os lados e a casa dos nossos vizinhos não existe mais", acrescenta.

"Viajamos por três dias e agora vamos para a casa de um amigo em Düsseldorf (Alemanha). Pode ser que passemos algum tempo lá enquanto pensamos no que fazer", disse.

O governo polonês antecipa que o fluxo de refugiados continuará nos próximos dias.

"Preparar a infraestrutura para estarmos prontos para receber uma nova onda de refugiados sem saber qual será seu tamanho, este é o nosso principal desafio no momento", afirmou no domingo Michal Dworczyk, chefe de gabinete do primeiro-ministro polonês Mateusz Morawiecki.

A ONU anunciou no domingo que mais de 1,5 milhão de pessoas saíram da Ucrânia em busca de refúgio em 11 dias. Dois terços desse total entraram na Polônia.

Ao mesmo tempo, a unidade polonesa da Anistia Internacional pediu que as pessoas não esqueçam os refugiados do Oriente Médio, sírios e iemenita, bloqueados na fronteira com Belarus, e alertou sobre "a enorme injustiça" pelo tratamento desigual dos estrangeiros com base em sua nacionalidade.

A Guarda de Fronteira da Polônia informou que mais de 922 mil refugiados já cruzaram a fronteira da Ucrânia nos últimos 11 dias, quando teve início a invasão russa ao país.

Em sua conta oficial no Twitter, a Agência disse que 129 mil pessoas, um recorde diário, cruzaram as fronteiras e seguiram para a Polônia no sábado, e quase 40 mil chegaram ao país entre 00h e 7h deste domingo. A Polônia é o país que atualmente está recebendo o maior número de refugiados entre os vizinhos da Ucrânia.

##RECOMENDA##

(Com informações da Associated Press)

O governo dos Estados Unidos está procurando maneiras de reabastecer o arsenal da Polônia caso o país concorde em fornecer alguns de seus jatos de combate, da era soviética, para a Ucrânia, disse o secretário de Estado Anthony Blinken.

No sábado, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, fez um apelo ao Capitólio por assistência na obtenção de ajuda militar mais letal, especialmente por caças a jato fabricados na Rússia que os pilotos ucranianos poderiam pilotar.

##RECOMENDA##

"Estamos analisando a questão dos aviões que a Polônia pode fornecer à Ucrânia", disse Blinken na Moldávia, durante uma escala pela Europa para tranquilizar aliados. Blinken afirmou que os EUA estão trabalhando com Zelensky e outras autoridades ucranianas para obter uma "avaliação atualizada de suas necessidades".

Os EUA e os parceiros avaliarão o que pode ser fornecido, disse ele. "Não posso falar com uma linha do tempo, mas posso apenas dizer que estamos analisando isso muito, muito ativamente", disse ele a repórteres.

O gabinete do primeiro-ministro da Polônia rejeitou um possível acordo para o país entregar aviões de combate ao país vizinho. "A Polônia não enviará seus caças para a Ucrânia, nem permitirá o uso de seus aeroportos", disse a chancelaria do primeiro-ministro, Mateusz Morawiecki, em conta oficial no Twitter. "Nós ajudamos significativamente em muitas outras áreas."

Pertencem à Polônia alguns jatos de combate MiG-29 de fabricação soviética, juntamente com caças F-16 da Lockheed Martin Corp. dos EUA, além de outros tipos de aeronaves.

 

(Com Dow Jones Newswires)

O caos do início se dissipou, mas milhares de ucranianos ainda esperam no frio para entrar na Polônia. Suas histórias misturam medo de uma guerra que não esperavam, mas também emoção pela solidariedade que encontraram.

Apenas 24 quilômetros separam a pequena cidade de Tvirzha, no oeste da Ucrânia, do posto fronteiriço de Shegyni com a Polônia. O congestionamento de veículos cheios de mulheres e crianças que querem deixar o país chegava até ali.

##RECOMENDA##

Pilhas de lixo e alguns carros abandonados eram a única evidência do monumental engarrafamento do final de semana passado.

Foi em Tvirzha, em frente à escola que dirige, que Ivana Shcherbata montou um estande oferecendo bebidas quentes e comida com a ajuda de algumas mulheres do município.

"Nós o levantamos e fizemos tudo com nossas próprias mãos", diz Shcherbata.

À sua frente está tudo o que um passageiro com frio pode querer: chá, café, sanduíches e enormes potes de Borsch, uma popular sopa de beterraba cujas origens são disputadas na Ucrânia e na Rússia, preparada nas cozinhas da escola.

No segundo andar do centro, o berçário acomoda mães e crianças que procuram um espaço aconchegante para passar a noite.

- "Muito comovida" -

"Comecei isso espontaneamente e então essas mulheres vieram oferecer ajuda e trazer comida", explica Shcherbata na cozinha.

