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O papa Francisco rezou e pediu um minuto de silêncio na Praça São Pedro pelas vítimas do ataque a uma mesquita no Egito na última sexta-feira. Após a recitação da tradicional oração do Angelus deste domingo, Francisco destacou que as vítimas estavam orando no momento do ataque. "Também nós, em silêncio, oremos por eles.".

O papa disse que a notícia sobre o massacre "provocou grande dor" e que rezava pelos mortos e feridos "e por toda essa comunidade, que foi tão duramente atingida". "Que Deus nos livre destas tragédias e sustente os esforços de todos os que trabalham pela paz", acrescentou.

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Anteriormente, em um telegrama, o papa Francisco já havia expressado sua "forte condenação" ao ataque, que matou 305 pessoas, o mais mortal realizado por extremistas islâmicos na história do Egito moderno. O pontífice também pediu orações por sua visita de seis dias a Mianmar e Bangladesh, para onde viaja ainda neste domingo.

Fonte: Associated Press

As famílias das vítimas do ataque a tiros na escola Sandy Hook, um dos piores da história dos Estados Unidos, retomaram nesta terça-feira sua batalha legal para que os fabricantes de armas sejam considerados responsáveis pelo massacre.

Em 14 de dezembro de 2012, Adam Lanza matou seis adultos e 20 crianças, a maioria com entre seis e sete anos, nesta escola localizada na cidade de Newtown, em Connecticut. A matança comoveu o país e abriu novamente o debate sobre o controle de armas.

Uma parte das famílias dos falecidos voltou nesta terça-feira aos tribunais para pedir à Justiça que reforme uma decisão do ano passado que rejeitou sua ação contra o fabricante do fuzil utilizado no ataque. Os familiares querem que a empresa seja considerada culpada por negligência e imprudência nos homicídios.

Os juízes da Suprema Corte de Connecticut ouviram os argumentos dos advogados das famílias, do fabricante Remington, da loja que vendeu a arma para a mãe do atirador e do distribuidor de armas Camfour. As famílias alegam que o autor do ataque a tiros não poderia tê-lo executado sem o acesso a uma arma criada especialmente para uso militar em combate.

Os familiares assinalam que as empresas americanas têm a obrigação de garantir a segurança pública. "O que temos aqui é a conduta de uma corporação que pensou que estava acima da lei e continua pensando que está acima da lei", assinalou o advogado Joshua Koskoff. O juiz que desconsiderou a ação afirmou que a lei federal protege os fabricantes de armas em litígios se seus produtos forem usados em um crime.

"A lei deve ser aplicada sem paixão", respondeu James Vogts, advogado da Remington, acrescentando que milhões de americanos têm a mesma arma para caçar, praticar ou para defesa pessoal. "O fabricante e os vendedores das armas utilizadas pelo criminoso nesse dia não são legalmente responsáveis", reiterou Vogts.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, definiu nesta segunda-feira (6) como "um ato de maldade" e "horrendo" o massacre cometido no domingo (5) pelo jovem Devin Kelley, de 26 anos, que abriu fogo contra uma igreja no Texas.

Kelley matou 26 pessoas e feriu 20 na 1ª Igreja Batista de Sutherland Springs, a 45 quilômetros de San Antonio. As vítimas tinham entre 5 e 72 anos de idade, de acordo com um balanço informado hoje pelas autoridades locais. Ao menos 8 pessoas mortas pelo atirador eram da mesma família.

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"O tiroteio no Texas foi cometido por um indivíduo que tinha problemas mentais, simplesmente um desequilibrado", disse Trump, que está em visita ao Japão, parte de um giro pela Ásia.

Em uma coletiva de imprensa ao lado do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, em Tóquio, Trump voltou a negar que a legislação de porte de arma nos EUA seja "o problema" dos massacres e tiroteios no país. "Temos muitos problemas de saúde mental no nosso país, mas esta não é uma situação ligada às armas", ressaltou.

Um porta-voz das Forças Aéreas militares confirmou que Devin Kelley é um ex-soldado. Ele teria prestado serviço militar na base de Holloman, no estado do Novo Mexico, em 2010. Depois, foi condenado em 2014 por "desonra". Em sua página no Facebook - atualmente tirada do ar - Kelley exibia uma foto portando um fuzil semiautomático. "É o pior episódio da história do Texas", disse o governador do estado, Greg Abbott.

Da Ansa

Na noite de domingo, Stephen Paddock atirou durante 10 minutos contra uma multidão que assistia a um festival de música country em Las Vegas, matando 58 pessoas e ferindo quase 500.

Cronograma do ataque e da resposta da polícia, segundo o xerife de Las Vegas, Joseph Lombardo:

--22H05: Stephen Paddock abre fogo contra o público do concerto.

--22H12: Dois agentes da polícia chegam ao 31º andar do hotel Mandalay Bay e comunicam que os disparos partem do andar de cima.

--22H15: São realizados os últimos disparos.

--22H17: Os agentes chegam ao 32º andar do hotel, a partir do qual Paddock realizou o ataque.

--22H18: Um guarda de segurança informa aos policiais que dispararam contra ele e revela o quarto do atirador. Mais de 200 tiros são disparados da suíte em direção ao corredor.

--22H26-22H30: Oito policiais chegam para reforçar a equipe no 32º andar e começam a revistar cada quarto, a procura de vítimas ou outros atiradores.

--23H20: Os agentes usam explosivos para derrubar a porta da suíte de Paddock, e encontram o atirador caído no chão.

--23H27: Os agentes arrombam a porta do quarto da suíte e não encontram ninguém.

Gritos de alegria recebem o anúncio do barman no fim da tarde: começou o "Happy Hour" no hotel-cassino Mandalay Bay em Las Vegas, pouco mais de 12 horas após um atirador matar 59 pessoas e ferir outras 527 disparando do 32º andar do mesmo prédio.

Apesar do massacre - no pior tiroteio da história recente dos Estados Unidos - os apostadores não pensam em parar de jogar no Mandalay e nos demais cassinos de Las Vegas.

Bill Cook, de Nova York, viajou a Las Vegas para uma conferência horas antes de que Stephen Paddock atirasse contra a multidão que assistia a um festival de música country diante do hotel-cassino Mandalay Bay.

"Estou tentando não pensar no que aconteceu. Me sinto horrível e minhas orações e pensamentos estão com as vítimas e seus familiares, mas tenho que seguir em frente", disse à AFP este engenheiro de 48 anos.

"É quase surrealista, honestamente. Estou certo de que voltarei a Las Vegas em algum momento (...). Dá medo, mas há tantas coisas ocorrendo no mundo que se você se deixar influenciar ficará sempre escondido em uma esquina". Veronica Haig, de Round Rock, Texas, viajou a Las Vegas com seu marido Robert para uma conferência e, apesar da tragédia, não pensa em antecipar a viagem de volta.

A mulher, de 42 anos, lembrou como escutou as sirenes e os helicópteros, logo após o tiroteio, e desceu para o saguão do hotel. "Me disseram para não sair, não vá a qualquer lugar, voltem para os quartos", contou.

"Voltei para o quarto, liguei a TV e vi tudo o que ocorria. É loucura que isto possa acontecer, tanta gente ferida (...), mas vamos ficar" em Las Vegas, "é melhor nos divertirmos um pouco".

Joanice Green, fumando um cigarro e jogando em um caça-níqueis, estava chocada, mas foi pragmática: "sempre vai haver loucos, em todas as partes, e essas coisas podem acontecer em qualquer lugar, até no quintal da sua casa". A mulher de San Francisco, 45, revelou que passou a noite chorando, "mas isto não vai me impedir de fazer o que vim fazer aqui".

Há exatos 25 anos, a Polícia Militar paulista entrava no Pavilhão 9 da Casa de Detenção do Carandiru para conter uma rebelião. A operação terminaria horas depois com 111 presos mortos. Considerado o mais grave massacre penitenciário da história do País, o caso ainda assim até agora não teve um desfecho judicial. Em meio a recursos, morosidade do Judiciário e reviravoltas, como a que anulou a condenação de 74 policiais no ano passado, o processo se arrasta sem previsão definitiva de quando será encerrado.

Na semana passada, o Tribunal de Justiça admitiu que o recurso especial do Ministério Público contra a anulação dos júris seja analisado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). O próprio MP acredita que o caso poderá levar até dois anos até receber a análise completa do tribunal superior, ainda com possibilidade de que haja recursos ao Supremo Tribunal Federal (STF). Assim, não é descartada a possibilidade de o processo chegar a sua terceira década.

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"Vai ter um desfecho, de um jeito ou de outro. A possibilidade de o crime prescrever não passa pela minha cabeça. Estamos esperançosos porque juridicamente acreditamos na tese da manutenção da decisão dos cinco júris, que foi a de condenação", diz a procuradora de Justiça Sandra Jardim, que atuou no processo em 2ª instância. "Não é possível que o STJ seja tão indiferente a essas condenações."

A polêmica reside na anulação decidida pela 4ª Câmara Criminal do TJ em setembro do ano passado, desconsiderando o resultado de cinco júris realizados de abril de 2013 a dezembro de 2014 e que condenou 74 PMs a penas que chegaram individualmente a 624 anos de prisão. No STJ, o Ministério Público pede que sejam restabelecidas as condenações diante da "decisão arbitrária" de anulação que desconsiderou "a vontade soberana do júri" - tese a qual os advogados de defesa discordam.

Até que o STJ julgue o recurso, que ainda não foi distribuído para algum dos seus ministros, o processo fica parado, decidiu em julho o TJ de São Paulo, acatando o pedido de efeito suspensivo feito tanto pelo MP como pelas defesas.

Professoras da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Maira Rocha Machado e Marta Rodriguez de Assis Machado estudaram as etapas jurídicas e analisaram a morosidade do processo. Para elas, em diversas etapas, a lentidão foi acentuada no Tribunal de Justiça de São Paulo, apontado como "um dos maiores responsáveis pela demora na tramitação do processo". Para sustentar essa afirmação, destacam a demora de oito anos - entre 2002 e 2010 - para a confirmação da pronúncia dos réus, levando-os a júri popular.

"Nunca encaramos de frente o apoio que o Massacre teve e tem de setores da sociedade (inclusive dentro da magistratura). É sintomático que a única resposta que as instituições brasileiras tenham dado tenha sido um processo penal que dura 25 anos e está preso em engrenagens surreais e atrasos deliberados - protegidos pelo sigilo dos autos", escreveram à reportagem.

Na avaliação do procurador federal adjunto dos Direitos do Cidadão, Marlon Weichert, "25 anos é um atestado de que o sistema de Justiça está disfuncional, provocando grandes danos aos familiares das vítimas e à sociedade, reforçando a sensação de incapacidade de resposta do Estado e produzindo impunidade".

'Demora não é nossa culpa', diz coronel

Antonio Chiari é presidente do Clube de Oficiais da Polícia Militar e comandava em 2 de outubro de 1992 as Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota). Ao todo, 57 homens foram denunciados em 1993 e acusados de matar 92 dos 111 presos. Chiari chegou ao presídio depois que as mortes haviam acontecido.

Para ele, a demora no desfecho judicial é "um problema da Justiça". "Eu recolhi todo o armamento do pessoal envolvido e entreguei o armamento para o presidente do inquérito. E foi colocado à disposição da Justiça para fazer perícia. Minha obrigação foi feita. Agora, se não foi feita a perícia para individualizar as atitudes, eu não sou culpado disso nem meus policiais. Quem tem de ter atitude é o Poder Judiciário", diz.

Chiari diz ser "evidente que pode ter acontecido um monte de coisa errada lá dentro", mas não dá para condenar todos os que atuaram na operação. "Eu quero saber como vão fazer para individualizar responsabilidades. Você condenar por baciada não tem sentido. Se eu fizer isso, vou cometer injustiça. Eu posso condenar assim pessoas que atiraram e mataram? Sim. Mas com certeza vou condenar também quem atirou e não matou ninguém. Como vou penalizar uma pessoa que não matou? Todos agiram no estrito cumprimento do dever legal, pois receberam ordem para entrar."

Falha

A opinião é compartilhada pelo advogado Celso Vendramini, que defende cerca de 30 dos 74 réus. "Você não pode condenar pessoas por falha do Estado. O Estado devia ter comprado aparelho (para exame balístico) para dizer quem atirou em quem. Houve excessos lá? Eu calculo que tenha havido. Mas é preciso saber por parte de quem. O julgamento do Carandiru foi político. Se o Estado falha, a culpa é do Estado."

Segundo ele, parte dos presos havia sido morta pelos próprios presos antes de a PM entrar. "A PM salvou muitos. Não foi 111 que a PM matou. Ficou esse número porque jogaram tudo para cima dos policiais."

Morosidade

A reportagem ouviu o procurador aposentado João Benedito de Azevedo Marques, que comentou sobre a demora para o desfecho judicial do massacre do Carandiru.

O que significam 25 anos para se julgar um caso como o do Carandiru?

Eu fui a Washington para representar o Brasil na Comissão de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos). Eu era secretário do governador Mário Covas e a explicação - e ela era real - era que o governo brasileiro tinha tomado as providências cabíveis, pois abriu investigação criminal, ofereceu denúncia e estava processando os responsáveis. Isso foi em 1995. Nós estamos em 2017 e ainda não subiu o recurso especial para o Superior Tribunal de Justiça (a entrevista foi feita na segunda-feira e o TJ só definiu isso na quarta-feira), o que mostra a morosidade da Justiça penal em um caso gravíssimo.

O senhor na época era da...

Eu era membro da Comissão de Direitos Humanos. Chegando lá, tinha umas 2 mil pessoas na frente da Detenção querendo saber notícia dos familiares, se haviam morrido ou não. Para mim, não sai da minha memória, daí a Ordem fez a investigação no seu prédio, onde foram tomados depoimentos. Fico perplexo que não tenha havido julgamento até hoje. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Ministério Público Federal de Tabatinga, no Amazonas, apura denúncia de um suposto ataque contra povos indígenas isolados que habitam a região do rio Jandiatuba, na Terra Indígena Vale do Javari. Em abril, a reportagem do jornal O Estado de S. Paulo percorreu toda a região e denunciou a situação de risco e precariedade vivida pelos povos isolados. Apenas quatro bases da Fundação Nacional do Índio (Funai) atuam para proteger cerca de 5 mil índios isolados nos extremos da Amazônia, uma área que abrange 84.570 quilômetros quadrados, o equivalente a dois Estados do Rio.

Segundo a Funai, a área sob investigação fica nas proximidades dos rios Janiatuba e Jutaí, próxima à fronteira com o Peru, a cerca de 1 mil quilômetros de Manaus. A denúncia surgiu depois que alguns garimpeiros foram vistos no município de São Paulo de Olivença, no oeste do Amazonas, falando sobre o ataque. Servidores da Funai fizeram o primeiro levantamento e entenderam ser necessário apresentar a denúncia. Os garimpeiros foram presos e conduzidos a Tabatinga para prestarem depoimento, cumprindo mandado de busca e apreensão.

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De acordo com a Funai, os garimpeiros não confirmaram as mortes. Não há também nenhuma prova material que comprove o suposto massacre, o que impede de se confirmar a veracidade das mortes.

Em nota, o MPF afirmou que "investiga o garimpo ilegal no rio Jandiatuba e que a instituição vem recebendo denúncias da Funai e dos próprios moradores, por conta da violência que o garimpo gera, da prostituição infantil, das ameaças e até de homicídios".

"Apesar das dificuldades enfrentadas para chegar ao local (12 horas de barco nesse período de seca), a Funai está empenhando todos os esforços para apoiar o Ministério Público e a Polícia Federal na investigação", diz a nota.

Mais de três meses depois do início da disputa entre facções rivais que resultou em duas semanas de rebelião e 26 mortos, na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, Rio Grande do Norte, as consequências do massacre ainda perduram. Três corpos e 15 cabeças aguardam exame de DNA. A polícia científica do estado não tem laboratório com tecnologia para a análise do código genético. O exame deve ser feito ainda este mês, no laboratório da Polícia Científica da Bahia.

As cabeças foram encontradas em buscas sucessivas, depois da rebelião. Antes disso, 11 corpos foram identificados e liberados, sem cabeça, para as famílias. Com a identificação por meio do DNA, o diretor-geral do Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep), Marcos Brandão, informou que as cabeças vão ser entregues aos familiares para que decidam o destino dos restos mortais. “Não era certeza que essas cabeças apareceriam, foram aparecendo, por sinal, de forma gradativa, algumas só posteriormente. É igual acidente aéreo, a vítima vai ser enterrada com o que foi encontrado.”

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Restam também três famílias que ainda não tiveram uma resposta definitiva sobre o destino dos restos mortais de três detentos depois da rebelião. Elas aguardam que os corpos carbonizados e degolados sejam finalmente identificados por meio do DNA. Desde janeiro, os cadáveres estão no Itep. Uma quarta vítima foi enterrada como indigente em abril. Depois da recontagem, além dos 26 mortos, foram contabilizados mais de 50 fugitivos pelo governo estadual.

Marcos Brandão afirmou que as análises de DNA devem ser feitas em maio. “Como a gente não tem [laboratório de DNA] fica dependendo de nos encaixarmos em outro laboratório”, disse. “Vai ser no laboratório da Polícia Científica da Bahia. A gente tem parceria com eles. Os técnicos são nossos, a gente usa a estrutura física e equipamentos deles.”

Segundo Brandão, a rebelião acabou fazendo avançar um processo antigo de abertura de um laboratório de DNA. Uma estrutura do Instituto de Defesa e Inspeção Agropecuária do Rio Grande do Norte (Idiarn) já havia sido doada ao Itep, mas era preciso readequar o espaço. A obra está orçada em R$ 280 mil. Brandão informou que os recursos estão garantidos, e a licitação deve sair no dia 15 de maio. “Até o final do ano esperamos ter o nosso laboratório de DNA.”

Reformas e superlotação

Aos que sobreviveram ao motim, é preciso lidar com a superlotação. Antes da rebelião eram cerca de 1.150 presos para 620 vagas, levando em conta a Penitenciária de Alcaçuz e a Penitenciária Rogério Coutinho Madruga, outra unidade que fica no mesmo terreno de Alcaçuz e é chamada de Pavilhão 5. Foi desse último espaço, controlado pelo Primeiro Comando da Capital, que escaparam os presos, no dia 14, para atacar o Pavilhão 4, dominado pelo Sindicato do Crime do RN.

A rebelião deixou um rastro de destruição no local, mas os problemas estruturais são mais antigos. Desde 2015 as celas não tinham grades (por causa de outro motim), o que deixava os detentos livres para circular dentro dos pavilhões. Com a retomada do controle de Alcaçuz, o governo estadual anunciou uma reforma emergencial. A obra, contratada com dispensa de licitação, foi orçada em R$ 1,9 milhão.

Com isso, segundo a Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania (Sejuc), cerca de 90% do contingente das duas penitenciárias estão abrigadas provisoriamente no Pavilhão 5, ou Penitenciária Rogério Coutinho Madruga. Ao todo, são 846 presos em Alcaçuz e 473 no Coutinho. O Pavilhão 3 já ficou pronto e, segundo a Sejuc, recebeu vistoria de equipe médica da prefeitura de Nísia Floresta – município onde fica Alcaçuz – e de representantes do governo estadual. Serão transferidos 300 presos que estavam provisoriamente no Pavilhão 5. A data e os detalhes da transferência não foram divulgados pela secretaria "por questões de segurança"

A construção de outras unidades prisionais também foi anunciada à época, como uma saída para a crise. Uma delas é a Cadeia Pública de Ceará-Mirim, que deveria ter sido entregue em 2016. A Sejuc diz que a unidade, com 603 vagas, está com 70% das obras concluídos e deve ser inaugurada no segundo semestre de 2017.

De acordo com a Sejuc, o número de presos a serem transferidos de Alcaçuz para as novas unidades prisionais ainda está sendo decidido pela Coordenação de Administração Penitenciária. Ainda assim, a população carcerária do estado como um todo é maior que o número de vagas a serem criadas. A secretaria informou que existem cerca de 8 mil detentos para 4 mil vagas atualmente.

Fechamento definitivo

Na reforma de Alcaçuz, mudanças foram feitas em relação ao projeto original, que vão desde travas das celas mais modernas a reforço de concreto no chão. Em relação a adaptações que seriam realizadas do lado de fora, como proteção do perímetro do presídio e concretagem junto ao muro para evitar túneis de fuga, a Secretaria de Justiça não detalhou quais ações anunciadas no dia 23 de janeiro já estariam prontas ou foram iniciadas.

Mesmo com o anúncio da reforma, o governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria, manifestou em pelo menos duas ocasiões o desejo de desativar a Penitenciária de Alcaçuz. Para ele, a escolha do local (uma duna próximo a uma área de expansão turística) e a concepção do projeto foram erradas desde o princípio. O Ministério Público do Rio Grande do Norte abriu inquérito civil questionando essas manifestações.

As reformas estão sendo orientadas pela Força Tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP), grupo criado pelo Ministério da Justiça este ano para ajudar na crise dos sistemas prisionais dos estados. No total, 85 agentes penitenciários, de quatro estados brasileiros, atuam no Rio Grande do Norte, especialmente em Alcaçuz, desde o fim de janeiro.

“[Alcaçuz] é um presídio bom”, disse o coordenador da FTIP no estado, Mauro Albuquerque. “Tem uma estrutura boa, muro, os blocos são bons, estão sendo reformados, então vai funcionar bem”, destacou em entrevista à Agência Brasil.

Já a presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Rio Grande do Norte (Sindasp-RN), Vilma Batista, concorda que o local escolhido não foi adequado. “O tamanho da penitenciária também desfavorece. É muito grande, e a gente não tem visão dela toda”. Porém, ela classifica o fechamento definitivo de Alcaçuz de “desperdício de dinheiro público”. “Foi um investimento muito alto na penitenciária. O que deveria ser feito era reaproveitar. Temos outro nível de população carcerária, presídio feminino. E também porque não há tempo hábil para a construção de novas unidades. Mesmo que se construa Ceará-Mirim e mais duas unidades ainda não vai desafogar a superlotação que temos hoje.”

Sobre o desejo do governador de fechar definitivamente Alcaçuz, a Secretaria de Justiça informou que “o fechamento ainda não foi confirmado nem tem data para acontecer”.

O papa Francisco apelou nesta quarta-feira (5) à consciência de todos os que tenham "responsabilidade política" perante o último "inaceitável" massacre ocorrido na cidade de Khan Shijun, no norte da Síria, onde houve 72 mortos, sendo 20 crianças

"Assistimos horrorizados aos últimos episódios na Síria. Expresso minha firme reprovação pelo inaceitável massacre que aconteceu ontem na província de Idlib, onde foram assassinadas dezenas de pessoas inocentes, entre elas muitas crianças", afirmou Francisco, ao término da audiência geral na Praça de São Pedro.

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As informações são da agência de notícias EFE. O papa disse que rezou pelas vítimas e seus parentes e apelou "às consciências de todos os que têm responsabilidade política em nível local e internacional para o término desta tragédia e alivie a esta população há tanto tempo exausta pela guerra".

Também pediu que, "apesar da insegurança e dos problemas, que se esforcem por fazer chegar ajuda aos moradores da região". O papa Francisco se referia ao suposto ataque químico que aconteceu ontem na cidade de Khan Shijun e no qual morreram 72 pessoas, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta terça-feira (14), que não é contra a Operação Lava Jato e ponderou estar sendo “vítima de um massacre” nos últimos dois anos. As declarações do petista foram expostas durante o depoimento à Justiça Federal em Brasília durante a manhã de hoje. Ele é acusado de tentar comprar o silêncio do ex-diretor da Área Internacional da Petrobras, Nestor Cerveró.

Durante a oitiva, além de negar participação nas articulações para obstruir a Lava Jato, Lula disse que duvida ter algum “empresário que vai dizer que eu pedi 10 centavos para ele”. “Não porque sou melhor que os outros. É que eu sabia que não podia errar. Eu não… Eu tô cansado de ouvir procurador falando que não tem prova. Só tem convicção. Eu estou cansado. Eu sempre valorizei o Ministério Público. Sempre fiz a indicações de forma republicana. E nunca pedi nenhum favor. Nunca”, salientou em depoimento ao juiz federal Ricardo Augusto Soares Leite.

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Sem citar diretamente a acusação do procurador da República e coordenador da Força Tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, Lula disparou contra a atuação da Justiça nas investigações do esquema de corrupção. Dellagnol chegou a dizer que Lula era o “comandante máximo” do esquema de corrupção da Petrobras. “Eu não sou contra a Lava Jato. Sou contra tentar criminalizar a pessoa pela imprensa e não pelos autos… Juiz, delegado, procurador não devem ficar fazendo pirotecnia com a vida das pessoas. Provem, condenem e ponham na cadeia. Fazer isso não dá. Eu vou defender a minha honra, que é a coisa mais importante da minha vida”, declarou.

Lembrando ter deixado o governo com uma aprovação de 80%, Lula também destacou que fica ofendido com a classificação que a imprensa e setores do judiciário têm feito do PT. “Me ofende profundamente dizerem que o PT é uma organização criminosa… O que incomodou muita gente no mundo inteiro é este país, que tinha complexo de vira-lata, virar dono de seu próprio nariz. Nós fizemos a maior política de inclusão deste país, 36 milhões de pessoas saíram da pobreza”, enumerou. 

Virou produto comercializado por camelô a chacina ocorrida no Complexo Penitenciário Antônio Jobim (Compaj), em Manaus, em que morreram 59 presos no dia 1º de janeiro. O DVD com imagens fortes do massacre fez tanto sucesso que já não está mais sendo encontrado nas barracas, diz a Folha de São Paulo.

Diversas imagens da chacina circularam na internet após o fato. Com o título "FDN vs PCC - Massacre", o DVD é um apanhado desses vídeos.

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A foto que circula na internet da capa do filme já indica o tipo de material que está sendo vendido. Há corpos sem cabeça, sem membros, sangrando e pessoas em volta armadas com facões.

Massacre - A rebelião em Manaus foi a primeira de uma série de motins em presídios brasileiros. Após a morte de 59 presos na unidade, outros quatro morreram no dia seguinte na Unidade Prisional de Puraquequara (UPP). Mais quatro morreram em outra confusão na cadeia de Raimundo Vidal Pessoa, seis dias depois.

O supremacista que executou o massacre em uma igreja da comunidade negra de Charleston, EUA, afirmou no encerramento do julgamento, nesta terça-feira, que não se arrepende de nada que fez.

"Ninguém me obrigou", disse Dylann Roof, falando em sua própria defesa no tribunal federal de Charleston, na Carolina do Sul. Este jovem de 22 anos aguarda a decisão dos jurados para saber se irá ser sentenciado à morte ou à prisão perpétua, após ser considerado culpado em dezembro pelas 33 acusações que pesavam sobre ele, entre elas crime de ódio.

O advogado da Procuradoria, Jay Richardson, recordou ao tribunal que Roof "executou cruelmente pessoas que descreveu em seus escritos como meros animais selvagens". "Sentenciem este acusado à morte, por matar Clementa Pinckney", disse, se referindo ao pastor da igreja. Depois repetiu a frase nomeando as outras oito vítimas.

Em sua defesa, Dylann disse que o ódio sentido contra ele pelas famílias das vítimas, pessoas em geral, e pelo procurador é similar ao sentimento que ele teve para com os fiéis. E acrescentou, em um discurso pouco coerente, que sua atitude foi um impulso natural. "Acredito que possamos dizer que ninguém em sã consciência quer ir a uma igreja matar pessoas", afirmou. "O que digo é que ninguém que odeie alguém tem uma boa razão para fazer isso".

Mas, em contrapartida, tentou buscar a compaixão do júri para obter prisão perpétua ao invés da sentença de morte. "Tenho o direito de pedir a vocês prisão perpétua, porém não sei de que forma isso serviria. Só um de vocês precisa estar em desacordo com o resto do júri".

Em dezembro, o tribunal viu o vídeo de confissão de Dylann Roof, um dia após o ataque. Nele, o jovem justificava suas ações como represália pelos supostos crimes cometidos pelos negros contra os brancos. "Alguém tinha que fazer isso porque os negros estão matando os brancos o tempo todo na rua e estão estuprando as mulheres brancas", dizia Roof, calmamente, ao oficial do FBI.

Referindo-se a este vídeo e a outras provas de seu intenso racismo mostradas durante o julgamento, o procurador Richardson disse aos membros do júri que Roof "passou anos alimentando este profundo ódio. Este ódio que cada um de nós quer pensar que não é possível que exista em ninguém".

Em 17 de junho de 2015, Dylann Roof se juntou a um grupo de estudos da Bíblia na Igreja Metodista Episcopal Africana Mãe Emanuel, um símbolo da luta contra a escravidão em Charleston. Porém, minutos depois, inciou um massacre no qual nove pessoas negras morreram.

Quatro detentos foram mortos na madrugada deste domingo, 8, na cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, no Centro de Manaus. Três deles foram decapitados. O local abriga os presos que foram transferidos do Complexo Penitenciário Anísio Jobim, o Compaj, por não fazerem parte da facção Família do Norte. As equipes do Instituto Médico Legal e da Polícia Militar estão no local e a Secretaria de Administração Penitenciária faz a contagem dos presos.

Com as novas vítimas, o número de presos mortos no Amazonas por conta dos desdobramentos da guerra entre as facções FDN e Primeiro Comando da Capital (PCC) sobe para 64. Em Boa Vista (RR), na semana passada, houve mais 33 mortos.

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A Cadeia Pública de Manaus estava desativada desde outubro do ano passado por conta das péssimas condições de conservação, mas teve de ser reativada para abrigar os presos que corriam risco de morte no Compaj.

O secretário de Administração Penitenciária do Amazonas, Pedro Florêncio, confirmou as mortes e afirmou que não se trata de briga de facção pelo fato de não haver no local presos de grupo diferentes. "Não houve briga de facção porque todo mundo era do mesmo grupo. Todos eram os presos que eram ameaçados, que não tinham convivência, que estavam em áreas de seguro, de isolamento, nos outros presídios. Quando houve aquela rebelião, com as ameaças de matá-los também, nós os trouxemos para cá. Eles se matam entre eles mesmos", explicou. Para Florêncio, as mortes desta madrugada ainda são "algo incompreensível".

A FDN é apontada pela Polícia Federal como a terceira maior facção do Brasil - atrás apenas do PCC e do CV. A organização criminosa surgiu por volta do ano de 2006 após a união de dois grandes traficantes amazonenses que cumpriam suas penas em presídios federais. Gelson Lima Carnaúba, o G, e José Roberto Fernandes Barbosa, o Pertuba, saíram do sistema prisional federal com destino ao Amazonas "determinados ou orientados", segundo a PF, a estruturarem uma facção criminosa nos moldes do PCC e CV.

Desde que foi deflagrada a guerra entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), as mortes de presos em Roraima aumentaram assustadoramente. Pelos cálculos oficiais, o PCC já matou mais de 44 presos na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc) nos últimos três meses.

As primeiras mortes aconteceram no dia 16 de outubro de 2016, quando dez presos pertencentes ao CV foram decapitados e carbonizados. No dia 22 de outubro, o detento Frank Ferreira de Brito foi morto e esquartejado na Ala 14. No dia 15 de novembro, foi a vez do preso Tony Carvalho Nery ser morto pelo mesmo modo cruel, na mesma ala. E no dia 21 de novembro, foi localizado no interior da Pamc o corpo decapitado do detento Jeferson Articlinio, totalizando 13 mortos na unidade prisional.

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Em 2017, a contabilização aumentou com a chacina ocorrida nesta sexta-feira (06), onde 31 detentos foram assassinados.

No dia 16 de novembro, os integrantes da facção assassinaram o policial militar Arnaldo Sena, que se encontrava dentro de sua residência. Ele foi morto com dois tiros na nuca.

Fugas

Além dos mortos, o sistema prisional de Roraima também contabilizou duas fugas, uma de quatro presos ocorrida no dia 9 de novembro e outra três dias depois, onde dez presos escaparam.

Na última semana, o secretário de Justiça e Cidadania de Roraima, Uziel Castro, solicitou ao juízo da Vara da Execução Penal da Comarca de Boa Vista e ao Ministério Público Estadual, autorização de transferência para presídio federal de segurança máxima de oito presos identificados como líderes de facções criminosas. Os pedidos foram embasados em relatórios da inteligência.

Atualmente, 18 presos de Roraima identificados como líderes de facções criminosas encontram-se em presídios federais de segurança máxima, submetidos ao Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).

O secretário de Justiça e Cidadania de Roraima, Uziel Castro, informou neste sábado (7), que o governo está investigando a denúncia de familiares de presos da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (PAMC), em Boa Vista, de que haveria pelo menos mais dois corpos enterrados no complexo após os 31 assassinatos registrados na sexta-feira. Os corpos de Erismar Duran e Jaime de Conceição Pereira teriam sido enterrados próximos a uma igreja que existe no complexo, de acordo com as famílias. A informação teria vindo de "dentro da penitenciária".

O secretário informou que já foi realizada uma varredura preliminar no local, mas os policiais não encontraram corpos enterrados. "Agora estamos fazendo um pente-fino, uma revista rigorosa. O terreno é muito grande. Não descartamos a possibilidade, mas creio que não. Como o presídio é muito grande, depois da barbaridade que houve, muitos presos podem estar em outras celas", afirmou Castro.

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A dona de casa Simone Conceição, mulher de Jaime, buscava informações do preso pela manhã. "Ele não é bicho para ficar enterrado lá", disse ela. Após a crise no complexo, o governo de Roraima pretende pedir novamente ao Ministério da Justiça a ajuda da Força Nacional de Segurança Pública. A governadora Suely Campos (PP) havia solicitado no ano passado a ajuda do governo federal para controlar rebeliões nos presídios estaduais, mas o pedido foi negado à época.

Líder do PT no Senado, Humberto Costa afirmou, neste sábado (7), que o presidente Michel Temer (PMDB) tem sido “omisso” diante dos problemas de segurança pública no país. Para ele, uma prova disso são as recentes chacinas que ocorreram em presídios nos estados do Amazonas e de Roraima. Sob a ótica do parlamentar, Temer e seus assessores “tentaram se eximir da responsabilidade” sobre o caso e culpar as próprias vítimas pelo “banho de sangue” que teve repercussão internacional.

“A gente sabe com que tipo de governo a gente está lidando por quem faz parte dele. Mesmo após toda essa barbárie, o secretário de Juventude nomeado por Temer foi aos jornais para defender que tinha que acontecer ‘uma chacina por semana’. Foram 93 mortos em seis dias. É com a pregação deste discurso de ódio, que só gera mais violência e que não respeita nem mesmo a dor das famílias das pessoas assassinadas, que este governo que aí está quer disfarçar a sua responsabilidade sobre estas chacinas”, afirmou Humberto. As declarações do secretário nacional de Juventude, Bruno Júlio (PMDB), geraram repercussão negativa e o assessor peemedebista acabou demitido nessa sexta-feira (6).

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O senador também classificou como “irresponsável” o fato de Temer ter negado o pedido de socorro do governo de Roraima para controlar rebeliões e briga entre facções. A solicitação havia sido feita em novembro de 2016. Nessa sexta, 33 detentos morreram assassinados dentro da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, no estado. Dias antes, no Amazonas, outros 60 presos foram mortos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj). Esta foi a maior chacina em número de vítimas desde o massacre do Carandiru, em São Paulo, em 1992.

“Temer perdeu o controle sobre a questão da segurança pública no Brasil. É impensável que depois do que ocorreu no Amazonas, o governo Temer não tenha tomado as providências necessárias para conter a situação em outras localidades. Foram duas chacinas em menos de uma semana, em um episódio brutal e que repercutiu no mundo inteiro”, salientou o senador.

Para Humberto, a resposta do governo peemedebista ao massacre nos presídios, além de "descabida", foi “lenta e insuficiente”. “Durante os três dias que sucederam à primeira tragédia, o que se ouviu foi um silêncio sepulcral de Temer. Só depois de muita pressão é que finalmente ele decidiu falar sobre o massacre e mesmo assim para classificar a chacina como ‘acidente’. Uma fala infeliz e, mais uma vez, irresponsável. Assim como as medidas anunciadas pelo governo para solucionar o problema: uma compilação de projetos requentados e que não chegam a resolver em nenhum dos aspectos os problemas dos presídios brasileiros”, afirmou.

O líder ressaltou ainda que no governo do PT foi criado o Sistema Penitenciário Federal, que tem como função isolar criminosos de alta periculosidade em estabelecimentos de segurança máxima. “A gente sabe que o problema da superlotação nos presídios é estrutural e que não vem de agora, mas foi com Lula e depois com Dilma que a situação começou a ser enfrentada. Já existem cinco penitenciárias federais e tem uma em processo de construção. Não é o suficiente, mas é a prova de que os governos do PT estavam buscando lidar com a situação, apresentar uma resposta, coisa que Temer mostrou, mais uma vez, que não tem competência para fazer”, avaliou.

Um tumulto entre dois detentos causou tensão na Cadeia Raimundo Vidal Pessoal, em Manaus, usada para abrigar presos ligados à facção Primeiro Comando da Capital (PCC) e separá-los dos detentos pertencentes à Família do Norte. O caso mostrou a situação crítica do local, que deveria estar desativado e tem de abrigar detentos até na capela e na enfermaria.

De acordo com a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), os detentos também exigem banhos de sol e liberação das visitas no local - o que não tem sido possível. Até então, pelo menos 284 presos foram transferidos para a Vidal Pessoal, que havia sido fechada em outubro do ano passado.

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Alegando a necessidade de garantir a segurança do sistema, após o massacre de 60 presos no início da semana, o Estado informou que está temporariamente suspensa a entrega de alimentos e materiais em todas as unidades prisionais e a visita de familiares aos internos hoje e amanhã. "A medida visa a garantir a segurança e a integridade física dos familiares, funcionários e internos do sistema prisional", diz a nota da Seap.

O presidente Michel Temer quebrou o silêncio nesta quinta-feira  sobre o massacre que deixou 56 presos mortos no complexo penitenciário de Manaus, e classificou o fato de "acidente pavoroso", além de anunciar a construção de novas prisões em todos os estados.

"Quero me solidarizar em primeiro lugar com as famílias que perderam seus presos neste acidente pavoroso que ocorreu no presídio de Manaus", afirmou, no início de uma reunião sobre segurança com vários de seus ministros.

"Não é suficiente realizar um diagnóstico do que aconteceu, é preciso atuar", acrescentou Temer depois de três dias de um silêncio questionado por vários setores da opinião pública.

Para atacar o problema da superpopulação carcerária, o governo prevê a construção de ao menos uma prisão em cada um dos 26 estados brasileiros, além do Distrito Federal, com um investimento de 800 milhões de reais.

Os novos centros disporão de prédios para separar os condenados por delitos menores dos criminosos mais perigosos, afirmou Temer.

Para conter os líderes das organizações criminosas, o governo planeja construir cinco prisões federais de segurança máxima.

Além disso, afirmou, serão instalados sistemas para bloquear o uso de celulares em 30% das prisões de todos os estados.

Com 622.000 presos, o Brasil tem a quarta maior população carcerária do mundo, atrás dos Estados Unidos, China e Rússia, segundo os dados oficiais.

A Polícia Civil do Amazonas afirma já ter identificado sete presos suspeitos de participar da rebelião que deixou pelo menos 56 mortos no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus (AM). As identidades dos sete presos não foram divulgadas para não atrapalhar as investigações.

Segundo a assessoria da Polícia Civil, investigadores ouviram o testemunho de agentes penitenciários e de presidiários e identificaram os sete detentos como possíveis líderes do confronto entre as duas facções criminosas que disputam o controle das atividades ilícitas na região: a Família do Norte (FDN) e o Primeiro Comando da Capital (PCC).

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"Durante o curso da apuração da ocorrência, os nomes dos sete detentos apareceram de maneira incisiva o que dá indicativo da participação deles nos delitos”, comentou o delegado Ivo Martins, responsável pela Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS).

Na segunda-feira (2), o ministro da Justiça e Cidadania, Alexandre de Moraes, e o governador do Amazonas, José Melo, anunciaram que os líderes das rebeliões ocorridas em Manaus (AM) serão transferidos para presídios federais em breve. Mas, segundo a Polícia Civil, por ora, os suspeitos de liderar a chacina do Compaj vão permanecer na mesma unidade prisional, onde ainda vão prestar depoimentos.

A Organização das Nações Unidas (ONU) pede que as autoridades do Amazonas investiguem de forma "imparcial e imediata" a morte de 56 detentos no Complexo Prisional Anísio Jobim, em Manaus, e alerta que a responsabilidade pela situação dos prisioneiros é sempre das autoridades.

"Pessoas que estão detidas estão sob a custódia do Estado e, portanto, as autoridades relevantes carregam a responsabilidade sobre o que ocorre com elas", indicou a ONU em um comunicado.

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A entidade considera positivo o anúncio do governo do Amazonas de criar uma força-tarefa para "investigar a rebelião e mortes no Complexo Prisional Anísio Jobim". Mas também "apela para que isso leve a uma investigação imediata, imparcial e efetiva dos fatos". Para a ONU, essa investigação deve levar "os responsáveis à Justiça".

Porém, apenas punir aqueles que cometeram os atos não seria suficiente. "Estados precisam garantir que as condições de detenção sejam compatíveis com a proibição da tortura e um tratamento degradante, cruel e desumano", disse a entidade. "Essas condições precisam também ser compatível com o direito de todas as pessoas presas de ser tratadas com humanidade e com respeito à sua dignidade inerente."

A ONU ainda lembrou que, em uma decisão ainda de 1992, o Comitê de Direitos Humanos declarou que esse tratamento humano deve ser a base de aplicação em todos os países e em todas as condições. Alegar falta de recursos materiais em um determinado local não pode ser usado como argumento, e o padrão deve ser adotado "sem discriminação".

Críticas ao sistema penitenciário

Não é a primeira vez que a ONU critica o sistema prisional brasileiro. Visitas realizadas por relatores da entidade concluíram em 2016 que a número de mortes dentro das prisões era "muito elevada".

Usando dados do Infopen, o ex-relator Juan Mendez apontou que 545 mortes foram registradas na primeira metade de 2014, com cerca de metade sendo intencional. A taxa é de 167,5 por cada 100 mil pessoas por ano.

Outro aspecto denunciado é o das prisões. "Condições de detenção são equivalentes a um tratamento cruel, desumano e degradante", apontou Mendez. "Superlotação severa leva a uma condição caótica dentro das instalações."

Mendez visitou a prisão de Pedrinhas, no Maranhão, e constatou uma situação "explosiva ". "As unidades estão superlotadas, e prisioneiros ficam de 22 a 23 horas por dia fechados em suas celas. Visitas ocorrem em condições humilhantes, e alimentos e remédios são inadequados. A presença de guardas fortemente armados dentro do local também poderia "levar à uma nova rodada de mortes".

Para a ONU, não será construindo novas prisões que o Brasil vai resolver seu problema. Segundo a entidade, o País tem a quarta maior população carcerária do mundo, com 711 mil pessoas. Há 30 anos, a população era de 60 mil. Entre 2005 e 2012, a alta foi de 74% e 60,8% dos prisioneiros eram de descendência africana.

"Apesar de investimentos do governo de R$ 1,2 bilhão para criar uma capacidade adicional de prisões, o aumento contínuo de detentos criou um sistema penitenciário marcado por uma superlotação endêmica", escreveu Mendez.

Mendez pede que o governo foque suas atenções em reduzir a população carcerária, e não aumentar prisões. Para isso, sugere medidas alternativas.

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