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A CD Projekt Red informou que o novo "Cyberpunk 2077" contém diversas cenas de nudez, que podem ser desativadas no próprio jogo. Em resposta a um usuário no Twitter, o líder de garantia de qualidade da empresa, Lukasz Babiel, confirmou que os jogadores que não sentirem confortáveis com as cenas sensuais poderão bloqueá-las.

O jogo tem diversas opções para customizar, o que inclui a escolha de optimização e tamanho dos órgãos genitais, que também influenciará na eficiência sexual do personagem.

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No Japão, os critérios de publicação são bem rigorosos, e a empresa confirmou que o título seria censurado na versão oriental. O que ainda não foi dito é se a opção de desativar a censura estará presente para os jogos japoneses.

"Cyberpunk 2077" chega no Brasil em 10 de dezembro para PC, PS4, PS5, Xbox One e Xbox Series X/S.

O advogado e jornalista Glenn Greenwald, premiado e amplamente conhecido pela publicação da série de reportagens “Vaza Jato” e pelas reportagens do jornal The Guardian revelando casos de vigilância global promovida pela Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA, pediu demissão nesta quinta-feira (29). Ao anunciar sua saída do veículo de comunicação do qual é co-fundador, Glenn alegou como motivo a censura a um artigo de sua autoria que tem trechos críticos ao candidato democrata à presidência estadunidense, Joe Biden, e seu filho, Hunter Biden. 

O pedido de demissão que levou o nome do The Intercept aos assuntos mais comentados do Twitter foi publicado no site Substack, onde ele prometeu publicar o artigo censurado, além de ter sido anunciado nas redes sociais. Glenn afirmou que o motivo para a censura do texto foi que os demais editores do The Intercept são apoiadores veementes de Joe Biden, desaprovando, assim, o seu artigo. 

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"O artigo censurado, baseado em e-mails revelados recentemente e depoimentos de testemunhas, levantou questões críticas sobre a conduta de Biden. Não contentes em simplesmente impedir a publicação deste artigo no meio de comunicação que eu co-fundei, esses editores da Intercept também exigiram que eu me abstivesse de exercer um direito contratual de publicar este artigo em qualquer outra publicação. Mas as patologias, o iliberalismo e a mentalidade repressiva que levaram ao bizarro espetáculo de ser censurado por meu próprio meio de comunicação não são exclusivos do The Intercept", escreveu Glenn.

Apesar dos problemas enfrentados e de sua saída do veículo de comunicação que ajudou a criar, Glenn disse que o The Intercept ainda tem ótimos jornalistas e publica coisas boas e que não via problemas por discordar dos editores politicamente, mas queria que o site publicasse textos com opiniões diversas, deixando os leitores formarem opinião. 

“A interação atual do The Intercept é completamente irreconhecível quando comparada com a visão original. Em vez de oferecer um local para a discordância, para vozes marginalizadas e para perspectivas desconhecidas, está rapidamente se tornando apenas mais um meio de comunicação com lealdades ideológicas e partidárias obrigatórias”, escreveu ele.

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, aprovou na terça-feira (29) por decreto uma pacote de leis contra crimes cibernéticos que aumenta o controle do governo sobre o que é publicado na internet. Segundo a oposição, as medidas são uma forma de calar a dissidência, impor a censura e controlar a atividade jornalística.

O projeto prevê penas de até 4 anos de prisão para quem o governo considerar que esteja divulgando "informações que ameacem a segurança nacional". Ontem, uma juíza condenou a jornalista Kalua Salazar a uma multa equivalente a 120 dias de trabalho (cerca de US$ 200) por ter denunciado um caso de corrupção na prefeitura de El Rama, cidade governada pela Frente Sandinista de Libertação Nacional, partido de Ortega - um sinal da rápida deterioração do jornalismo independente na Nicarágua.

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Em entrevista ao site da revista nicaraguense Confidencial, o professor de comunicação, Guillermo Rothschuh Villanueva, disse que o pacote de leis de Ortega é "uma nova tentativa de reduzir ainda mais o exercício da liberdade de expressão".

"A apresentação e discussão do projeto de lei que regulamenta os crimes cibernéticos ocorre em um contexto crítico para aqueles que assumem posições contrárias ao governo do comandante Ortega", disse o ex-reitor da Faculdade de Ciências da Comunicação da Universidade Centro-Americana (UCA).

A nova investida do governo nicaraguense contra os veículos independentes de comunicação acontece depois de Ortega impor multas milionárias às empresas. Hoje, todas as TVs com sinal aberto do país são controladas pelo governo e pelo empresário mexicano Ángel González. A programação é recheada de propagandas oficiais e programas de entretenimento - com pouco espaço para notícias.

No começo do mês, um dos poucos canais que não está sob o controle do Estado, o Canal 12, teve os seus bens e de seus donos bloqueados pela Justiça por suposta sonegação fiscal - a emissora é uma das duas com alcance nacional que faz uma cobertura crítica do governo de Ortega.

Repressão. Em 11 de setembro, a Nicavisión, empresa que controla o Canal 12, afirmou que foi notificada pelo fisco sobre uma dívida de 21 milhões de córdobas (cerca de R$ 3,4 milhões) em impostos que não teriam sido pagos, entre 2011 e 2013.

Emissora de TV com maior audiência no país, o Canal 10, sofreu as mesmas acusações do governo. O fisco garante que o veículo de comunicação deve 110 milhões de córdobas (cerca de R$ 17,8 milhões) em tributos.

Além de propostas de controle da imprensa, Ortega tem apresentado projetos de lei que intimidam opositores. No começo do mês, ele enviou uma proposta que prevê a pena de prisão perpétua para quem "cometer crimes de ódio" e "contra a paz".

Ex-guerrilheiro de 74 anos, Ortega está no poder há 13 anos - ele deve deixar o cargo em janeiro de 2022. Acusado de corrupção e responsabilizado pela crise econômica da Nicarágua, ele se tornou alvo de violentos protestos em 2018. Pelo menos, 328 pessoas morreram após uma forte repressão policial.

Mesmo sob pressão, a oposição se uniu para as eleições do ano que vem, formando uma frente chamada de Coalizão Nacional, que reúne estudantes, camponeses, empresários e integrantes de partidos de direita e de esquerda. Juan Chamorro, um dos líderes do movimento, disse que a libertação de 86 dissidentes é uma das prioridades da coalizão. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Anitta, que foi acusada recentemente de mandar uma indireta para Manu Gavassi, usou o Stories no último domingo (20) para celebrar a cura da trombose. Em junho, a cantora havia sido internada por conta da doença e agora, três meses depois, ela anunciou aos seus seguidores que após três meses de tratamento ela está curada.

"Obrigada a todos que rezaram por mim. Trombose 100% eliminada", escreveu na legenda de um Stories em que aparece deitada fazendo exames.

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E após agradecer também às doutoras rainhas que cuidaram dela, a dona do hit Me Gusta passou um recado importante:

"Gente, um pedido da minha doutora falar para vocês o seguinte. A trombose é uma doença tratável, curável. Ela tem esse risco de morte. Muitas pessoas são diagnosticadas e não fazem o tratamento até o final e mata real, de verdade. Dá embolia pulmonar, enfim, tem uma série de riscos, não sou médica para explicar direito, mas se o coágulo chega no cérebro, no coração, no pulmão, mata de verdade. Então é diagnosticável, é tratável. Demora o tratamento. Eu demorei três meses para completar o meu tratamento, mas que tem que fazer ele direitinho, porque aí dá tudo certo. E se não faz direitinho é realmente risco de morte. É uma doença muito grave".

Depois, no Instagram, Anitta, que revelou a vontade de ser mãe, postou um vídeo em que aparece, nua, dançando só de toalha. De repente, ela cobre a câmera e quem aparece, sem camiseta, é o seu amigo, Renner Souza. Porém, parece que o conteúdo foi considerado inapropriado, já que a rede social excluiu o registro. Pouco depois, porém, a cantora publicou outro vídeo, só que dessa vez Renner aparece com camiseta. "O outro foi banido no Instagram por nudez (?????) vou postar no Twitter kkkkk".

O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) decidiu na manhã desta terça-feira, 8, aplicar pena de censura ao procurador da República Deltan Dallagnol em razão de publicações feitas pelo ex-chefe da força-tarefa da Lava Jato no Paraná com relação à eleição da presidência do Senado em 2019. Oito conselheiros acompanharam o voto do relator, conselheiro Otávio Luiz Rodrigues Jr, que entendeu que Deltan violou o dever funcional de guardar o decoro ao interferir no pleito e ainda mobilizar a opinião pública contra o senador Renan Calheiros.

"O membro do Ministério Público Federal sentiu-se no direito de interferir no processo eleitoral do Senado da República. Não eram meras declarações de apreço ou desapreço de um candidato, o que já abriria margem para discussões sobre limites constitucionais das mensagens. Ele foi além, incentivou uma campanha contra o sistema de votação da mesa diretora da Câmara Alta do parlamento sob o argumento de que agir contrariamente equivaleria a fomentar a corrupção no País", registrou Rodrigues Júnior.

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O conselheiro ponderou ainda que o líder de tal "campanha" é uma pessoa que se notabilizou como titular de uma operação que combate a corrupção. "Tal ordem de fatos não pode ser equiparada ao mero exercício da liberdade de expressão", afirmou o relator.

Seu voto foi acompanhado pelos conselheiros Oswaldo D'Albuquerque, Sandra Krieger, Fernanda Marinela, Luciano Maia, Marcelo Weitzel, Sebastião Caixeta, Luiz Fernando Bandeira e Rinaldo Reis.

Otávio Luis Rodrigues Júnior pontuou que ao Ministério Público cabe a tarefa de zelar pelo processo eleitoral, sendo esperada postura isenta. Nessa linha, considerou que Deltan "ultrapassou os limites da simples crítica" e atacou não só o senador Renan Calheiros, mas o Poder Legislativo.

O conselheiro sinalizou ainda que, ao dosar a pena imposta no caso, levou em consideração a interferência na eleição, a mobilização da opinião pública contra Renan e ainda a repercussão pública sobre o caso.

Otávio lembrou a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux que 'limpou a ficha' de Deltan, pontuando que punição anterior imposta ao ex-chefe da Lava Jato não teve influência na avaliação da sanção em debate. Em contrapartida citou o julgamento sobre o caso do PowerPoint - material utilizado na entrevista em que a primeira denúncia contra o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva -, no qual o colegiado determinou que o procurador se abstivesse de usar equipamentos, instalações e recursos do órgão para atividades políticas e político-partidárias.

A sanção imposta a Deltan, de censura, é a segunda pena mais grave que pode ser aplicada aos procuradores - logo após a advertência. Na prática, pode dificultar a promoção ou benefícios de carreira dentro da Procuradoria. A condenação também constará na "ficha" da procuradora caso ela seja julgada novamente no Conselhão, que poderá aplicar penas mais duras.

Ao acompanhar o relator, Luiz Fernando Bandeira pontuou ainda que Deltan manifestou opinião política indevida, a qual, segundo ele, compromete a imagem e prestígio do Ministério Público e demonstra uma parcialidade de opinião, não se tratando de meras manifestações pessoais.

"Nesse caso, pela grande quantidade de postagens, deu pra entender bem que ali estava tentando interferir realmente no que estava para acontecer no Senado, na votação. Entendo que não foi apenas uma manifestação política, mas uma pregação política", registrou ainda o corregedor nacional Rinaldo Reis.

Divergência

Somente o conselheiro Silvio Amorim votou pelo arquivamento do procedimento contra Deltan, sob o entendimento de que o caso já havia sido apreciado em procedimento arquivado pela Corregedoria do Ministério Público Federal.

Amorim ponderou ainda que os procuradores possuem a possibilidade de falar sobre questões que dizem respeito ao Estado. "Evidentemente que as vezes são assuntos complexos, mas nem por isso poderíamos ter como indevidas as manifestações a esse respeito", ponderou.

Na avaliação do conselheiro, nenhuma das manifestações de Deltan teria a possibilidade de influenciar o voto dos senadores.

A edição número 4 da revista Empyre, da Marvel, trouxe uma informação surpresa no final. Os personagens Teddy Altman, o Hulkling, e o namorado, Billy Kaplan, o Wiccano, se casaram. Os personagens são os mesmos que se beijavam no livro Vingadores - A cruzada das crianças, que foi alvo de censura do prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), na Bienal do Livro do Rio de Janeiro em 2019.

A saga Empyre traz o Imperador Hulkling, um híbrido das raças Kree e Skrull, unindo os dois impérios historicamente rivais para atacar a Terra. A minissérie, escrita por Al Erwing e desenhada por Valerio Schiti, tem seis edições e foi publicada na última semana.

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Hulkling e Wiccano foram criados por Allan Heinberg e Jim Cheung na revista Jovens Vingadores em 2005. Hulkling é filho do original Capitão Mar-vell e de uma princesa Skrull. Wiccano é o filho reencarnado de Visão e Feiticeira Escarlate. 

A edição 4 de Empyre mostra que os personagens estavam casados em segredo. A revista revela no final, ao mostrar os dois se beijando, que eles realizaram uma pequena cerimônia de casamento com a presença de alguns poucos aliados.

Relembre o caso  

Durante a Bienal do Livro de 2019, Crivella determinou o recolhimento do livro dos Vingadores em que havia o beijo dos dois personagens homens. Em um vídeo divulgado nas redes sociais, o gestor dizia que o quadrinho "traz conteúdo sexual para menores" e que deveria, portanto, ser embalado em plástico preto e apresentar um aviso sobre o teor do conteúdo. Uma liminar do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro proibiu a censura e classificou a postura de Crivella como uma "ofensa à liberdade de expressão constitucionalmente assegurada". O presidente do tribunal, porém, suspendeu a decisão do colega e autorizou o prefeito a recolher os livros.

No Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli atendeu ao pedido da procuradora Raquel Dodge e proibiu a apreensão dos quadrinhos na bienal. "O regime democrático pressupõe um ambiente de livre trânsito de ideias", assinalou o ministro. Na época, o youtuber Felipe Neto comprou milhares de exemplares de obras com temática LGBT para distribuição gratuita no evento. O caso teve repercussão internacional.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) vislumbrou censura contra a Netflix e se manifestou pela permanência do especial de Natal do Porta dos Fundos, retirado do ar por ordem do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O parecer foi enviado ao Supremo Tribunal Federal em recurso movido pela empresa de streaming contra a decisão judicial fluminense. Em caráter liminar, a Corte já determinou a volta do filme para a plataforma.

A Primeira Tentação de Cristo foi suspenso da Netflix no início do ano por decisão do desembargador Benedicto Abicair, da 6ª Câmara Cível do Rio. Ele considerou que a censura era o "mais adequado e benéfico não só para a comunidade cristã, mas para a sociedade brasileira, majoritariamente cristã". A decisão foi derrubada pelo ministro Dias Toffoli em liminar, e aguarda julgamento de mérito.

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A PGR frisou ao Supremo que a decisão de Abicair constituiu censura prévia, visto que a Netflix oferece ampla variedade de filmes e série, mas não obriga seus usuários a seguir uma programação pré-definida.

"O que ela faz é possibilitar que atores produzam suas artes, na mais pura liberdade artística, garantindo que cada usuário escolha o conteúdo que deseja assistir a seu livre critério", afirmou a PGR. "Em síntese, a Netflix é mera transmissora de conteúdo e efetivamente a proibição de disponibilizar determinado filme na sua plataforma constitui censura não admitida pela Constituição Federal e tampouco por decisão dessa Suprema Corte".

A Polícia Militar foi à Justiça interpelar o jornal Folha de São Paulo e os cartunistas Laerte, João Montanaro, Alberto Benett e Claudio Mor pela publicação de cinco charges críticas à violência policial. Dos cinco desenhos, dois criticam diretamente uma ação violenta que deixou nove mortos pisoteados em um baile funk na comunidade de Paraisópolis, na cidade de São Paulo, em dezembro de 2019. 

A Associação de Oficiais Militares do Estado de São Paulo em Defesa da Polícia Militar, Defenda PM, que considerou os cartuns ofensivos a ela e seus aproximadamente 2 mil associados, pede explicações dos artistas e do Grupo Folha. Fundada em 2016, a Defenda PM é vista entre os pares como parte da ala mais conservadora da corporação, e frequentemente associada ao bolsonarismo. Seu presidente, coronel Elias Miler da Silva, é assessor parlamentar do senador Major Olímpio (PSL-SP). 

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Entre as perguntas colocadas no pedido de explicações encaminhado à Justiça pela Defenda PM, há dúvidas sobre os desenhos se referirem a eventos específicos, questionamentos acerca da intenção de desqualificar profissionalmente os integrantes da polícia e se os autores das obras se arrependem de tê-las publicado. 

"Considerei a interpelação impertinente, autoritária e despida de lógica. A intenção de quem faz isso é intimidar a imprensa. Nunca tive de lidar com algo deste tipo”, disse o advogado Luís Francisco de Carvalho Filho, que representa a Folha de São Paulo. 

Posicionamento dos artistas

Em entrevista à propria Folha de São Paulo, os artistas se pronunciaram. Para o chargista João Montanaro, de 24 anos, os questionamentos da Defenda PM parecem fruto de uma falta de interpretação visual e são “sintoma de toda essa atmosfera que estamos vivendo”.

“Nunca tive de lidar com algo deste tipo. Achei que poderia ser algo sério. Mas depois me pareceu algo extremamente esdrúxulo”, avalia o artista, cuja charge gerou grande repercussão nas redes sociais à época de sua publicação. 

Para Alberto Bennet, de 46 anos, “explicar charge é uma coisa deprimente” pois “Se estamos contando uma história por meio de um desenho, explicá-lo é matar a ideia e sua interpretação”. 

Ele compara a interpelação à sua charge, que mostra uma senhora observando o corpo de uma pessoa morta junto a uma poça de sangue, coberto por um jornal dizendo “Que horror essa charge!” e dois policiais parados ao fundo, indicando que a pessoa era uma potencial vítima de violência policial. “É como se o desenho fosse mais chocante que o fato que ele retrata”. 

O chargista Claudio Mor, de 40 anos, explicou que “o chargista reage a uma ação. A gente não inventa notícias, mas se baseia nelas e expressa críticas”. Diante disso, sua conclusão foi que o questionamento da Defenda PM representa “uma tentativa de censura”. 

A cartunista Laerte declarou que “Os exemplos de excessos policiais no Brasil são muito numerosos, evidentes e têm se intensificado. A linguagem do humor tem o dever de ir em cima disso”. Ela foi a autora de uma das charges sobre o caso que levou à morte de nove pessoas em Paraisópolis. 

Laerte lembra que “A polícia brasileira é conhecida mundialmente pela truculência e pela letalidade. Portanto nenhuma dessas charges têm como motivação birras ou implicâncias. São linguagens humorísticas, mas necessariamente agressivas, amplamente calçadas em fatos, fotos e exemplos”. 

Para a artista, o pedido de explicações “está sintonizado com o momento de crescimento de uma situação autoritária no Brasil”. 

Ela também citou a exclusão de indicadores de violência policial praticada no Brasil em 2019 do relatório anual do governo federal sobre direitos humanos. “Se instalou um clima de desinformação e censura que é muito sério”, disse a artista. 

O jornal Folha de São Paulo questionou a Defenda PM sobre o motivo de ter feito a interpelação seis meses após a publicação das charges, apontando também o caráter de intimidação da ação. A associação, no entanto, se negou a responder afirmando em nota apenas que “não se envolve, institucionalmente, em questões partidárias ou de caráter eleitoral”. 

A mesma nota também afirma que “não apoia, emite juízo de opinião ou crítica aos poderes constituídos, aos representantes eleitos”, mas o site da associação estampa a mensagem “Governador João Doria. Despreparado para SP. Despreparado para o Brasil”. 

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A Ditadura Civil-Militar (1964-1985) deixou grandes marcas na história do Brasil. O AI-5, um dos decretos emitidos pelo governo em 1968, foi o marco de uma época sombria, onde a censura e a proibição das artes e da liberdade de expressão, atingiram seu auge.

Para relembrar a produção artística da época, o LeiaJá separou algumas músicas que foram proibidas pela censura e que se tornaram símbolos para a cultura nacional.

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1. "Cálice" (1973), de Chico Buarque e Gilberto Gil

Por meio da metáfora, a música traz uma crítica à censura sofrida na época. Quando a letra foi entregues aos censores, o verso "Afasta de mim esse cálice" foi riscado e alterado para "cale-se", pois um militar interpretou que essa era a verdadeira intenção do uso da palavra na frase, o que fez a canção ser censurada e, depois, tornar-se um hino da luta contra a repressão.

 

2. "Apesar de Você" (1970), de Chico Buarque

Quando lançada, a música não foi censurada, Porém, a música estava se tornando um hino jovem e o militar que a liberara antes foi punido. Buarque, em depoimento à Tribuna da Imprensa, disse que a canção era sobre uma mulher mandona. A polícia invadiu a gravadora para destruir todas as cópias e, por sorte, esqueceram da matriz, e a música original ainda existe.

 

3. "Uma Vida Só (Pare de Tomar a Pílula)" (1973), de Odair José

O compositor, que tinha fama de piadista, teve mais de seis faixas censuradas pelo governo. O motivo: todas as letras de suas músicas falavam sobre sexo, o que atentava contra a moral e os bons costumes da época.

 

4. "Vaca Profana" (1984), de Caetano Veloso e Gal Costa

Apenas pelo título da música fica subentendido que a faixa sofreria censura. A letra, que dizia "Dona das divinas tetas, derrama o leite bom na minha cara, e o mau, na cara dos caretas", foi censurada sob a alegação de feriar a moral e os bons costumes.

 

5. "Pra Não Dizer que Eu Não Falei das Flores" (1968), de Geraldo Vandré

A música fala de movimentação, resistência e não conformidade, e não demorou a virar outro hino de resistência. A primeira censura foi na apresentação em um programa da Globo, quando não recebeu o prêmio de Melhor Canção a mando do governo. Depois, foi proibida oficialmente por "ofensas" ao exército. Em 2009, foi eleita pela Rolling Stone Brasil uma das 100 Maiores Músicas Brasileiras de todos os tempos.

Em resposta a um seguidor nas redes sociais no último sábado (29), o ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou que os livros de história do Brasil serão "limpos" aos poucos. A alegação foi realizada após um questionamento de um seguidos no Twitter, nos comentários de uma publicação do ministro, sobre conteúdos relacionados à cultura africana, mitos dos povos antigos e a história chinesa nos livros atuais.

“Ministro pq os livros de história do MEC estão vindo falando de candomblé, de história chinesa, etc e não ensinado a história do Brasil?”. Weintraub, além de explicar que os livros são contratados para uso num período de três anos, também acrescentou afirmação de que: “temos que limpar aos poucos. Já vai melhorar bem. Próximo ano já deve estar quase tudo limpo”. Os livros têm validade até 2020.

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Alguns dos seguidores do ministro comemoraram o anúncio. Muitos deles ainda cobram que o ensino do cristianismo também esteja nos livros. Já outros internautas questionaram sobre o problema de uma religião de matriz africana ser abordada nas obras. Um dos internautas ainda fomentou o debate com a Lei Federal 10.639, que trata como obrigatório o ensino de história africana e sua influência no Brasil. Confira, abaixo, o comentário do ministro.

Pabllo Vittar usou suas redes sociais para reclamar do que ela chamou de "censura seletiva" no clipe da música Parabéns. O vídeo, que havia sido publicado desde outubro de 2019, teve a classificação etária reajustada para 18 anos no YouTube. A cantora não achou justo e convocou os fãs para combater a restrição da plataforma. 

No vídeo, Pabllo aparece bebendo vodka e esse teria sido o motivo da restrição de idade no conteúdo. "Já havia uma mensagem lá dizendo: 'beba com moderação'. E, mesmo assim, eles quiseram restringir para maior de idade meu clipe, que eu tanto trabalhei, que eu dei duro, que foi dias pra gente fazer esse projeto", disse a cantora em um vídeo publicado em seu Instagram. 

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Ela também alegou que muitos outros vídeos com conteúdo "muito mais explícito" são liberados sem qualquer problema: "Mas atacam a drag queen a torto e a direito. Não vamos deixar isso acontecer". Completando o desabafo, Pabllo convocou os fãs,os "vittarlovers" para continuarem ouvindo a faixa e assistindo ao clipe como uma espécie de movimento de resistência. "Diga não à censura seletiva. Preciso da ajuda de vocês". 

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O apresentador e humorista Danilo Gentili comentou, nessa quarta-feira (8), uma publicação, no Twitter, em que a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) critica a decisão da Justiça do Rio que decretou a retirada do especial de Natal do Porta dos Fundos do ar. Gentili aproveitou a oportunidade e provocou Maria do Rosário, de quem já recebeu um processo.

No tuíte, a deputada defendeu a liberdade de expressão e pediu um basta a perseguição nas produções audiovisuais brasileiras. "Mais adequado e benéfico para a sociedade brasileira seria a liberdade de expressão. Basta desta perseguição às produções nacionais e desta espécie de macartismo tosco. Chega de censura!", reclamou. 

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Danilo Gentili, por sua vez, indagou se ela se sentia mesmo indignada com a censura e desafiou a deputada a retirar as moções de censura enviadas a ele, bem como o processo criminal. 

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Em 2016, Gentili foi condenado a seis meses de prisão por cometer crime de injúria contra a deputada, por ter publicado um vídeo no qual ele aparece ironizando a parlamentar e rasgando a notificação extrajudicial. Maria do Rosário moveu uma ação contra Danilo Gentili por ele ter feito publicações ofensivas contra ela.

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O desembargador Benedicto Abicair, que determinou a suspensão temporária do especial de Natal do Porta dos Fundos, exibido na Netflix, é o mesmo que votou pela absolvição do então deputado federal, agora presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) por fala homofóbica dita no programa "CQC", em 2011. Os votos, no entanto, foram maioria para a condenação de Bolsonaro, com uma multa por danos morais no valor de R$ 150 mil. 

Bolsonaro participou do quadro “O povo quer saber”, do CQC, no qual foi questionado sobre como reagiria se tivesse um filho homossexual. O então parlamentar respondeu que não corria esse risco. “Isso nem passa pela minha cabeça, porque eles tiveram uma boa educação. Sou um pai presente, então não corro esse risco”, afirmou na ocasião.

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Em outro trecho da entrevista, Bolsonaro foi perguntado se iria a um desfile gay. “Não iria porque não participo de eventos que promovem os maus costumes, até porque acredito em Deus, tenho uma família, e a família tem que ser preservada a qualquer custo, senão a nação simplesmente ruirá”, declarou. 

Na época da entrevista, grupos LGBTs moveram uma ação contra o político, que foi condenado em segunda instância. 

O desembargador Abicair defendeu Bolsonaro, dizendo que não via motivos para censurar a fala, uma vez em que ele vivia em uma democracia. “Não vejo como, em uma democracia, censurar o direito de manifestação de quem quer que seja. Gostar ou não gostar. Querer ou não querer, aceitar ou não aceitar. Tudo é direito de cada cidadão, desde que não infrinja dispositivo constitucional ou legal”, argumentou o magistrado, que também justificou que a fala foi exposta em um programa de humor.

Especial de Natal retirado do ar

Nessa quarta-feira (8), o juiz Benedicto Abicair decretou a retirada do vídeo, sob justificativa de que "por todo o exposto, se me aparenta, portanto, mais adequado e benéfico, não só para a comunidade cristã, mas para a sociedade brasileira, majoritariamente cristã, até que se julgue o mérito do Agravo, recorrer-se à cautela, para acalmar ânimos”.

A atitude do juiz está sendo vista por muitos como um ato de ‘censura’ e ‘retrocesso’. A deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL-SP) disse, em seu Twitter, que a ação do juiz representa hipocrisia e falso moralismo. 

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Em uma forma de censurar a divulgação de informações sobre o trabalho da Polícia Militar para a imprensa, o Governo de Pernambuco publicou uma portaria na véspera de Natal em que veda a concessão de entrevistas, bem como a vinculação de imagens de casos policiais negativos. Somente poderão ser noticiados os fatos considerados positivos ou neutros, omitindo assim, a real condição de violência no Estado.

No caso das entrevistas e dos esclarecimentos de dados, os agentes da PM somente estarão autorizados a falar com a imprensa perante decisão do Comando Geral da PM. As imagens de suspeitos indo presos em flagrante também estão proibidas de serem enviadas à imprensa ou publicadas em redes sociais e sites. 

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“Veda-se terminantemente a divulgação de imagens de policiais militares nas redes sociais como sites, Instagram, Facebook, Whatsapp, Twitter, Youtube e semelhantes, que estejam em situações constrangedoras, degradantes ou que exponham a imagem dele e da Corporação”, diz a portaria.

A determinação, no entanto, não vale para a Polícia Civil. Desde 2017 que a Secretaria de Defesa Social não divulga mais diariamente informações detalhadas de homicídios, como nome da vítima, idade e dia e local do crime. 

Após a repercussão negativa de sua sugestão de homenagem ao ditador chileno Augusto Pinochet, que governou seu país entre 1973 e 1990, o deputado Frederico D’Ávila (PSL-SP) afirmou, em entrevista à Folha de São Paulo, na última quinta-feira (21), que está sofrendo “censura” e “seletividade”. A sessão em louvor à memória do general, solicitada para o dia 10 de dezembro, deverá ser cancelada pelo presidente da casa, Cauê Macris (PSDB).

“Aqui já houve sessão em homenagem ao Che Guevara, ao Stedile (líder do MST), à Dilma, e ninguém falou nada. O PC do B faz congresso em que exalta Trotski, Lenin, Stalin e fica por isso mesmo”, afirmou D’Ávila. O deputado é um dos maiores apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) e líder ruralista.

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A tragédia humanitária ocorrida no Chile sob o governo Pinochet está ampla e oficialmente documentada pela Comissão de Verdade e Reconciliação, a Corporação Nacional de Reparação e Reconciliação e a Comissão Nacional sobre Prisão Política e Tortura. Calcula-se que o número de vítimas da ditadura militar no país chegue a 40.018, entre presos, torturados e mortos. No ano passado, o Chile destituiu o coronel Germán Villaroel, responsável por uma homenagem feita nas dependências da Escola Militar do país ao genocida Miguel Krassnoff Martchenko, que cumpre pena por 71 crimes contra a humanidade cometidos durante o governo Pinochet.

As primeiras páginas dos jornais australianos apresentam nesta segunda-feira (21) protestos contra o retrocesso da liberdade de expressão e o sigilo do governo.

Os jornais nacionais e regionais, incluindo alguns muito famosos como The Australian, The Sydney Morning Herald e Australian Financial Review, publicaram o protesto. Canais de televisão também exibiram anúncios com a pergunta: "Quando o governo esconde a verdade de você, o que eles estão acobertando?".

A campanha pelo direito à informação foi organizada depois das operações da polícia há alguns meses na sede do canal ABC e na residência de uma jornalista de News Corp, que divulgaram informações que provocaram constrangimento ao governo.

A imprensa australiana deseja que os jornalistas não sejam submetidos à severa legislação de segurança nacional por considerar que isto complica seu trabalho.

"A cultura de sigilo que deriva destes dispositivos legais restringe o direito de todo australiano a estar informado e vai muito além da intenção original de segurança nacional", disse Paul Murphy, diretor do sindicato Media Entertainment e Arts Alliance.

"As operações policiais na residência da jornalista da News Corp Annika Smethurst e na sede da ABC em Sydney são ataques à liberdade de imprensa na Austrália e são apenas a ponta do iceberg", completou Murphy.

Após as operações, três jornalistas podem receber acusações penais: Smethurst por ter revelado que o governo pretendia espionar os australianos e dois da ABC por uma denúncia de crimes de guerra supostamente cometidos pelas forças especiais australianas no Afeganistão.

A imprensa também deseja mais proteção para os informantes, um avanço na liberdade de informação e uma reforma da lei sore difamação.

Ao contrário da maioria das democracias, a Austrália não possui uma declaração de direitos ou proteção constitucional da liberdade de expressão.

O primeiro-ministro Scott Morrison disse que seu governo "acredita na liberdade de imprensa", mas insistiu que os jornalistas não estão acima da lei.

O Ministério Público Federal no Rio de Janeiro (MPF/RJ) entrou com ação civil contra o ministro da Cidadania Osmar Terra pela prática de ato de improbidade administrativa. A ação contesta a edição da Portaria no 1.576, de 20 de agosto de 2019, que suspendeu, “pelo prazo de 180 dias, prorrogável por igual período”, um edital para seleção de projetos audiovisuais que seriam veiculados nas TVs públicas.

Segundo apurou o MPF/RJ, a Portaria foi motivada por discriminação contra projetos com temática relacionada a lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis – LGBTT, dentre os quais os documentários “Sexo Reverso”, “Transversais”, “Afronte” e “Religare Queer”, desmerecidos pelo presidente da República em vídeo publicado no dia 15 de agosto de 2019.

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A suspensão do concurso causou, segundo apurado no inquérito civil, dano ao patrimônio público federal no valor de R$ 1.786.067,44, referente aos gastos já efetuados com sua realização.  

A ação do MPF pede a anulação da Portaria e a conclusão do concurso, e ainda a condenação do Ministro Osmar Terra nas penas da Lei de Improbidade Administrativa (Lei 8.429/92), a saber:

a) ressarcimento integral dos valores dispendidos com a realização do concurso referente à Chamada Pública BRDE/FSA – PRODAV – TVs Públicas – 2018, apurados em R$ 1.786.067,44 (um milhão, setecentos e oitenta e seis mil, sessenta e sete reais e quarenta e quatro centavos), monetariamente atualizados;

b) perda da função pública exercida;

c) suspensão dos direitos políticos por oito anos;

d) pagamento de multa civil em valor equivalente a duas vezes o valor do dano causado;

e) proibição de contratar com o Poder Público Federal ou dele receber benefícios, incentivos fiscais ou creditícios, pelo prazo de cinco anos.

Fatos apurados pelo MPF -  Os fatos narrados na ação do MPF constam de inquérito civil com mais de novecentas páginas, instaurado para investigar a prática de eventual censura e discriminação na suspensão da Chamada Pública BRDE/FSA/PRODAV – TVs Públicas 2018, voltado à “seleção, em regime de concurso público, de projetos de produção independente de obras audiovisuais seriadas brasileiras, com destinação inicial para os canais dos segmentos comunitário, universitário, e legislativo e emissoras que exploram o serviço de radiodifusão pública e televisão educativa”.

Coordenado pela Ancine, o concurso foi iniciado em março de 2018 e, em agosto de 2019, quando foi editada a portaria ministerial, estava em sua fase final. Contemplava projetos variados, agrupados em catorze blocos temáticos (“Livre”, “Ficção-Profissão”, “Ficção-Histórica”, “Sociedade e Meio Ambiente”, “Raça e Religião”, “Diversidade de Gênero”, “Sexualidade”, “Biográfico”, “Manifestações Culturais”, “Qualidade de Vida”, “Jovem”, “Documentário Infantil”, “Animação Infantil” e “Animação Infanto-Juvenil”).

Consta do processo administrativo do concurso que 801 propostas estavam inscritas. Na fase de avaliação, 613 propostas passaram pela análise de 121 pareceristas selecionados através de edital público. Conforme as regras do edital, foram classificados os cinco projetos com melhor pontuação para cada bloco temático/região, totalizando 289 produções.

Segundo as regras do edital, o Ministro da Cidadania e o Secretário Especial de Cultura, enquanto órgãos de direção superior, não participam legalmente do processo de seleção dos projetos. Todavia, de acordo com o que foi apurado, no dia seguinte à manifestação do Presidente da República, o Ministro Osmar Terra determinou a elaboração de pareceres sobre minuta de portaria de suspensão do concurso, justificando, para tanto, que a medida era necessária para a recomposição dos membros do Comitê Gestor do Fundo Setorial do Audiovisual.

Ouvido pelo MPF no último dia 26/09/19, o ex-Secretário Especial de Cultura, José Henrique Pires, apresentou cópia de documentos do processo administrativo, e relatou que recebeu um pedido por parte do chefe de gabinete do Ministro, para que analisasse e se manifestasse “com urgência” sobre a minuta da portaria. Segundo a testemunha, a minuta não se encontrava devidamente justificada e tratava-se, em seu entender, de “mais uma tentativa de chancelar o que o presidente havia dito, isto é, não veicular conteúdos que não lhe agradem”.

“O Ministro, em declarações posteriores, disse que não tinha a obrigação de seguir o que um funcionário do governo anterior havia falado, mas isso não é verdade, pois o concurso em andamento era o resultado de um conjunto de deliberações feitas pelo Conselho Nacional de Cinema e pelo comitê gestor do FSA”, afirmou a testemunha.

O ex-secretário Especial de Cultura afirmou ainda ter “alertado ao Ministro que posições de censura poderiam causar problemas de ordem jurídica, sem falar no prejuízo causado às pessoas que, de boa fé, participaram do concurso, e que estão sem acesso aos recursos previstos”.

A falta de justificativa para a edição da Portaria também foi apontada por escrito pelo órgão de controle interno do Ministério da Cidadania, mas mesmo assim o Ministro manteve a determinação de suspender o concurso em sua fase final.

Segundo informou a ANCINE ao MPF, a União já gastou com a Chamada Pública BRDE/FSA/PRODAV – TVs Públicas a importância de R$ 1.786.067,44.

Ato de Improbidade -  Afirma a petição inicial da ação que o verdadeiro motivo da suspensão foi impedir que os projetos mencionados pela presidência da República sagrassem-se vencedores. Como não havia meio legal de impedir que somente os quatro projetos fossem excluídos do concurso em sua fase final, a “solução” encontrada foi a de sacrificar todo o processo.

Como registra a ação, além do dano ao Erário causado pela suspensão do concurso, “a discriminação contra pessoas LGBT promovida ou referendada por agentes públicos constitui grave ofensa aos princípios administrativos da honestidade, imparcialidade, legalidade e lealdade as instituições”. A ação lembra que em junho de 2019 o Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADO 26/DF, afirmou expressamente que “os homossexuais, os transgêneros e demais integrantes do grupo LGBT têm a prerrogativa, como pessoas livres e iguais em dignidade e direitos, de receber a igual proteção das leis e do sistema político-jurídico instituído pela Constituição da República, mostrando-se arbitrário e inaceitável qualquer estatuto que exclua, que discrimine, que fomente a intolerância, que estimule o desrespeito e que desiguale as pessoas em razão de sua orientação sexual ou de sua identidade de gênero. (...) O Estado não pode adotar medidas nem formular prescrições normativas que provoquem, por efeito de seu conteúdo discriminatório, a exclusão jurídica de grupos minoritários que integram a comunhão nacional.”

Shows cancelados, financiamentos suspensos. Os artistas no Brasil denunciam ser alvo de uma censura em meio à "guerra cultural" impulsionada pelo presidente Jair Bolsonaro, um fenômeno que afeta principalmente as produções com temática LGBT.

"Sabíamos que a chegada ao poder de Bolsonaro (em janeiro) seria um giro dramático, mas nem nos meus piores pesadelos, teria imaginado que seria tão terrível", diz à AFP Artur Luanda Ribeiro, da companhia de teatro gestual Dos à Deux, fundada em 1998 em Paris e instalada no Brasil desde 2015.

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De acordo com a companhia, a obra "Gritos" (2016), em que Ribeiro interpreta um transsexual, foi retirada na semana passada da programação do teatro da Caixa em Brasília.

Em um e-mail enviado à AFP, a Caixa informou que a companhia havia oferecido a exibição de dois espetáculos, "Gritos" e "Aux Pieds de la lettre" (2001), e que o teatro escolheu apenas o último, sem explicar o motivo.

- "Temos medo de ser fichados" -

Com seu companheiro, André Curti, com quem cria todos os espetáculos, Ribeiro teme que qualquer novo projeto que a companhia apresente sofra com as mesmas decisões.

"Temos medo de que a companhia seja fichada. Eles bem podem dizer: 'Dos à deux', não", afirma.

"Trabalhei durante a ditadura militar no começo dos anos 1980 e lembro que os censores assistiam aos ensaios e nos interrompiam, dizendo: 'isso, não'. A diferença agora é que (a censura) está oculta, subentendida", acrescentou Curti.

Bolsonaro nega que pratique a censura, embora insista na necessidade de aplicar "filtros" nas subvenções destinadas a projetos culturais.

"Eu não vou fazer apologia a filtros culturais. Para mim, isso tem nome: é censura. Se eu estiver nesse cargo e me calar, vou consentir com a censura. Não vou bater palma para este tipo de coisa. Eu estou desempregado. Para ficar e bater palma pra censura, eu prefiro cair fora", disse Henrique Pires, ex-secretário especial de Cultura do governo, que deixou o cargo no fim de agosto.

Seu posto equivalia ao de ministro da Cultura, uma pasta que foi extinta pelo atual governo e absorvida pelo ministério da Cidadania, no mesmo nível que a de Esportes.

Para Pires, a gota d'água foi a suspensão de um edital para financiar projetos de séries para a TV pública, em que quatro finalistas abordavam temáticas LGBT.

Em 15 de agosto, durante uma transmissão pelo Facebook Live, o próprio Bolsonaro enumerou os projetos que seriam afetados, lendo a sinopse com um sorriso de ironia.

"O filme é sobre uma ex-freira lésbica", disse. "Confesso que não entendi por que gastar dinheiro público, no que isso pode agregar no tocante à nossa cultura, às nossas tradições. Não estou perseguindo ninguém, cada um faz o que bem entender com seu corpo, mas gastar dinheiro publico para fazer esse tipo de filme...", disse antes de descartar a folha de papel.

"Mais um que vai para o lixo", acrescentou.

- Cada vez mais medo -

Bolsonaro se referia a "Religare Queer", que trata da presença de homossexuais entre os fiéis das grandes religiões "tradicionalmente homofóbicas".

Seu roteirista, Kiko Goifman, ficou indignado com a medida. "Fomos cortados por um gesto completamente arbitrário", afirmou. "A gente entende [isso] como um ato de censura".

Goifman também é codiretor do filme "Bixa Travesty", que ganhou o Teddy Award, prêmio concedido às produções LGBT do Festival de Berlim, mas que não pôde ser distribuído no Brasil apesar de já ter estreado em mais de 25 cidades da França.

Em 2018, a produção ganhou um prêmio de 200.000 reais da Petrobras para cobrir os custos de distribuição, conta Goifman.

"Um belo dia estou em casa, toca meu telefone, e recebo uma ligação da Petrobras falando que não vão pagar. Falaram que não iam pagar, mais nada", contou.

Consultada pela AFP, a Petrobras atribuiu esta decisão a uma reformulação na estratégia de patrocínios culturais.

Goifmann recorreu à Justiça para reverter a decisão e, enquanto espera uma decisão favorável, diz se sentir amordaçado porque considera que tudo o que disser pode ser usado contra ele no processo.

Enquanto as produções LGBT são castigadas pela censura, outros círculos culturais esperam que ocorra o mesmo.

Felipe Haiut, comediante e roteirista, também expressa seus temores: "Sempre que vou ter uma ideia, vou ter que pensar se aquilo pode vir a ser vetado ou não, se vou ser atacado online, se vou conseguir recursos para aquilo...", comenta. "As empresas estão com medo agora, porque o governo está em cima. Não pode acontecer, as empresas não podem se sentir acuadas. Estamos vivendo uma guerra cultural.".

Em setembro de 2017, o espetáculo 'O evangelho segundo Jesus, Rainha do Céu' foi proibido de ser apresentado na cidade de Jundiaí, em São Paulo, sob justificativa de “macular o sentimento do cidadão comum”. O espetáculo, que traz o personagem Jesus Cristo como uma mulher transexual, voltou a sofrer perseguição no ano seguinte, quando foi cancelada da programação do Festival de Inverno de Garanhuns pelo próprio governo pernambucano, desta vez, sob pretexto de ser causador de polêmica.

Pelo mesmo caminho, percorreram os espetáculos Abrazo, do grupo Clowns de Shakespeare, e Gritos, da Companhia Dos à Deux, que tiveram temporadas canceladas pela Caixa Cultural (do Recife e Brasília, respectivamente); Coroação de Nossa Senhora dos Travestis, do Grupo Academia Transliterária, retirado da Virada Cultural de Belo Horizonte após petição online; e o espetáculo Res Pública 2023, da Companhia Motosserra Perfumada, proibido de estrear em São Paulo por não reunir "qualidade artística", segundo o diretor da Funarte, Roberto Alvim. Todos no ano de 2019. Em comum, os espetáculos citados têm temáticas LGBT e de viés político.

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Muito embora os casos citados acima tenham ocorrido em pleno século 21, o cenário que se vislumbra para os profissionais das artes cênicas é o mais pessimista possível. Além de estarem diante do afunilamento do espaço para escoar suas produções artísticas, os trabalhadores das artes cênicas ainda se veem diante da dificuldade em levantar recursos e obter apoio financeiros para suas produções. Nesta quinta (19), em que se celebra o Dia Nacional do Teatro, o LeiaJá conversou com alguns representantes da classe em Pernambuco a fim de entender como estão se colocando em meio ao cenário atual das artes no Brasil e quais são as perspectivas para o futuro. 

Teatro de Pernambuco

Pernambuco tem uma história de vasta produção teatral. Em meados da década de 1950, os principais jornais da capital contavam com cronistas especialmente dedicados a escrever sobre o que se apresentava nos palcos do Recife. As companhias e artistas pernambucanos também provaram, ao longo dos anos, o poder das suas artes cênicas com grandes produções, artistas e dramaturgos que percorreram os quatro cantos do país, a exemplo do Teatro de Amadores de Pernambuco (TAP), Waldemar de Oliveira, Hermilo Borba Filho e Geninha da Rosa Borges. 

Os caminhos, no entanto, nunca foram fáceis. Oséas Borba Neto, diretor do grupo João Teimoso, relembra algumas dificuldades: "Comecei a fazer teatro ainda no período da ditadura, então a gente aprende a se virar, nem sempre a gente teve lei de incentivo e censura sempre foi um fantasma". Ele conta que no início do grupo, há 18 anos, o dinheiro que viabilizava as produções vinha de rifas, ajuda de amigos, Livro de Ouro (estratégia para levantar dinheiro mediante assinaturas dos que se disponibilizam em doar) e marketing direto. 

O diretor do grupo Totem, Fred Nascimento, também sabe o que é fazer arte cênica com recursos e ajuda escassos: "Se fossemos depender de financiamentos e ajuda financeira não existiríamos, pois sempre sobrevivemos 'às próprias custas S/a'. Nosso primeiro edital de financiamento foi aprovado em 2011, quando o grupo já tinha 23 anos". Hoje o Totem já conta 32 anos de estrada. 

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Sobre apoio e incentivo, Samuel Santos, diretor do grupo O Poste, aponta o descaso do poder público para com as artes: "Os cortes para a cultura sempre foram violentos, ou melhor, as políticas para a cultura geralmente são pensadas de forma tímida, menor, principalmente no teatro feito por coletivos, grupos e companhias do Nordeste". Fred complementa: "Quanto aos cortes institucionais, no Recife, os financiamentos, prêmios e fomentos financeiros já vêm acontecendo há anos, a classe perdeu o Fomento às Artes Cênicas da Prefeitura, perdeu o SIC (Sistema de Incentivo à Cultura, extinto em 2012), gerências foram extintas, temos teatros sucateados...".

Para driblar essa realidade, os grupos e companhias têm recorrido aos seus próprios artistas e público através de campanhas de financiamento coletivo, doações e o investimento de dinheiro do próprio bolso. "A gente não pode depender só de editais, aqui em Pernambuco a gente só tem o Funcultura e alguns pequenos editais que a Prefeitura do Recife lançou. A arte não vai parar, ela se reinventa e vai buscar novas formas de se produzir", diz Oséas Borba. 

Censura?

Nessa constante necessidade de reinvenção, está, também a preocupação em lidar com uma onda de proibições e um ensaio de volta da censura, haja vista os casos citados no início desta matéria. "Essa realidade já vinha se desenhando no cenário político brasileiro, que é a de um governo eleito dentro de uma democracia para instaurar a perseguição ao pensamento livre. É surreal, isso sempre nos pega de uma forma violenta. Como ainda é tudo 'novo', as articulações acontecem ainda timidamente, mas acontecem", frisa o diretor Samuel Santos. 

Ainda que de maneira tímida, tais articulações estão acontecendo em diversas frentes, como explica Fred Nascimento, do Totem: "Quanto à classe artística, vejo dois tipos de ação/reação, a primeira é aquela que vem em forma de arte, que estão surgindo cada vez mais, espetáculos que denunciam, que gritam, que partem pra briga, que chama pra luta, cada um à sua maneira, claro. isso vem crescendo. A segunda é a coletividade, os movimentos coletivos, cooperativas, que também já estão acontecendo, ainda são poucos, mas a tendência é crescer, e eu acredito nesse crescimento. Todos sabem que o futuro de sua arte, de sua própria sobrevivência, depende disso". 

Os outros diretores concordam com Fred e engrossam o coro sobre a importância da coletividade. "O que precisamos é nos articular mais. Resistir e existir", diz Samuel. Oséas complementa: "A gente tem que aprender a esquecer nossa diferenças e se unir, as artes como um todo, a gente prega muito isso na Guerrilha Cultural da gente. Do contrário, eles vão começar a eliminar os mais fracos e aquele segmento que tiver um pouquinho mais de estrutura será o último a ser levado. Acho que o caminho é a união para enfrentar todo esse turbilhão que vem pela frente". 

Dar as mãos é a forma que esses artistas do teatro, seus grupos e colegas encontraram para resistir e continuar o seu fazer artístico de maneira livre. O objetivo comum é romper com qualquer amarra para que sua arte nunca se acabe e continue tocando e sensibilizando o público. Fred Nascimento conclui: "A liberdade é essencial para qualquer atividade humana. A arte é o biscoito fino da humanidade, portanto, aqueles que tolhem, censuram, perseguem e proíbem qualquer tipo de liberdade são pessoas autoritárias e, politicamente falando, são pessoas perigosas, pois querem silenciar os que não pensam iguais a eles. Os grupos, diretores, atores, produtores, dançarinos, performers, músicos e todos os artistas e técnicos têm uma grande batalha pela frente e devem sempre denunciar e resistir ao autoritarismo. Jamais devemos nos calar ou retroceder diante do obscurantismo e sim enfrentá-lo". 

Imagens: Reprodução

Chico Peixoto/LeiaJáImagens/Arquivo

Reprodução/InstagramGrupoTotem

Autoridades cubanas denunciaram nesta quinta-feira (12) uma "censura" do Twitter, após a suspensão de dezenas de contas de veículos de imprensa e órgãos oficiais, enquanto a rede social destacou violações em suas normas sobre múltiplas contas.

A suspensão ocorreu na noite de quarta-feira, em um momento em que o presidente Miguel Díaz-Canel se apresentava ao vivo na televisão para falar sobre uma crise de combustíveis na ilha.

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O Ministério da Cultura considerou ter havido uma "operação do Twitter made in EUA para tentar silenciar Cuba" e denunciou que a rede social "censurou" as contas de vários de seus vice-ministros, além de que "muitas outras contas foram bloqueadas".

Durante a fala do presidente, o "Twitter suspendeu as contas dos principais veículos e operadores de informação em Cuba", informou a chancelaria cubana nesta rede social.

"Em uma evidente operação orquestrada, tentou-se limitar os pronunciamentos dos revolucionários a favor da verdade", acrescentou. O corte de contas ocorreu enquanto o presidente cubano apontava Washington como responsável pela falta de combustível, por suas sanções contra a ilha.

Quando o chefe de Estado começou a falar, a conta do programa foi suspensa, assim como a do canal de televisão Caribe e a de outros veículos de comunicação oficiais, incluindo os históricos jornais Granma e Juventude Rebelde.

As contas do Ministério das Comunicações, assim como a da deputada Mariela Castro - filha do ex-presidente Raúl Castro - e do Partido Comunista de Cuba (PCC, único) também foram suspensas, constatou a AFP.

"O Twitter censura maciçamente jornalistas e mídia em Cuba", reagiu a União de Jornalistas cubanos, ao lembrar que o Grupo de Tarefas da Internet para Cuba, criado pelo Departamento de Estado americano, recomendou em junho usar esta rede social como "rodovia da subversão" na ilha.

Contatado pela AFP, o Twitter referiu-se a regras de manipulação em sua plataforma, particularmente à proibição de "amplificar ou perturbar de forma artificial as conversas através do uso de contas múltiplas".

Sem querer entrar em detalhes, a rede social informou ter comunicado "violações de sua política diretamente aos proprietários das contas" referidas.

Cuba, um dos países que durante muitos anos foi dos menos conectados do mundo, transformou a informação em uma prioridade, com a chegada, em dezembro, da Internet aos telefones celulares (3G). Mas o governo lembrou em julho que a Internet deve ser "um instrumento para a defesa da revolução".

A ilha é alvo regular de críticas de ONGs pelo controle excessivo nesta área. Em um recente informe, a ONG Freedom House denunciou que "os blogs e os sites críticos são frequentemente bloqueados".

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