Vinda de Kriviy Rih, no centro da Ucrânia, Daria, com o filho nos braços, não encontra palavras para descrever a solidariedade que encontrou em sua jornada.

"Estou muito emocionada. Em todos os lugares nos deram comida, roupas, fizeram de tudo para nos ajudar", diz esta funcionária pública de 32 anos, que esteve na estrada por três dias, um dia inteiro no trânsito.

De acordo com as Nações Unidas, mais de 830 mil pessoas fugiram para países vizinhos, especialmente para a Polônia.

As estradas do país ficaram congestionadas, com engarrafamentos às vezes agravados por postos de controle montados em vários municípios no oeste da Ucrânia por voluntários que temiam "provocações" russas.

"A viagem foi muito difícil. Aqui é mais tranquilo, mas o trajeto foi horrível", diz Katerina Zaporojets, uma trabalhadora de laboratório da cidade de Cherkasy (centro).

No caso dela, levou cerca de 24 horas para chegar ao posto de fronteira de Shegyni, uma viagem de pouco mais de dez horas em condições normais. E agora provavelmente levará mais 48 horas antes de cruzar para a Polônia.

As seis crianças que ela e duas amigas levaram para a Polônia já devem estar cruzando a fronteira em um dos ônibus fretados pelas autoridades para o posto de controle de Shegyni.

Apesar de semanas de conjecturas, esses aspirantes a refugiados não estavam preparados para o que estava por vir.

"Nas últimas duas semanas, suspeitei que algo assim aconteceria. Mas nunca pensei que seria tão terrível", admite Zaporojets, que não tem planos além de abrigar os pequenos.

Vários carros viaja na direção oposta, em direção ao coração do conflito.

Neles estão alguns homens que deixaram suas famílias na fronteira, mas também alguns grupos de homens com rostos sérios, talvez ucranianos que vivem no exterior e decidiram voltar para ajudar seu país.

Ajmal Rahmani saiu do Afeganistão há um ano pensando que encontraria paz na Ucrânia, mas agora foge novamente, desta vez para a Polônia, ao lado de milhares de refugiados, após o avanço das tropas russas.

"Eu fugi de uma guerra, venho para outro país e outra guerra começa. Muito azar", declarou o afegão de 40 anos, que entrou na Polônia com a mulher Mina, o filho Omar, de 11 anos, e a filha Marwa, de sete, que não se separa de um cachorro de pelúcia marrom.

A família aguarda ao lado de outros refugiados no posto de fronteira de Medyka pelos ônibus de transporte até o centro de abrigo na cidade vizinha de Przemysl.

Além de ucranianos, entre os refugiados há centenas de pessoas de outras nacionalidades, estudantes ou trabalhadores que vivem no país: afegãos, congoleses, marroquinos, indianos, equatorianos ou nepaleses.

"Trabalhei 10 anos para a Otan no aeroporto internacional de Cabul", explica Rahmani, que nasceu na capital afegã.

Ele decidiu abandonar o país quatro meses antes da saída das tropas americanas porque sentia que sua vida estava em perigo.

"Recebia ligações telefônicas em que ameaçavam meus filhos de morte. Eu contei no trabalho, mas ninguém quis ouvir, ninguém queria ajudar ou conceder um visto".

Assim, ele se exilou na Ucrânia, o único país que o acolheu, e se estabeleceu na cidade costeira de Odessa (sudoeste), no Mar Negro.

"Eu tinha uma vida boa no Afeganistão, uma casa, carro, um bom salário. Vendi tudo, perdi tudo", afirma. "Decidi partir por meus filhos, minha família, pela educação deles".

-- 1.110 quilômetros --

Na semana passada, quando a Rússia invadiu a Ucrânia, ele teve que deixar tudo para trás novamente. A família percorreu os 1.100 quilômetros que separam Odessa da fronteira com a Polônia.

Os últimos 30 quilômetros foram percorridos em uma longa caminhada, consequência do gigantesco engarrafamento na rodovia.

"Quando chegamos, estava tanto frio", conta. "Peguei um cobertor para minha filha, mas pouco depois ela estava muito mal e a mãe começou a chorar".

Eles receberam ajuda de uma ambulância e a polícia de fronteira ucraniana permitiu a passagem da família.

"Tivemos sorte, havia mais de 50.000 pessoas na fronteira", afirma. "Todos estavam a pé, com os bebês, as malas, esperando sua vez. E, de repente, nos deixam passar na frente deles".

A polícia de fronteira da Polônia informou no domingo que mais de 213.000 pessoas entraram no país procedentes da Ucrânia desde o início da ofensiva russa.

Ajmal Rahmani e sua família, como todos os refugiados sem visto polonês, têm agora 15 dias para apresentar um pedido oficial e regularizar sua situação, explica Tomasz Pietrzak, advogado da ONG polonesa Ocalenie, que auxilia os refugiados. Um "prazo irrealista, dado o número crescente de refugiados", explica.

