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Uma mãe tentou vender seu filho recém-nascido por R$ 400 na porta da maternidade do município de Manacapuru, no interior do Amazonas. Mas o Conselho Tutelar conseguiu resgatar o bebê e a questionou sobre a criança. Depois disso, a mulher fugiu da maternidade.

Antes do resgate, o bebê havia dado entrada na unidade e recebia os primeiros socorros após a mulher ter parido no cais, no Centro de Manacapuru. O Conselho Tutelar informou que recebeu a denúncia e uma equipe foi até a maternidade para verificar o caso.

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De acordo com o conselheiro Elivon Lira, a mulher não tem casa, é usuária de bebidas alcoólicas e substâncias ilícitas. "Após esse procedimento, eu conversei com ela quanto conselheiro. Ela se alterou e se evadiu da unidade hospitalar sem mesmo concluir o atendimento médico dela", informou.

Após receber os atendimentos, o bebê foi encaminhado para um acolhimento na cidade, onde deve ficar abrigado.

O deputado estadual Alberto Feitosa (PSC) concluiu que a carência de 3.896 vagas em creches e escolas da Prefeitura do Recife para 2021 deve aumentar a capacidade do tráfico de drogas. Nessa quarta-feira (24), ele disparou contra as gestões municipal e estadual do PSB.

"Se não bastasse esse tempo todo de pandemia, período no qual a Prefeitura poderia ter construído ou reformado as creches e escolas do Município, o que vemos é abandono, e o pior ainda pode estar por vir, pois esses jovens, ao não comparecer às salas de aula, ficando expostos nas ruas, se tornarão alvos fáceis de aliciamento pelo narcotráfico do Recife", frisou o deputado em comunicado.    

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Apesar do aumento de 14% na disponibilidade de matrículas na rede pública em comparação ao ano passado, as 23 mil vagas para o novo ano letivo não priorizaram a lista de espera encaminhada pelos Conselhos Tutelares, que denunciaram a Prefeitura ao Ministério Público.

Evidências de corrupção

Das 5.198 vagas solicitadas em 2021, só 1.302 foram respondidas. "Essa é a marca do PSB. Todo dia é uma novidade negativa do Governo Estadual, com Paulo Câmara e agora, da Prefeitura do Recife, com João Campos; incrível como eles são péssimos gestores", criticou Feitosa.

Ele alega que a arrecadação dos impostos é mal utilizada pelo prefeito e destaca evidências de corrupção. "Dinheiro para saúde e educação não tem, mas para árvore de natal (de quase R$ 1 milhão de reais), refazer calçadas em área nobre, pagar instrumentos musicais sem utilidade e com evidências de corrupção, isso tem! O povo de Pernambuco está de olho, 2022 está chegando!", concluiu.

Uma mulher foi presa após deixar os cinco filhos menores de idade sozinhos em casa em Paranatama, no Agreste de Pernambuco. Ela foi autuada por abandono de incapaz e vai responder ao processo em liberdade.

A mulher saiu de casa no sábado (19). Ficaram sozinhas em casa cinco crianças com idades entre 11 e 3 anos.

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No domingo (20), o Conselho Tutelar e a Guarda Municipal acionaram a Polícia Militar, que esteve no local por volta das 15h e constatou o abandono. A mãe das crianças chegou à residência cerca de uma hora depois dos policiais.

A mulher foi levada para a 18ª Delegacia Seccional de Polícia Civil de Garanhuns, no Agreste de Pernambuco. Segundo a Polícia Civil, as investigações vão continuar até a completa elucidação do caso.

Uma adolescente de 13 anos era obrigada pela mãe a comprar drogas e se prostituir em Castanhal-PA, segundo o Conselho Tutelar. O caso foi descoberto após denúncia anônima. As informações são do G1.

De acordo com a investigação, a mãe da garota, que é cega, é usuária de drogas e a obrigava a filha a levá-la em um ponto de venda de entorpecentes. 

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O Conselho Tutelar e a Guarda Municipal estiveram na casa da família e constataram que a adolescente estava em situação de risco. A jovem foi encaminhada para prestar depoimento na Divisão Especializada no Atendimento à Criança e Adolescente.

No local, ela confirmou que estava sendo abusada sexualmente com o consentimento da mãe, mediante pagamento em dinheiro, o que configura a exploração sexual de vulnerável.

Até o momento, nenhuma prisão foi decretada, o que pode ocorrer ao fim das investigações da Polícia Civil. A adolescente foi levada para um abrigo municipal.

Nesta quarta-feira (28), foi aprovado o projeto de lei (PL 270/20), que obriga as escolas a notificarem os conselhos tutelares dos municípios sobre ocorrências e dados relativos a casos de violência envolvendo alunos, em especial automutilação, tentativas de suicídio e suicídios consumados. A proposta é da deputada Rejane Dias (PT/PI), e teve aprovação da relatora, professora Rosa Neide (PT/MT).

O PL modifica a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que obrigava os colégios a notificar os conselhos tutelares apenas os casos de alunos com excesso de faltas. A proposta ainda altera a Lei 13.819/19, determinando que a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio informe e armazene dados sobre casos de automutilação, tentativa de suicídio e suicídio consumado nas instituições de ensino do país.

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Rosa Neide avalia a importância de coletar dados sobre saúde mental no ambiente escolar. “A escola é o principal lugar de socialização presencial dos jovens em tempos normais. Mesmo na pandemia de Covid-19, as interações com a comunidade escolar continuam a promover conhecimentos, aprendizagens, relacionamentos ou desafios que envolvem os sentimentos de pertencimento, frustração e pressão social, que influenciam a saúde mental dos alunos”, afirmou a relatora, conforme informações da Agência Câmara de Notícias.

A proposta aguarda análise das comissões de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Com informações da Agência Câmara de Notícias

Foi encontrada na manhã dessa quinta-feira (22), uma criança que se encontrava abandonada e em estado precário dentro de uma casa alugada na cidade de Volta Redonda, no Rio de Janeiro. Com apenas 4 anos de idade, ele estava sozinho, trancado, sem comida, água e luz. O Conselho Tutelar foi acionado pelos vizinhos por volta das 9h da manhã por terem escutado o choro da criança e as batidas desesperadas na porta.

A criança estava magra e foi encontrada com muita sede, fome, estando morando na casa há pelo menos um mês em um imóvel alugado com o pai e madrasta, que não foram encontrados. A mãe do garoto já faleceu.

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Uma testemunha ouvida pelo Diário do Vale, que não quis se identificar, revelou como estava o imóvel.

”Dentro da casa havia muita sujeira. Não havia nem fogão, alimentos, nada. O Conselho Tutelar teve inclusive, que acionar a Polícia Militar porque a porta estava trancada. Como o imóvel é alugado e os responsáveis pela criança não estavam em casa, não tinha como ninguém entrar. A dona do imóvel esteve presente e, junto à PM, abriu a casa durante a diligência para o resgate da criança, que estava chorando muito”, disse.

Por relatos da vizinhança, os responsáveis são usuários de drogas e essa foi não foi a primeira vez que isso aconteceu. O garoto passa bem, passou por exames de corpo e delito, onde não foi identificado nenhum tipo de violência ou agressão física.

 

Em Brasília, uma mulher tirou o seu filho de 13 anos, que está com quadro de Covid-19 e de pneumonia, do Hospital Regional do Guará sem a prévia autorização médica. O fato aconteceu neste sábado (03).

Segundo o site Metrópoles, o fato causou alvoroço entre os profissionais de saúde da unidade, que procuraram o Conselho Tutelar para denunciar o episódio. Os servidores disseram que mãe e filho "evadiram do hospital com a justificativa de que iriam buscar atendimento em um hospital particular".

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Ao site, a mãe confirmou a decisão e salientou que o adolescente já está sendo atendido no hospital particular. "Já está tudo bem e ele está sendo atendido num hospital particular aqui mesmo em Brasília", assegurou.

O Conselho Tutelar resgatou na noite desta quinta-feira (25) uma criança de três anos presa dentro de um barril no bairro do Itaim Paulista, Zona Leste de São Paulo. A mãe da criança, de 20 anos, foi detida em flagrante pela polícia militar. 

Os policiais e o Conselho Tutelar foram ao local atender a uma denúncia de maus-tratos e encontraram a criança nua, dentro de um barril que estava rente a parede da casa, para evitar a saída do local. O menino foi levado pelo conselho tutelar.

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De acordo com a polícia, a mãe do menino estava na casa quando as equipes chegaram. Ela foi autuada em flagrante e encaminhada para o 50º Distrito Policial, do Itaim Paulista, onde o caso será apurado pelos investigadores.

Outro caso semelhante de maus tratos à crianças também foi registrado neste mês de fevereiro na Zona Leste da capital paulista. Em 6 de fevereiro, uma criança de dois anos foi encontrada amarrada por fios, sozinha, em uma casa na região de Cidade Líder.

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Após o resgate do garoto de 11 anos, que foi acorrentado sem roupa em um tonel pela família, e a prisão dos responsáveis no último dia 30, a Promotoria de Justiça de Campinas, no Interior de São Paulo, denunciou pai, madrasta e a filha. Após ser observada em uma unidade de saúde, a criança aguarda a decisão sobre sua guarda em um abrigo municipal e pode ficar com os tios.

A denúncia se apoia nas lesões confirmadas pelo laudo do exame de corpo de delito e acrescenta que o pai deve responder por abandono intelectual, visto que não o matriculou em uma escola no ano passado. Após ficar preso por longos períodos embaixo do sol, sem receber água e alimento, o menor foi encontrado desidratado e desnutrido.

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A Polícia Militar indica que ele chegou a comer as próprias fezes para sobreviver, quando não recebia cascas de banana e fubá cru. O pai alegou que tratava o filho dessa forma para educa-lo. Na casa, os agentes foram surpreendidos com a despensa cheia.

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) também vai apurar a eventual incompetência do Conselho Tutelar local e demais integrantes da rede de proteção no atendimento prestado à vítima. Sem nenhuma denúncia de maus-tratos registrada, a Promotoria solicitou detalhes sobre a fiscalização em 2020.

Revoltados com o caso, após a prisão dos envolvidos, vizinhos depredaram a casa da família no Jardim das Andorinhas, periferia de Campinas.

Após o resgate do menino de 11 anos, que foi despido, torturado e acorrentado em um barril de metal pela família, o prefeito de Campinas, Dário Saadi (Republicanos), estipulou o prazo de 24h para que as secretarias responsáveis apresentem relatório sobre o atendimento prestado ao menor. No sábado (30), ele afirmou que comeu as próprias fezes, pois não recebia comida há cinco dias. 

O ciclo familiar da vítima era acompanhado pelo Conselho Tutelar e pela Rede de Assistência Social do município do Interior de São Paulo. Contudo, nenhum dos órgãos identificou a tortura contra o garoto, denunciada por vizinhos.

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O Ministério Público, representado pela Promotoria da Infância e Juventude da cidade abriu processo para investigar o trabalho das entidades fiscalizadoras, sobretudo no último ano. A vítima foi internada em um hospital, onde se recupera dos traumas físicos.

O pai do menino, um auxiliar de serviços gerais de 31 anos, afirmou que torturava o filho para educá-lo. Ele foi preso em flagrante com a companheira, uma faxineira de 39 anos, e com sua filha, uma vendedora de 22 anos.

Dois irmãos, de dez e seis anos, foram flagrados com as mãos e pés amarrados em um abrigo da Prefeitura de Ituverava-SP. A Polícia Civil investiga o caso.

Segundo o boletim de ocorrência, conselheiras tutelares foram até a Casa Abrigo Benedita de Freitas Matos na terça-feira (29) a pedido de funcionários, que alegaram que os meninos estavam brigando.

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Uma das crianças foi encontrada dentro de uma ambulância com as mãos amarradas para trás com um pano. O outro menino estava dentro do abrigo, também amarrado. 

Responsável pelo abrigo, a Prefeitura de Ituverava lamentou o fato e afirmou ter aberto sindicância para apurar a conduta dos funcionários envolvidos. Segundo a gestão, eles foram afastados.

Os dois garotos foram levados para outra instituição. Segundo o R7, a mãe perdeu a guarda dos filhos após o menino mais velho ter sofrido abuso sexual de um homem conhecido da família.

Uma menina, de um ano e sete meses, foi resgatada na Paraíba após ser vendida pela própria mãe. A criança é natural de Santa Cruz do Capibaribe, no Agreste de Pernambuco, e está sob os cuidados do Conselho Tutelar do município desde a quinta-feira (19).

Encontrada após uma denúncia anônima, diante do inquérito policial, o Conselho Tutelar não pôde confirmar a cidade paraibana em que ela estava, nem se apresentava indícios de maus-tratos. “O nosso conselho recebeu a denúncia e nós a remetemos para a delegacia, que tem a competência de investigar e fez os encaminhamentos”, informou o conselheiro Marivaldo Andrade.

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Desde a sexta-feira (20), a garota está em uma casa de acolhimento, onde ficará temporariamente até o conselho encontrar parentes próximos, que tenham condições de recebê-la.

Tanto a genitora, quanto a família paraibana que a comprou, foram ouvidas pela Delegacia de Santa Cruz do Capibaribe, que conduziu a investigação. "A Polícia Civil informa que instaurou inquérito policial do caso e na ocasião, a genitora e os intermediadores foram indiciados", confirmou em nota.

Uma atriz, educadora social e candomblecista, moradora de Olinda, perdeu a guarda da filha de nove anos após o pai da criança ter denunciado que a menina sofria de maus tratos. O Conselho Tutelar foi acionado e providenciou o afastamento da criança de sua mãe após receber as denúncias. Segundo a defesa da mulher, o caso tem caráter de intolerância religiosa, uma vez que o denunciante colocou a religião praticada pela mãe, o Candomblé, como um dos motivos para que a filha deixasse sua casa. 

Segundo a advogada da mulher, Camila Antero, o pai da criança teria feito afirmado ao Conselho Tutelar que a menina estava sofrendo de maus tratos na casa da mãe, sendo agredida pelo padrasto e que estaria com os dentes infestados de larvas. Além disso, o homem também colocou a religião da família, o Candomblé,  como motivo para que a menina se afastasse da mãe. “Ele disse que não tem nada contra a religião mas que acha que não é um lugar para criança estar”, disse em entrevista ao LeiaJá. 

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Ainda de acordo com Camila, o pai da menina teria afirmado que os rituais da religião de matriz africana envolvem a ingestão de sangue animal, e por esse motivo, não concorda que a filha frequente o terreiro. Tal prática, no entanto, não é verdadeira. “Existe uma questão que afeta nosso povo, nós somos do Candomblé e foram veiculadas inverdades com caráter de intolerância religiosa”. A advogada afirmou que exames dentários foram realizados na criança comprovando que sua saúde bucal estava íntegra. 

No entanto, um pedido de guarda foi deferido ao pai da criança sem que a outra parte - a mãe e até mesmo a criança -,  tenha sido ouvida, conforme explica Camila. Um pedido de revogação dessa guarda já foi apresentado e o processo corre em segredo de Justiça. O LeiaJá tentou contato com o Conselho Tutelar, mas não obteve resposta até o fechamento dessa matéria. 

Por nota, o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) disse que, ao atuar na ação, baseou-se em indícios de provas e documentos de informações de negligência apresentados pela parte interessada. "Não foi alegado nos autos da ação que a criança sofria maus-tratos por frequenter terreiro de candomblé", diz o MPPE.

O órgão destacou que o processo segue tramitando em segredo de Justiça para decisão final da guarda, que pode confirmar ou reverter a decisão provisória. O MPPE requisitou no parecer um estudo social do caso por equipe multiprofissional do Tribunal de Justiça. "Eventuais questionamentos religiosos não foram absolutamente levados em consideração e nem serão, para a decisão da ação de guarda. O que será levado em consideração é o bem-estar da criança", reforçou o Ministério Público. A mãe da menina também foi procurada mas encontra-se em um ritual religioso e, sendo assim, não foi possível contactá-la. 

Apesar de ter se mantido em silêncio durante a evolução do caso, informações do jornal Folha de São Paulo apontam que a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, agiu nos bastidores junto à equipe de sua pasta para tentar impedir que a menina de dez anos, grávida após ser estuprada pelo próprio tio, fizesse o aborto legal. 

O caso veio à tona no dia 7 de agosto e já no dia 9 o ministério passou a manter contato via chamada virtual com os conselheiros tutelares Susi Dante Lucindo e Romilson Candeias, para obter informações e exercer influência sobre o caso. Somente no dia 10, Damares disse no Twitter que “Minha equipe está entrando em contato com as autoridades de São Mateus para ajudar a criança, sua família e para acompanhar o processo criminal até o fim”. 

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O objetivo de Damares, segundo o jornal, era transferir a vítima da cidade de São Mateus (ES), onde vivia, para um hospital em Jacareí (SP), onde aguardaria a evolução da gestação e teria o bebê, ignorando os riscos à vida e saúde física e mental da menina. 

Para isso, representantes do ministério e aliados políticos de Damares Alves foram enviados à cidade capixaba e realizaram várias reuniões com o objetivo de retardar o procedimento médico, pressionando os responsáveis por conduzir o caso e oferecendo benfeitorias ao conselho tutelar local. 

Algumas das reuniões virtuais teriam contado inclusive com a presença da própria ministra. De acordo com o jornal, foram pessoas da equipe de Damares Alves que vazaram o nome da vítima para a ativista bolsonarista Sara Giromini, conhecida como Sara Winter, que expôs o nome da menina e do hospital onde o aborto foi feito nas redes sociais antes que o procedimento fosse realizado, causando protestos em frente à unidade de saúde. A exposição da menina atenta contra o Estatuto da Criança e do Adolescente. 

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O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) da cidade de Limoeiro, município localizado no Agreste de Pernambuco, anunciou  novo processo seletivo destinado ao preenchimento de cinco vagas para conselheiro tutelar e cinco para suplente.

Para concorrer a uma das vagas, os interessados deverão comparecer na sede da Faculdade de Ciências Aplicadas de Limoeiro (Facal), localizada na rua Jeronimo Heraclio - Centro, no dia 18 de setembro, para retirada do cartão de inscrição, onde constará o local e horário indicado para realização das provas.

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A seleção será composta por uma prova objetiva comr 40 questões de conhecimento específico e por uma prova dissertativa. A carga horária e a remuneração dos candidatos aprovados não foram divulgadas. Quem deseja obter mais informações pode acessar o edital de abertura da seleção.

Vítima de vários estupros desde os seis anos de vida, uma criança, que hoje está com 10 anos de idade, descobriu que está grávida. O seu tio, principal suspeito, conseguiu fugir e a menor foi levada pelo Conselho Tutelar para um abrigo. A discussão agora é sobre a gestação e a Ordem dos Advogados do Brasil defende o direito legal do aborto. O caso aconteceu em São Mateus, Espírito Santo.

A interrupção da gravidez está nas mãos da Justiça. Segundo o jornal 'O Globo', o Juízo da Infância e da Juventude da Comarca de São Mateus afirma que a vítima está recebendo acompanhamento médico, psicológico e social. Além disso, afirma que o Juízo está considerando todas as hipóteses constitucionais legais "para o melhor interesse da criança. Este órgão se pauta estritamente no rigoroso e técnico cumprimento da legislação", afirma.

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O Juízo completa dizendo que questões religiosas, filosóficas, morais, ou de qualquer outro tipo não serão peso para a determinação do que deve ser feito com a gestação da criança.

O presidente da OAB-ES, José Carlos Rizk Filho, explica que do ponto de vista da lei, existe um duplo requisito para o aborto legal. "Além de ter sido estupro, gera risco para a vida da grávida. Então, entendemos que está muito legitimada a prática do aborto, para que se preserve a vítima. Não vejo nenhuma instância de restrição", afirmou José Carlos ao jornal.

O presidente garante que já solicitou às autoridades competentes o acesso aos documentos para acompanhar o caso e ficar ao lado da vítima. 

Na última sexta-feira (14), a Justiça de São Paulo devolveu à manicure Kate Ana Belintani a guarda de sua filha, retirada após uma denúncia ter sido feita pela iniciação da adolescente ao Candomblé, sob alegação de maus-tratos. O caso aconteceu na cidade de Araçatuba, interior do estado. 

A menina de 12 anos ficou com sua avó materna depois da denúncia anônima levar à perda da guarda. A avó, que é evangélica, também teria feito uma denúncia alegando que a menina era maltratada e sofria abusos sexuais. 

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As denúncias levaram conselheiros tutelares e policiais militares ao terreiro Ilê Axé Egbá Araketu Odê Igbô, onde mãe e filha estavam e tentaram explicar que não podiam deixar o local durante a realização do ritual. Mesmo assim elas foram levadas ao Instituto Médico Legal (IML), onde os exames não identificaram hematomas ou lesões. 

Decisão judicial 

Em seu depoimento, a adolescente afirmou que participava do ritual por vontade própria, fato que foi levado em consideração pelo juiz junto ao exame de corpo de delito e a uma manifestação do Ministério Público contra a retirada da guarda. Assim, o parecer determinou que a garota poderia voltar para casa. 

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Por levar a filha ao candomblé e permitir que a adolescente de 12 anos passasse por um ritual de iniciação na religião africana, que envolve raspar a cabeça, a mãe perdeu a guarda de sua filha. A ação foi movida pelo Conselho Tutelar de Araçatuba, interior de São Paulo, que recebeu denúncias feitas, inclusive, ela avó materna da garota, que é evangélica.

A mãe da adolescente garante que era um sonho da filha ser "feita" para o santo, que é quando o novo adepto fica 21 dias recluso no terreiro, tomando banhos de ervas e sendo exposto a fundamentos da religião. Essa feitura de santo é para a purificação do e que o novo candomblecista entre em contato com o axé, que na língua iorubá significa força ou poder, e renasça com os seus ancestrais.

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Segundo o UOL, no dia 23 de julho, o Conselho Tutelar de Araçatuba recebeu uma denúncia anônima dizendo que a jovem era vítima de maus-tratos e abuso sexual. Por conta dessas denúncias, o conselho e a Polícia Militar foram até o terreiro. No local, a adolescente confirmou que não sofria qualquer tipo de abuso e que estava passando por um ritual para se tornar filha de Iemanjá.

As autoridades não levaram em consideração a declaração da menor e a levaram, juntamente com a sua mãe, para a delegacia, só podendo sair do local depois que a jovem passou por um exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal, que não encontrou nenhum tipo de hematoma ou lesão.

Mesmo assim, familiares que não concordam com a religião escolhida pela adolescente, fizeram outras denúncias, registrando um boletim de ocorrência, apontando que a adolescente estava sendo mantida à força no terreiro e sob condições abusivas.

Depois disso, novamente policiais e conselheiros foram até o terreiro, mas não encontraram a adolescente lá - que já tinha passado pela purificação. Não desistindo, os familiares denunciaram o caso à promotoria, alegando que houve lesão corporal por causa do cabelo raspado.

Na Justiça, conseguiram transferir a guarda da menor para a avó materna. "O pior de tudo é que em nenhum momento ouviram minha filha ou a mim. Simplesmente a tiraram de mim. Eu nunca a obriguei a nada, esse sempre foi o sonho dela. Ela está chorando a todo momento, me liga de dez em dez minutos querendo vir para casa", alega a mãe.

O UOL revela que o Conselho Tutelar da cidade e os familiares que entraram na Justiça para conseguir a guarda da adolescente não quiseram falar sobre os fatos. Há uma semana, mãe e filha só se falam por telefone.

A Lei nº 8.069, mais conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), data de 13 de julho de 1990, quando foi assinada pelo então presidente Fernando Collor. Nesta segunda-feira (13), completa seu aniversário de 30 anos de vigência em proteção aos jovens e crianças do país, inspirada na Convenção sobre os Direitos da Criança de 1989, documento ratificado por mais de 196 países. Antes disso, vigorava no Brasil o Código de Menores, lei promulgada por João Figueiredo durante a Ditadura Militar brasileira em 1979 que tratava sobre “menores em situação irregular”. No entanto, sem prezar pela garantia de direitos básicos como, por exemplo, o acesso à escola durante todo o ensino básico. 

O estatuto, por sua vez, prevê em seu “Capítulo IV Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer”, artigo 53, que “A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - direito de ser respeitado por seus educadores”. 

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O ECA prevê ainda direitos como creche e oferta de ensino noturno regular, determinando que “o acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo”, como também o “não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular importa responsabilidade da autoridade competente”, sendo assim obrigação dos pais ou responsáveis fazer a matrícula das crianças e jovens. Além disso, existe ainda a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996, estabelecendo o ensino obrigatório dos 7 aos 14 anos. Em 2006, a lei foi alterada, determinando o ensino fundamental a partir dos 6 anos. No ano de 2009, foi aprovada a Emenda Constitucional 59, ampliando escolaridade obrigatória para 4 a 17 anos.

Desde 1990 a presença das crianças e adolescentes nas escolas melhorou consideravelmente, em grande parte devido ao ECA e outros normativos que o acompanham. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgados no relatório “ECA 25 Anos Avanços e Desafios da Infância e Adolescência no Brasil”, elaborado em 2015 pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) também apontam para um crescimento no número de matrículas de jovens entre 15 e 17 anos: de 5,4 milhões, em 1995, para 7,8 milhões de estudantes matriculados em 2014 em escolas públicas, segundo o Censo Escolar. 

Apesar disso, os números não são animadores, pois as altas taxas de repetência e distorção idade-série alinhadas a outros fatores ainda levam, mesmo com as determinações do ECA, a uma grande evasão de alunos, gerando exclusão e impedindo a universalização do ensino. Essa realidade também se revela nas estatísticas: A Pnad 2013 registrou mais de 3 milhões de meninos e meninas fora da escola, enquanto o estudo “Cenário da exclusão escolar no Brasil”, realizado em 2017 pela Unicef, detectou 2,8 milhões de crianças e adolescentes fora de instituições de ensino, sendo 57% (1,6 milhão) com idades entre 15 e 17 anos. Atualmente, Pernambuco é o estado brasileiro com a menor taxa de evasão do país (na rede estadual de ensino), passando de um percentual de abandono na casa dos 24% em 2007 (o que o colocava na 26º posição do ranking), para 1,2% em 2018, figurando desde 2013 como o estado com o melhor quantitativo. O número absoluto de abandonos, no entanto, não foi divulgado. 

Quem está fora da escola no Brasil?

Diante desse cenário, cabe uma reflexão sobre os motivos que levam à “fuga” de alunos das salas de aula e como é possível não apenas resolver, mas também prevenir o problema, buscando reduzir o número de estudantes em situação de repetência, distorção idade-série e evadidos, para enfrentar a exclusão escolar do Brasil. Antes de apontar as razões da exclusão escolar, é preciso falar de quem são as crianças e jovens do Brasil que permanecem, após 30 anos de Estatuto da Criança e do Adolescente, à margem do sistema de ensino. 

Verônica Bezerra é Especialista em Educação do Unicef há 2 anos e tem mais de 20 anos de experiência com educação no Brasil, trabalhando em universidades e na gestão pública. Segundo ela, “no Brasil, as redes estaduais e municipais somam cerca de 6,4 milhões de estudantes com dois ou mais anos de atraso escolar. Cerca de 2,6 milhões reprovados” e, historicamente, “a exclusão afeta crianças e adolescentes pretos, pardos e indígenas. Na educação há milhares de estudantes que passam pela escola sem aprender também”.

Para comprovar a afirmação, Verônica cita o Censo Escolar de 2018 (uma vez que o mais recente, de 2019, ainda passa por correções). “Tínhamos cerca de 2,6 milhões de estudantes de escolas estaduais e municipais reprovados no nosso país. Observe, tem exclusão escolar, tem o atraso escolar, tem o fenômeno da repetência e as populações mais atingidas são as preta, parda e indígena. Em termos de território, essas crianças e adolescentes estão mais nas regiões Norte e Nordeste, mais nas áreas de campo que urbanas, mais meninos do que meninas. Essas desigualdades estão muito presentes nestes recortes de raça, gênero, e todos são estudantes que estão numa linha de pobreza” afirma Verônica.

Detalhando melhor os números, a especialista conta que “Só no ano de 2018 mais de 912 mil crianças e adolescentes estavam na escola e dela saíram para não retornar. Estudantes negros e pardos deixam a escola quase duas vezes mais do que os brancos. Nessa faixa de negros e pardos, isso representa cerca de 48% do total de reprovados. Os indígenas têm a maior taxa de distorção idade-série e abandono. Mais de 41% dos estudantes estão em atraso escolar e aproximadamente 15 mil indígenas deixaram a escola em 2018”. 

Questionada sobre as razões que levam esse perfil de criança e adolescente a ser o mais frequentemente excluído, Verônica aponta para questões estruturais da sociedade, como violência, racismo, fome, trabalho infantil, pobreza e gravidez na adolescência, por exemplo. Para ela, a solução está na adoção de ações integradas em diversas áreas do setor público. “A partir de uma conjunção de forças de saúde, assistência e educação, que nós partejamos uma nova estratégia compreendendo trajetórias de sucesso”, diz a especialista. 

Por que a evasão persiste?

Os motivos para o abandono escolar são os mais diversos possíveis, mas alguns costumam ser mais frequentes. As altas taxas de repetência, que levam à distorção entre a idade e a série que o aluno está cursando, por exemplo, atrasam a conclusão dos estudos e geram desinteresse pela escola, maior causa apontada pelos estudantes que deixam a sala de aula. A necessidade de trabalhar para ajudar em casa devido à pobreza, violência (doméstica e escolar) e gravidez na adolescência também são algumas das mais comuns. 

Há ainda questões estruturais, como vaga na escola, distância e precariedade no transporte, todos direitos essenciais previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente. Diante dos diferentes casos e perfis de estudantes, ao procurar por pessoas que sofreram com o distanciamento da escola, encontramos histórias diferentes.

Dona Francisca Maria Alves tem 63 anos, é manicure, nasceu em Santana do Acaraú, no Ceará, e aos 19 anos se mudou para o Recife. Antes, quando tinha em torno de 10 anos de idade e cursava a segunda série, precisou deixar a escola. “Foi tanta coisa, tanta pobreza que eu acabei saindo da escola pra ajudar meus pais.  Eu fui trabalhar fazendo chapéu, lavoura, ajudava eles no que podia. Quando eu saí, eu não voltei mais para a escola, eu fui só trabalhar. Morava no interior, muito atrasado, a escola lá era muito difícil. Eu entrei lá e não consegui ficar muito tempo, eu tinha muita dificuldade de leitura, até hoje eu tenho”, diz.

A evasão não ocorreu por falta de interesse e, após se mudar, a então jovem Francisca tentou retomar os estudos, mas outra vez não conseguiu. “Quando eu tava com 19 anos vim embora aqui 'pro' Recife, vim trabalhar e comecei... entrei numa escola, mas trabalhava numa casa de família, mas a mulher dizia que não dava para eu ir, porque na hora do jantar eu tinha que estar presente, aí desisti de novo. Eu vim de Santana do Acaraú, no Ceará. Depois eu conheci o pai das minhas meninas e meu filho, fiquei morando com ele e não fui mais estudar. Ele viveu comigo há 22 anos, já faleceu. Ele era mestre de obras, ganhava bem, e depois que saí da casa da mulher continuei fazendo unha, ainda faço”, contou Dona Francisca. 

Perguntada se ela tinha alguma aspiração profissional que queria ter alcançado por meio dos estudos, a resposta é positiva. “Eu tinha o sonho de ser uma professora, não consegui. Eu gosto muito de matemática, com matemática eu não tenho problema”. Porém, logo em seguida a conversa fica triste: “mas acho que esse sonho acabou, por causa da minha idade, né? Daqui que eu chegue numa faculdade… Eu sei que nunca é tarde, mas daqui que eu chegue lá eu tenho mais cabeça para ensinar ninguém”.

Se tivesse tido oportunidades melhores na vida para estudar, no lugar de ter precisado trabalhar tão jovem e ficado sem tempo para exercer seu direito fundamental à educação, Dona Francisca conta que hoje sua vida poderia ser muito melhor. “Se eu tivesse tido oportunidade hoje eu estaria aposentada, trabalhando no estado, numa prefeitura. Era um trabalho mais conhecido, uma coisa mais garantida. Hoje eu até me conformo, porque eu lutei muito, batalhei muito”. 

Apesar de todo o tempo que se passou e de não crer mais que conseguirá se tornar professora, Francisca decidiu voltar a estudar mesmo acreditando que sua idade já está muito avançada e hoje tem aulas da Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Eu queria sair um pouco de casa a noite, o que eu achei mais fácil foi estudar, para conhecer mais gente, conhecer mais coisa do estudo, mas é muito difícil. Estou fazendo a quinta série. Agora está tudo na pandemia, os professores passam deveres muito complicados, eu trabalho e não tenho tempo de estar estudando, só quando voltar pra ver como vai ser. Minha cabeça está um vazio. É muito difícil. O ensino remoto é difícil, está difícil para mim, também para os jovens”, contou ela.

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Tatiana Barreto, de 35 anos, é formada em relações públicas, mora no Rio de Janeiro, e teve uma vida escolar complicada durante vários anos antes de, enfim, conseguir concluir o ensino médio e, em seguida, cursar e terminar o nível superior.  Ela conta que até os 8 anos de idade várias mudanças de endereço e escola levaram a evasões e repetências que a deixaram com uma grande distorção de idade-série. Em seguida, quando estava com 16 anos e cursando o 6º ano do ensino fundamental, ela não foi matriculada. 

“Já era atrasada nas séries escolares, não tinha quem procurasse vaga escolar para mim. Fui criada pelo meu avô materno, e ele não entendia da importância de estudar e também não tinha tempo. Eu lembro de ficar muito para baixo, porque apesar das dificuldades, eu adorava ir para escola. Isso na época me afetou demais, acabava que eu passava 70% do dia pela rua, na porta do colégio dos outros. [quando retornei à escola] Fiquei perdida nas matérias, e desmotivada, porque lembro de não ter bom desempenho em algumas matérias”, contou ela. 

Após o regresso difícil, já aos 22 anos e cursando o 1º ano do ensino médio, Tatiana precisou deixar a escola novamente, reprovada por faltas, dessa vez por outro motivo: gravidez. “Deu desânimo de cursar o mesmo ano, fora que maior parte dos meus amigos conseguiam empregos e levar a vida sem estudar, eu me apoiei nisso. Nesse período eu já era mãe, trabalhava e estudava, sem nenhuma rede de apoio. Eu não tinha pai, nem mãe e minha filha não tinha pai também, então eu muito que colocava isso na balança, me dedicar aos estudos ou cuidar da minha filha. Eu arrumava uns 'bicos' e deixava de ir à escola, e lembro também de ter que levar ela pra escola. Não existia um espaço, ela precisava ficar no meu colo, às vezes a diretora ficava pelos corredores com ela. O ônibus então era um inferno, tinham piadas tipo 'tá indo para escola pra quê?'”, conta Tatiana.

Questionada sobre o impacto da evasão escolar em sua vida, a jovem afirma que houve um atraso em sua formação e que o mercado de trabalho, além de não ser como o esperado, hoje “parece ser voltado aos mais jovens, e com tudo isso eu estou meio que para trás. Nós conhecemos bem a dificuldade de mães acessarem o mercado, ainda existe um estigma muito grande sobre isso”. 

Quando lhe foi pedido um conselho para jovens que estejam, agora, pensando em largar os estudos para viver apenas do trabalho antes de terminar a escola, Tatiana disse que é muito difícil “chegar e falar para um jovem de periferia que ele vai vencer através dos estudos, que estudar é importante, um agente modificador que vai tornar ele uma pessoa capaz de ter cognição para decidir até um voto e seus direitos”. No entanto, ela continuou afirmando que “hoje eu sou outra pessoa e graças a Deus com todo o esforço que eu fiz, hoje inspiro outras pessoas. Tive amigos que, através do diálogo, foram para a universidade, terminaram o ensino médio. Educação vale a pena”. 

Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Enfrentamento ao problema

De acordo com o artigo 56 do Estatuto da Criança e do Adolescente, os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de maus-tratos envolvendo seus alunos; reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados os recursos escolares; e elevados níveis de repetência, para que o mesmo possa prestar apoio às instituições nesses casos. De acordo com Cristiano Carvalho, Presidente da Associação Metropolitana dos Conselheiros Tutelares, o Conselho Tutelar é “um órgão criado pelo ECA com o objetivo de ser representado pela sociedade, que escolhe seus representantes” e atua em casos de ameaça ou violação de direitos de crianças e adolescentes. 

“O Conselho Tutelar é um órgão que garante e fiscaliza as instituições: primeiro os pais e responsáveis, depois o Estado, que também é responsável quando os pais são omissos, e depois o adolescente ou criança na sua própria conduta, aí a gente aplica medidas. Resumindo, o Conselho Tutelar é um órgão que garante os direitos de crianças e adolescentes”, explicou ele.

Cristiano explicou que há diversas ações que podem ser implementadas pela gestão escolar, através da equipe de psicólogos e pedagogos que todas precisam ter por determinação do Ministério da Educação. 

“Essa equipe tem a responsabilidade de, dentro da escola, observar o desenvolvimento e a desenvoltura desse aluno. Quando elas começam a perceber evasões, começam a fazer estudos técnicos e chamar os pais, interrogar por que o aluno está faltando, evadindo. Primeiro a equipe pedagógica tem esgotar todos os meios com os pais ou a pessoa que tem a guarda, chamar e aí vai ter que se explicar por que o aluno não está chegando na sala de aula”, diz.

Porém, em casos que as medidas internas não funcionam, chega a hora de, conforme determina o ECA, acionar o Conselho Tutelar em busca de uma solução mais eficiente. “Quando a escola e a equipe técnica não têm condições de cessar, ela comunicará ao Conselho Tutelar a questão de evasão ou repetição, o conselho notifica esses pais e eles vão se explicar porque a equipe chamou e a situação continuou. O conselho colhe toda a informação e aplica as medidas: acompanhamento psicológico, acompanhamento terapêutico com aquela criança, aquele adolescente e até mesmo os pais e aguarda o resultado”, conta Cristiano.

No entanto, a ação do Conselho Tutelar tem limites e não é punitiva, necessitando de apoio da Justiça para tomar medidas mais severas. “O conselho não penaliza, é um órgão administrativo que aplica a medida do direito que foi violado. Quando vem a se esgotar tudo isso, foge da nossa alçada. Se houver alguma infração de descumprimento da medida aplicada pelo conselho a gente comunica ao Ministério Público”, disse ele.

Questionado sobre a efetividade do Estatuto da Criança e Adolescente para seguir trilhando um caminho de avanços rumo à universalização do ensino, ou se para ele é necessária a publicação de uma nova lei (ou adaptações no ECA), Cristiano afirmou que considera o ECA “aplausível”, mas julga ser necessária mais responsabilização dos gestores públicos. 

“O poder público tinha a criança como um objeto no código penal. Via a criança como uma cadeira, um pneu, como um pente, criança e adolescente era tratado como objeto, não como como sujeito de direito. O estatuto traz a garantia de que a criança e o adolescente é um sujeito de direito em desenvolvimento. Na minha visão o estatuto precisa aprimorar algumas coisas, trazer a responsabilidade dos órgãos, apesar de existir na constituição e no código penal, mas trazer para dentro do estatuto a responsabilidade dos gestores. Hoje, para sanar essa questão de evasão é preciso trazer a responsabilidade para o poder público”, disse ele.

Gestão escolar

Izaias Lopes é Conselheiro Tutelar há dois mandatos em Jaboatão dos Guararapes, bacharel em direito e trabalhou por aproximadamente seis anos com educação infantil no Recife e em Jaboatão. Ele reitera a fala de Cristiano ao destacar avanços trazidos pelo ECA, também apontando necessidades de aprimoramento em termos de gestão. 

“Uma das maioridades dificuldades vêm da parte dos gestores públicos em se tratando da falta de implementação de programas e serviços direcionados a justamentes este tema como também na melhoria de programas onde auxiliem as famílias que vivem em situações mais vulneráveis, pois não adianta incluir a criação de novas leis se não existir um trabalho exaustivo e de longo prazo na área de educação, serviço social lazer e cultura onde garanta as famílias um ambiente tranquilo para criar seus filhos. Outra grande dificuldade para implementação de tais leis são por muita das vezes a falta de diálogo entre os gestores públicos em sua totalidade e os próprios Conselheiros tutelares, os dirigentes de unidades de ensino e a população onde juntos podem direcionar caminhos diferentes para solucionar tal problema, pois muita das vezes o interesse político se sobressai sobre o interesse da população e de seus direitos”, disse ele.

Laudicéia de Barros Gomes tem 31 anos, é pedagoga há 10 anos, já deu aulas por 2 anos em uma escola pública e atualmente é professora polivalente em uma instituição privada. Ela conta que as escolas particulares em geral não sofrem com evasão, exceto durante esta pandemia de Covid-19, quando há pais tirando as crianças da educação infantil. Já na rede pública, ela conta que o problema sempre foi grave e frequente, mas nem sempre combatido com a seriedade que merecia pela gestão. 

“Tem uma escola que eu trabalhei em que encontrei um amigo meu de escola que estava retornando aos estudos. Teve que ajudar os pais pela parte financeira. Uma queixa geral dos alunos era incentivo do professor. Essa escola tinha muitas dificuldades, a gestão na época não ajudava muito, mas os professores estavam ali e se quiser aprender, aprenda. Se não quiser não estou nem aí.  Às vezes o aluno saía de casa sem tomar café, pais bêbados, pais drogados, chegava na escola... qual a motivação desse aluno se tem um amigo do lado chamando ele para beber ou usar drogas?”, questionou ela. 

No que diz respeito diretamente à gestão, as críticas da professora são no sentido da falta de engajamento de professores e gestores para tornar a escola mais agradável, atrativa e observar a frequência dos alunos com atenção. 

“O papel do professor é trazer o aluno e a gestão, a comunidade para junto da escola. Motivar o aluno, trazer aulas atrativas. Chamar a família para dentro da escola e fazer o papel de se responsabilizar pela criança. É escola e comunidade, juntos, fazendo projetos juntos, vendo as necessidades. O primeiro passo é procurar a família, ligar, saber os motivos e como a escola pode ajudar para fazer o retorno deste aluno. Escola particular se o aluno falta dois, três dias, liga para saber o que aconteceu. Escola pública o aluno vai faltando e no final do ano geralmente, são poucas as escolas que se importam com esse processo de evasão”, afirmou Laudicéia.

Questionada se ela considera que, com uma gestão empenhada, o Estatuto da Criança e do Adolescente é um instrumento legal forte o suficiente para resolver os problemas ligados à evasão e abandono escolar, ou se a adaptação da lei ou publicação de normas novas são necessárias, a professora elogiou o Estatuto. “O ECA é uma das legislações mais importantes. São leis bem fundamentadas e com um gestor competente a gente pode sim diminuir essa exclusão escolar, o ECA tem suporte suficiente para isso, uma boa gestão consegue sim diminuir os impactos da exclusão escolar, mas infelizmente isso ainda é minoria no Brasil. São minorias que têm essa gestão fundamentada no ECA, mas sem sombra de dúvida o ECA é o instrumento principal para [reduzir] essa exclusão, com certeza”, disse Laudicéia.

Essa realidade também se reflete nos dados de pesquisas. Dados tabulados pelo Instituto Unibanco com base no Questionário do Diretor - Saeb 2015 apontam que entre os alunos do ensino médio, 5% está em escolas cujo diretor afirma não haver ações para resolver o problema da evasão escolar, mas admite que a questão existe; 22,3% são alunos de unidades onde a direção afirma não desenvolver ações e nega que haja problema; a maioria dos alunos, 41,2%, são de escolas cujos diretores afirmam desenvolver ações sem sucesso; 23,8% alegam ter ações com bons resultados e 7% ainda não avaliaram os resultados de suas ações.     

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Crianças de 10 e 11 anos colocaram veneno para insetos na garrafa de uma professora da Escola Estadual Dr. Aniz Brada, em São Paulo. A educadora se sentiu mal, foi levada ao pronto-socorro Municipal Dona Maria Antonieta Ferreira de Barros, onde deu entrada às 16h40 da última quinta-feira (13). Depois de medicada, ela foi liberada às 22h50.

O caso foi registrado em boletim de ocorrência e é acompanhado pelo Conselho Tutelar. Segundo nota emitida pela Secretaria de Educação de São Paulo, que repudiou o ato dos estudantes, “os responsáveis pelos alunos foram chamados e será realizada uma reunião para definir as medidas que serão adotadas aos estudantes”. Ainda segundo a secretaria, há equipes vinculadas à Secretaria da Justiça na escola, prestando o apoio necessário. 

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