O cenário político eleitoral em 2018 deve ferver já no mês de janeiro com um acontecimento esperado por muitos: o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no caso do tríplex, que está marcado para acontecer no dia 24, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Caso Lula seja condenado pelo TRF-4, ele ficará inelegível devido à Lei da Ficha Limpa, embora possa permanecer no pleito presidencial por meio de recursos.
Como é esperado, o Partido dos Trabalhadores (PT) já organiza atos em defesa do petista, bem como caravanas. Grupos Pró-Lula convocam, por meio do Facebook, para que militantes participem do evento denominado “Ocupa Porto Alegre – por Todos e por Lula”, a partir das 7h, no mesmo dia do julgamento, como forma de mostrar ao ex-presidente que ele não está sozinho.
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Em Pernambuco, o presidente da Central Única dos Trabalhadores, Carlos Veras, antecipou que vigílias irão marcar a data. “Serão ao menos três pontos no estado inteiro. Será um processo de vigília permanente de enfrentamento a todo esse ataque que está sendo promovido e que faz parte do processo do golpe: que é impedir que o maior líder dos trabalhadores, dos pobres e dos que mais precisam seja candidato”, declarou, nesta quarta (20), em entrevista ao LeiaJá.
Veras se mostrou confiante e afirmou que, queiram ou não os juízes, Lula será candidato. “Nós vamos fazer a resistência e continuar denunciando que eleição sem Lula é fraude e não vamos aceitar de maneira alguma. Lula vai disputar essa eleição. Ele vai ser candidato quer queiram ou não queiram os juízes. Você sabe que o juiz, para poder dar o parecer dele, tinha que ter lido duas mil páginas por hora sem parar? Mas não fez porque não precisava ler porque já tinha convicção. E é assim que vai funcionar a Justiça brasileira? Não tem mais lei, não tem mais procedimento? É por convicção?”, indagou.
Lula cresce
Após uma pausa discreta em levantamentos feitos no país sobre eleição, uma nova pesquisa do Barômetro Político Estadão-Ipsos, coloca o ex-presidente novamente à frente dos demais pré-candidatos: ele cresceu no índice de aprovação entre os outros chegando a 45%. Porém, ainda é reprovado por 54% dos entrevistados.
Na avaliação do deputado federal Silvio Costa (PTdoB), Lula cresce por representar “a política do bem-estar social”. “Ele cresce porque as pessoas sabem que ele representa a política de inclusão social e dos menos favorecidos, por isso ele continua disparando”.
Para Silvio, se for julgar “à luz” da lei, Lula deve ser absolvido. “Porque, no Brasil, você só pode ser condenado se houver materialidade do crime. A Constituição é muito clara. O próprio delator, o Léo Pinheiro, da OAS, disse claramente que o apartamento estava no nome da OAS e disse mais: disse que a OAS tinha dado aquele apartamento como garantia de uma operação financeira. Ora, o dono da OAS diz que o apartamento estava no nome da OAS e que deu o apartamento como garantia”.
“Se ele for julgado de forma justa, não apenas será candidato como será eleito presidente da República. Eu imagino que o TRF-4 seja justo. Lula é feito o Flamengo: amado e odiado. Lula é feito o Corinthians, feito o Sport, amado e odiado. Então, espero que aqueles que odeiam Lula tenham a dignidade de julgar com a luz da Constituição”, acredita Silvio.
Carlos Veras ainda avisou que quanto mais baterem no petista, mais ele vai crescer. “Não vai adiantar porque o povo sabe quem mais fez pela população brasileira. Lula precisa voltar para desfazer a miséria. O povo já está indo pedir nas ruas porque estão passando fome. Ele será candidato queiram ou não. Ele vai registrar a candidatura. Querem ganhar do Lula? Querem continuar acabando com os nossos direitos? Disputem as eleições e ganhem nas urnas. No tapetão, não vamos admitir”.
Lei para todos
Em entrevista ao LeiaJá, o deputado federal Daniel Coelho (PSDB) já chegou a pedir celeridade da Justiça no caso. “Lula não pode ficar condenado sem que o recurso seja julgado. É preciso que se tenha uma posição definitiva seja para inocentá-lo ou para que ele cumpra pena”, salientou.
Uma declaração do tucano também causou bastante repercussão ao afirmar que não se encontraria com um condenado. A frase foi dita ao ser questionado o que achava das diversas visitas que o ex-presidente fez a políticos durante a passagem de sua caravana em Pernambuco. “Cada um tem que fazer o que julgamento, mas eu não me encontraria com uma pessoa condenada”, disparou.
Não são poucos os que também são a favor de que Lula não seja candidato ou, ao menos, que perca a eleição caso venha a ser. O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), durante um evento no Recife, ironizou ao defender sua candidatura. “Eu defendo que ele seja candidato e perca. Que seja derrotado pelo voto nas eleições de 2018 porque assim nós enterramos o mito”.
O pré-candidato a presidente pelo PDT, Ciro Gomes, foi mais um que fez uma declaração que impactou: “A candidatura de Lula seria um desserviço ao país”, alfinetou.
Esperança
Também em entrevista ao LeiaJá, nesta quarta (20), o deputado estadual Odacy Amorim (PT) falou que tem esperança de que a Justiça o absolva. “A gente espera que se olhe para quem foi o presidente, que fez muito pelo Brasil e pelo Nordeste mudando a vida de muita gente. Não foi provado até agora dinheiro na conta do presidente”, defendeu.
“A nossa expectativa é que a Justiça possa realmente tomar uma decisão aonde entenda que não houve, da parte do presidente, a intenção de fraudar o Brasil e de prejudicar o Brasil, pelo contrário, teve muito otimismo, governou o país com a cabeça erguida e com a vontade de fazer as coisas acontecerem”, complementou.
Odacy ainda falou que, infelizmente, muitos personagens da história política do país passaram por problemas. “O presidente merece a oportunidade de ser julgado pelo povo. Espero que a Justiça entenda que quem deve fazer o julgamento, neste momento, é a urna. Tirar o presidente vai ser um sentimento de muita frustração não para o PT, mas para o Brasil. Confio no trabalho da justiça. São homens ainda jovens que vão fazer o julgamento e espero que eles entendam a sensibilidade do povo brasileiro. Não é um criminoso que queremos que seja absolvido, queremos o direito dele ser julgado pelo povo brasileiro”, finalizou.