"A Polônia terá que modificar rapidamente esta legislação", considera Pietrzak.

Rahmani não esconde a preocupação com o futuro da família, mas as primeiras horas na Polônia o deixaram "animado".

"Nos receberam muito bem, as pessoas são muito amáveis, sorriem, deram doces para as criança. Uma boa dose de energia para o que está para acontecer".

A Federação Polonesa de Futebol (PZPN) informou nesse sábado (26) que a seleção do país não vai disputar o jogo contra a Rússia em partida válida pelas Eliminatórias da Copa do Mundo do Catar, marcado para o dia 24 de março em Moscou.

"Chega de falar, é hora de agir. À luz do aumento da agressão da Federação Russa contra a Ucrânia, a seleção não vai jogar a partida contra a Rússia. Essa é a única decisão correta", escreveu o presidente da PZPN, Cezary Kulesza, em sua conta no Twitter.

##RECOMENDA##

O dirigente ainda informou que a mesma medida deve ser adotada pela Suécia e pela República Tcheca que também podem pegar os russos na competição. Kulesza destacou ainda que as três federações estão preparando um comunicado oficial para notificar a Fifa.

Na próxima rodada, Polônia e Rússia se enfrentam assim como Suécia e a República Tcheca em disputa mata-mata. Caso os russos vençam, enfrentam o vencedor da partida entre suecos e tchecos e a seleção de um desses países precisaria ir para Moscou disputar o jogo em 29 de março.

A decisão desse sábado vem após as três entidades publicarem uma nota conjunta em que cobravam a Fifa para definir o que aconteceria com os jogos. Como não tiveram nenhuma resposta oficial, elas optaram por tomar a decisão sozinhas.
    O presidente da Fifa, Gianni Infantino, havia apenas dito que a entidade "estava preocupada" com a situação "trágica" na Ucrânia.

No mundo esportivo, diversas federações e órgãos já cancelaram ou suspenderam eventos por conta da crise ucraniana.

A F1 afirmou que não deve disputar o Grande Prêmio de Sóchi, em setembro, por conta das "atuais condições", com o piloto Sebastian Vettel dizendo que se nega a disputar a prova no país.

Já a Uefa anunciou a transferência da final da Liga dos Campeões de São Petersburgo, na Rússia, para a França.

Neste sábado, também foram canceladas as olimpíadas do xadrez, que reuniriam competidores de 180 nações entre 26 de julho e 8 de agosto na Rússia.

Da Ansa

O início da ofensiva militar da Rússia contra a Ucrânia provocou uma série de reações da comunidade internacional.

- Ucrânia -

"Estamos construindo uma coalizão anti-Putin", declarou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, após conversas com líderes estrangeiros. "O mundo deve obrigar a Rússia à paz", disse.

"Cidades pacíficas ucranianas estão sob ataque. É uma guerra de agressão. A Ucrânia se defenderá e vencerá. O mundo pode e deve frear Putin. A hora de atuar é agora", escreveu no Twitter o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba.

- Estados Unidos -

O presidente Joe Biden denunciou o "ataque injustificável" da Rússia contra a Ucrânia.

"O presidente Putin escolheu uma guerra premeditada que trará perdas catastróficas de vidas e sofrimento humano", afirmou Biden em um comunicado. "Apenas a Rússia é responsável pela morte e a destruição que este ataque provocará", insistiu, depois de destacar que "o mundo fará com que a Rússia preste contas".

- ONU -

A ofensiva russa "deve parar agora", implorou o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, após uma reunião de emergência do Conselho de Segurança.

"Presidente Putin, em nome da humanidade, leve de volta as tropas à Rússia", declarou Guterres, que considera este o "dia mais triste" desde que assumiu o cargo à frente da ONU.

- União Europeia -

"Condenamos veementemente o ataque injustificado da Rússia à Ucrânia. Nestas horas sombrias, nossos pensamentos estão com a Ucrânia e as mulheres, homens e crianças inocentes que enfrentam esse ataque não provocado e temem por suas vidas", declarou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

A Rússia corre o risco de um "isolamento sem precedentes" por sua ação militar na Ucrânia, advertiu o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, ao informar que o bloco prepara o maior pacote de sanções de sua história.

- China -

A China afirmou que acompanha de perto a situação na Ucrânia após a intervenção militar russa, mas não condenou Moscou e pediu a todos que evitem uma escalada.

"Pedimos a todas as partes que exerçam moderação para evitar que a situação saia do controle", disse a porta-voz da diplomacia chinesa, Hua Chunying, sem condenar a Rússia.

- França -

A "França condena energicamente a decisão da Rússia de fazer a guerra contra a Ucrânia", declarou o presidente Emmanuel Macron, que pediu a Moscou que "acabe imediatamente com suas operações militares".

"A França se solidariza com a Ucrânia. Está ao lado dos ucranianos e age com seus parceiros e aliados para deter a guerra", acrescentou.

- Alemanha -

A operação militar russa é "uma violação flagrante" do direito internacional, afirmou o chanceler alemão, Olaf Scholz.

- Reino Unido -

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, condenou os "horrendos acontecimentos na Ucrânia" e afirmou que Putin "escolheu o caminho do derramamento de sangue e a destruição ao iniciar um ataque não provocado".

- Otan -

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, denunciou o "ataque irresponsável e não provocado" da Rússia contra a Ucrânia, e alertou que deixa "incontáveis vidas em risco".

"Mais uma vez, apesar de nossas repetidas advertências e esforços incansáveis para um compromisso na diplomacia, a Rússia escolheu o caminho da agressão contra um país independente e soberano", acrescentou.

Também disse que a Otan "fará tudo o que for necessário para proteger e defender todos os aliados".

- Itália -

O primeiro-ministro italiano, Mario Draghi, qualificou o ataque russo contra a Ucrânia como "injusto e injustificável" e garantiu que a União Europeia (UE) e a Otan trabalham para dar uma resposta imediata.

"O governo italiano condena o ataque da Rússia contra a Ucrânia. É injusto e injustificável. A Itália está junto do povo e das instituições ucranianos neste momento dramático", disse Draghi em um comunicado.

- Polônia -

A Polônia pediu a ativação do artigo 4 do tratado da Otan, que prevê consultas entre os membros caso algum deles considere que sua segurança está sob ameaça, informou um porta-voz do governo.

- Japão -

O ataque russo na Ucrânia "abala os fundamentos da ordem internacional", denunciou o primeiro-ministro japonês, Fumion Kishida.

- Austrália -

O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, condenou a "invasão ilegal" da Rússia ao anunciar uma "segunda rodada" de sanções contra quatro instituições financeiras e 25 pessoas de quatro entidades de desenvolvimento e venda de equipamentos militares.

- Espanha -

"O governo da Espanha condena a agressão da Rússia contra a Ucrânia e se solidariza com o governo e o povo da Ucrânia", tuitou o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez.

- Países nórdicos -

A Finlândia e a Suécia, que não são membros da Otan, condenaram o ataque russo à Ucrânia, denunciando separadamente "um ataque à ordem de segurança europeia".

Por sua vez, a Noruega, membro da Aliança Atlântica, condenou uma "grave violação do direito internacional" e anunciou a mudança de sua embaixada de Kiev para Lviv, no oeste do país.

A Polônia iniciou nesta terça-feira (25) a construção de uma nova cerca na fronteira com Belarus para impedir a chegada de migrantes ilegais, após a crise entre Varsóvia e Minsk no ano passado.

Com 186 quilômetros de comprimento, quase metade do tamanho total da fronteira de 418 quilômetros, a barreira metálica de cinco metros e meio de altura custará cerca de 353 milhões de euros (407 milhões de dólares) e deve ser concluída em junho.

O projeto gera preocupação entre os defensores dos direitos humanos e os ativistas ambientalistas. Os primeiros temem que os migrantes que fogem de situações de conflito não poderão apresentar pedidos de asilo. Os segundos acreditam que terá efeitos nefastos para a fauna e a flora das florestas dessa área fronteiriça.

A União Europeia (UE) forneceu seu apoio à Polônia e criticou energicamente Belarus.

Por sua vez, o governo polonês rejeitou a proposta de Bruxelas de participação da agência europeia do Frontex na vigilância da fronteira. Além disso, votou uma lei que permite expulsar os migrantes ilegais sem esperar que apresentem sua solicitação de asilo.

"Temos a intenção de reduzir os danos ao máximo", declarou a porta-voz da guarda fronteiriça polonesa, Anna Michalska, citada pela agência PAP.

"A derrubada de árvores será limitada ao mínimo possível. O muro será construído ao longo da estrada fronteiriça", acrescentou, destacando que utilizará apenas as estradas já existentes.

Milhares de migrantes, procedentes do Oriente Médio, principalmente do Curdistão iraquiano, Síria, Líbano e Afeganistão, tentaram no ano passado cruzar a fronteira polonesa para entrar no território da UE. Alguns deles conseguiram passar e seguiram seu percurso.

Polônia e os países ocidentais acusam o governo bielorrusso de incentivar, inclusive de planejar e ajudar, este fluxo de migrantes, prometendo a eles um acesso fácil à UE.

O governo do presidente bielorrusso Alexander Lukashenko rejeita essas acusações e critica a Polônia por tratamento desumano aos migrantes.

Essas medidas de bloqueio, além da morte por frio e fome de uma dezena de migrantes nas florestas polonesas, provocaram um debate intenso na Polônia entre os defensores da fronteira nacional, que também é um dos limites da UE, e os defensores dos direitos humanos. Esses últimos exigem que os migrantes tenham a opção de solicitar o asilo e que não sejam expulsos enquanto o pedido está sendo analisado.

Após o jornal português Record cravar que o técnico lusitano Paulo Souza está acertado com o Flamengo para 2022, mais um sinal de que o negócio foi fechado foi dado nesta tarde. O presidente da Federação Polonesa de Futebol, Cezary Kulesza, fez um duro desabafo contra o treinador.

Em sua conta no twitter, Kulesza afirmou que não aceitou o pedido de demissão de Paulo Souza da seleção da Polônia e disparou críticas ao provável novo técnico do Flamengo.

##RECOMENDA##

“Hoje fui informado pelo Paulo Souza que ele quer rescindir o contrato com a seleção da Polônia por causa de uma oferta de outro clube. Este é um comportamento extremamente irresponsável, que contradiz as declarações anteriores do treinador. Portanto, recusei firmemente”, tuitou.

Neste domingo (26), o jornal português Record fez reportagem onde afirma que Paulo Souza e Flamengo já acertaram tudo, faltando apenas o anúncio oficial.

Polônia e Belarus trocaram acusações nesta terça-feira (9) pela presença de milhares de migrantes que tentavam entrar no território polonês, o que, segundo Varsóvia, ameaça a segurança da União Europeia (UE).

Minsk fez uma advertência contra as "provocações" na fronteira, para onde os dois países mobilizaram soldados em um momento de grande tensão.

Milhares de pessoas, muitas delas em fuga da guerra e da pobreza no Oriente Médio, tentam sobreviver a céu aberto em condições muito difíceis e sob temperaturas gélidas.

A UE acusa o presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, de orquestrar a crise em represália pelas sanções ocidentais contra Minsk. Ele nega.

Na segunda-feira (8), a Polônia bloqueou uma tentativa de milhares de migrantes de ultrapassarem o arame farpado da linha de fronteira.

O primeiro-ministro polonês, Mateusz Morawiecki, afirmou nesta terça-feira que Varsóvia continuará impedindo sua entrada.

"Fechar a fronteira polonesa é nosso interesse nacional. Mas agora é a estabilidade e a segurança de toda União Europeia que estão em jogo", escreveu o chefe de Governo polonês no Twitter.

"Este ataque híbrido do regime de (Alexander) Lukashenko está direcionado para todos nós. Não seremos intimidados e defenderemos a paz na Europa com nossos sócios da Otan e da UE", completou.

Em resposta, o Ministério bielorrusso da Defesa considerou a versão como "infundada e injustificada", ao mesmo tempo em que acusou a Polônia de aumentar "deliberadamente" as tensões.

Também afirmou que a Polônia mobilizou 10.000 militares para a fronteira sem aviso prévio às autoridades de Belarus, o que classificou de violação dos acordos de segurança mútua.

"Queremos advertir de antemão à parte polonesa que evite qualquer provocação direcionada à República de Belarus para justificar o uso ilegal da força contra pessoas indefesas e desarmadas, incluindo crianças e mulheres", afirmou o Ministério das Relações Exteriores de Belarus em um comunicado.

Em um cenário de crise, Estados Unidos e UE pediram a Belarus para deter o que chamaram de "fluxo orquestrado de migrantes".

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) também acusou Minsk de usar os migrantes como peões políticos, enquanto a UE pediu novas sanções contra o regime bielorrusso.

- Bloqueados -

Muitos migrantes que desejam entrar na Polônia fogem de conflitos e da pobreza em países do Oriente Médio.

Eles afirmam que estão bloqueados: Belarus impede o retorno a Minsk para uma viagem de retorno a seus países, enquanto a Polônia não permite a entrada para a solicitação de asilo.

"De acordo com nossos cálculos, pode haver entre 12.000 e 15.000 migrantes em Belarus", disse o porta-voz dos serviços especiais da Polônia, Stanislaw Zaryn.

Quase 4.000 estariam na área de Kuznica, perto da fronteira com a Polônia.

A agência de notícias bielorrussa Belta informou a presença de 3.000 pessoas em um acampamento perto da fronteira.

O porta-voz do governo polonês, Piotr Muller, advertiu na segunda-feira que "pode acontecer uma escalada deste tipo de ação na fronteira em um futuro próximo".

Hoje, o ministro bielorrusso do Interior, Ivan Kubrakov, afirmou que os migrantes estão "legalmente" na ex-república soviética e que "até agora não aconteceu violação da lei por parte dos migrantes".

burs-amj/mas/yad/mas/es/fp/tt

Depois de duas atuações abaixo das expectativas, a Espanha mostrou um bom futebol nesta quarta-feira e conseguiu a classificação às oitavas de final da Eurocopa. A vaga veio com a goleada por 5 a 0 sobre a Eslováquia, no estádio Olímpico La Cortuja, em Sevilha, onde antes os espanhóis haviam decepcionado com empates contra Suécia e Polônia.

O resultado expressivo desta quarta-feira, porém, não garantiu à Espanha a primeira colocação do Grupo E. Com cinco pontos, os espanhóis terminaram a chave na segunda colocação. A liderança ficou com a Suécia, que com um gol de Claesson nos acréscimos do segundo tempo derrotou a Polônia por 3 a 2, no estádio Krestovsky, em São Petersburgo, na Rússia, e chegou aos sete pontos. Os outros dois foram marcados pelo meia-atacante Forsberg.

##RECOMENDA##

Nas oitavas de final, a Espanha já sabe que terá pela frente a Croácia, atual vice-campeã da Copa do Mundo, na próxima segunda-feira, às 13 horas (de Brasília), no estádio Parken, em Copenhague, na Dinamarca. A Suécia enfrentará um dos quatro melhores terceiros colocados (dos grupos A/B/C ou D), no di seguinte, às 16 horas, também na capital dinamarquesa.

Derrotadas nesta quarta-feira, Eslováquia e Polônia deram adeus à Eurocopa. Os eslovacos ficaram em terceiro lugar do Grupo E com três pontos, mas com o saldo negativo de cinco gols já não têm mais chances de classificação. Os poloneses, mesmo com o faro de artilheiro de Robert Lewandowski - melhor do mundo na temporada passada, que marcou os dois gols contra a Suécia -, ficaram na lanterna com apenas um ponto.

A partida em Sevilha teve como momento mais marcante o gol contra do goleiro eslovaco Dúbravka. Aos 29 minutos do primeiro tempo, depois de um chute forte de Sarabia que acertou o travessão, o arqueiro tentou dar um tapa na bola, mas a mandou para dentro da própria meta. Esse foi o terceiro gol contra de goleiro registrado nesta Eurocopa - os outros foram do polonês Szczesny, contra a Eslováquia, e do finlandês Hradecky, diante da Bélgica.

Ainda houve outro lance semelhante, do volante Kucka, que fechou a goleada. Laporte, Sarabia e Ferrán Torres fizeram os outros gols espanhóis. Mas os bicampeões europeus em 2008 e 2012 poderiam ter goleado com o placar maior. O problema é que o atacante Álvaro Morata, logo aos 10 minutos, perdeu o pênalti sofrido por Koke. Essa foi a quinta cobrança seguida desperdiçada pela seleção espanhola em jogos oficiais. A Espanha é a equipe que mais errou penalidades na história da Eurocopa: sete no total.

A Espanha empatou pela segunda vez na Eurocopa e ainda não conseguiu apresentar o futebol vistoso que o mundo está acostumado a ver. Na estreia, a equipe comandada pelo técnico Luis Enrique havia ficado no 0 a 0 com a Suécia, em um jogo truncado. Neste sábado, de novo topou com um adversário duro e com estilo parecido de jogo: a Polônia, que segurou o resultado de 1 a 1, com atuação inspirada do goleiro Szczesny, na segunda rodada da fase de grupos da competição, no estádio Olímpico de La Cartuja, em Sevilha.

O característico toque de bola dos espanhóis envolveu os poloneses no campo de ataque, com jogadas pelo meio, inversões de bola e cruzamentos pelas laterais, mas não havia efetividade nas finalizações e nos últimos passes, apesar da posse em grande parte do tempo.

##RECOMENDA##

Em uma das investidas que deram certo, a Espanha abriu o placar, com Morata, aos 24 minutos, que escorou para as redes após chute de Moreno. A arbitragem havia anulado e dado impedimento no lance, mas o VAR revisou rapidamente e confirmou o gol do atacante.

O domínio da Espanha era claro, porém a Polônia chegou perto de empatar pelo menos duas vezes. Na principal delas, aos 42 minutos, teve bola na trave de Swiderski em finalização contundente e, no rebote, Simón defendeu chute de Lewandowski, que, até então, não havia marcado no torneio.

Não demorou muito para o primeiro do atacante, eleito o melhor do mundo em 2020, aparecer no marcador da Eurocopa. Aos 8 do segundo tempo, Lewandowski empatou o jogo em um gol de cabeça, após ganhar dividida no alto com o goleiro Simón.

Dois minutos depois, pênalti para a Espanha. Moreno, um dos melhores jogadores na partida, até então, foi para a bola na marca da cal, mas desperdiçou a cobrança e a oportunidade de dar a vitória a sua seleção.

Do meio para o final da partida, na segunda etapa, a estrela do goleiro Szczesny aparecia. O titular da Juventus foi o grande responsável por segurar o empate para a Polônia contra uma Espanha insistente. Chances claras de gol de Moreno, Morata e Fernán pararam no goleiro polonês. A pressão foi grande e a Espanha foi dominante, mas a Polônia aguentou o apito final e, mesmo com um empate, a sensação dos jogadores era de alívio com o primeiro ponto garantido na Eurocopa, mesmo estando na última colocação.

Com o empate em Sevilha, a seleção espanhola fica na terceira posição do Grupo E da Eurocopa, com dois pontos, enquanto a Suécia lidera, com quatro, e a Eslováquia vem logo atrás, com três.

Torcedores do Manchester United foram atacados na noite de terça-feira, no lado de fora de um bar na cidade de Gdansk, na Polônia, um dia antes da final da Liga Europa contra o Villarreal, da Espanha. O próprio clube inglês confirmou a informação.

"O nosso 'staff' ajudou vários torcedores do United em Gdansk na noite passada e hoje (quarta-feira), após um incidente em que alguns dos nossos apoiadores foram atacados no exterior de um bar na cidade", afirmou o Manchester United em seu site oficial e nas redes sociais.

##RECOMENDA##

O incidente, do qual não houve registro de pessoas com ferimentos graves, envolveu cerca de 30 agressores, torcedores poloneses, que fugiram antes da chegada das autoridades, segundo adiantou o porta-voz da polícia de Gdansk, Michal Sienkiewicz, à emissora de TV polonesa TVN24.

[@#video#@]

"Aconteceu tudo numa questão de segundos e não de minutos. Muito provavelmente iremos divulgar as imagens das pessoas que estiveram envolvidas e as suas detenções acontecerão para breve", afirmou a autoridade.

A presidente da Câmara de Gdansk, Aleksandra Dulkiewicz, recorreu à rede social Twitter para dizer que na sua cidade não há espaço para qualquer forma de violência e que todos os torcedores são bem-vindos.

Manchester United e Villarreal receberam dois mil ingressos cada para a final desta quarta-feira da Liga Europa, que terá a lotação máxima de 9,5 mil espectadores, pouco menos de 25% da capacidade da Arena de Gdansk.

Movendo-se com grande entusiasmo ao ritmo de "Girls Just Want To Have Fun", de Cindy Lauper, um grupo de poloneses combate os sintomas que persistem após terem covid-19.

Esta não é uma sessão de exercício normal de condicionamento físico.

A cena se passa 130 metros abaixo do solo, próximo a um lago de salmoura verde-escuro em uma mina de sal no sul da Polônia, que remonta ao século XIII.

"Quando cheguei aqui adorei o lugar", confidenciou à AFP Jadwiga Nowak, enquanto outros participantes da atividade levantavam bolas de pilates, pedalavam bicicletas ergométricas, ou corriam.

"Percebi esta atmosfera, esta calma, este silêncio e este ar completamente diferente da superfície. Há magia aqui!", comentou esta senhora de 60 anos, que ficou hospitalizada e ligada a um respirador durante 16 dias, em outubro de 2020.

Uma das minas de sal mais antigas do mundo, Wieliczka é um Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Ao longo dos séculos, os mineiros transformaram-na em uma obra de arte única, esculpindo um labirinto de túneis que levam a câmaras e capelas iluminadas por lustres de sal.

Este local é uma atração turística, mas também um spa onde pacientes com problemas pulmonares se tratam há quase 200 anos.

Agora, também recebe pacientes pós-covid encaminhados pela rede pública para internações de três semanas, bem como clientes particulares.

- Psicoterapia e realidade virtual -

Os pacientes descem o antigo poço da mina em um elevador para 10 ou 15 pessoas e caminham por túneis de sal, ao longo de trilhos outrora percorridos por trens de mineração.

Uma vez dentro da câmara do Lago Wessel, com cerca de 15 metros de altura e coberta por terraços de madeira, praticam exercícios de respiração e alongamento, sob a supervisão de um médico.

"Em geral, os pacientes que sofreram de covid têm sintomas muito mais graves do que os asmáticos normais. Mas os pacientes pós-covid podem recuperar sua saúde normal. A média é uma melhora entre 60% e 80% em seus testes físicos", diz a fisioterapeuta Agata Kita.

Os cientistas consideram que entre 10% e 15% dos ex-pacientes contraem uma "covid longa", com sintomas de fadiga, redução da concentração, dores no corpo e problemas respiratórios.

A Polônia lidera o caminho em programas de reabilitação e em pesquisa sobre a "covid longa", lançando sua primeira instalação para pacientes pós-covid em setembro passado.

No hospital Glucholazy - fronteira com a República Tcheca -, uma das primeiras instalações desse tipo, os pacientes fazem de tudo: desde psicoterapia até jogos de realidade virtual.

Os médicos encontraram mais de 50 sintomas físicos e psicológicos persistentes pós-covid.

"Além dos sintomas pulmonares, eles sofrem de dores musculares e articulares, problemas de equilíbrio e de coordenação, perda de memória e concentração e sintomas relacionados ao estresse e à depressão", explicou Jan Szczegielniak, da Glucholazy, à AFP.

- Ar puro -

Em Wieliczka, a grande câmara ecoa os exercícios de respiração ruidosos.

Com suas pequenas alcovas perfuradas na rocha, o lugar se assemelha a um teatro surrealista.

Em um canto, alguns pacientes sopram bolhas de sabão, ou pequenos moinhos de vento de brinquedo, para testar sua respiração.

Há muito riso durante os exercícios dos pacientes, a maioria com mais de 60 anos.

A terapia com sal, ou haloterapia, é muito popular na Europa Central e do Leste, embora os cientistas estejam divididos quanto aos seus benefícios. Alguns acreditam que ela tem apenas um efeito placebo.

Para Magdalena Ramatowska, médica em Wieliczka, a estada na mina tem efeitos benéficos.

"Principalmente porque aqui o ar é puro. Sem alérgenos. Esse ambiente é excelente para o trato respiratório. Tem muita umidade, pouca corrente e muito ar salino, que combate inflamações e bactérias", indicou.

Preocupada com o aumento da violência doméstica durante o confinamento pela pandemia, Krysia Paszko, uma polonesa de 18 anos, criou um site que parece ser uma loja online de produtos de beleza, mas que, na realidade, oferece ajuda discretamente às vítimas.

"A inspiração para essa ideia veio da França, onde, quando você vai à farmácia e pede a máscara número 19, pode indicar que é vítima de abuso", declarou à AFP a estudante de Varsóvia.

##RECOMENDA##

A jovem acredita que a Polônia também precisa de uma espécie de código durante a pandemia, quando as famílias permanecem trancadas sob o mesmo teto por 24 horas, com riscos significativos de estresse e violência.

Durante o primeiro confinamento, o Centro de Direitos das Mulheres, uma ONG polonesa, registrou um aumento de 50% nas ligações para o seu número de emergência que oferece apoio em caso de violência doméstica.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) também observou um aumento desse tipo de agressão na Europa.

Krysia Paszko criou sua loja Rumianki i Bratki (Camomilas e Pensamentos) no Facebook em abril de 2020. Com fotos de sabonetes de lavanda e máscaras faciais de sálvia, a loja falsa parece real.

Mas, em vez de vendedores, do outro lado da tela está uma equipe de psicólogas voluntárias do Centro de Direitos das Mulheres.

"Se alguém faz um pedido e dá o endereço, é um sinal de que precisa da polícia para agir imediatamente", explica a jovem.

Aqueles que querem apenas conversar pedirão mais informações sobre um produto e os psicólogos farão mais perguntas importantes: "Como a pele de uma pessoa reage ao álcool?" ou "Você realmente precisa de cosméticos para crianças?"

- "Vigiada constantemente" -

A equipe já atendeu cerca de 350 pessoas, propondo principalmente assessoria jurídica gratuita e planos de ação.

Paszko ressalta que "quanto mais restrições, quanto mais difícil é sair de casa", mais pessoas lhes escrevem.

"E muitas vezes, os agressores ficam mais ativos quando o período é difícil, quando há mais infecções, mais restrições, mais medo da pandemia", afirma.

A maioria das pessoas que os contatam são mulheres com menos de 30 anos. O abuso pode ser físico ou psicológico, por um parceiro ou pai.

Entre 10% e 20% dos casos resultaram em ligações para a polícia.

"Lembro-me de uma jovem que era constantemente vigiada pelo parceiro e que só conseguia nos escrever quando dava banho no filho", explica Paszko.

A mulher já havia tentado sair do relacionamento, mas o companheiro, alcoólatra e agressor, se recusou a deixar a casa.

Graças à intervenção de sua equipe, a polícia chegou e "o fez devolver as chaves, informando-o das consequências se ele voltasse", conta Paszko. "Felizmente, foi o fim da violência."

Por seus esforços, Paszko ganhou o prêmio à solidariedade civil da União Europeia (UE), uma recompensa de 10.000 euros (quase US$ 11.900) por iniciativas ligadas à covid.

A jovem lamenta que a Polônia "ignore um pouco e ponha de lado" o problema da violência doméstica. "É necessário apoio adicional do governo".

O partido conservador e nacionalista Lei e Justiça no poder quer retirar a Polônia da Convenção de Istambul, um tratado internacional para proteger as mulheres da violência sexista.

Em 2020, o ministro da Justiça anunciou que lançaria o processo de retirada do tratado, por considerar que contém dispositivos que minam os valores conservadores sobre a família.

Apesar dos protestos na Polônia e no exterior, o processo continua.

O projeto, que está sendo debatido no parlamento por iniciativa da organização ultraconservadora Ordo Iuris, propõe uma nova convenção que proíbe o aborto e o casamento homossexual.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando