Tópicos | rap

Nesta terça-feira (26), a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) prendeu dois cantores de rap. Por intermédio da 35ª Delegacia de Polícia, os dois músicos foram presos em flagrante sob a acusação de tráfico drogas e venda ilegal de medicamentos. Os rappers, um maior de idade e outro adolescente, não tiveram suas identidades reveladas pelos investigadores.

De acordo com as autoridades, os rapazes passaram a ser monitadorados quando faziam uso das letras das canções em suas redes sociais como forma de apologia ao comércio ilícito e também ao uso de drogas. Na operação, foram encontrados com eles cerca de 360 comprimidos de codeína destinados para comercialização. 

##RECOMENDA##

Associada a refrigerantes e balas, a droga apreendida possui aspecto de um xarope entorpecente conhecido como Purple Drink, ou até chamada de 'bebida roxa'. Foram encontrados também com os dois artistas uma grande quantidade de maconha da espécie Skunk, além de dois celulares, balança de precisão e um caderno que servia para fazer anotações relacionadas ao tráfico. Os rappers confessaram para a polícia o crime.

[@#video#@]

O rap tem se evidenciado como parte da identidade cultural do Estado do Pará, principalmente das periferias. O Coletivo Articulado do Tapanã – CARTA, da periferia de Belém, recorre à música para falar de cultura, ciência e história por meio das batalhas de rap que acontecem no bairro.

##RECOMENDA##

Mailson Nogueira Alves, estudante do curso de Psicologia e membro do CARTA, conta que o histórico do rap no Pará remonta à cultura dos povos escravizados. “Com a popularização do rap no Brasil, isso acabou impactando também o Estado, fazendo nascerem diversas batalhas de rap pelos bairros que se mantém firmes até hoje”, explica.

O estudante cita as “guitarradas” e o carimbó como ritmos paraenses que influenciam na maneira de fazer rap, além do samba e do funk. Mailson também afirma que o rap é a voz da periferia e a poesia transformada em denúncia. “É o momento em que o MC bota no papel toda a angústia e a dificuldade que passa sendo preto e morador de periferia”, diz.

Mailson ressalta que para o rap ser ainda conhecido e reconhecido culturalmente no Pará é necessário mais investimento na própria cultura. Segundo ele, as batalhas de rima continuam sendo muito discriminadas. “Muitas vezes até a polícia chega do nada, mandando todo mundo ir embora por causa do estigma de que rap é coisa de bandido. O rap paraense precisa ganhar espaço para que seja valorizado socialmente”, salienta.

O estudante conta que o CARTA contribui para que isso aconteça através da divulgação cultural e dos artistas, da exposição da história do rap e como ele influencia a periferia. Segundo Mailson, o rap dá condições de mudança de vida para as pessoas. “O rap, assim como qualquer outro tipo de arte, tem um mercado que compra. Isso é muito importante porque o dinheiro investido permite que os MCs consigam dar condições melhores de vida para as suas famílias. Muitas vezes investem em ações nos bairros para tirar crianças das ruas quando eles têm o devido reconhecimento pela sua arte”, explica.

Mailson reforça o rap como uma ferramenta importante para a luta social. “É sobre o sofrimento que nós temos quando a polícia chega aqui e mata inocentes. Também é sobre a luta de vários pais que saem todo dia de casa buscando alguma alimentação para a família. Tudo isso você encontra no rap e ele denuncia toda essa opressão do Estado”, complementa.

Crescimento no interior

Conhecido como Pelé do Manifesto, Allan Roosevelt Miranda Conceição começou a trajetória no meio musical quando montou o grupo de rap Manifesto Negro com dois amigos, em 2008. “Minha história no rap se desenrola em 2008 quando eu resolvi montar um grupo de rap com dois amigos da minha rua e um amigo da minha escola, que foi o Manifesto Negro. A partir daí, eu senti aquela emoção de estar cantando pra alguém e nunca mais parei”, relata.

Hoje, aos 29 anos, o rapper tem um negócio, junto com a esposa, fruto do dinheiro ganho na música. Mas essa continua sendo a principal fonte de renda.

Allan percebe que o rap vem se desenvolvendo no Estado, com movimentos não só na capital, mas também no interior. “Parauapebas, Paragominas, Dom Eliseu, Barcarena, Ananindeua, Castanhal, Benevides – são alguns locais a que eu já fui e pude observar de perto o movimento e ver como ele se desenvolve com as batalhas de MCs”, conta.

Ele ainda aponta a importância de mostrar que o rap é versátil ao oferecer cultura e divertimento para o público. “É muito bom porque mostra que o rap é polivalente. A gente consegue estar em cima do palco, mostrando o nosso talento, e ao mesmo tempo a gente consegue estar na rua levando ao público um pouco de cultura com a batalha dos MCs e divertimento”, destaca.

Compositor e intérprete das músicas que canta, Allan acredita na filosofia presente no rap de que cada um deve cantar a própria música, falar da própria vivência. “O rap, mais que um estilo musical, é uma forma de o jovem periférico ser o protagonista da própria história. Já que tu és o protagonista da tua história, tu tens que cantar o que tu vives, o que tu pensaste, o que tu compôs”, explica.

Os temas das músicas são livres. Alguns tratam sobre amor, mas a maioria dos rappers fala sobre a realidade vivenciada, sobre como a sociedade brasileira é. “A maioria dos rappers é negra; então a gente fala muito sobre racismo, violência policial, o que um periférico preto passa, como é a realidade da nossa rua, como é a violência na nossa capital. São temas corriqueiros nas letras de rap e alguns também falam de amor”, conta Pelé do Manifesto.

Em abril do ano passado, Pelé do Manifesto lançou o disco “Gueto Flow, Preto Show”, porém o show de lançamento não ocorreu por causa da pandemia. Durante esse período, O rapper precisou migrar para a internet e trabalhar com lives, devido às proibições de shows e fechamento das casas de festa. Mesmo com todas as dificuldades, não pretende desistir. “A gente não pode desistir, tem que arranjar outros meios de conseguir dinheiro com a música e tocar o barco”, afirma.

Pelé do Manifesto conta que já utilizava as redes sociais, mas a frequência aumentou  no último ano. “Eu e outros artistas ficamos condicionados somente às lives, às apresentações nas redes sociais. Então a gente acabou aprendendo a utilizar todas as ferramentas nas redes e isso foi muito bom para o nosso trabalho nas mídias sociais”, comenta.

O rapper voltou a produzir após bloqueio criativo, em 2020. “Eu tive certo bloqueio criativo em relação à pandemia. Não consegui criar nada durante o ano passado, o que eu lancei era um que tinha sido gravado em 2019. Já vim fazer as coisas esse ano, em 2021 já estou lançando e produzindo umas paradas, fluindo meu trampo”, diz Allan.

No ano passado, além do disco, Pelé do Manifesto lançou a música “Só te digo, vai”, em parceria com Everton MC. Para esse ano traz novidades. “Gravei mais um clipe que ainda não saiu, de uma música com o Afonso Capello, que produzimos e ainda vamos lançar, que é “Uma nova escravidão”, anuncia.

“Fiz esse som com o Afonso Capello, e fechei uma parceria com o MC Ricardinho que é o projeto 'Camisa 10', que vai ter uma pegada totalmente diferente do que eu faço”, revela Pelé do Manifesto em relação a parcerias.

Salvador de vidas

  “O rap chegou para mim como um salvador de vidas”, descreve Maycon Pinheiro, também conhecido como Calangu. Nortista e afro-amazônico, Maycon conta que o rap veio como uma forma de expressar o que estava sentindo. “Eu conheci o rap há uns dez anos, com um álbum da ConeCrew. Esse álbum me tocou com verdades que eu já vivia mas não sabia como expressar. O rap veio como uma forma de expressão para mim. E através disso eu consigo me expressar, botar tudo o que eu sinto e as verdades que eu vejo e tudo que eu passo no dia a dia numa letra”, narra.

MCs como Marechal, Criolo, Emicida, ConeCrew, Don l são influências para Calangu, pois falam de fatos e vivências que acontecem no dia a dia dele. Além do rap, ele também encontra fontes de inspiração no graffiti, jazz, rock, R&B, pop e indie.

Maycon acredita que, assim como o salvou, o rap também muda a vida de muitas pessoas. “O rap fala sobre o que nós vivemos e passamos. Uma poesia marginal com verdades que acontecem no bairro. Assim como me salvou, ele ainda salva muita gente com verdades que vivemos e muitas vezes não queremos ver”, afirma.

Preocupado com as questões sociais, o coletivo de rap “Rua ao Norte”, do qual Maycon faz parte, é responsável pela batalha de rima da t2, no bairro Tapanã 2, e mobiliza a população a arrecadar alimentos para pessoas carente do bairro.

Evolução

O rapper Bruno B.O. revela que sua trajetória no mundo do rap começou cedo, aos 14 anos, com a formação da banda “Carmina Burana”, com o rap que costumava ser feito nos anos 90 por bandas como Biohazard, Rage Against The Machine e Helmet.

“Eu conheci o M.B.G.C (Manos da Baixada de Grosso Calibre) e depois de um tempo comecei a ir atrás dos caras e colar neles. Comecei a aprender sobre o hip-hop puro e diretamente com essa galera, DJ Morcegão, P-Jó, Marcelo Muslim e vários caras que fizeram parte do M.B.G.C e de todo o início do hip-hop. Foi assim a minha entrada no rap, como integrante do M.B.G.C e depois com os meus projetos solos”, conta.

Bruno mora em Conceição do Araguaia há seis anos e por causa disso já não participa diretamente do processo de evolução do rap no Pará, mas acompanha o movimento no Estado pela internet e por meio das redes sociais. “O que eu tenho visto é que o rap paraense está bem em evidência, nomes sendo bastante visualizados e disseminados como Anna Suav e Bruna BG, Pelé do Manifesto, Daniel ADR, enfim, muita gente nova que eu tenho acompanhado. Eu vejo que há uma evolução no rap, no grafitti, em todas as áreas, até no break”, diz.

O rapper revela que suas letras trabalham as espiritualidades africanas e afrobrasileiras e que fala de coisas sem contextos específicos e mostra como encara alguns problemas e situações da vida. “Há muito tempo a minha letra não tem mais relação com temas da periferia, coisas dessa natureza, e que eu realmente não vivo mais”, explica.

Por Carolina Albuquerque e Isabella Cordeiro.

[@#galeria#@]

 

A desigualdade social e o racismo são os temas abordados pelo rapper Kamau no novo single, Nada… de novo. A música, que chega acompanhada por um videoclipe, fala sobre problemas já muito conhecidos da população brasileira e ainda faz uma homenagem ao artista plástico Nego Vila, morto por um Policial Militar no bairro da Vila Madalena (SP), em 2020. 

Em Nada… de novo, Kamau rima sobre problemas antigos da sociedade mas que teimam em se repetir no cotidiano dos brasileiros. A violência, injustiça social e racismo aparecem nas linhas do rapper de forma incisiva porém, com um convite à reflexão. 

##RECOMENDA##

A música tem produção assinada pelo próprio Kamau e conta com teclados adicionais de Jhow Produz e colagens de Erick Jay. Já o clipe, dirigido por Mista Luba e pelo rapper, passeia por lugares de São Paulo e presta uma homenagem a Nego Vila mostrando locais como o beco do Aprendiz e do Batman, na Vila Madalena. 

[@#video#@]

A icônica coroa de plástico do rapper Biggie foi vendida por quase 600.000 dólares, o dobro do máximo previsto: o primeiro leilão da Sotheby's dedicado ao hip hop em Nova York foi um sucesso e arrecadou um total de dois milhões de dólares, com 91% dos lotes vendidos.

"Estamos emocionados com os resultados do leilão histórico do hip hop em Nova York, seu local de nascimento", disse Cassandra Hatton, especialista da Sotheby's encarregada pela venda, após o leilão realizado nesta terça-feira à noite.

##RECOMENDA##

A coroa, vendida a 594.750 dólares após um intenso lance de sete minutos entre cinco interessados, foi usada pelo rapper The Notorious B.I.G. --famoso por sucessos como "Juicy," "Big Poppa" e "Hypnotize"-- durante sua última sessão de fotos em 1997, apenas três dias antes de seu chocante assassinato em Los Angeles.

O fotógrafo Barron Claiborne, que imortalizou a imagem do artista que nasceu sob o nome de Christopher Wallace para a revista Rap Pages, foi quem a colocou à venda.

Uma parte do valor arrecadado será destinado a organizações de caridade, incluindo o programa de música e DJ "Building Beats" (Construindo ritmos) destinado a jovens de bairros pobres.

O quarteto Triage 013, de São Vicente, São Paulo, faz sua estreia na cena musical com o single Meu Progresso. Formado pelos irmãos Leo Hit e Ric’san, e seus respectivos filhos, Dii Moraes e Young Mike, o grupo debuta com direito a videoclipe antecipando o que virá em seu primeiro disco, a ser lançado na segunda quinzena do mês de setembro.

Em família, o Triage 013 mistura rap, trap e reggae na primeira faixa de trabalho do grupo. Inspirados em grandes nomes como Emicida e Rashid, os quatro músicos dividem os vocais da faixa com uma letra que canta sobre a importância da determinação na busca da realização de sonhos. 

##RECOMENDA##

O videoclipe tem direção de Toni Ramos e a faixa é assinada pelo produtor Hostil. O single faz parte do primeiro disco do grupo, O Meu Progresso, que tem previsão de lançamento para a segunda quinzena de setembro. 

[@#video#@]

 

Muito som e muita rima, é o que promete o rapper Zé Brown para sua live, neste sábado (15). Transmitido diretamente da comunidade do Alto José do Pinho, Zona Norte do Recife, o show Zé Brown Ao Vivo no Alto será exibido no canal do artista no YouTube, com convidados e ação social. A apresentação começa às 17h30. 

Zé Brown é uma das maiores referências do movimento hip-hop pernambucano, além de ser um dos grandes ícones do rap nacional. Criador do Faces do Subúrbio no final da década de 1980, no Recife, o rapper ajudou a chamar a atenção do resto do país para o rap feito em Pernambuco e ainda deu uma nova roupagem ao ritmo misturando suas rimas a elementos da cultura nordestina. 

##RECOMENDA##

Na live deste sábado (15), Brown vai mostrar como se mistura rap com embolada, apresentando músicas de sua carreira solo. A apresentação também contará com as participações de Fabi Costa, Núcleo Sistema X e Okado do Canal. Além disso, o público poderá fazer doações para ajudar a comunidade do Alto Zè do Pinho afetada pela pandemia do novo coronavírus. 

A jornalista Barbara Gancia usou o Twitter para rebater críticas do rapper Emicida. Durante a entrevista ao programa Roda Viva na última segunda-feira (27), o cantor comentou sobre o preconceito envolvendo o rap e o hip hop no Brasil e chegou a citar um artigo da jornalista Barbara Gancia, em que ela insinua a ligação dos estilos musicais ao tráfico de drogas.

O texto 'Cultura de Bacilos' publicado em 2007, há 13 anos, nunca havia sido comentado pelo rapper. Ao saber da citação ao seu trabalho, a jornalista usou não poupou as palavras e atacou o artista.  

##RECOMENDA##

"Esse rapazinho Emicida deveria parar de ouvir apenas o som da própria voz. Essa viagem de achar que por ser defensor dos pobres e oprimidos ele tem o direito de sair por aí espinafrando os outros sem procurar se informar provavelmente vai lhe custar alguns dias no purgatório antes publicamente, mesmo estando cansado de saber o custo que um ataque desse tipo pode ter nas redes sociais justiceiras e magnânimas dos dias de hoje. Mostrou ser um nanico, um bostinha sem senso de humor, o mesmo que reagiu feito moleque chorão quando eu tirei sarro dele no Twitter", escreveu Barbara.

E continuou: "É lamentável ele ter se portado dessa maneira comigo, uma pessoa a quem ele já deveria ter aprendido a respeitar, somos colegas de elenco, eu tenho idade pra ser mãe dele, a nossa chefe já falou pra ele que ele estava errado em me julgar tão mal e, na real, eu acho o trabalho social que ele faz admirável. Mas essa parada aqui comigo passou dos limites, melancólica mesmo". 

Atualmente ambos trabalham no canal GNT. Emicida participa do 'Papo de Segunda', já Barbara estava no quadro de apresentadoras do programa 'Saia Justa. 

A jornalista ainda disse que Emicida segue sendo “o mesmo que se recusou a trabalhar comigo na Copa da Rússia, o mesmo que me julga sem nem sequer se questionar porque alguém que ele considera tão desprezível ocuparia espaços em lugares tão próximos aqueles em que ele também está presente. Seriam todos idiotas e só ele enxerga a verdade? Olha só, Emicida: humildade é boa e mandou lembranças, sabichão".

"Hamilton" chega à plataforma Disney+ com sua inovadora mistura de hip-hop, rap e um elenco multiétnico para contar a história da fundação dos Estados Unidos, em um momento de profunda reflexão sobre o racismo no país.

Uma versão filmada do aclamado show da Broadway estará disponível para assinantes do serviço de streaming a partir de 3 de julho.

##RECOMENDA##

Com os cinemas fechados devido à pandemia, o filme oferece a oportunidade de ver o show original, que ganhou 11 prêmios Tony e já arrecadou mais de US$ 1 bilhão em todo o mundo.

Seu criador Lin-Manuel Miranda destacou a empolgação que a influência do musical produziu nos protestos nacionais que se seguiram à morte no mês passado de George Floyd, um americano negro, nas mãos de um policial branco.

"Quando vejo uma faixa em um protesto de rua que diz 'A história está voltada para você' ou 'Amanhã haverá mais de nós', eu sei que a linguagem do programa se conecta de uma maneira que me faz sentir incrivelmente orgulhoso", disse Miranda em uma coletiva de imprensa virtual, referindo-se a duas das músicas do programa.

O musical conta a história de Alexander Hamilton e dos outros fundadores dos Estados Unidos através de uma lente moderna, de um país multiétnico, onde rap, blues, jazz e hip-hop se misturam com a música tradicional.

Legado do racismo

Desde sua estreia na Broadway, produções foram realizadas em todo o país e no exterior, principalmente realizadas por atores não brancos. Para Renée Elise Goldsberry, membro do elenco original, essa diversidade e a mensagem da peça, arriscar tudo por uma causa justa, chega em um momento que não poderia ser mais oportuno.

"A diversidade deste país pode ser reivindicada por todas as pessoas que o criaram, que é uma das muitas coisas que esse show celebra e acho que é muito necessário neste momento", disse Goldsberry, que interpretou Angelica Schuyler, cunhada de Hamilton.

No início de maio, a Disney decidiu adiar o lançamento do filme por mais de um ano para preencher uma lacuna de programação deixada pelo coronavírus.

Sua estreia também acontece no momento em que estátuas e monumentos históricos estão sendo removidas ou derrubadas em todo o país, enquanto os americanos enfrentam o legado do racismo.

Okieriete Onaodowan, também do elenco, ficou emocionada ao "ver como isso afeta a juventude negra hoje". "Os jovens que estão por aí, chateados e com raiva podem ver isso e perceber que podem drenar suas energias através da escrita, desafiando pessoas que estão dizendo coisas que você não gosta de ouvir, como Hamilton fez".

Experiência própria

Desde a estreia em janeiro de 2015, "Hamilton" se tornou muito popular, entre elogios nas mídias sociais e celebridades como a família do ex-presidente Barack Obama.

A então primeira-dama Michelle Obama chamou de "a melhor obra de arte que eu já vi na vida".

Seu imenso sucesso fez com que os preços dos ingressos subissem rapidamente, com tickets revendidos a milhares de dólares.

"Sempre dissemos que queríamos democratizar" o acesso do público à peça, disse Miranda sobre o filme. "As pessoas não podiam pagar a entrada", acrescentou Daveed Diggs, que interpretou o Marquês de Lafayette e Thomas Jefferson.

"Estávamos, como empresa e como entidade, em constante batalha com o mercado de revenda".

O diretor Thomas Kiel filmou a peça em três dias em junho de 2016. O filme combina duas apresentações ao vivo - nas quais as câmeras foram colocadas entre e acima da plateia da Broadway - com outra feita a portas fechadas, nas quais "fomos capazes de subir ao palco com a câmera fixa ou uma em uma grua "para uma maior sensação de proximidade.

"Não se trata apenas de assistir ao show", disse Kiel. "Esta é uma experiência própria".

A cultura musical brasileira é formada por nomes distintos que carregam a arte e a mensagem musical como base. Entre aqueles que fazem a diferença, criam a cultura, se tornam referência de sua época e moldam o que novos artistas farão em suas próximas gerações, o LeiaJá separou 5 artistas negros que fizeram história na cultura brasileira.

1 – Bezerra da Silva

##RECOMENDA##

Nascido José Bezerra da Silva (1927-2005) em Pernambuco, foi um cantor, compositor e intérprete brasileiro. Se consolidou no gênero samba de coco, foi responsável por trazer o estilo de vida boêmio para a grande massa. Em suas letras que eram ‘’porta voz dos morros e favelas’’, ele se transformou em nome de resistência em sua época.

 

2 – Elza Soares

Aos 83 anos de idade, Elza Soares continua fazendo história. Sendo uma das cantoras mais notáveis da música brasileira, Elza foi linha de frente na luta da violência contra a mulher. Mãe aos 13 anos, a 'mulher do fim do mundo' relata que “hoje eu acho mais fácil. A ideia da mulher, do negro, o ser humano, ele hoje tem mais liberdade para falar. O negro pode falar, ser o que ele sente”, como expressou ao Alma Preta, em 2018.

 

3 – Gilberto Gil

Ex-ministro da Cultura e dono de hits como ‘’Aquele Abraço’’ (1969) e ‘’Toda Menina Baiana’’ (1979), Gilberto Passos Gil Moreira (77) é vencedor de prêmios como o Grammy Latino e o Grammy Americano e foi condecorado pelo governo francês com a Ordem Nacional do Mérito. Gil foi nome de destaque contra a Ditadura Militar (1964-1985), tendo que sair de seu país por conta de perseguições.

 

4 – Sabotage

Nascido Mauro Mateus dos Santos, o rapper Sabotage (1973-2004) é nome de destaque na cena hip hop brasileira. Sabotage acumula mais de 70 milhões de visualizações no Youtube e mais de 500 mil ouvintes mensais no Spotify. Ano após ano, a prefeitura de São Paulo premia os rappers mais promissores da cidade com um prêmio que carrega seu nome. No Grajaú, Zona Sul da capital, o cinema público da região é nomeado em sua homenagem. 

 

5 – Djonga

Gustavo Pereira Marques (26), mais conhecido pelo nome artístico Djonga, é um rapper, escritor e compositor brasileiro. Considerado um dos nomes mais influentes do rap na atualidade, o artista chama a atenção por sua lírica afiada, marginalizada e agressiva e por suas fortes críticas sociais em suas letras. Djonga já foi citado como um ‘’nome para ficar de olho’’ por publicações internacionais, como a Daily Art Magazine.

Discurso carregado de metáforas, duplos significados e referências à cultura popular – do cinema, a literatura e arte – o rap é um gênero musical que mistura estéticas diversificadas, tornando-o um estilo musical extremamente visual. Muito antes de "Picasso Baby", de Jay Z, separamos cinco pintores aos quais os rappers amam se comparar. 

Jean-Michel Basquiat

##RECOMENDA##

"Contraia minha mente, meus pensamentos continuam escapando. Poder da caneta, uma obra de arte como Basquiat", define Ja Rule na música "Believe". Jean-Michel Basquiat (1960-1988) é, sem dúvidas, o artista mais referenciado na cultura hip-hop por conta de sua jornada dramática. Cantores franceses, alemães e brasileiros já citaram o artista em suas faixas, como o rapper Froid no som "A Pior Música do Ano". Nascido e criado em Nova York, Basquiat foi expulso de casa aos 17 anos e logo se tornou famoso na cena underground americana. Viveu um breve romance com Madonna do final da década de 1980 e teve sua carreira na arte contemporânea impulsionada por Andy Warhol. Basquiat faleceu aos 27 anos por conta de uma overdose de heroína.

 

Pablo Picasso

"Um pintor lírico, príncipe fresco e todos vocês admirados com minha essência de Picasso", dispara o Dj Jazzy Jeff e The Fresh Prince na música "Just Kickin it". Se existe um artista "universalmente conhecido em todo o mundo, um artista cuja energia criativa e sucesso foram inspiradores, é Pablo Picasso", como comenta a Daily Art Magazine. Precursor e líder de sua época, o artista espanhol aparece em músicas de diversos rappers como Mac Miller (1992-2018), Kool Moe Dee e Jay-z. Picasso aprendeu o ofício das artes quando criança. Seu pai era professor de desenho e incentivou o jovem Picasso a seguir pelo mesmo caminho. Estudiosos da história da arte afirmam que o espanhol começou a criar aos 4 anos e parou apenas em sua morte, aos 89 anos.

 

Rembrandt 

Rembrandt van Rijn (1606-1669) foi o artista holandês mais famoso do século 17. Ficou conhecido por suas técnicas de claro-escuro (ou luz e sombra), com um contraste perceptível e habilidades de representação. Na faixa "On & On" o rapper MIMS se define dizendo "eu toco como Rembrandt. Toco nas estrelas porque o céu não tem limite’" Rembrandt é considerado por muitos o maior pintor do mundo. Também é conhecido por ser o percursor da "selfie", de acordo com a exposição "All The Rembrandt" de 2019, onde havia inúmeros auto retratos do pintor.

 

Andy Warhol

Obcecado pela cultura pop, Andy Warhol (1928-1987) se tornou referencial comparativo de fama para rappers como A$AP Twelvyy na faixa "Fraternal Twins". Warhol também é citado em músicas de Doughboy e Jay-z. Andy Warhol nasceu na Pensilvânia, EUA. Considerado um dos artistas mais influentes da segunda metade do século 20, Warhol foi uma figura de destaque no movimento artístico conhecido como pop art, produzindo obras consideradas de fácil entendimento à maioria das pessoas (cultura de massa). Se tornou artista plástico, ilustrador, pintor e cineasta e ficou conhecido por explorar conceitos de publicidade em suas obras.

 

Salvador Dali 

Dali (1904-1989) foi o pintor surrealista mais relevante do movimento. Sua personalidade forte e original fez toda a diferença e isso jamais passaria despercebido pelos rappers. Club Dongo, 21 Savage e Directors são apenas alguns dos nomes que já citaram Dali em suas músicas. Nascido na Catalunha, Espanha, Dali se tronou o surrealista mais famoso de todos os tempos. Começou a pintar aos 13 anos de idade. Estudou na "Academia de Artes de San Fernando" em Madrid, de onde foi expulso em 1926, pois se recusou a fazer as provas finais da disciplina de Teoria das Belas Artes. Também foi expulso do movimento surrealista pelo fundador André Breton, por ter ideologia política distinta. Na época, chegou afirmar que "a diferença entre os surrealistas e eu é que, na verdade, eu sou surrealista".

As redes sociais nunca foram tão importantes para os artistas quanto nestes tempos de pandemia. Impossibilitados de se apresentar presencialmente, muitos estão aproveitando todos os canais possíveis para escoar sua arte, sobretudo as que estão surgindo durante o isolamento. A produtora RAPensantes abriu espaço, em seu canal de YouTube, para promover a cena rap local. Eles estão selecionando novidades de MCs pernambucanos com o objetivo de funcionar como uma vitrine para esses artistas. 

LeiaJá também

##RECOMENDA##

--> Artistas estão transformando isolamento em música

A série de publicações começou na última sexta (22), com o vídeo da música Fases, de Brvno MC. A ideia é colocar no ar os novos sons que estão surgindo durante a quarentena e, assim, aumentar a visibilidade da cena rap de Pernambuco. 

Para participar, é preciso ter um material inédito, podendo ser vídeo clipe ou lyric video. O trabalho deve ser enviado pelo e-mail oportunidaderappe@rapensantes.com.br e os demais critérios para submissão das músicas podem ser encontrados no instagram da produtora @rapensantes. 

Enquanto alguns artistas estão apresentando lives cada vez mais elaboradas e produzidas, o grupo Racionais MC’s recusou um generoso contrato para fazer uma delas. Os rappers não  toparam se apresentar em uma live, que lhes renderia um cachê de R$ 100 mil, para não descumprir as normas de isolamento social que são necessárias para evitar o contágio do novo coronavírus. 

LeiaJá também

##RECOMENDA##

--> 9 fatos que comprovam a importância do Racionais MC's

--> Um dicionário inspirado nas expressões do Racionais MC's

Em entrevista ao podcast N3gócio que eu quero, a empresária do grupo, Eliane Dias, explicou que os artistas estão prezando muito pela sua segurança e de sua equipe. “Eu não tenho nem o que discutir. Se todo mundo quer Racionais e Racionais não quer fazer… Por N motivos: estão muito tristes com o que está acontecendo, estão inseguros com a questão da quebra do isolamento, de estarem num lugar com oito, dez pessoas”. 

Apesar de estarem temporariamente parados, em respeito à quarentena, o grupo conta com uma agenda extensa para o segundo semestre de 2020. Os rappers têm shows marcados para Curitiba, Rio de Janeiro, Brasília, Minas Gerais e São Paulo. Ainda não se sabe se as datas serão alteradas por conta da pandemia do novo coronavírus. 

A quarentena imposta pela pandemia do novo coronavírus  tem provocado incômodo nas pessoas. O tédio que o isolamento pode proporcionar - ainda que alguns contem.com.tantos recursos como.internet, televisão, livros e outros para evitá-lo - tem causado desânimo e muita reclamação. Mas não para compositores dos mais diferentes estilos musicais e partes do mundo. Esses têm transformado a apatia e silêncio do isolamento em música, se valendo da infinidade de temas e possibilidades que o atual momento, ainda que aparentemente tão parado lhes apresenta.

Desde o início desse período um tanto caótico que o vírus instaurou, as redes sociais e plataformas de streaming estão recebendo uma enxurrada de novidades. Essas vão desde a banda Rolling Stones - que lançou Living in a ghost town (canção sobre cidades fantasmas); passando pelo ‘rei do arrocha’, Pablo - cantando sobre o distanciamento em Notícias da TV -; até o rapper paulista Coruja BC1, que em um único dia compôs as sete faixas do EP Antes do Álbum, em uma espécie de “autoterapia”, como o artista explicou em suas redes sociais.  

##RECOMENDA##

O LeiaJá conversou com alguns artistas que estão convertendo o ócio em criação em seu período de isolamento. Eles falaram sobre inspiração, parcerias à distância, novos processos no ‘fazer música’ e a descoberta de habilidades por conta da necessidade de se ‘botar a mão na massa’ sozinhos. 

Imagem: Reprodução/Facebook MV Bill

Em casa

“MV Bill está em casa”, a frase que o rapper carioca entoa no início de algumas de suas canções nunca fez tanto sentido. Isolado em seu apartamento localizado nas proximidades da Cidade de Deus, na capital fluminense, ele já lançou duas composições inéditas desde o início do isolamento social: Quarentena e Isolamento, ambas descrevendo o atual momento. Seu processo criativo, no entanto, não mudou muito: “Eu sempre crio minhas músicas em isolamento, sempre sozinho, de forma muito solitária, então esse meu isolamento não tá sendo muito diferente pelo menos nessa parte. Acho que (a quarentena)  tira toda a minha liberdade de fazer as coisas que eu quero, que eu gosto, mas na hora de compor não é muito diferente”. 

Apesar do hábito de escrever isolado, o rapper acabou precisando ir um pouco além em seu processo criativo, se aventurando em outras áreas. como captação de imagens e produção de vídeo. Foi ele quem gravou e produziu o clipe de Quarentena e, apesar de ter pago um “preço maior, que é o cansaço”, descobriu novas habilidades e possibilidades. “Eu mesmo fiz a câmera, aprendi a mexer; tava com bastante tempo sobrando, então deu pra virar a câmera pra um lado, até achar um ângulo certo, até me posicionar, tudo sozinho. Não sei se a gente não estivesse em quarentena, se eu não estivesse isolado, não sei se eu conseguiria fazer um vídeo como esse. Então são coisas que a quarentena está nos revelando, acaba fazendo a gente descobrir coisas que nem sabia que era capaz de fazer”.

Ainda assim, as parcerias não foram descartadas nas novas canções, e o rapper acabou trabalhando, de maneira remota, com produtores como DJ Caíque e Mortão. Um trabalho conjunto muito festejado pelo artista. “De longe, sem precisar me arriscar, sem me expor, consegui fazer as músicas, trabalhando com os produtores bem distante de mim, o Caíque de São Paulo e o Mortão de Goiânia. Talvez trabalhos que a gente demoraria muito pra fazer se não tivéssemos a internet. Estar em quarentena não é uma coisa prazerosa, mas podendo interagir com outras pessoas, não só com o público, mas também trabalhar com outros artistas, produtores, acho que é uma coisa que ameniza o sofrimento”. 

MV Bill vem de uma temporada de lançamentos mensais, realizados em 2019, e vai continuar no ritmo somando os lançamentos que ainda não saíram às novidades que vão surgindo durante o isolamento. Ele também acaba de estrear nova temporada do programa  Hip Hop Brazil, sobre a cena do rap nacional, exibido aos sábados no canal Music Box Brazil. Mas, apesar do período extremamente produtivo, o rapper faz questão de fazer uma ressalva. “Importante é dizer que dentro da quarentena, nem todo mundo vai ter inspiração pra criar, nem todo mundo vai conseguir criar, tem muitos artistas que não precisam se cobrar porque não estão conseguindo criar, mas também não precisam se incomodar ou sofrer com a criação de outros artistas”

Da introspecção à caneta

Acostumado a compor “em trânsito”, dentro de aviões ou ao longo de viagens na estrada, Gabriel o Pensador tem aproveitado a calmaria do isolamento social para organizar as ideias e inspirações e transformá-las em criação. O primeiro fruto desse período foi a canção A cura tá no coração, “uma música sobre a pandemia”, como ele próprio define. “Ela veio de uma forma semelhante às outras, como vem assim em um rompante, de uma vez, como muitas músicas que eu faço. Mas eu senti que aquela emoção, aquelas reflexões tiveram tempo de se condensar durante um período de introspecção que eu tive nesse isolamento”.

A novidade chegou acompanhada de um videoclipe e contou com a parceria da rapper mineira, Cynthia Luz,. Tudo, é claro, feito à distância, em respeito às recomendações de segurança necessárias ao momento. Além dela, o Pensador também contou com outras participações neste trabalho. “Conseguimos juntar o André Gomes na gravação de alguns instrumentos e o Papatinho na produção, na criação do beat da música, e os dois assinaram essa produção juntos sem se encontrar pessoalmente. A Cynthia Luz mandou a voz dela lá de Brasília, se não me engano ela estava em Brasília. A gente conseguiu fazer a mixagem dessa maneira e eu adorei o resultado. A Cynthia caiu como uma luva nessa gravação e trouxe uma energia muito boa com a voz cheia de personalidade, estilo. Na nossa comunicação sobre o vídeoclipe, por exemplo, ela também sempre mostrou muito entusiasmo pra gente resolver os problemas da distância, das dúvidas.. e as imagens que ela mandou casaram perfeitamente com as que a gente fez no Rio”. 

O tempo e a calmaria encontrados por Gabriel no isolamento têm servido, também, para que o artista possa reencontrar antigos textos, poemas e letras guardadas ao longo de sua trajetória. Esse processo de revisitação ao acervo rendeu um novo quadro em seu canal de YouTube, o Sente a Poesia, no qual o Pensador declama. Além disso, ele também já tem preparado um novo livro infantil, que fará companhia ao já lançado Um garoto chamado Roberto.  “Já estou agora com mais uma história pronta, que fiz recentemente nesses dias e já comuniquei à editora que quero fazer também um livro ilustrado, audiobook e e-book com eles para crianças”. 

Cena pernambucana à toda

Em Pernambuco, a cena musical parece tornar-se ainda mais produtiva ao passo que se adapta ao novo ritmo imposto pelo confinamento. Os anseios e emoções sugeridos por esse período também têm sido gás para os compositores pernambucanos, como nos conta o cantor e compositor Martins: “O artista não pode, não deve ficar aquém de tudo que tá acontecendo, dessas novas pautas, então é muito importante estar atento a tudo isso porque eu entendo a arte também como um registro histórico”.

[@#video#@]

O cantor e compositor Juvenil Silva, também falou sobre esse processo: “O isolamento trouxe à tona sensações obscuras, a maioria nunca sentidas antes com tamanha intensidade e durabilidade. Não havia nada de positivo pra se fazer com essas coisas a não ser por pra fora, compor. Nas primeiras semanas eu estava num ritmo compulsivo, compondo uma ou mais por dia. Externar essas angústias me faz bem, acabei criando canções mais duras, tensas, mas que acabaram me fazendo bem, uma vez que foi possível por pra fora, sentimentos angustiantes de uma forma que julgo bonita”.

Estar isolado, no entanto, pode não ser tão favorável à composição, o que implica desafios.. Para Martins, acostumado à agitação do cotidiano da cidade e dos encontros presenciais, o momento impõe um exercício extra à composição: “Junto com o isolamento, com o tempo, vem a ansiedade que é a máxima nesses dias, vem a  preocupação na parte financeira, sobretudo pra essa classe de artistas e autônomos - como a gente vai conseguir grana para se sustentar, pra viver, pagar um aluguel? - então, pra mim não é tão fácil criar na quarentena. Minha música é muito aquecida pelo social, eu gosto de gente, mas eu entendo e acho muito importante  a gente ficar em casa mesmo. Mas como nada é muito fácil nessa vida, eu acho que esse é um novo momento, um novo jeito de pensar a criação, a vida, de pensar o que  a gente tá fazendo aqui, entendo essa nova fase como uma experiência muito importante que soma muito com a minha arte, com o que eu falo na vida”.

Martins tem estreitado os laços com sua ‘gente’, seu público, através das lives que ele promove e das quais participa como convidado.  Já Juvenil, vai mostrar toda, ou quase toda, criação proveniente das emoções de seu período isolado em três discos inéditos, o primeiro, Isolamento Acústico, com lançamento no início de junho. “O EP, foi gravado nesses dias, eu comigo mesmo, vozes e violões alucinados. As músicas serão todas em parcerias, que foi uma forma de aproximar mais os amigos, dentro da impossibilidade real disso”. Certamente, essa quarentena deixará para o artista muito mais que lembranças. “Acho que já gravei (músicas) o suficiente pra vários (discos). Como se fosse morrer amanhã. O que nunca foi tão possível”. 

[@#podcast#@]

O rapper Emicida anunciou que fará uma live neste domingo (10), Dia das Mães, atendendo a pedidos dos seus fãs. A transmissão tem início às 16h no seu canal do Youtube. Segundo o cantor, o público poderá participar, mas ele ainda não explicou como funcionaria essa interação.

Emicida também lançou na última quinta-feira (7) o clipe da música Quem tem amigo (tem tudo). A canção já conta com mais de 180 mil visualizações na plataforma.

##RECOMENDA##

 [@#video#@]

O lutador do UFC Anderson Silva mergulhou de cabeça na luta contra a pandemia do novo coronavírus. O brasileiro gravou uma música em conjunto com os filhos Kalyl e Gabriel e o irmão Cris para incentivar as práticas recomendadas pela OMS no período da quarentena, como o isolamento social e o uso de máscaras e luvas.

Na canção, que recebeu o nome de 'acreditar', o lutador e seus parentes também pedem união e afirmam que não adianta culpar um ao outro. Confira o vídeo, gravado na casa de Anderson.

##RECOMENDA##

[@#video#@]

Nos últimos dias, Anderson Silva vem usando as redes sociais para mostrar sua rotina de treinos dentro de casa e pedir que as pessoas respeitem o isolamento social.

Anderson Silva tem 44 anos e é considerado um dos maiores atletas da história do MMA. A última vez que o brasileiro entrou no octógono foi em maio de 2019, quando foi derrotado por Derek Brunson por nocaute técnico no UFC 237.

Com o cuidado de evitar o uso de palavrões, a ucraniana Alyona Alyona parece disposta a romper com os códigos machistas existentes no rap, além de cantar somente em seu idioma original.

Alyona também se tornou uma espécie de ícone para as pessoas XXG (maior tamanho de roupa), depois de se apresentar com uma roupa de banho prateada no seu videoclipe de estreia, intitulado "Ribki" ("Peixe").

##RECOMENDA##

No clipe, a ucraniana aparece rodeada por modelos muito magras, cantando uma música que claramente representa uma metáfora sobre mulheres jovens que se sentem deslocadas.

A rapper, que na certidão de nascimento se chama Alyona Savranenko, canta sobre os corpos femininos, o abuso psicológico e o empoderamento das mulheres, em músicas que desafiam os clássicos estigmas do hip hop.

Aos 28 anos, Alyona se tornou um fenômeno na Europa e foi figura de destaque no festival Eurosonic, em Groningen, na Holanda, depois de ter sido apontada como uma aposta musical pelo The New York Times.

- Carisma e ousadia -

"Ela é realmente extraordinária, tem muita personalidade", disse Jean Louis Brossard, que no ano passado levou a carismática rapper para o Trans, festival que organiza na cidade francesa de Rennes.

Em sua opinião, Alyona "consegue unir as pessoas com seu sorriso e seu entusiasmo", comentou.

Segundo a jornalista Eloise Bouton, fundadora do site Madame Rap, "Alyona é extraordinariamente boa, tem muita técnica, é ousada... o que mais posso dizer?", afirma.

Embora tenham como cenário sua pequena cidade na Ucrânia, seus vídeos já têm milhões de visualizações nas redes. Um deles, que mostra seus pais sentados na mesa do seu apartamento que remete a época soviética, já foi visualizado quatro milhões de vezes.

A maior estrela do rap ucraniano começou a escrever poemas aos seis anos de idade, mas tudo mudou quando conheceu o hip hop aos 12 anos.

No início, Alyona apenas copiava ou traduzia letras de rap americanas, até encontrar o seu próprio estilo, no qual canta sobre as mulheres na sociedade.

"Eu não era bandida, além de que era professora no jardim de infância", contou.

A fama chegou com o vídeo "Ribki", onde pode ser vista em roupa de banho enquanto se diverte em um jet ski. O vídeo se tornou viral e o sucesso foi instantâneo.

"Em um primeiro momento fiquei assustada por toda aquela atenção. O vídeo teve tantas visualizações que surgiam jornalistas querendo me entrevistar" na pequena cidade onde morava, próxima a Kiev, relata a cantora à AFP.

- Combate ao sexismo -

Rapidamente, Alyona percebeu que para levar a sério a sua carreira musical deveria abrir mão do seu outro trabalho.

"'Ribki' é sobre mulheres que têm piercings, tatuagens, cabelos com cores diferentes ou um corpo que não é visto como padrão", ressalta a cantora.

"Nós, que somos essas mulheres, somos como peixes na peixaria. E por trás do vidro que nos guarda não escutamos as palavras desagradáveis que nos dizem", conta.

Outra música, chamada "Pushka" (que em português seria "A bomba"), também é criativa na forma de retratar as mulheres. Nela, Alyona se autointitula como "pishka", um termo pejorativo usado com pessoas que sofrem de sobrepeso.

Há também letras comoventes, como quando canta: "Podem ter uma visão ampla sobre tudo, mas nunca nos convidam para suas casas".

Em um território tradicionalmente dominado por homens, Alyona às vezes tem que suportar críticas dentro do universo do hip hop.

"Já me disseram que as mulheres foram feitas para cozinhar, para cuidar das crianças, para fazer as unhas e se maquiar", comenta.

A ucraniana, no entanto, tem lutado para conquistar seu espaço.

"Tento demonstrar que as mulheres têm lugar nas batalhas de rap. Tento inspirar as pessoas. Não apenas dizer às mulheres que podem ser rappers, mas também que não deixem de acreditar em si mesmas", diz.

O dia 24 de janeiro marca a perda de um dos maiores nomes do rap nacional. Foi nessa data que o rapper Sabotage foi assassinado, em 2003, na cidade de São Paulo. Para marcar os 17 anos sem o artista, estreia nesta sexta (24), a websérie  #SabotageVive, no YouTube. O projeto, comandado pelos filhos do rapper - Tamires e Sabotinha -, conta em oito episódios detalhes sobre a obra de Sabotage a partir da memória de seus herdeiros. 

Na série, além dos relatos dos filhos do rapper, outros artistas aparecem falando sobre a importância e influência de Sabotage na música brasileira. Um deles é o também já falecido Chorão, ex-vocalista da banda Charlie Brown Jr. Os episódios serão publicados nas sextas e nas terças no canal oficial do artista na plataforma YouTube. 

##RECOMENDA##

No episódio de estreia,  Tamires conta a história da música Respeito é pra quem tem, do álbum Rap é Compromisso, lançado em 2000. A série também vai falar sobre as faixas Mun Rá, Cocaína, Cigarro Mata, Um bom lugar, Enxame e Rap é compromisso. No dia 14 de fevereiro será lançado um conteúdo extra, também no canal da plataforma. Esse ano, ainda será lançado um DVD completo em homenagem a Sabotage com o registro de um show ao vivo. 

[@#video#@]

 

Surgido na década de 1970, na cidade de Nova Iorque, nos EUA, o Hip Hop transformou-se em um dos movimentos culturais mais sólido e popular do mundo. Baseado em quatro pilares - Mcing, DJing, B-Boying e Graffitti -, o estilo vai muito além da música e da rima podendo se expressar, também, nas artes plásticas e na dança. 

Tamanha importância tem o Hip Hop que o movimento tem um dia para chamar de seu. Nesta terça-feira (12), é celebrado o Dia Mundial do Hip Hop, data escolhida por ter sido nela que, em 1973, Afrika Bambaataa fundou a Zulu Nation, uma organização co objetivos de auto-afirmação que promovia um 'quinto elemento' para a cena, a 'paz, união e diversão'. Bambaataa é nome extremamente importante no segmento sendo considerado um de seus criadores, sendo assim, o pai do Hip Hop.  

##RECOMENDA##

De tão grandiosa, a cena Hip Hop logo ultrapassou os limites do bairro do Bronx, em Nova Iorque, e ganhou espaço em todos os lugares do mundo. No Brasil, não foi diferente e o país ostenta grandes nomes para representar os quatro elementos do movimento. Rappers como o grupo Racionais Mc's e Sabotage; grafiteiros como Os Gêmeos, Kobra e Nina Pandolfo; os DJs Ice Blue e Caíque e os Bboys, Pelezinho, Leoni Pinheiro, sem falar na Bgirl Miwa; são apenas alguns dos que fazem do movimento Hip Hop nacional algo tão grandioso e consistente. 

LeiaJá também

--> 9 fatos que comprovam a importância do Racionais MC's

--> Novos rappers brasileiros que você precisa ouvir

--> Queer rap rompe limites com resistência e muito 'close'

Rap

A expressão musical do Hip Hop talvez seja a mais popular entre os quatro elementos do movimento. Com ritmo acelerado e discursos geralmente ferinos, o rap é conhecido por ser a música que denuncia as necessidades dos moradores das periferias e do povo negro. O rap nacional tem um rico celeiro de artistas que fazem da cena no Brasil uma das mais respeitadas no mundo. O LeiaJá preparou uma lista com sete dos mais importantes discos que consagraram os brasileiros entre os melhores rappers do planeta.

1 - Hip Hop Cultura de Rua

Lançada em 1988, essa foi a primeira coletânea de rap do Brasil. O disco reunia Thaíde e DJ Hum, MC Jack, Código 13 e o Credo. O trabalho teve produção assinada por Nasi e André Jung, então integrantes da banda de rock Ira!, e contou com participações de músicos como André Abujamra e Raul de Souza. As oito faixas da coletânea ajudaram a construir a estética do rap paulistano, tanto em relação às temáticas das letras como nas bases instrumentais. 

 

2 - Gabriel O Pensador 

Com um álbum anônimo, o rapper Gabriel O Pensador foi um dos responsáveis pela entrada do rap nacional no mainstream. Branco, carioca e de classe média, o músico conseguiu abrir as portas para o estilo com seu disco de estreia. Uma das faixas desse álbum, Hoje eu tô feliz (matei o presidente), fez bastante barulho na época e chegou a ser censurada em algumas emissoras de rádio e TV. 

 

3 - Sobrevivendo no Inferno

O disco de 1997 do grupo Racionais MC's é considerado um divisor de águas no rap brasileiro. O álbum chegou com tamanha força que colocou os Racionais no programa de clipes mais popular da televisão brasileira, na extinta MTV, e ganhou o prêmio de Escolha da Audiência (1998), na premiação do canal, o MTV Music Brasil. O álbum consagrou o Racionais como o grupo de rap mais importante do país e, anos mais tarde, virou até 'leitura' obrigatória em um dos vestibulares mais concorridos do Brasil. 

 

4 - Cadeia Nacional

O Pavilhão entrou para a história do rap nacional ao misturar o estilo com o rock, em Cadeia Nacional, de 1997, algo pouco feito no país naquela época. As rimas do grupo ganharam ainda mais peso com a mistura dos beats com os riffs de guitarra. Esse disco traz ainda uma parceria da banda com os irmãos Cavalera, na época vocalista e baterista do Sepultura, respectivamente. 

 

5 - Rap é compromisso

Único disco gravado em vida de um dos maiores nomes do rap nacional, Sabotage, Rap é compromisso vendeu mais de um milhão e meio de cópias após seu lançamento em 2000. O álbum traz a parceria do rap com outros diversos estilos musicais com a participação de nomes como Negra Li, Black Alien, Rappin’ Hood, RZO e Chorão, ex-vocalista do Charlie Brown Jr. 

 

6 - À procura da batida perfeita

O rapper carioca Marcelo D2 trouxe ao estilo a tão conhecida malemolência brasileira com À procura da batida perfeita, de 2003. Ao misturar o rap com samba, desde seu disco solo de estreia, Eu tiro é Onda, de 1998,  Marcelo D2 provou que estilos tão distintos podem ir muito bem juntos. Abriu precedentes para que a música popular pudesse transitar livremente no meio do Hip Hop e vice e versa. 

 

7 - Pra Quem Já Mordeu Um Cachorro Por Comida, Até Que Eu Cheguei Longe

Com um disco longo - de 25 faixas - e intenso em suas rimas, Emicida estreou dando uma refrescada no rap brasileiro. O álbum traz bases instrumentais versáteis sem deixar de lado a crítica social característica do estilo. Esse trabalho garantiu a Emicida sua entrada no mainstream da música nacional, conquistando o respeito dos críticos e do público. Hoje, certamente, figura como um dos rappers mais importantes do país.  

Artistas de diversos segmentos estão atentos ao desastre ambiental que acometeu algumas praias do litoral nordestino. Além de muitas manifestações nas redes sociais, fora delas também está havendo mobilizações. A exemplo do rapper, beatmaker e produtor T-Bat, que lançou uma campanha para estimular a doação de garrafas pet para fazer a barreira de contenção do óleo nas praias. Ele vai trocar as garrafas por beats para MCs. 

Através de seu Instagram, T-Bat tem compartilhado a iniciativa. Ele  está oferecendo beats - a parte instrumental que dá melodia a uma música - para voluntários que doarem 10 ou mais garrafas pets nos pontos de arrecadação. "Você, MC que está precisando daquela força de um beat autoral, vai ganhar um", diz o texto da campanha.

##RECOMENDA##

Em entrevista ao LeiaJá, T-Bat explicou como vai funcionar. O voluntário precisa comprovar a doação do material para ganhar um beat produzido por ele. "Eu tenho um arsenal de beats guardados. Qualquer pessoa que me provar que vai entregar as 10 garrafas pra ajudar nessa questão, eu vou ajudar também no beat". A ideia é estimular mais voluntários a ajudarem na limpeza das praias e movimentar o mundo da música em Pernambuco.  

[@#video#@]

Conhecido como uma música de crítica social e mensagem acerca da dura realidade das periferias, o rap tem grandes representantes brasileiros. Racionais MC's; G.O.G.; Dexter; Sabotage; Emicida; todos homens. Da mesma forma, o trap e o brega funk são estilos que priorizam a diversão e incitam a sensualidade e já têm um leque de representantes de peso. Os trappers Chris MC, Matuê e Sidoka, e os bregueiros Dadá Boladão, MC Troia e Shevchenko e Elloco, são alguns exemplos de sucesso. E também homens. Mas esse cenário está mudando. A presença feminina, de discurso empoderado, é cada vez maior nessas cenas que, antigamente, eram majoritariamente dominadas por artistas masculinos.

As 'manas' também querem cantar sua realidade, além de fazerem questão de reivindicar o direito de ocupar os espaços, se divertir e, por que não, rebolar sem a necessidade de prestar contas ou pedir permissão a ninguém. Sendo assim, elas estão levantando suas vozes e fazendo música de qualidade que está atraindo um público igualmente crescente, ao passo que se multiplica o número de artistas mulheres no rap, trap e brega funk. 

##RECOMENDA##

LeiaJá também

--> De posse da musicalidade, mulheres dominam cena autoral

Foi a partir de uma situação de assédio que Rayssa Dias, de 24 anos, moradora de Salgadinho, em Olinda, decidiu criar o brega funk empoderado. Ao testemunhar uma amiga sendo apalpada durante uma festa, ela resolveu que usaria sua voz para exigir respeito no 'rolê' e fora dele também. "A gente estava numa casa de show e lá no evento um cara meteu a mão na bunda da minha amiga. A justificativa dele foi que tinha sido por conta da música. Aquilo mexeu comigo, eu disse: 'caramba, eu como cantora e poeta que faz parte da militância, isso acontece na minha frente e eu não vou poder fazer nada?'. Fiquei tão revoltada que no dia seguinte fiz uma música sobre isso".

Rayssa Dias é a criadora do brega funk empoderado. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Nos versos da música em questão, batizada de 'Fica na Tua' e gravada em parceria com a rapper Lady Laay, Rayssa é direta: "Quando eu chegar no baile, sentando e quicando, tu fica na tua! Se tu não respeitar, a idéia é uma só, tarado aqui no baile, nós passa o cerol". A cantora, na correria para fazer sua carreira acontecer desde os 12 anos, tendo passado pelo coral de uma igreja evangélica, bandas de brega romântico e batalhas de poesia, explica sua composição: "Quando a gente é mulher, a gente tem essa dificuldade de ser respeitada nos ambientes que a gente frequenta. O brega é um meio muito machista, até porque é dominado por homens, tem esse lado pejorativo que explora a sexualidade. As meninas querem rebolar a bunda, mas elas querem ser respeitadas".

A parceira de Rayssa em 'Fica na Tua', Lady Laay, sabe bem o que é abrir espaço para fazer seu ‘trampo’. MC, Bgirl e grafiteira, ela vem desde 2012 lutando para ser ouvida e respeitada no meio do hip hop. A estrada, de lá até cá, ensinou a Laay que o lugar que hoje ocupa é dela e não é necessário pedir licença para mostrar a que veio. "(Já passei por) tentativas de boicote, silenciamento, falta de valorização. Mas coloquei em mente que nós mulheres somos capazes de coisas grandiosas, e se a cena rap não enxerga isso, pra mim ela não é digna do nosso trabalho. Cansei, não precisamos tentar nos encaixar, nos diminuir pra caber num mundinho tão limitado e imaturo, cheio de homens que tentam nos diminuir porque sua masculinidade e ego podem ser frágeis demais diante da nossa capacidade", dispara a artista.

Agora, ela se aventura no meio do trap, indo na contramão da pegada comercial do estilo - que prioriza letras que falam sobre diversão, mulheres (em um sentido quase sempre pejorativo) e ostentação -; e criou o Afrontrap, o "trap de afronta". "Essa minha proposta se refere em mesclar a característica dançante e ousada do TRAP com o viés social na afronta de tocar em feridas da sociedade, tabus e temas polêmicos, que seriam trazidos nas letras de forma afrontosa e descontraída utilizando como principais artifícios o deboche e o sarcasmo", explica Laay. 

Consciente de seu papel social enquanto cantora e compositora, ela quer, através de sua música, politizar o estilo e "ser a mudança" que ela mesma quer ver. "Eu acredito que o artista, independente do gênero musical, tem uma responsabilidade sobre o impacto e consequências que sua música causará... Sobretudo quando o público alvo de sua música é uma parcela da população estigmatizada, vulnerável e que está à margem dos privilégios e até dos direitos básicos". 

Consciência do poder que suas vozes podem ter também é algo que não falta para as minas do Femigang. O grupo de rap formado pelas MCs Adelaide, Adelita, Maria Helena e a DJ Larissa é ‘cria’ do Recital Boca no Trombone, realizado no Alto do Pereirinha, no bairro de Água Fria, há cinco anos e que vem revelando talentos na cena hip hop pernambucana, sobretudo os femininos. O Femigang foi formado pela necessidade de ocupar esse espaço e veio com tamanha força e disposição de se firmar em uma cena tão masculina que já é tido como referência por outras MCs e rappers que vêm aparecendo no Recife, como comenta Adelaide. "É difícil porque a gente ainda é invisibilizada dentro do movimento, mas a gente conseguiu esse espaço batalhando pra caramba, e os frutos estão chegando".

[@#podcast#@]

Dentre os frutos estão participações em eventos importantes, como o show do rapper Baco Exu do Blues, em maio deste ano, no Baile Perfumado, e o Baile de Favela, que contou com apresentações de lendas do rap nacional como o DJ KL Jay, do grupo Racionais MCs. Mas para as meninas do Femigang, realização mesmo é ver a satisfação do seu público feminino durante os shows sem contar na rede de apoio e acolhimento que elas compartilham com outras artistas. "A gente vem de movimentos sociais, que nós organizamos, e vamos abrindo espaço para outras mulheres que veem que não é só meninas em cima do palco botando som e que não fazem nada além disso A gente tá construindo de verdade com mulheres da periferia, então muitas meninas se sentem acolhidas de chegar", diz Adelaide. 

A poeta e rapper faz questão de frisar que além do acolhimento ao público feminino e às artistas mulheres, o esforço do grupo é ensinar aos homens a importância deles nesse movimento de empoderamento feminino. Elas não se incomodam em ensinar sobre questões importantes para que a igualdade de gênero seja alcançada. "Temos outra ideia de feminismo, estamos lidando com os homens da favela, então não temos aquele feminismo de excluir. A gente quer trabalhar com eles e desconstruir aquilo pra poder ensinar a eles e construir juntos. A gente recebe muitas críticas por causa disso, porque a gente escuta eles e quer dialogar. Mas vale à pena, porque a gente vê a semente crescendo, o que a gente tá fazendo tá andando".

Rede de apoio

As dificuldades enfrentadas por essas e outras artistas mulheres que escolhem segmentos considerados machistas para se expressar não são meras histórias de panfleto. As barreiras são reais e vão desde dificuldade em conseguir produzir trabalhos até perseguição e ameaças. Adelaide, do Femigang, lista algumas: "Primeiro que as vezes nem tem 'line' (programação) só de mulher ou com uma mulher, sempre é só homem. Na line que botava a gente, atrasava o som, cortava o som, o tempo era sempre menor, o tratamento não era o mesmo. Às vezes não chamavam a gente porque eles estavam comentando por aí afora que a gente tava querendo mudar o hip hop só para mulheres".

Outra artista, essa da cena trap, Margot - uma joem de apenas 19 anos, moradora de Caetés I, em Abreu e Lima, lista outros empecilhos como a falta de estrutura e dinheiro para botar o trabalho na rua. "Eles lançam som uma vez por semana, a gente passa seis meses para lançar um som. Temos poucas produtoras e beatmakers. Mas hoje em dia ter mulher na line gera um hype, é bom mostrar que tem mulher preta, periférica, mas ainda assim é pouco, a gente precisa mais que uma apresentação".

[@#video#@]

Para burlar as limitações e barreiras, as meninas acabam criando uma rede de apoio. A própria Margot só aconteceu após as meninas do Femigang impulsionarem o seu 'corre'. Ela começou a se apresentar em shows do grupo, há cerca de um ano, e acabou engrenando na carreira. "Até hoje eu digo que minhas influências não vieram de fora, vieram daqui mesmo, elas (Femigang) foram as primeiras mulheres do rap que eu comecei a ouvir", diz Margot. 

Público feminino

Não é fazer 'música de mulher' mas sim, fazer música sobre e para mulheres. As artistas ouvidas por essa reportagem foram unânimes ao falar sobre a importância de serem reconhecidas pelo público feminino durante os shows. Falar diretamente para quem entende daqueles temas, por viverem o mesmo, é o que faz diferença no trabalho dessas minas. "Quando eu vou fazer show, algumas meninas nem conseguem curtir porque acho que elas ficam com aquele olhar assim impresisonado, elas me procuram e falam surpreendidas, me elogiam. As mulheres têm essa necessidade no meio do brega de dizer: 'poxa, era isso que eu queria ouvir e dizer quando eu escuto brega", diz Rayssa Dias.

Margot também tem essa resposta do seu público, a identificação com o que se diz no palco é imediata e as meninas acabam fazendo do show um momento só seu. "Só a gente fala aquilo que elas se identificam, se não for a gente, ninguém mais vai dizer, por isso nossa voz ecoa muito. Quando eu tô tocando e vejo aquele bate cabeça das meninas, muitas vezes os meninos vêm e elas não conseguem curtir, aí a gente pede pra eles saírem e deixarem elas à vontade também. Aquele é o momento delas". 

Já Lady Laay, se surpreendeu com o poder de alcance de suas rimas. Ela revela que o feedback de seu trabalho vem de inúmeras formas, mas, sobretudo, de pessoas que não são da cena rap. “Descobri isso quando me dei conta que a maioria dos convites de shows partiam de eventos/públicos que mal curtiam rap, e que curtiam meu trabalho simplesmente por se identificar com a mensagem e pela representatividade. Foi aí que decidi que se essa cena ignora as mulheres, eu ignorarei esta cena”. A cantora sintetiza bem o que ela e as outras artistas presentes nesta matéria - entre tantas outras que não puderam estar nesse espaço -, representam em suas cenas musicais e até mesmo fora delas: “O simples fato de fazermos o que fazemos já é um ato de resistência”.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando