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O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Heiko Maas, prometeu neste domingo (19) combater o "negacionismo" do Holocausto, enquanto o país recorda discretamente, em consequência da pandemia de COVID-19, os 75 anos de libertação de três ex-campos de concentração nazistas.

As cerimônias previstas foram canceladas ou reduzidas de maneira drástica nos ex-campos de Sachsenhausen, Ravensbrueck e Bergen-Belsen.

"Mais de 20.000 pessoas foram exterminadas no campo de concentração de Sachsenhausen. Se respeitássemos um minuto de silêncio por cada uma delas, este duraria duas semanas", declarou Maas em um vídeo.

"Mas a luta contra o esquecimento pode não ser silenciosa", destacou.

A Alemanha assumiu no mês passado a presidência da Aliança Internacional para a Recordação do Holocausto e Maas afirmou que concentraria as atividades no comando do organismo na "luta contra aqueles que negam ou distorcem a história do Holocausto".

"Quando a lembrança é difamada como um "culto da culpa" e as vítimas são chamadas de responsáveis, seja na Alemanha ou no exterior, nós, alemães, não podemos permanecer em silêncio", advertiu.

O memorial de Sachsenhausen deveria receber diversos eventos entre sexta-feira e terça-feira, mas a programação foi suspensa, e as cerimônias aconteceram por meio de vídeos divulgados na internet, como o que inclui as declarações de Maas.

Na quinta-feira aconteceram breves cerimônias em Sachsenhausen e em Ravensbrueck.

Em Bergen-Belsen, no land (estado regional) da Baixa Saxônia, os funcionários do memorial depositaram flores diante do "Muro das Inscrições", enquanto alemães de todo o país respeitaram um minuto de silêncio para recordar o aniversário da libertação, na quarta-feira passada.

Mais de 50.000 pessoas morreram no campo de Bergen-Belsen, entre elas a adolescente Anne Frank, autora do famoso diário cujos relatos sobre o Holocausto constituem um símbolo do sofrimento infligido pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

As cerimônias originalmente programadas para este domingo foram adiadas para abril de 2021 e alguns discursos também foram divulgados on-line.

"Para nós, na Baixa Saxônia, Bergen-Belsen é o local que representa a crueldade e a impiedade da parte mais sombria de nossa história", afirmou o primeiro-ministro regional, Stephan Weil

Um dos momentos mais tristes da história mundial é a propagação do nazismo. Apesar dos eposódios marcados por violência e discriminação, essa etapa ainda assim é saudada por algumas pessoas atualmente. O LeiaJá ouviu especialistas que explicaram o que é o nazismo, o que ele causou enquanto regime político e por que essas ideias não devem ser reverenciadas, mas repudiadas pela sociedade.

Radicalismo racista

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Campo de concentração de Auschwitz, na Polônia, um dos maiores do período nazista. Foto: Pixabay

O professor de história José Carlos Mardock explicou que, diferentemente do que muitas pessoas costumam achar, há distinção entre o fascismo e o nazismo, embora um se origine do outro. “Podemos afirmar que o nazismo ele é radical, é racista. O fascismo, não. O fascismo se promove como corporativista, não promove o endeusamento de uma raça”, disse ele. Segundo o professor, o contexto social pelo qual a Alemanha estava passando após a Primeira Guerra Mundial e em consequência da quebra da Bolsa de Valores de Nova York, criou um cenário propício para que as ideias radicais fossem disseminadas naquela sociedade. 

“Adolf Hitler acaba se aproveitando dessa crise econômica, intelectual, ideológica e utiliza sua imagem em meio à ideologia nazista. Ele percebe claramente que a bandeira ultranacionalista vai ser capaz de recuperar a economia, vai ser vital para fortalecer, pouco a pouco, a economia da Alemanha. O nazismo é uma corrente ideológica contraditória, porque ao mesmo tempo em que ele pregava o militarismo, o ultranacionalismo, o imperialismo, fortalecimento do estado, ele também usa como característica o culto ao líder”, declarou Mardock. 

Para o nazismo consolidar os seus objetivos, o professor conta que a estratégia adotada pelos nazistas foi a criação de uma ideia dos alemães como uma raça superior e injustiçada, perseguida ao longo da história. Nesse processo, são elencados alguns inimigos da pátria, vistos como a razão do sofrimento do povo e que passam, então, a ser perseguidos pelo regime quando Hitler sobe ao poder. 

O professor Mardock também destaca que, apesar da perseguição sistemática aos judeus no Holocausto, o regime nazista perseguiu duramente diversos outros grupos. “O que o discurso de Adolf Hitler traz é a colocação dos alemães como vítimas porque foram obrigados a sustentar não somente judeus, mas negros, homossexuais, ciganos… A historiografia evidencia os judeus, até pelos efeitos do Holocausto, que matou 6 milhões só de judeus. Só que a guerra, o confronto direto entre alemães e russos, por exemplo, causou a morte de 20 milhões de russos. Até porque no discurso de Hitler havia a ideia do lebensraum, que significa espaço vital. Como ele avalia isso? Diz que no passado, desde a formação do primeiro Reich até o segundo Reich, os arianos foram perseguidos. Então nós temos aí ingleses, franceses, Países Baixos, como os holandeses, que retalharam o território ariano, então o que ele faz na década de 30 é recuperar e proteger a raça que foi perseguida. Portanto, os judeus são apenas a comunidade que mais se destaca em filmes, documentários, propagandas, mas não é a única”, disse Mardock. 

Negação do outro

Na Alemanha nazista, os judeus eram obrigados a usar estrelas amarelas nas roupas para serem diferenciados dos outros cidadãos. Foto: USHMM

Karl Schuster é historiador e professor há 17 anos, fez pós-doutorado em História Contemporânea pela Universidade Livre de Berlim e atualmente é livre docente da Universidade de Pernambuco (UPE). Ele define o nazismo como um fenômeno político clássico dos anos 30 e 40 que apresenta ressurgência no presente como princípio e também como “um princípio filosófico que é a negação da alteridade, a negação do outro”. 

“Toda tentativa veemente de negar o outro é nazista, é por isso que ele sobrevive ao tempo. Por isso o nazismo dos anos 30 e 40 termina como Estado, mas não como princípio. É uma sombra permanente em sociedades que lutam por democracia”, afirmou o professor. Ele continua explicando que o nazismo é também um estado de guerra permanente contra o que ele chama de “outro conveniente”. 

“O fenômeno do nazismo constrói a ideia de um inimigo nacional criado, imaginário. Um outro conveniente, para explicar por que o país está mal, por que tem violência, por que a economia está mal. Ele construiu a ideia do outro conveniente que explicasse por que a Alemanha estava em crise, do outro estereotipado, o judeu. Isso foi fundamental para explicar a ideia de que a sociedade era dividida em raças, que havia raças superiores e que uma delas deveria ser exterminada para atingir o sucesso, o sistema político guarda espaço para construir esses outros”, explicou o professor Karl.

Na visão do docente, atualmente no Brasil, apesar de não haver claras ações de organizações de grupos nazistas, podemos observar ideias de negação do outro entre as pessoas na sociedade e também sendo proferidas por autoridades da república. Para ele, esse tipo de atitude sendo cometida por pessoas que estão em posição de comando tem um efeito de autorização para o restante da população apresentar um comportamento de segregação dos diferentes. 

“O princípio está nos agentes políticos, eles expõem suas falas na sociedade e autorizam a sociedade a agir. Se pessoas que são do aparelho de estado falam que não há espaço para a minoria, a sociedade vai respeitá-las? Não temos nazismo hoje no Brasil, mas temos hoje ações políticas fascistas veladas dentro da democracia. O discurso autorizado da fala legítima autoriza a perseguição aos grupos minoritários. Você não pode procurar o fascismo nos moldes dos anos 30. Bolsonaro não vai dizer ‘eu sou fascista, eu sou nazista’, mas ele vai expressar ideias fascistas e vai autorizar que outras pessoas façam isso em nome dele”, afirmou o professor Karl. 

Apesar de responsabilizar os governantes, o professor vai além da classe política quando classifica as figuras que podem ser interpretadas como autoridades de fala legítima. “Essa fala da autoridade legítima não está só na autoridade de estado, ela vai do professor, aos pais com os filhos em casa. O fascismo é sedutor e usa artifícios de sedução como a fala organizada para conseguir ganhar apoio, no primeiro aspecto de crise da sociedade, ela busca um culpado coletivo e nega sua existência, a convivência com o outro”, disse o professor.

O impacto social que a incidência de ideias desse tipo tem na sociedade, para Karl, é nefasto. “Conviver com a diferença não é uma opção, mas uma necessidade de todas as sociedades. O fascismo na sociedade tira de você a possibilidade de reconhecer o outro e consequentemente sem nenhum tipo de reconhecimento, sua responsabilidade pelo outro é zero. Os meios de comunicação são outro meio do nazismo exercer a violência sem a violência física. Esse fascismo que nega, pune e usa esses meios de comunicação tanto para ser violento quanto para conseguir adeptos. Especialmente na deep web”, afirmou ele. 

Oportunidade pedagógica 

Exemplar de "O Diário de Anne Frank", jovem judia que foi morta pela polícia nazista na Holanda depois de passar anos escondida com sua família e registrou tudo em um diário publicado por seu pai. Foto: Wikipedia

Combater a disseminação de ideias que ferem os direitos humanos é uma missão de toda a sociedade e, especialmente no que diz respeito a jovens em idade escolar, exige o planejamento de estratégias de educação que levem conhecimento à formação de uma ideia de cidadania e empatia. 

Fábio Paiva é professor de pedagogia há 17 anos, já atuou no ensino básico e atualmente trabalha na UNINABUCO – Centro Universitário Joaquim Nabuco. Na opinião dele, a disseminação de ideias antidemocráticas é um problema que vem crescendo nos últimos anos, especialmente através da internet e por meio da dispersão de conteúdos que buscam promover uma nova versão dos fatos históricos. Ele vê também uma certa simpatia de certos setores da sociedade a ideias autoritárias.

Na opinião do especialista, comportamentos como a realização de saudações nazistas em escolas correm risco de se dispersar e ganhar mais força quando não recebem uma resposta adequada por parte da instituição de ensino e da família. “Se eu tenho uma sala de aula e um dos conteúdos necessita de maior atenção, mais aulas, que faça mais atividades e outras estratégias diferentes para aprofundar e ampliar o conteúdo para que ele seja melhor absorvido dentro de uma necessidade”, explicou ele.

Para Fábio, um caso grave como a exaltação a um regime autoritário e assassino como foi o nazismo é uma oportunidade pedagógica de trabalhar melhor um determinado conteúdo em profundidade com toda a comunidade escolar, e exigiria uma resposta séria. “A escola, depois de uma questão dessas, especialmente pela repercussão, devia ter parado suas atividades em todos os turnos que ela ensina por no mínimo uma semana, chamado especialistas, exibido filmes, chamado os pais obrigatoriamente para que os pais participassem das discussões. É um ato educacional a escola entender que tem responsabilidade nesse caso, assumir essa responsabilidade e se aproximar desses estudantes para que eles compreendam melhor o que fizeram. Isso é educação, e não fugir do assunto”, afirmou o pedagogo.

Para o professor Karl Schuster, apenas a educação não basta para que as ideias violentas e totalitárias que dão sustentação ao nazismo não sejam trazidas à tona na sociedade. “Foi uma doce ilusão achar que apenas a educação formal seria capaz. Adorno tem uma frase muito interessante: é impossível falar de poesia depois de Auschwitz. Não há outra forma da educação ser um instrumento contra o nazismo sem ser pela responsabilização. A ideia de que eu preciso reconhecer e entender o outro é insuficiente, mas quando você se responsabiliza, você faz o indivíduo se engajar, lutar, se tornar responsável. Sem isso é impossível vencer o fascismo. É preciso ser por uma luta, uma luta pelo reconhecimento, responsabilização pelo outro. É por uma união de empatia e ação. O antídoto contra o fascismo está em a gente reconhecer o outro, nós precisamos fazer junto”, declarou ele. 

Por sua vez, o professor Mardock afirma que ter a história como um norte para não esquecer o que foi feito de errado no passado e assim evitar os mesmos erros é essencial para que a sociedade avance.  “Quando você percebe jovens, políticos, reproduzindo esse tipo de discurso, a sociedade chega a estremecer. Ainda hoje há sobreviventes do holocausto, como é que você pode valorizar um capítulo ruim da sociedade? A sociedade não pode esquecer, mas deve usar essas características para que sociedades futuras não repitam o mesmo capítulo. Então é fundamental que agora vários segmentos da sociedade possam voltar a discutir o que aconteceu”, afirmou ele. 

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Passados 75 anos da libertação de Auschwitz, sobreviventes do Holocausto, hoje menos numerosos, reúnem-se no local, nesta segunda-feira (27), para honrar a memória de mais de 1,1 milhão de vítimas - principalmente judeus - e lançar um alerta ao mundo frente ao ressurgente antissemitismo.

Procedentes do mundo inteiro, são mais de 200 sobreviventes neste antigo campo de concentração nazista de Auschwitz, situado no sul da Polônia. Lá, compartilharão seus testemunhos no intuito de chamar atenção para a recente onda de ataques antissemitas dos dois lados do Atlântico - alguns letais.

Com gorros e lenços listrados de azul e branco, simbolizando os uniformes destes prisioneiros no campo, atravessaram, com tristeza, o célebre portal de ferro com a inscrição "Arbeit macht frei" ("O trabalho liberta", em tradução livre do alemão para o português). Acompanhados do presidente polonês, Andrzej Duda, depositaram coroas de flores perto do "muro da morte", onde os nazistas mataram milhares de pessoas.

"Queremos que a próxima geração saiba o que nós vivemos e que isso não aconteça nunca mais", declarou com a voz embargada pela emoção o sobrevivente de Auschwitz David Marks, de 93 anos, antes de uma cerimônia no domingo de manhã.

Marks perdeu 35 membros de sua família próxima e distante de judeus romenos em Auschwitz, o maior dos campos da morte instalados pela Alemanha nazista, que se tornou símbolo dos seis milhões de judeus europeus mortos no Holocausto.

A partir de meados de 1942, os nazistas deportaram sistematicamente judeus de toda Europa para seis grandes campos de extermínio: Auschwitz-Birkenau, Belzec, Chelmno, Majdanek, Sobibor e Treblinka.

- 'Sem política' -

Os organizadores insistem no fato de que a cerimônia comemorativa de hoje deve se concentrar no que os sobreviventes têm a dizer, e não nas divergências políticas que marcaram os preparativos da data.

"Trata-se dos sobreviventes, não se trata de política", declarou Ronald Lauder, presidente do Congresso Judaico Mundial, neste ex-campo de concentração hoje transformado em memorial e museu, administrados pela Polônia.

"Observamos o impulso do antissemitismo, e não queremos que seu passado (o dos sobreviventes) seja o futuro de seus filhos, ou o futuro de seus netos", completou.

Chefes de Estado e de governo de quase 60 países assistirão à cerimônia de hoje, que contará com a ausência dos líderes das grandes potências mundiais. Estes últimos participaram, na última quinta-feira, de uma cerimônia semelhante em Jerusalém.

O presidente polonês, Andrzej Duda, recusou-se a ir a Jerusalém, depois de saber que não poderia fazer um pronunciamento junto com as demais autoridades. Já o presidente russo, Vladimir Putin, teve um papel de protagonismo.

Em dezembro, Putin causou indignação na Polônia e no Ocidente após afirmar que este país foi conivente com o ditador nazista Adolf Hitler e contribuiu para a deflagração da Segunda Guerra Mundial.

Duda deve discursar nesta segunda-feira.

Para alertar sobre o que o ódio pode gerar nos seres humanos, manter viva a memória das vítimas e divulgar testemunhos de sobreviventes, o Museu do Holocausto de Buenos Aires reabriu suas portas neste domingo após dois anos.

A primeira imagem causa impacto: ao entrar no edifício localizado no bairro Norte da capital argentina, o visitante avança por um caminho de paralelepípedos que leva a uma porta de vidro na qual uma foto plotada produz a sensação de entrar no campo de concentração de Auschwitz.

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Em um antigo prédio de 3.000 metros quadrados, o museu abriga uma exposição permanente sobre o Holocausto, ou seja, o extermínio de seis milhões de judeus nas mãos do nazismo durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A exposição mostra como o que começou com restrições e "proibições quase absurdas aos judeus para forçar sua emigração da Alemanha" levou à chamada "solução final" que procurou eliminar os judeus do planeta, explicou o historiador Bruno Garbari, responsável do conteúdo.

"Não se pode explicar o Holocausto sem entender como Hitler chegou ao poder", disse o especialista.

Recursos tecnológicos, telas sensíveis ao toque, espaços sensoriais, tabletes interativos destacam os testemunhos de sobreviventes, fotos e vídeos históricos, enquanto estatísticas dolorosas completam a informação.

Seis milhões de nomes são projetados nas paredes de uma das salas, expressando a magnitude do genocídio.

Focada nos sobreviventes que chegaram e reconstruíram suas vidas na Argentina, a exposição também reflete a contradição do país sul-americano de ser um refúgio para judeus perseguidos, mas também por ter abrigado líderes nazistas após a queda do regime.

- "O ódio não desapareceu" -

Um setor é dedicado à captura em 1960 nos arredores de Buenos Aires de Adolf Eichmann, um dos principais responsáveis pela 'solução final', que foi sequestrado por agentes do Mosad, o serviço secreto israelense, e levado para Israel onde foi julgado e enforcado em 1962.

São exibidos o salvo-conduto da Cruz Vermelha em nome de Ricardo Klemment - nome falso que Eichmann costumava usar na Argentina -, fotos e planos referentes à sua captura, entre outros.

Outro espaço foi projetado para a introspecção dos visitantes, onde um túmulo simboliza as milhões de vítimas do nazismo. O único objeto exibido ali é uma máquina de escrever com letras em iídiche semi-destruída, encontrada nos escombros da AMIA, associação mutual israelita argentina que sofreu um ataque em 1994, com um saldo de 85 mortes e 300 feridos.

"Optamos por incorporá-la para dizer que a violência, o ódio, não desapareceu em Auschwitz", refletiu o diretor do museu, Jonathan Karszenbaum.

Um conjunto de 83 objetos nazistas encontrados e apreendidos em 2017 não fazem parte da exposição permanente, apesar das expectativas geradas há quase dois meses, quando foram entregues ao Museu pela justiça argentina.

"Essas peças ainda não foram escolhidas para exibição, estão sob investigação. Quando houver um resultado confiável que valha a pena, vamos instalá-las", disse Karszenbaum.

A coleção - cuja autenticidade gerou polêmica - foi encontrada durante uma operação de busca na casa de um colecionador como parte de uma investigação em Buenos Aires por suposto tráfico de objetos chineses.

Apenas um ano depois de seu primeiro beijo, a adolescente judia Renia Spiegel escreveu em seu diário uma oração pedindo a Deus que a deixasse viver. Era junho de 1942.

Ela então iria completar 18 anos. Os nazistas alemães acabavam de exterminar todos os judeus de um bairro de sua cidade de Przemysl, no sul da Polônia. Alguns se viram forçados a cavar seu próprio túmulo.

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"Para onde quer que se olhe, há sangue. Que 'progroms' tão terríveis. É um massacre, assassinato", escreve ela em 7 de junho.

"Deus Todo-Poderoso, pela enésima vez me inclino diante de ti. Ajude-nos, salve-nos! Oh, Deus, nosso Senhor, deixe-nos viver, eu lhe suplico, quero viver!", completa.

Um mês e meio mais tarde, seu namorado, Zygmunt Schwarzer, um judeu com visto de trabalho que lhe permitia se movimentar pela cidade, escondeu-a com os pais dele no sótão de uma casa fora do gueto judeu. Um colaborador os traiu.

Schwarzer, de 19 anos, descreve sua morte em uma assustadora nota acrescentada ao diário: "Três tiros! Três vidas perdidas! Foi ontem à noite às dez e meia... Minha querida Renusia, o último capítulo do seu diário acabou".

Depois da guerra, o jovem recuperou o diário e o entregou à mãe da adolescente assassinada. O objeto passou décadas no cofre de um banco e, agora, quase 80 anos depois, é publicado em todo mundo.

Renia Spiegel é conhecida como a "Anne Frank polonesa", em referência à adolescente holandesa vítima do Holocausto e autora de um famoso diário que começou a escrever quando tinha 13 anos.

- 660 páginas -

Renia começou o seu em 1939, aos 14 anos. Vivia na casa dos avós. Sua mãe estava em Varsóvia para promover a carreira cinematográfica de sua irmã caçula Ariana, apelidada de "Shirley Temple polonesa".

A adolescente escreveu cerca de 660 páginas em vários cadernos. Conta o quanto sentia falta da mãe e que gostava do jovem Schwarzer de olhos verdes. Também compõe poemas e inclui parágrafos sobre a ocupação soviética e nazista de sua cidade.

Ela encerra cada volume da mesma maneira: pedindo ajuda à sua mãe e a Deus, como se fosse um mantra.

No início da guerra, sua irmã Ariana ficou bloqueada em Przemysl, onde passou o verão de 1939 na casa dos avós. Salvou-se graças ao pai de sua melhor amiga, que a levou de trem para Varsóvia.

"Um bom cristão me salvou a vida. Arriscou-se à pena de morte, me levando, como sua filha, para a casa da minha mãe", declarou à AFP em Varsóvia a agora senhora de 88 anos que vive em Nova York.

Ela foi então batizada e passou a se chamar Elizabeth. Um oficial alemão, apaixonado por sua mãe, enviou as duas para um lugar seguro na Áustria. Depois da guerra, ambas emigraram para os Estados Unidos.

Schwarzer também sobreviveu, apesar ter sido enviado para o campo de extermínio de Auschwitz. Conta-se que o infame médico e criminoso de guerra Josef Mengele o escolheu para que lhe permitissem viver.

- "Dilacerante demais" -

No início dos anos 1950, Schwarzer encontrou a mãe de Renia em Nova York e lhe entregou o diário.

"Estava abalada. Nunca fui capaz de lê-lo", relata sua irmã, agora chamada Elizabeth Bellak. E, mesmo hoje, conseguiu ler apenas alguns trechos, porque é "dilacerante demais".

Finalmente, foi sua filha que tirou o diário do cofre.

"Eu me chamo Alexandra Renata (Bellak). Meu nome se deve a esta pessoa misteriosa que nunca conheci... Sentia curiosidade por conhecer o passado", explica à AFP a filha de Elizabeth, uma agente imobiliária de 49 anos.

As duas mulheres entraram em contato com o diretor de cinema Tomasz Magierski, que aceitou, inicialmente por educação, olhar o diário.

"Não fui capaz de me soltar dele. Eu o li provavelmente em quatro, ou cinco, noites... Me acostumei com sua forma de escrever e, para ser sincero, me apaixonei por ele, por Renia", disse à AFP.

"O triste deste diário é que... você sabe como termina. Mas, quando você lê, espera que o final seja diferente", lamentou.

Os poemas o impressionaram. Em um deles, sobre um soldado alemã, Renia Spiegel mostra empatia. "Amaldiçoo milhares e milhões/ Mas por um, ferido, choro".

- 'Tantos ismos' -

Magierski fez um documentário sobre as duas irmãs intitulado "Os sonhos destruídos" (em tradução livre) e, em colaboração com os Bellak, conseguiu que o diário fosse publicado na Polônia pela Fundação Renia Spiegel.

Em setembro, os três assistiram à estreia em Varsóvia. Elizabeth chorou ao ouvir uma atriz cantar um poema de sua irmã.

"Nacionalismo, populismo, antissemitismo. Todos esses 'ismos' voltam. E nós não queremos que a morte de milhões de pessoas volte a se repetir", disse à AFP. "Sabe que algumas pessoas nunca acreditaram no que aconteceu? Eu estava lá. Posso afirmar que aconteceu".

O sobrevivente austríaco mais velho dos campos da morte, Marko Feingold, faleceu na quinta-feira aos 106 anos, anunciou a Comunidade Judaica de Viena (IKG).

Feingold sobreviveu a quatro campos de concentração e sempre falava sobre sua experiência. Apesar da idade avançada, há pouco tempo ainda participava em conferências e dava palestras em escolas.

"Já falei com meio milhão de pessoas", declarou à AFP em 2018.

Nascido em 28 de maio de 1913, austro-húngaro na atual Eslováquia, Marko Feingold foi detido em Praga e deportado para Auschwitz em 1940.

"Disseram que eu tinha três meses de vida. Era verdade porque depois de dois meses e meio eu estava prestes a sucumbir ao cansaço quando, por sorte, consegui fazer parte de um comboio para Neuengamme", outro campo na Alemanha.

Feingold, número 11.996, foi posteriormente transferido para outros dois campos, em Dachau e depois em Buchenwald, onde foi salvo graças a sua qualificação como pedreiro.

Único sobrevivente de sua família, ele saiu de Buchenwald ao ser libertado pelos americanos em maio de 1945, mas não conseguiu chegar a Viena por integrar um grupo de sobreviventes que teve o trânsito proibido na zona de ocupação soviética na Áustria.

"Um soldado russo disse que tinha ordens para não permitir nossa passagem. O novo ministro das Relações Exteriores (social-democrata) Karl Renner havia declarado que não receberiam judeus judeus", explicou à AFP.

Marko Feingold decidiu então seguir para Salzburgo, zona americana, onde morou até sua morte e liderou a pequena comunidade judaica da cidade.

Depois da guerra, ele estabeleceu uma rota que permitiu a 100.000 judeus emigrar para a Palestina através da Itália. Ele próprio se recusou a deixar a Áustria, apesar das dificuldades que encontrou ao retornar a um país onde o antissemitismo ainda estava muito presente.

"Não consegui encontrar trabalho. Alguém que retornava dos campos era necessariamente um criminoso. Tive que trabalhar por conta própria", explicou. Feingold criou uma loja de roupas em Salzburgo.

A Áustria se declarou durante muito tempo uma "vítima" do Terceiro Reich, rejeitando seu papel no Holocausto, antes de iniciar com muito atraso, em meados dos anos 1990, um trabalho significativo de memória.

Como acontece todos os anos, Israel parou durante dois minutos nesta quinta-feira (2) às 10h (4h de Brasília) ao som das sirenes para respeitar o dia do Holocausto, em memória dos seis milhões de judeus vítimas do nazismo na Segunda Guerra Mundial.

Os motoristas desceram dos veículos, os ônibus pararam nas rodovias, assim como os pedestres nas calçadas. Nas portas de estabelecimentos comerciais e prédios, os israelenses recordaram o Holocausto de pé, com a cabeça baixa. Os estudantes fizeram a mesma coisa nas escolas.

Na quarta-feira, durante uma cerimônia no memorial do Holocausto, Yad Vashem, em Jerusalém, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu denunciou o aumento do antissemitismo no mundo.

"Vivemos um paradoxo: a admiração em todo o mundo pelo Estado dos judeus é acompanhada em certos meios pelo aumento do antissemitismo", declarou Netanyahu.

O primeiro-ministro citou o recente atentado que deixou um morto em uma sinagoga na Califórnia e uma charge, publicada no jornal New York Times, com um cão guia levando o presidente americano Donald Trump cego e com um kipá na cabeça.

O jornal americano pediu desculpas no sábado pela publicação do desenho, reconhecendo que "incluía clichês antissemitas".

O antissemitismo avança na Europa e na América do Norte, de acordo com um relatório do Centro Kantor publicado na quarta-feira pelo Congresso Judeu Europeu.

Por contestar a existência do Holocausto, Alain Bonnet, 60 anos, foi condenado nesta segunda-feira (15) a um ano de prisão. O seu advogado, Damien Viguier, também foi condenado a pagar uma multa de 5 mil euros por cumplicidade.

Alain é ensaísta francês de extrema direita e já foi condenado várias vezes, principalmente por provocar ódio racial. De acordo com a Carta Capital, os dois homens terão que pagar um euro simbólico de danos a quatro associações civis antirracistas, além de 1.500 euros em custo legais para cada uma delas.

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O presidente Jair Bolsonaro (PSL) tentou amenizar o impacto da declaração polêmica que concedeu sobre ser possível perdoar o Holocausto. No último fim de semana, ele enviou uma carta às autoridades de Israel com o objetivo de reverter o imbróglio gerado. No documento, ele pontua que interpretações errôneas querem o afastar dos “amigos judeus”.

"Deixei escrito no livro de visitantes do Memorial do Holocausto em Jerusalém: 'AQUELE QUE ESQUECE SEU PASSADO ESTÁ CONDENADO A NÃO TER FUTURO'.  Portanto, qualquer outra interpretação só interessa a quem quer me afastar dos amigos judeus. Já o perdão é algo pessoal, nunca num contexto histórico como no caso do Holocausto, onde milhões de inocentes foram mortos num cruel genocídio", observa Bolsonaro na carta.

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O documento foi enviado após o presidente de Israel, Reuven Rivlin, dizer no no Twitter que "nem líderes partidários ou primeiros-ministros vão perdoar, nem esquecer" o extermínio em massa dos judeus durante a 2ª Guerra Mundial.

Na última sexta-feira (11), em encontro com evangélicos no Rio de Janeiro, Bolsonaro chegou a relatar a visita ao Museu e ponderou: "Fui mais uma vez ao Museu do Holocausto. Nós podemos perdoar, mas não podemos esquecer. E é minha essa frase: Quem esquece seu passado está condenado a não ter futuro. Se não queremos repetir a história que não foi boa, vamos evitar com ações e atos para que ela não se repita daquela forma".

A fala repercutiu de forma negativa e Reuven Rivlin reagiu. “Nós sempre iremos nos opor a aqueles que negam a verdade ou aos que desejam expurgar nossa memória - nem individuais ou grupos, nem líderes de partidos ou premiês. Nós nunca vamos perdoar nem esquecer”, declarou o presidente israelense.

A banda alemã Rammstein foi alvo de críticas por parte de associações e grupos de judeus, depois de lançar um teaser de seu novo single, Deutschland, que faz parte de seu próximo álbum.

O teaser tem menos de 40 segundos e retrata os músicos como judeus em um campo de concentração com cordas ao redor do pescoço.

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"A instrumentalização e banalização do Holocausto, como mostrado nas imagens, é irresponsável" disse Charlotte Knobloch, ex-presidente do Conselho Central de Judeus na Alemanha ao jornal alemão Blid.

O encarregado do governo alemão para o combate ao antissemitistmo, Felix Klein, comentou que era uma exploração de mau gosto da liberdade artística. A banda ainda não se pronunciou sobre o teaser.

O Rammstein também divulgou o primeiro single do álbum, Deutschland. O vídeo aborda diversos momentos históricos da Alemanha. O grupo, que já foi alvo de outras confusões durante a carreira. Em 2009, seu álbum Liebe Ist Für Alle Da, causou polêmica por ter temas relacionados ao sadomasoquismo.

Por Márcio Santos

 

A Alemanha indenizará os sobreviventes, principalmente os judeus, que tiveram que deixar o país na época do holocausto quando crianças. A indenização será de R$2,5 mil euros (cerca de R$ 11,1 mil).

A Conferência de Nova York Sobre Alegações Materiais Judaicas Contra a Alemanha informou que o governo aceitou os pagamentos para aproximadamente mil pessoas que ainda estão vivas, entre as 10 mil pessoas que fugiram do país no chamado “transporte de crianças”. Os menores foram levados da Alemanha, Áustria, Tchecoslováquia e Polônia para a Grã-Bretanha.

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De acordo com o Memorial do Holocausto dos Estados Unidos, 7,5 mil menores de idade eram judias e foram encaminhadas para serem adotadas por outras famílias, enquanto as outras foram levadas para albergues, escolas ou fazendas. Muitas delas não reencontraram os pais.

 

A sobrevivente do Holocausto Miriam Brik Nekrycz, de 86 anos, morreu no último domingo (18), em São Paulo. Nascida em Lutsk, na Ucrânia, ela veio ao Brasil após perder a família inteira na Segunda Guerra Mundial.

No País, Miriam se casou com Ben Abraham e constituiu uma nova família, além de se dedicar à preservação da memória da guerra por meio de palestras. "Procuro sempre lembrar do que aconteceu para que não aconteça nunca mais."

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Mais velha de uma família com quatro crianças, Miriam tinha 9 anos quando os alemães invadiram a cidade onde morava, no Leste da Polônia, que vivia sob o regime comunista e se localizava perto da fronteira com a União Soviética. "Na noite de 22 de junho de 1941, acordamos com um estrondo terrível. A casa tremia, as coisas voavam e os vidros quebraram. E não sabíamos o que estava acontecendo."

"As pessoas que tinham condições, fugiam para a União Soviética", afirmou em uma palestra. "Mas nós fomos para uma aldeia próxima na cidade. Já tinha muita gente por lá. Os aldeões nos vendiam água e pedaços de pão por um preço muito alto."

Não demorou para que os nazistas tomassem o controle. Segundo Miriam, os alemães afixavam decretos nas paredes, e os judeus eram forçados a acatar. "Saiu um decreto dizendo que os homens de 16 a 60 anos deviam se apresentar para trabalhar. Eles acharam bom e foram."

Miriam só soube após o fim da guerra que todos os 3 mil homens da cidade que se apresentaram foram mortos no mesmo dia. "Nós estávamos morando de favor com minha avó junto com outras duas famílias. A gente passava uma fome terrível, porque os alemães nos permitiam comprar somente 80 gramas de pão por dia."

Ela e a família tiveram que se mudar para os guetos. Ficaram na casa lotada de uma tia. "Eu dormia em cima de um baú arredondado. Eu caía toda hora", lembrou. Com a ajuda de alguns católicos, conseguiram ir para uma cidade mais tranquila. "Havia uma igreja no perímetro do gueto. Os católicos iam lá todos os domingos", contou. "Eles [os católicos] nos esconderam na carroça e passamos pela guarda." A vida de Miriam, porém, continuou turbulenta. "Como uma ventania, os alemães chegaram na cidade onde estávamos e o sofrimento começou tudo de novo."

Sem nenhuma experiência, a mãe e a tia de Miriam começaram a trabalhar de graça na fazenda de um alemão que morava na Polônia porque acreditavam que teriam mais chances de sobreviver se trabalhassem. Enquanto as mulheres carpiam a terra, Miriam e a prima eram responsáveis por levar o almoço, que consistia em uma papa de farinha com água.

No verão, fugiram após saberem que os alemães estavam levando os judeus para fora da cidade. Foram para uma floresta, onde cavaram um buraco para se esconder. Miriam e a prima ficaram encarregadas de ir na casa de camponeses em busca de alimento, já que as mulheres corriam o risco de serem reconhecidas. Às vezes, as duas meninas ganhavam os restos de comida destinados aos porcos. Mas também ouviam coisas como: "Ô, judia, você ainda está viva? Vou chamar os alemães".

Em uma dessas buscas por comida, Miriam bateu na porta de Stefânia, cujo marido havia servido no exército soviético contra os nazistas. Stefânia propôs que a menina, então com 10 anos de idade, trabalhasse na casa, cuidando de um bebê e dos animais. A mãe de Miriam ficou muito contente e recomendou que a menina aceitasse a proposta imediatamente. Em troca, Miriam tinha uma moradia e podia levar comida para a família, que permanecia na floresta.

Um dia, ouviu gritos e choros a caminho do local onde a família estava escondida. Ao se aproximar, viu homens fardados de azul-marinho (ucranianos) e de verde (alemães). Ela tropeçou e caiu. O barulho emitido fez com que os soldados começassem a atirar. Nenhuma bala atingiu Miriam, mesmo assim, desmaiou. Quando acordou, todos já estavam mortos.

Veio para o Brasil porque descobriu que tinha parentes por aqui. "Um milhão e meio de crianças judias foram exterminadas durante o Holocausto. Quis o destino que eu, uma das poucas, fosse salva", escreveu em seu livro "Relato de uma vida". "Se eu fui preservada apenas para presenciar a derrota nazista, sentir o gosto supremo da liberdade e ver a vitória sobre a opressão e a morte, isto bastaria para eu me considerar feliz."

O enterro aconteceu na manhã desta segunda-feira (19) no Cemitério Israelita Butantã.

Uma senhora polonesa de 93 anos foi coroada a Miss Holocaust Survivor, no último domingo (14), em Israel. Tova Ringer, sobrevivente do genocídio nazista, foi eleita a mais bela na edição deste ano no concurso israelense.

O Miss Holocaust Survivor acontece anualmente com o propósito de conceder glamour e honra ao já pequeno número de sobreviventes do  Holocausto. Nesta edição, 12 mulheres participaram do desfile acompanhadas de várias gerações de parentes, na cidade de Haifa, em Israel.

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A vencedora de 2018, Tova Ringer, disse em entrevista à Agência Reuters que receber a coroa e a faixa foi um momento muito especial: "Não acreditaria que na minha idade eu seria uma beleza", disse a ex-joalheira que já é bisavó. Além de Tova, participaram, nesta edição, duas autoras de memórias do Holocausto e uma professora que, aos 74 anos, ainda leciona apesar das complicações de uma pneumonia que sofreu quando criança na Romênia.

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O cineasta e escritor francês Claude Lanzmann, diretor do emblemático documentário "Shoah", sobre o Holocausto, de mais de nove horas de duração, morreu nesta quinta-feira, em Paris, aos 92 anos, anunciou a editora Gallimard.

"Lanzmann faleceu esta manhã em sua residência. Estava com a saúde muito, muito frágil há vários dias", afirmou uma porta-voz da editora.

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A morte do cineasta foi confirmada pela produção de seu último filme, "Les quatre soeurs", que estreou na quarta-feira na França.

O diretor do grande documentário sobre o extermínio dos judeus na Europa também foi jornalista, escritor e diretor da revista francesa "Temps modernes".

Amigo de Jean-Paul Sartre, companheiro de Simone de Beauvoir, foi um defensor incansável da causa de Israel.

No ano passado ficou profundamente abalado pela morte de seu filho Félix, de 23 anos, vítima segundo ele de um "câncer sem piedade".

"A morte não é evidente. Eu não não defendo em nada a morte. Continuo acreditando na vida. Amo a vida com loucura, apesar de na maioria das vezes não ser divertida", afirmou Lanzmann recentemente à AFP.

O diretor se declarava um resistente e combatente a favor da verdade.

"Quando vejo o que fiz ao longo da minha vida, acredito que encarnei a verdade. Nunca brinquei com isto", afirmou.

Pesquisadores da Fundação Anne Frank divulgaram nessa terça-feira (15), em Amsterdam, duas páginas do diário de Anne Frank. Registradas em 28 de setembro de 1942, as páginas revelam que a adolescente judia levantava questionamentos relacionados ao sexo, prostituição, e receberam uma camada de papel para que ninguém lesse o conteúdo escrito quando tinha 13 anos.

A descoberta das folhas 78 e 79 mostra Anne Frank documentando situações batizadas por ela de “piadas sujas”. As páginas foram encontradas dentro de um xadrez que Anne havia recebido no dia do seu aniversário. "Todos os homens, se normais, ficam com mulheres. Essas mulheres que cumprimentam os homens na rua saem com eles e, depois, vão embora", escreveu a garota. Anne Frank morreu em 1945, aos 15 anos, no campo de concentração de Bergen-Belsen na Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial. 

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PARA SEXTA

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A religião é um tema que tem grande importância e influência na cultura e na organização de todos os povos ao longo da história mundial. O Cristianismo, adotado por mais de uma religião com diversas igrejas espalhadas pelo mundo, tem muita influência no pensamento social, leis, costumes de alimentação, calendário e muitos outros aspectos tanto no mundo ocidental quanto no oriente médio, por exemplo. 

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) aborda questões de maneira interdisciplinar, usando textos que relacionam vários temas para que os estudantes demonstrem conhecimento de mundo de forma ampla. A prova de ciências humanas trata de temas de História, Sociologia, Geografia e Atualidades de forma integrada a questões que permeiam a vida cotidiana dos estudantes, além de avaliar seus conhecimentos sobre o que acontece no restante do mundo.

Assim, a influência do Cristianismo não deixaria de aparecer na prova, quer seja de forma direta ou indireta, através da contextualização dos temas. O LeiaJá entrevistou o professor Wilson Santos, que dá aulas de História, para explicar de que maneira o Cristianismo cai no Enem e de que maneira os feras podem se preparar para, no dia da prova, ter segurança de responder às questões sem dificuldades.

Processos Históricos 

O professor Wilson explica que o Enem costuma abordar de que maneira determinados processos históricos afetam a vida cotidiana na atualidade. Ele explica que o fato de a população brasileira ser majoritariamente católica e que “isso advém do processo de colonização, ou seja, do nosso passado, um passado que ainda se faz presente”, contou o professor. 

Outro ponto que ele aponta como uma abordagem possível e que já apareceu, por exemplo, como tema de redação, é a intolerância, muito comumente associada às religiões. Para o professor, temas como conflitos religiosos, submissão da mulher, debates sobre temas como o aborto na política e perseguição a pessoas que professam religiões não-cristãs também podem ser tocados pela prova. 

Ainda nesse contexto, questões sobre Antiguidade tocam diretamente o Cristianismo ao cobrar conhecimentos sobre o Império Romano, sua influência na região onde Jesus viveu, além da perseguição, tortura e humilhação dos cristãos na Roma Antiga.

A história do povo judeu também merece uma atenção especial dos feras. O período de escravidão no Egito, a libertação e a falta de território próprio são temas importantes. Além disso, o período da Segunda Guerra Mundial e a perseguição do regime Nazista de Adolf Hitler, com suas ideias de pureza racial, massacraram os judeus no holocausto e também sempre aparece no Enem.  

Geopolítica

O Oriente Médio e os conflitos que o permeiam sempre são assuntos abordados pelo Enem. O professor explica que o fato de essa parte do mundo ser o berço de três religiões com grande número de fieis (Judaísmo, Islamismo e o Cristianismo), sendo considerada sagrada por muitos povos que vivem em uma disputa por território, além de ser rica em petróleo, colocam as questões ligadas à guerra na Síria e ao conflito entre Israel e Palestina na nossa lista. 

Cultura 

A influência cristã também é muito perceptível em vários costumes e características do povo brasileiro e também de outras nacionalidades. A arquitetura das igrejas e mosteiros, a arte sacra, a literatura e construções do período colonial são exemplos de influências visíveis e que podem aparecer nas questões de ciências humanas e também de linguagem. 

O calendário, a gastronomia e as festividades brasileiras também são muito marcados por costumes que têm sua origem no cristianismo. O professor Wilson destaca como exemplos a Páscoa, o Carnaval, as festas juninas, padroeiras e padroeiros das cidades. 

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--> Religião e escravidão: professor destaca temas para o Enem 

Um supremacista branco que nega o Holocausto obteve a candidatura republicana para um assento no Congresso dos Estados Unidos em representação de algumas partes de Chicago e subúrbios vizinhos.

Art Jones, defensor da segregação racial, cujo site na internet da sua campanha incluiu uma sessão chamada "A fraude do Holocausto", conseguiu a nomeação do Partido Republicano durante a eleição primária do estado de Illinois, na terça.

Ele disputará as eleições legislativas de novembro por um assento na Câmara de Representantes em um distrito fortemente democrata deste estado do Meio Oeste americano.

O Partido Republicano do Illinois não havia recrutado um oponente de Jones no distrito, ante a improbabilidade de que um candidato republicano ganhasse a cadeira do democrata Dan Lipinski, que a ocupa desde 2005.

O partido era contrário à candidatura de Jones e pediu aos eleitores que o desautorizem, dizendo que "nazistas" como ele não têm espaço no país.

O polêmico candidato, contudo, obteve cerca de 20.000 votos na terça-feira, segundo o site Illinois Election Data, que coletou o total dos votos preliminares. Lipinski recebeu mais de 47.000 votos para a nomeação de seu partido.

Jones, um corretor de seguros aposentado de 70 anos, autodenominado ex-líder do Partido Nazista americano e contrário a homossexuais e bissexuais, se candidatou sem sucesso para cargos públicos desde a década de 1970, segundo o Chicago Sun-Times.

"Me considero um patriota e um estadista americano", disse Jones à CNN. Para ele, o Holocausto é "uma extorsão internacional dos judeus", e seu grupo político, o Comitê dos Estados Unidos Primeiro, apenas está aberto a pessoas brancas de ascendência não judaica.

No dia 27 de janeiro de 1945, os Aliados abriram os portões do campo de concentração de Auschwitz e revelaram ao mundo os horrores e os crimes cometidos pelo regime nazista contra os judeus.

Segundo dados oficiais, só em Auschwitz, mais de um milhão de pessoas foram assassinadas em menos de cinco anos. A construção ocupava uma área de quase 200 hectares e foi construído pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial como uma forma de dar uma "solução final" aos judeus na Europa.

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Depois da invasão da Polônia em 1939, o local foi escolhido pelo Terceiro Reich como o melhor campo por conta de razões logísticas. A área tinha, de fato, uma rede ferroviária bem desenvolvida e que a ligava a outros países.

Por esse motivos, em 1939, o Oberführer da SS, Arpad Wigand, propôs ao comandante Erich von dem Bach Zalewski, responsável pelas forças alemãs em Breslávia, para usar a estrutura de um velho quartel para abrir o primeiro campo de concentração e resolver o que se apresentava como uma problema de "superlotação" das prisões da Silésia.

Aberto em abril de 1940, o campo viu chegar os primeiros prisioneiros - políticos poloneses, no caso - no dia 14 de junho. Entre eles, estão um ministro para as relações com a Alemanha, Wladyslaw Bartoszewski. Em 1941, o campo foi ampliado com a construção de Birkenau, quando começaria a se tornar, de fato, uma "máquina de morte" dos nazistas.

Em seu interior, foram exterminados mais de 1,1 milhão de pessoas, sendo que 90% delas eram judeus deportados da Polônia e de outros países da Europa sob domínio de Adolf Hitler.

As forças aliadas foram informadas por mais de uma vez pela Armada Clandestina Polonesa (AK) e por outras fontes sobre o extermínio de judeus que estava sendo posto em prática. Mas, invocando outras prioridades militares para o objetivo-chave do momento (vencer a guerra contra Hitler e seus aliados), os Aliados não tomaram iniciativas para parar com os assassinatos.

Da Itália, o primeiro transporte de judeus para Auschwitz ocorreu em 23 de outubro de 1943. Ao todo, oito mil italianos foram mortos no local durante os anos de guerra.

A libertação do campo de concentração ocorreu há exatos 73 anos, em uma operação ad unidade da Armada Vermelha guiada pelo marechal Ivan Konev que, depois de ter avançado sobre o fronte ucraniano, marchava em direção a Berlim.

No território da construção, em 1947, foi erguido um museu memorial e, em 1979, Auschwitz-Birkenau foi incluído na lista de locais de memória dos sítios de patrimônio da Unesco.

Em novembro de 2005, a Assembleia Geral das Nações Unidas escolheu o dia da libertação do campo de concentração como o Dia Mundial para lembrar todas as vítimas do Holocausto.

Da Ansa

O programa de bolsas Fellowships at Auschwitz for the Study of Professional Ethics (Faspe) está selecionando de 10 a 15 estudantes de jornalismo que estejam cursando pós-graduação ou sejam recém formados para analisar o papel dos jornalistas na Alemanha nazista durante o Holocausto. 

O intercâmbio terá duração de duas semanas e será realizado entre 20 de maio e 1º de junho de 2018, período no qual os bolsistas irão ouvir sobreviventes, visitar redações de jornais na Polônia e na Alemanha e participar de workshops. O programa abordará temas como propaganda, censura, desafios de reportagens em direitos humanos, novas mídias do jornalismo e redação de narrativas históricas.

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Para participar, os candidatos devem estar matriculados em cursos de pós-graduação, pretender trabalhar como jornalista ou ter obtido o diploma de graduação em jornalismo entre maio de 2013 e maio de 2017. Também podem concorrer jornalistas pós-graduados entre maio de 2016 e janeiro de 2018. As inscrições devem ser realizadas até o dia 4 de janeiro de 2018, através do site do programa de bolsas

Em adaptação do livro da escritora alemã Hannelore Brenner, a exposição internacional “As meninas do Quarto 28” está aberta para visitação no Recife. A mostra retrata através de desenhos e colagens parte do dia-a-dia de crianças judias aprisionadas no quarto 28, da fortaleza de Theresienstadt, localizada na antiga Tchecoslováquia, durante a Segunda Guerra Mundial.

Das cerca de 15 mil meninas, com idades entre 12 e 14 anos, que habitaram o gueto de Theresienstad entre os anos de 1942 e 1944, apenas 93 sobreviveram - 15 delas estavam abrigadas no Quarto 28. Todas as obras produzidas pelas vítimas foram resultado de incentivos da professora Friedl Dicker-Brandeis, que deu aulas de artes e desenho enquanto esteve prisioneira no mesmo campo de concentração das meninas. 

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Confira no vídeo os detalhes sobre a exposição:

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Serviço

“As meninas do Quarto 28”

Galeria Janete Costa - Parque Dona Lindu, Boa Viagem

Quarta à Sexta, das 12h às 20h; Sábados, das 14h às 20h; Domingos, das 15h às 19h 

Até dia 29 de Outubro

Entrada franca

 

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