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A juíza Raquel Vasconcelos Alves de Lima, substituta da 2.ª Vara Federal Criminal de Belo Horizonte, acolheu a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra executivos e funcionários da Vale e da Tüv Süd acusados pelas mortes causadas após o rompimento da barragem de Brumadinho. A decisão coloca no banco dos réus 16 pessoas e duas empresas que foram inicialmente denunciadas pelo MP estadual.

Após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o caso foi remetido para a Justiça Federal em Minas Gerais. Anteontem, a Procuradoria da República no Estado ratificou a acusação, que descreve não só crimes de homicídio qualificado, por 270 vezes, mas também crimes contra a fauna e a flora, assim como crime de poluição. O MPF ainda pode aditar a denúncia para "acrescentar ou substituir denunciados ou fatos delituosos".

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Defesa

Já a Vale reafirma "o respeito pelas famílias impactadas direta e indiretamente pelo rompimento da Barragem 1, em Brumadinho, e segue comprometida com a reparação e compensação dos danos". A companhia reforça ainda que sempre pautou as atividades por premissas de segurança. A partir do recebimento da denúncia, compete ao advogado David Rechulski a defesa jurídica da empresa.

"Considerando a premissa de que o primeiro foco era o recebimento formal da denúncia com o fim de evitar-se a prescrição dos crimes ambientais, não causa surpresa que uma denúncia de 477 folhas, mais de 80 volumes, num total de mais de 24 mil páginas, tenha sido recebida em menos de 24 horas. Nada mais havendo, portanto, para comentar-se a respeito", diz a Vale. Já a Tüv Süd não vai comentar a decisão.

A Polícia Civil do Distrito Federal encontrou mais três corpos que podem estar relacionados com o caso do desaparecimento de dez pessoas na região, incluindo a cabeleireira Elizamar Silva, de 39 anos, que já teve o corpo identificado. A localização dos cadáveres ocorreu na madrugada de ontem. Os corpos foram encontrados em uma cisterna de uma casa abandonada onde duas vítimas teriam sido mantidas em cativeiro antes de serem mortas, em Planaltina, no DF.

Segundo Ricardo Viana, delegado-chefe da 6.ª DP (Paranoá), que investiga o caso, os corpos são de duas mulheres e um homem. Eles ainda não foram identificados, mas provavelmente, segundo a polícia, são de três pessoas que estavam desaparecidas.

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"Ainda precisamos do laudo para confirmar as identidades, mas batem com a descrição e o sexo das pessoas que estavam sendo procuradas. Há indícios que são Thiago, Cláudia e a filha dela, Ana Beatriz. Mas só podemos confirmar após receber o laudo pericial", disse o delegado.

Cláudia Regina Marques de Oliveira e Ana Beatriz Marques de Oliveira foram vistas pela última vez no dia 13 de janeiro. São, respectivamente, ex-mulher e filha de Marcos Antônio Lopes de Oliveira, de 54 anos, sogro de Elizamar, cujo corpo foi encontrado em uma casa em Planaltina, Goiás, que serviu de cativeiro para integrantes da família.

Mãe e filhos foram identificados, após terem os corpos queimados

A cabeleireira Elizamar foi vista pela última vez no dia 12. Juntamente com três filhos do casal - um menino de 7 anos e os gêmeos de 6 anos -, ela foi à cidade de Paranoá para encontrar Thiago, que estava na casa dos pais dele.

No dia seguinte, o carro de Elizamar foi encontrado carbonizado com quatro corpos, em Cristalina, Goiás. Por exames de DNA e da arcada dentária, foram identificados os corpos da cabeleireira e dos três filhos, Rafael e Rafaela, de 6 anos, e Gabriel, de 7 anos. No dia 18, um corpo foi encontrado esquartejado na casa em Planaltina que teria servido de cativeiro para parte da família. Após a identificação, a polícia divulgou que se tratava de Marcos Antônio, sogro de Elizamar e pai do Thiago.

Unaí

No dia 14 de janeiro, o carro de Marcos Antônio também foi encontrado carbonizado com mais dois corpos dentro, na cidade de Unaí (MG).

Há indícios também dos restos mortais de Renata Juliene Belchior, de 52 anos, sogra de Elizamar e mãe do Thiago, e de Gabriela Belchior de Oliveira, de 25 anos, cunhada de Elizamar e irmã do Thiago, desaparecidas no mesmo dia.

No dia 17 de janeiro, a polícia prendeu Horácio Barbosa, Gideon Batista de Menezes e Fabrício Silva Canhedo pelos crimes de extorsão qualificada pelo resultado morte e associação criminosa.

Segundo a polícia do DF, eles teriam recebido R$ 100 mil pelos crimes e Horácio indicou a participação de Thiago e Marcos nas mortes. Havia ainda a suspeita de que eles teriam fugido com a ex-mulher de Marcos e a filha deles. Assim como Thiago, as duas também estão na lista de desaparecidos. Foi confirmada ainda a prisão de um homem de 34 anos, que teria vigiado as vítimas no cárcere.

Versões

Enquanto a polícia do DF apurava fatos do testemunho de Horácio Barbosa de que os crimes tinham sido encomendados por Marcos Antônio e Thiago, a PC de Goiás acreditava na tese de sequestro ou falso sequestro e que todos estariam mortos A identificação do corpo de Marcos Antônio reforçou a tese da polícia goiana. Um quarto suspeito, Carlomam Nogueira, é procurado por envolvimento.

O Exército pôs 2,5 mil homens de cinco unidades do Comando Militar do Planalto (CMP) para enfrentar os radicais bolsonaristas que invadiram os prédios doo Palácio do Planalto, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso neste domingo. Com isso, as tropas podem ser empregadas a qualquer momento desde que haja ordem do governo federal.

As principais unidades de prontidão são o Batalhão de Guardas Presidencial, o Batalhão de Polícia do Exército e o Regimento de Cavalaria de Guardas. Há ainda homens do grupo de artilharia e do esquadrão de cavalaria também foram mobilizados.

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Homens do Batalhão de Guardas Presidencial (BGP) - responsável pela guarda do Palácio do Planalto - e vinculados ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República participaram da repressão aos extremistas. Seus efetivos foram reforçados e atuaram na expulsão de invasores que vandalizaram o Palácio do Planalto, inclusive o terceiro andar, acesso ao gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Conforme o Exército, houve um aumento do efetivo que em geral fica de prontidão, subordinado ao Comando Militar do Planalto (CMP), responsável pela área de Brasília. Na sede do comando, ao lado do Quartel-General do Exército, oficiais se reuniram para acompanhar a reação das forças de segurança, polícias estaduais e federais e a Força Nacional, no centro de operações.

Os militares do Exército ainda aguardam o esclarecimento de detalhes do decreto de intervenção na Segurança Pública do DF para saber qual o papel que seus homens devem ter na segurança de Brasília nos próximos dias.

GARANTIA DA LEI E ORDEM

A interpretação do Exército, por enquanto, é a de que não haverá envolvimento das Forças Armadas na intervenção federal decretada ontem por Lula. Para que os militares fossem empregados, seria necessária a decretação de uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), descartada pelo presidente da República.

Lula também foi aconselhado a decretar uma medida de exceção ainda mais restritiva, o Estado de Defesa, mas o presidente optou por assumir apenas a área de segurança no Distrito Federal. Oficiais do Exército dizem, no entanto, estar disponíveis para eventual suporte de meios e equipamentos à segurança do Distrito Federal.

Outros comandos de área do Exército não decretaram prontidão. De acordo com oficiais, o acampamento no Quartel-General vinha perdendo força e participação nos últimos dias, mas foram reforçados por caravanas de militantes bolsonaristas que chegaram à capital federal nas últimas horas. O Exército não soube informar prontamente se haverá autorização para que permaneçam acampados no quartel-general.

BADERNA

O Estadão ouviu integrantes do Alto-Comando do Exército que se mostraram horrorizados com a baderna e com a invasão das sedes dos três Poderes, ontem. Um deles defendeu a prisão dos envolvidos nos atos radicais. Outros militares consultados pela reportagem defenderam que a punição dos criminosos que participaram dos atos de ontem sirva de exemplo.

A professora Flávia Amboss Merçon, de 38 anos, tornou-se neste sábado, 26, a quarta vítima do ataque a duas escolas realizado por um adolescente armado de 16 anos na sexta-feira (25) em Aracruz, no Espírito Santo. Outras quatro pessoas, entre elas duas crianças, seguem internadas em estado grave. Antes da confirmação da quarta morte, a polícia havia informado que o jovem deveria ser indiciado por ato infracional análogo a três homicídios qualificados e dez tentativas de homicídio.

O pai do adolescente, em entrevista ao Estadão, afirmou que o filho fez "algo terrível" e que vai pedir desculpas às famílias das vítimas em "momento oportuno". "Meu filho cometeu algo terrível, que nunca poderia ao menos imaginar", comentou ele, que é tenente da Polícia Militar capixaba. O governo confirmou que o jovem usou no ataque duas armas pertencentes ao pai, uma delas de propriedade da PM.

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O oficial havia publicado nas redes sociais uma foto da capa do livro "Minha Luta", em que Adolf Hitler expôs suas ideias antissemitas. A publicação gerou debates com pessoas associando o pai à ação do filho, já que o adolescente portava uma peça com emblemas nazistas. "Você quer saber de livro da biografia de Hitler. Livro péssimo. Li e odiei", afirmou o policial. O policial não quis comentar como o filho teve acesso à sua arma e ao carro da família e pediu para que a dor dele fosse respeitada.

Comoção

Desde a noite da sexta-feira, flores e velas são deixadas na porta da Escola Primo Bitti, primeiro local invadido pelo atirador, no pacato bairro de Coqueiral de Aracruz. Os sentimentos de tristeza e indignação eram um lugar comum entre os presentes e a comunidade ao longo do sábado.

Logo na chegada à cidade, era possível ver a fila de carros que se formava em frente à capela que abrigava o velório da estudante Selena Sagrillo, de 12 anos. Entre os muitos presentes, chamou a atenção a quantidade de adolescentes vestindo roupas pretas e acompanhados de seus pais.

Uma delas, Maria Eduarda Oliveira Vervloet, de 11, era amiga e colega de classe e contou como tudo aconteceu. "Eu estava em uma sala embaixo de onde o assassino estava. Ouvi o barulho dos tiros, olhei e vi o assassino. Uma das coordenadoras que estava comigo também foi ver o que era e voltou correndo, com cara de assustada, e levou a gente com pressa para um clube vizinho da escola. Fiquei com muito medo e não quero mais voltar", comentou ao lado da mãe, Renata Curto, de 47 anos.

A mãe correu para o local quando soube do atentado por meio de um aplicativo de mensagens e reitera a vontade da filha: "Muito difícil voltar. Foi um trauma muito grande e os pais não se sentem seguros".

De acordo com Simoni Bianchini, mãe de um dos sobreviventes e ex-professora da escola, faltam palavras para descrever o que aconteceu. "A gente está sem palavras para explicar o que aconteceu em um bairro tão tranquilo. A gente sempre teve alguns problemas na escola, coisas comuns de estudantes, mas nada nem perto disso. O que a gente viu ontem (sexta) não. Entrei em pânico", disse.

Desolação também foi vista no velório de Maria da Penha Pereira de Melo Banhos, de 48, uma das professoras mortas no ataque. O viúvo Wellington Banhos contou que soube do ataque por meio da filha de sete anos. "Minha filha mandou mensagem para mim, fui ao hospital para verificar e fui para a escola. Porém lá, eu queria ver ela, abraçar ela. Mas não consegui", disse. Não foram divulgadas informações sobre o velório da professora Cybelle Passos Bezerra Lara, de 45 anos.

Um hotel cinco estrelas no Guarujá (SP) foi o cenário para o encontro de nomes da transição do governo eleito, de Luiz Inácio Lula da Silva, com a classe empresarial. Durante dois dias, aliados do petista tentaram justificar a cacofonia divergente no grupo, enquanto empresários e executivos buscavam maior proximidade com cotados para a Esplanada dos Ministérios.

Braço direito do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) e um dos coordenadores da equipe de transição, Floriano Pesaro usou termos empresariais para tentar explicar as dificuldades enfrentadas em Brasília: "Estamos trocando o CEO desta empresa chamada Brasil", disse.

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Emídio de Souza (PT-SP), deputado estadual eleito e amigo de Lula, emendou: "Floriano falou que é uma empresa constituída para funcionar 50 dias, o problema é que uma empresa, até funcionar redonda, demora um bocado". Ruídos entre os integrantes têm atrapalhado a articulação da PEC da Transição.

A ideia, disse Emídio, é fazer o diagnóstico e traçar o plano para os primeiros cem dias de governo. "Não é uma babel, é a frente que o Brasil precisa neste momento."

A escalação dos participantes incluiu o economista Gabriel Galípolo, o médico Roberto Kalil, os advogados Marco Aurélio Carvalho, Cristiano Zanin e Pierpaolo Bottini, a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), e o presidente do PSD, Gilberto Kassab.

Dividiram os corredores com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Para evitar o que aconteceu em Nova York, quando ministros foram hostilizados por bolsonaristas, a calçada do hotel foi protegida por grades.

Guinada

Organizado pelo Esfera Brasil, think tank fundado pelo empresário João Camargo e atualmente comandado por sua filha, Camila, o evento mostrou a virada no posicionamento de parte da classe empresarial após a vitória de Lula. Considerado mais alinhado ao presidente Jair Bolsonaro, Camargo pediu, no palco, que empresários se juntem a ele para aplaudir os representantes do governo Lula. "A eleição foi democrática, ganhou honestamente, nós temos de apoiar."

O novo momento da política nacional permitiu a realização de uma conferência na qual as críticas à Operação Lava Jato dominaram o debate. Coube ao ministro do STF Luís Roberto Barroso levantar um óbice ao tom crítico do painel. Depois de ouvir de Zanin, que defendeu Lula, que a investigação tornou o sistema jurídico brasileiro instável, o ministro rebateu: "Não há segurança jurídica num quadro de corrupção sistêmica e institucionalizada. Precisamos enfrentar a naturalização das coisas erradas que havia no Brasil".

Outro ministro do STF presente, Ricardo Lewandowski chamou a atenção pelo tom político do discurso e por uma reunião reservada de quase 40 minutos com Alckmin. No pronunciamento público, defendeu a pacificação do País e se mostrou afinado com os principais pontos dos discursos de Lula. O vice, nome mais aguardado do evento, quase faltou. A decisão de não desistir da viagem ao Guarujá atendeu a um apelo de Lula.

Candidato a vice-presidente e considerado um elo da campanha petista com o mercado financeiro e o empresariado, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB) prometeu no domingo (23) que, se eleito presidente na eleição deste domingo (30), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai promover uma reforma tributária que incluirá a criação de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) em substituição a cinco tributos.

"A reforma ajudará a economia a crescer. O Brasil será outro", publicou o candidato nas redes sociais, ao comentar a proposta de Lula para a economia caso vença a eleição.

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A campanha do PT ainda é bastante vaga em relação ao projeto que criaria o IVA num eventual governo Lula, e afirma que o desenho da proposta teria de ser concluído depois das negociações com o Congresso Nacional eleito. "Esse tema tem sido discutido, mas não dá para saber como vai ser o desenho", afirma Guilherme Mello, um dos assessores econômicos da campanha do PT. "Tem de ver o que vai acontecer com a próxima bancada do Congresso, mas é preciso de um modelo que simplifique (o atual sistema de tributos)."

Reforma tributária

A reforma tributária tem sido prometida há vários governos. Numa tentativa de avançar no tema, a administração Jair Bolsonaro fatiou o seu projeto de reforma e enviou uma proposta para mexer com o Imposto de Renda e outra para unificar PIS e Cofins, dois tributos federais sobre o consumo. As mudanças no IR chegaram a ser aprovadas pela Câmara dos Deputados, mas pararam no Senado.

No Congresso, outras duas Propostas de Emenda à Constituição (PEC) foram apresentadas e estão em discussão.

No Senado, a PEC 110 prevê a criação de dois IVAs. O IVA federal foi desenhado para substituir PIS e Cofins por meio da Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), enquanto um IVA estadual e municipal prevê juntar ICMS e ISS, criando o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).

Já na Câmara dos Deputados, a PEC 45 unifica cinco tributos - PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS - em um Imposto sobre Bens e Serviços (IBS).

Novo tripé

De acordo com Alckmin, o Brasil terá um novo tripé formado por credibilidade, estabilidade e previsibilidade, palavras usualmente utilizadas por Lula para se apresentar ao centro político. O ex-governador também afirmou que responsabilidade fiscal é algo inegociável para a chapa.

"A agenda econômica de Lula vai focar na competitividade. Reduzir o custo de produção. Retomar nossa indústria, emprego e renda. Desburocratização e digitalização junto de investimentos em infraestrutura e logística, enfrentando os gargalos do escoamento da nossa produção", escreveu o ex-governador.

Alckmin também destacou, na nota publicada nas redes sociais, o apoio de economistas do Plano Real (entre eles, Pérsio Arida, Armínio Fraga e Pedro Malan) à candidatura de Lula e mostrou disposição de, se ele e o petista forem eleitos, ampliar as relações do Brasil com o mercado financeiro global.

"Acordos internacionais são fundamentais. Precisamos nos abrir à liquidez do mundo, que aguarda o retorno do Brasil para investir por aqui, pautado na nova lógica da sustentabilidade", escreveu.

O Ministério da Defesa informou nessa quarta-feira (19) ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que só vai entregar um relatório com informações sobre seu trabalho de fiscalização do processo eleitoral após o fim do segundo turno. Em resposta à cobrança do presidente do TSE, Alexandre de Moraes, que deu 48 horas para os militares apresentarem relatório de auditoria das urnas eletrônicas, prazo esgotado na terça-feira (18), as Forças Armadas alegaram que seu trabalho só ficará pronto em até 30 dias após o fim da verificação do resultado do segundo turno.

A Defesa sustenta que divulgar um documento parcial, referente à primeira rodada da disputa, pode resultar em inconsistência. "A emissão de um relatório parcial, baseado em fragmentos de informação, pode resultar-se inconsistente com as conclusões finais do trabalho, razão pela qual não foi emitido", destacaram o coronel Wagner Oliveira da Silva, subchefe da equipe de fiscalização das Forças Armadas, e o contra-almirante Paulo Roberto Saraiva, subchefe de Comando e Controle, no documento enviado a Moraes.

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As Forças Armadas só começaram a acompanhar o processo eleitoral a pedido do presidente Jair Bolsonaro, que concorre ao segundo mandato pelo PL. Ontem, Bolsonaro foi questionado sobre o conteúdo da fiscalização dos militares e disse que os jornalistas estavam colocando palavras em sua boca. "As Forças Armadas não fazem auditoria. Lançaram equivocadamente. A Comissão de Transparência Eleitoral não tem essa atribuição. Então furada, fake news", respondeu o presidente, no Palácio da Alvorada.

Durante a campanha, porém, Bolsonaro chegou a afirmar que "algo de anormal" teria ocorrido no TSE caso não fosse reeleito no primeiro turno, com 60% dos votos. Lula liderou a votação, com Bolsonaro em segundo lugar. Após o resultado, ao ser perguntado sobre o sistema eleitoral, o presidente disse que iria aguardar o parecer das Forças Armadas. "Vai ser feito um relatório pelo Ministério da Defesa", avisou.

Segundo ofício enviado ao TSE pelo ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, as Forças Armadas vão elaborar um relatório conclusivo "em até 30 dias após o encerramento da etapa 8 do Plano de Trabalho", que se refere à checagem da apuração. O parecer sobre o sistema eletrônico de votação vai incluir documentos, até agora mantidos em sigilo.

Na resposta à Justiça Eleitoral, as Forças Armadas destacaram que as atividades "permanecem em curso". A Defesa negou ter antecipado qualquer relatório de informações sobre essas ações a Bolsonaro (PL), candidato à reeleição. "Devido à atual inexistência de relatório, não procede a informação de que ocorreu entrega do suposto documento a qualquer candidato", afirmou a Defesa.

O Estadão apurou, porém, que o presidente já tomou conhecimento do andamento das atividades dos militares, que não encontraram nenhuma irregularidade durante o primeiro turno, segundo oficiais do Exército a par dos trabalhos. Um general integrante do Alto Comando da Força Terrestre afirmou, sob condição de anonimato, que o sistema se mostrou "muito consistente".

Plano

Como antecipou o Estadão, os militares da ativa montaram plano de trabalho com oito etapas. Eles disseram ao TSE que "a execução avança com o objetivo de propiciar um resultado preciso, confiável e colaborativo (...), compatível com a imensa relevância do tema para a nação brasileira". Os oficias observaram que todas as ações de fiscalização "vêm sendo executadas de acordo com os acessos disponibilizados pela Justiça Eleitoral".

A Defesa teve 48 horas para responder à demanda judicial do partido Rede Sustentabilidade, deferida por Alexandre de Moraes. O prazo se encerrou às 16 horas de ontem. Moraes cobrava o envio de informações sobre a auditoria das urnas. "Determino ao Ministério da Defesa que, no prazo de 48 (quarenta e oito horas) preste as devidas informações, mediante a apresentação de cópia dos documentos existentes sobre eventual auditoria das urnas, com a correspondente fonte do recurso empregado", ordenou o ministro.

O general Paulo Sérgio chegou a se reunir com Moraes antes de enviar a resposta. Os militares se aproveitaram de uma diferença de terminologia e de definição técnica das atividades para manter informações em segredo. Como o presidente do TSE determinou o envio de dados e documentos de "auditoria", em vez de "fiscalização", as Forças Armadas se furtaram à entrega de dados concretos.

O raciocínio dos militares se baseou em interpretação literal dos procedimentos técnicos previstos na resolução 23.673 de 2021, do TSE. O documento dita as regras tanto para auditoria quanto para fiscalização do sistema eletrônico de votação. A norma estabelece que auditoria é um "exame sistemático sobre o funcionamento de softwares, que averigua se estão implementados de acordo com as normas legais, e procedimentos, para aferir suas conformidades". A fiscalização, por sua vez, é descrita como "ato de verificar se algo está ocorrendo como fora previsto, ou seja, em conformidade".

O ministério observou que as normas do TSE, previstas nessa resolução, não estabelecem nenhuma obrigatoriedade de elaboração e divulgação de relatórios sobre todas as etapas acompanhadas pelas entidades fiscalizadoras.

No caso dos militares, eles formaram uma Equipe de Fiscalização do Sistema Eletrônico de Votação, com 10 oficiais da ativa, oriundos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Segundo a Defesa, os integrantes da equipe são especialistas em gestão e operação de sistemas de tecnologia da informação, engenharia de computação, defesa cibernética, engenharia de telecomunicações e auditoria. A Defesa disse ainda que as despesas de diárias e passagens aéreas para o trabalho de fiscalização vem sendo custeadas com recursos administrativos da pasta, mas não informou valores despendidos.

"As Forças Armadas vêm executando as atividades de fiscalização do sistema eletrônico de votação de acordo com os momentos e mecanismos previstos. Ainda, conclui-se que um relatório conclusivo será encaminhado ao TSE ao término do processo e que as despesas correspondentes se restringem a pagamentos de diárias e passagens, custeadas com os recursos próprios do Ministério da Defesa", conclui o documento.

O ex-ministro Onyx Lorenzoni (PL) foi o primeiro a garantir lugar no segundo turno na disputa ao governo do Rio Grande do Sul. Mas só por volta das 22h deste sábado, com 100% das seções contabilizadas, soube qual adversário enfrentará no último domingo de outubro: o ex-governador Eduardo Leite (PSDB), que recebeu 26,81% dos votos(1.702.761), contra 26,77% do deputado estadual Edegar Pretto (PT), com 1.700.270, uma diferença de 2.491 votos. Onyx, em primeiro, fez 37,50% (2.381.989 votos).

Para o Senado, a vitória foi do vice-presidente da República, Hamilton Mourão (Republicanos), que derrotou o ex-governador Olívio Dutra (PT). O general também superou outro forte nome da política regional, a ex-senadora Ana Amélia (PSD). Com 99,94% das seções apuradas, Mourão estava com 44,11%; Olívio, com 37,86%; e Ana Amélia, com 16,43%.

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Ambos representantes do bolsonarismo, Onyx e Mourão se encontraram na manhã de ontem no Colégio João Paulo I, no bairro Ipanema, na zona sul de Porto Alegre, onde o agora senador eleito aguardava o candidato ao Piratini em frente à escola. Rapidamente, Onyx cumprimentou o aliado e entrou na instituição de ensino para votar. Nenhum dos dois era favorito conforme as pesquisas da última semana de campanha.

Não só pela votação expressiva de um integrante da tropa de choque do governo - assim chamada à época em que Onyx era ministro -, o resultado das urnas evidenciou o Rio Grande do Sul como um dos territórios que ajudaram Jair Bolsonaro a conquistar lugar no segundo turno na disputa presidencial. Entre os eleitores gaúchos, o presidente em busca de reeleição superou Lula no primeiro turno. Com 100% das seções totalizadas, alcançou 48,89% dos votos, contra 42,28% do petista.

IRONIA

Ontem à noite, quando finalmente estava se definindo o nome de seu adversário, em sua conta no Twitter, o ex-ministro Onyx publicou uma mensagem com três pontos de interrogação, uma foto sua com um sorriso irônico e uma pesquisa do Ipec do dia 26 que apontava Eduardo Leite à frente com 38%, Onyx com 25% e uma oscilação de Edegar Pretto de 10% para 15%.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os dois principais nomes da terceira via, Simone Tebet (MDB) e Ciro Gomes (PDT), tiveram juntos pouco mais de 7% dos votos na eleição de ontem - um desempenho abaixo do que previam os principais institutos de pesquisas. Simone terminou com pouco mais de 4% dos votos, a votação mais baixa de um terceiro colocado desde a redemocratização.

Simone votou em Campo Grande (MS) e acompanhou a apuração em São Paulo. Ciro passou o dia em Fortaleza. Nenhum dos dois anunciou ontem apoio a ninguém no segundo turno, mas também ambos não descartaram a possibilidade. Ontem à noite, Ciro comentou brevemente os resultados e pediu mais algumas horas para consultar aliados antes de decidir os próximos passos.

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"Estou profundamente preocupado com o que estou assistindo no Brasil. Nunca vi situação tão complexa, desafiadora e ameaçadora sobre nós como nação. Peço mais algumas horas para que me deixem conversar com meus amigos, com meu partido, para que a gente possa achar o melhor caminho", disse.

Simone fez uma campanha crítica, mas não fechou as portas para um novo aceno a Lula. No segundo turno, há relatos de conversas entre aliados com representantes da campanha petista. Alguns falam inclusive em obter apoio dela em troca de algum ministério. Parte dos representantes do MDB, no entanto, especialmente a ala do Nordeste, já se coloca como eventual aliada de Lula.

NEGOCIAÇÕES

Inicialmente, de acordo com relatos da campanha de Simone, ela teria recusado qualquer aproximação, temendo que o gesto pudesse ter impacto em seu eleitorado e favorecesse o voto útil no primeiro turno. Com o tempo, porém, ela abriu a guarda e já estaria disposta a conversar sobre uma possível participação no governo de Lula ou conceder apoio no segundo turno.

Simone e Ciro tiveram uma trajetórias opostas. Durante a campanha, a senadora cresceu nos debates, mas não conseguiu romper a polarização entre os dois favoritos, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A posição centrista, no entanto, coloca Tebet como uma possível peça-chave para o segundo turno das eleições.

Já Ciro saiu menor do que entrou. Em sua quarta tentativa de chegar ao Palácio do Planalto, desta vez pelo PDT, ele radicalizou o discurso, perdeu prestígio e apoios dentro de seu próprio partido e no Estado em que tem sua base, o Ceará, onde brigou até com sua família.

ABAIXO DO ESPERADO

Como consequência, amargou uma votação bem inferior à de quatro anos atrás na eleição que, segundo ele, marca sua despedida da política - ele teve pouco mais de 12% dos votos em 2018, se colocando em terceiro lugar, atrás de Fernando Haddad e Jair Bolsonaro.

Desta vez, o candidato do PDT ficou atrás até mesmo de Simone, que não era tão conhecida nacionalmente no início da campanha, embora tenha tido participação contundente na CPI da Covid, mas soube aproveitar melhor os debates eleitorais na TV.

O encolhimento é consequência do isolamento de Ciro. A radicalização do discurso, à medida que a campanha avançava e ele se via cada vez mais espremido pela polarização entre Bolsonaro e Lula, não trouxe resultados para Ciro.

De nada adiantou, por exemplo, ele subir o tom contra Lula ou sua tentativa de seduzir parte do eleitorado que se inclinava a votar em Bolsonaro. Sua cruzada ' contra o voto útil no petista, nas últimas semanas, também não lhe trouxe benefícios. Ao contrário, foi mais um motivo de desgaste.

VOTO NULO

O candidato pelo Novo, Felipe d'Avila, que obteve menos de 0,5% dos votos, avaliou ontem que o resultado das urnas indica o derretimento do centro político no Brasil. Para ele, o voto útil migrou para os extremos. "O centro, que poderia surgir como uma alternativa ou uma força moderadora, não vai ocorrer", afirmou.

De acordo com D'Avila, o momento é de "reconstrução". "O Novo, como os demais partidos do centro, sofreram nesta eleição. Isso significa que vamos ter de trabalhar para fazer oposição ao populismo", afirmou. Ele e o Novo, segundo o candidato, não apoiarão ninguém no segundo turno. D'Avila disse ontem que pretende anular seu voto.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As autoridades do Estado americano da Flórida afirmaram ontem que pelo menos 80 pessoas morreram após a passagem do furacão Ian pela região, ainda tomada pelas inundações. Outras quatro pessoas morreram na Carolina do Norte. O presidente Joe Biden visitará a Flórida na quarta-feira (5) depois de passar por Porto Rico, hoje e amanhã, onde a tempestade Fiona deixou sete mortos na semana passada.

