Tópicos | rua

Em São Caetano de Odivelas, município do nordeste do Pará, a cerca de 100 quilômetros de Belém, o fotógrafo paraense Bruno Carachesti e o fotógrafo carioca Ratão Diniz montaram uma exposição fotográfica que retrata uma das mais importantes representações da cultura popular paraense, o boi faceiro. Com proposta de intervenção urbana, as fotos ficam expostas na rua, na travessa Antonio Baltazar Monteiro.

A exposição é composta por 35 telas que ocupam dois quarteirões, totalmente a céu aberto. As imagens são colocadas na frente das casas às 8 horas e retiradas às 18 horas, pelos próprios moradores. Os fotógrafos registraram as manifestações que ocorrem pelas ruas da cidade e devolveram as imagens para a comunidade montar a exposição. “Devolver isso para a comunidade é muito legal, muito democrático. A exposição não fica em um lugar fechado, no ar-condicionado, fica a céu aberto na frente da casa das pessoas e marca o aniversário de 20 anos do boi faceiro. Essa resistência cultural da cidade é muito interessante”, afirmou o fotógrafo.

##RECOMENDA##

A tradição e o encanto do município de São Caetano e a interação entre as pessoas para a organização do evento, junto com o colorido, a simplicidade e a calmaria do local, foi o que motivou os fotógrafos para o registro. “Na exposição ficou o olhar do Ratão com base na quadra junina, no mês de junho, e o meu olhar com base no carnaval”, disse Bruno Carachesti.

As manifestações dos bois de máscaras, existentes desde 1930, são apresentações que, diferentemente do boi-bumbá tradicional, não possuem enredo nem história a ser contada. “As apresentações são baseadas na dança, na música e no teatro de improviso, então é tudo na base do improviso e concebido inteiramente pelo povo de São Caetano, que participa de modo direto em todos os processos”, disse Rondi Palha (40), historiador e produtor cultural.

O boi faceiro faz parte dessa manifestação e surgiu em 1937 junto com o boi tinga, que são as duas principais referências da tradição. “O boi faceiro foi criado em 1937 e desapareceu dez anos depois. Ele tem uma história muito peculiar. É considerado como um exemplo das lutas folclóricas no Estado do Pará, porque ele desapareceu em 1947 e foi resgatado 51 anos depois, em 1998, com o incentivo do mestre Bené Careta, Benedito Cardoso de Aquino, que faleceu em 2000”, conta o historiador. O boi faceiro é considerado um ícone da cultura popular no Estado do Pará.

Ratão Diniz disse que o desejo de fotografar o evento surgiu do contato que teve com fotógrafos paraenses, principalmente com Bruno Carachesti. “Senti uma necessidade de conhecer essa festa tão incrível. Minha busca fotográfica, dentro dessa temática de festas populares pelo Brasil, é o personagem mascarado. Que cobre seu rosto, sua identidade para ser quem ele deseja ser, pelo menos naquele momento da festa, da brincadeira”, declarou o carioca.

A festa do boi faceiro não tem um número definido de participantes. É dinâmica e envolve toda a comunidade. Com duração de seis horas, começa às 17 horas e vai até 23 horas ou meia-noite, durante todo o mês de junho e metade do mês de julho. Os participantes se fantasiam dos personagens principais da manifestação, entre eles o pierrô, os cabeçudos, o buchudo e o vaqueiro. No encerramento do evento tem a fugida do boi para não ser morto e o retorno na festa do ano seguinte. A exposição ao ar livre fica em São Caetano de Odivelas até o dia 5 de agosto. Veja galeria de fotos abaixo.

Por Rosiane Rodrigues.

[@#galeria#@]

Nas mediações do Marco Zero, na área central do Recife, uma cena incomum em pleno dia de jogo do Brasil na Copa do Mudo, na última quarta-feira (27), chamou de imediato a atenção da equipe do LeiaJá. Em meio a uma estrutura pequena, mas sofisticada com direito a um mini-camarim, um homem cortava o cabelo de uma pessoa que, visivelmente, parecia precisar de cuidados. Fomos conhecer o que se passava por ali, bem em frente a uma parada de ônibus.

##RECOMENDA##

Abordamos o barbeiro que conversava com o “cliente” ali sentado: um morador de rua, que parecia admirado ao olhar para si próprio em direção ao espelho repleto de luzes. Sim, Pedro, 24 anos, o barbeiro que nos contou a sua história e que prefere se identificar apenas com o primeiro nome, é o responsável por levar luz para a vida dos mais necessitados, para essa parte da sociedade em geral excluída ou que passa despercebida pela sociedade.

Os moradores de rua têm direito a tudo para melhorar o visual sem pagar nada: “cabelo, barba e bigode” como se costuma falar. Ele não cobra nada. Pedro contou que para ele há coisas que não se pagam, nesse caso, fazer o bem e resgatar em muitos casos a autoestima perdida. Pode ser morador de rua ou qualquer outra pessoa de baixa renda, todos saem com o visual diferente, mas principalmente com o sentimento de terem valor diante da sociedade.

Exatamente quando o profissional ressaltava o significado da palavra valor, um trabalhador se aproxima devagar e desconfiado. O novo cliente pergunta a Pedro o valor do corte, que responde imediatamente: “Não há preço”. O homem, que posteriormente se torna personagem do vídeo produzido pelo LeiaJá, não se dá por satisfeito e volta a interrogá-lo: “Não há nada de graça nesse mundo”. Pedro também não pensa e rebate na mesma hora: “Não há nada de graça nesse mundo, mas tudo tem seu valor”.

O homem não entende direito, mas senta com desejo de ser atendido. Em pouco tempo, o jovem barbeiro consegue quebrar o gelo e o homem que se torna cliente revela seu nome, Kia. Ele, mais à vontade, se mostra agradecido. “Há poucas pessoas assim com um bom coração”, salientou timidamente.

[@#video#@]

Qual o seu valor?

Pedro explicou a declaração "não há nada de graça nesse mundo, mas que tudo tem seu valor". Afirmou que todas as pessoas têm o seu valor, independente da classe social. Por isso, para ele, é preciso fazer o bem sem esperar nada em troca. Não são às pessoas carentes que ele não cobra pelo serviço personalizado que faz, e sim a qualquer um. Qualquer pessoa, independente do status social, paga o valor que puder.

Ele garante que não é marketing e sim amor à profissão e ao próximo, por acreditar na boa-fé de cada um. “Acredito que se a gente for sozinho conseguimos chegar rápido, mas em grupo ajudando um ao outro, a gente chega longe. Cada um dá o que puder seja dinheiro ou um aperto de mão. Eu tenho a minha história e tento aprender com a história do próximo, tento aprender com os erros do próximo. Eu crio laços e é muito gratificante ser bem recebido em qualquer lugar. A profissão me tornou muito mais humano porque para mim não importa se é um morador de rua ou um prefeito. Acredito que quando a gente faz de coração, as coisas acontecem. Não tem como você plantar o bem e colher o mal e assim vou levando a minha vida”, garantiu. 

A trajetória de vida de Pedro também é de se admirar. Ele conta que é autor da sua própria história e, depois de ter uma vida conturbada por algumas “escolhas erradas”, decidiu mudar. Escolheu a profissão ao entrar em uma barbearia e pensar que com a profissão poderia estar em qualquer lugar do mundo bastando os equipamentos necessários. “Nada de rotina me satisfaz e tenho vontade de conhecer o mundo. Então pensei que  nessa profissão dá para ganhar dinheiro em qualquer lugar e de forma honesta. Fiz algumas faculdades, mas decidi atingir meus objetivos dessa forma, acreditando nos meus sonhos, do que seguir a carreira acadêmica”, explicou. 

Para dar uma reviravolta em sua vida, decidiu se empenhar. Na mesma barbearia que foi como cliente e pensou na ideia, se tornou funcionário. Ali aprendeu todas as técnicas para corte e barba, como atender o cliente e até mesmo a lavar chão. Depois, já fora, foi aperfeiçoando seu trabalho em cursos. Há dois anos trabalhando na área, ele diz que a profissão virou uma paixão por se sentir liberto.

