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Considerada uma das maiores escritoras da literatura brasileira, Clarice Lispector completaria 100 anos em 2020. Nascida na Ucrânia, no dia 10 de dezembro de 1920, a autora passou sua infância, entre 1925 e 1934, no Recife, após sua família deixar o país europeu devido à perseguição antissemita. Recife está presente em muitos textos da escritora. Entretanto, a oportunidade única da capital pernambucana servir de moradia para tão cultuada figura parece não ser muito valorizada. O imóvel em que a escritora viveu é hoje um retrato do abandono e do descaso.

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A edificação de três pavimentos está localizada na esquina da Travessa do Veras com a Rua do Aragão, em frente à Praça Maciel Pinheiro, no bairro da Boa Vista, centro do Recife. Com traços coloniais, o prédio tem idade estipulada em 150 a 180 anos. Em ruínas, o imóvel está vandalizado, com buracos no telhado e portas vedadas com gesso. O piso superior não existe mais e a calçada serve de depósito de garrafões de água.

Duas placas turísticas desgastadas lembram que ali viveu a escritora. Uma intervenção artística colou uma imagem da ucraniana na parede lateral. São os poucos vestígios que associam o endereço a Clarice. 

O sobrado é propriedade da Santa Casa de Misericórdia do Recife, que busca transformar o local em um ponto de atividades culturais, mas diz não ter dinheiro para a reforma. A organização civil contratou uma arquiteta para desenvolver um projeto e, a partir daí, conseguir linhas de crédito para fazer a obra. O contrato é de risco, ou seja, a arquiteta só receberá pelo serviço caso haja o financiamento. 

“O projeto se preocupa com o restauro e a reforma da edificação para que possa ser ocupada e usada”, resume Lia Rafael dos Santos, arquiteta contratada pela Santa Casa. Para definir o uso do prédio seria necessário um projeto cultural específico. A arquiteta imagina a operação de uma livraria no térreo e a realização de atividades culturais literárias, como oficinas, nos dois pisos superiores. O objetivo é que o sobrado tenha as mesmas características de quando Clarice Lispector viveu no Recife. Não há intenção de transformar a construção em museu.

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Lia conta que o sobrado já havia sofrido várias alterações quando Clarice foi morar no local. “Pelo que a gente levantou da história, antes era um sobrado unifamiliar e a parte de baixo era comercial. Os dois pavimentos superiores eram moradia de uma família. Ele passou a ser alugado para mais de uma família e foi subdividido para morar várias pessoas”, explica. O térreo do casarão era ocupado como um ponto comercial até 2008. Em 2013, há registro de invasão, ocasião em que foram furtados vários elementos do local.

O valor da reforma está orçado em cerca de R$ 2 milhões. Após aprovação na Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), a Santa Casa tentará inseri-lo em editais, como o da Lei Rouanet. O imóvel também não é tombado. O processo de tombamento se arrasta desde 2017 e está em fase de análise física. A Fundarpe prevê que todo o processo seja concluído até o final do primeiro semestre deste ano.

Clarice no Recife

Foi no Recife, quando vivia no sobrado, que Clarice Lispector aprendeu a ler. No Grupo Escolar João Barbalho, no bairro da Boa Vista, a autora tinha entre seus amigos de sala de aula Leopoldo Nachbin, que viria a se tornar um relevante matemático brasileiro e é citado na crônica “As grandes punições”, escrita por ela na década de 60. 

No texto “banhos de mar”, ela relata o prazer que tinha em tomar banho nas águas de Olinda, Região Metropolitana do Recife (RMR). A família saía de casa de madrugada, em jejum, e pegava o bonde ainda com o céu escuro. 

Ela costumava roubar rosas e pitangas, como narra em “Cem Anos de Perdão”. E apreciava o Carnaval da escada do sobrado. Foi na rua, diante do sobrado onde morava, que Clarice esqueceu um pouco da crítica saúde da mãe, que sofria de paralisia progressiva, enquanto um garoto enchia seus cabelos de confete e sorria para ela, como narra em “Restos de Carnaval”.

A criança estudou no tradicional Ginásio Pernambucano e teve aula com famosos professores, como Agamenon Magalhães, de geografia, e Olívio Montenegro, de história. Clarice se mudou do Recife para o Rio de Janeiro aos 12 anos. 

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Rodrigo Faro é um dos apresentadores brasileiros mais conhecidos atualmente, tendo apresentado diversos programas como Ídolos, O Melhor do Brasil e Hora do Faro. Em entrevista ao colunista Leo Dias, o marido de Vera Viel relembrou o começo da carreira, quando apostava na atuação, e também da saída polêmica da Rede Globo, em 2008. Segundo Faro, sua despedida da emissora veio com a frase "Você nunca mais pisa aqui", dita por um dos diretores na época.

Faro começou sua carreira aos nove anos de idade como modelo e, com o passar dos anos, encarou a atuação como uma oportunidade. No entanto, declarou que sua vontade sempre fora ser apresentador, e quando recebeu a proposta da Record TV para comandar o programa Ídolos, pensou se deveria ou não arriscar.

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"As dúvidas eram deixar a Globo. Eu tinha uma carreira sólida, promissora, dez anos de casa, tinha feito grandes papéis, novelas do Walcyr Carrasco - que até hoje brinca que eu era o talismã dele. O Ídolos era um programa de três meses, podia não ter mais, e eu ia dançar. Eu ganhava cerca de 30 mil reais na Globo e passaria a ganhar algo em torno de 50 mil reais. Não era uma paulada. Foi risco", revelou.

Mas o apresentador optou pelo risco e deu detalhes sobre sua saída da Rede Globo, que foi tudo menos tranquila.

"Na hora em que falei que queria ir para a Record, o cara da Globo berrava: Mas você vai embora? Vai deixar a emissora número um do Brasil para ir para uma aventura? Você nunca mais pisa aqui!. Fiquei sem saber o que falar. Aí, eu fechei o olho e escutei no meu ouvido algo dizendo: Vai! Peita!. Aí, falei: Eu estou indo embora, mas vocês ainda vão ouvir falar muito de mim. Estou assinando quatro anos de contrato. Em quatro anos, o senhor pode não estar sentado nessa cadeira, eu posso não estar mais vivo, o senhor pode não estar mais vivo, mas eu só quero deixar algo bem claro: o dia em que eu tiver o meu microfone, eu vou ser um dos maiores apresentadores deste país. E não vou precisar pisar aqui. Um dia, vocês vão me querer de volta", disparou.

O que Faro não esperava, porém, era que o contrato iria se estender até os dias de hoje e que iria comandar não só o Ídolos, como também diversos outros programas como O Melhor do Brasil, ao substituir Márcio Faria.

"Eu vim para a Record para apresentar o Ídolos. Na semana em que eu tinha assinado o contrato, o Marcio Garcia anunciou que iria sair. Aí, me ligaram e disseram que eu seria também o apresentador do programa que ele fazia e já era um sucesso. Eu falei: Meu Deus, e agora? Perguntaram se eu topava, eu falei que não estava preparado para assumir um programa de auditório, mas disseram que eu daria conta. Falaram: Estão aqui os DVDs com os quadros do programa. Aprenda. Segunda-feira você grava. Aí, eu morri. No dia, eu entrei, fiz uma oração no palco, e ali começava a minha trajetória como comunicador. Nervoso, berrando, gritando para caramba [risos]", contou.

Na sequência, falou sobre a ótima relação com a Record TV, afirmando nunca ter ouvido um não da emissora.

"Eu vivi a Beyoncé fazendo Single Ladies aqui. Priscila, a Rainha do Deserto, um filme com temática LGBT, a Record não se opôs. Todo o mundo entendeu o espírito da brincadeira. [...] Uma coisa que eu sempre tive aqui, na Record, e eu acho que é o sentimento mais bonito que existe é gratidão. Quando o programa arrebenta, me ligam para me dar parabéns. Diferentemente da Globo, eles sabem valorizar quem está com eles. Na época do Boni na Globo tinha isso. Ele mandava flores para as atrizes. As pessoas se sentiam acarinhadas, prestigiadas, e aqui eu me sinto assim. Eu sinto o carinho que eles têm. Vira e mexe, vou lá tomar um café, a gente fica conversando. É muito saudável", disse.

Questionado sobre nunca ter ouvido um não tem relação com o alto Ibope que ele dava a emissora em O Melhor do Brasil, Rodrigo negou.

"Não, porque o programa já respondia bem no Ibope antes. O Dança, Gatinho era a cereja do bolo. Acontece que, com o quadro, ele explodiu, foi para primeiro lugar. Em alguns momentos, chegava perto da novela das oito da Globo. Teve um dia em que a gente passou a novela Passione [Globo, 2010]. Então, nunca ninguém chegou para mim e disse: Não faça isso. É claro que, agora, no domingo, eu tomo mais cuidado, porque tem criança assistindo", afirmou.

Faro ainda deu detalhes sobre seu patrimônio, que de acordo com a Wikipedia chega a R$ 220 milhões. "Não vou mentir para você, Leo. É mais. Mas não tenho vergonha de ser rico, não. Tenho orgulho. Sou filho de professora. Meu pai era alcoólatra", contou.

Em seguida, também afirmou que precisará comer muito arroz e feijão para chegar no nível de Fausto Silva e Luciano Huck, ambos apresentadores da Rede Globo.

"Poxa, a vida do Faustão é uma maravilha, mas ele já ralou muito. Já o Luciano ainda trabalha muito. Cada hora ele está em um lugar diferente do Brasil, do mundo. Mas eu acho que eu ainda tenho que comer muito arroz com feijão, comer muita poeira para chegar nesse patamar deles", admitiu.

Por fim, questionado se voltaria para a Rede Globo algum dia, declarou: "Não. Porque eu vou falar: Quero voltar para a Globo? Vou fazer o quê, lá na Globo? Deixa o Faustão lá, cara. Ele está arrebentando. Faustão vai ficar muito tempo lá".

Vale lembrar que recentemente Rodrigo Faro chamou a atenção após ter sido flagrado perguntando da audiência de A Hora do Faro enquanto homenageava Gugu Liberato, cuja morte foi anunciada no dia 22 de novembro.

Em entrevista ao TV Fama, o apresentador comentou a polêmica: "A gente vive de audiência. Então sempre pergunto, é meu instrumento de trabalho. Audiência faz parte da vida do apresentador, o prestígio e o faturamento. Sempre a gente está querendo saber, sempre pergunto, sempre me é informado no ponto, é normal de quem trabalha em televisão".

E continua: "Tudo é baseado na audiência. Está dando audiência? Segura. Não está? Vamos pro intervalo. Quem faz programas ao vivo a audiência é um instrumento importantíssimo. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Audiência é audiência, emoção é outra coisa. Elas vivem em paralelo e uma não atrapalha a outra".

Além disso, também comentou sobre as críticas sofridas na internet.

"Faz parte, a gente tem que sempre ouvir, essa é a melhor lição. Só tem que tomar cuidado porque no ambiente de internet hoje muita gente está se matando por causa de ofensa, cor, condição física... Eu sei assimilar uma crítica, entender e tocar a vida, pedir desculpas a quem se ofendeu. Vale o alerta para a gente pensar um pouquinho se a internet não está virando um local de muita propagação de ódio", disse.

Rodrigo Faro não escondeu o jogo na hora de falar sobre sua vida financeira para o colunista Leo Dias. Segundo Fábia Oliveira, do jornal O Dia, o apresentador da Record TV bateu um papo com o jornalista e revelou que sua fortuna é muito maior do que a internet sugere.

- Segundo a Wikipedia, seu patrimônio está avaliado em R$ 133 milhões..., teria dito Leo Dias na entrevista que irá ao ar em breve.

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Antes que o jornalista terminasse sua pergunta, Rodrigo Faro já negou o valor, afirmando que seu patrimônio é muito maior do que imaginávamos:

- Está errado. É bem mais do que isso, disparou.

Recentemente, o apresentador revelou que, apesar de toda a fortuna que possui, encara a vida de maneira bem simples. Além de ter feito uma comemoração de aniversário nada luxuosa, ele também revelou que não gastou quase nada em seu primeiro encontro com Vera Viel. Já sua casa tem impressionado por alguns detalhes, como o tamanho de sua piscina e de seu banheiro.

A cidade de Exu, no sertão de Pernambuco, amanheceu com um ‘pedaço’ a menos nesta quarta (6). O telefone público, instalado no Parque Asa Branca, que era decorado com uma réplica do chapéu de Luiz Gonzaga - considerado o mais ilustres dos exuenses - funcionava como ponto turístico do município e, sendo assim, sua retirada causou grande lástima e preocupação aos moradores. 

Em entrevista exclusiva ao LeiaJá, o presidente da ONG Parque Asa Branca, Junior Parente, falou que foi surpreendido com a ação da empresa de telefonia Oi, responsável pelo serviço na localidade. Segundo ele, funcionários chegaram no parque para a retirada do telefone público alegando que a cidade precisaria apenas de dois daquele tipo, um em frente à delegacia e outro no hospital. A réplica do chapéu de Gonzaga foi levada junto e, de acordo com os trabalhadores, será deixada em um depósito. 

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A escultura que adornava o ‘orelhão’, como são comumente chamado esses aparelhos públicos de telefone, foi instalada na cidade no ano de 1989 e atraia os turistas que passavam pelo local. “As pessoas gostam demais de bater foto lá. Eu liguei para a minha mãe, na hora, e pedi que ela falasse com os funcionários pedindo para deixar a cobertura lá porque ela tem muita importância pro Parque Asa Branca, mas eles disseram que tinham recebido ordem de deixar só dois orelhões na cidade”, disse o presidente da ONG. 

Procurada pelo LeiaJá, a Oi não se pronunciou acerca do ocorrido até o fechamento desta matéria. De acordo com Junior Parente, a ONG Parque Asa Branca vai procurar as medidas cabíveis para que o prejuízo no local possa ser contornado. “A gente vai fazer alguns movimentos nas redes sociais e imprensa e vou tentar ver se cabe algum tipo de ação judicial”. 

Uma estação histórica da antiga Estrada de Ferro Sorocabana (EFS) foi demolida e saqueada por invasores, em Sorocaba, interior de São Paulo. Os vândalos retiraram tijolos, madeiras, batentes, portas e janelas, além de ferragens que restavam no prédio, localizado no bairro de Brigadeiro Tobias, na zona leste da cidade. Conforme o site Estações Ferroviárias do Brasil, referência no setor, o edifício datava provavelmente de 1875, ano de inauguração da ferrovia.

A estação foi desativada em 1927, com a construção de um novo prédio durante uma retificação da linha, mas continuou sendo utilizada pela Ferrovia Paulista S.A. (Fepasa), que incorporou a Sorocabana. No final dos anos 90, quando já integrava o patrimônio da União, o prédio ficou abandonado. O pequeno conjunto ferroviário, incluindo a estação nova, ainda existente, foi invadido por famílias de sem-teto por volta de 2010.

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Abandono

Há três anos, a Movimento de Preservação Ferroviária - Sorocabana relatou o estado de abandono ao Ministério Público Federal (MPF) e pediu o tombamento da estação pelo conselho municipal do patrimônio histórico. O prédio foi um dos primeiros construídos com tijolos na cidade.

Na prática, nada foi feito para preservar o imóvel, que está sob a responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Moradores vizinhos relatam que a demolição teve início no final de maio e prosseguiu ao longo do mês de junho.

Agentes da Guarda Municipal informaram a prefeitura, que notificou o DNIT. O órgão federal informou que, ao verificar a situação, abriu procedimento administrativo para apurar os fatos. "O primeiro passo foi a evolução da denúncia à esfera da polícia judiciária - Departamento de Polícia Federal, em Sorocaba -, autoridade competente que executará as diligências necessárias para elucidação e responsabilização do ato depredatório", disse em nota.

A PF informou que uma equipe se dirigiu ao imóvel para realizar uma perícia que instruirá um inquérito policial em andamento.

A estação demolida tinha uma relevância histórica ainda maior por se situar em terras que pertenceram ao brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, presidente da província de São Paulo e líder da Revolução Liberal de 1842. Relatório da Sorocabana de 1873, dois anos antes da inauguração da linha, informava que proprietários da Fazenda Passa Três, sucessores do brigadeiro, cederam os terrenos cortados pela ferrovia, "obrigando-se a Companhia a estabelecer e conservar na fazenda uma parada, ao menos para passageiros". Ao redor da estação surgiu o bairro que recebeu o nome de Brigadeiro Tobias.

Restauro

A destruição da estação de Brigadeiro Tobias não foi a única má notícia recente para os defensores do patrimônio histórico de Sorocaba. A Secretaria da Cultura da cidade encerrou na terça-feira, 30, um chamamento público para a restauração da estação principal da Sorocabana na cidade sem receber uma única proposta de empresas interessadas. O restauro seria feito sem custo para o município, com patrocínios e recursos captados através das leis de incentivo à cultura.

O edifício, inaugurado em julho de 1875, ainda preserva parte da estrutura original, mas sofre com a falta de conservação e está deteriorado. Parte do acabamento interno em argamassa decorada já ruiu. A estação é considerada um dos principais exemplares do que restou do patrimônio arquitetônico de Sorocaba e da "era das ferrovias" no Estado de São Paulo. Sua construção é considerada o marco inicial da ferrovia projetada para ligar o município à capital da então Província de São Paulo - do nome da cidade originou-se o da estrada de ferro, a Sorocabana.

Os trilhos se estendiam até a Estação Júlio Prestes, no centro de São Paulo. O edifício foi o primeiro construído com tijolos na cidade. Até então, as edificações eram de taipa, barro socado. O prédio foi tombado em 2003 pelo Conselho Municipal do Patrimônio. O complexo ferroviário de Sorocaba, que inclui a estação, está em processo de tombamento pelo patrimônio estadual. A prefeitura informou que estuda abrir novo prazo de chamamento para o restauro.

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A Guarda de Nazaré, que existe há 45 anos, agora é Patrimônio Cultural e Imaterial de Estado do Pará. A declaração, resultado de projeto da deputada Ana Cunha (PSDB), foi feita na sessão ordinária da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa), na manhã de terça-feira (11).

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O grupo tem atuação importante na organização e condução das festividades do Círio de Nossa Senhora de Nazaré, que ocorre no segundo domingo de outubro, em Belém. Conta com mais dois mil homens e é reconhecido pelo Vaticano como a maior guarda católica do mundo. "Esse título nos faz criar uma responsabilidade ainda maior com relação ao trabalho humanitário que nós já fazemos. É uma responsabilidade muito grande", disse Guilherme Azevedo, coordenador-geral da Guarda de Nazaré.

Segundo o coordenador, a notícia encheu os Guardas de Nazaré de felicidade e alegria. "Foi motivo de felicidade, não pelo fato do engrandecimento do ego, mas pelo fato de um reconhecimento de todo um trabalho voluntário que nós fazemos há 45 anos, trabalho esse que muitas vezes acaba sendo apenas reconhecido como se fosse na época do Círio, e não. O Círio é o ápice do nosso trabalho, mas durante o ano inteiro colaboramos em ações sociais, campanhas de doações de sangue, ajudamos no treinamento de outros guardas, ajudamos a Basílica durante todas as celebrações. A gente tem todo um trabalho grande e isso daí faz com que as pessoas reconheçam de fato o nosso trabalho. Isso para nós é muito bom, muito gratificante", detalha Guilherme.

Guilherme está na Guarda há 11 anos e diz que as pessoas que entram para a equipe têm mudança de 360 graus na vida delas. "É um giro que a pessoa dá na vida. Ao longo de todo um trabalho que a gente faz dentro da Guarda, com os guardas, ocorre um avanço muito grande, principalmente no que diz respeito ao lado espiritual de cada um. Os guardas se tornam pessoas boas, eles melhoram. Aqueles que entram para a Guarda acabam tendo uma outra visão do amor, da fraternidade, da humildade, e tudo isso faz com que a pessoa seja transformada. Essa é a grande vantagem que nós temos ao entrar na Guarda, esse preparo espiritual, esse engrandecimento espiritual", detalha.

Caminhos da fé

O coordenador explica que quem trabalha na Guarda sempre tem histórias de fé para contar. "Cada um já viveu uma experiência extraordinária, algo que realmente deixa a gente arrepiado", disse ao contar que, antes de ser coordenador, enquanto fazia o isolamento do altar da Basílica, uma senhora insistia em ultrapassar o isolamento para pegar as flores do altar. Depois de muita insistência ele pegou algumas pétalas, colocou nas mãos da senhora e pediu para que ela sentasse para fazer suas orações e deixasse de insistir. "Peguei as pétalas e dei para ela, ela guardou num lenço. Ela foi embora. Sumiu. Passou a quinzena, veio o mês de novembro, e quando chegou em dezembro, próximo ao Natal, essa senhora apareceu na igreja e me encontrou durante uma celebração. No final da missa ela me perguntou se eu lembrava dela, eu disse que não lembrava, e ela disse 'eu sou aquela senhora que tentou pegar as pétalas durante a quinzena do Círio e você não queria deixar, até que no final você me de as pétalas, estás lembrado?'. Eu pedi desculpas por só ter pego as pétalas. Elas disse não, não. Só as pétalas que pegaste para mim, já resolveu. Ela me mostrou o exame dela antes de pegar as pétalas e depois. Antes de pegar as pétalas ela estava com problema de câncer, quando ela pegou as pétalas, foi para a casa dela e fez um chá. Passados uns dias ela foi fazer uns exames do pré-operatório para remover o câncer, e simplesmente saiu no exame que ela estava curada. Ela trouxe aquilo para me mostrar. Para mostrar para o padre e para dar esse testemunho da graça e do poder que Nossa Senhora tem", revelou.

Guilherme explica que a equipe se esforça sempre para dar seu melhor e atua de forma que as pessoas se sintam atraídas e próximas. "Às vezes, a dificuldade de se aproximar da imagem naquele momento é criada por todo um sistema de segurança, e obviamente a Guarda está envolvida nisso, mas a gente sempre procura, durante os Círios, trazer a melhor forma de conduzir as pessoas, principalmente aquelas que estão na corda pagando as suas promessas, que estão nas estações e até mesmo aquelas pessoas que acompanham. A gente atende mais as pessoas que estão nas proximidades das estações, da berlinda, da própria corda, do que atende os guardas que passam mal durante as procissões. A gente procura melhorar cada vez mais", explicou.

Formação criteriosa

A Guarda de Nossa Senhora de Nazaré é formada por pessoas do sexo masculino, maiores de 18 anos, que tenham bons antecedentes e que sejam pessoa de referência para a sociedade. "A gente preza muito para que os Guardas de Nazaré sejam pessoas que promovam a palavra de Deus, que preguem o evangelho, que preguem a caridade, que promovam a humildade, o amor ao próximo. Ser um Guarda de Nossa Senhora de Nazaré não é vestir aquele uniforme, é muito mais que isso, para isso a gente investe muito em treinamento, em adorações, em missas, em reuniões, enfim, a gente faz com que haja uma transformação interna em cada um. Ser um Guarda de Nossa Senhora de Nazaré, é ser um homem de fé, um homem que traz a sua família para dentro da igreja, que leva a palavra de Deus para dentro de casa, que leva o amor ao próximo para o seu vizinho, isso tudo a gente faz", disse Guilherme.

As reuniões dos Guardas de Nazaré são quinzenais até o fim de junho. Em julho, o grupo entra em recesso, mas continua participando das ações. De agosto até o Círio, as reuniões são semanais, sempre às quintas-feiras.

A coordenação da Guarda se reúne todos os dias da semana. Este ano o presidente da Guarda é o padre Luiz Carlos. O requisito mínimo para o ingresso na Guarda de Nazaré é ser indicado por um dos Guardas, sendo que a pessoa que indica precisa ter no mínimo dois anos de vivência dentro do grupo. Após essa indicação, o aspirante passa por um treinamento, um curso com duração de três meses e meio. "Após esse curso, dependendo do comportamento dele, da frequência, da atividade dele dentro dos padrões que nós estipulamos, aí sim ele passa a se tornar um Guarda de Nossa Senhora de Nazaré, dentro de uma cerimônia pronta para esse momento. A condição que faz com que nós nos tornemos padrinhos de quem vai entrar é de que nós possamos ter a responsabilidade sobre essa pessoa. A última turma foi de 420 aspirantes. Desses, 304 foram efetivados na Guarda", explicou Guilherme.

Ser Guarda de Nazaré, segundo Guilherme, é uma forma de retribuir à Virgem de Nazaré o que ela tem dado aos membros. "Quando ingressa na Guarda, a gente só está ali porque ela fez o chamado e a gente fica devendo a ela essa mudança em nossa vida. Uma forma que a gente tem de retribuir é através das ações humanitárias que nós fazemos. Ser Guarda de Nazaré é ser homem de fé, de reconhecimento por aquela que sofreu pelo seu filho, mas está ali no meio de nós. Isso sim é ser um verdadeiro Guarda de Nazaré", concluiu.

 

2019 não está sendo um ano fácil para Britney Spears. Após descobrir que seu pai estava doente, cancelar a turnê e se internar numa clínica para tratamento de saúde mental, agora a cantora enfrenta uma briga entre seus pais que pode chegar ao tribunal.

Jamie e Lynne Spears estão tendo algumas divergências em relação aos cuidados de saúde da filha e controle de todos os seus bens. Segundo o site TMZ, a mãe de Britney ficou muito abalada devido ao seu estado da saúde mental e não acredita que a estrela pop esteja recebendo o devido cuidado.

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Pelo que parece, Lynne contou com a ajuda de uma amiga, que é esposa do governador da Louisiana, e juntas encontraram um advogado para cuidar do caso. Atualmente, Jamie é o tutor legal de Britney e há 11 anos tem total controle sobre seu patrimônio.

Fontes dizem que ela está em Los Angeles, Estados Unidos, com a filha que, supostamente, não está bem, mesmo tendo sido dispensada do centro de saúde mental. Porém, por meio de suas redes sociais Britney vem tranquilizando os fãs com postagens frequentes.

O frevo, ritmo pernambucano centenário, é conhecido por fazer fever multidões inteiras durante os dias de Carnaval em sua terra de origem. No entanto, esse gênero musical é muito mais que timbres rasgados e passos frenéticos. Sua história foi - e é - construída por inúmeras mãos, de compositores, músicos, passistas e maestros que, nem sempre, são conhecidos, tampouco, reconhecidos pelo grande público.

Para fazer justiça a alguns desses, e levar às pessoas um maior conhecimento sobre o frevo e seus atores, o jornalista, crítico musical e pesquisador Carlos Eduardo Amaral, criou a série Frevo Memória Viva, editada e publicada pela editora Cepe. O projeto começou após Carlos lançar a biografia do maestro Clóvis Pereira e contemplou outros quatro músicos: Maestro Ademir Araújo, o Formiga; Maestro Duda; Getúlio Cavalcanti e Jota Michiles.

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Em entrevista exclusiva ao LeiaJá, Carlos Eduardo explica que os livros não se tratam exatamente de biografias, mas sim de "grandes reportagens" nas quais também são abordados o desenvolvimento do fremo em termos estéticos, estilísticos e antropológicos, inclusive com a colaboração dos próprios biografados. Uma oportunidade de conhecer melhor sobre a música que mais representa Pernambuco e sobre aqueles que ajudaram a fazer dela um Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade. Confira a entrevista na íntegra.

LJ  - Como foi o processo de escolha dos biografados?

Carlos Eduardo - O primeiro de todos os biografados foi Clóvis Pereira, devido à sua atuação como maestro e principalmente compositor de música clássica – que é meu campo de pesquisa e atuação, na qualidade de crítico musical. Depois de lançada a biografia de Clóvis, sugeri à Cepe a criação do selo Frevo, Memória Viva. A editora delegou a missão de volta pra mim e então fiz contato com três compositores, para saber se eles topariam: Formiga, que tem uma ligação não apenas com o frevo de rua, mas também com os caboclinhos e maracatus; Duda, pela referência no frevo de rua em si; e Getúlio Cavalcanti, pela unanimidade no universo do frevo de bloco. Quando voltei à Cepe, levando o o.k. dos três, a editora lembrou que faltava um nome do frevo-canção e sugeriu Jota Michiles. Eu não o conhecia, a não ser de nome, mas topei e o deixei por último, para quando eu tivesse adquirido ritmo de escrita e uma melhor compreensão geral da história do frevo. Durante o processo de produção dos livros houve uma recomendação aqui e acolá para biografar Edson Rodrigues, que não depende de minha vontade, mas eu encararia a missão com todo o prazer. E se for com outro pesquisador que venha a se concretizar, perfeito – o que importa é não deixar a memória dos criadores do frevo adormecer.

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LJ  - Alguma passagem, durante o processo de escrita, te chamou atenção ou te tocou de maneira mais significativa?

Carlos Eduardo - Destaco um relato, do livro mais recente, sobre Jota Michiles: o da filha Michelle. Dediquei um capítulo inteiro à fala que ela me concedeu, com poucas observações e intercalações minhas, tamanho foi o impacto dela. Por algumas vezes, tive de exercer um autocontrole enorme, ao longo da conversa, para não chorar, devido à a carga afetiva do relato. E fiquei repensando muitas coisas da minha vida, ao voltar pra casa. Jota também caiu num profundo processo de reflexão, ao ler o livro já pronto. e foi muito humilde em abrir o coração, reconhecer os pontos que porventura tivesse de melhorar e agradecer o apoio da família.

LJ - Essa série mudou em algum aspecto sua visão sobre o frevo?

Carlos Eduardo - Como manifestação musical, rigorosamente falando, não. Quanto mais eu pesquisava, mais confirmava que o frevo – pela sua trajetória e pelo trabalho atualmente desenvolvido por grandes músicos (do passado e do presente) que estão na cena musical pernambucana – sempre trilhou bons caminhos, mesmo tendo passado algumas épocas engessado, quando poderia ter se sintonizado mais com as novas gerações ou buscado novos mercados. O que falta mesmo é união, convergência de esforços e menos lamentações de produtores de visão atrasada e amadora. O frevo tem tudo para ganhar o mundo e Pernambuco deve agradecer àqueles que estão viajando mundo afora, ganhando prêmios e colecionando boas críticas, enquanto outros choram a ausência de algum dinheiro público e de espaço na imprensa, sem aceitar fazer uma autocrítica, sem atualizar-se em termos de produção, divulgação e mercado, e sem oferecer novas ideias musicais e novos formatos de performance e repertório.

LJ - Você acha que o pernambucano conhece pouco de sua própria música, apesar de orgulhar-se tanto dela?

Carlos Eduardo - Sim, mas temos caminhos para reverter isso: inserção das manifestações culturais pernambucanas no currículos das diversas disciplinas escolares e universitárias onde aplicáveis; visitas a instituições de referência (Paço do Frevo e museus diversos, clubes e blocos carnavalescos, centros de artesanato, ateliês etc.); rodas de debates; documentários e reportagens na imprensa; por aí vai.

LJ - Por que você acha que o frevo, apesar de toda sua riqueza e efeito que causa nas pessoas, ainda é relegado apenas ao Carnaval?

Carlos Eduardo - Por não ter investido com suficiente afinco em formatos e discursos extracarnavalescos. O forró está aí, seja o pé-de-serra, seja o eletrônico, com seus nichos garantidos ao longo do ano. A título de exposição sobre como enveredar por essas searas, deixo o convite para uma carta aberta que publiquei ano passado em meu blog.

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LJ - Você tem publicações futuras planejadas?

Carlos Eduardo - Tenho. Chegou a um ponto que não posso parar mais. Durante o processo de produção e lançamento dos cincos livros pela Cepe, que durou de 2013 a 2019, investi também em composições musicais e arranjos, que, aos poucos, estou tendo a oportunidade de ver executados e gravados, mas a partir de agora possuo um novo foco e estou direcionando meu tempo livre a ele: a literatura. Se aparecerem convites para novas biografias, serão bem-vindos e devidamente analisados, porém estou concluindo meu primeiro romance e já tenho mais quatro esquematizados para serem desenvolvidos ao longo do próximo quinquênio. Descobri que na literatura está a minha voz mais verdadeira e é por ela que tentarei me interligar profissionalmente, inclusive, com os que estão à minha volta: família, amigos, colegas de profissão, conhecidos, admiradores etc. A composição musical também é uma realização pessoal que fui capaz de atingir, mas na literatura tenho muito mais possibilidades de expressão, amplitude de fala e criação de diálogo duradouro.

  Exaltando o valor histórico e cultural das fortificações pernambucanas, a exposição e o livro homônimos ‘NOVAS (velhas) BATALHAS - Educação patrimonial no contexto das fortificações de Pernambuco’ serão lançados na segunda-feira (22), às 9h, no Museu da Cidade do Recife (PE), no Forte Das Cinco Pontas.

A publicação é do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e é resultado do projeto ‘Educação e Patrimônio compartilhado: Brasil e Holanda’. Ao longo de 2018 o projeto mobilizou professores e alunos de sete escolas do Recife e da Ilha de Itamaracá, para a elaboração de um inventário participativo, desenvolvido pela Coordenação de Educação Patrimonial do Iphan. O levantamento traz significativo registro das referências culturais relevantes para a valoração e preservação das fortificações.

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A exposição homônima amplia o conteúdo abordado no livro e conta o auxílio de projetores, tabletes, vídeos e efeitos sonoros para transmitir ao público as vivências de cada história contada no livro. A mostra ficará aberta a visitação pelo período de seis meses no Museu da Cidade do Recife, podendo seguir depois em itinerância para as outras fortificações

Serviço

Lançamento do livro e da exposição 'NOVAS (velhas) BATALHAS - Educação patrimonial no contexto das fortificações de Pernambuco'

22 de abril | 9h às 12h

Museu da Cidade do Recife ( Praça das Cinco Pontas, s/n - São José, Recife)

*Com informações da assessoria

Por ter furado uma moeda de R$ 1, um jovem de 19 anos foi preso em Vilhena, município de Rondônia. O caso é considerado crime contra o patrimônio da União de acordo com o Código Penal Brasileiro.

De acordo com boletim de ocorrência, o rapaz foi visto conduzindo uma moto em comportamento suspeito. Abordado pelos policiais, foi verificado que ele não estava portando a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e que estava com uma moeda de um real perfurada.

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A moeda estava sendo utilizada pelo rapaz como um pingente. De acordo com publicação da Rede Amazônica, o jovem foi encaminhado à Unidade Integrada de Segurança Pública (Unisp) de Vilhena. Ele ficou preso, mas depois foi liberado, ficando a moeda apreendida na delegacia.

Antes do incêndio da catedral de Notre Dame, em Paris, vários outros tesouros do patrimônio mundial foram devorados pelas chamas.

- Museu Nacional do Rio de Janeiro -

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Na noite do dia 2 de setembro de 2018, o Museu Nacional do Rio de Janeiro foi reduzido a cinzas por um incêndio causado por um curto-circuito em um aparelho de ar-condicionado. Era considerado o maior museu de história natural e antropológica da América Latina, com mais de 20 milhões de peças.

O antigo palácio imperial abrigava, por exemplo, um esqueleto de dinossauro descoberto em Minas Gerais e numerosos exemplares de outras espécies extintas, como preguiças gigantes e tigres de dentes de sabre.

- O Santo Sudário salvo das chamas -

Em 1997, a catedral San Juan Bautista e o Palácio Real de Turim, no noroeste da Itália, foram devastados por um incêndio. Um bombeiro conseguiu salvar o Santo Sudário, uma das relíquias mais veneradas pelos católicos, ao quebrar com um martelo o vidro à prova de balas que o protegia.

- Ópera de Veneza -

Em 1996, a ópera de Veneza ficou quase totalmente destruída por um incêndio. Este teatro, inaugurado em 1792, era um dos mais prestigiosos do mundo. Dois eletricistas foram condenados a seis e sete anos de prisão, acusados de atear o fogo para encobrir atrasos em sua obra. O local foi reaberto em 2004.

- Liceu de Barcelona -

Em 1994, o Liceu de Barcelona, o teatro lírico mais famoso da Espanha, com quase 150 anos, situado no centro da cidade, foi destruído por um incêndio provocado por uma fagulha de um maçarico. Foi reconstruído.

- Castelo de Windsor -

No dia 20 de novembro de 1992, toda a parte nordeste do Castelo de Windsor, residencia real a oeste de Londres, foi destruída por um incêndio, que quase atingiu os apartamentos privados da rainha. Começou pela capela, onde um spot de luz incendiou uma cortina.

Após cinco anos de obras de restauração, o castelo reabriu ao público em 1997.

- Biblioteca de Sarajevo -

Em meio à guerra que sacudiu a Bósnia entre 1992 e 1995, no dia 25 de agosto de 1992, a partir das montanhas que dominam a cidade, tropas sérvias incendiaram a biblioteca nacional da Bósnia, prédio construído em 1896. Só se salvaram das chamas cerca de 300 mil livros, das mais de dois milhões de obras, algumas muito raras.

A nova biblioteca - em parte financiada pela União Europeia - foi inaugurada em 2014.

- O Grande Teatro de Genebra -

Em 1951, um incêndio destruiu o Grande Teatro de Genebra, construído no século XIX. Um teste de fogos de artifício para uma reapresentação das Valquírias, de Richard Wagner, desencadeou o sinistro. Foi reaberto em 1962, após 11 anos de obras.

Segundo trem de passageiros do Brasil, com 400 pessoas, partindo do Pátio rumo à Vila do Cabo, em 1858. (Acervo do Museu do Trem)

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O oito de fevereiro não é um dia comemorativo para o Estado de Pernambuco por mera desatenção. Nessa data, no ano de 1858, um trem com 400 pessoas a bordo partia do Pátio das Cinco Pontas rumo à Vila do Cabo e à história ferroviária e urbana do país. Segunda composição brasileira e primeira pernambucana a transportar passageiros, ela percorreu o célebre trajeto sob os trilhos da Estrada de Ferro Recife-São Francisco, inaugurada em 1958, para também se tornar a segunda mais antiga do Brasil. Apesar de sua importância, a estação foi demolida na década de 1960, tendo como último resquício o Pátio das Cinco Pontas, localizado no interior do Cais José Estelita e inscrito como Patrimônio Ferroviário do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Agora, o Pátio das Cinco Pontas corre o risco de ser completamente apagado do mapa do Recife, ao lado dos armazéns de açúcar do Cais José Estelita, que voltaram a sofrer com demolições na manhã desta segunda (25).

“É importante destacar o pioneirismo da Estrada de Ferro Recife-São Francisco, onde, pela primeira vez no Brasil, se estabeleceu o ticket de ida e volta, além do abatimento do valor da passagem das pessoas que construíram casas em seu entorno. Infelizmente, o que sobrou de Cinco Pontas foi o Pátio”, comenta Josemir Camilo, doutor em história pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e autor do livro “A primeira Ferrovia Inglesa do Brasil”. Conforme denuncia seu nome, a ferrovia foi criada para chegar ao Rio São Francisco, objetivo que nunca conseguiu concretizar. Apesar disso, a Estrada de Ferro Recife-São Francisco teve seu trajeto prolongado até Garanhuns, no Agreste pernambucano, a partir de onde foi conectada à cidade alagoana de Imperatriz (atual União dos Palmares), através da já existente Estrada de Ferro Sul de Pernambuco.

Registros da antiga Estrada de Ferro Recife-São Francisco, de 1905. (Acervo Fundação Joaquim Nabuco)

De lá, foi novamente integrada a outra linha férrea, desta vez, a Estrada de Ferro Central de Alagoas, estendendo-se até Maceió, Alagoas. “As três foram unificadas quando a Great Western, em 1901 ganhou a concessão da Recife-São Francisco e da Sul de Pernambuco, e em 1903, tornou-se também responsável pela Central de Alagoas. É nesse período que a companhia inglesa cria a chamada Linha Sul”, comenta o coordenador do museu do trem, André Cardoso.

Demolição do Cais José Estelita

Assim, a Sul se tornou uma das três linhas que orientaram a formação do metrô do Recife e parte do desenvolvimento urbano da cidade, intimamente ligado aos trens. Apesar disso, o projeto escolhido para ocupar o espaço do Pátio de Cinco Pontas, de autoria do consórcio formado por Queiroz Galvão, Ara Empreendimentos, Moura Dubeux e GL empreendimentos, foi intitulado “Novo Recife” e não faz nenhuma referência à história do patrimônio. Nele, está prevista a construção de 12 torres comerciais e residenciais de alto padrão serão erguidos e acomodarão uma estrutura que incluirá “terraços gourmet”, “piscina aquecida” e “quadra de tênis”. “A situação de degradação do Pátio de Cinco pontas é fruto de um duplo desamparo: do governo e das empresas. O Estelita poderia ter seus antigos armazéns mantidos para finalidades sociais e próprio pátio continuar existindo como museu aberto, vivo. Não há como conciliar arranha-céus com uma memória tão chã”, lamenta o pesquisador Josemir Camilo.

Tratores destroem o pouco que restou dos armazéns de açúcar do Cais. (Chico Peixoto/LeiaJáImagens)

A advogada do Centro Popular de Direitos Humanos (CPDH) Tereza Mansi questiona ainda o leilão do Cais José Estelita. “O Ministério Público Federal entrou com uma ação para anular esse leilão. Como o terreno era Patrimônio da Rede Ferroviária transferido para a União, antes da venda, ela teria que ter dado preferência ao IPHAN, que inclusive já tinha uma parecer demonstrando seu interesse na área”, completa. Posteriormente, a Polícia Federal (PF) verificou que apenas o consórcio se candidatou durante o processo de licitação. “Por fim, o terreno acabou sendo vendido por um valor muito baixo”, conclui a advogada, referindo-se ao subfaturamento de R$ 10 milhões do leilão, também apurado pela PF.

Em reação à retomada das demolições, o Ministério Público Estadual deu entrada em uma ação na 5ª Vara da Fazenda Pública, que demanda a anulação da lei 18.128/2015, que prevê um plano urbanístico para os bairros do Cabanga, Cais José Estelita e Cais de Santa Rita. “Além disso, o CPDH entrou com uma ação popular na 3ª Vara da Fazenda Pública, em que a gente questiona a ilegalidade do início das obras, no qual não foi colocada a placa de transparência com informações sobre a obra. O espaçamento dos tapumes também está em desacordo com a lei. A gente pede para embargar a obra até que essas questões sejam corrigidas”, afirma Mansi. 

Segundo CPDH, tapumes foram colocados em desacordo com a lei. (Chico Peixoto/LeiaJáImagens)

Nesta segunda-feira, a Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano (Semoc) da Prefeitura do Recife publicou nota alegando que o alvará de demolição dos armazéns do Cais para o empreendimento Novo Recife foi concedido. “O documento foi emitido atendendo à solicitação dos responsáveis pelo projeto e está em conformidade com as normas de licenciamento vigentes, inclusive com anuência do IPHAN. É importante esclarecer que os 28 armazéns próximos ao Viaduto das Cinco Pontas serão preservados e restaurados pelo empreendedores”, informa o comunicado.

Ainda de acordo com a Prefeitura, um novo alvará ainda precisará ser expedido para que as obras sejam iniciadas. “O alvará de demolição concedido estava suspenso pela gestão municipal desde 2014, com o objetivo de rediscutir o projeto. Após amplo debate com a sociedade, o novo projeto, com 65% da área para uso público, foi aprovado em 2015. Vale salientar que, entre as melhorias no projeto, uma delas é o início das obras pela parte de uso público”, conclui a nota.

Também nesta segunda-feira, a reportagem do LeiaJá acompanhou o processo de demolição e a participação de ativistas e autoridades contrários à obra. Confira no vídeo a seguir:

Acostumados a salários mais generosos que a média do País, reconhecimento e fama, jogadores de futebol enfrentam diversas ameaças à construção dos seus patrimônios para o futuro. Golpes, ostentação e desperdícios já marcaram a carreira de vários atletas.

Recentemente uma consultoria de investimentos analisou a contas de um deles e encontrou um grande desperdício. O atleta, cujo nome não foi revelado, tinha a família em outro Estado e entrou em acordo com uma pessoa próxima a fim de repassar todo mês cerca de R$ 30 mil, com a promessa de que o valor seria investido na construção de uma casa avaliada em R$ 1 milhão, a ser erguida em terreno de bairro nobre.

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Uma auditoria nos extratos bancários encontrou informações de que a mensalidade foi paga durante mais de dois anos. Apesar disso, o jogador não havia assinado contrato com o tal amigo para a prestação do serviço. Toda a operação foi executada na base da conversa, da confiança nos parceiros.

Como o jogador atuava em um clube longe da cidade natal, não chegou a acompanhar a obra. A consultoria contratada pelo atleta passou a desconfiar da situação e decidiu, então, enviar um funcionário até a cidade a fim de verificar o andamento da construção. Não deu outra. Na chegada ao possível empreendimento, não havia casa.

Durante os mais de dois anos de repasses mensais, o terreno tinha somente uma cerca de arame farpado e o início de uma fundação de casa, com vestígios de que a obra estava parada havia meses. O jogador não conseguiu recuperar o prejuízo.

OSTENTAÇÃO - Um jogador que atua no exterior recebeu uma orientação anos atrás para diminuir os gastos no Brasil. O atleta fazia questão de manter na sua cidade natal uma mansão de luxo com vários carros importados na garagem, mesmo sem usar todo esse conforto diariamente, pois vivia em outro continente e só frequentava o local durante um mês por ano, quando estava de férias.

O profissional responsável por avaliar as finanças sugeriu que o jogador abrisse mão de manter tais bens. Pelas contas, o atleta gastaria menos se alugasse uma casa e carros de luxo apenas para o período em que estivesse no Brasil de férias. A justificativa foi de que anualmente a estrutura mantida na cidade representava um gasto muito grande com impostos e manutenção do imóvel.

Apesar da sugestão, o jogador preferiu manter seu modo de vida. Ele entendeu que seria interessante continuar com a casa e com os carros por ser mais cômodo e por eles representarem o símbolo da carreira vitoriosa.

Em outro caso parecido, um jogador que ganhava cerca de R$ 200 mil por mês gastava todo o salário no pagamento das parcelas de três imóveis financiados. Após ser convencido por um amigo a realizar os investimentos, ele decidir procurar ajuda financeira de gestão, pois todos os meses usava o limite do cheque especial e tinha de pagar mais por isso.

O caso mais famoso de atleta que perdeu tudo depois de se aposentar é o do ex-atacante Müller. Ídolo do São Paulo e tetracampeão mundial com a seleção brasileira na Copa do Mundo de 1994, nos Estados Unidos, ele admitiu a situação em 2011, em entrevista ao jornal Marca, em que comentou sobre o arrependimento de não ter se organizado com as finanças quando jogava.

Na época da entrevista, Müller contou que estava sem plano de saúde, carro ou casa para morar. "Errei muito na vida. Tive bons momentos financeiros, mas errei. Fiz muita bobagem. Gastei tudo com besteira, com mulheres e grandes carros", disse na ocasião. O ex-jogador contou que já comprou mais de 20 veículos. "Gastei com vaidades pessoais. Gastei dinheiro com amigos de ocasião. Por eu ser uma pessoa generosa, muita gente se aproveitou mesmo de mim", completou.

Em 2011, Müller estava morando de favor na casa do jogador Pavão, antigo colega de São Paulo. Depois do fim da carreira, o ex-atacante trabalhou como treinador, foi pastor de igreja, ficou três anos desempregado e só se recuperou ao retomar a carreira de comentarista esportivo em emissoras de televisão. Outra fonte de renda que tinha era participar como convidado em amistosos e jogos na categoria master.

Prestes a receber a sua primeira missa após anos interditada, a Igreja do Bonfim, em Olinda, foi arrombada e quatro imagens de santos foram furtadas. Como a igreja é tombada, as investigações ficarão a cargo da Polícia Federal (PF), que, na manhã desta quarta-feira (13), iniciará as perícias.

O padre da Paróquia São Pedro Mártir de Verona, vinculada à Igreja do Bonfim, Carlos Jerônimo, diz que a igreja havia sido aberta pela última vez no dia 2 de fevereiro, para uma limpeza. Na terça-feira (12), seriam colocados os bancos. “A secretária abriu a igreja e percebeu que estava faltando materiais de limpeza, como rodo e vassoura. Aí ela foi percebendo que a igreja tinha sido arrombada”, conta o pároco.

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Além dos materiais de limpeza, também foram subtraídos um chuveiro elétrico, dois refletores que iluminam o altar, torneira e as quatro imagens. Os santos eram de madeira e antigos – o padre não sabe informar se eles são financeiramente valiosos.

Duas das imagens ficavam na sacristia e outras duas no altar principal. O padre informou que entre as imagens estão a de Santa Cecília, Santo Antônio e Santo Agostinho. Uma mão de um dos santos foi encontrada dentro do imóvel.

O pároco também percebeu pegadas na parede e sinais de arrombamento na entrada do templo. Um portão de ferro na parte de trás também foi danificado.

A Companhia Independente de Apoio ao Turista (Ciatur), da Polícia Militar (PM), também esteve no local. A Secretaria de Defesa Social (SDS) solicitou reforço na área. A Polícia Federal vai instaurar inquérito policial e o caso será investigado pela Delegacia de Repressão aos Crimes contra o Meio Ambiente e Patrimônio Histórico. A Igreja do Bonfim foi construída em 1758. O imóvel é tombado pelo patrimônio nacional.

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Estação Camaragibe: de coração da cidade à curral e depósito de entulhos. (Chico Peixoto/LeiaJáImagens)

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Estação Jaboatão, Pátio das Cinco Pontas, Oficinas de Werneck e Estação Camaragibe. Quatro pontos fundamentais no desenvolvimento das cidades em que estão inseridos, componentes dos troncos norte, sul e centro, que regiam o transporte de cargas e passageiros em Pernambuco. Na história afetiva dos pernambucanos, suas oficinas, trilhos e plataformas marcaram chegadas, partidas e gerações inteiras. Da lendária Great Western of Brazil Railway, companhia inglesa que administrava as vias férreas do Estado até o final dos anos 1940, os trilhos pernambucanos passaram para o domínio da Rede Ferroviária Nacional, Sociedade Anônima (Reffesa), posteriormente privatizada pelo governo Fernando Henrique Cardoso - quando teve seus bens transferidos para a Ferrovia Transnordestina Logística (FTL).

Quando as atividades da Reffesa foram finalmente encerradas, a Lei Nº 11.483, de 31 de maio de 2007, delegou ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), a responsabilidade de receber e administrar os bens móveis e imóveis de valor artístico, histórico e cultural que dela pertenciam. Os bens móveis não-operacionais utilizados pela Administração Geral e Escritórios Regionais da estatal foram transferidos para o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT), assim como os bens móveis e imóveis operacionais, os bens móveis não-operacionais utilizados pela Administração Geral e Escritórios Regionais e os demais bens móveis não-operacionais, incluindo trilhos, material rodante, peças, partes e componentes, almoxarifados e sucatas.

Em conjunto com a confusa classificação da natureza dos bens, a morosidade dos órgãos públicos e empresas envolvidas na conservação do patrimônio transformou suntuosas edificações em ruínas habitadas por sujeira, lixo e animais. Seja de pessoas ou instituições, algumas delas são constantemente utilizadas para uso de drogas e prostituição. Outras, penam com ocupações irregulares, de pessoas e instituições. O que todas têm em comum são as cicatrizes deixadas pelo abandono.

Aos 90 anos, Zuleick Lopes Araújo, bibliotecária por vocação, talvez seja o maior dos patrimônios guardados pelo Instituto Histórico de Jaboatão (IAP), formado há 45 anos no prédio da antiga Cadeia Pública da cidade, por membros da sociedade civil interessados em preservar a história local. Orgulhosa por manter conservadas relíquias como a primeira bandeira do município ou cartas de alforria de escravos, a vice-presidente da instituição Mirtes Figuêiroa Santos, tenta se ater à ingrata missão de chamar a atenção da repórter para algo que não sejam os fascinante relatos de Zuleick, que guarda na (invejável) memória detalhes preciosos sobre os tempos áureos dos trilhos, aos quais a formação urbana do município de Jaboatão dos Guararapes está intimamente associada. Viúva de Orlando Breno de Araújo, um dos professores da antiga Escola Profissional Ferroviária Benevenuto Lubambo, Zuleick conviveu de perto com os ingleses da chefia da Great Western of Brazil Railway, empresa responsável pelas ferrovias nordestinas até o fim dos anos 1940.

Zuleick Lopes Araújo diante do "banner" em homenagem a seu marido, o professor da Rede Ferroviária Orlando Breno de Araújo. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

“Alcancei o tempo de Mr Lee (engenheiro e chefe da Great Western). Ele era um inglês muito gentil, a família muito educada. Pessoas ótimas de se conviver”, vibra Zuleick. Com os ferroviários, ela garante que não era diferente. “O padre Chromácio Leão começou fazendo banda de música e eles foram aprender. Depois fizeram o próprio grupo, geralmente composto por ferroviários. Hoje em dia são os filhos e netos deles e jamais vai se acabar a banda! Entendeu, minha filha? É o amor à terra”, gargalha Zuleick. A bibliotecária interrompe a entrevista por alguns instantes e volta com um álbum de fotografias em preto e branco. Degustando a textura de cada página, seus dedos finalmente repousam sobre o retrato de 24 de maio de 1953. “Os carnavais eram maravilhosos, muito divertidos, com os Cavaleiros de Momo, dirigidos por Sebastião Henrique, chefe de seção da Rede. Esse homem foi o que mais tratou de folclore em Jaboatão, de quadrilha a pastoril”, lembra.

Fundamentais na vida cultural da cidade, os ferroviários foram os grandes promotores de festividades como a “Festa de Santo Amaro”, noite do último sábado do novenário, em que tradicionalmente a população poderia usufruir do vasto repertório das duas grandes orquestras locais. Já o “Locomoção”, time da oficina, era destaque nos clássicos jogos de futebol contra o “Portela”, o “Bulhões” e o “Cristal”, bem como orgulhando Jaboatão em confrontos com equipes de outras cidades. Além disso, os jaboatonenses ainda contam com o Centro dos Ferroviários, uma espécie de clube e centro cultural ao mesmo tempo, aberto “em setembro de 1959”, segundo indica uma velha placa de bronze, em sua sede. Lá, por preços módicos, uma população ainda mais sedenta por espaços de lazer pode celebrar eventos, dentre outras atividades.

Banda Ferroviária era fundamental na vida cultural de Jaboatão. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

No rastro do açúcar

Zuleick está de braços erguidos e olhos atônitos na direção de uma parede. É contando suas estórias que ela volta a ser uma mocinha de vestido e sapatos brancos, compadecida de um lojista especializado em colchões de palha, a alguns segundos de perder toda a mercadoria. “Fecha a loja, fecha, que lá vem a catita! Catita era um trem pequeno para transporte de cana de açúcar, mas, por ser movido a lenha, fazia uma fumaça medonha e botava fogo para todo lado. Então quando ele ia passando, lojas de tecidos e outros produtos inflamáveis precisavam fechar. Era assim, esse horror, mas era bem bonitinho”, conta às risadas. A correria também era grande entre quem vestia roupas claras. “Se as fagulhas pegassem na roupa, manchavam tudo. Jaboatão era muito lindo, sempre é. Vai estar eternamente no meu coração enquanto eu viver. E se existe espírito, o meu vai sempre estar por aqui”, conclui.

Foi seguindo o rastro do açúcar, como a lúdica “catita” das lembranças de Zuleick, que Jaboatão constituiu sua história como cidade. Apenas um ano depois de ser elevada à categoria de município pela Lei Provincial N° 1881, Jaboatão inauguraria sua antiga estação, em 25 de março de 1885, como parte da Estrada de Ferro Central de Pernambuco (EFCP). Repleta de usinas moentes, com destaque para Bulhões e Colônia, e engenhos safrejando, a cidade já estava na mira da Great Western quando a companhia, através do Decreto N° 4111, de 31 de janeiro de 1901, encampou mais trechos ferroviários na área. “A Central começou a ser importante com o predomínio da Great Western, tendo prosseguido de Caruaru a Pesqueira. Trata-se de uma linha algodoeira e canavieira, tanto que, à medida que as exportações de ambos os produtos caem, avança a decadência da ferrovia”, comenta Josemir Camilo, doutor em história pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e autor do livro “A primeira Ferrovia Inglesa do Brasil”.

Quadro retratando a "catita", um trem pequenino responsável por transportar açúcar. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

Dotada de clima agradável, abundância de água e distando apenas 17 km do Recife, Jaboatão começou a receber, no ano de 1910, ferroviários transferidos de oficinas recentemente fechadas, como a de Barbalha, no Cabo de Santo Agostinho. Suas famílias passaram a ocupar 83 casas construídas pela Great Western, nos bairros de Cascata de Baixo e Cascata de cima. “Além da dificuldade de habitação, mais tarde, a Rede Ferroviária sofreria com a falta de mão de obra especializada. Então, em 1940, foi criada uma escola profissional nos moldes da que havia em São Paulo, só para os filhos dos ferroviários. Eles entravam crianças e já se formavam com emprego na rede”, comenta Zuleick.

Um museu dentro de casa

Da mesma maneira que construiu, para os ferroviários, as Vilas Populares nos bairros da Cascata, a Great Western ergueu residências para os chefes, no bairro de Engenho Velho. Ex-engenheiro da Rede Ferroviária Federal (Reffesa), Raimundo Oliveira, de 59 anos, vive em uma das seis mansões que sobreviveram ao tempo e foram construídas pelos ingleses. Na contramão dos demais vizinhos, que descaracterizam completamente as edificações, Raimundo foi o único a preservar a estrutura original de sua casa, provavelmente concluída nos anos 1900. Ela ainda possui placa de patrimônio da Reffesa de número 1240502.

O ex-engenheiro da Reffesa Raimundo Oliveira sentado em um dos bancos de segunda classe que salvou da antiga oficina. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens).

Desbotada entre tonalidades de marrom e ocre, a mansão conserva beleza peculiar. Do imenso quintal, vê-se uma torre na lateral direita, um traço incomum nas residências brasileiras. A sala de 35m² denota o anacronismo da casa, em uma Jaboatão que agora possui 2.491 habitantes para cada metro quadrado. “Nasci em Mossoró e vim ao Estado para cursar engenharia mecânica na UFPE. Comecei na Reffesa como estagiário, em abril de 1976, tendo sido efetivado como profissional em 1978. Só na década de 1980 passei a habitar esta casa, onde já haviam morado ingleses e outros engenheiros brasileiros”, conta Raimundo.

Lotado na oficina de Jaboatão, o ex-engenheiro foi contratado graças à ausência de uma profissional especializado em pneumática. Sua função era coordenar o serviço de freio e manutenção das válvulas de controle. “Os componentes eram retirados em Werneck e Cinco Pontas. Aqui, eram reparados e submetidos a teste. Quando fecharam a oficina e a estação, eu trouxe alguns objetos, a própria casa convida a tê-los”, coloca. Na varanda, dois bancos de segunda classe recebem os visitantes. A antiga bancada foi ocupada pela televisão, enquanto objetos como o antigo gramofone viraram decoração de parede de uma sala de estar que mais se parece um museu. “Por algum tempo guardei também na minha sala o tradicional relógio da antiga torre da oficina. Trata-se de um objeto de 1850, de fabricante chamado Johnny Walker, trazido a Jaboatão por um dos ingleses que chefiavam a ferrovia. Ele encontrou o objeto durante suas férias na Inglaterra, em uma estação prestes a ser demolida”, conta.

Provavelmente concluída em meados de 1900, a residência onde mora Raimundo foi a única a preservar o aspecto original. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

Regente da vida no coração de Jaboatão, era o relógio que ditava a cadência dos dias. “Os jaboatonenses viviam olhando para cima. Quando o relógio foi retirado, as pessoas continuaram a olhar para o céu, mirando apenas o vazio”, lamenta Raimundo. De acordo com o ex-engenheiro, o relógio só saiu de sua casa pelas mãos de funcionários da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), que haviam prometido executar uma nova instalação. “Até hoje isso não foi feito, estando o relógio guardado na estação de Cavaleiro. Uma pena, porque fui um dos grandes batalhadores pela construção de uma nova torre. Um valor alto foi gasto e a instalação nunca saiu”, explica.

Amante da fotografia, Raimundo encontrou-se pela última vez com a antiga torre do relógio para documentar sua implosão. Em uma foto sequência de seis poses, a ponta da edificação vai, aos poucos, sumindo em meio à poeira.

O apagamento da memória ferroviária, aliás, também é tema de algumas das poesias que escreve em casa no tempo livre. Por insistência da repórter, ele aceita recitar uma delas em seu imenso quintal:

“Lembro-me nitidamente dele

Soava de forma triste nas partidas

de forma alegre nas chegadas

Eram verdadeiras festas

o movimento dos trens

a vida de cidades interioranas

a razão de ser e existir

 

Retiraram os trens

fecharam os ramais

a alegria foi junto

e hoje, até a tristeza faz falta

servindo ambas apenas 

para os contadores de estórias e histórias

 

Estações hoje reduto,

quando existem,

de quase tudo que não presta

raríssimas foram transformadas

em espaços culturais e órgãos públicos

 

Daquilo tudo, restaram as lembranças

as quais muitos insistem em esquecer,

fazer de conta que não aconteceu

que os trilhos, por serem paralelos,

nunca se encontraram no infinito

que nunca bateram o sino das estações

na tentativa de apagar o passado ferroviário

 

Isso jamais será conseguido

pois o apito das locomotivas

Maria Fumaça, English Eletric

jamais permitirá, deixar de soar

nos ouvidos dos verdadeiros ferroviários”.   Sobre o apito, 2001, Raimundo Oliveira.

Dezessete anos de completo abandono

Almanaque vivo quando o assunto é o patrimônio ferroviário local, Raimundo foi convidado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) para escolher pessoalmente os objetos que fazem agora parte do memorial da oficina. “A maioria das cidades surgiu em função do trem. Por isso, me dá uma tremenda tristeza ver a degradação a que chegou a oficina em que trabalhei, a maior escola da minha vida”, queixa-se.

A oficina ferroviária de Raimundo, reconhecida nos tempos áureos por ter sido a segunda maior do Brasil, figura desde 2012 na Lista do Patrimônio Ferroviário do IPHAN. Na relação, ainda em construção, constam 639 bens inscritos, dos quais 14 estão localizados no Estado de Pernambuco. Também incluída na lista, a Estação de Jaboatão ao invés de cartão postal, virou ponto de prostituição e consumo de drogas em qualquer horário do dia. “É um local perigoso. Além disso, sua área está sendo invadida, inclusive por um outdoor enorme que prejudica a paisagem”, relatou uma moradora que preferiu não se identificar.

A reportagem do LeiaJá esteve no local e observou a estrutura completamente tomada pelo mato, inclusive com a presença de uma árvore já crescida no meio das linhas férreas. Arcos enferrujados, lixo, sujeira e mau cheiro são a única herança aparente da administração da Ferrovia Transnordestina Logística (FTL) do local. Em nota, a empresa declarou que concluiu, em julho de 2018, o processo de devolução do patrimônio ao Departamento Nacional de Estradas e Rodagens (DNIT), que se arrastava desde 2001. De acordo com o IPHAN, era de responsabilidade da concessionária conservar o bem, protegido em âmbito federal por meio da lei 11.483/2007.

 

O DNIT, no entanto, por meio de nota, alegou que “o imóvel onde está localizada a estação de Jaboatão já havia sido devolvido antes da extinção da RFFSA". "Portanto, foi considerada não operacional e devolvida à SPU. Importante mencionar que a estação foi valorada pelo IPHAN que, de acordo com a lei 11.483/07, passa a gerir qualquer destinação deste imóvel”, acrescentou o órgão.

Devolvida pela Transnordestina a partir do mesmo procedimento que envolveu a Estação de Jaboatão, a Estação de Camaragibe também padece ao imbróglio que envolve a concessionária, o IPHAN e o DNIT. Procuradas pela LeiaJá, nenhuma das instituições se responsabilizou pela conservação do patrimônio. Segundo o DNIT, apenas as edificações (estação, armazém e sanitários) constam nos mesmos sistemas como devolvidas pela CFN. "Já o imóvel onde está edificada a estação de Camaragibe ainda é considerado operacional, de acordo com os sistemas corporativos do DNIT. Portanto, continua arrendado à FTLSA”.

Uma espécie de curral urbano, a estação virou morada de uma família de pelo menos três cavalos, provavelmente responsáveis pelas fezes e o mau cheiro que tomaram a área da antiga plataforma. Um grupo de pessoas que ocupa o local e cria os animais instalou uma série de grades nas janelas e portas, além de colocar telhas antigas e lonas no lugar do teto original. Segundo um morador que preferiu não se identificar, o telhado original foi furtado logo após a estação ser desativada, por residentes do próprio bairro.

Diante da ruinaria, o aposentado Walter Constâncio, de 59 anos, custa a acreditar que foi aquele o local de suas melhores lembranças da adolescência. “Minha família veio morar no bairro em 1965. Engraçado porque existiam poucas residências, mas muito mais gente na rua, era seguro. Nos últimos anos, pessoas da minha família foram assaltadas no entorno da estação”, conta. Aficcionado pela estrutura, Walter exibe com orgulho os cartões postais com sua imagem, que costumava colecionar. “Acho ela muito bonita. O primeiro orgulho de quem morava aqui era ter uma estação como essa por perto. A gente comprava os cartões para presentear amigos e parentes que vinham nos visitar ou moravam fora”, lembra.

Walter Constâncio diante da ruinaria que um dia foi seu cartão postal predileto. (Chico Peixoto/LeiaJá Imagens)

Neste período, havia uma espécie de zoológico em casa, com direito a um poço para jacarés. “Criávamos de tudo no quintal. O jacaré doamos para um zoológico, mas os macacos eu levava para passear no pátio da estação, o pessoal se divertia bastante”, sorri. Calmo, Walter só aumenta o tom de voz quando o assunto é sua militância pela recuperação do patrimônio. 

“Essa batalha começou em 1996. Com ajuda de alguns amigos, desenhei um projeto para dar uma destinação social à estação. No mapa, já estão determinadas as áreas para espaços como quadra poliesportiva, pista de caminhada, Academia da Cidade, Vagões da Cultura e um cineteatro, pois somos muito carentes de espaços assim”, explica. Com o desenho em mãos, Walter pagou hospedagens e diversas passagens de avião para Brasília para se reunir com políticos representantes de Pernambuco, no intuito de buscar apoio para viabilizar a proposta. “Na época, sentei com deputados como Raul Jungmann, Renildo Calheiros, José Chaves e Roberto Freire. A recepção sempre é maravilhosa, mas nada foi feito para executar o projeto”, reclama.

Revitalização custaria cerca de um milhão

Situada no Bairro de Alberto Maia, a Estação de Camaragibe fazia parte do tronco norte de Pernambuco, que partia da Estação do Brum (a primeira do Estado) rumo à divisa com a Paraíba. A estrutura foi inaugurada em 1881 e desativada para transporte de passageiros em 1974, embora os trilhos tenham se mantido funcionando para a mobilidade de cargas até o ano de 2010, quando estavam sob controle da Transnordestina.

A estrutura original da Estação Camaragibe. (Júlio Gomes/LeiaJáImagens)

Interessado em transformar a estrutura em espaço cultural, a antiga equipe da Fundação de Cultura de Camaragibe, uma autarquia da Prefeitura de Camaragibe, elaborou, em 2016, outro projeto de revitalização. No texto da proposição, consta que a estação é um imóvel especial de proteção histórico cultural da cidade, “hoje sob a responsabilidade do DNIT, está registrado sob o No. de tombo RFFSA 1242041, tombo estadual no. 1.322/85 e inscrição de tombamento no Conselho Estadual de Cultura: no.02,Livro de Tombo IV, †. 01 v., integrando ainda o tombamento temático da malha ferroviária de Pernambuco”. "Além disso, o artigo 87 da Lei no. 341 / 07 do Plano Diretor do Município de Camaragibe ressalta a importância de destinar trecho tombado pelo IPHAN da antiga estação férrea da RFFSA/Camaragibe para requalificação urbana enquanto espaço público histórico, de lazer e cultura”, informa a Fundação. Seu orçamento ficou avaliado em R$ 1.241.000,00 e sugere a divisão do espaço em três setores, sendo eles:

Setor 1 (Estação): biblioteca, incluindo recepção, sala de espera e sala de leitura; espaço para exposições; sala para oficinas; sala de adminstração e banheiros acessíveis;

Setor 2 (Armazém): espaço polivalente - sala multimídia (capacidade 55 lugares) para peças teatrais, palestras e exibição de filmes. Anexo a este setor, área de apoio / camarim ou sanitários;

Setor 3 (Pátio/Plataforma): espaço livre multiuso para feiras de artesanato, manifestações culturais, shows e apresentações culturais.

De acordo com Thiago Bonfim, Diretor de Projetos e Equipamentos Culturais da nova Fundação de Cultura, como houve mudança de gestão, a Prefeitura agora se baseia no planejamento inicial, elaborado no ano de 2009 pelo IPHAN, em que as obras eram orçadas em aproximadamente R$ 1 milhão. “Como é um trabalho antigo, contratamos uma consultoria para fazer esse serviço de atualização do mapa de danos sofridos pelo prédio, que nos indicará outro orçamento. A partir desse documento, começaremos a atuar na captação de recursos”, explica. A intenção é a de buscar verba, inicialmente, a nível estadual, por meio de projetos culturais ou emenda parlamentar. “Como se trata de um bem inventariado pelo IPHAN, também procuraremos em nível federal. Outra possibilidade é procurar por ONG’s que atuem com patrimônio cultural ou até financiadores privados”, comenta.

Para quem deixava a estação do bairro sem rumo certo, a maior diversão só podia ser o caminho. Acompanhado de uma turma de amigos destemidos, Luiz Carlos Teixeira, agora com 59 anos, desafiava a paciência dos maquinistas só pelo prazer de sentir o vento no rosto das “caronas” nos trens. “Eu me pendurava nos vagões, pelo lado de fora e ia para diversas partes da cidade. Os ferroviários reclamavam para a gente descer, mas não adiantava. Faria de tudo para rever o tempo de criança”, comenta. Atualmente aposentado, Luiz mora na frente dos trilhos que ligam a linha centro à Estação Edgard Werneck, em Areias, na Zona Oeste do Recife, desde a primeira infância. “Quase todo fim de mês, minha mãe me levava para Maceió. A gente pegava o trem às 5h da manhã, me lembro de tudo. Das paisagens, das crianças acenando pra gente e dos ‘mangaeiros’ (feirantes) com suas mercadorias”, completa.

Luiz sobre os trilhos que conduziram algumas de suas viagens mais agradáveis. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

Inaugurada com o nome de Estação de Areias em 1891, a Estação Werneck teve seus trens de passageiros suprimidos em 1983, em razão da decisão da administração da Linha Centro de mantê-los funcionando exclusivamente entre Recife e Jaboatão. Luiz, então, deu um jeito de se divertir com os trens de carga. “A gente só não fazia roubar, mas sempre pegávamos resto açúcar ou café que ficava nos vagões, essas duas coisas nunca faltavam na casa da gente. Quando era melaço, me lembro de sugar uma mangueira com a boca para despejá-lo em um balde”, sorri.

A oficina de Werneck atuava na manutenção e no reparo geral das locomotivas. Também era em sua área que os profissionais de saúde da Rede Ferroviária se alojavam e, muitas vezes, prestavam assistência à população do entorno. O comerciante Amaro José de Oliveira é vizinho da oficina desde 1970, tendo desenvolvido boa relação com os profissionais da instalação. “Sempre fui popular, me dou com todo mundo. Minha mãe, que Jesus levou em 1980, passou um bom tempo aos cuidados de um dos médicos da Rede”, coloca.

Amaro: popular no bairro e dono de prestígio junto aos médicos da Rede, que trataram sua mãe em tempos difíceis. (Júlio Gomes/LeiaJá Imagens)

Tanto Amaro quanto Luiz descrevem um cenário improvável para quem conhece o entorno da estação nos dias de hoje. Ruas seguras, limpas e apinhadas de gente parecem ter se deteriorado junto com os antigos galpões da oficina. “Essa rua dos trilhos já foi mais organizada, no tempo da Rede, não havia todo esse mato. Eu combati muito o lixo aqui, sempre tentando manter a rua limpa, mas os próprios moradores jogam lixo e entulho”, reclama.

O abandono é reflexo da confusão entre os administradores da estrutura, a Secretaria do Patrimônio da União (SPU), DNIT e Transnordestina. Em nota, essa última afirmou que o complexo de Oficinas Edgard Werneck não faz parte dos bens arrendados à ela e “é de responsabilidade da SPU". "Apenas uma das edificações do pátio está sob responsabilidade da FTL. No local, são armazenados materiais pertencentes ao DNIT que estão sob a guarda da empresa”, argumenta a Transnordestina. 

Já o DNIT alega que já retirou seus pertences do galpão, “quando a então Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN) tinha habilitação para usar os estoques pertencentes à então Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA)". "Portanto, estes bens pertencem à Ferrovia Transnordestina Logística S.A. (FTLSA), sucessora da CFN. Assim, o Departamento conclui que não pode se pronunciar sobre a utilização de um “imóvel operacional arrendado à FTLSA”, informa.

Sem que ninguém reclame a função de administrá-la, a Oficina virou estacionamento de uma igreja evangélica do bairro, que está cotidianamente utilizando sua área nos dias de culto. “Nosso sentimento é de resignação, tristeza, porque o tempo não pode voltar. Só ficou o abandono”, conclui Luiz.

Inaugurada em 1858, a Estrada de Ferro Recife-São Francisco é mais antiga ferrovia de Pernambuco e a segunda do Brasil, tendo sido a pedra fundamental para a constituição da Linha Sul de Pernambuco. Para operacionalizá-la, foi construída, no Recife, a Estação das Cinco Pontas, de onde partiu o primeiro trem de passageiros do Estado, no dia 8 de fevereiro de 1858, rumo à Vila do Cabo com 400 pessoas a bordo. Apesar de sua importância histórica, a estação foi demolida na década de 1960. “É importante destacar o pioneirismo da Estrada de Ferro Recife-São Francisco, onde, pela primeira vez no Brasil, se estabeleceu o ticket de ida e volta, além do abatimento do valor da passagem das pessoas que construíram casas em seu entorno. Infelizmente, o que sobrou de Cinco Pontas foi o pátio, localizado no interior do Cais José Estelita”, explica o pesquisador Josemir Camilo.

Primeiro trem de passageiros de Pernambuco, partindo, no dia 8 de Fevereiro de 1858, do Pátio das Cinco Pontas rumo à Vila do Cabo, com 400 pessoas a bordo. (Acervo do Museu do Trem)

Com 10,1 hectares de área e localizado na parte histórica do Recife, o Cais José Estelita foi protagonista de alguns projetos urbanísticos. Dentre eles, o mais controverso parece ser o Novo Recife, idealizado pelo Consórcio Novo Recife, composto pelas empreiteiras Moura Dubeux, Ara Empreendimentos, Queiroz Galvão e G.L Empreendimentos. Inicialmente, a proposta previa a construção de 12 torres com até quarenta andares e revoltou parte da sociedade civil, que se organizou para discutir outras utilizações possíveis para o espaço. “O Movimento Ocupe Estelita reivindica uma cidade para todos e todas -não só para os que podem pagar caro-, assim como um processo de e decisão público, participativo e comum sobre o crescimento urbano”, coloca o jornalista e ativista Chico Ludermir.

Presidente da AnpTrilhos, Joubert Flores, discute alternativas viáveis para manter patrimônio ferroviário:

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De acordo com Chico Ludermir, o movimento reivindica a construção de espaços coletivos e comuns (parques e praças), construções com uso misto (comércio e habitação) e moradia popular (mínimo de 30%), além de uma discussão aberta e ampla a respeito de qualquer possível destinação do terreno. O ativista destaca o projeto Recife-Olinda, que, a partir de uma articulação entre os poderes municipal, estadual e federal, sugeria a conexão entre as duas cidades pela orla, como uma das alternativas ao Novo Recife. “Projetava para o Estelita uma permeabilidade e integração com o bairros vizinhos e com a cidade como um todo, sem a verticalidade do PNR. O projeto foi abortado pela pressão do capital imobiliário e acordo com os políticos locais”, defende.

Segundo Tereza Mansi, advogada do Centro Popular de Direitos Humanos (CPDH), um embargo administrativo do IPHAN impede a construção das torres. “Ele ainda está em vigência porque não foram realizados estudos arqueológicos na região. Quando isso for feito, o IPHAN analisará os resultados para autorizar a obra”, comenta. A advogada também questiona o leilão em que o Estelita foi vendido para o consórcio. “O Ministério Público Federal entrou com uma ação para anular esse leilão. Como o terreno era Patrimônio da Rede Ferroviária transferido para a União, antes da venda, ela teria que ter dado preferência ao IPHAN, que inclusive já tinha uma parecer demonstrando seu interesse na área”, completa. Posteriormente, a Polícia Federal (PF) verificou que apenas o consórcio se candidatou durante o processo de licitação. “Por fim, o terreno acabou sendo vendido por um valor muito baixo”, conclui a advogada, referindo-se ao subfaturamento de R$ 10 milhões do leilão, também apurado pela PF.

(Chico Ludermir/Acervo pessoal)

Para Josemir Camilo, a situação de degradação de estações, oficinas e pátio ferroviários como o de Cinco Pontas é reflexo de um duplo desamparo. “Do governo e das empresas. O Estelita, por exemplo, poderia ter seus antigos armazéns mantidos para finalidades sociais e próprio pátio continuar existindo como museu aberto, vivo. Não há como conciliar arranha-céus com uma memória tão chã”, lamenta.

Talvez Mark Zuckerberg deva passar a virada de ano com uma camisa amarela para tentar atrair mais sorte em 2019, já que em 2018 o presidente-executivo do Facebook perdeu uma enorme quantia de US$ 16 bilhões, após a rede social enfrentar uma série de escândalos e ver suas ações despencarem nos últimos meses.

De acordo com o Bloomberg Billionaires Index, o patrimônio líquido de Zuckerberg atualmente é de US$ 57 bilhões. Tal montante ainda faz dele a sexta pessoa mais rica do mundo, mas Zuckerberg começou o ano com um patrimônio líquido de US$ 73 bilhões. Em meados de julho, sua fortuna aumentou para US$ 82 bilhões.

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Nesse ponto, ele ultrapassou o renomado investidor Warren Buffet, subindo para o terceiro lugar na lista - atrás apenas de Jeff Bezos e Bill Gates em termos do tamanho de sua fortuna. Desde o final de julho, porém, Zuckerberg viu seu patrimônio cair - cerca de 98% de sua fortuna vem de sua participação no Facebook e quase um terço do valor da empresa foi perdido nos últimos cinco meses.

Depois de divulgar seus lucros do segundo trimestre no final de julho, nos quais o Facebook registrou uma quebra rara na receita e no número de usuários, a empresa sofreu a maior perda de valor em um único dia para qualquer empresa na história do mercado dos EUA.

Desde então, o Facebook tem lutado para recuperar as perdas, já que foi atingido por uma série de escândalos. O Facebook também está lutando contra alegações de que havia considerado a venda de dados de usuários para empresas, algo que a companhia negou publicamente.

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Alunos e professores da UNAMA - Universidade da Amazônia participam do III Encontro de Patrimônio Cultural e Sociedade, que começou na terça-feira (16), no auditório David Mufarrej, campus Alcindo Cacela, em Belém. O evento valoriza o diálogo entre academia e sociedade.

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O encontro vai até o dia 20 e levanta questões sobre a importância do patrimônio cultural na vida da sociedade. Durante todo o evento serão abordados temas como patrimônio cultural, paisagem e literatura; economia criativa, afetos e paisagens; patrimônio cultural e processos de musealização.

Segundo o professor Diego Santos, coordenador do curso de História da UNAMA, o evento possibilita o diálogo entre estudantes, profissionais e sociedade em geral. “O encontro possibilita um diálogo para além do circuito acadêmico. Possibilita pensar questões que envolvem a sociedade civil, no momento em que precisamos falar cada vez mais do patrimônio, no momento em que precisamos falar cada vez mais de história, um evento oportuno”, afirmou o coordenador.

A ideia de organizar o encontro surgiu de um diálogo entre o Departamento de Patrimônio do Estado do Pará (DEPHAC) e a UNAMA. “A partir dali se somaram esforços no sentido de se fazer, aqui na UNAMA, o principal locutor desse projeto que passou, a partir do ano passado, a congregar também outras instituições que também abraçam o projeto e que servem para que a gente sirva a sociedade com essas discussões que nós consideramos tão importantes”, disse Diego Santos.

Jefferson Bacelar, pró-reitor da UNAMA, disse que envolver história e patrimônio cultural é fundamental para Belém e para o Estado do Pará e que a UNAMA recebeu o evento com muita felicidade. “A UNAMA recebe o evento com muita felicidade, parabenizando o coordenador do curso de História, professor Diego, todos os palestrantes e aqueles que colaborarão no evento, que já chega na 3ª edição, e que tem tudo para seguir a diante”, disse o pró-reitor.

Para o professor Edgar Chagas, eventos como esse fortalecem e asseguram a importância do patrimônio cultural para o Brasil e, principalmente, para a região Amazônica. “Toda a oportunidade que você tem para discutir patrimônio, nesse momento difícil por que passa o Brasil, é de fundamental importância para manter uma sociedade identificada pelos costumes, suas tradições e suas heranças. Nós temos, na verdade, a oportunidade de que os alunos possam assistir, absorver, debater e acima de tudo entender do que se trata a importância de assegurar o patrimônio cultural para o Brasil e, principalmente, para a região Amazônica”, disse o professor.

Por Rosiane Rodrigues.

 

 

 

A AESO- Barros Melo e a Caixa Cultural Recife, movidas pelo incêndio trágico do Museu Nacional do Rio de Janeiro em 2 de setembro, estão promovendo uma roda de debates: “QUE MUSEUS? MUSEUS QUE (...) Desafios dos Museus frente às Políticas Públicas de Cultura atuais". O encontro será realizado no dia 24 de outubro.

A ideia é reunir profissionais e instituições ligadas às artes visuais para a tomada de posição sobre a situação atual dos museus do Brasil, estendendo essas discussões à sociedade civil por meio de encontros e forúns. Os professores de artes visuais da AESO, André Aquino e Milena Travassos, participam do evento que é gratuito.

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Serviço

Roda de Debates - 'QUE MUSEUS? MUSEUS QUE (...) Desafios dos Museus frente às Políticas Públicas de Cultura atuais'

Quarta-feira (24)|14h

CAIXA Cultural Recife - Av. Alfredo Lisboa, 505 – (Marco Zero do Recife)

Gratuito

*Por Jhorge Nascimento

O candidato do Novo à Presidência da República, João Amoêdo, refutou nesta terça-feira, 28, os ataques feitos por adversários nos últimos dias de que sua candidatura representa a elite econômica brasileira e disse que começa a perceber um aumento do interesse em seu nome nos setores mais populares.

"Meu patrimônio não me coloca junto à elite, me torna independente", disse Amoedo.

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Candidato mais rico entre os postulantes ao Planalto este ano, o ex-banqueiro disse que vai bancar entre 20% e 30% de sua campanha.

Amoêdo é o segundo convidado da série de encontros Estadão-Faap Sabatinas com os Presidenciáveis. No evento, ele comemorou o resultado das últimas pesquisas mesmo sem ter participado dos debates.

Também se mostrou contente com a recente onda de ataques contra o seu nome nas redes sociais. "Se está incomodando, mostra que a gente está crescendo", disse.

Questionado sobre sua estratégia para desbancar Jair Bolsonaro (PSL) no campo da centro-direita, Amoêdo disse entender que parte dos eleitores do capitão reformado do Exército tem um sentimento anti-PT, mas pode migrar para sua candidatura porque ela tem mais coerência. "O Bolsonaro é visto como anti-PT, mas não sabemos qual é a linha dele, porque ele nunca fez, na prática, o que defende hoje."

Venezuela

Sobre suas propostas para a política externa brasileira e sua posição sobre a Venezuela, Amoêdo disse que o Brasil deveria seguir o exemplo do Chile na América do Sul e orientar sua política comercial em direção às economias mais ricas e a um maior número de tratados comerciais.

Ele disse ainda que o Brasil não deveria, neste momento, aplicar nenhum tipo de sanção ao país governado por Nicolás Maduro, porque isto prejudicaria ainda mais a população.

"O Brasil tem que receber os refugiados, tem que ter um caráter humanitário. Isso pode acontecer com a gente mais pra frente, não sabemos que governo virá aí", defendeu o candidato. "Hoje, o que dá para fazer é receber imigrantes aqui e se alinhar com as grandes democracias do mundo para pedir mudanças no governo."

Líder de um pequeno partido que não fez alianças para a corrida nacional, Amoêdo recebeu várias perguntas da plateia sobre como pretende fazer para governar o País a partir de uma base de sustentação tão pequena.

Ele se disse otimista e crê em uma maior renovação do Congresso no ano que vem. "A negociação com o Congresso não será fácil, mas é possível se criarmos as condições certas: propor ideias claras, determinação e bom senso sem desviar de valores", avaliou.

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