À medida que as buscas continuavam em algumas das comunidades costeiras mais atingidas na Flórida, o Ian se movia para o nordeste como uma tempestade enfraquecida, levando chuva e o risco de inundações limitadas a partes da costa do Atlântico. Na Flórida, o Ian atingiu a categoria 4 e teve rajadas de vento de até 250 km/h - apenas quatro furacões atingiram os EUA com rajadas mais fortes.

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Estradas inundadas e pontes destruídas deixaram muitos moradores isolados, com serviço limitado de telefonia celular, sem água, eletricidade ou internet.

O governador da Flórida, Ron DeSantis, disse no sábado que o empresário multibilionário Elon Musk estava fornecendo cerca de 120 satélites Starlink para "ajudar a resolver alguns dos problemas de comunicação".

As concessionárias da Flórida estavam trabalhando ontem para restaurar a energia. Na manhã de ontem, quase 850 mil residências e empresas ainda estavam sem eletricidade, um número que chegou a 2,67 milhões na quinta-feira.

As tropas da Guarda Nacional na Flórida usaram barcos para levar moradores resgatados para uma igreja em North Port.

Connie Cullison, de 67 anos, disse ter sido resgatada no sábado, depois de ter pedido ajuda na noite de sexta-feira. A elevação da água cortou o acesso à sua casa, e Cullison precisa de um andador para se locomover após uma cirurgia no joelho. "Minha casa tem danos menores, mas simplesmente não temos energia, água, comida", disse ela depois de ter sido levada à igreja. "Mas há pessoas em situação muito pior."

VÍTIMAS

Na Flórida, segundo o New York Times, pelo menos 80 pessoas morreram com a passagem do Ian, de acordo com relatos e contagens de órgãos estaduais e locais - apenas o Condado de Lee, na costa sudoeste, registrou 42 mortes. Quatro pessoas morreram em incidentes relacionados a tempestades na Carolina do Norte, segundo o governador Roy Cooper.

O número de vítimas deve aumentar à medida que mais autópsias sejam concluídas e os esforços de recuperação continuem nos próximos dias. Biden alertou que Ian pode ser o furacão mais mortal da história da Flórida. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com 44% das intenções de voto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera a disputa pelo Palácio do Planalto, de acordo pesquisa Ipec (ex-Ibope) divulgada ontem. Ele é seguido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), com 32%. Ainda segundo o Ipec, Ciro Gomes (PDT) tem 7% e Simone Tebet (MDB) aparece com 3%, empatada com o pedetista no limite da margem de erro (dois pontos porcentuais). Felipe d'Avila (Novo) tem 1%. Brancos e nulos somam 7% e 6% não sabem ou não responderam.

Essa é a primeira pesquisa do Ipec após o início da propaganda eleitoral no rádio e na televisão e as sabatinas do Jornal Nacional, da TV Globo. O quadro ficou estável, o que indica que o palanque eletrônico ainda não foi capaz de alterar o quadro de polarização entre Lula e Bolsonaro. No último levantamento do Ipec, divulgado no dia 15 de agosto, Lula aparecia com 44% das intenções de votos e Bolsonaro com 32%. Ciro Gomes (PDT) tinha 6% e Simone Tebet (MDB), 2%.

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Na simulação de segundo turno, o candidato do PT tem 50% das intenções de voto, ante 37% do atual presidente. Na pesquisa anterior, Lula aparecia com 51% e Bolsonaro, 35%.

REJEIÇÃO

Segundo a pesquisa, a rejeição de Bolsonaro oscilou 1 ponto porcentual para cima dentro da margem de erro em relação à pesquisa do dia 15 de agosto. Já a de Lula aumentou três pontos porcentuais. Candidato à reeleição, o presidente aparece agora com 47% de rejeição, enquanto o petista tem 36%.

Entre os eleitores das capitais, Lula foi escolhido por 38% dos eleitores, ante 36% que preferem Bolsonaro. No último levantamento, o petista tinha 44% das intenções de voto e o presidente, 31%. No interior, o ex-presidente mantém a liderança, com 45%. Bolsonaro tem 32%.

Lula aparece sete pontos porcentuais à frente de seu principal adversário entre as famílias com renda de mais de dois salários mínimos até cinco salários mínimos, apontou a sondagem Ipec. Lula, que tinha 32% dos votos do segmento na mesma pesquisa anterior, agora tem 39%. Entre o mesmo público, Bolsonaro oscilou quatro pontos porcentuais para baixo (41% para 37%). O ex-presidente está em maior desvantagem entre as famílias com renda superior a cinco salários mínimos: 47% das intenções de voto para Bolsonaro, ante 28% para Lula.

Contratada pela TV Globo, a pesquisa foi realizada entre os dias 26 e 28 de agosto e entrevistou 2.000 eleitores presencialmente. O levantamento está registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o número BR-01979/2022. A margem de erro é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos.

A pesquisa Ipec foi realizada ao final da segunda semana de campanha, marcada pelo primeiro debate presidencial, que ocorreu neste domingo, na TV Band, e pela sabatina dos quatro candidatos melhor colocados nas pesquisas na TV Globo. O levantamento também aconteceu depois das primeiras aparições dos candidatos no horário eleitoral gratuito.

Em campanha pelo Brasil, as políticas para as mulheres e o apelo ao eleitorado evangélico deu o tom dos discursos dos candidatos, que também procuraram dialogar sobre economia e apresentar propostas sobre distribuição de renda.

AGREGADOR

Após o mais recente levantamento do Ipec, o Agregador de Pesquisas do Estadão foi atualizado com os dados divulgados até ontem. Segundo a Média Estadão Dados, calculada pelo agregador, Lula tem 45% das intenções de voto e Bolsonaro, 33%. Se forem considerados apenas os votos válidos (sem contar nulos, brancos e indecisos), o candidato petista lidera por 51% a 38%.

O agregador é uma ferramenta interativa cujos gráficos mostram o cenário mais provável da corrida presidencial nos últimos seis meses. Nele, além de consultar a Média Estadão Dados, é possível ver de forma separada as estimativas das pesquisas presenciais e telefônicas.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Congresso promulgou, nesta quinta-feira (14), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que visa dar segurança jurídica ao piso salarial de R$ 4.750 para enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e parteiras. O texto, que já havia passado no Senado, foi aprovado ontem na Câmara.

A emenda constitucional estabelece que o piso salarial da categoria será instituído por lei federal. Também determina que a União, os Estados, Distrito Federal e municípios devem adequar a remuneração dos cargos ou dos respectivos planos de carreira até o final do exercício financeiro em que for publicada a lei do piso salarial da enfermagem.

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O piso para a categoria já tinha sido aprovado pelo Senado, em novembro do ano passado, e pela Câmara, em maio deste ano, na forma de um projeto de lei, mas ainda não foi sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). O impacto estimado é de R$ 16 bilhões, mas não há previsão orçamentária para custeio da medida.

A cerimônia contou com a presença de Bolsonaro, do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), do líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), do líder no Congresso, Eduardo Gomes (PL-TO), do presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e dos ministros Ciro Nogueira (Casa Civil), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) e Bruno Bianco (Advocacia-Geral da União).

Para evitar novos atritos com aliados e tentar ampliar a base de eleitores, a mais recente versão das diretrizes programáticas da pré-campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB) recuou da proposta de revogação da reforma trabalhista e suprimiu termos feministas. O texto apresentado ontem deu ainda destaque à pauta ambiental e à Petrobras - hoje em meio a disputas no governo Jair Bolsonaro (PL) por causa da alta dos preços dos combustíveis.

A pré-campanha de Lula ao Palácio do Planalto busca votos dos chamados eleitores de centro e conservadores. No entanto, temas vistos como cruciais por petistas foram mantidos, como a revogação do teto de gastos - regra que limita o aumento das despesas públicas à inflação. O programa de governo só será finalizado em agosto.

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"Nós não vamos ter problema de executar o nosso programa", disse Lula, durante ato de lançamento das diretrizes, em São Paulo. Ele afirmou que é melhor colocar menos propostas no papel e executar mais.

Na área econômica, ficou de fora a ideia de derrubar a reforma trabalhista do governo Michel Temer (MDB). Agora, a pré-campanha fala em propor uma nova legislação de "extensa proteção social", com atenção a autônomos e trabalhadores de aplicativos. "Revogando os marcos regressivos da atual legislação trabalhista, agravados pela última reforma e restabelecendo o acesso gratuito à Justiça do Trabalho", diz o documento.

Na prévia do início deste mês, a campanha de Lula falava que "o Estado deve coordenar uma política pública de cuidados e assegurar às mulheres o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos, políticas essenciais para a construção de uma sociedade mais igual". O texto não tratava diretamente do aborto, mas aliados do ex-presidente viam uma brecha para o tema ser explorado diante da previsão de discutir os "direitos sexuais e reprodutivos".

‘Unidade’

A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann, elogiou a segunda versão. "Demonstramos aqui uma grande unidade programática", disse ela. O documento foi acertado por PT, PSB, PCdoB, PV, Rede, PSOL e Solidariedade.

Entre as arestas aparadas com aliados está a exclusão da menção de veto à volta do imposto sindical. No documento, agora consta que "serão respeitadas as decisões de financiamento solidário e democrático da estrutura sindical".

O novo texto dá mais ênfase à pauta ambiental, à valorização da carreira policial, à taxação dos "muito ricos" e à mudança na política de preços dos combustíveis, com oposição à privatização da Petrobras. Está no papel agora, assim como também quer Bolsonaro, a proposta de fim da paridade de preços com o mercado internacional, porque, de acordo com a prévia, "é preciso abrasileirar o preço dos combustíveis".

A pré-campanha também incorporou menção à punição de ataques à imprensa e a jornalistas, e voltou a tratar de "democratização de meios de comunicação". O debate sobre regulamentação - ou controle social da mídia - sempre foi encampado, sem sucesso, pelo PT.

A CPI da Prevent Senior da Câmara Municipal de São Paulo aprovou ontem, por unanimidade, o relatório final que propõe o indiciamento de 20 pessoas, entre executivos e médicos. Os irmãos Eduardo e Fernando Parrillo, proprietários do plano de saúde, estão entre os alvos do pedido de indiciamento. Durante as investigações da comissão, eles não compareceram nas três ocasiões em que foram convidados a prestar esclarecimento.

Cópias do documento serão enviadas a 15 órgãos, entre eles: Ministério Público do Estado de São Paulo (MP-SP), Polícia Civil de São Paulo e Tribunal de Contas do Município. O relatório redigido pelo vereador Paulo Frange (PTB) aponta ocorrência de cinco crimes: homicídio e tentativa de homicídio, perigo para a vida ou saúde de outrem, omissão de socorro, crime contra a humanidade e falsidade ideológica.

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Aos Parrillos foi atribuído o crime de omissão de socorro. Segundo o relatório, os irmãos negaram o devido atendimento médico a milhares de pacientes que buscaram tratamento contra a Covid-19 ao oferecerem medicação ineficaz contra a doença. Além disso, a CPI também pediu indiciamento de Eduardo Parrillo por crime contra a humanidade, previsto no Tribunal Penal Internacional de Roma, por distribuir medicamentos sabidamente ineficazes e promover pesquisas em seres humanos.

Aos outros 18 médicos citados no documento foram atribuídas a participação na elaboração do protocolo de manejo clínico e na colaboração de distribuição de medicamentos ineficazes contra a Covid-19 e a elaboração de pesquisas em seres humanos sem a devida observância das normas legais.

O grupo ainda destacou o fato de que os hospitais da empresa apresentaram taxas de letalidade elevadas entre os pacientes hospitalizados com Síndrome Respiratória Aguda.

A Prevent Senior disse, em nota, que "contesta o relatório" e "reafirma ter total interesse em que investigações técnicas, sem contornos políticos, possam restabelecer a verdade dos fatos".

Políticos, jornalistas, acadêmicos, cientistas e artistas repudiaram ontem a publicação em que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) debocha da tortura sofrida pela jornalista Miriam Leitão durante a ditadura militar. O PSOL e a Rede entraram com um pedido de cassação do mandato do filho do presidente Jair Bolsonaro no Conselho de Ética da Câmara por quebra de decoro parlamentar.

No domingo, Eduardo escreveu em suas redes sociais: "ainda com pena da cobra", em resposta a uma postagem na qual a jornalista afirmou que Bolsonaro é inimigo da democracia. O comentário faz alusão a uma das torturas sofridas por Miriam, que teve de ficar nua em frente a dez soldados e três agentes de repressão e passar horas trancada em uma sala com uma jiboia. Na época, ela estava grávida.

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Reação

A afirmação de Eduardo foi criticada por políticos como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os senadores Randolfe Rodrigues (Rede) e Alessandro Vieira (PSDB), a deputada Natália Bonavides (PT-RN) e o presidente do Novo, Eduardo Ribeiro, dentre outros.

Cerca de 300 pessoas, entre jornalistas, acadêmicos, cientistas e artistas escreveram um abaixo-assinado. "Miriam tinha 19 anos, estava grávida e sob a tutela do Estado autoritário quando foi submetida aos horrores da tortura e teve seus direitos humanos violados. Apologia à tortura é crime e quem a pratica deve se submeter aos rigores da Legislação", diz o documento.

O pedido de cassação caracteriza a declaração como "criminosa, repugnante e abjeta" e relembra outros episódios em que Eduardo defendeu a ditadura militar e as ações repressivas durante o período.

No Conselho de Ética da Câmara, a cassação mais recente foi a de Flordelis (RJ), acusada de mandar assassinar o marido, em 11 de agosto de 2021, quase um ano após o Ministério Público aceitar denúncia. Antes de Flordelis, a última cassação aprovada na Câmara foi a de Eduardo Cunha, ex-presidente da Casa, em 2016.

Depois de mais um prejuízo bilionário no terceiro trimestre, de R$ 2,5 bilhões, a Gol tentou demonstrar otimismo para o quarto trimestre, quando a demanda sazonalmente mais forte coincidirá com o ápice da vacinação contra a Covid-19 no País. A companhia projeta de 600 a 700 voos diários para dezembro, ante média de 460 em novembro. Ainda assim, a aérea deve continuar a enfrentar desafios para reduzir o endividamento em um cenário de juros e custos mais altos.

O presidente da Gol, Paulo Kakinoff, reforçou que a companhia está retomando gradualmente os voos internacionais, com destaque para países como Uruguai, Argentina e México. Os Estados Unidos devem voltar ao portfólio da companhia no segundo trimestre de 2022.

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A decisão se deve, em parte, ao represamento de pedidos de vistos no Brasil e principalmente pela taxa de câmbio. "Pode ficar caro para os brasileiros viajarem para os Estados Unidos", disse o executivo, em teleconferência de resultados. Enquanto isso, a aérea supre a demanda externa por meio da parceria com a American Airlines.

O analista da Mirae Asset Corretora, Pedro Galdi, aponta que a companhia tenta mostrar um viés positivo, com um maior número de voos e de uso de aeronaves. "Mas pesa a expectativa de que, apesar do crescimento dos voos domésticos, o segmento internacional vai demorar um bom tempo para voltar ao normal."

DÍVIDAS

Além disso, analistas alertam para o endividamento elevado da Gol. Ao fim de setembro, a alavancagem da companhia, medida pela relação entre a dívida líquida ajustada e a geração de caixa, alcançou 9,7 vezes, piora significativa em relação ao indicador de 4,3 vezes em igual período de 2020.

De janeiro a setembro, as despesas da Gol somente com juros de empréstimos e financiamentos cresceram cerca de 20% sobre igual período de 2020, para R$ 1,37 bilhão. "O endividamento da companhia continua alto", pontua Galdi.

Diante de um horizonte de custos de combustível e dólar ainda elevados, a Gol segue com desafios. Em relatório, o Citi avalia que a companhia enfrentará cenário adverso de preços de combustível e condições econômicas negativas.

O diretor vice-presidente financeiro da Gol, Richard Lark, minimizou os riscos macroeconômicos. "No Brasil, o cenário de risco fiscal é melhor do que nos EUA, por exemplo. Os fundamentos no País estão indo bem", disse a analistas. "É claro que o câmbio afeta o combustível e os custos com aeronaves", admitiu.

A companhia também está em um movimento de renovação da frota: um de seus objetivos é ampliar o uso dos aviões da linha MAX, da Boeing, considerados mais econômicos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A vacinação contra a covid-19 será retomada na capital paulista nesta quarta-feira, 23. Mas após a campanha ser suspensa por falta de doses houve mudança no calendário, revendo datas para o grupo de 44 a 48 anos.

Segundo o secretário da Saúde, Edson Aparecido, as mudanças no calendário não devem refletir no restante do cronograma, cujo prazo final foi mantido. "Nós acreditamos que o PNI (Plano Nacional de Imunização) vai conseguir manter o abastecimento (de vacinas) e nós vamos manter o calendário", disse em entrevista à Rádio Eldorado. O calendário da cidade está de acordo com o cronograma proposto pelo governo do Estado, que prevê a vacinação da faixa de 43 a 49 anos entre 23 e 29 de junho. Os pontos de vacinação estão sendo reabastecidos com 181,8 mil doses de Coronavac (para a primeira dose) e 30 mil de AstraZeneca (para segunda dose).

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Neste mês, o governador João Doria (PSDB)anunciou que pretende aplicar a primeira dose em todos os paulistas até setembro. Na segunda-feira, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, fez a mesma previsão para todo o País. Na capital paulista, a escassez começou a ser vista ainda no fim de semana.

No sábado, a Secretaria Municipal de Saúde alega que avisou ao Estado que havia apenas 59 mil doses em estoque. Edson Aparecido disse ao Estadão que o pedido por mais vacinas foi feito pelo secretário adjunto e pelo próprio prefeito Ricardo Nunes (MDB). Para manter a imunização no fim de semana, a cidade chegou a usar 16 mil doses de AstraZeneca que estavam reservadas para a segunda dose. O estoque já foi reposto, mas o pedido da capital só foi atendido nesta terça-feira. Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde disse que distribui as vacinas de acordo com as quantidades enviadas pelo Ministério da Saúde e com base no público-alvo de cada município.

Aparecido acredita que a falta de doses na cidade foi uma consequência da grande procura por vacinas. Ele disse que 93% do público de 50 a 59 anos foi imunizado nos últimos dias. "Felizmente, estamos tendo uma grande adesão à campanha na capital", falou. Ainda na entrevista à Rádio Eldorado, o secretário informou que 1,2 milhão de doses foram aplicadas na cidade entre segunda e quarta-feira da semana passada.

Segundo o Estadão apurou, na avaliação do governo do Estado a medida de suspensão adotada pela Prefeitura poderia ter sido evitada, dada a chegada de novas doses já prevista. O desabastecimento chegou a atingir mais de 60% dos locais de aplicação no Município.

Mais imunizantes

O Ministério da Saúde faz previsões mensais sobre o total de doses que o País deve receber, mas dificilmente essa projeção é cumprida e a pasta acaba diminuindo a quantidade esperada. Isso atrapalha o planejamento dos Estados e municípios. "A gente cai sempre no mesmo problema. A entrega de doses não segue o cronograma correto e ficamos nessa campanha incerta", diz a epidemiologista Ethel Maciel, professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

Para Ethel, a suspensão pontual da vacinação nas cidades é prejudicial para a campanha como um todo. "Com isso, é criada desconfiança", diz. Outras capitais paralisaram ontem a aplicação de primeira dose.

Neste mês, o Brasil esperava receber 37,9 milhões de doses de vacinas, mas só recebeu 29,2 milhões até o momento. Deste total, dois milhões de doses chegaram nesta terça-feira: 1,5 milhão da Janssen e 528 mil da Pfizer. É a primeira remessa de doses da Janssen ao País, que imuniza com dose única.

Sobre as vacinas que chegaram nesta terça, ainda não há definição de quantas doses serão entregues a cada Estado. Segundo o Ministério da Saúde, a divisão é feita em reunião com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. A Anvisa ampliou o prazo de validade da vacina da Janssen, o que facilita a logística - inicialmente só haveria distribuição para as capitais. O secretário executivo da Saúde de São Paulo, Eduardo Ribeiro, adiantou que a vacina de dose única será distribuída entre todas as cidades do Estado. (Colaborou Marianna Gualter)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Dezenas de milhares de pessoas voltaram às ruas neste sábado (19) em manifestações críticas ao governo federal realizadas em ao menos 24 Estados e no Distrito Federal, segundo registros nas redes sociais. Organizados por movimentos sociais, centrais sindicais e partidos políticos de oposição, os atos pediram o impeachment do presidente Jair Bolsonaro, a retomada do auxílio emergencial de R$ 600 e a vacinação em massa contra o novo coronavírus.

Segundo os organizadores, foram 427 atos no Brasil e em outros 17 países com cerca de 750 mil pessoas. Não há registros oficiais que confirmem os locais nem o número de participantes em cada um deles. No início da tarde, o País bateu a marca de 500 mil mortes por covid-19, impulsionando ainda mais as manifestações e dominando os discursos.

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Em São Paulo, milhares fecharam a Avenida Paulista, ocupando pelo menos oito quarteirões da via, enquanto tentavam atender às recomendações para manter o distanciamento. O vão livre do Museu de Arte de São Paulo foi protegido por gradis, o que provocou aglomerações ao redor do carro de som estacionado em frente ao Masp.

"Sabemos do risco da pandemia, mas nós tomamos todo o cuidado do mundo, hoje eu vim com duas máscaras, e fazemos isso porque temos de sacudir o Brasil", discursou o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP). O ex-prefeito Fernando Haddad (PT) também falou aos manifestantes. Lamentou as mortes e alertou para a possibilidade do descontrole da pandemia continuar. "Só um impeachment vai salvar a democracia."

Segundo colocado na disputa pela Prefeitura de São Paulo ano passado, Guilherme Boulos (PSOL) disse que a manifestação ocorria "em homenagem e em solidariedade" aos 500 mil mortos e que o País "não vai esperar sentado até 2022".

No início da noite, os manifestantes iniciaram uma passeata em direção à Praça Roosevelt. No caminho, a Polícia Militar teve de dispersar um grupo que ateou fogo a sacos de lixo em meio a um congestionamento. Próximo das ruas da Consolação e Maceió, mais uma intercorrência foi interrompida pela PM, que usou bombas de efeito moral para conter vândalos que atacavam um agência bancária.

Capitais

No Rio, milhares de manifestantes percorreram a Avenida Presidente Vargas, no centro, até a Igreja da Candelária, com faixas pedindo vacina e impeachment. O ato teve a presença do cantor Chico Buarque e do pastor Henrique Vieira, da Igreja Batista do Caminho, que lidera um movimento de evangélicos contra Bolsonaro.

Palco de tumultos em que dois homens foram atingidos por disparos de balas de borracha da PM, no ato do dia 29, Recife teve protestos mais tranquilos ontem e menores, em função da chuva. Já em Belo Horizonte, o protesto ganhou força. As ruas ficaram mais cheias, e o ato durou toda a tarde, sendo acompanhado de uma carreata.

Em Salvador, centrais sindicais e movimentos estudantis formaram a linha de frente do ato, que tomou o centro para cobrar "vacina, comida e emprego". Mesmo com forte chuva, manifestantes estiveram na Praça Santos Andrade, em Curitiba, para criticar e pedir a saída do presidente da República.

Exterior

Atos foram registrados também no exterior, como em Berlim, Londres, Dublin, Viena, Zurique e Lisboa.

Com vacinação lenta, baixa adesão às medidas de isolamento social e sem políticas nacionais de testagem em massa, o Brasil atingiu, neste sábado (19), a marca de 500 mil mortes pela Covid-19 (500.022, conforme dados do consórcio de veículos de imprensa, que inclui o Estadão). O País viu a pandemia crescer exponencialmente e, apenas neste ano, registrou o maior número de mortes pela doença entre todas as nações do mundo.

Apesar de alguns governadores projetarem vacinar toda a população com pelo menos uma dose até o fim de agosto, a incerteza na entrega de vacinas e o surgimento de novas variantes ainda tornam o futuro da epidemia incerto no País. Epidemiologista e professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Pedro Hallal afirma que pelo menos 400 mil mortes poderiam ter sido evitadas se o governo federal tivesse adotado medidas para controlar a pandemia.

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Para Hallal, a gestão Jair Bolsonaro errou ao atrasar a compra de vacinas, desestimular o uso de máscaras e imunização, não implementar uma política rigorosa de isolamento social, além de distribuir remédios ineficazes para a Covid-19, como a cloroquina, que causaram uma falsa sensação de segurança.

O distanciamento entre as pessoas é um dos pilares do controle do coronavírus, mas o Brasil nunca conseguiu, de fato, implementar essa medida. Dados do Google sobre mobilidade mostram que a porcentagem de pessoas que deixaram de se deslocar para o trabalho variou entre 42% e 25%. Bolsonaro, porém, vem criticando o isolamento social repetidamente desde o início da pandemia. Um levantamento feito pelo Estadão mostrou que, entre março de 2020 e março deste ano, Bolsonaro promoveu pelo menos 41 eventos com aglomerações. Em maio, quando o País já acumulava mais de 430 mil vítimas da Covid, o presidente chamou de "idiotas" as pessoas que ainda seguiam as recomendações dos especialistas e mantinham o isolamento. "O Brasil precisa de três semanas de um lockdown rigoroso. Isso é muito necessário, mas sabemos que também é muito difícil", diz Pedro Hallal, admitindo dificuldades de adesão e econômicas.

Para Marcel Ribeiro-Dantas, pesquisador em bioinformática no Instituto Currie (França) e integrante da isola.ai, iniciativa que conduz estudos relacionados ao distanciamento social na América Latina, as medidas fracassaram por falta de fiscalização e de alinhamento no discurso. "Não adianta o prefeito falar uma coisa e a oposição dizer outra. Falta uma voz uníssona."

O médico José Cherem, integrante do Núcleo de Pesquisa Biomédica da Universidade Federal de Lavras (UFLA), diz que a falta de apoio governamental é um dos principais entraves ao isolamento. "Falta um subsídio financeiro. As pessoas também estão enfrentando dificuldades econômicas, insegurança alimentar e desemprego", aponta.

Os especialistas ressaltam ainda que o Brasil deveria ter apostado em uma política de testagem em massa. Em geral, o Sistema Único de Saúde (SUS) só oferece teste de coronavírus a quem manifesta sintomas claros da doença - e o resultado demora. "O Brasil precisa ainda começar a fazer o sequenciamento para enfrentar a pandemia com informações mais criteriosas", defende José Cherem. O médico fala que, quando o país sabe com quais cepas está lidando, consegue calcular o impacto que o vírus terá sobre o sistema de saúde e tem tempo de prepará-lo.

Imunização

Os especialistas são reticentes em cravar o futuro da pandemia, mas concordam que dificilmente o País adotará uma política de isolamento social ou de testagem eficientes a ponto de controlar a disseminação do novo coronavírus. Sobra, portanto, a vacinação. O País comprou, ao todo, 559,6 milhões de doses das cinco vacinas aprovadas pela Anvisa, conforme a plataforma apolinar.io/vacinas. A previsão é de que tudo seja entregue até dezembro.

No sábado, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, se manifestou nas redes sociais, lamentando as "500 mil vidas perdidas pela pandemia que afeta o Brasil e o mundo". "Trabalho incansavelmente para vacinar todos os brasileiros no menor tempo possível e mudar esse cenário que nos assola há mais de um ano. Presto minha solidariedade a cada pai, mãe, amigos e parentes que perderam seus entes queridos." O presidente Bolsonaro não havia se manifestado até às 16h.

A Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) investiga dois casos suspeitos de infecção pela variante indiana B.1.617 do coronavírus no município de Primavera. Os pacientes teriam visitado o litoral do Maranhão, onde a cepa foi identificada na semana passada, antes de apresentarem os sintomas. É o terceiro Estado a notificar investigações - o Ceará também apura uma contaminação.

Primavera fica a 193 quilômetros de Belém. A secretaria informou que os pacientes já estão em isolamento, e amostras de ambos foram encaminhadas para sequenciamento no Instituto Evandro Chagas.

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Para tentar conter a entrada da variante indiana da Covid-19 no Brasil, o Ministério da Saúde anunciou no sábado (22) a implementação de barreiras sanitárias em aeroportos, rodoviárias e grandes rodovias. O governo também prometeu enviar testes rápidos de antígeno ao Maranhão para que sejam usados em estratégias de bloqueio. Outras 2,4 milhões de unidades serão destinadas aos demais Estados, com foco principalmente em áreas de fronteira e terminais com grande fluxo de passageiros - a distribuição deve ser definida hoje em reunião com secretários municipais e estaduais de Saúde.

Ontem, mesmo dia em que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participou, sem máscara, de ato com motociclistas e provocou aglomeração no Rio, o ministro Marcelo Queiroga viajou ao Maranhão para entregar os 600 mil testes de detecção da covid-19. Em São Luís, Queiroga se reuniu com o governador Flávio Dino (PCdoB), desafeto de Bolsonaro, e pregou integração no trabalho de combate à doença.

"Vamos trabalhar juntos, de forma articulada, para prover a segurança necessária, para transmitir à população o que ela precisa: confiança nos seus gestores, confiança no ministro, no secretário estadual de Saúde, no secretário municipal de Saúde, porque estamos trabalhando juntos pelo povo do Brasil", afirmou Queiroga, sem fazer qualquer menção ao ato promovido mais cedo pelo presidente.

Para tentar reduzir o risco de propagação da nova cepa, o ministro informou ainda que o Maranhão receberá 5% a mais de doses de vacinas. Os imunizantes serão utilizados nas cidades de São Luís, Raposa, São José de Ribamar e Paço do Lumiar, que compõem a Ilha de São Luís. Dino destacou que manterá "diálogo administrativo" com o governo federal e os municípios.

Queiroga e Dino também sobrevoaram o navio MV Shandong da Zhi, que está isolado e no qual houve registro dos seis primeiros casos da variante.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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