 

Pedro tem uma visão empreendedora. Criou um projeto inovador de uma barbearia itinerante, mas com uma estrutura sofisticada. “No começo não sabia se iria dar certo, mas quando vi que deu certo não parei mais. A barbearia itinerante tem esse objetivo de conhecer gente e criar conexões, que é o essencial para a vida de qualquer pessoa. O que me faz bem é sair de casa, ajudar as pessoas e mostrar que não precisa de uma mega estrutura, uma grande barbearia esperando o cliente vir até mim para ganhar dinheiro e ajudar os outros”, explicou. Ele também pretende trabalhar um dia na semana em uma barbearia para complementar a renda, mas sem desviar do conceito desenvolvido que se tornou estilo de vida.

O profissional pensa muito além. O foco agora é montar uma mini franquia do “Eu Barbeiro”. Os interessados vão ter não somente a estrutura da maleta com a marca para poder realizar todo o serviço com perfeição, como também ele vai oferecer todo o treinamento necessário, bem como o coaching. A cada curso que vender, Pedro pretende profissionalizar uma pessoa sem condições financeiras para seguir a carreira. 

Na bela área da capital pernambucana, diz que foi abraçado pelo pessoal da área. “Eu ajudo o pessoal e o pessoal também me ajuda, sempre estão indicando outras pessoas e assim nos ajudamos e assim escolhi também o Marco Zero porque é de onde vai partir para qualquer lugar”. 

 Uma maleta camarim

O equipamento de trabalho de Pedro chama bastante atenção. Dentro da maleta que se torna camarim, tudo parece ter sido escolhido a dedo. Além das máquinas, vários pentes de diversos tamanhos para cortes diversos, tesouras especializadas, espelho todo decorado e outras peças. Para transportar a maleta, ele precisa de determinação. São mais de 35 quilos que carrega dentro do ônibus sem horário para voltar para casa. Isso depende da quantidade de clientes e para onde for chamado, o barbeiro vai. “Eu consigo vender o meu produto já com a estrutura como deve ser feito, quando armo a estrutura, o cliente já sabe um pouco do que pode ser esperado”, declarou com confiança. 

Mesmo com a onda de violência, Pedro diz que não sente medo das maldades do mundo. “Essa estrutura é tudo o que eu tenho, mas eu saio de casa sabendo que nada vai me acontecer porque se planto o bem, nada de mal pode me acontecer”. 

Pedro diz que tem muito orgulho de fazer parte de uma profissão milenar e que é respeitada em qualquer lugar, embora não raro pareça ser imperceptível aos olhos de alguns. “Não é só cortar cabelo, cuidamos da autoestima das pessoas. O cliente às vezes não sabe o que vai acontecer, mas vai sair dali melhor do que chegou e eu sempre dou o melhor de mim”, ressaltou enquanto se aproximou mais uma pessoa que escutava de longe apenas para elogiar. “Eu nunca vi na rua alguém trabalhar sem dar preço, eu pagaria R$100 reais só pelo que você está falando, parabéns pelo trabalho”, ressaltou o jovem no momento em que Pedro dizia exatamente que todo o esforço vale a pena. “Se o sol não sair, irradie a sua própria luz”, retrucou em forma de agradecimento no final da entrevista.

 

NAO PUBLICAR

Família, amigos e paixão pelo futebol. No desespero por conseguir um trabalho, o desempregado Alan Silva deixou o que tinha em Anápolis, Goiás, e partiu para o Ceará, contando com a boa vontade de desconhecidos que não lhe deixaram de oferecer carona nas estradas por que passou. Fã de Pelé e da seleção brasileira de 1970, ele trocou o gosto pelo esporte pelos jogos de azar, ainda na terra natal. “Perdi tudo e fui aventurar. Só que chegando em Fortaleza, a fazenda em que fui trabalhar era de serviço escravo. Com três dias, a polícia bateu lá e prendeu dono, capataz, em bocado de gente. A gente ficou jogado sem teto e resolvi vir para Recife”, relata. Há sete meses vivendo nas ruas da capital pernambucana, Alan afirma não ter recebido apoio da Prefeitura em suas tentativas de requerer a passagem de volta. “Dizem que não tem verba. Para piorar, roubaram meu celular, perdi todos os contatos e minha família não sabe onde estou. Já fui fanático, quero assistir aos jogos, mas quem consegue assistir? Concentrar na Copa tá difícil”, completa.

##RECOMENDA##

De acordo com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), o déficit habitacional no Brasil cresceu de 6.881.343, em 2011, para 7.757.183 moradias, em 2015, quando a instituição levantou os últimos dados. Sentado ao lado de Alan, em uma das fontes espalhadas pela Praça da Independência, no Centro do Recife, o artesão Daniel Silva conta que mora nas ruas há 7 meses, enquanto prepara mais uma de suas peças de arte feitas com no base de arame, um dos poucos recursos de que dispõe para sobreviver. “Onde eu morava, tinha duas facções. Se você vive numa rua, não pode a atravessar para o outro lado. Então resolvi sair fora, atravessar todas as ruas, estados e, se possível, passar por cima de qualquer coisa. Melhor do que estar numa casa em que quem manda são os traficantes”, comenta.

Daniel sobrevive vendendo seu artesanato, feito essencialmente de arame. (Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens)

Descrente no país e na sociedade em que vive, Daniel estende sua revolta à seleção brasileira. “Vou torcer para esse time se só tem alma sebosa no Brasil? Nossos governantes são as primeiras desgraças que existem no mundo. O Brasil vive jogado, na lama, só tem bandido. Não se pode confiar em político, polícia nem em em jogador de futebol. Hoje em dia, ninguém crê mais em nada”, lamenta. 

A profissional do sexo Valdirene Jesus se queixa da pouca procura dos clientes durante o período do jogos. “As lojas fecham cedo e as pessoas vão embora, só atrapalho. Diminui o movimento, o pessoal só tá pensando em comprar camisa da Copa”, lamenta. Desempregada há 12 anos, quando perdeu o serviço de empregada doméstica. “Eu gostaria de arranjar um emprego, mas só fiz até a oitava série, aí fica difícil de conseguir. Além disso, ultimamente o pessoal não quer mais ninguém trabalhando em casa, porque agora tem que pagar carteira assinada e salário”, comenta. 

[@#video#@]

Assim, Valdirene vê o ponto de programa no centro do Recife como única maneira de sustentar seus dois filhos e três netos. “Tenho esperança, porque a esperança é a última que morre. Conheço muita gente desempregada, tem um bocado de gente passando fome e o pessoal só fala em Neymar. Por mim o Brasil nem ganharia a copa, porque, se ganhar, eles vão continuar ricos e eu pobre”, afirma. 

“Sem o futebol, o que seria?”

Longas filas, grades e revista. Há quem não tenha tempo para enfrentar a burocracia da entrada da Arena Brahma no Bairro do Recife, ação idealizada pela empresa para divulgar sua marca a partir de um telão e estrutura montados para a torcida brasileira na copa do mundo. A poucos metros de lá, um grupo de pessoas prefere se reunir para assistir a Brasil e Costa Rica em um dos fiteiros da avenida Marquês de Olinda. Timidamente, o catador Danilo Henrique faz a difícil escolha de trocar a atenção no chão repleto de latinhas para se aproximar da TV na tentativa de acompanhar alguns lances de um primeiro tempo decepcionante para a seleção. “No momento, só paro para dar uma olhada, mas tenho que fazer minha correria. Eu gosto de futebol, mas se ligar só para isso, como é que vou ficar?”, questiona. 

Alguns catadores pararam o trabalho por instantes para acompanhar o jogo da seleção. (Rafael Bandeira/LeiaJá)

Apesar disso, o catador acredita que os “vizinhos” estão pouco interessados na copa. “A maioria que mora na rua não liga não. Ninguém está ligando porque o evento não oferece nada para a gente, nenhum time ajuda a gente”, completa. Na rua desde os sete anos de idade, Danilo não guarda mágoas do país que não lhe deu outra possibilidade. “Por que estaria irritado? É assim mesmo a vida. Quando tem jogo, o povo deixa mais latinha na rua. Futebol é legal, é uma diversão pra todo mundo. Sem o futebol, o que seria?”, indaga, poucos minutos antes de voltar ao serviço, sem assistir à encorajadora vitória por 2x0 contra a seleção costarriquenha.  

Muito se diz que o futebol é o esporte mais popular do mundo devido à facilidade de praticá-lo. Basta pintar quatro linhas em uma praça, colocar duas barras em lados opostos e ceder uma bola para que a magia aconteça. Foi assim que um grupo de movimentos sociais atraiu mulheres, homens e crianças à Praça da Independência, no centro do Recife, na tarde deste sábado (16).

Intitulado Copa das Resistências, o evento promoveu uma “pelada” inclusiva e debate o funcionamento da Copa do Mundo da Fifa, tudo de frente à Ocupação Marielle Franco, administrada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). 

##RECOMENDA##

“Além dos jogos, a gente está trazendo uma roda de diálogos a respeito do papel do futebol como instrumento político de transformação social e participação coletiva. Um dos tópicos é a Copa de 2014, que trouxe uma série de remoções de famílias para obras de infraestrutura que nem sequer foram executadas”, ressalta Felipe Cavalcante, membro do MTST. Apesar disso, segundo Felipe, a iniciativa não tem caráter contrário à realização da Copa do Mundo. “Não é anticopa. A gente chegou num momento em que muitas pessoas estão enxergando o futebol como instrumento de grupos conservadores, embora ele se trate de um espaço extremamente democrático, que deve ser disputado”, comenta.

[@#video#@]

Responsáveis pelas oficinas de técnica futebolística, as Coralinas, torcedoras feministas do Santa Cruz, celebraram a participação de mulheres nos jogos, sempre mistos. “Não é toda mulher que tem acesso ao futebol desde cedo, como a maioria dos homens. Isso se reflete, por exemplo, em uma grande timidez delas durante os jogos. A tarde de hoje é importante no sentido de estimular a prática esportiva entre elas, além de integrá-las”, afirma Maiara Melo, uma das torcedoras envolvidas nas dinâmicas. 

Pierre de Lima Filho, da Democracia Santacruzense, defende que o movimento social que surge das arquibancadas e aqueles que partem de outras demandas sociais são uma coisa só. “O futebol, por muito tempo, foi tido como um espaço despolitizado. A gente quer atacar essa perspectiva dentro e fora do Santa Cruz, fazendo a disputa da sociedade, porque as políticas de segurança geralmente atingem um perfil social estigmatizado: o jovem negro de periferia que faz parte das torcidas organizadas. Muitas de nossas pautas fazem com que a gente esteja vinculado a outros movimentos sociais “, conclui.

O evento inclui ainda mais três etapas. As duas últimas serão realizadas na Ocupação Carolina de Jesus, no Barro, Zona Oeste do Recife, onde será realizado um mutirão para a construção do campo onde será disputada a final. 

[@#galeria#@]

 Donativos

O MTST também recolheu donativos para as famílias da Ocupação Marielle Franco. O Movimento pede fralda, leite, material de higiene pessoal, material de limpeza, colchão, corda para pular, giz, sacos grandes de lixo e brinquedos para a creche da comunidade. 

Programação da Copa das Resistências: 

16/06 (1ª Etapa)

Ocupação Marielle Franco, Praça da Independência, Santo Antônio

14h

23/06 (2ª Etapa)

Comunidade do Bode, Boa Viagem

 10h

08/07 (Mutirão Campinho Carolina de Jesus)

Ocupação Carolina de Jesus, Barro

8h

14/07 (Grande Final e Inauguração do Campinho Carolina de Jesus)

Ocupação Carolina de Jesus, Barro

10h

Os amantes de práticas esportivas podem participar da I Corrida da Uninassau, no domingo (3). Ao todo serão cinco quilômetros de percurso com saída prevista para as 6 horas, no Portal da Amazônia, em Belém.

Segundo o professor Delson Mendes, da Uninassau, um dos organizadores da corrida, a atividade foi dividida em três pavilhões: caminhada, corrida feminina e masculina. “O percurso vai ser feito todo em torno do portal e tem por objetivo a valorização e o incentivo à prática de atividades físicas visando uma melhor da qualidade de vida”, disse.

##RECOMENDA##

A I Corrida Uninassau não tem restrição de idade e premiará com troféu o primeiro colocado. Os cinco primeiros lugares receberão medalhas. “A gente espera a participação inicial de 400 pessoas e que esses indivíduos possam dar continuidade à prática do esporte e buscar um estilo de vida mais equilibrado”, finaliza o professor.

As inscrições podem ser feitas presencialmente no dia do evento. Para participar, basta levar um quilo de alimento não perecível. Todos os donativos vão ser entregues para instituições parceiras.

 Serviço

I CORRIDA DA UNINASSAU

Data: 3 de junho de 2018

Horário: 6 horas da manhã

Local: Portal da Amazônia

Inscrição: Alunos da Athética Guerreiros ou coordenação do curso de Educação Física, da UNINASSAU.

Por Rayanne Bulhões.

Percorrendo os seus 1,6 km de extensão, um dos maiores corredores de circulação de pessoas do centro do Recife, a Avenida Conde da Boa Vista conta com shopping, faculdades, comércio de produtos e centenas de ambulantes que competem por espaço com pedestres nas calçada. Com as problemáticas em torno da cidade, que incluem a falta de mobilidade, estrutura e poluição visual, a avenida se torna um reflexo onde grandes empresas também sofrem com os problemas econômicos e acabam fechando as portas.

Com cenário de crise no mercado brasileiro, o alto índice de desempregados e demissões impõem a busca por estratégias para driblar as dificuldades e conquistar uma fonte de renda mensal. De acordo com o último levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o país tinha cerca de 12,5 milhões de desempregados. Surgindo como uma oposição a esse movimento, as ideias criativas desenvolvidas por empreendedores têm encontrado nesse momento uma chance para abrir pequenos negócios e marcar presença nas principais vias da cidade, antes ocupadas por altos investimentos.

##RECOMENDA##

 No Brasil, o número de empreendedores cresceu 22%, entre 2001 e 2014, passando de 20,4 milhões para 24,9 milhões de pessoas, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Um outro estudo realizado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) aponta os segmentos com maiores chances de manter bons números em 2018. Os setores de alimentos e bebidas, vestuário e calçados e construção devem ganhar a atenção, mas, principalmente, aqueles direcionados a produtos e serviços mais baratos.

 Estabelecer o modelo de negócio certo para sua localização é primeiro passo para visar um empreendimento de sucesso, como destaca a analista do Sebrae, Conceição Maria. Graças a grande movimentação, o coração do Recife se torna um espaço desejado para a abertura de novos empreendimentos. Com mais de 70 linhas  de ônibus que circulam diariamente pela via, a Conde da Boa Vista aparece como um dos locais com maior potencial de retorno para alguns negócios criativos, observando o público que percorre a via.

 De acordo com Conceição, os empreendimentos localizados na região central do Recife oferecem características similares. “Em sua maioria são de comércio popular, direcionadas a um perfil de pessoas que trabalham e estudam no centro e optam por produtos com um custo benefício. As empresas tentam se ajustar a essa tendência”, pontua. Essa é a oportunidade de analisar as deficiências e colocar em prática novas soluções de mercado que pretendam atingir uma boa parte da população.

[@#galeria#@]

Visando esse público, em sua maioria estudantil e que preferem produtos a baixo custo, o empresário Edielson Adriano resolveu começar com uma ideia criativa: a venda de salgados por o preço de um real. A “Somas Salgados” fica localizada entre duas grandes marcas do mercado: Mcdonalds e Farmácia Pague Menos. Buscando espaço entre as já com renome, o empresário escolheu o ponto apertado e iniciou a venda dos produtos. Natural de São Mamede, na Paraíba, Edielson conta que a ideia surgiu graças a produção de salgados ser muito comum em sua cidade.

 “Resolvi trazer para o Recife essa ideia. Não tinha visto ainda na cidade. Comecei com a loja na Avenida Conde da Boa Vista, o movimento é muito bom. As pessoas compram por causa do preço barato e qualidade. Mesmo sendo acessível, não é um produto sem gosto”, explica. A sua lanchonete recebe mais de 1.500 pessoas diariamente. “É baratinho. Quase não pesa no bolso e ainda consumo um lanche barato e bem gostoso”, conta a consumidora Alexandra Lorenço, 22 anos.

 O preço barato é uma estratégia de retorno financeiro que deve ser bem estudada. No caso da venda de lanches a um real, o lucro é revertido de acordo com a quantidade grande de venda, como pontua Edielson. “É muito comum diante da crise as empresas baratear seus produtos. No caso da venda de salgados a esse preço, entender esse sucesso é devido a atingir um público muito característico do centro da cidade aqueles que prezam por produtos baratos. O consumo acaba sendo no impulso, sem muito peso na consciência”, ressalta a analista.

Diante do sucesso conquistado, a expansão dos negócios já está em vista. Com uma loja no centro, onde também funciona a cozinha e distribuição dos produtos, o empresário já abriu um segundo estabelecimento e o terceiro está em reforma para a inauguração - todas no centro da cidade. Ainda durante a Conde da Boa Vista existem outras três lojas do mesmo segmento. “Uma ideia criativa traz esse tipo de concorrência, mas cabe ao idealizador buscar métodos para fidelizar seu nome no mercado e se diferenciar dos concorrentes”, aconselha Conceição.

Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Seguindo as ideias criativas, Henrique Amaral, 27 anos, resolveu fazer um investimento de 1.700 reais na compra de uma carrocinha de cachorro quente. Fugindo do comum, o empresário comercializa uma versão de 30 cm do lanche. Tentando fugir da crise e ganhar um dinheiro, há dois meses o “Dogão del Rico” tem ocupado uma das calçadas da Avenida Conde da Boa Vista, próximo ao shopping. “Iniciamos vendendo 3 pães em um dia só. Hoje, já temos a saída de 80 pães”, diz Henrique. Recheado com salsicha, molhos, milho, ervilha e verduras, o hot dog é comercializado por R$ 5. “É muito grande pelo preço que é cobrado. É barato e muito gostoso. Você normalmente paga esse preço por um de tamanho normal”, conta o estudante Luiz Venâncio, 18 anos, que estuda nas imediações. 

Surgindo como uma demanda de contorno dos problemas financeiros no país, investir em ideias criativas se torna uma opção inteligente para faturar uma renda mensal. “Antes de começar qualquer empreendimento é importante pensar nas variáveis. O centro do Recife sempre foi uma opção para comércio popular. Mas entender o preço do aluguel, custos de manutenção e produção devem ter atenção”, lembra Conceição. Ainda é importante pensar em estudos de público e mercado.

Após um ato contra a prisão de Lula, que aconteceu na última segunda-feira (26), no centro do Recife, organizado por movimentos sociais e demais grupos pró-Lula, é a vez do Vem Pra Rua convocar uma manifestação a favor da prisão do ex-presidente. O protesto acontece, na próxima terça-feira (3), a partir das 18h, com concentração na Avenida Boa Viagem, em frente à Padaria de Boa Viagem, na zona sul da capital pernambucana. Os grupos contra Lula irão sair em caminhada até o segundo jardim da avenida. 

O Vem Pra Rua explicou que mais uma manifestação foi marcada pela “indignação” dos últimos acontecimentos ocorridos no Supremo Tribunal Federal (STF), mais especificamente em relação ao adiamento do julgamento do habeas corpus preventivo impetrado pela defesa do líder petista de modo a evitar sua prisão. “Convocamos para participar do ato cívico em defesa da Justiça igual para todos e pela manutenção da prisão de condenados em segunda instância”, ressaltou a organização. 

##RECOMENDA##

No convite chamando o povo é destacado que “ou você vai ou ele volta”, em referência a Lula poder voltar a ser presidente do Brasil, já que ele aparece em primeiro lugar em pesquisas eleitorais divulgadas recentemente. 

No último ato promovido pela Rua, em janeiro passado, os participantes chegaram a comemorar com champanhe a condenação do ex-presidente, bem como o aumento da pena do petista. O Movimento Brasil Livre também comemorou a decisão da Justiça. 

 

Carnaval no Pará é sinônimo de muita diversão por toda a extensão do Estado, contando com uma diversa programação, folclore, desfiles e muitos blocos de rua pelas principais cidades do interior. Confira abaixo a programação dos principais carnavais durante o feriado:

Vigia

##RECOMENDA##

O município de Vigia é considerado um dos mais antigos e tradicionais do Estado, assim como seu famoso carnaval, que leva milhares de pessoas às ruas todos os anos. Fazendo festa há mais de 20 anos, o bloco “As Virgienses” e os “Cabraçurdos”, onde mulheres se vestem de homem e vice-versa, este ano sairá na segunda-feira (12), às 16 horas, no Corredor da Folia da cidade histórica. A programação de carnaval começa nesta sexta-feira (9) e vai até terça-feira. Programação completa aqui.

Curuçá

No município de Curuça, a 137 km de Belém, o carnaval tem uma pegada diferente. Com o intuito de conscientização ecológica, o famoso bloco “Pretinhos do Mangue” leva milhares de foliões a se pintarem com a lama dos manguezais ao redor da região, incentivando assim a ideia de preservação. O bloco sai no domingo (11) e na terça-feira (13), às 16 horas. A folia começa no sábado de carnaval e vai até a terça-feira. Programação completa aqui.

São Caetano de Odivelas

Município localizado no nordeste paraense, São Caetano mistura cores, tradição e cultura popular em seu carnaval. Diversos personagens do imaginário da cidade, como os vaqueiros, os cabeçudos e os pierrôs, saem as ruas com máscaras e alegorias.

Mosqueiro

Com programação para todas idades e gostos musicais, a ilha de Mosqueiro trará uma carnaval da mistura, com samba, axé, pagode e marchinhas. O desfile de  blocos é o mais aguardado pelos foliões e visitantes, que começa às 16 horas no domingo (11). O famoso e mais tradicional bloco da cidade, o Bloco Pirarucu nas Cinzas do Caramanchão, sai do Chapéu Virado, às 14 horas da quarta-feira.

Cametá

Com mais de 60 blocos que irão sair no corredor da folia, a programação do município de Cametá começa nesta sexta-feira (9), com bandas de fanfarras. Durante a tarde e noite haverá desfile de blocos, e ao anoitecer acontece o tradicional Carnaval das Águas, com a entrega da chave da cidade. A festa continua pela madrugada. A programação de completa do carnaval você pode conferir aqui.

Por Ariela Motizuki.

 

Dezenas de milhares de pessoas tomam as ruas do Rio de Janeiro neste sábado, 3, para participar dos mais de 60 blocos espalhados pela cidade no último sábado de pré-carnaval. Há blocos em todos os pontos do Rio, inclusive na Ilha de Paquetá. E a folia chega lá de barca.Na zona sul do Rio, um dos mais tradicionais blocos da cidade desfila na tarde deste sábado. O Simpatia é quase Amor existe desde meados dos anos 1980 e é atração em Ipanema. A expectativa dos organizadores é de que mais de 150 mil pessoas acompanhem o bloco neste sábado, marcado por sol forte.Outro bloco tradicional, o Céu na Terra, abriu o sábado de carnaval no Rio pela manhã em Santa Teresa. Mais de seis mil pessoas acompanharam o desfile que iniciou às 7h da manhã. A programação de blocos neste sábado vai até o início da noite.No domingo, outros 47 blocos desfilarão pela cidade do Rio de Janeiro. Dentre os destaques estão o Bloco da Preta, no Centro, o Chora me Liga, em Copacabana, e o Suvaco do Cristo, no Jardim Botânico.

As imagens de uma câmera de segurança divulgadas nas redes sociais estão provocando revolta por estar inserido em mais um caso de estupro. No vídeo, é possível ver na hora que uma jovem passa por uma rua, no bairro Aricanduva, em São Paulo, e se depara com um homem que a força a entrar no carro e fecha a porta. De acordo com a Polícia Civil, o suspeito é um policial militar, que a teria estuprado por cerca de 30 minutos dentro do veículo. 

[@#video#@]

##RECOMENDA##

Esse parece ser mais um caso de uma tragédia anunciada. De acordo reportagem publicada pelo portal R7, o mesmo homem já tinha se envolvido em um caso de atentado ao pudor, em dezembro, quando teria mostrado o órgão sexual para uma mulher que passava na rua. 

Em entrevista ao UOL, nesta segunda (22), a mãe da garota falou que a menina está “completamente abalada e se recusa a falar ou relembrar o assunto”. “Ela foi bem atendida, tanto na delegacia quanto no hospital. Agora, está descansando e sob os cuidados da família. A gente fica revoltada, mas queremos Justiça. O meliante que fez isso tem que pagar de um jeito ou de outro”, disse. 

O vídeo de uma paciente sendo expulsa do Hospital Universitário de Maryland, em Baltimore, gerou comoção e ira nos Estados Unidos.

Uma mulher foi colocada na rua por seguranças da clínica, por volta da meia-noite de 9 de janeiro, quando os termômetros registravam -3ºC. Ela vestia apenas um avental hospitalar e meias.

##RECOMENDA##

A cena foi registrada por um psicoterapeuta que trabalha em frente ao hospital. Imamu Baraka gravou um vídeo de quase 6 minutos, que foi publicado nas redes sociais e teve 60 mil compartilhamentos no Facebook.

O vídeo começa com Baraka conversando com os quatro seguranças, que estavam entrando no Centro Médico da Universidade de Maryland após largarem a mulher na rua, desamparada. Vestida apenas com a roupa do hospital e um par de meias, a mulher não conseguia articular nenhuma frase. Apenas gemia e tremia de frio, além de aparentar sofrer problemas mentais.

A mulher foi vítima de uma prática conhecida há anos em hospitais americanos, a Patient Dumping, quando centros médicos mandam embora pacientes desfavorecidos, como moradores de rua, para que sejam atendidos pelo serviço público.

Uma lei federal, no entanto, tenta proibir a prática, exigindo que os hospitais tenham salas de emergência para a recuperação dos pacientes antes de sua liberação, independentemente das condições financeiras. A multa é de US$ 50 mil pela infração.

Após repercussão, o hospital de Baltimore reconheceu o erro e pediu desculpas, argumentando que foi "um caso isolado". Iamamu Baraka conversou com a mãe da jovem no dia seguinte.

A família não sabia onde ela estava, e só descobriu quando a paciente foi parar em um abrigo, logo depois do ocorrido na noite anterior. A mãe afirmou que ela passa bem, mas também não soube explicar porque deixara a filha sozinha.

[@#video#@]

Da Ansa

Inaugurada no dia 7 de setembro de 1876, no Centro do Recife, a Praça Maciel Pinheiro, cuja fonte de mármore foi esculpida pelo artista Antônio Moreira Ratto, em Portugal, é uma comemoração nacionalista ao triunfo do Brasil na Guerra do Paraguai. Ironicamente, foi ali que uma mulher de 67 anos se instalou para, em suas palavras, “cuidar dos pombos”. Ela empilha caixas de papelão debaixo do jorro d’água, onde acomoda as aves que considera doentes, e transita livremente pela água suja para chegar ao calçamento onde alimenta e dá de beber a centenas delas. 

“Ela tem problemas mentais, sempre está aqui”, afirma um transeunte. Com discurso desconexo e voz bastante rouca, a mulher alega que é veterinária aposentada, reside em uma casa na Rua da Conceição e vai à Praça Maciel Pinheiro pelo menos quatro vezes por dia. “Se não der comida, os pombos morrem de fome. Tem que zelar pela natureza. Criei eles desde novinhos, cada um bonito. Muita gente mata e estupra. Eles morrem e eu lavo o sangue”, afirma. Além de alimentar centenas de pombos na Praça Maciel Pinheiro a mulher garante fazer o mesmo em outros locais do centro. “Alguns ficam me esperando na Igreja do Pátio de Santa Cruz, na Sete de Setembro e perto do Shopping Boa Vista". 

##RECOMENDA##

Mulher aplica pomada em pombos doentes com as próprias mãos. (Rafael Bandeira/LeiaJá Imagens)

Despercebida pela maioria das pessoas que circulam pela Maciel Pinheiro, a mulher trata as feridas dos pombos com pomada e água e usa uma sacola na cabeça para evitar molhar o rosto, embora suas roupas estejam costumeiramente ensopadas. “Os pombos são mais limpos que nós. Somos podres”, responde ao ser questionada a respeito das condições de higiene em que convive com os animais. 

De acordo com o mestre em aves da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) Jonathas Lins de Souza, o contato intenso da mulher com os pombos a expõe ao risco de contaminação por mais de 72 doenças. “Estas aves podem transmitir enfermidades como criptococose, histoplasmose, ornitose, salmonelose, toxoplasmose, encefalite, dermatites, alergias respiratórias e tuberculose aviária. Vale lembrar que os idosos são ainda mais suscetíveis a contrair estes males”, comenta. 

Exposta à água suja da Praça Maciel Pinheiro, mulher acomoda aves em caixas de papelão debaixo da fonte de mármore. (Marília Parente/LeiaJá Imagens)

O pombo doméstico não é nativo das Américas. A espécie chegou ao país trazida pelos europeus no século XVI, tendo se adaptado bem às grandes cidades. “São aves que procuram lugar propício à alimentação e à reprodução. Como comem quase tudo, um local sujo vai proporcionar muita coisa. Assim, a grande quantidade de pombos no Centro do Recife se deve ao acúmulo de detritos na área”, completa Jonathas.    

Assistência

Por meio de nota, a Secretaria de Saúde do Recife informou que o serviço de assistência para pessoas com transtornos mentais é feito de maneira integrada “através de ações conjuntas e complementares envolvendo os equipamentos do Consultório na Rua, CAPS, Serviço Especializado de Abordagem Social, Centro Pop. Ao realizar a abordagem, e identificar que tipo de cuidado/ necessidades dessa  pessoa, a equipe traça o projeto terapêutico, identificando as estratégias de intervenção que melhor se adeque: equipamentos de saúde (USF/US, policlínica, CAPS, unidades de urgência e emergência), parceiros intersetoriais como a Assistência Social, Educação, Justiça, entre outros”.

De acordo com a Coordenadora do Consultório na Rua, Brena Leite, a mulher abordada pela equipe do LeiaJá na Praça Maciel Pinheiro já é conhecida da equipe técnica e resistiu aos primeiros contatos. Mais uma tentativa de abordagem está agendada para esta semana. “A gente começa uma intervenção levantando as necessidades da pessoa. Não retiramos da rua,  oferecemos assistência no local. Se há desejo de saída, buscamos informações, solucionamos conflitos familiares e até, de forma articulada, buscamos abrigos”, afirma. 

Consultório na Rua 

Caso localize pessoas com transtornos mentais em situação de rua, o cidadão pode notificar o Consultório na Rua, através do telefone 3355-2810. São duas equipes compostas psicólogos, assistentes sociais e redutores de danos, que têm por objetivo lidar com os diferentes problemas e necessidades de saúde da população em situação de rua, dentre os quais também estão as demandas relacionadas ao álcool e outras drogas. 

O Vem Pra Rua organizou uma manifestação, no próximo dia 23, na véspera do julgamento envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que acontece em Porto Alegre. O ato, segundo o movimento, vai acontecer em diversas cidades brasileiras, sempre às 18h. 

Ainda não foi divulgado a lista dos municípios que irão apoiar o protesto denominado “Ato em Defesa da Justiça”, mas foi antecipado que em São Paulo a concentração acontecerá no prédio do Tribunal Regional Federal, na Avenida Paulista. 

##RECOMENDA##

No texto enviado, o Vem Pra Rua ressaltou que a confirmação da condenação, em segunda instância, de Lula será “o maior símbolo do fim da impunidade no Brasil, atestando que a Justiça no país, de fato, funciona igualmente para todos, independentemente de cargo, influência, poder ou dinheiro”. 

Ainda destaca que o movimento é favor da democracia, da ética na política, de um Estado eficiente e desinchado, e que é contra qualquer tipo de violência e de extremismo. 

São cerca de 20h quando os integrantes da Caravana do Tio Chico começam a se concentrar no apartamento de uma das organizadoras. O grupo, que tem como finalidade levar um pouco de alimento, todas as últimas sexta-feira do mês para os moradores de rua de Jaboatão dos Guararapes e do Recife, está prestes a começar mais uma ação natalina especial. Essa caravana, composta por cerca de 35 pessoas, leva algo muito maior e que não tem preço para essa parte da sociedade excluída: o afeto e amor ao próximo.

A rodada da Caravana Tio Chico do mês de dezembro teve um toque especial: desta vez fizeram uma ceia de Natal simbólica para cada morador de rua com um jantar especial. No cardápio, nada de sopa e sanduiche, como de costume. A escolha foi risoto de frango. Se por si só, o prato inusitado surpreende, cada um também ganhou um kit especial que contém mini-panetones, bolacha e mais outros produtos, além de ganhar água, suco e coca-cola. 

##RECOMENDA##

A caravana surpreende ainda mais pelo fato de que a equipe sai do bairro de Candeias, no ponto de concentração, em uma fileira de carros. Os chamados “olheiros” avisam na hora que os veículos devem parar ao avistar um morador de rua. A entrega é feita e seguem o caminho, que pode se estender até o centro do Recife. Um acordo existe: as entregas só podem ser encerradas com a entrega de todos os produtos. Isso significa que pode levar até mais de sete horas percorridas em linha reta. Muitas das vezes a “ronda do amor” vira a madrugada terminando às 4h.

                                 Caravana marcou o Natal de moradores de rua

Na primeira parada, um morador de rua dorme, mas é acordado com carinho por uma parte do grupo para fazer a entrega. Seu Luiz Severino, 63 anos, descansava ao lado de uma bíblia. Questionado sobre o significado, ele falou que é para pedir sempre a “proteção” de Deus. Seu Severino contou que ganhou a escritura sagrada de uma senhora que desconhecia. Hoje a bíblia se tornou também companhia. 

Sobre o que pediria neste Natal, caso pudesse, seu Severino foi direto. “O que eu posso pedir se eu não tenho o básico?”, indagou. Mas, ele pensa e pouco depois responde: “Meu desejo é um trabalho, é o que eu desenho para eu poder ter onde morar”.

Outro fato que faz o trabalho ser ainda mais admirado é que a caravana não recebe nenhum apoio de empresa ou qualquer outro tipo de patrocínio. As doações acontecem em um trabalho árduo e de formiguinha pedindo para amigos compartilhando grupos de Whatsapp. Um trabalho que requer paciência e união.

Na parada seguinte, a caravana encontra uma família ainda catando entre os lixos encontrados, o que era possível para reciclagem. Uma das integrantes se aproxima de uma com carinho e lhe estende a mão para cumprimentar. A catadora, que se chama Maria Janeide, fica admirada e responde: “Mas como vou lhe dar a mão? Eu estou com a mão suja”, disse parecendo não acreditar muito no que estava acontecendo. “Somos iguais”, respondeu a voluntária. 

A viagem dos amigos que pregam a bondade continua. Em mais uma entrega de kits, um dos excluídos pergunta: “Vocês são de qual igreja? Você são pessoas boas”. Um dos membros responde rapidamente: “Nós somos de todas as igrejas”.

Os moradores de ruas parecem agradecidos. “Essa é a verdadeira aula de Deus”, disse outro sem-teto. Em casa parada, a emoção toma conta. É já rotina, em um dos casebres onde vivem seis pessoas, no bairro de Piedade, uma parada para uma oração. Todos se abraçam e rezam. Murilo, um dos moradores, é conhecido e muito querido pelo grupo. Os olhos chegaram a se encher de lágrimas quando escutou seu nome sendo ecoado. “São todos bênçãos e o que desejo a todos que fazem o bem e muita felicidade, paz e muitos anos de vida”, falou.

Levar o amor a quem precisa

A cantora Felicidade Cordel, uma das idealizadoras, conta que a caravana existe há mais de 20 anos e que foi repassada entre gerações, mas que estava parada há cinco anos. A decisão de voltar a fazer o bem aconteceu há um ano juntando novamente amigos e família. “É uma caravana ecumênica que reúne Chico Xavier, Francisco de Assis e o papa Francisco. É uma caravana que recebe todas as religiões, para fazer o bem, levar amor e praticar a caridade, uma caravana que tem muitos jovens com o intuito sempre positivo”.

Felicidade conta que todo o trabalho é recompensador. “A gente sempre fala que a comida é só um meio da gente chegar até eles porque o alimento, em uma sexta do mês, não mata a fome deles, mas estamos fazendo a nossa parte. Eu sempre acredito que a miséria humana é a falta de amor entre os homens. Então, quanto mais a gente doa amor para as pessoas, eu acho que mais eles são recebidos e enchidos desse sentimento. Talvez não mate a fome, mas faz muito bem para eles e para a gente também. Eles não esquecem e a gente faz amigos na rua. Voltamos super felizes sempre terminando com outra vibração e com muitas histórias para contar. A gente acha que vai para a rua para levar coisas boas para eles, mas na verdade é a gente que recebe muito mais coisas boas do que o que doamos”, contou.

Quem quiser conhecer mais o projeto e fazer parte pode acessar o Facebook e o Instagram Caravana Tio Chico. “Primeira vez a gente nunca pede doação, pede para que venha para sentir como é e automaticamente começa a doar depois, mas a gente precisa mais de gente doando amor do que doação material”, ressaltou Felicidade.

[@#galeria#@]

Em busca de um mundo melhor

A designer de interiores Katherine Escorel, que também é voluntária, declarou que um mundo melhor só é possível a partir do momento que você olha o próximo com sensibilidade e amor. “Um mundo melhor começa quando você deixa de olhar um morador de rua como uma ameaça e sim como um ser humano. É você passar por um local e ver aquelas pessoas não como coitadas, mas sim como um irmão que está passando por uma provação e que você pode, no mínimo, desejar um bom dia e dar um aperto de mão”.

Escorel ressaltou que a comida que eles recebem vai alimentar mais do que o corpo, a alma. “É muito mais o emocional e isso que é o importante: não é só dar o alimento, é dar o afeto. Você deixa de ver aquilo como caridade quando você percebe que aquilo foi importante: a palavra, o olhar e o carinho”.

“Então, acho que a nossa missão aqui é evoluir pessoalmente, espiritualmente e emocionalmente ajudando na evolução do próximo. Mais do que nunca numa época dessa onde Jesus é o maior exemplo porque ele sempre pregou sobre pensar no próximo. Esta caravana é especial”, finalizou.

A corretora de seguros Luciana Cavalcante lembrou que não há diferenciação entre as pessoas. “A gente não pode enxergar quem é que está recebendo. Não há essa distinção. Todos merecem amor e o alimento. Acredito que o que fazemos deveria ser regra e não exceção”, ressaltou.

 

“Sente aí, puxe uma cadeira”, convida Seu José Marinho. O tempo passa mais devagar no número 334 da Rua Velha, no Centro do Recife, onde, há 40 anos, o velho barbeiro mantém praticamente intactos a decoração e os móveis originais da fundação de seu salão. Alheio à correria da cidade, ele acredita que “tudo mudou, menos a Rua Velha” e aguarda pacientemente a chegada dos clientes na porta do estabelecimento, sediado no térreo de um pequeno edifício conjugado.

“Não tem nada de moderno nessas casas. Até as casas que eram para gente pintar, feito você vê aqui no prédio, não estão pintadas, por causa da molecagem que risca”, comenta Marinho. Um dos poucos negócios que permaneceram funcionando na Rua Velha, o Salão Marinho, segundo seu fundador, deve a manutenção de suas atividades à sua experiência na arte da barbearia. “Esse tipo de negócio caiu muito. Só sobreviveram aqueles que já têm um certo conhecimento e clientes fixos, principalmente numa rua como essa. Não chega ninguém, está vendo?”, aponta para os comércios vizinhos.

##RECOMENDA##

Cinquentenárias, cadeiras do barbeiro são atração a parte. (Chico Peixoto/LeiaJá/Imagens)

Nem sempre foi assim. A pompa e a elegância do ofício da barbearia foram justamente as razões que atraíram Seu Marinho para a profissão. “Eu tinha uns 18 anos e trabalhava no Art-Palácio (antigo cinema). Em dia de chuva, enquanto eu estava todo molhado, carregando um monte de coisa pesada, vi um grupo de barbeiros saindo da sessão, todos de paletó e gravata e os sapatos engraxados. Aí pensei: vou aprender essa profissão”, lembra.

Elegância: barbeiros atendiam seus clientes com trajes finos. (Chico Peixoto/LeiaJá Imagens)

O jovem Marinho juntou os trocados que ganhara no cinema e comprou os equipamentos necessários. “Tesoura, máquina manual e navalha. Cheguei na casa da minha tia, que ficava em Cavaleiro, arrumei um pano, uma cadeira e botei no terreiro. ‘Quer cortar o cabelo’, chamava todo menino que passava, todos pobres”, conta. Naquele dia, Marinho atendeu seus três primeiros clientes. “O pai de um deles veio me perguntar quanto era e respondi que ainda estava aprendendo e ele desse quanto pudesse. Aí ele me entregou uma certa quantia e fiquei tão contente…”, completa.

Fazendo o gostava, demorou apenas uma semana para que Marinho, por intermédio da irmã, conseguisse seu primeiro emprego como barbeiro. “Ela comentou, num salão que frequentava, que eu estava começando a trabalhar como barbeiro.  A dona me chamou para trabalhar lá. Peguei uma sacola, botei minhas coisas e quando cheguei lá, não sabia nem movimentar a cadeira, então passei o dia todo vendo os outros a manusearem”, brinca. Depois, viriam passagens em barbearias nas Ruas da Conceição, da Matriz, até a mudança para o negócio próprio, na Gervásio Pires. “Três anos depois, o dono pediu o prédio e todos os lojistas tiveram que sair. Com os 3,5 mil cruzeiros que ganhei dele, me mudei para a Rua Velha”, conclui.

No atual endereço, acompanhou as mudanças da cidade e da moda, dos cabeludos hippies ao atuais “lumberssexuais”, como são conhecidos os rapazes que adotam o estilo lenhador, com a barba grande e bem cortada. “Na década de 1960, quase mudei de profissão. O pessoal só queria cabelo grande sem barba, por causa de Roberto Carlos. Isso atrapalhou todo mundo”, lembra. Deixando ele próprio a tradicional bata branca dos antigos barbeiros de lado, Seu Marinho acredita que os novos modismos masculinos voltam a impulsionar o ramo. “Tem muita gente nova. A maioria desses salões não sabe desenhar barba direito. Nossa diferença é que fazemos cortes mais tradicionais”, afirma.

 

De pai para filho


Filho mantém a tradição de José Marinho, priorizando cortes tradicionais. (Chico Peixoto/LeiaJá Imagens)

O estilo mais discreto do corte é o que atrai o militar da reserva Erastro Trajano ao Salão Marinho, do qual é cliente há cerca de 15 anos. Para ele, o estabelecimento guarda intacta uma parte de sua história. “Minha sogra morou aqui na Rua Velha, então era caminho vir para cá. Muitas vezes dividi meus problemas com Marinho. Temos uma relação de confiança, não tem problema de sair daqui e ele espalhar as coisas”, conta. Para muitos outros clientes, a cadeira Ferrante de 50 anos de idade, funciona também como divã. “Muitos me dizem: ‘Marinho, vou falar uma coisa a você porque não tenho com quem desabafar’. Eu nunca disse a ninguém. Infelizmente, virei baú”, comenta Marinho.

Seu Marinho: o barbeiro da Rua Velha

[@#video#@]

Com a espuma própria para barbearia, Erastro aguarda por Hélio Marinho. “Hoje em dia, o que me atrai é um serviço mais calmo. Além disso, o filho dele mantém uma linha mais tradicional”, comenta. Com problemas na vista, Seu Marinho só frequenta o Salão duas ou três vezes por semana, legando ao filho a incumbência de tocar o negócio. “Eu continuo porque desde pequeno ele me ensina a barbearia, aprendi e gostei da profissão. Muito bom ”, comemora.

O rompimento de uma adutora da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) na Rua Dona Brígida na altura da Rua Inácia Uchôa, na Vila Mariana, na zona sul da cidade, provocou a abertura de um buraco de 10 metros de diâmetro e cinco metros de profundidade e o corte do fornecimento de água para moradores da região.

A Sabesp informou que o incidente ocorreu por volta das 3 horas da madrugada, deste domingo (3). A via ficou fechada para a realização de reparos. A Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) também esteve no local e pediu que motoristas evitassem a região.

##RECOMENDA##

Uma grande cratera, com mais de cinco metros de largura, se abriu no meio da via Ambrosini, em Roma, nesta quarta-feira (22) e assustou os moradores. Após cálculos dos técnicos da prefeitura, estima-se que ela tenha um tamanho total de 30 metros cúbicos.

Ainda não estão claras as causas da formação do buraco, mas a rua foi interditada pelos próprios moradores antes da chegada das autoridades. A cratera, que fica próxima a um bar, foi isolada pelos funcionários que colocaram cadeiras para impedir o acesso dos carros. Diversos moradores da região também foram para a rua para ajudar os motoristas e evitar acidentes.

##RECOMENDA##

Depois, as autoridades interditaram a região com faixas de alerta e começaram a estudar o que poderia ter causado o problema. Sob o asfalto, é possível ver no local uma coluna de escoamento de esgoto construída em tijolos e que, segundo a Proteção Civil, pode ter até 12 metros de comprimento. 

Da Ansa

Seja rosa ou branca, a flox é uma flor conhecida por transformar completamente um espaço exterior. O sinal está fechado para Pedro*, de 12 anos, prender cuidadosamente pétalas coloridas de flox nos retrovisores dos automóveis. Também é Dia das Crianças no Canal de Setúbal, onde não há palhaços famosos ou super-heróis, mas o reduzido tráfego de feriado, que diminuiu ainda mais as gorjetas que Pedro recebe. O garoto saiu do Alto Nova Olinda rumo à Zona Sul do Recife com o sonho de ganhar dez reais de presente. 

“Tá muito bom não, tia. O brinquedo que recebi foi dois negócios de palito. Estou aqui desde o começo do dia e não ganhei quase nada”, conta Pedro. Em outro sinal, uma família inteira de crianças pede esmolas. Os mais crescidos fazem malabarismos e carregam os mais novos nos braços, debaixo de um forte sol, passando de carro em carro. A mãe deles permanece sentada no canteiro da Avenida Visconde de Jequitinhonha, à sombra de uma pequena árvore, e impede que as crianças falem com nossa equipe.

##RECOMENDA##

[@#galeria#@]

A pequena Dandara*, de 12 anos, saiu cedo da Comunidade de Águas Compridas, em Olinda também escolheu o bairro de Setúbal para pedir gorjetas. “Eu queria ter ficado, mas vim, porque não tem brinquedo em casa. Queria ganhar qualquer coisa, uma boneca para minha irmãzinha”, comenta. Sofia*, de 9 anos, até ganhou uma boneca, mas não ficou satisfeita. “A gente não tá ganhando dinheiro hoje, nem muito presente. Queria uma boneca que não fosse de plástico ou um kit de panelinhas”, lamenta.

Na comunidade do Coque, no Bairro de Joana Bezerra, Moacir*, de oito anos, e Bernardo, de sete, tiveram um pouco mais de sorte. “Uma mulher passou no carro e deu essas sacolinhas pra gente. Tem pipoca, confeito e pirulito”, conta Bernardo. Moacir completa: “achei legal, divertido, porque ela parou, entregou e foi embora”. 

Pessoas distribuíram sacolinhas na Comunidade do Coque. (Paulo Uchôa/LeiaJá Imagens)

Outros benfeitores também utilizaram o tempo livre do feriado para doar brinquedos e doces para crianças carentes. “É o quarto ano que o MABE (Movimento Arrebentando Barreiras Invisíveis) promove a festa de Dia das Crianças no Coque. A gente faz esse evento a partir da mobilização das pessoas da própria comunidade. Um dá dinheiro, outro compra pipoca, cada um ajuda como pode”, coloca Auta Azevedo, integrante do MABE. Mal foi montado e o pula-pula alugado pelos moradores da comunidade já está ocupado. “É do que mais gosto. O pula-pula e os brinquedos que a gente ganha”, diz Miguel*, de 11 anos. Tiago*, de 11 anos, discorda do amiguinho: “prefiro brincar. Brinquedo, derrubou no chão, quebrou. A brincadeira pode acabar o mundo, você pode brincar”. 

 

Encerram-se nesta quarta-feira (27) as inscrições para a VIII Maratona Internacional Maurício de Nassau. Os corredores e atletas interessados devem acessar o site da competição para se cadastrar. Os kits serão entregues nos dias 29 e 30, das 10h às 19h, no Bloco A da UNINASSAU, localizado na Rua Guilherme Pinto, 114, Graças.

Também podem se inscrever os amantes e adeptos às práticas esportivas que desejam desenvolver voluntariado na Maratona. Neste caso, os interessados têm até o dia 28 de setembro para realizar o cadastro no site do evento. As atividades desenvolvidas pelos voluntários são fiscais de percurso, atendimentos em saúde no posto médico, entrega de água e isotônico, fiscais de arena, entre outros.

##RECOMENDA##

Salvo as funções nos postos de saúde, que precisam ser desenvolvidas por candidatos da área como Medicina, Enfermagem e Fisioterapia, as demais atividades podem ser desenvolvidas por qualquer candidato, que também pode atuar antes da prova, na entrega os kits aos participantes. Ao total estão disponíveis 300 vagas entre as diversas funções e os voluntários receberão certificado de participação.

São esperados cerca de cinco mil corredores para esta que é a maior prova de atletismo de Pernambuco. A largada da Maratona está prevista para às 6h, com saída do Cais da Alfândega, no Recife Antigo. Os atletas e maratonistas, incluindo destaques brasileiros e internacionais, vão poder escolher e disputar entre os percursos de 5 km, 10 km, 21 km (meia maratona) e 42 km (maratona completa). A prova é realizada pelo grupo Ser Educacional e Tampa Entretenimento.

Com informações da assessoria de imprensa

 

A mulher que sorria de braços abertos agora se encosta em um canto de parede quando descobre que somos jornalistas. Há pouco, nossa equipe havia entrado no restaurante Fogão a Lenha, de sua propriedade, e sido recebida por ela: “boa tarde, vamos almoçar?”. Sem esconder a decepção com a natureza da visita, adianta-se em dizer: “Não faço o que faço para aparecer”. Desde que inaugurou o estabelecimento, há dois anos e dois meses, localizado na Rua Gervásio Pires, no Centro do Recife, a empresária Luana Freitas divide, todos os dias, a comida que produz com pessoas sem-teto que vivem no entorno do Fogão a Lenha.

“Uma vez minha mãe estava chorando porque a gente não tinha comida para o dia seguinte. Eu disse ‘mainha, chora não, vou trabalhar para te ajudar. Eu tinha 10 anos”, lembra a empresária. Luana, que não sabia cozinhar, virou faxineira de um restaurante. Com o tempo, foi promovida a auxiliar de cozinha e a cargos administrativos. “Há três anos, decidi fazer o meu. Comecei com uma lanchonete na Rua do Hospício e com a ajuda de muita gente abri esse restaurante. As doações são minha forma de agradecer pelo que conquistei”, conta Luana.

##RECOMENDA##

Às quatro da tarde, sob os olhares curiosos de alguns comerciantes vizinhos, Luana dispõe três travessas cheias de comida na porta do restaurante. Uma pequena fila começa a se formar timidamente. “Fizeram do lixo, um palácio. Esse terreno aqui era um lixo. A tendência pra quem faz o bem é receber mais do que bem. É de gente assim que estamos precisando nesse país, gente que entende a necessidade do outro ao invés de ficar com pena. Pena não faz ninguém levantar de lugar nenhum”, elogia o cliente Edvaldo Coutinho, atendente comercial. 

[@#galeria#@]

A balconista Elaine Rodrigues sai do Curado para almoçar no Fogão a Lenha. “Venho comer aqui, com certeza essa atitude me incentiva a consumir no estabelecimento. Da primeira vez que vi, chorei na rua. Porque é raro ver uma atitude bonita e porque já trabalhei em restaurante. Jogam muita comida fora”, comenta. Em um post no Facebook da cliente do restaurante Daniela Neves, atitude de Luana vem rendendo outros comentários positivos e mais de 33 mil curtidas. “Eu não quis essa repercussão toda. A gente faz essas doações porque tem esperança em um mundo melhor. Não é só de comida que as pessoas precisam, mas é preciso compartilhar para o mundo, compartilhar a verdade de que amor ao próximo existe”, comenta.

Há empresários vizinhos que, contudo, reprovam a iniciativa do estabelecimento. Para alguns, é arriscado doar a comida. “Dizem que se alguém passar mal, eu vou ser responsabilizada. Mas em três anos de funcionamento, nunca recebi esse tipo de queixa. Eu tenho muito respeito pelo cliente. Quem chega para comer no meu restaurante é para comer comida nova. Então vou doar, porque não tenho o hábito de congelar comida. Da mesma forma que gosto de comer fresquinho, eu vou oferecer isso pro meu cliente. E o que sobra, não chamo de sobra, pois é a mesma comida que levo para minha casa”, explica a empresária. 

 Outros comerciantes ficam incomodados com a movimentação dos sem-teto na área. Luana lamenta: “me criticam pelo fato de eu sustentar ‘marginais’, ‘bandidos’, as pessoas não pensam: ‘ela está alimentando uma pessoa que estava com fome’. Aquelas pessoas precisam saber que Deus existe. Quantos não estão ali porque não tiveram amor, família, acolhimento ou a força de vontade que tive pra vencer? Quantos? Somos muito apontados. Sozinha você não consegue fazer a diferença”. 

 Há quem discorde. Aos 67 anos, Seu Manuel da Silva, tem uma fala confusa, mas reiteira o óbvio: “moro não rua porque não tenho onde morar”. Em frente ao restaurante, com uma embalagem de sorvete cheia de macarrão, verduras, arroz e carne, se prepara para retirar os talheres de um saco plástico vazio de tudo que possui.“Só aqui dão comida pra gente, vai fazer três anos. Se não fosse ela, eu ia esperar para comer na Igreja, às sete da noite. Ela é especial”.   

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando